Quarta doença que mais provoca mortes no Brasil, o diabetes está entre os maiores desafios da área da saúde da saúde. O problema preocupa pois aumentou bastante nos últimos anos e sua cura ainda não foi descoberta, apesar de estar cada vez mais próxima.
Pacientes obesos com diabetes tipo 2 relataram não ter mais sintomas após fazer cirurgia bariátrica ou de redução de estômago. Entretanto, não há evidências de que isso continuaria em longo prazo, portanto, a operação não é comprovadamente uma cura para a doença.
A conclusão é a mesma quando se trata do diabetes tipo 1. Tem-se considerado o transplante de pâncreas para esses pacientes, mas o tratamento também não pode ser considerado uma cura, já que envolve riscos e não há doadores suficientes.
Felizmente, novos estudos animam os cientistas. "Hoje existe a ideia de 'cura' com células-tronco que podem ser modificadas para células do pâncreas, para dar aos pacientes a chance de voltar a produzir insulina", explica Stephen Gough, ex-professor e líder de grupos de pesquisa sobre diabetes, endocrinologia e metabolismo na Universidade de Oxford (Reino Unido) e diretor médico da Novo Nordisk.
A empresa criou, em parceria com a Universidade da Califórnia (EUA), um laboratório para desenvolver culturas de células-tronco justamente para pacientes com diabetes tipo 1. Já com a Universidade Cornell (EUA) foi desenvolvido um dispositivo de encapsulamento que protege as células beta que são transplantadas em pacientes de ataques de seus próprios sistemas imunológicos. A empresa estima que o primeiro estudo clínico possa ser iniciado já nos próximos anos.
"Ainda não sabemos quando essa terapia estará disponível, mas queremos fazer com que isso funcione", conta Gough.
Estudos aumentam expectativa
Um trabalho científico publicado em abril por pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) também aumentou as expectativas quanto a uma possível cura para a doença.
Na pesquisa, 24 pessoas com a condição fizeram transplante de células-tronco e foram comparadas a 144 indivíduos que seguiram com o tratamento convencional. "Vimos que 84% dos doentes que se submeteram ao transplante ficaram livres das injeções de insulina em algum momento, enquanto nenhum paciente em tratamento convencional deixou de administrar o remédio", declarou o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri ao Jornal da USP. Após o procedimento, o sistema imunológico para de agredir as células produtoras de insulina localizadas no pâncreas.
Mesmo sem cura, há qualidade de vida
Marco Petti, diretor médico e chefe de pesquisa clínica da Novo Nordisk, acredita que ainda falta muito para a cura, mas que os tratamentos atuais mudaram a forma como diabético vive.
"Acho difícil fazer uma previsão de cura, mas temos buscas constantes e evolução de terapias. Só de pensar que começamos com a insulina, passando por medicamentos orais, insulinas de longa duração, imunossupressão e até células-tronco, é um avanço e tanto. A tendência é que fique cada vez mais fácil tratar e controlar o problema."
O diabetes é uma doença crônica, que, no momento, precisa ser tratada para sempre. Mas hoje os pacientes podem ter uma qualidade de vida muito boa.
"Eles só precisam se tratar. Hoje, metade das pessoas com diabetes não sabe que tem a doença. Da parcela que sabe, 50% não busca tratamento. Entre os que tratam a doença, metade não o faz do jeito certo, e dos que fazem, metade ainda pode ter consequências futuras. São poucos os que fazem tudo certinho (2% a 6%). O paciente que trata direito tem uma vida normal, apenas com alguns cuidados a mais. Entender e não negar a doença é o primeiro passo", conclui Petti.
*A jornalista viajou a convite da Novo Nordisk.
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