quinta-feira, 28 de abril de 2022

Shake para emagrecer, uma boa opção ?

Provavelmente você já viu propagandas de shakes substitutos de grandes refeições que são promovidos como a "fórmula mágica" para emagrecer. Normalmente as propagandas/promoções são acompanhadas de frases como "perca 10kg em 20 dias" ou algo do gênero, atraindo aqueles que buscam por resultados rápidos.

Mas, será que essa é mesmo uma boa estratégia nutricional e é efetiva para emagrecer?

A resposta é: NÃO.

Primeiramente, ao substituir um #almoço que provavelmente terá uma ampla variedade de nutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas, fibras e fitoquímicos) por outra nutricionalmente muito mais pobre, já é uma escolha ruim. 

Ao iniciar essa troca por shakes, você provavelmente conseguirá perder peso, mas não pelo shake se "saudável" ou “potencializador do emagrecimento”, mas sim por se tratar de uma bebida de valor energético reduzido. Portanto, é a restrição de calorias que esse shake promoverá que te trará resultados. Mas, e aí, até quando você conseguirá manter tal estratégia? Em Nutrologia e Nutrição devemos sempre pensar na adesão ao tratamento. É sustentável em longo prazo ? Você se vê ingerindo shake ao invés de almoçar, por 6 meses ?

No início, provavelmente pela mudança de hábito e empolgação com a estratégia, você poderá suportar a sensação de fome e conseguir eliminar alguns quilos. Mas as chances de reganho são enormes, pois é isso que os estudos sobre estratégias restritivas demonstram: o famoso efeito sanfona.

Mas isso não significa que você deverá abolir os shakes da sua vida. Há momentos em que você possa estar sem tempo, sem boas opções alimentares e até mesmo sem apetite para realizar uma grande refeição e, aí sim, para não ficar sem se alimentar e/ou compensar depois, o shake pode ser uma estratégia, te auxiliando a obter bons resultados! O shake pode ser um "SOS = Socorro" em alguns momentos. 

Ou seja: tudo depende! Procure um Nutrólogo e um Nutricionista para te auxiliarem com estratégias que levem em consideração o mais importante: você. Personalização e individualização são a chave para um tratamento de sucesso.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Há alguma Diferença entre o Horário das Refeições?

O horário das refeições em indivíduos com rotina alimentar prolongada está associada ao aumento do risco de obesidade e disfunção metabólica em humanos. Apesar disso, não há estudos experimentais prolongados e altamente controlados testando os efeitos dos horários das refeições com base no peso e no metabolismo em adultos com índice de massa corporal (IMC) de 19 a 27 kg/m2.

Com isso, foi realizado um estudo randomizado em que os indivíduos consumiam três refeições e dois lanches com quantidade energética e composição similares. Esses foram fornecidos em duas condições diferentes, em um período de 8 semanas, separadas por um período de 2 semanas. Inicialmente foi realizada a alimentação diurna, com ingestão limitada a 08:00h – 19:00h e posteriormente, a alimentação foi realizada mais tarde, com ingestão limitada a 12:00h – 23:00h. Nesse estudo, a rotina de sono e exercício físico foi constante. (Allison et.al, 2021)

Em seguida para estudar tal impacto do horário das refeições, foram avaliados peso, adiposidade, gasto energético e perfis circadianos de hormônios e metabólitos para que fossem comparados aos valores anteriores. Dessa forma, foi observado que peso corporal, resistência à insulina, relação de gordura tronco-perna, gasto de energia em repouso, quociente respiratório, glicose em jejum, insulina, colesterol total e colesterol de lipoproteína de alta densidade (dHDL) e adiponectina, diminuíram durante a intervenção diurna em comparação com a alimentação mais tarde.

Ao mesmo passo, foi observado aumento dessas medidas, assim como dos triglicerídeos quando realizada a alimentação atrasada em comparação com a diurna. Também, pode-se citar que a fase circadiana e a amplitude de melatonina, cortisol, grelina, leptina e glicose não foram alterados em consequência dos horários alimentares.

Pode-se concluir que uma alimentação diurna, em comparação com uma alimentação tardia, é capaz de promover perda de peso e melhorias no metabolismo energético e insulina em adultos com IMC de 19 a 27 kg m2, reforçando a eficácia e viabilidade de comer durante o dia como uma modificação comportamental para as condições do mundo real. 

Prática clínica

O estudo propõe que alimentar-se mais cedo, até às 19h, pode ser mais eficaz na redução de peso corporal, melhora da resistência à insulina, do controle glicêmico e da saúde cardiometabólica. Além disso, pode promover melhora da oxidação lipídica, do colesterol e da relação de gordura tronco-perna.

Referências bibliográficas
Allison KC, Hopkins CM, Ruggieri M, Spaeth AM, Ahima RS, Zhang Z, Taylor DM, Goel N. Prolonged, Controlled Daytime versus Delayed Eating Impacts Weight and Metabolism. Curr Biol. 2021 Feb 8;31(3):650-657.e3. doi: 10.1016/j.cub.2020.10.092.

Tapioca, pão francês ou pão integral ? Qual escolher ?



A grande maioria dos pacientes saudáveis que iniciam uma reeducação alimentar por conta própria e sem auxílio profissional, principalmente focando em "saúde" e emagrecimento, começa ERRONEAMENTE com a exclusão de inúmeros alimentos. 

Um exemplo que vejo com maior frequência, é a exclusão total do pão francês e integral e a troca pela tapioca, que ocorre pela crença de que os pães são ruins à saúde e que "engordariam" mais.

E será que isso realmente vai favorecer a saúde e o emagrecimento?

Bom, é importante considerar os hábitos e preferências alimentares de alguém antes de responder essa questão. Porém, classificando na ordem do mais nutritivo para o menos nutritivo a resposta seria o PÃO INTEGRAL, PÃO FRANCÊS e, por último, a TAPIOCA.

A tapioca ficou por último nesta lista por ser um carboidrato mais refinado, com poucos nutrientes e ausência de fibras e proteínas. Veja a relação nutricional aproximada abaixo:
  • 100g de #pão integral (4 fatias tradicionais), há aproximadamente 253kcal, sendo 50g de carboidratos, 9,5g de proteínas, 3,5g de lipídios e 6,4g de fibras.
  • 100g de pão francês (2 unidades médias), há aproximadamente 300kcal, sendo 58,6g de carboidratos, 8g de proteínas, 3,5g de lipídios e 2,3g de fibras.
  • 100g de #tapioca (5 colheres de sopa em média), há aproximadamente 336kcal, sendo 82g de carboidratos, 2g de proteínas e 0g de lipídios.
Ou seja: o problema não é o pãozinho, mas sim as quantidades que você ingere dele. Lembre-se sempre que antes de querer excluir qualquer alimento que faça parte do seu #hábito alimentar, é importante analisar muito bem o seu contexto e também quais os prós e contras de uma #estratégia como essa.

Um bom Nutricionista pode te auxiliar com isso!

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Consumo de proteínas: será que quanto mais melhor ?



Muitas pessoas acreditam - principalmente na #nutrição #esportiva - que quanto maior o #consumo de proteínas, melhores seriam os #resultados nutricionais. 

No entanto, esse é um grande EQUÍVOCO, uma vez que o consumo excessivo apenas fará com que você desvie as proteínas para a produção/armazenamento de #energia e faça um xixi mais caro.

Os estudos demonstram que a depender da idade, objetivo, individualidades clínicas e hábitos alimentares em geral, a recomendação proteica pode variar de 1.2 a 2.4g/kg/peso por dia.

O consumo além dessas quantidades não trazem nenhum resultado adicional e pode até atrapalhar os seus resultados, principalmente pelo fato de o metabolismo das proteínas demandar um pouco mais de "esforço" e gasto de energia do nosso organismo, quando comparado aos outros nutrientes.

Portanto, não precisa ficar tão preocupado em colocar proteínas de forma exagerada durante todo o dia no seu plano alimentar. Inclusive, não fique gastando rios de dinheiro em suplementos proteicos sem planejamento. 

Procure um Nutricionista para te auxiliar na quantidade ideal, no timing das refeições/proteínas e no uso apenas de suplementos que realmente sejam efetivos (quando necessários).

Seus resultados provavelmente serão muito melhores e mais baratos.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

sexta-feira, 8 de abril de 2022

[Divulgação] Evento para Médicos nutrólogos e Nutricionistas

 


Ganepão 2022 - 10º International Conference of Nutritional Oncology / Congresso Brasileiro de Nutrição em Câncer / (ICNO/CBNC) e o 4º Congresso Internacional de Nutrição, Exercício e Saúde (NEXSA).

Data: de 08 a 11 de junho de 2022, sendo dias 8 e 9 de junho presencial, em São Paulo/SP e dias 10 e 11 de junho, 100% Online.

Quatro dias de intensa atividade científica e didática, dividida por áreas de interesse que chamamos de “trilhas de sucesso da nutrição”, que são: nutrição clínica, consultório, nutrição oncológica (ICNO) e nutrição em atividade física (NEXSA), sob responsabilidade do nosso corpo docente multiprofissional composto por renomados professores nacionais e internacionais da América Latina, Estados Unidos e Europa. Conteúdo científico e prático relevante, networking e uma nova forma de experiência em eventos serão os grandes destaques dessa edição.

Informações, programação e inscrições: www.ganepao.com.br

E-mail: secretaria@ganepao.com.br

Fone: (11) 97879.0664

A visão preconceituosa que alguns médicos possuem da nutrologia

Se por um lado, a população busca cada vez mais o auxílio de nutrólogos, por outro, profissionais da saúde AINDA possuem uma visão preconceituosa da especialidade. Mas por que isso acontece? Muitas vezes julgamos por puro pré-conceito, mas no caso da Nutrologia existem algumas explicações bem plausíveis e que justificam esse pré-conceito. 

Fiz a minha pós em 2014 na ABRAN e naquela época a Nutrologia ainda não tinha estourado, como a especialidade "da moda". 

De lá pra cá, a especialidade cresceu muito. O número de vagas de residência quase dobrou, sinal de que mais médicos buscam a especialidade. Mas afinal, quais seriam essas explicações para a má fama dos nutrólogos perante os demais colegas?

Sempre falo para colegas que na Nutrologia temos 4 grandes problemas.

Primeiro problema: escassez de vagas de residência, mesmo sendo uma especialidade desde 1978 e tendo surgido na América latina antes mesmo da Nutrição, pelas mãos do médico argentino Pedro Escudero. 

Se há escassez de vagas, quem deseja se especializar e não consegue ou não quer fazer a residência, acaba recorrendo às pós-graduações (aula 1 vez por mês aos finais de semana). 

Com isso a formação sai bastante deficitária, já que fazer uma pós-graduação lato sensu não se compara à formação dada por uma residência. Experiência própria de quem fez pós, mas convive diariamente com quem fez residência. 

Dá para se formar bons profissionais com pós-graduação? Sim, mas é bem mais difícil. Dependerá de inúmeros fatores, dentre eles a vivência da especialidade, disciplina e empenho do médico. 

Pois, quando se está em serviços grandes (leia-se SUS), recebemos uma variedade grande de patologias. Quando o médico se restringe ao consultório, essa variedade reduz substancialmente. Na residência se aprende pela repetição diária. Isso sedimenta o conhecimento e forma melhores profissionais. 

Segundo problema: quantidade exorbitante de médicos que atuam sem serem especialistas

No Brasil se uma pessoa deseja atuar em uma especialidade, ela como médica pode atuar. Não existe impedimento legal, ou seja, mesmo sem a formação padrão-ouro (leia residência) ela pode atuar.

Porém, se der algum tipo de problema na justiça, o juiz e o médico perito (caso ela não seja titulada ou tenha feito a residência) reconhecerão que o ela foi imperita. 
imperito
adjetivo substantivo masculino
1. que ou aquele que não sabe; ignorante.
"(aluno) i. em questões gramaticais"
2. que ou aquele que é inábil ou imperfeito na sua profissão ou arte.

Nesse contexto, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) em seu site, somos pouco mais de 1200 Nutrólogos ativos no Brasil. 

A conta não bate !

Em um passeio por redes sociais, encontramos 01 nutrólogo a cada metro quadrado da web, exageros à parte... seriam "nutrólogos" mesmo? Não. A grande maioria que se diz, na verdade não é. São o que denominamos de "nutrólogos sem RQE", ou seja, não são Nutrólogos.

E eles sabem que não podem propagar que fizeram pós-graduação, pois isso configura infração ética. 

E eles também sabem que não podem induzir o paciente a pensar que são especialistas. 

Mas na realidade é que a grande faz isso, mesmo sabendo que não é o correto. 

Resultado: o segundo problema! Uma grande quantidade de profissionais que atuam, se dizem "Nutrólogos" e não são. 

Então te faço uma pergunta: Isso é ou não é um prato cheio para a Nutrologia ser malvista? Entende que as vezes o preconceito é justificável?

Poucas áreas na medicina tem tantos profissionais sem registro de qualificação de especialista (RQE) como a Nutrologia, Endocrinologia, Dermatologia. 

Terceiro problema: acréscimo de práticas não respaldadas pela ABRAN

Condutas dentro da Nutrologia podem ser controversas. O que mais há no mundo das ciências nutricionais são controvérsias e incertezas. 

Há quem defenda utilização de hormônios para fins estéticos, implantes hormonais, soros endovenosos desnecessariamente, nutrientes injetáveis mesmo com trato digestivo funcionante. 

Quando falo Nutrologia, englobo somente aqueles que possuem RQE. A Nutrologia clássica, defendida pela ABRAN não tem dentro do seu roll de procedimentos esse tipo de prática, conforme consta no próprio site da ABRAN. 

Essas práticas não possuem respaldo da ABRAN. Ou seja, podemos considerá-las práticas paralelas à Nutrologia. Muitas delas também não possuem a chancela do Conselho Federal de Medicina. 

E como eu disse, estão sendo praticadas por médicos Nutrólogos, ou seja, médicos com RQE de Nutrologia. 

Isso, aos olhos das outras especialidades, esses Nutrólogos também são malvistos. Esta aí o terceiro problema e que justifica o preconceito.

Quarto problema: a grande má fama que os demais médicos possuem da Nutrologia

Quando decidi realizar o curso básico de Nutrologia para acadêmicos de medicina,  preparei um questionário pré-inscrição e nele acrescentei uma série de perguntas. Dentre elas a seguinte afirmação:

Qual a visão que os médicos que você convive (professores, amigos, colegas) possuem dos Nutrólogos? 
Opção 1: Meus professores e colegas médicos possuem uma boa visão acerca da Nutrologia. Ou seja, visão positiva.
Opção 2: Meus professores e colegas médicos possuem uma visão preconceituosa sobre a Nutrologia. Acreditam ser uma área envolta em charlatanismo e com práticas não baseadas em evidência. Ou seja, visão negativa.
Opção 3: Ainda não sei qual a visão meus professores e colegas possuem da Nutrologia.
Opção 4: Outro.

Obviamente, não preciso dizer que a maioria dos alunos (mais de 130) responderam a opção 2. 

Ou seja, aqui o quarto problema nos revela outras questões.

Esse preconceito existe em decorrência do desconhecimento do que é a real Nutrologia? 

Afinal, pouquíssimos médicos tiveram contato com a Nutrologia durante a graduação. Sequer sabem fazer orientações nutricionais básicas. 

Esse preconceito decorre de experiências ruins que esses profissionais tiveram com "nutrólogos", ou até mesmo com Nutrólogos com RQE?

Esse preconceito advém das condutas controversas citadas acima?

Esse preconceito existe fruto da ignorância de alguns médicos em sequer saberem o real papel do nutrólogo e muitas vezes confundirem com a atuação do nutrólogo com a do nutricionista?

É triste falar, mas Nutrólogos são nutricionistas de luxo, na visão de alguns profissionais ignorantes. 

Para vários médicos, o Nutrólogo é o profissional que fez uma pós de fim de medicina, não achou o seu lugar na medicina, resolveu atirar para todos os lados. 

É o profissional que ostenta em redes sociais. É aquele que propaga fake news e práticas com baixo nível de evidência. É o médico que lucra em uma tarde o que os demais levam uma semana para ganhar. 

É essa infeliz visão que percebo na prática e se confirma no questionário aplicado. 

Os problemas foram gerados, mas há soluções? Sim, porém, demanda tempo e consiste em um trabalho árduo, que poucos querem pagar o preço.

Eu e nem meus colegas do movimento Nutrologia Brasil, por mais que façamos postagens esclarecedoras sobre o que é a Nutrologia, dificilmente convenceremos os atuantes na Nutrologia a agirem dentro do que acreditamos ser a real Nutrologia (defendida pela ABRAN).

Porém, se agirmos na base, nos acadêmicos de medicina, podemos mostrar, ensinar e direcioná-los para um caminho que acreditamos ser o correto. 

Como consequência disso, levaremos à graduação de medicina grandiosidade da nossa especialidade e a real forma de atuação da Nutrologia. 

Esse é o objetivo do nosso curso, mostrar para o acadêmico de medicina:
Quando a Nutrologia surgiu
O que faz um Nutrólogo
A infinidade de áreas ele pode atuar
A diferença entre o nutrólogo e o nutricionista, bem como a importância de um na atuação do outro.
A diferença entre o nutrólogo e o endocrinologista, o que é competência de cada um. 
O que faz parte do roll de procedimentos nutrológicos.
O que segundo a ABRAN não faz parte da real Nutrologia.
O que segundo o CFM é vetado ao médico praticar. 
Que Nutrologia não é sinônimo de tratamentos caros e sequer precisa incluir medicações manipuladas.
Quais as indicações para utilizar a via parenteral.
Como a nutroterapia pode agir na prevenção e tratamento de diversas doenças. 
Que dá para ser um profissional de sucesso, praticando uma Nutrologia séria, ética, baseada em evidências. 

Temos muito chão pela frente. Como diz uma grande professora de Nutrologia (Dra. Sandra Lúcia Fernandes): "não desanimemos diante das adversidades, mostremos o nosso real valor, lutemos pela especialidade, conquistemos nosso espaço". 

Sigamos avante em nossa missão.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915


quinta-feira, 7 de abril de 2022

O que se esperar de um acompanhamento nutricional ?

Muitos acreditam que a ida ao Nutricionista tem um único objetivo: pegar um cardápio nutricionalmente perfeito e adeus acompanhamento. Mas fique sabendo que não é bem assim que funciona e o plano alimentar não é a salvação/prevenção para todos os problemas!

O acompanhamento com o nutricionista visa melhorar muito mais do que apenas seus hábitos alimentares, pois na anamnese visualizamos erros gerais e traçamos metas atingíveis para tentar melhorar seu estilo de vida como um todo. 

O tratamento visa melhorar seu hábito intestinal, humor, sono, sinais e sintomas específicos que possam ter relação com a Nutrição, consumo de água, sedentarismo e, inclusive, algum possível olhar errado que você tenha acerca da alimentação (é só dar uma leve pesquisada para ver os inúmeros mitos alimentares existentes).

Para que seja possível atingir bons resultados é preciso que o paciente confie no nosso trabalho e saiba que há períodos que os resultados possam ser menores ou maiores do que os esperados. É necessário muito foco, determinação e, também, que a melhora dos hábitos gerais pode ter altos e baixos, como tudo na vida, mas que a persistência deve se sobressair nesses períodos. 

As metas/objetivos traçados podem ser alcançadas em meses ou anos, a depender do quadro do paciente e do seu histórico.

Não há fórmulas mágicas, suplementos, atalhos, cápsulas ou super tratamentos para que consigamos bons resultados, mas sim fazer o básico bem feito e ter paciência.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Omeprazol e o perigo do uso crônico e irracional dos IBPS

Ele é conhecido por ter mil e uma utilidades: O famoso Omeprazol, faz parte da família dos IBP’s (inibidores de bomba de prótons) - classe que atua reduzindo entre 80-95% da produção diária de ácido gástrico. Essa classe é uma das mais prescritas no mundo, por vezes usadas de forma crônica e sem acompanhamento médico. 

Atualmente dispõe-se dos seguintes IBP’s: omeprazol, lansoprazol, dexlansoprazol, rabeprazol, pantoprazol e esomeprazol. São indicados para tratamento de: Doença do Refluxo Gastroesofágico, Doença ulcerosa péptica, erradicação de H. pylori (associado a antibióticos). 

Qual o grande problema de seu crônico? Nada existe por acaso no nosso corpo e com o seu estômago não seria diferente. O ácido gástrico funciona, principalmente, como um mecanismo de defesa contra microorganismos , podendo aumentar a suscetibilidade do paciente a inúmeras infecções entéricas, incluindo sobrecrescimento bacteriano no intestino delgado. Pode gerar reações adversas como: disbiose, gastrite atrófica, diarreia, náuseas, exantema, tontura, dores musculares, tontura e ginecomastia. 

Além disso, podemos ter algumas deficiências nutrológicas diretas como déficit na absorção de vitamina B12, ferro e magnésio. Pode também interferir na absorção de cálcio - metabolismo ósseo, aumentando risco para osteopenia, osteoporose e fraturas ósseas. Grande estudo do JAMA publicado em 2014, estudou a relação do uso crônico dos inibidores de bomba de prótons com déficit de vitamina B12, podendo contribuir para sintomas demenciais em idosos. 

Existem também estudos incipientes, tentando relacionar o uso crônico dos IBP’s com o aumento da incidência de neoplasias gástricas, principalmente pela hipergastrinemia (estimula a produção de ácido gástrico). A hipergastrinemia, a curto prazo, pode causar acidez rebote e, a longo prazo, hiperplasia de células carcinoides. Porém, esses mesmos estudos, apresentam vieses e fatores confundidores, o que faz com que questionemos suas reais validades.


Autora: Dra. Edite Magalhães - Médica especialista em Clínica Médica - CRM-PE 23994 - RQE 9351
Revisores: 
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Dr. Leandro Houat - CRM-SC 27920 - RQE 20548 - Médico especialista em Medicina de família e comunidade

Cranberry e Infecções do trato urinário: o que temos de relevante?

 

As infecções do trato urinário (ITUs) são o segundo tipo mais comum de infecções bacterianas em todo o mundo, atrás apenas da otite média aguda. Os picos de incidência de ITUs estão no início dos 20 anos e após os 85 anos. O risco ao longo da vida de adquirir uma ITU sintomática é de cerca de 12% em homens e 50% em mulheres, com uma taxa de recorrência após seis meses de cerca de 40%. Aproximadamente 20 a 30% das mulheres jovens terão ITUs recorrentes. 

Embora a maioria dos pacientes tenha apenas uma gama variada de sintomas dolorosos e incômodos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) relata que as ITUs contribuem com 13.000 mortes a cada ano. Dessa forma, a ITU é um problema de saúde significante que reduz a qualidade de vida de homens e mulheres. 

Diante desse cenário, aumentou-se a busca e o interesse por métodos alternativos de prevenção e terapia, como por exemplo o uso da fruta cranberry (Vaccinium macrocarpon), planta nativa da América do Norte, conhecido como oxicoco no Brasil. 

O cranberry vermelho é rico em vários grupos de flavonóides, particularmente proantocianidinas, antocianidinas e flavonóis, juntamente com ácidos fenólicos e benzoatos.

Estudos científicos sugerem que as proantocianidinas (PAC) do tipo A ajudam na prevenção de ITU, principalmente, em mulheres com histórico de recorrências, pois ela interfere na aderência da E. coli (responsável por 75-80% dos casos de ITU) às células que revestem o trato urinário e a bexiga, aumentando a probabilidade de serem eliminadas durante a micção, prevenindo assim a colonização bacteriana. 

Metodologias de cultura de células também evidenciaram capacidade antiadesiva nos flavonóides presentes no cranberry e seus metabólitos em amostras de urina coletadas após o consumo de extratos de cranberry.

Embora o consumo de cranberries (Vaccinium macrocarpon) tenha sido amplamente recomendado para profilaxia de ITUs e alívio de sintomas, a atividade preventiva do cranberry nas ITUs tem sido debatida na literatura e numerosos estudos clínicos foram realizados, incluindo algumas meta-análises recentes. Vários estudos mostraram um efeito protetor do cranberry contra ITUs; no entanto, outros não encontraram efeitos significativos. 

Essa controvérsia atual sobre os resultados conflitantes da eficácia clínica e de custo dos suplementos de cranberry tem sido atribuída a diferentes produtos e doses fabricados à base de cranberry, bem como à falta de protocolo sistemático para a seleção de sujeitos e ensaio clínico. Portanto, as evidências ainda são insuficientes para definir uma alegação formal de saúde. Além das diferenças na composição e nas doses dos produtos à base de cranberry usados nos estudos de intervenção, as diferenças entre os estudos foram atribuídas à diferente suscetibilidade das cepas UPEC aos efeitos preventivos do cranberry. 

Atualmente, a suplementação de cranberry pode ser sugerida com segurança como terapia complementar em mulheres com ITUs recorrentes, mas a falta de custo-benefício para a suplementação de cranberry foi destacada. 

Evidências emergentes mostram que a microbiota intestinal tem um papel fundamental na homeostase, regulando a saúde e a doença em locais distais em todo o corpo. Embora os perfis microbianos e os metabólitos microbianos do intestino e de outros órgãos possam influenciar a microbiota urinária, a relação entre esses organismos que metabolizam ativamente e a saúde urogenital ainda não foi completamente elucidada. 

Agora é amplamente aceito que o trato urinário abriga uma rede microbiana complexa que é substancialmente diferente das populações intestinais. Qualquer desequilíbrio em comunidades bacterianas específicas provavelmente terá um efeito profundo na saúde urológica devido à sua produção metabólica e outras contribuições.

Autora: Dra. Edite Magalhães - Médica especialista em Clínica Médica - CRM-PE 23994 - RQE 9351
Revisores: 
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Dr. Leandro Houat - CRM-SC 27920 - RQE 20548 - Médico especialista em Medicina de família e comunidade