O exercício físico é considerado um importante aliado da saúde mental. A orientação vale tanto como forma de prevenção aos transtornos da mente como para tratamento complementar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 12% dos brasileiros enfrentam problemas como ansiedade e depressão.
Nesse contexto, a prática de exercícios pode auxiliar o acompanhamento psiquiátrico contínuo, fortalecendo e estimulando o paciente durante o tratamento.
A vida ativa reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse), impulsiona a produção de serotonina, dopamina e endorfina (hormônios reguladores de humor e responsáveis pela sensação de bem-estar). Além disso, garante disposição.
Assim, a prática de esportes atenua alguns dos principais sintomas de distúrbios mentais. Tanto é verdade que diversos estudos indicam redução da incidência de crises de ansiedade, crises de pânico e da sensação de falta de controle em pacientes que se exercitam. Eles também melhoram no humor.
Segundo pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a prática recorrente de exercícios reduz a incidência de transtornos em até 20%. Conforme o estudo, quem se exercita regularmente apresenta uma degradação cognitiva mais lenta, tem menos oscilações de humor e maior capacidade de concentração.
Prescrição, orientação e personalização
O exercício físico para a saúde mental pode ser recomendado pelo psiquiatra desde o momento do diagnóstico. Ele serve como alternativa terapêutica complementar aliado a consultas frequentes e ao uso de medicamentos.
Em casos nos quais o paciente não responde ao tratamento convencional ou apresenta resistência à terapia e à utilização de medicamentos, os exercícios podem ser adotados inclusive como estratégia principal.
O profissional que orienta treinos a pacientes com transtornos mentais deve estar atento às suas necessidades e interesses, personalizando atividades conforme as preferências de cada pessoa. As modalidades mais indicadas são aquelas que trabalham movimentos cruzados, como caminhada e corrida.
Deve-se, aliás, instruir o praticante a voltar sua atenção ao próprio corpo, como forma de eliminar pensamentos negativos e repetitivos. Esportes e atividades físicas ainda estimulam o convívio social, daí a importância de sugerir exercícios em grupo sempre que possível.
Nesse processo, é importante que sejam estipuladas metas coerentes. A recomendação universal é de 150 minutos de exercício moderado por semana, tempo que pode ser excessivo para quem enfrenta uma patologia psíquica.
Respeitar os limites do paciente, claro, passa pelo diálogo constante com ele e com a equipe multidisciplinar envolvida no tratamento. O atendimento ao indivíduo com distúrbio mental exige escuta e flexibilidade, o que garante que a prática seja proveitosa e não estressante.
Especialmente neste grupo, a prescrição de exercícios inadequados pode desencadear problemas como dismorfia muscular, oscilações de humor e, em casos mais severos, síndrome de overtraining.
Interdisciplinaridade para unir exercício físico e saúde mental
As funções do profissional de atividades físicas para saúde mental estão inseridas no Sistema Único de Saúde (SUS) de modo integral, com ações individuais e coletivas, de prevenção e curativas, e em todos os níveis de complexidade.
Logo, ele deve estar capacitado a atuar em conjunto com outros profissionais da saúde – como psiquiatras, psicólogos e nutricionistas –, formando uma equipe interdisciplinar preparada para atender o paciente com transtornos mentais.
Nesse sentido, a Reforma Psiquiátrica é considerada um divisor de águas no segmento, pois promoveu a inserção dos exercícios físicos como processo terapêutico tanto nas etapas de prevenção como de recuperação de desordens psíquicas.
Ultimamente, com a pandemia da COVID-19 devastando países em todo o mundo, entidades como a OMS estão recomendando a prática de exercício físico para manter a saúde mental em meio à quarentena.
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