domingo, 26 de janeiro de 2014
Carboidrato a noite engorda? Verdade ou mito?
Não se deve comer carboidratos à noite! Com a palavra, a Bioquímica !
Um fantasma assombra os consultórios de nutricionistas, academias e cursos de Nutrição: o Mito do Carboidrato à noite. Esse mito propagado pelo senso comum afirma que o consumo de carboidratos à noite impede o emagrecimento e a perda de gordura corporal, já que o aumento na ingestão de glicose faz com que o metabolismo use prioritariamente esse substrato como fonte de energia e como as demandas energéticas estão reduzidas se comparadas ao resto do dia, o metabolismo de gorduras não é usado como produtor de energia para o corpo.
Muitos ainda falam que cortando os carboidratos à noite a liberação de hormônio do crescimento (GH) durante o sono seria maximizada, o que é outro grande mito, já que não é o GH liberado durante o sono que vai fazer você emagrecer.
Nutricionistas e Educadores Físicos sabem que a receita ótima para o emagrecimento consiste no controle ponderal da ingestão calórica associada à prática de atividades físicas. Um estudo israelense, de pesquisadores do Institute of Biochemistry and Food Science, na The Hebrew University de Jerusalem, publicado no periódico Obesity Journal em 2011, investigou a variação de determinados parâmetros antropométricos mediante a diferença no horário de ingestão de carboidratos.
Nesse estudo, 78 policiais de Tel-Aviv, Israel, com IMC > 30 foram divididos em dois grupos; experimental e controle, e submetidos a dois diferentes regimes dietéticos com restrição calórica, assim sendo:
Ao grupo experimental, foi prescrita uma dieta padrão de baixa caloria (20% proteínas, 30-35% gorduras, 45%-50% carboidratos, 1300-1500 kcal) no qual a ingestão de carboidratos seria feita principalmente no jantar. Ao grupo controle foi receitada uma dieta padrão semelhante (20% proteínas, 30-35% gorduras, 45%-50% carboidratos, 1300-1500 kcal), entretanto a ingestão de carboidratos seria distribuída ao longo do dia.
O objetivo do estudo era estimar os efeitos de uma dieta prescrita para a perda de peso, com o consumo maior de carboidratos durante o jantar, em medidas antropométricas, relação fome/saciedade, e parâmetros bioquímicos e inflamatórios relacionados à resistência a insulina, síndrome metabólica e secreções hormonais; a duração dos procedimentos foi de 180 dias.
Ao final do experimento, a análise dos resultados apontou uma maior perda de peso e uma maior redução da circunferência abdominal e da massa gorda corporal no grupo submetido à dieta experimental do que no grupo controle. Além disso, os pesquisadores aplicaram um questionário de saciedade (Hunger-Satiety questtionaire) diário em intervalos de 4 horas antes das refeições. Nesses questionários o participante deveria apontar situações que melhor descrevia o estado em que eles se sentiam em cada momento do dia em relação à fome/saciedade. Foi estabelecida uma escala, Hunger-Satiety Score (H-SSc) que descrevia os estados de fome e saciedade, sendo 1 para fome e 10 para completamente cheio. Outras questões analisadas era a “urgência para comer” e “preocupação com pensamentos sobre comida”.
Alta pontuação no H-SSc indica maior sensação de saciedade, e ao final do experimento, o grupo experimental apresentava um H-SSc 13,7% maior que o grupo controle. Os participantes do grupo controle se sentiam mais famintos ao final do experimento do que o grupo experimental, quando comparados ao inicio do experimento.
Outro fator analisado foi a resistência à insulina, ou HOMAIR, a concentração de insulina foi menor no grupo experimental do que no grupo controle. O indicador da resistência a insulina sofreu um decréscimo no grupo experimental, ao passo, que sofreu um aumento no grupo controle. A diferença entre ambos foi significativa. Para os pesquisadores, indivíduos que sofrem de resistência à insulina e síndrome metabólica podem tirar maiores proveitos dessa estratégia de manipulação dietética.
Os pesquisadores concluíram que a simples manipulação dietética da ingestão de carboidratos parece ter efeitos adicionais na redução de peso, são eles: aumento no status de saciedade, persistência no progresso de perda de peso, melhores mudanças antropométricas, aumento na sensibilidade à insulina, entre outros.
Esse estudo propõe base cientifica para alternativas dietéticas para pessoas que sofrem de obesidade, resistência a insulina, síndrome metabólica e dificuldades de manter uma dieta de redução de peso por longo tempo.
Extraído do blog: http://abobrinhasdamidia.wordpress.com/2013/02/14/nao-se-deve-comer-carboidratos-a-noite-com-a-palavra-a-bioquimica/
Artigo: SOFER, S. et al. Greater weight loss and hormonal changes after 6 months diet with carbohydrates eaten mostly at dinner. Obesity. Out. 2011 Disponivel em http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1038/oby.2011.48/abstract
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
22:07
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