terça-feira, 3 de maio de 2022

Ter gordura no fígado (Esteatose hepática) não é normal e nós podemos te provar

Apesar de ser um achado frequente nas ultrassons de abdômen realizadas como “rotina”, sendo conhecida como a doença do fígado mais frequente da atualidade, a esteatose hepática não é um achado normal como muitos insistem. 

Ela é uma condição na qual ocorre excessivo acúmulo de lipídeos (gordura) nas células do fígado (hepatócitos) e que pode progredir.

A esteatose hepática é classificada em dois grandes grupos: 
  • Causada pelo consumo excessivo e crônico de bebidas alcoólicas; 
  • Causada por outros fatores de risco e denominada Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). 
A evolução natural da DHGNA é, ao longo dos anos, poder se transformar em esteatoepatite (inflamação), cirrose e carcinoma hepatocelular (câncer de fígado). 

No Brasil, estudos utilizando a ultrassonografia como método diagnóstico, encontraram em torno de 20% de esteatose hepática na população geral, ou seja, é um problema de saúde pública e não pode ser menosprezado! 

DHGNA é considerada uma manifestação de grande desordem metabólica, e sua prevalência eleva-se na presença de obesidade e diabetes mellitus. Além disso, podemos citar outros fatores de risco como dislipidemia, hipertensão arterial e uso de esteroides anabolizantes. 

A grande maioria dos pacientes não apresentam sinais ou sintomas, pois esta é uma doença silenciosa, sendo inicialmente identificada porque o paciente realizou uma ultrassonografia de abdômen como parte de seus exames clínicos de rotina. 

Infelizmente não existe um tratamento medicamentoso específico, com boas evidências científicas, para essa condição, sendo o grande foco do tratamento a perda de peso e controle das comorbidades associadas a essa condição. 

Entre as drogas que vêm sendo mais estudadas estão os antioxidantes e os hipolipemiantes. 

As estatinas foram testadas em diversos estudos e os achados não têm sido consistentes, porém sabemos que são medicamentos bem tolerados e seguros nos pacientes com EHNA, geralmente melhoram o perfil lipídico, aminotransferases (TGO e TGP) e diminuem a incidência de eventos cardiovasculares (que são a principal causa de morte neste grupo de pacientes). Não estão aprovadas como uma classe de medicamentos específicos para o tratamento da EHNA. 

Entre as drogas antioxidantes, a mais estudada é a vitamina E com resultados não homogêneos nos estudos. Deve ser usada com cautela até que tenhamos mais estudos sobre sua eficácia e segurança. 

Doses acima de 270mg de alfa-tocoferol podem ter efeito tóxico no organismo (favorecer alteração na coagulação, ou seja o uso não é recomendado para quem usa anticoagulante ou quem tem distúrbios da coagulação).

Alguns estudos mostram maior risco de câncer de próstata, ou seja, pacientes com alto risco de câncer de próstata devem utilizar com cautela, somente sob prescrição médica. 

Além disso a vitamina E em alguns trabalhos evidenciou aumento da mortalidade em pacientes diabéticos. 

Evidências sugerem apenas para pacientes com estádio de fibrose > 2 (calcular o estágio de fibrose é o grande entrave pois a elastografia não está acessível para todos os pacientes).

Já uma droga hipoglicemiante, chamada pioglitazona tem evidência em pacientes diabéticos e aconselhada nesse público. Os efeitos colaterais superam os benefícios em pacientes não diabéticos 
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Os análogos de GLP 1 estão começando a mostrar algum grau de evidência e sucesso.

E ATENÇÃO: Não são recomendados suplementos alimentares.

Autora: Dra. Edite Magalhães - Médica especialista em Clínica Médica - CRM-PE 23994 - RQE 9351
Revisores: 
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915
Dr. Leandro Houat - CRM-SC 27920 - RQE 20548 - Médico especialista em Medicina de família e comunidade

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