O risco de desenvolver Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM 2) cai pela
metade para indivíduos tratados ainda na fase pré-diabética, em que estão mais
propensos a desenvolver a doença.
Essa é a conclusão de um estudo
divulgado pela revista científica The Lancet e apresentado no 72º Encontro
Científico da Associação Americana de Diabete, nos EUA, que terminou ontem.
“Esse resultado reforça uma
mudança no padrão de atendimento para o tratamento precoce e agressivo de
redução de glicose em pacientes com risco de diabete”, diz uma das autoras do
estudo, a médica Leigh Perreault, da Universidade do Colorado, nos EUA. Os
especialistas brasileiros concordam: o pré-diabete deveria ser tratado com mais
rigor.
Um indivíduo é considerado
pré-diabético no Brasil quando sua taxa de glicose no sangue está ligeiramente
alta, entre 100 e 125 mg/dl, mas ainda não se encontra tão elevada quanto no
caso dos diabéticos. A taxa ideal é de até 90 mg/dl. Quase 12% da população do
País se enquadra na categoria dos pré-diabéticos, o dobro do porcentual
daqueles que já apresentam a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Diabete
(SBD).
“A alta incidência nacional do
pré-diabete reforça a necessidade de controle da glicemia”, afirma o
endocrinologista Balduino Tschiedel, presidente da SBD. Ele lembra que todo
paciente com diabete do tipo 2 passou pelo quadro de pré- diabete.
Na pesquisa norte-americana, os
1.990 pré-diabéticos analisados foram divididos em três grupos: o primeiro
recebeu remédios, o segundo ingeriu placebo e o terceiro alterou hábitos
alimentares e passou a se exercitar – foi a equipe 3, que promoveu mudanças
comportamentais, a que obteve os melhores resultados no controle da glicemia.
Esses participantes tiveram uma redução de 56% na taxa de açúcar no sangue, e
com isso, diminuíram o risco de desenvolver diabete nos sete anos seguintes.
O problema, dizem os médicos, é
que o pré-diabete é um estágio difícil de identificar. Por não ser uma doença,
é assintomático, lembra a endocrinologista Claudia Cozer, coordenadora do
Núcleo Avançado de Obesidade e Transtorno de Imagem do Hospital Sírio- Libanês.
Histórico familiar, excesso de
peso, sedentarismo e pressão alta são alguns indícios de que o organismo pode
estar com dificuldades “para quebrar as moléculas de glicose”, lembra
Tschiedel. “O perigo é que o pré- diabete já é um fator de risco para doenças
cardiovasculares.”
Controle nutricional e 30 minutos
diários de exercícios ajudam a controlar o nível de açúcar no sangue. “Como o
pré- diabete é um ‘alerta’ do organismo, a pessoa deve alterar o estilo de
vida. É simples e eficaz”, lembra Tschiedel.
Os níveis de glicose considerados
saudáveis têm diminuído. Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia – Regional Rio de Janeiro, a médica a Vivian Ellinger lembra que,
“há pouco mais de dez anos”, uma taxa de glicose de 140mg/ dl ainda era
aceitável.
“A taxa diminuiu para ser
preventiva. Os pacientes eram diagnosticados já com problemas crônicos ou
irreversíveis. A intenção é diagnosticá-los antes disso”, diz.
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