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domingo, 21 de agosto de 2022

Tomar café diminui em até 30% o risco de morte, sugere estudo

Estudo foi observacional, ou seja, dados não são conclusivos; informações de mais de 170 mil pessoas foram consideradas

Aquela xícara de café de manhã pode estar ligada a um menor risco de morte, concluíram pesquisadores de um estudo publicado em julho The Annals of Internal Medicine.

As pessoas que beberam de 1,5 a 3,5 xícaras de café por dia, mesmo com uma colher de chá de açúcar, tiveram uma probabilidade até 30% menor de morrer durante o período do estudo do que as que não tomaram café.

As que bebiam café sem açúcar eram 16% a 21% menos propensas a morrer durante o período do estudo, e as que bebiam cerca de três xícaras por dia tinham o menor risco de morte quando comparadas às que não tomavam café.

Os pesquisadores analisaram dados de consumo de café coletados no UK Biobank, um grande banco de dados médicos com informações de saúde de pessoas de todo o Reino Unido.

Eles examinaram informações demográficas, de estilo de vida e dietéticas coletadas de mais de 170 mil pessoas entre 37 e 73 anos de idade, durante um período médio de acompanhamento de sete anos. O risco de mortalidade permaneceu menor para as pessoas que bebiam café, descafeinado ou cafeinado. Os dados foram inconclusivos sobre as que tomavam café com adoçantes artificiais.

"É fantástico", disse Christina Wee, professora associada de medicina em Harvard e editora adjunta da revista científica que publicou o estudo. "Há muito poucas coisas que reduzem a mortalidade humana em 30%".

Wee editou o estudo e publicou um editorial correspondente na mesma revista.

No entanto, há ressalvas importantes para interpretar esta pesquisa, acrescentou ela. É um estudo observacional, o que significa que os dados não podem provar conclusivamente que o café propriamente reduz o risco de morte; pode haver outros fatores de estilo de vida que contribuam para esse menor risco de mortalidade entre as pessoas que tomam café, como uma dieta saudável ou uma rotina consistente de exercícios.

A quantidade média de açúcar adicionada a cada xícara de café no estudo foi de pouco mais de uma colher de chá –muito menos do que a quantidade normalmente adicionada a muitas bebidas açucaradas nas redes de café. Um Caramel Macchiato grande da rede Starbucks, por exemplo, contém 25 gr de açúcar, cerca de cinco vezes mais que uma xícara de café adoçada do estudo.

"Todas as apostas erram quando se tenta comparar isso com um 'latte', um Frappuccino, um 'supermocha' batido ou qualquer outro", disse Eric Goldberg, professor clínico associado na Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova York. Essas bebidas tendem a ser ricas em calorias e gorduras, disse ele, o que potencialmente elimina ou pelo menos diminui qualquer benefício do café.

Esse estudo é o mais recente de uma robusta linha de pesquisa que mostra as potenciais vantagens do café para a saúde, disse ele. Pesquisas anteriores associaram o consumo de café a um menor risco de doença de Parkinson, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, câncer de fígado e próstata e outros problemas de saúde.

Os cientistas não sabem exatamente o que torna o café tão benéfico, disse Goldberg, mas a resposta talvez esteja em suas propriedades antioxidantes, que podem prevenir ou retardar os danos celulares.

Os grãos de café contêm grande quantidade de antioxidantes, disse Beth Czerwony, nutricionista registrada no Centro de Nutrição Humana da Clínica Cleveland, que pode ajudar a decompor os radicais livres que causam danos às células.

Com o tempo, um acúmulo de radicais livres pode aumentar a inflamação no corpo, o que pode causar a formação de placas relacionadas a doenças cardíacas, disse ela, então os nutricionistas recomendam consumir alimentos e bebidas ricos em antioxidantes.

Há também a possibilidade de que os tomadores de café tendam a fazer escolhas mais saudáveis em geral. Eles podem optar por um café gelado ou um 'espresso' no lugar de uma fonte menos saudável de cafeína, como uma bebida energética ou um refrigerante, disse Goldberg.

"Se você está tomando Mountain Dew, Coca-Cola, Red Bull ou qualquer dessas bebidas, elas têm muito mais açúcar. Todas as coisas artificiais –ao contrário do café, que geralmente é um alimento não processado."

Apesar das evidências animadoras sobre o café, não há dados suficientes para sugerir que as pessoas que atualmente não bebem café devam parar no Starbucks durante suas tarefas matinais, disse Wee. E mesmo os ávidos bebedores de café não devem usar o estudo para justificar xícaras intermináveis.

O estudo mostrou que os benefícios do café diminuíram entre as pessoas que bebiam mais de 4,5 xícaras de café por dia. Estudos anteriores mostraram que consumir "quantidades extremas" –mais de 7 xícaras por dia– pode ser prejudicial, disse ela.

"A moderação é boa", disse Goldberg. "Mas uma coisa boa em excesso não é necessariamente boa.”

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By Alberto Dias Filho 
twitter: @albertodiasf

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