quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Óleo de coco elevando colesterol LDL quando comparado aos outros óleos vegetais


Uma meta-analise (compilação de dados) de 16 estudos randomizados (o melhor tipo de evidência), recém-publicada na prestigiada revista Circulation, aumenta o grau de evidência que já tínhamos que o uso de óleo de coco (rico em gordura saturada, principalmente o ácido láurico) como substituto de óleos vegetais comuns (como oliva, soja, linhaça, canola, que contém mais gorduras insaturadas) está associado a um aumento médio de 10,5 mg/dL do LDL, o colesterol ruim, sabidamente associado a maior risco de doenças cardiovasculares (apesar de alguns “gurus” dizerem o contrário por aí). 

👉Sim, é verdade que o óleo de coco também aumenta em 4mg/dL o HDL, o colesterol bom, mas ainda não temos evidências de nenhum estudo que aumentar o HDL reduza o risco de doenças cardiovasculares, provavelmente pois não é apenas a quantidade e sim a qualidade desse colesterol que seja importante (e há evidências que gorduras saturadas poderiam piorar a qualidade destes). 

👉Esse aumento de LDL pode não ser tão significativo, a princípio, mas o importante aqui é discutir que essa meta-análise não mostra nenhum outro dos alegados benefícios do óleo de coco (ex: glicemia, peso, inflamação) e portanto trocar óleos vegetais por ele por questões de saúde não faz o menor sentido, o que não significa que, em pratos específicos em que ele seja gostoso, não possa ser consumido! No estudo, o óleo de coco se comportou pior inclusive que o óleo de palma (dendê) conhecido por sua alta carga de gordura saturada. 

👉Lembro também que outras meta-análises já mostraram que substituir gorduras saturadas (como a do coco, mas também de animais) por insaturadas está associada a menor risco de doenças cardiovasculares; no entanto, trocar gorduras saturadas por carboidratos não traz benefícios. 

Isso é importante pois não estou aqui condenando gorduras em geral e incentivando excesso de carboidratos , mas sim mostrando que há gorduras melhores que outras, e que a evidência ligando excesso de colesterol a risco cardiovascular é fortíssima, ao contrário do que alguns extremos low-carb, ou até defensores de dietas carnívoras, advogam! 

Ref: Neelakantan, Circulation 2020

Fonte: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/photos/a.614298932033894/1770073666456409/?type=3&theater

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