quarta-feira, 6 de abril de 2022

Omeprazol e o perigo do uso crônico e irracional dos IBPS

Ele é conhecido por ter mil e uma utilidades: O famoso Omeprazol, faz parte da família dos IBP’s (inibidores de bomba de prótons) - classe que atua reduzindo entre 80-95% da produção diária de ácido gástrico. Essa classe é uma das mais prescritas no mundo, por vezes usadas de forma crônica e sem acompanhamento médico. 

Atualmente dispõe-se dos seguintes IBP’s: omeprazol, lansoprazol, dexlansoprazol, rabeprazol, pantoprazol e esomeprazol. São indicados para tratamento de: Doença do Refluxo Gastroesofágico, Doença ulcerosa péptica, erradicação de H. pylori (associado a antibióticos). 

Qual o grande problema de seu crônico? Nada existe por acaso no nosso corpo e com o seu estômago não seria diferente. O ácido gástrico funciona, principalmente, como um mecanismo de defesa contra microorganismos , podendo aumentar a suscetibilidade do paciente a inúmeras infecções entéricas, incluindo sobrecrescimento bacteriano no intestino delgado. Pode gerar reações adversas como: disbiose, gastrite atrófica, diarreia, náuseas, exantema, tontura, dores musculares, tontura e ginecomastia. 

Além disso, podemos ter algumas deficiências nutrológicas diretas como déficit na absorção de vitamina B12, ferro e magnésio. Pode também interferir na absorção de cálcio - metabolismo ósseo, aumentando risco para osteopenia, osteoporose e fraturas ósseas. Grande estudo do JAMA publicado em 2014, estudou a relação do uso crônico dos inibidores de bomba de prótons com déficit de vitamina B12, podendo contribuir para sintomas demenciais em idosos. 

Existem também estudos incipientes, tentando relacionar o uso crônico dos IBP’s com o aumento da incidência de neoplasias gástricas, principalmente pela hipergastrinemia (estimula a produção de ácido gástrico). A hipergastrinemia, a curto prazo, pode causar acidez rebote e, a longo prazo, hiperplasia de células carcinoides. Porém, esses mesmos estudos, apresentam vieses e fatores confundidores, o que faz com que questionemos suas reais validades.


Autora: Dra. Edite Magalhães - Médica especialista em Clínica Médica - CRM-PE 23994 - RQE 9351
Revisores: 
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Dr. Leandro Houat - CRM-SC 27920 - RQE 20548 - Médico especialista em Medicina de família e comunidade

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