Para explicarmos o que é a Doença Celíaca (DC), antes precisamos entender o que é o glúten?
Glúten é uma proteína de serve que está presente no trigo. Mas frequentemente esse termo é utilizado para denominar proteínas semelhantes que estão presentes na cevada (Hordeína), no centeio (secalina). Ele é formado por duas proteínas: a glutenina e gliadina. Sendo que a glutenina confere viscosidade e elasticidade, enquanto que a gliadina é responsável pela extensibilidade da massa do pão.
O que é a Doença celíaca?
Consiste em uma doença do
intestino delgado (enteropatia) que acomete crianças e adultos geneticamente
predispostos, fazendo com que esses não tolerem nada que contenha glúten.
É uma doença sistêmica,
autoimune desencadeada pela ingestão do glúten. Caracteriza-se pela inflamação
crônica na mucosa intestinal, podendo levar a uma atrofia das vilosidades
intestinais e gerando uma má absorção intestinal de vários nutrientes, além de
manifestações clínicas.
Resumindo, na DC ocorre a
presença de:
- Combinação de manifestações clínicas glúten-dependentes (sintomas e sinais)
- Presença de anticorpos específicos para a DC: anticorpo antitransglutaminase tecidual (TG2), anticorpo endomisial (EMA) e anticorpo contra as formas deamidadas de peptídeos gliadina
- Marcadores genéticos: HLA -DQ2 e HLA -DQ8
- Presença da enteropatia
- A prevalência global dessa condição é de 1,4% com base em achados sorológicos e 0,7% com base em achados de biópsia (soroprevalência de 1,4% e prevalência de 0,7% )
- A prevalência global de DC varia com sexo, idade, e localização geográfica.
- A prevalência global de DC tem aumentado ao longo do tempo, passando de 0,6% entre 1991 a 2000 para 0,8% entre 2001 e 2016.
- Ausência de aleitamento materno
- Infecções gastrintestinais na infância
- Modificações genéticas do trigo (controverso)
- Processos industriais empregados para melhorar a qualidade dos alimentos, como a utilização de enzimas transglutaminase microbiana (mTG);
- Padrões dietéticos ocidentais, que promovem o consumo de elevadas quantidades de glúten.
- Diabetes mellitus tipo 1 – 3 a 12%;
- Síndrome de Down – 5 a 12%;
- Doença autoimune da tireoide – > 7%;
- Síndrome de Turner – 2 a 5%;
- Síndrome de Williams – > 9 %;
- Deficiência de imunoglobulina A (IgA) – 2 a 8%;
- Doença autoimune do fígado – 12 a 13%.
- Diarreia crônica;
- Constipação crônica;
- Dor abdominal;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Distensão abdominal.
- Déficits de ganho de peso e altura;
- Atraso na puberdade;
- Anemia crônica;
- Osteopenia ou osteoporose;
- Defeitos no esmalte dentário;
- Irritabilidade;
- Fadiga crônica;
- Neuropatia;
- Atrite/artralgia;
- Amenorreia;
- Aumento nos níveis das enzimas hepáticas;
- Abortamento de repetição
- Clássica – quando os sintomas são caracterizados pela presença de mal absorção intestinal, com ocorrência de diarreia, esteatorreias, vômitos, distensão abdominal, flatulência, perda de peso e déficit de crescimento;
- Não clássica – os sintomas são intestinais, porém não envolvem mal absorção, como no caso de pacientes que apresentam constipação e dor abdominal;
- Subclínica – os sintomas são extraintestinais, como quando há presença de anemia ferropriva, de anormalidades nas funções do fígado, osteoporose etc;
- Assintomática – nos casos em que há ausência de sintomas.
- Anti-transglutaminase tecidual (TG2) IgA: o que solicitamos para triar
- Anticorpo endomisial (EMA) IgA,
- Anticorpo contra as formas deamidadas de peptídeos gliadina IgA
- A contaminação (cruzada) dos alimentos com o glúten, que ocorre quando os alimentos sem glúten entram em contato com os que contêm
- glúten no armazenamento ou na manipulação;
- Elevado custo dos produtos sem glúten;
- Restritas opções de produtos sem glúten.
- Cereais: arroz, milho.
- Farinhas: mandioca, arroz, milho, fubá, féculas.
- Gorduras: óleos vegetais e animais, manteiga.
- Frutas: todas, ao natural e sucos.
- Laticínios: leite, manteiga, queijos e derivados.
- Hortaliças, raízes e leguminosas.
- Carnes e ovos: aves, suínos, bovinos, caprinos, miúdos, peixes, frutos do mar.
- Sementes e oleaginosas
- FENACELBRA - https://www.fenacelbra.com.br/doenca-celiaca
- Leonard MM, Sapone A, Catassi C, Fasano A. Celiac Disease and Nonceliac Gluten Sensitivity: A Review. JAMA. 2017 Aug 15;318(7):647-656. doi: 10.1001/jama.2017.9730. PMID: 28810029.
- Nascimento AB, Fiates GMR. Doença celíaca e sensibilidade ao glúten não celíaca: da etiologia à abordagem nutricional. In: Associação Brasileira de Nutrição; Vaz EM, Fidelix MSP, Nascimento VMB, organizadores. PRONUTRI Programa de Atualização em Nutrição Clínica: Ciclo 3. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p. 45-78. (Sistema de Educação Continuada a Distância; v. 3).
- Naik RD, Seidner DL, Adams DW. Nutritional Consideration in Celiac Disease and Nonceliac Gluten Sensitivity. Gastroenterol Clin North Am. 2018 Mar;47(1):139-154. doi: 10.1016/j.gtc.2017.09.006. Epub 2017 Dec 7. PMID: 29413009.
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