sábado, 9 de janeiro de 2016

Como a neurociência pode auxiliar no processo de emagrecimento

O Bem Estar acompanha o processo de emagrecimento da neurocientista Carla Tieppo, que começou uma reeducação alimentar e incluiu a atividade física em sua vida com o objetivo de perder 8 kg em dois meses e mais 7 kg nos próximos meses. Pra falar sobre o reality, chamado de Emagrecida(mente), contamos com o endocrinologista Simão da Silva Bastos Neto e o clínico geral Marcelo Demarzo.
O cérebro humano é constituído por cerca de 100 milhões de células nervosas, os neurônios.
Toda demanda que desafie ou estimule o cérebro gera sinapses, a interação entre as células. Em geral, tudo passa pelo cérebro, mas algumas atividades são controladas pelo sistema nervoso autônomo e outras são mais conscientes. É preciso dosar esse controle, estimulando a parte consciente e racional das decisões, também em relação à comida e aos exercícios físicos.

O cérebro é que sente fome, faz as opções alimentares, seleciona as quantidades; e, durante o exercício, define o tipo e a intensidade. Mais que isso, é a cabeça que se frustra com os resultados ruins, desanima, desiste. Assim, a atividade mental guiada pode levar a mudanças comportamentais que favorecem o emagrecimento. Um cérebro melhor treinado ajuda no processo de perda de peso, melhorando as escolhas e o comprometimento com os resultados.

Entre saciar o estômago e parar de sentir fome, há um processo que envolve liberação de hormônios e sinais visuais de que a refeição terminou. Esse processo demora de 20 a 30 minutos e só depois dele há a sensação de saciedade. Por isso, é importante comer sem pressa, diminuindo esse tempo entre o fim da refeição e o começo do período de saciedade.

Quando a pessoa está angustiada ou deprimida, pode buscar uma forma de compensação, uma compulsão que gere prazer e que aplaque a esquiva experiencial. A comida pode ser uma dessas formas, pois comer libera dopamina e serotonina, neurotransmissores que atuam na sensação de saciedade. O perigo é isso virar uma compulsão, gerando um ciclo vicioso. Ao ganhar peso, as substâncias reguladoras do corpo vão se inibindo e os hormônios que estimulam o armazenamento de gordura passam a estocar cada vez mais. Também é preciso estar atento aos pensamentos intrusivos: por exemplo, quando iniciar uma atividade e sentir dor, é preciso manter o foco e não desistir. A mente desiste antes do corpo.


A importância do planejamento
O planejamento ajuda a reestruturar o hábito. É importante colocar uma meta realista, pois a frustração de não atingir o objetivo pode inverter o quadro e a pessoa volta a ganhar peso. É preciso que a perda seja progressiva e que não seja transitória: apenas após um período de 6 a 12 meses que é possível dizer que houve uma reeducação.

Hormônios e neurotransmissores
Os hormônios nunca agem sozinho, estão sempre regulando um ao outro. As principais substâncias que atuam no controle da vontade de comer são:

LEPTINA: informa o cérebro sobre o estoque de gordura do corpo. Assim, quando há perda de gordura, a leptina sempre puxa o organismo a voltar ao peso anterior. Isso explicaria porque algumas pessoas voltam a ganhar peso após um regime.

INSULINAS: metaboliza o açúcar ingerido pelo organismo, mandando nos músculos e no fígado. O excedente é transformado em gordura e armazenado.

GLUCAGON: quando da realização de exercícios, o corpo queima, primeiramente, o açúcar que está no sangue. Depois disso, o glucagon entra em ação, pra disponibilizar o açúcar que está estocado nas gorduras para o corpo. Uma das formas de potencializar esse processo é fazer exercícios pela manhã, quando o nível de glicose no sangue é menor. Mas, nesses casos, é melhor fazer exercícios de intensidade leve.

GRELINA: produzida no estômago, regula a vontade de comer. A produção da grelina é influenciada pelo equilíbrio entre insulina e glucagon. Por isso, comer de três em três horas e fazer uma distribuição proporcional da refeição: 40% de carboidrato, 30% de proteína e 30% de gordura monoinsaturada.

GH (Hormônio do Crescimento): o hormônio do crescimento promove a quebra das gorduras estocadas no corpo para a construção e manutenção dos músculos. Duas coisas são ótimas para estimular a liberação do GH: exercícios físicos e sono profundo. Isso ajuda a explicar porque o sono é importante na manutenção do peso. Apesar do nome, é produzido durante toda a vida.

TESTOSTERONA: ajuda a acelerar o metabolismo, contribuindo pra queima de gordura e construção de músculos. Os níveis de testosterona diminuem com a idade, principalmente depois dos 40 anos. Com isso, as pessoas ficam mais predispostas a armazenar as calorias extras como gordura.

ESTRÓGENO: trabalha na distribuição da gordura pelo corpo. Quando o nível começa a cair, com o passar do tempo, a configuração corporal muda.

TIROXINA: a tiroxina, produzida pela tireoide, ajuda a regular o metabolismo do corpo. A diminuição desse hormônio estimula o acúmulo de substância gelatinosa entre as fibras musculares, podendo levar a um pequeno ganho de peso. Já a hiperestimulação da tireoide pode levar a uma redução de peso, mas à custa de queima de músculos, e não gordura.

DOPAMINA: neurotransmissor responsável pela motivação e foco. Quando há liberação de dopamina, as pessoas experimentam uma sensação de prazer, de ter realizado algo.

SEROTONINA: neurotransmissor que atua no hipotálamo e na sensação de saciedade do organismo.

ADRELINA E NORADRENALINA: liberada nos exercícios e em situações de estresse. Aumenta o nível de glucagon e reduz o nível de insulina no organismo. Ajuda na manutenção do peso ao disponibilizar para o organismo mais energia para queimar.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/12/neurociencia-pode-ajudar-no-processo-de-emagrecimento.html

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