A deficiência de vitamina D é altamente prevalente em todo o mundo. No Brasil, pode acometer mais de 90% dos indivíduos, dependendo da população estudada. O papel clássico e principal da vitamina D é regular a absorção de cálcio do trato gastrointestinal e contribuir para a saúde óssea.
Recentemente a vitamina D tem sido descrita como um pré hormônio. A vitamina D oriunda da ingestão oral ou da exposição ultravioleta é quase que totalmente inativa e necessita ser dihidroxilada a sua forma metabolicamente ativa 1,25-dihidroxivitamina D (1,25D) ou também conhecida como calcitriol. Tem sido descrito cada vez mais a atuação da vitamina D em outros órgãos, podendo, sua deficiência, ser fator de risco para o desenvolvimento de imunodeficiência, depressão, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, esclerose múltipla, obesidade, diabetes tipo I e asma.
Tem sido evidenciado que vários fatores de risco para a ocorrência de asma são os mesmos para a presença de deficiência de vitamina D. São eles, alta latitude, inverno, industrialização, dieta inadequada, obesidade, pigmentação cutânea escura, poluição e sedentarismo. E, várias áreas anatômicas relevantes na asma contem enzimas responsáveis pela ativação da vitamina D e receptores de vitamina D, sugerindo qua a 1,25D tem ações importantes nestes locais.
Estes dois artigos são de revisão e selecionaram artigos da base de dados MEDLINE, CINAHL, EMBASE e Cochran online até janeiro de 2015, utilizando as palavras chave vitamina D e asma, sibilância, inflamação de via aérea, musculatura lisa respiratória e infecção respiratória. Foram incluídos somente artigos publicados em inglês. E, foram escolhidos de acordo com a sua relevância e as referências citadas também puderam ser incluídas.
Numerosos estudos tem evidenciado potente efeitos imunomoduladores da vitamina D, incluindo efeito nos linfócitos T e B, assim como na capacidade de aumentar a produção de antimicrobianos peptídeos. Estudos recentes tem mostrado que a deficiência de vitamina D está associada com alteração na função dos macrófagos e aumento da produção de citrocinas pró inflamatórias.
A vitamina D também tem múltiplos efeitos nos linfócitos B, como inibir sua proliferação, sua diferenciação em células plasmáticas e a produção de imunoglobulinas. Este efeito imunomodulador da vitamina D poderia determinar efeitos clínicos benéficos, como diminuir os episódios de infecções virais e bacterianas; influenciar na remodelação da musculatura lisa dos brônquios influenciando no fluxo aéreo; e otimizando a resposta à terapia medicamentosa. Por outro lado, a deficiência de vitamina D tem sido relacionada com uma maior resposta da via aérea, uma piora da função pulmonar, um pior controle da asma, e uma menor resposta à terapia para o controle da asma.
Portanto, a vitamina D e sua deficiência parecem ter inúmeros efeitos biológicos que poderiam alterar a patogênese e a severidade da asma. Assim, a vitamina D deveria ser considerada como uma terapêutica adjunta à terapia antiinflamatória da asma. O efeito antiinflamatóriaio e imunomodulador da vitamina D poderia melhorar a eficiência da terapia anti inflamatória específica (glicocorticóides e imunoterapia). A vitamina D atenuaria a resistência ao esteróides ao mesmo tempo que teria ação sinérgica com ele.
No entanto, ainda não é consenso sobre qual o nível sérico que seria adequado para indivíduos com asma, parece que tanto a deficiência quanto o excesso de vitamina D estão associados com maior sensibilização a alérgicos aéreos, nível sérico mais elevado de IgE, e maior comprometimento da função pulmonar.
É claro que a vitamina D influencia diversos imunomoduladores e antiinflamatórios, mas certamente para o melhor entendimento, mais estudos em humanos e em crianças são necessários. No entanto, as criança e os adolescente com asma, especialmente àqueles de difícil controle e manejo, poderiam ser considerados grupos de risco. Assim, deveria-se considerar a determinação laboratorial do nível sérico ou a suplementação com o dobro da dose recomendada para a faixa etária.
Veja mais detalhes em:
http://dx.doi.org/10.1016/j.pupt.2015.02.004.
http://dx.doi.org/10.1016/j.pupt.2015.02.010.
Artigos de referência:
Kerley CP et al. Vitamin D as an adjunctive theraphy in asthma. Part 1: A review of potential mechanisms. Pulmonary Pharmacology & Therapeutics (2015).
Kerley CP et al. Vitamin D as an adjunctive theraphy in asthma. Part 2: A review of human studies. Pulmonary Pharmacology & Therapeutics (2015).
Sugestão de leitura sobre vitamina D:
Departamento Científico de Nutrologia. Deficiência de vitamina D em crianças e adolescentes. Documento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria. 2014.
Maeda S.S. et al. RecomendaCNoes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arq Bras Endocrinol Metab 2014; 58(5):411-33. DOI:10.1590/0004-2730000003388.
Fonte: https://www.nestlenutrition.com.br/comentarios-dos-especialistas/detalhe/dra-elza-daniel-de-mello/2015/07/01/defici%C3%AAncia-de-vitamina-d-e-asma-ser%C3%A1-que-existe-rela%C3%A7%C3%A3o-
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Deficiência de Vitamina D e asma: existe relação?
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
11:48
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