Cobre, chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico, níquel, ouro e outros metais pesados são as principais substâncias químicas prejudiciais à fertilidade. Pessoas que trabalham com pesticidas, radiação, gás anestésico, alguns solventes e benzeno também correm o risco de se tornarem inférteis.
Os metais pesados, de difícil eliminação pelo organismo, modificam os neurotransmissores do sistema nervoso central e alteram a liberação hipotalâmica do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas). Estas substâncias, como o mercúrio, podem ser armazenadas na glândula pituitária e afetar a produção de gonadotrofinas, hormônios que estimulam as gônadas como os ovários e testículos. Isto significa que causam modificações nas células cerebrais alterando a liberação dos hormônios responsáveis pela ovulação e produção de espermatozóides.
Na glândula adrenal, os metais pesados estão depositados no córtex rico em lipídios e causam bloqueio de várias enzimas, necessárias ao funcionamento normal do organismo, causando hiperandrogenismo (aumento dos hormônios masculinos) e síndrome do ovário policístico, especialmente o mercúrio. Hipo e hipertireoidismo (comprometimento da tireóide) também, em alguns casos, são resultados da exposição ao chumbo e cádmio. O eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano pode ser afetado por metais pesados direta ou indiretamente, o que modifica a secreção de prolactina, hormônios adrenocorticais ou tireoidianos.
No ovário, o acúmulo de metais pesados altera a produção de estradiol e progesterona. Isto pode interferir no desenvolvimento normal oocitário (óvulo) e causar alterações cromossômicas embrionárias.
A gravidez que ocorre na presença de altas concentrações de metais pesados cursam com alto risco de perdas, malformações fetais, insuficiência placentária e nascimento prematuro. A exposição ao chumbo, por exemplo, aumenta os riscos de aborto, parto prematuro (nascimento antes das 37 semanas), baixo peso ao nascer, atrasos do desenvolvimento, do comportamento e da aprendizagem na criança, devido a danos no sistema nervoso. Além disso, o chumbo é teratogênico, causa malformações congênitas no feto. Tal substância pode estar presente na água potável, pela corrosão de encanamentos, em pilhas, cerâmicas, jóias e tintas.
Mercúrio, ácido arsênico e cádmio também aumentam os riscos de aborto e natimorto (nascidos mortos). Alguns estudos mostram que o cádmio induz a formação de miomas uterinos, causa aborto e danos à placenta e reduz o peso do bebê ao nascer, além de ser teratogênico, especialmente ao sistema nervoso central.
Assim como nas mulheres, os metais pesados causam infertilidade masculina por diminuição do número de espermatozóides. No homem, a presença do chumbo pode ter, ainda, uma correlação com estrabismo na prole.
A medicina ainda não revelou um tratamento direcionado para infertilidade em pacientes que foram expostos a metais pesados, o que é comumente utilizado é o método de reprodução assistida de alta complexidade, já que pode causar alterações seminais graves, ou alterações hormonais na mulher que impedem o correto funcionamento hormonal e, consequentemente, a ovulação.
Para evitar que a fertilidade seja afetada, o ideal é que pessoas que pretendem engravidar se afastem ou tentem diminuir o contato com estas substâncias, uma vez que elas poderiam ser eliminadas lentamente pelo organismo. Nesses casos, é necessário usar equipamentos de proteção e se possível solicitar um remanejamento na atividade profissional.
Algumas pesquisas relatam que antioxidantes, como a vitamina C, E, A e zinco protegem o organismo contra os efeitos maléficos destes metais. Também como prevenção, é indicado adotar uma alimentação orgânica (cultivada sem agrotóxicos). É importante lavar exaustivamente e descascar os alimentos antes de comê-los para remover os produtos químicos agrícolas que porventura estejam presentes.
Os despejos dos resíduos industriais são as principais fontes de contaminação por metais pesados da águas dos rios. Os incineradores de lixo urbano e industrial provocam a dispersão desses metais tóxicos no ar. Chumbo é usado em áreas industriais, em tintas, impressões, galvanização e na indústria de combustível. Inseticidas contêm arsênico, utilizado no processamento de metais nas indústrias. Cádmio pode ser ingerido através de comida, como o peixe e arroz de áreas de contaminação no solo, pois é obtido nos fertilizantes de fosfato.
Existem três tipos de mercúrio: o orgânico que é derivado do peixe, frutos do mar, fungicidas, herbicidas e preservativos; inorgânicos presentes nas preparações anticépticas e dermatológicas, e o elementar, usado na produção de baterias, termômetros e tubos fluorescentes (PVC). O amálgama dentário contém 50% de mercúrio elementar, tanto que foi considerado o maior contribuinte de fardo de mercúrio no corpo humano.
O mais importante é que as pessoas mudem seus hábitos de vida ao tentar uma gravidez e procurem um especialista.
Autora: Dra. Fernanda Coimbra Miyasato é ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
Fonte: http://fertivitro.wordpress.com/2011/02/21/metais-pesados-afetam-a-fertilidade/
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Metais pesados afetando a fertilidade
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
13:53
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Marcadores:
infertilidade,
Metais tóxicos
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