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Dr. Frederico Lobo
Depressão: uma epidemia progressiva e silenciosa entre estudantes de medicina
Mais de um quarto dos estudantes de medicina sofre de depressão ou com sintomas da doença, e mais de um em cada 10 estudantes referem ter tido ideação suicida durante a faculdade, de acordo com a revisão. No entanto, apenas a minoria dos estudantes cujos resultados dos testes indicaram depressão procurou ajuda.
O estudo, foi publicado na edição de 6 de dezembro do JAMA, cujo tema é a educação médica.
Estudo seminal
Esta análise "provê o olhar mais abrangente já publicado sobre a prevalência da depressão e da ideação suicida, e também do tratamento psiquiátrico entre estudantes de medicina. Nosso estudo é uma espécie de resposta estrutural a esse respeito, por hora", afirmou ao Medscape o Dr. Douglas A. Mata, médico e mestre em saúde pública do Brigham and Women's Hospital e da Harvard Medical School, em Boston, Massachusetts.
O estudo mostra que o índice de "depressão e de ideação suicida é muito alto entre os estudantes de medicina, em comparação às pessoas da mesma faixa etária na população geral - que não são estudantes. Basicamente, o que temos é uma espécie de epidemia oculta em nossas mãos, que está escondida bem embaixo dos nossos narizes. Precisamos descobrir como vamos lidar com isso", disse o Dr. Mata.
Com base nos dados provenientes de 167 estudos transversais e 16 estudos longitudinais de 43 países, a prevalência global agrupada estimada de depressão ou de sintomas depressivos foi de 27,2% e variou de 9,3% a 55,9%, segundo os pesquisadores. A prevalência de sintomas depressivos permaneceu relativamente constante durante o período do estudo (de 1982 a 2015).
Os nove estudos longitudinais que avaliaram os sintomas depressivos antes e durante a faculdade de medicina mostram aumento absoluto médio dos sintomas de 13,5%. As estimativas de prevalência não diferiram acentuadamente entre os estudos feitos somente com estudantes do ciclo básico e os estudos feitos apenas com acadêmicos e internos (23,7% vs. 22,4%).
Entre os estudantes de medicina cujos resultados dos testes foram positivos para depressão, apenas 15,7% procuraram tratamento psiquiátrico.
Com base nos dados de 24 estudos transversais de 15 países, a estimativa da prevalência global combinada de ideação suicida foi de 11,1% e variou de 7,4% a 24,2%.
"Muitos trabalhos sobre o assunto reagem à depressão, em vez de promover a proatividade. Quando o aluno fica deprimido, eles o vinculam aos recursos terapêuticos, mas acho necessário fomentar intervenções de bem-estar mais proativas entre esses estudantes, de modo a tentarmos evitar que as pessoas fiquem deprimidas, antes de mais nada", disse o Dr. Mata.
Dr. Mata acredita que o sistema de formação acadêmica dos estudantes de medicina como um todo "precisa mudar. Isto pode significar a redução das horas de trabalho e da pressão sobre os estudantes, o que realmente lhes permitiria ter melhor desempenho. Isso já foi demonstrado em alguns estudos anteriores."
"As pessoas se concentraram em ensinar sobre bem-estar e cuidados pessoais, mas ignoraram as questões relativas ao ambiente existente nas faculdades de medicina e nos hospitais, que são justamente os que provocam esses problemas, como, por exemplo, a privação crônica do sono", acrescentou.
Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6500788?src=mkm_ptmkt_170120_mscpmrk_pttopfive_nl&uac=217917MV&impID=1275187&faf=1
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