segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

óleo de coco no café - Existe algum sentido nessa estratégia ?

A resposta é: NÃO! Sinceramente nunca entendi os porquês de se adicionar o óleo de coco no nosso querido café, já que o sabor fica péssimo (segundo meu paladar). A bebida fica com densidade calórica aumentada e, na prática, não há justificativas fisiológicas de benefícios dessa mistura.

As promessas de se misturar o óleo de coco no café são dezenas, assim como as justificativas nada plausíveis.

Por exemplo, afirmam que o café com óleo de coco acelera o processo de emagrecimento pela presença dos triglicerídeos de cadeia média (TCM). E isso é um grande MITO! Como que adicionar calorias em uma bebida que possui zero calorias poderia acelerar esse processo complexo? A perda de peso é obrigatoriamente dependente de um déficit calórico, logo, aumentar seu consumo de calorias vai piorar seus resultados em médio/longo prazo.

Já ouvi dizer, também, que o TCM do óleo de coco é uma SUPER fonte de energia por ter uma absorção facilitada e por ser metabolizado rapidamente no fígado e músculos. E esse é outro MITO, já que a maior parte de TCM do óleo de coco é de ácidos graxos láurico/dodecanoico, o qual possui cerca de 12 átomos de carbono.

Então, mesmo sendo classificado na trave como TCM, por apresentar 12 átomos de carbono, sua absorção/transporte não é facilitada e acaba sendo semelhante aos ácidos graxos de cadeia longa. Ou seja, é classificado como TCM, mas com absorção/metabolização semelhante aos ácidos graxos de cadeia longa (TCL).

Tem também a afirmação de que se trata de uma gordura natural, saudável e com efeitos super protetores da saúde cardiovascular. Mas essas afirmações são totalmente incorretas e, inclusive, há estudos mostrando que outros óleos vegetais (azeite, canola, milho, soja) trazem respostas bem melhores relacionadas ao perfil lipídico. Além disso, mais de 80% das gorduras presentes no óleo de coco são saturadas (isso mesmo, não digitei errado), sendo que metade delas é o ácido láurico que citei acima e o restante advindo de outras saturadas como os ácidos graxos mirístico e palmítico, que sabidamente estão associados ao aumento das lipoproteínas de baixa densidade (LDL "colesterol ruim"). 

Ou seja, em uma população como a nossa que já consome tantas calorias diariamente, tem uma dieta ocidentalizada riquíssima em gorduras saturadas, qual o sentido em adicionar ainda mais calorias e gorduras no tão querido café?

E eu não estou dizendo aqui nesse texto que o óleo de coco deve ser eliminado da sua vida ou descartado, mas sim que NÃO faz nenhum sentido em adicioná-lo no seu café... A não ser, é claro, que você goste muito do sabor e que isso seja considerado dentro do seu contexto alimentar e orientado pelo seu nutricionista, contabilizando esse excedente de gorduras saturadas de forma que não te traga prejuízos. E outra coisa, você pode até ouvir por ai que a gordura saturada NÃO traz risco para a saúde cardiovascular e que isso é uma invenção da indústria farmacêutica...

Mas saiba que isso é uma grande mentira. Trabalhos de inúmeras instituições e pesquisadores diferentes já demonstram que níveis aumentados de LDL está associado a um maior risco de mortalidade cardiovascular e, ainda, vários trabalhos observacionais demonstram que pessoas com o LDL dentro das faixas consideradas normais apresentam menores riscos desses mesmos eventos.

Portanto, caso você queira mais benefícios em todos os aspectos que citei acima, aposte no uso do café puro sem açúcar mesmo! E se quer performance no treino, converse com seu nutricionista para ajustar o seu consumo de carboidratos no pré-treino e a dose ideal de café/cafeína.

Autor: Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

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