Eu sinto um profundo frio na espinha ao ouvir o termo acima.
E queria explicar a vocês, de uma vez por todas essa confusão, esperando ouvir cada vez menos que seu filho foi diagnosticado com essa doença, simplesmente porque ela, como diria o Pe Quevedo, non existe!
Alergia Alimentar - é uma reação imunológica exarcebada à uma PROTEÍNA, proveniente de alimentos.
Lactose - é o principal AÇÚCAR do leite, portanto é um CARBOIDRATO.
Portanto, não existe ALERGIA À LACTOSE!
Estou me sentido um professor de filosofia e suas lições de lógica, irrefutáveis.
Mas como estou longe de ser professor, filósofo ou de entender a lógica, vou explicar com um pouco mais de cuidado, a origem dessa confusão.
Existem DUAS doenças:
Alergia à proteína do leite de vaca
- ocorre quando o indivíduo tem sintomas gastrointestinais, de pele ou respiratórios, após a ingestão de QUALQUER quantidade de leite ou produtos que o contenha.
-pode se manifestar com sintomas bastante agudos, minutos após a exposição, como por exemplo a urticária, vômitos, dor abdominal ou uma crise de chiado e tosse.
- também pode se manifestar de forma tardia, como o sangramento nas fezes de bebês e na forma mista, como a dermatite atópica, com lesões irritadas e pruriginosas na pele.
Retira-se o leite da dieta, seja da mãe, em caso de bebê em aleitamento materno exclusivo, seja do próprio bebê, em caso de uso de fórmula e o problema se resolve. E no caso de bebês em uso de fórmula, prescreve-se uma fórmula apropriada para a situação.
Intolerância à lactose
- ocorre quando não há absorção adequada do açúcar do leite, que vocês já sabem que se chama LACTOSE, no intestino. Para que isso ocorra, é necessária uma enzima chamada LACTASE, que "quebra" a lactose em glicose e galactose e esta é absorvida para a corrente sanguínea.
- se o indivíduo, por algum motivo, tem pouca (mais comum) ou nenhuma enzima (raríssimo), a lactose se acumula no interior do intestino, é fermentada pelas bactérias e surgem os sintomas de gases, cólicas abdominais e diarréia ácida no indivíduo.
Solução: consumir produtos com baixa quantidade de lactose ou adicionar a enzima LACTASE na alimentação. Nesse caso, pode-se ter laticínios e leite na alimentação a depender da tolerância individual e com a devida orientação do nutrólogo/pediatra E nutricionista.
- Ah, Dr Flávio, meu filho tem os DOIS problemas!
Infelizmente isso pode acontecer, principalmente quando por uma dieta inadequada, um portador de Alergia à proteína do leite de vaca, desenvolve uma inflamação intestinal decorrente do problema e compromete a mucosa intesntinal e consequentemente a quantidade de lactase disponível. Mas não é comum!
Solução: uso de uma fórmula apropriada para APLV sem lactose.
Tem outra coisa que queria que vocês soubessem: após uma infecção intestinal, que pode causar uma inflamação significativa do intestino, o indivíduo também pode desenvolver por algum tempo uma intolerância à lactose, que chamamos de SECUNDÁRIA. Mas nesse caso, entre 15 a 30 dias, com a recuperação da mucosa intestinal, a lactase volta aos níves normais e tudo se normaliza.
Solução: retirar/diminuir a lactose da dieta por um prazo de 15 a 30 dias.
Enfim, deu para entender porque não existe ALERGIA À LACTOSE?
Quando alguém disser que o problema do seu filho é esse, peça desculpas e diga que isso não existe!
Dúvidas?
Perguntem nos comentários.
Compartilhem à vontade!
Autor: Flávio Melo - Médico Pediatra - CRM-PB 5239/RQE 3065 - https://www.facebook.com/flaviopediatra/
quinta-feira, 10 de março de 2016
Alergia à lactose ?!?!?!? Isso non existe !!!!!
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
09:46
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