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terça-feira, 18 de abril de 2023

O que comemos pode alterar o nosso DNA?

Seja de forma direta ou indireta, os nutrientes da alimentação podem afetar a expressão dos nossos genes — e isso reflete no aparecimento de doenças.

Nas últimas décadas, com o maior entendimento da genética humana, surgiu uma nova ciência que busca investigar o papel da alimentação no DNA, ou seja, na expressão gênica: a nutrigenômica.

No artigo de hoje, com ajuda da nutricionista Priscila Sala, doutora pela USP e professora do Centro Universitário São Camilo, iremos desvendar essa ciência, e entender qual é a influência dos nutrientes na expressão dos nossos genes. Vamos lá?

Nutrigenômica: o que é?

A nutrigenômica é a ciência que estuda o papel dos nutrientes e compostos bioativos de diferentes alimentos na expressão dos nossos genes, e como eles regulam o nosso organismo.

Essa é uma área interdisciplinar da nutrição e da genética, que estuda a interação entre a dieta e os genes, e como essa interação pode afetar a saúde, influenciando o risco de doenças crônicas (como câncer, doenças cardiovasculares e diabetes).

A nutrigenômica também busca desenvolver dietas personalizadas baseadas nas características genéticas individuais de cada pessoa, para melhorar a saúde e prevenir ou tratar doenças.

Mas afinal…

Qual a influência dos nutrientes na expressão dos genes?

A dieta e a disponibilidade de nutrientes podem influenciar a expressão de genes de diversas maneiras.

Alguns nutrientes podem afetar a atividade de fatores de transcrição de determinados genes, a partir de uma atuação direta. As vitaminas A e D, por exemplo, se enquadram neste grupo.

A carência de nutrientes também pode ter um impacto na expressão gênica. A falta de vitaminas e minerais específicos pode afetar a atividade de enzimas e proteínas envolvidas na regulação da transcrição, levando a alterações na expressão de determinados genes.

Por outro lado, certos nutrientes podem atuar de forma indireta como moléculas sinalizadoras, ativando ou inibindo vias de sinalização celular que afetam a expressão gênica.

O açúcar e os ácidos graxos, por exemplo, podem ativar vias de sinalização intracelulares que regulam a expressão de genes envolvidos na resposta ao estresse celular e na homeostase do metabolismo. Outros nutrientes que atuam de forma indireta incluem: o resveratrol (vinho tinto), as catequinas (chá verde) e a genisteína (soja).

Em resumo, a dieta e a disponibilidade de nutrientes podem ser fatores importantes na regulação da expressão gênica e desempenhar um papel fundamental na manutenção da saúde celular e do organismo como um todo. É por isso que a nutrigenômica vem sendo estudada cada vez mais.

Por que estudar genômica nutricional?

Como vimos neste artigo, o estudo da genômica nutricional ajuda a entender como o alimento pode modificar a expressão dos nossos genes, alterando nosso fenótipo e influenciando o risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).

Sabemos que a nutrição é o principal fator de risco modificável no desenvolvimento de DCNTs. Sendo assim, investir na prevenção de doenças é fundamental para garantir uma vida saudável e promover o bem-estar.

A nutrigenômica vem ganhando cada vez mais destaque entre profissionais que atuam em consultório, já que possibilita com o objetivo de permitir uma prescrição de dieta personalizada, baseada nas características genéticas individuais para melhorar a saúde.

Referências: Koromina M, Konstantinidou V, Georgaka M, Innocenti F, Patrinos GP. Nutrigenetics and nutrigenomics: ready for clinical use or still a way to go?. Per Med. 2020;17(3):171-173.

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