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sábado, 19 de março de 2011

Saúde, meio-ambiente e sua responsabilidade por Dr. Carlos Braghini Jr.


Não é só o quê você come que faz diferença para a saúde. É o que você não come. Hoje em dia, uma pessoa média ingere num ano 5 kg de aditivos alimentares e 4,5 litros de pesticidas e herbicidas espalhados nas frutas e verduras que ingere. Seis mil novos agentes químicos foram introduzidos em nossa alimentação, nossa casa e no mundo ao nosso redor nos últimos vinte anos. Hoje são sete novos produtos químicos a cada dia.

Esses poluentes somam-se a cargas que nosso corpo já enfrenta com as substâncias nocivas que escolhemos voluntariamente:

  • Café: além da cafeína, diminui em mais de 2/3 a absorção de ferro pelo organismo. Além de ser uma das culturas mais pulverizadas com agrotóxicos, a torrefação do café produz mantrol, que induz ao câncer (carcinógeno).
  • Alimentos queimados: acostume-se a retirar do alimento as partes queimadas em pães, bolos e torradas tostadas, que também aumentam a carga de carcinógenos.
  • Frituras: as gorduras aquecidas acima de 200 °C são carcinogênicas. Além disso, destroem as vitaminas e enzimas dos alimentos.
  • Álcool: destrói as vitaminas do complexo B.
  • Açúcar refinado: Antes um condimento dosado na ponta dos dedos, passou a ser um produto do qual qualquer pessoa consome até 200 gramas por dia. Seu uso indiscriminado trouxe uma série de doenças e um total condicionamento do gosto em direção ao doce. O açúcar é uma espécie de vingança dos escravos. Causa a perda de cromo, além das cáries e outros males.
  • Adoçantes artificiais: o aspartame (e seu subproduto DKP – dicetopiperazina) é uma droga neurotóxica que está presente em cerca de 7.000 produtos alimentícios e está ligado a mais de 90 sintomas. Mas, o mais grave é a relação estreita entre o uso de aspartame e doenças graves, como os tumores cerebrais.
  • Refrigerantes: uma lata de coca-cola contém o equivalente a seis colheres de sopa de açúcar (quase 8 vezes a quantidade de glicose que uma criança tem em seu sangue). Isso provoca um estresse do pâncreas e o consequente desequilíbrio no metabolismo dos açúcares. Além disso, o alto teor de fósforo retira o cálcio dos ossos induzindo à osteoporose.
  • Farinha refinada: tem teores desproporcionalmente altos de cádmio, que rouba zinco do corpo. O cádmio também está associado com o declínio da inteligência em crianças e com distúrbios de comportamento. A farinha começou a ser refinada para prolongar o tempo de armazenagem, e nesse processo industrial as partes vitais são retiradas, transformando-a num mero comestível.
  • Alumínio: é um cátion trivalente com o mais alto poder agregante de hemácias dentre os elementos que entra em contato com nosso corpo. Seu uso é disseminado nas embalagens de alimentos, nas panelas, nos desodorantes e antiácidos. É outro antagonista do zinco. Além disso, está associado com a senilidade prematura (Alzheimer) e à perda da memória.
Então, o que podemos fazer para diminuirmos a carga de toxinas? O primeiro passo é diminuir a carga de poluentes que absorvemos. Mesmo que não possamos evitar toda a poluição, o efeito global sobre o corpo é definitivamente positivo. Aqui vão algumas orientações:
  • Evite comprar desembrulhadas as frutas e verduras que não são descascáveis e que foram expostas ao trânsito urbano.
  • Lave todas as frutas e verduras, mas não use as folhas externas de hortaliças como alface e outros.
  • Minimize as quantidades de alimentos que sejam embalados em alumínio; não grelhe, nem os embrulhe em folhas de papel-alumínio (troque por papel manteiga). Não tome antiácidos que contenham alumínio.
  • Jogue fora suas panelas de alumínio e revestidas com Teflon por panelas de aço inoxidável de boa qualidade, cerâmica ou vidro.
  • Evite alimentos que contenham nitritos e nitratos como conservantes – principalmente os embutidos (presunto, mortadela etc.).
  • Dê preferência para produtos orgânicos, e descasque os não orgânicos. Isso minimiza instantaneamente a sua exposição aos pesticidas e herbicidas. Quando estiver lavando produtos não orgânicos acrescente vinagre na bacia para lavar os alimentos. Lavar com água corrente e uma escova reduz os pesticidas.
  • Evite alimentos industrializados. Crie o hábito de ler os rótulos dos alimentos e mantenha-se afastado de conservantes e aditivos químicos. Lembre-se, os conservantes aumentam a vida dos alimentos e encurtam a sua vida.
  • Use azeite de oliva ou manteiga para cozinhar. Evite os óleos vegetais poli-insaturados, como girassol, milho, soja e canola. Dê preferência ao óleo de coco ou babaçu.
  • Cuidado com os alimentos embalados em plástico, principalmente os gordurosos. Salgadinhos gordurosos e crocantes, queijos, sucos de caixinha e alimentos enlatados estão dentre os que devem ser evitados. Nunca use copos de plástico para tomar chás ou café. Nunca aqueça o alimento em recipientes de plástico. Se for inevitável, transfira assim que possível o alimento para um recipiente de vidro.
  • Não cozinhe no microondas. Se for usá-lo, somente para aquecer os alimentos e diminua a potência e aumente o tempo de aquecimento. Nunca fique perto do aparelho quando ele estiver em funcionamento.
  • Reduza a ingestão de alimentos gordurosos. Os agentes químicos não biodegradáveis se acumulam na cadeia alimentar na gordura animal. Diminuir a ingestão de gordura animal — carne e laticínios — diminui sua exposição. Não há necessidade de limitar as gorduras essenciais nas amêndoas e sementes.
  • Para lavar a louça, as roupas e produtos de higiene pessoal, use somente detergentes naturais. Use sabão de coco em pasta ou em barra na cozinha e sabão de coco em pó para lavar roupas (uma sugestão é os da marca Ruth). Não use amaciantes e outros produtos artificialmente perfumados.
  • Na limpeza de casa use somente água sanitária e álcool diluído em água para limpar o piso. Evite produtos químicos e “cheirosos”, pois contém neurotoxinas que se acumulam no tecido nervoso.
  • Abandone os desodorantes artificiais que contém alumínio. Use nas axilas Leite de Magnésia da Phillips.
  • Abandone as pastas de dente que contém fluoretos (quase todas). Uma sugestão: creme dental Phillips.
  • Não use pesticidas em casa. A incidência de câncer na infância é maior em lares que utilizam pesticidas. Eles deixam uma ação residual que atua por semanas após a aplicação
Você pode estar se perguntando por que simplesmente não acabamos com essas substâncias químicas desintegradoras? O professor Loius Guillette, da Universidade da Flórida, pergunta: “Devíamos ficar aborrecidos? Acho que devíamos ficar profundamente aborrecidos. Penso que devíamos estar gritando nas ruas". A realidade, até que uma ação governamental em grande escala seja tomada, é que ainda não é fácil eliminar esses agentes porque eles se encontram ao nosso redor, na nossa alimentação, na água, no ar e nos produtos industrializados.

O quadro é tão estarrecedor que um estudo feito nos Estados Unidos analisando o cordão umbilical de recém-nascidos mostra que eles já nascem contaminados. Foram encontradas 287 substâncias químicas, em média, no sangue de cada bebê: mercúrio (neurotóxico), dibenzodioxinas e dibenzofuranos polibromados (retardantes da propagação do fogo presente nos carpetes), DDT e clordano (pesticidas), a substância PFOA (presente no Teflon), e outros compostos químicos usados para fazer mamadeiras, embalagem de comida e outros produtos que a indústria química jura que são seguros, e agora, estão aparecendo em nosso sangue.

Veja o relatório deste trabalho em: http://www.ewg.org/reports/bodyburden2/
Lembre-se: até que a indústria pare de usar todos os agentes suspeitos ou revele quais os seus produtos que contêm esses agentes químicos, não se tem como saber se os hormônios químicos desintegradores estão presentes ou não. Por isso, faça a sua parte!

Fonte: http://www.ecologiacelular.com.br/content/saude_meio_ambiente_e_sua_responsabilidade

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Metais pesados afetando a fertilidade

Cobre, chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico, níquel, ouro e outros metais pesados são as principais substâncias químicas prejudiciais à fertilidade. Pessoas que trabalham com pesticidas, radiação, gás anestésico, alguns solventes e benzeno também correm o risco de se tornarem inférteis.

Os metais pesados, de difícil eliminação pelo organismo, modificam os neurotransmissores do sistema nervoso central e alteram a liberação hipotalâmica do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas). Estas substâncias, como o mercúrio, podem ser armazenadas na glândula pituitária e afetar a produção de gonadotrofinas, hormônios que estimulam as gônadas como os ovários e testículos. Isto significa que causam modificações nas células cerebrais alterando a liberação dos hormônios responsáveis pela ovulação e produção de espermatozóides.

Na glândula adrenal, os metais pesados estão depositados no córtex rico em lipídios e causam bloqueio de várias enzimas, necessárias ao funcionamento normal do organismo, causando hiperandrogenismo (aumento dos hormônios masculinos) e síndrome do ovário policístico, especialmente o mercúrio. Hipo e hipertireoidismo (comprometimento da tireóide) também, em alguns casos, são resultados da exposição ao chumbo e cádmio. O eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano pode ser afetado por metais pesados direta ou indiretamente, o que modifica a secreção de prolactina, hormônios adrenocorticais ou tireoidianos.

No ovário, o acúmulo de metais pesados altera a produção de estradiol e progesterona. Isto pode interferir no desenvolvimento normal oocitário (óvulo) e causar alterações cromossômicas embrionárias.

A gravidez que ocorre na presença de altas concentrações de metais pesados cursam com alto risco de perdas, malformações fetais, insuficiência placentária e nascimento prematuro. A exposição ao chumbo, por exemplo, aumenta os riscos de aborto, parto prematuro (nascimento antes das 37 semanas), baixo peso ao nascer, atrasos do desenvolvimento, do comportamento e da aprendizagem na criança, devido a danos no sistema nervoso. Além disso, o chumbo é teratogênico, causa malformações congênitas no feto. Tal substância pode estar presente na água potável, pela corrosão de encanamentos, em pilhas, cerâmicas, jóias e tintas.

Mercúrio, ácido arsênico e cádmio também aumentam os riscos de aborto e natimorto (nascidos mortos). Alguns estudos mostram que o cádmio induz a formação de miomas uterinos, causa aborto e danos à placenta e reduz o peso do bebê ao nascer, além de ser teratogênico, especialmente ao sistema nervoso central.

Assim como nas mulheres, os metais pesados causam infertilidade masculina por diminuição do número de espermatozóides. No homem, a presença do chumbo pode ter, ainda, uma correlação com estrabismo na prole.

A medicina ainda não revelou um tratamento direcionado para infertilidade em pacientes que foram expostos a metais pesados, o que é comumente utilizado é o método de reprodução assistida de alta complexidade, já que pode causar alterações seminais graves, ou alterações hormonais na mulher que impedem o correto funcionamento hormonal e, consequentemente, a ovulação.

Para evitar que a fertilidade seja afetada, o ideal é que pessoas que pretendem engravidar se afastem ou tentem diminuir o contato com estas substâncias, uma vez que elas poderiam ser eliminadas lentamente pelo organismo. Nesses casos, é necessário usar equipamentos de proteção e se possível solicitar um remanejamento na atividade profissional.

Algumas pesquisas relatam que antioxidantes, como a vitamina C, E, A e zinco protegem o organismo contra os efeitos maléficos destes metais. Também como prevenção, é indicado adotar uma alimentação orgânica (cultivada sem agrotóxicos). É importante lavar exaustivamente e descascar os alimentos antes de comê-los para remover os produtos químicos agrícolas que porventura estejam presentes.

Os despejos dos resíduos industriais são as principais fontes de contaminação por metais pesados da águas dos rios. Os incineradores de lixo urbano e industrial provocam a dispersão desses metais tóxicos no ar. Chumbo é usado em áreas industriais, em tintas, impressões, galvanização e na indústria de combustível. Inseticidas contêm arsênico, utilizado no processamento de metais nas indústrias. Cádmio pode ser ingerido através de comida, como o peixe e arroz de áreas de contaminação no solo, pois é obtido nos fertilizantes de fosfato.

Existem três tipos de mercúrio: o orgânico que é derivado do peixe, frutos do mar, fungicidas, herbicidas e preservativos; inorgânicos presentes nas preparações anticépticas e dermatológicas, e o elementar, usado na produção de baterias, termômetros e tubos fluorescentes (PVC). O amálgama dentário contém 50% de mercúrio elementar, tanto que foi considerado o maior contribuinte de fardo de mercúrio no corpo humano.

O mais importante é que as pessoas mudem seus hábitos de vida ao tentar uma gravidez e procurem um especialista.

Autora: Dra. Fernanda Coimbra Miyasato é ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.

Fonte: http://fertivitro.wordpress.com/2011/02/21/metais-pesados-afetam-a-fertilidade/