Muitos pacientes me perguntam qual a validade e utilidade de diversos testes genéticos disponíveis hoje, que avaliam o risco de obesidade, a resposta a uma dieta ou a outra, intolerâncias alimentares e assim por diante.
E a resposta é: até o momento nenhuma.
Veja: não há dúvidas que a obesidade tem um imenso componente genético (ao redor de 70%), porém o número de genes associados é enorme e cada um, isoladamente, aumenta o reduz muito pouco sua chance de se tornar obeso ou responder a uma dieta ou outra. Ou seja, o real risco de alguém só poderia ser calculado juntando todos esses genes e as interações são complexas. Além do mais, para um escore genético ser válido, eu preciso de um estudo que demonstre que, sabendo a história genética de alguém, eu mudaria uma conduta e essa mudança levaria a um resultado diferente do que eu teria originalmente. E não existe nenhum estudo assim. Um grande estudo de dietas, chamado DIETFITS demonstrou que a carga genética dos pacientes não diferenciou aqueles que respondiam a low carb ou low fat, ou seja, fazer o teste não foi útil.
Isso não quer dizer que algum dia eles não venham a ter utilidade, mas as interpretações atuais de estudos como esse podem ser totalmente erradas. Por exemplo, aumentar 50% a chance de responder a uma dieta pode parecer muito: mas se minha chance sem o teste era de 20%, com o teste passou a ser 30 %. Ou seja, ainda é mais provável eu não responder, mas com o resultado na mão você acha que responderá!
Para dietas, o maior preditor de resposta é a sua adesão.
Acabou de ser publicado um artigo no New England, maior revista médica do mundo, que discute exatamente isso: como os escores de risco genético para doenças multifatoriais ainda não entregaram grandes vantagens do que simplesmente um bom questionário e consulta médica.
Ref: Gardner, Dietfits JAMA 2018; Hunter. Has the genome granted our wish yet? NEJM 2019 #genes #dietas #genetica #obesidade #testegenetico #perdadepeso #obesidadeeutratocomrespeito
terça-feira, 21 de maio de 2019
Teste genético para obesidade - Por Dr. Bruno Halpern
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
10:41
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