quinta-feira, 21 de abril de 2016
Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) sobre utilização dos testes de Função Tireoidiana na Prática Clínica.
Qual a indicação de solicitar o TSH, T4 Total, T4 livre, T3 livre e T3 reverso?
A dosagem do hormônio tireo-estimulante (TSH) é o teste mais confiável para diagnosticar as formas primárias de hipotireoidismo e hipertireodismo, principalmente em regime ambulatorial (1,2). Não há diferenças significativas ao utilizar ensaios de segunda ou terceira geração, mas deve-se evitar dosagem do TSH com ensaios de primeira geração, pois fornece menor certeza diagnóstica em relação aos dois outros métodos já descritos. Ensaios de terceira geração com sensibilidade < ou = 0,002 mUI/L devem ser utilizados para avaliação inicial da função tireoidiana (3,4).
A mensuração do TSH tem sido utilizada como triagem no diagnóstico de disfunção tireoidiana, especialmente na insuficiência tireoidiana mínima (hipotireoidismo subclínico). A dosagem de TSH está recomendada a cada cinco anos em indivíduos com idade igual ou superior a 35 anos. Em função do hipotireoidismo não detectado na gravidez poder afetar o esenvolvimento neuropsicomotor e a sobrevida do feto, além de ser acompanhado de hipertensão e toxemia, também tem sido recomendada a dosagem de rotina do TSH em mulheres grávidas, porém ainda não existe consenso sobre esta indicação em gestantes (1,5,6,7).
A triagem também é apropriada para pacientes com risco aumentado de disfunção tireoidiana, como: história prévia de disfunção tireoidiana, presença de bócio, história prévia de cirurgia tireoidiana, história prévia de radioterapia cervical, presença de outras doenças autoimunes (por exemplo, diabetes mellitus tipo 1, vitiligo, anemia perniciosa, insuficiencia adrenal primária etc), uso de medicações: lítio, citocinas, amiodarona, agentes contrastados, história familiar de doença tireoidiana ou outra doença autoimune, presença de alterações laboratorias que sugerem hipotireoidismo: hipercolesterolemia, hiponatremia, anemia, elevações de creatinofosfoquinase e lactato disedrogenase, hiperprolactinemia e presença de comorbidades como apneia do sono, depressão e demência (1,4).
Na faixa pediátrica, são também condições clínicas que podem refletir risco de disfunção tireoideana e merecem triagem: crianças e adolescentes com baixa estatura e/ou baixa
velocidade de crescimento, crianças com distúrbios da evolução puberal, crianças e adolescentes
com suspeita de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou queda no rendimento escolar sem causa reconhecida (8,9,10).
Em todas as situações, deve-se confirmar a elevação de TSH, repetindo sua dosagem, antes de iniciar a reposição com levotiroxina (1,11). Além disso, a concentração de TSH reflete adequadamente a reposição de T4 em pacientes com hipotireoidismo primário, sendo o melhor marcador para avaliação da dose de T4 e controle de tratamento (12).
O TSH e o T4L são utilizados de rotina na avaliação da função tireoidiana e no seguimento do tratamento do hiper e do hipotireoidismo. O T4L não é suscetível às alterações nas proteínas transportadoras de hormônio tireoidiano e possui uma variação intra-individual muito pequena. O T4 total (T4T) deve ser avaliado quando há discordância nos testes anteriormente citados (13,4).
O T3 tem baixa acurácia para o diagnóstico de hipotireoidismo, já que a conversão aumentada de T4 para T3 mantém concentração sérica de T3 nos limites normais até o hipotireoidismo se tornar grave (13,4).
A dosagem do T3, em conjunto com a interpretação do T4L, tem utilidade no diagnóstico e monitoramento do hipertireoidismo (2,14,15).
Os métodos que são usados de rotina para medir T3 e T4 livre são dependentes de proteínas ligadoras de HTs. Portanto, estes métodos não são totalmente confiáveis quando utilizados em pacientes portadores de doença não tireoidiana, de alterações nas proteínas transportadoras (alterações de afinidade a globulina ligadora de tiroxina - TBG ou proteínas transportadoras anormais) e de anticorpos anti-T3 e T4 (2,16).
Os níveis séricos de T3 reverso estão baixos nos pacientes com hipotireoidismo e elevados nos pacientes com hipertireoidismo. O T3 reverso pode estar elevado em pacientes eutireoidianos com outras doenças, é controverso se o T3 reverso pode ser utilizado para diferenciar o paciente com outra doença com ou sem hipotireoidismo (17).
A dosagem sérica de TgAb e TPOAb auxilia na demonstração da natureza autoimune da disfunção tireoidiana e deve ser associada a dosagens do TSH e T4L. A prevalência de TPOAb é maior que TgAb, sendo o TPOAb o teste mais sensível para detectar DAT (Doença autoimune da tireoide). A dosagem de TgAb e TPOAb pode ser feita: a) na suspeita de DAT, b) para pacientes de risco para disfunção tireoidiana; c) para pacientes em uso de interferon, lítio, amiodarona; d) para pacientes com histórico de infertilidade ou falência em terapias de fertilização assistida. A mensuração de TPOAb pode ser utilizada para avaliar risco de tireoidite pós-parto (ATPO elevado). O TgAb deve ser dosado em conjunto com a Tg, no seguimento de pacientes com câncer diferenciado de tireoide, já que a presença de TgAb no soro do paciente, pode determinar resultados falsamente baixos de Tg (falso-negativo). Não há indicação de monitorizar os níveis dos anticorpos antitireoidianos durante o curso do tratamento do hipotireoidismo (18,19,4).
A dosagem do TRAb apresenta boa especificidade para o diagnóstico da DG (doença de Graves), porém não é fundamental para o diagnóstico na maioria dos casos. Em alguns casos, pode auxiliar no diagnóstico diferencial do hipertireoidismo. A avaliação do TRAb inicial é útil como um marcador de gravidade da doença e pode, em combinação com outros indicadores clínicos, contribuir para a decisão de tratamento. Avaliar níveis de TRAb antes de interromper o tratamento com drogas antitireoidianas pode auxiliar a identificar quais pacientes podem iniciar a retirada da medicação, uma vez que níveis normais de TRAb é indicativo de uma maior chance de remissão. Recomenda-se dosar o TRAb em gestantes com DG ou historia pregressa de DG, no início e no terceiro trimestre de gestação (entre a 20ª e 24ª. semanas de gestação), para avaliar risco de hipertireoidismo fetal e tireotoxicose neonatal transitória (20,21,4).
Quais exames devem ser solicitados no em pacientes assintomáticos?
A mensuração do TSH tem sido utilizada como triagem no diagnóstico de disfunção tireoidiana, especialmente na insuficiência tireoidiana mínima (hipotireoidismo subclínico). A dosagem de TSH está recomendada a cada cinco anos em indivíduos com idade igual ou superior a 35 anos. Em função do hipotireoidismo não detectado na gravidez poder afetar o desenvolvimento neuropsicomotor e a sobrevida do feto (30), além de ser acompanhado de hipertensão e toxemia, também tem sido recomendada a dosagem de rotina do TSH em mulheres grávidas, porém ainda não existe consenso sobre esta indicação em gestantes (1,5, 22,4).
A dosagem o TSH é o melhor método para triagem de disfunções tireoidianas e para monitoramento dos pacientes em tratamento do hipotireoidismo, sendo bom indicador da dose de reposição de levotiroxina (1,2, 3 e 4).
O T4L é utilizado de rotina na avaliação da função tireoidiana e no seguimento do tratamento do hiper e do hipotireoidismo (2,13,14) .
Não existe indicação de uso rotineiro da medida do T3 sérico no diagnóstico e seguimento do paciente com hipotireoidismo (13,4).
A dosagem do T3 sérico, interpretada em conjunto com T4L, é útil na avaliação de quadros
de hipertireoidismo (2,14,15).
Dr. Alexandre Hohl
Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
.
Dra.Gisah Carvalho
Presidente do Departamento de Tireoide da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Referências Bibliográficas
1) Ladenson PW, Singer PA, Ain KB, Bagchi N, Bigos ST, Levy EG, Smith SA, Daniels GH. American
Thyroid Association guidelines for detection of thyroid dysfunction. Arch Intern Med. 2000; 160:1573-5.
2) Baloch Z, Carayon P, Conte-Devolx B, Demers LM, Feldt-Rasmussen U, Henry JF, LiVosli VA,
Niccoli-Sire P, John R, Ruf J, Smyth PP, Spencer CA, Stockigt JR. Guidelines Committee, National
Academy of Clinical Biochemistry, Laboratory medicine practice guidelines. Laboratory support for the
diagnosis and monitoring of thyroid disease. Thyroid. 2003; 13:3-126
3) Wardle CA, Fraser WD, Squire CR. Pitfalls in the use of thyrotropin concentration as a first-line
thyroid-function test. Lancet. 2001; 357:1013-4.
4) Carvalho GA, Perez CLS, Ward LS. Utilização dos testes de função tireoidiana na prática clínica
Arq Brasil Endocrino Metab 2013; 57:193-204.
5) Haddow JE, Palomaki GE, Allan WC, Williams JR, Knight GJ, Gagnon J, O'Heir CE, Mitchell ML,
Hermos RJ, Waisbren SE, Faix JD, Klein RZ. Maternal thyroid deficiency during pregnancy and
subsequent neuropsychological development of the child. N Engl J Med. 1999; 341:549-55.
6) Allan WC, Haddow JE, Palomaki GE, Williams JR, Mitchell ML, Hermos RJ, Faix JD, Klein RZ.
Maternal thyroid deficiency and pregnancy complications: implications for population screening. J Med
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7) Radetti G, Gentili L, Paganini C, Oberhofer R, Deluggi I, Delucca A. Psychomotor and
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pregnancy. Minerva Pediatr. 2000; 52:691-8.
8) Cerbone M, Bravaccio C, Capalbo D, Polizzi M, Wasniewska M, Cioffi Det al. Linear growth and
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2011; 164:591-7.
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10) Simic N, Asztalos EV, Rovet J. Impact of neonatal thyroid hormone insufficiency and medical
morbidity on infant neurodevelopment and attention following preterm birth. Thyroid. 2009; 19:395-401.
11) Biondi B and Cooper DS. The Clinical Significance of Subclinical Thyroid Dysfunction. Endocr
Rev. 2008; 29:76–131.
12) Toft AD. Drug therapy: Thyroxine therapy. N Engl J Med. 1994; 331:174-80.
13) Stockigt JR. Free thyroid hormone measurement: a critical appraisal. Endocrinol Metab Clin
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14) Wang R, Nelson JC, Weiss RM, Wilcox RB. Accuracy of free thyroxine measurements across
natural ranges of thyroxine binding to serum proteins. Thyroid. 2000; 10:31-9.
15) Maia AL e col. Consenso Brasileiro para o diagnóstico e tratamento do hipertireoidismo:
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16) Chopra IJ, Van Herle AJ, Teco GN, Nguyen AH. Serum free thyroxine in thyroidal and
nonthyroidal illnesses: a comparison of measurements by radioimmunoassay, equilibrium dialysis, and
free thyroxine index. J Clin Endocrinol Metab. 1980; 51:135-43.
17) Burmeister LA. Reverse T3 Does Not Reliably Differentiate Hypothyroid Sick Syndrome from
Euthyroid Sick Syndrome. Thyroid. 1995;5:435-441.
18) Vanderpump MP, Tunbridge WM, French JM, Appleton D, Bates D, Clark F, Grimley Evans J,
Hasan DM, Rodgers H, Tunbridge F, Young ET. The incidence of thyroid disorders in the community: a
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19) Martino E, Aghini-Lombardi F, Bartalena L, Grasso L, Loviselli A, Velluzzi F, Pinchera A,
Braverman LE. Enhanced susceptibility to amiodarone induced hypothyroidism in patients with thyroid
autoimmune disease. Arch Intern Med. 1994; 154:2722-6.
20) Takasu N, Oshiro C, Akamine H, Komiya I, Nagata A, Sato Y, et al. Thyroid stimulating antibody
and TSH-binding inhibitor immunoglobulin in 277 Graves´patients and in 686 normal subjects. J
Endocrinol Invest. 1997; 20:452-61.
21) Brown RS, Bellisario RL, Botero D, Fournier L, Abrams CA, Cowger ML, et al. Incidence of
transient congenital hypothyroidism due to maternal thyrotropin receptor-blocking antibodies in over
one million babies. J Clin Endocrinol Metab. 1996; 81:1147-51.
22) Leung AS, Millar LK, Koonings PP, Montoro M, Mestman JH. Perinatal outcomes in hypothyroid
pregnancies. Obstet Gynecol. 1993; 81:349-53.
Fonte: http://www.endocrino.org.br/media/uploads/PDFs/posicionamento_tireoide_atualizado.pdf
Postado por
Dr. Frederico Lobo
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quinta-feira, 14 de abril de 2016
No dia internacional do café: 5 questões sobre o café
No dia internacional do café: 5 questões sobre o café
Descoberto em 575 d.C. na Etiópia, o café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo devido ao seu aroma e sabor intenso.
Esta bebida tem origem nos grãos da planta do café, Coffea Rubiaceae. Existem muitas espécies desta planta equatorial, contudo as mais exploradas comercialmente são C. arabica e C. canephora.
A espécie C. arabica origina o café arábica, uma variedade com sabor suave e
aromático. A sua produção mundial é de 70 % e é cultivado na América, Quénia e Índia. Já a espécie C. canephora dá origem à variedade de café robusta, um café típico do sudeste asiático e Brasil. Este representa 30 % do mercado mundial e possui um sabor mais amargo e com mais 50 % de cafeína do que o café
arábica. Além do seu uso na forma de infusão, o café é um ingrediente de outros produtos alimentares, como são exemplos os preparados solúveis de bebidas de cereais, alguns molhos, bolachas ou gelados.
Hoje em dia, o café é reconhecido pela sua ação na melhoria do desempenho e pelo efeito protetor na saúde dos indivíduos. Todavia, é importante que o seu consumo seja moderado e integrado num estilo de vida ativo.
A Associação Portuguesa dos Nutricionistas, a partir deste guia, apresenta a resposta a 5 questões sobre o café.
1 - Quais os benefícios do consumo de café?
O consumo de café tem sido associado a um conjunto de potenciais benefícios para a saúde e bem-estar, dos quais se destaca, redução da sensação de fadiga, aumento dos níveis de alerta e atenção, melhoria do raciocínio e memória e, pode ainda, proteger contra doenças como cancro do cólon, diabetes tipo 2, cirrose hepática, carcinoma hepatocelular e depressão. O café também parece ajudar a manter as funções cognitivas no envelhecimento, reduzindo o risco de doença de Alzheimer e Parkinson. Estes benefícios são atribuídos à presença de cafeína e compostos antioxidantes no café, apesar de ser necessária mais pesquisa científica nesta área para compreender os mecanismos subjacentes a estes efeitos protetores do café.
2 - Qual é a quantidade de cafeína de um café?
O teor em cafeína no café depende de vários fatores, como por exemplo, a variabilidade da planta do café, o método de preparação (p.e. instantâneo, expresso), a quantidade de café utilizado na
preparação e o grau de torra e moagem. O teor médio em cafeína do café expresso consumido em Portugal, é de 74,5 mg de cafeína por chávena de café expresso. No café cheio há maior quantidade de
cafeína do que no café curto. Em média, os valores de cafeína por tipo de expresso são os seguintes.
3 - O que é o cafeinismo?
O cafeinismo refere-se à intoxicação devido ao uso excessivo e
prolongado de café ou outras substâncias com cafeína (p.e. colas, chá, chocolate). Doses de cafeína acima de 400 mg/dia representam um consumo elevado, o qual pode causar riscos para a saúde. Como tal, o consumo contínuo (geralmente, mais de 5 dias) de doses altas de cafeína podem levar à intoxicação ou cafeinismo. Alguns sintomas relacionados com o consumo elevado são, por exemplo, ansiedade, nervosismo, insónias, taquicardia e náuseas.
A dose letal de cafeína, no adulto normal, parece ser acima de 10g, de acordo com a literatura científica. Todavia, a maioria dos casos de morte devido ao consumo abusivo de cafeína deve-se à introdução de
suplementos alimentares à base de substâncias estimulantes (p.e. cafeína, taurina) que podem interagir entre si ou à associação destas substâncias estimulantes com o álcool.
4 - Qual o melhor horário
para beber café?
Os momentos mais adequados para beber café são após os picos de produção de cortisol, uma hormona relacionada com a regulação do ciclo circadiano e com a manutenção do estado de alerta. Na verdade, a interação entre a consumo de cafeína e a produção da hormona pode induzir tolerância à cafeína. Atendendo a isto, o horário mais indicado para o consumo de café (cafeína) é entre as [9h30-11h30] e [13h30-17h00].
5 - Qual a dose de cafeína aconselhável?
A European Food Safety Authority (EFSA), em 2015, refere que doses diárias até 400mg de cafeína por dia são seguras em adultos saudáveis, à exceção de mulheres grávidas. O valor total diário de 400mg inclui todas as fontes de cafeína (p.e. café, bebidas energéticas, refrigerantes, chocolate). Atendendo a esta recomendação e ao teor médio de cafeína presente no café em Portugal, bem como aos diferentes alimentos onde esta poderá estar presente, aconselha-se um consumo médio de 2 a 3 cafés por dia, em adultos saudáveis consumidores de café. No entanto, deve ser sempre respeitada a suscetibilidade individual à cafeína.
Relativamente às mulheres que pretendem engravidar, grávidas oumulheres que estejam a amamentar as recomendações apontam para um valor total de 200mg de cafeína por dia. Visto que, a cafeína é uma substância que atravessa a barreira placentária, podendo afetar o feto.
No que respeita à toma de cafeína e outros estimulantes em crianças e adolescentes, desencoraja-se o seu consumo, uma vez que ainda não se encontram muito claros quais serão os níveis aceitáveis. Além disso, é necessário os pais atentarem para a presença de substâncias estimulantes em outros alimentos, além do café e, os quais estão ao alcance deste público alvo. Exemplos destes alimentos são o chocolate, os refrigerantes, os gelados e o chá.
Bibliografia
1. AICC. O café - origem. Associação Industrial e Comercial do Café. Disponível em: http://aicc.pt/origem/ [Acesso em 04-04-
2016].
2. AICC. O café - processo. Associação Industrial e Comercial do Café. Disponível em: http://aicc.pt/processo/ [Acesso em 04-04-
2016.]
3. AICC. Tudo sobre café. Café e Saúde. Disponível em: http://cafeesaude.com/ [Acesso em 04-04-2016].
4. Cappelletti S et al. Caffeine: Cognitive and Physical Performance Enhancer or Psychoactive Drug? Current Neuropharmacology.
2015; 13(1):71-88.
5. Casal S et al. Teor médio em cafeína do café expresso consumido em Portugal (canal HORECA). Café e Saúde; Associação
Industrial e Comercial do Café. Disponível em: http://cafeesaude.com/wp-content/uploads/2012/01/Booklet-001.pdf [Acesso a
05-04-2016].
6. EUFIC. Caffene and health. European Food Information Council. 2007. Disponível em:
http://www.eufic.org/article/en/nutrition/functional-foods/artid/caffeine-health/ [Acesso em 5-04-2016].
7. EUFIC. Caffene and health. European Food Information Council. 2007. Disponível em:
http://www.eufic.org/article/en/artid/caffeine/ [Acesso em 5-04-2016].
8. European Food Safety Authority. Scientific opinion on the safety of caffeine. EFSA Journal. 2015;13(5):4102.
9. FDA. FDA to investigate added caffeine. Food and Drug Aministration. 2013. Disponível em:
http://www.fda.gov/downloads/ForConsumers/ConsumerUpdates/UCM350740.pdf [Acesso em 04-04-2013]
10. FDA. Select Committee on GRAS substances (SCOGS) opinion: caffeine. Food and Drug Administration. 2015. Disponível em:
http://www.fda.gov/Food/IngredientsPackagingLabeling/GRAS/SCOGS/ucm256650.htm [Acesso em 05-04-2016].
11. Foxx RM; Rubinoff A. Behavioral treatment of caffeinism:reducing excessive coffee drinking. J Appl Behav Anal. 1979; 12 (3):335-
344
12. Lovallo W et al. Caffeine stimulation of cortisol secretion across the waking. Psychosom Med. 2005; 67(5):734-739.
13. Lozano R et al. Cafeína: un nutrient, un fármaco, o una droga de abuso. Adicciones. 2007; 19(3):225-238.
14. Porto L, Oliveira L. Tabela da composição de alimentos, 1a edição. Centro de Segurança Alimentar e Nutrição do Instituto
Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa 2007; 355
Fonte: http://www.apn.org.pt/documentos/guias/5_questoes_sobre_o_cafe_Final_1.pdf
Descoberto em 575 d.C. na Etiópia, o café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo devido ao seu aroma e sabor intenso.
Esta bebida tem origem nos grãos da planta do café, Coffea Rubiaceae. Existem muitas espécies desta planta equatorial, contudo as mais exploradas comercialmente são C. arabica e C. canephora.
A espécie C. arabica origina o café arábica, uma variedade com sabor suave e
aromático. A sua produção mundial é de 70 % e é cultivado na América, Quénia e Índia. Já a espécie C. canephora dá origem à variedade de café robusta, um café típico do sudeste asiático e Brasil. Este representa 30 % do mercado mundial e possui um sabor mais amargo e com mais 50 % de cafeína do que o café
arábica. Além do seu uso na forma de infusão, o café é um ingrediente de outros produtos alimentares, como são exemplos os preparados solúveis de bebidas de cereais, alguns molhos, bolachas ou gelados.
Hoje em dia, o café é reconhecido pela sua ação na melhoria do desempenho e pelo efeito protetor na saúde dos indivíduos. Todavia, é importante que o seu consumo seja moderado e integrado num estilo de vida ativo.
A Associação Portuguesa dos Nutricionistas, a partir deste guia, apresenta a resposta a 5 questões sobre o café.
1 - Quais os benefícios do consumo de café?
O consumo de café tem sido associado a um conjunto de potenciais benefícios para a saúde e bem-estar, dos quais se destaca, redução da sensação de fadiga, aumento dos níveis de alerta e atenção, melhoria do raciocínio e memória e, pode ainda, proteger contra doenças como cancro do cólon, diabetes tipo 2, cirrose hepática, carcinoma hepatocelular e depressão. O café também parece ajudar a manter as funções cognitivas no envelhecimento, reduzindo o risco de doença de Alzheimer e Parkinson. Estes benefícios são atribuídos à presença de cafeína e compostos antioxidantes no café, apesar de ser necessária mais pesquisa científica nesta área para compreender os mecanismos subjacentes a estes efeitos protetores do café.
2 - Qual é a quantidade de cafeína de um café?
O teor em cafeína no café depende de vários fatores, como por exemplo, a variabilidade da planta do café, o método de preparação (p.e. instantâneo, expresso), a quantidade de café utilizado na
preparação e o grau de torra e moagem. O teor médio em cafeína do café expresso consumido em Portugal, é de 74,5 mg de cafeína por chávena de café expresso. No café cheio há maior quantidade de
cafeína do que no café curto. Em média, os valores de cafeína por tipo de expresso são os seguintes.
3 - O que é o cafeinismo?
O cafeinismo refere-se à intoxicação devido ao uso excessivo e
prolongado de café ou outras substâncias com cafeína (p.e. colas, chá, chocolate). Doses de cafeína acima de 400 mg/dia representam um consumo elevado, o qual pode causar riscos para a saúde. Como tal, o consumo contínuo (geralmente, mais de 5 dias) de doses altas de cafeína podem levar à intoxicação ou cafeinismo. Alguns sintomas relacionados com o consumo elevado são, por exemplo, ansiedade, nervosismo, insónias, taquicardia e náuseas.
A dose letal de cafeína, no adulto normal, parece ser acima de 10g, de acordo com a literatura científica. Todavia, a maioria dos casos de morte devido ao consumo abusivo de cafeína deve-se à introdução de
suplementos alimentares à base de substâncias estimulantes (p.e. cafeína, taurina) que podem interagir entre si ou à associação destas substâncias estimulantes com o álcool.
4 - Qual o melhor horário
para beber café?
Os momentos mais adequados para beber café são após os picos de produção de cortisol, uma hormona relacionada com a regulação do ciclo circadiano e com a manutenção do estado de alerta. Na verdade, a interação entre a consumo de cafeína e a produção da hormona pode induzir tolerância à cafeína. Atendendo a isto, o horário mais indicado para o consumo de café (cafeína) é entre as [9h30-11h30] e [13h30-17h00].
5 - Qual a dose de cafeína aconselhável?
A European Food Safety Authority (EFSA), em 2015, refere que doses diárias até 400mg de cafeína por dia são seguras em adultos saudáveis, à exceção de mulheres grávidas. O valor total diário de 400mg inclui todas as fontes de cafeína (p.e. café, bebidas energéticas, refrigerantes, chocolate). Atendendo a esta recomendação e ao teor médio de cafeína presente no café em Portugal, bem como aos diferentes alimentos onde esta poderá estar presente, aconselha-se um consumo médio de 2 a 3 cafés por dia, em adultos saudáveis consumidores de café. No entanto, deve ser sempre respeitada a suscetibilidade individual à cafeína.
Relativamente às mulheres que pretendem engravidar, grávidas oumulheres que estejam a amamentar as recomendações apontam para um valor total de 200mg de cafeína por dia. Visto que, a cafeína é uma substância que atravessa a barreira placentária, podendo afetar o feto.
No que respeita à toma de cafeína e outros estimulantes em crianças e adolescentes, desencoraja-se o seu consumo, uma vez que ainda não se encontram muito claros quais serão os níveis aceitáveis. Além disso, é necessário os pais atentarem para a presença de substâncias estimulantes em outros alimentos, além do café e, os quais estão ao alcance deste público alvo. Exemplos destes alimentos são o chocolate, os refrigerantes, os gelados e o chá.
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4. Cappelletti S et al. Caffeine: Cognitive and Physical Performance Enhancer or Psychoactive Drug? Current Neuropharmacology.
2015; 13(1):71-88.
5. Casal S et al. Teor médio em cafeína do café expresso consumido em Portugal (canal HORECA). Café e Saúde; Associação
Industrial e Comercial do Café. Disponível em: http://cafeesaude.com/wp-content/uploads/2012/01/Booklet-001.pdf [Acesso a
05-04-2016].
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http://www.eufic.org/article/en/nutrition/functional-foods/artid/caffeine-health/ [Acesso em 5-04-2016].
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http://www.fda.gov/downloads/ForConsumers/ConsumerUpdates/UCM350740.pdf [Acesso em 04-04-2013]
10. FDA. Select Committee on GRAS substances (SCOGS) opinion: caffeine. Food and Drug Administration. 2015. Disponível em:
http://www.fda.gov/Food/IngredientsPackagingLabeling/GRAS/SCOGS/ucm256650.htm [Acesso em 05-04-2016].
11. Foxx RM; Rubinoff A. Behavioral treatment of caffeinism:reducing excessive coffee drinking. J Appl Behav Anal. 1979; 12 (3):335-
344
12. Lovallo W et al. Caffeine stimulation of cortisol secretion across the waking. Psychosom Med. 2005; 67(5):734-739.
13. Lozano R et al. Cafeína: un nutrient, un fármaco, o una droga de abuso. Adicciones. 2007; 19(3):225-238.
14. Porto L, Oliveira L. Tabela da composição de alimentos, 1a edição. Centro de Segurança Alimentar e Nutrição do Instituto
Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa 2007; 355
Fonte: http://www.apn.org.pt/documentos/guias/5_questoes_sobre_o_cafe_Final_1.pdf
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
17:02
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