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domingo, 31 de julho de 2022

Probióticos para doenças psiquiátricas. Há espaço para a prescrição ?


Uma dúvida muito comum é sobre o real papel dos probióticos para os transtornos psiquiátricos, os chamados Psicobióticos.

Na última década, alguns trabalhos tem mostrado que pode existir uma diferença na microbiota de indivíduos saudáveis e dos pacientes portadores de depressão, transtornos de ansiedade de generalizada. Daí surgem extrapolações que a suplementação com probióticos, ou psicobióticos como alguns preferem denominar, pode ser benéfica na Psiquiatria nutricional.

Apesar de alguns estudos pequenos evidenciando melhora de sintomas ansiosos em pacientes que utilizaram algumas cepas específicas (Lactobacillus helveticus R0052 e Bifidobacterium longum R0175), ainda não temos evidências robustas para a prescriçãoMuitas pesquisas sobre os psicobióticos são baseadas em modelos de roedores, que usam induções de estresse e testes comportamentais para avaliar motivação, ansiedade e depressão.

Os estudos até o momento tentaram intervenções diferentes (baixa comparabilidade) e as meta-análises agrupam as diferentes cepas como se tivesse um mecanismo de ação único (o que não tem, já que cada cepa tem as suas particularidades). 

Até o presente momento há 10 meta-análises sobre o tema e apenas 4 mostraram resultados promissores com a intervenção nos pacientes com sintomas depressivos.

Em contrapartida alguns trabalhos sugerem que muitos transtornos mentais graves e a própria Síndrome do Intestino irritável sejam caracterizados por um excesso de abundância de lactobacillus

Na minha opinião, as pesquisas estão engatinhando e o eixo cérebro-intestino é uma área promissora no mundo da Psiquiatria nutricional, porém, mais ensaios clínicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo são necessárias para determinar a eficácia no alívio dos sintomas psiquiátricos, bem como a duração ideal do tratamento, dosagem e cepa probiótica para alcançar efeitos positivos nas doenças psiquiátricas.

Sendo assim, até o presente momento, o uso de probióticos não encontra respaldo na literatura, como parte do tratamento de depressão/ansiedade/esquizofrenia e a melhor forma de se "modular' a micorbiota intestinal na população com doenças psiquiátricas é através do estímulo  de:
1) Adoção de uma alimentação rica em fibras prebióticas e com o mínimo de alimentos ultraprocessados ou que tenham impacto negativo na microbiota, isso inclui evitar corantes, edulcorantes, acidulantes. Redução da ingestão de gorduras saturadas, já que alguns trabalhos mostram impacto negativo da variabilidade das cepas. Nos pacientes com intolerância a FODMAPS, iniciar uma dieta low fodmap.
2) Pática regular de atividade física
3) Sono de qualidade e com pelo menos 7 horas de duração. 
4) Menor exposição a disruptores endócrinos, agrotóxicos e substâncias com potencial ação deletéria sobre a nossa microbiota. 
5) Manejo do estresse, já que existe uma relação entre maiores níveis de estresse e alteração na microbiota intestinal. 
6) Manutenção de bons níveis de Vitaminas e minerais, proteínas, carboidratos e lipídios.


Bibliografia: 







quinta-feira, 10 de março de 2022

Devemos indicar probióticos para todo mundo ?


Com uma rápida pesquisa nas ferramentas de busca, é provável que você encontre milhares de marcas de diferentes tipos de suplementos probióticos, todos com descrições prometendo infinitos benefícios à saúde (de forma generalizada). E isso ocorrerá tanto nas prateleiras dos supermercados como em lojas de suplementos/farmácias. Um grande apelo comercial, já que essa área vem crescendo anualmente. 

Mas será que todo mundo precisa utilizar probióticos?

A resposta é: NÃO! O campo que estuda a microbiota intestinal e a suplementação de cepas específicas para determinadas condições de saúde ainda está MUITO longe de ter todas as hipóteses elucidadas, logo, suplementar para todos pode até trazer consequências negativas.

As promessas que são divulgadas sobre a suplementação com probióticos para curar doenças e condições clínicas como o câncer, diabetes, dislipidemias, a obesidade, dentre outras, são totalmente equivocadas! Ainda não há evidências suficientes de que essas estratégias sejam efetivas isoladamente, muito menos que são seguras para todo mundo!

Há, por exemplo, estudos que desaconselham a utilização de probióticos em indivíduos que possuam a integridade das mucosas intestinais prejudicadas, o que pode acontecer em casos de desnutrição, cânceres, pacientes hospitalizados por longos períodos, dentre outros. Essa suplementação poderia até mesmo agravar o estado do paciente.

Em casos de supercrescimento bacteriano, uma condição que é cada vez mais comum na nossa prática clínica, o uso desses suplementos podem também agravar o quadro. Toda semana recebemos pacientes encaminhados de outros profissionais, em uso de probióticos e com piora significativa dos gases. 

Portanto, antes de utilizar qualquer tipo de probiótico por conta própria, busque sempre orientação profissional de um Nutrólogo e de um Nutricionista, sabendo se, para o seu caso, realmente haverá benefícios ou há indicação.

Se você é saudável, sem sintomas, pode ser que não faça mal. Porém, se você é portador de algum sintoma no trato gastrintestinal, primeiramente você necessita de um DIAGNÓSTICO médico e só então iniciar o tratamento, que muitas vezes não é apenas com probióticos. 

Autor: Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisor: Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Curcumina pode auxiliar na redução da Doença Renal Crônica

Diversas são as estratégias utilizadas para auxiliar na prevenção do desenvolvimento da Doença Renal Crônica, em especial seu quadro característico de inflamação prolongada. 

Um estudo recente sugere ainda uma nova intervenção: a suplementação de curcumina, componente ativo do açafrão. Vamos entender melhor essa relação?

A Doença Renal Crônica (DRC) é uma condição patológica decorrente da perda progressiva da função renal, com alto risco de mortalidade cardiovascular.

Entre os fatores patogênicos para a progressão da DRC e a ocorrência de suas principais complicações, a inflamação e o estresse oxidativo têm desempenhado um papel importante, sendo considerados grandes fatores de riscos para aumento da morbidade e da mortalidade.

Há indícios que a microbiota intestinal muda consistentemente ao longo da DRC, induzindo uma carga metabólica que pode aumentar ainda mais o risco cardiovascular dos pacientes. Além disso, os metabólitos derivados da microbiota, tais como p-cresil sulfato (PCS) e indoxil sulfato (IS), podem contribuir para diminuir a função renal e piorar ainda mais a doença.

Sendo assim, uma das possibilidades de modular o quadro inflamatório sistêmico da DRC é a atuação na composição da microbiota intestinal. Mas como?

Intervenções direcionados à modulação das espécies que habitam o trato gastrointestinal têm sido sugeridas, especificamente através da suplementação de probióticos/prebióticos ou nutracêuticos. Dentre estes, a curcumina demonstrou propriedades anti-inflamatórias significativas.

A partir daí, o estudo piloto italiano analisado neste artigo buscou observar os potenciais benefícios da suplementação oral de curcumina-fosfolipídio em indivíduos com Doença Renal Crônica Leve.

Pessoas com DRC usaram curcumina por 6 meses

De fevereiro de 2018 a fevereiro de 2019, foram recrutados 24 pacientes com Doença Renal Crônica em estágio leve, maiores de 18 anos e que não estavam em tratamento hemolítico.

Para o grupo controle, foram selecionados 20 voluntários saudáveis, a partir dos mesmos critérios do grupo anterior, exceto pela presença da DRC ou qualquer outra doença relacionada ao rim.

Os pacientes com a doença seguiram orientações nutricionais e foram suplementados com 500mg curcumina contendo 100 mg de curcuminóides, duas vezes ao dia, por período de 3 ou 6 meses. O estudo buscou analisar as principais alterações conforme a passagem do tempo, que se dividiu em T0 (momento inicial), T1 (após três meses) e T2 (após seis meses).

Após estes períodos, foram coletados parâmetros clínicos, medidas de composição corporal, hábitos alimentares e amostras de fezes e sangue.

Os parâmetros investigados foram: estado nutricional e ingestão alimentar, inflamação e estresse oxidativo, toxinas urêmicas e microbiota intestinal.

Efeitos da suplementação sobre a inflação e outros parâmetros de saúde

Ingestão alimentar e estado nutricional: No início do estudo, foi fornecido aconselhamento nutricional aos pacientes com DRC, com objetivo de relembrar a importância da diminuição da ingestão de proteínas, sódio, fósforo e potássio. Os resultados mostraram a diminuição na ingestão de calorias, carboidratos, proteínas e fibras, além de fósforo e potássio. A análise de bioimpedância mostrou também uma diminuição significativa na massa gorda e uma tendência crescente na massa livre de gordura no primeiro trimestre.

Inflamação: A suplementação de curcumina resultou em um efeito anti-inflamatório e redutor das citocinas plasmáticas, em particular da proteína quimiotática de monócitos (MCP-1), que costuma ser super expressa em pacientes com DRC, aumentando a inflamação através do recrutamento de macrófagos.  Após seis meses de suplementação, o fitossomo de curcumina também induziu uma redução nos níveis plasmáticos de IL-4 (interleucina moduladora de respostas imunes) e IFN-y (citocina que contribui para a progressão da disfunção renal). O efeito anti-citocinas pró inflamatórias da curcumina já havia sido demonstrado anteriormente em diferentes condições patológicas, tais como hepatite B e osteoartrite. 

Estresse oxidativo: Em relação à análise da peroxidação lipídica, houve uma diminuição de 18% de TBARS (subproduto da peroxidação) após 3 meses do início do estudo, e uma diminuição de 25% ao final dos 6 meses de suplementação com o fitossomo de curcumina.

Toxinas urêmicas: As duas principais toxinas urêmicas que contribuem para a progressão da doença renal e aumento dos riscos cardiovasculares são o indoxil sulfato (IS) e o p-cresil sulfato (PCS). Embora não tenha sido observado uma diminuição significativa, houve uma tendência de redução para os níveis de PCS total e livre. Em relação à IS, notou-se estabilidade. É válido salientar que, normalmente, há um aumento nos níveis de toxinas urêmicas à medida que os danos renais pioram, mas isso não foi observado após a suplementação. Dessa forma, a observação de estabilidade pode ser considerada um resultado positivo.

Microbiota intestinal: Após 6 meses de suplementação de curcumina, a diversidade alfa foi mais elevada em grupos com Doença Renal Crônica em suplementação, quando comparados ao grupo controle. Vale relembrar que os pacientes com a doença seguiram orientações nutricionais específicas, enquanto o grupo controle estava em uma dieta livre.

Em resumo, houve presença significativamente maior de:
Família Lachnospiraceae 
Família Lactobacillaceae 
Família Prevotellaceae

Enquanto isso, houve uma presença significativamente menor de:
Família Enterobacteriaceae (e gênero Shigella)
Família Bacteroidaceae 
Filo Verrucomicrobia
Gênero Lachnoclostridium
 
Conclusão 

A partir dos resultados apresentados, ficam sugeridos os benefícios promissores do uso de curcumina para a Doença Renal Crônica, principalmente na redução da inflamação.  Além disso, nenhum efeito adverso foi observado no grupo de pacientes suplementados, o que corrobora com o bom perfil de segurança deste fitossomo, mesmo após administração prolongada.

As limitações do estudo apresentado dizem respeito ao pequeno tamanho da amostra e alta taxa de abandono. Desse modo, outros estudos são necessários para evidenciar o potencial benefício da curcumina na DCR, especialmente ensaios controlados por placebo.

Para conferir o estudo na íntegra: https://www.mdpi.com/2072-6643/14/1/231

Referência: PIVARI, Francesca et al. Curcumin Supplementation (Meriva®) Modulates Inflammation, Lipid Peroxidation and Gut Microbiota Composition in Chronic Kidney Disease. Nutrients, v. 14, n. 1, p. 231, 2022.

Autor: Natália C Lopes

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Gases intestinais

Talvez uma das queixas mais frequentes no meu consultório seja essa: Gases e distensão abdominal. Há anos venho me aprofundando no estudo desse sintoma, elaborando protocolos de investigação e tratamento em conjunto com outros Nutrólogos e a participação de amigos nutricionistas.

É uma queixa muito comum e muitas vezes negligenciada por alguns profissionais: médicos e nutricionistas. E muitas vezes por pura ignorância acreditam que dar probióticos pode melhorar o quadro, quando na verdade pode é piorar.

Nos últimos 3 anos é raro um dia que não atendo alguém com essa queixa. Brinco que virou o meu feijão com arroz no consultório.

Abaixo posto um vídeo de um amigo (Dr. Joffre Rezende Neto) que esclarece de forma clara e didática as principais causas de gases e distensão abdominal.

O nutrólogo geralmente é capacitado para investigar o sintoma e instituir um tratamento adequado de acordo com a etiologia. Só depois que o paciente apresenta um diagnóstico (que somente o profissional médico pode dar) encaminhamos para o Nutricionista.


domingo, 20 de março de 2016

Alimentação na gravidez e na amamentação - O que pode causar cólicas ou alterar o aleitamento


Recentemente minha irmã teve filho e eu sou o padrinho. Fui o primeiro a saber e como irmão (médico) e futuro padrinho, fiz o acompanhamento durante toda a gestação. Realizei a suplementação, estimulei o parto normal e expliquei que a amamentação não era uma tarefa fácil. Dito e feito: o parto normal foi tranquilo, mas a amamentação foi complicada. Nos primeiros dias a Fonoaudióloga (especialista na área) do banco de leite teve que auxiliá-la. Sem muito sucesso, ela recorreu aos cuidados de uma pediatra especialista em amamentação (Dr. Sônia de Brasília, fundadora do banco de leite do Hospital de Taguatinga). Após a saga, meu afilhado aprendeu a mamar e está ganhando peso.

Vale ressaltar que o alimento mais completo para o neném até os 6 meses é o leite materno. Mas a mamãe deve fazer por onde, objetivando que seu leite tenha uma boa composição, rica em todos os nutrientes que o bebê precisa. Ingerir muito líquido (no mínimo 40ml/kg/dia de água), ter uma alimentação equilibrada, sem privação de nenhum macronutriente (gordura, carboidrato e proteínas), além do consumo de alimentos ricos em vitaminas e minerais. Eu particularmente prefiro fazer a dosagem dos nutrientes e acompanhar minuciosamente tudo, com mudanças dietéticas e suplementação específica, quando necessária. Assim o fiz e assim tem funcionado. João Guilherme em menos de 1 mês já cresceu 5cm e ganhou 1kg.

O motivo do post é: Dr. O que eu devo evitar na amamentação? O que eu comer causa cólica no neném? 

Antes de tudo é preciso deixar bem claro, que AINDA não existe nenhuma referência na literatura médica que comprove, que alguns alimentos ingeridos pela mãe possam causar cólica no neném. Mesmo assim, algumas mães costumam observar que certos tipos de comida provocam cólicas na criança.

Minha orientação é: para evitar alteração na densidade nutricional da sua dieta e com isso evitar que você venha a ter algum déficit nutricional, sugiro que por 1 semana suspenda os principais alimentos relatados. Posteriormente inicie um a um a cada 3 dias e observe como o neném reage.

Alimentos que frequentemente as mães alegam causar cólica ou aumentar a irritabilidade no neném:

LEGUMINOSAS: feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico.  Feijões, vagem e soja.
Razões: Há 3 possíveis razões para causarem cólica nos nenéns.
1º - Os alimentos ricos em enxofre provocam gases na mãe e por empirismo algumas mães percebem que eles causam gases no neném.
2º - As leguminosas assim como os cereais são alimentos que contêm alguns tipos de carboidratos que não são absorvidos em nossa digestão (carboidratos fermentáveis), e por isso tendem a fermentar no intestino da mãe e supostamente passar para o leite, causando cólica no neném.
3º - Se a microbiota intestinal da mãe não estiver tão boa (com disbiose ou com supercrescimento bacteriano no intestino delgado), essa fermentação será maior. O leite é rico em probióticos que conseguem produzir toxinas que anulam os efeitos deletérios de bactérias patogênicas, que podem causar gases no neném. Essa hipótese é bem provável pois recentemente surgiu no mercado um probiótico composto por uma cepa de lactobacilos denominado L. reuteri. A indústria lançou um produto no mercado com a finalidade de reduzir cólicas nos nenéns e a composição é unicamente essa cepa. Os resultados são ótimos. (Por isso faço uso de probióticos em todas as minhas gestantes e lactantes e por isso estimulo o consumo de coalhada e iogurte).

CRUCÍFERAS: repolho, couve-flor, brócolis, couve-de-bruxelas, rabanete, espinafre, couve.
Razões: São ricas em enxofre.  Entra na mesma questão das leguminosas. Como são alimentos riquíssimos em nutrientes, em especial antioxidantes, sugiro cautela na suspensão. Apenas se a relação for clara. Consumiu e o neném teve gases.

LEITE E SEUS DERIVADOS: leite, queijo, iogurte, coalhada.
Razões: Há 3 possíveis razões mas nenhuma ainda certa.
1º - A lactose presente no leite e em alguns dos seus derivados pode causar gases na mãe e com isso esses gases passarem para o leite. Uma hipótese um tanto estranha.
2º - A questão da microbiota intestinal: o leite pode alterar beneficamente ou não a microbiota intestinal da mãe e com isso alterar a do neném. Uma hipótese mais plausível.
3º - As proteínas do leite de vaca são maiores que as do leite materno. Essas proteínas quando ingeridas para a mãe podem passar para o neném atrás do aleitamento. Acredita-se que elas possam promover um aumento dos movimentos do intestino (o chamado peristaltismo intestinal) e com isso levar à formação de gases, que se traduzem em cólicas.
Dica: Ficar uma semana sem lácteos, depois iniciar com os pobres em lactose (iogurte e coalhada). Se o neném não apresentar cólicas após 3 a 5 dias com a mãe consumindo, iniciar os queijos curados. Observar por 3 dias. Se não tiver sintomas: iniciar os demais lácteos e observar. A coalhada (principalmente a caseira) deve ser consumida com frequência, pois além de fonte de cálcio e proteína, é a melhor fonte existente de probióticos, o que poderá auxiliar na formação de uma microbiota intestinal saudável no neném.

CEBOLA:
Razões: é rica em fructano, um carboidrato fermentável e que pode causar gases na mãe e consequentemente no neném.
Dica: pode refogar a comida com a cebola, mas retire os pedaços após o óleo ou azeite “puxar’ o sabor da cebola.

FODMAPS: é um  acrônimo de Fermentable Oligo-Di-Monosaccharides and Polyols, são carboidratos de cadeia curta, de difícil absorção que, pelo seu poder osmótico, aumentam o volume de líquido na luz intestinal e são fermentados pelas bactérias do intestino, produzindo gazes.  Podem ser uma das causas de gases no neném, decorrente do consumo dos alimentos ricos em FODMAPS pela mãe. Pesquisas recentes apontam esses carboidratos como “vilões” para o desencadeamento dos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável e outros distúrbios gastrintestinais funcionais — distúrbios que não podem ser atribuídos a anormalidades estruturais ou anatômicas e nem a alterações bioquímicas e metabólicas. Algumas lactantes optam por fazer uma dieta pobre em FODMAPS, mas há risco de déficit nutricional. Portanto deve ser feita apenas sob supervisão do médico e nutricionista.
Oligossacarídeos (frutano e galactano) são formados pela união de até 10 moléculas de monossacarídeos. Os frutanos, constituídos por uma cadeia curta de frutose ligada a uma molécula de glicose, não são absorvidos porque o intestino não tem a hidrolase específica para quebrar as ligações frutose-frutose. O trigo é a maior fonte de frutanos da dieta, mas eles estão também presentes na cebola, alho, aspargos, brócolis, beterraba e melancia. Os galactanos, formados por uma cadeia de galactose unida a uma molécula de frutose, também não são absorvidos, sendo então fermentados no intestino. Dentre outros alimentos, estão presentes no feijão, ervilha e soja.
Dissacarídeos (sacarose e lactose) são hidrolisados por enzimas presentes na mucosa intestinal. A sacarose (açúcar comum) é quebrada nos monossacarídeos frutose e glicose, facilmente absorvidos. A lactose é quebrada pela lactase, localizada na superfície das células intestinais, originando glicose e galactose, que também são absorvidas. Porém, quando existe deficiência de lactase, o que é frequente na população, ocorre má absorção de lactose. A tese de doutorado de Adriana Sevá Pereira, orientada por mim na UNICAMP, em 1981, demonstrou intolerância à lactose em 50% dos caucasoides, 85% dos negroides e em 100% dos mongoloides, na região de Campinas. A má absorção de lactose por deficiência de lactase apresenta a mesma proporção tanto em indivíduos saudáveis como em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável, porém os sintomas são mais intensos nos pacientes com SII (Clinical Gastroenterology and Hepatology 2013;11:262). Com frequência, observamos isso na prática clínica: os indivíduos com deficiência de lactase, sem problemas digestivos, podem até tolerar a ingestão de um copo de leite por dia. Já, os pacientes com Síndrome do Intestino Irritável e com deficiência de lactase, ao ingerirem alimentos que contenham lactose, apresentam dor abdominal, meteorismo e diarreia.
Monossacarídeos (glicose, galactose, frutose) são absorvidos rapidamente. A frutose, quando presente em excesso em relação à glicose, é absorvida com dificuldade. Isto pode ocorrer com ingestão de grande quantidade de mel e de alguns sucos de frutas, como maçã, manga, pera, melancia.
Polióis (sorbitol, manitol, xilitol) adoçantes artificiais presentes em chicletes e balas sem açúcar e em algumas frutas (pera, maçã, abacate, manga) têm absorção lenta, por difusão passiva, através de poros no epitélio intestinal e são fermentados.

O QUE EVITAR NA AMAMENTAÇÃO?

CAFEÍNA: Alimentos e bebidas ricos em cafeína: café, chá-verde, erva mate e chá inglês.
A cafeína não causa realmente uma cólica, mas seu efeito atrapalha o bem-estar do bebê. Por ser estimulante, pode gerar agitação na criança, resultando em choros, o que as mães confundem com cólica.

CHÁS ESTIMULANTES: Chás de capim-limão, canela, hortelã. São estimulantes e favorecem as cólicas intestinais.

PEIXES DE VIDA LONGA: Devido a possível presença de metais tóxicos (principalmente mercúrio): salmão, atum. Dê preferência para sardinha e tilápia. A sardinha é rica em ômega 3, em especial o DHA, essencial para o desenvolvimento cerebral do neném.

CHOCOLATE:  Quando ingerido em grande quantidade pela mãe, ele pode ter efeito laxativo no neném. Motivo? Incerto, não se sabe se são pelas proteínas do leite presente ou pela concentração de cafeína.

ÁLCOOL: Passa pelo leite materno. Portanto proibidíssimo.

AMENDOIM E NOZES: Pelo potencial alergênico, alguns autores contraindicam a ingestão SE existir história familiar de alergia específica a essas duas oleaginosas. Posteriormente entre o 6º e 7º mês sugere-se que o neném ingira, na tentativa se evitar que ele venha a desenvolver alergia.

ALIMENTOS QUE ALTERAM O GOSTO DO LEITE: 

Alho (altera o gosto e o odor do leite, podendo o neném rejeitar o aleitamento). Frutas muito ácidas. Frutas com digestão lenta: melancia, manga e goiaba.

ALIMENTOS QUE PODEM REDUZIR O APETITE DO NENÉM: 


Salsa e hortelã pimenta.

FITOTERÁPICOS QUE PODEM ALTERAR A LACTAÇÃO OU CAUSAR DESCONFORTOS NOS NENÉNS.

Alcoachofra e espinheira-santa: reduzem o leite.
Babosa e quebra-pedra: causam diarreia no neném.
Arnica: tóxica para o neném.
Losna: tóxica para o neném.
Erva de santa maria (mastruz): tóxica para o neném.
Cavalinha: causa deficiência de vitamina B1 no neném e na mãe pela presença da enzima  tiaminasa.
Confrei: hepatotóxicas para o neném


Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico (CRM-GO 13.192)




Alimentação na gravidez: o que evitar? por Dr. Flavio Melo - Médico Pediatra (CRM-PB 539 - RQE 3065)

A alimentação na gravidez muda, nem todos alimentos são indicados. A recomendação deve continuar sendo comer Comida de Verdade, mas com algumas restrições. Veja a lista. baseado no post do Authority Nutrition

Hoje vou listar abaixo, alimentos que toda grávida deve moderar ou evitar durante a gestação, para seu bem e do bebê.

1- Peixes com quantidade elevada de mercúrio

São peixes do mar, que pelo seu grande tamanho, podem acumular quantidades significativas desse metal: Tubarão, Cavala verdadeira, Peixe-espada e Atum (inclui o enlatado).

No máximo, 2 porções por mês.

Que peixes comer? Todos os outros, especialmente os do mar, 2-3x/semana.

2 – Peixe mal cozido (ceviche, por exemplo), peixe cru (sushi, sashimi) ou mariscos.

Podem conter agentes infecciosos como Norovirus, Listeria (especialmente arriscada para o bebê), Salmonela e parasitas.

3 – Carne mal passada, crua ou processada

Também podem conter diversos germes, como a Salmonela, E. coli, Listeria e Toxoplasma (cuidado extra!). As carnes processadas, como por exemplo, as salsichas, além da contaminação, também têm quantidades excessivas de sódio.

4 – Ovos crus ou mal cozidos

Podem ter a Salmonela. Cuidado também com molhos feitos com gema crua, coberturas de bolos com claras em neve, maionese caseira (cuidado com os food trucks!) e sorvetes caseiros (sorbet que não leva ovo tudo bem).

5 – Carnes de órgão

Fígado e outras carnes de órgão (moela) podem conter quantidades significativas de Vitamina A e cobre, que podem ser prejudiciais, principalmente no primeiro trimestre. Por outro lado, são fontes importantes de Colina, Vitaminas do Complexo B e Ferro, necessários para uma boa saúde da gestante e do bebê. Então, consumir no máximo 1 vez por semana, mas não deixar de comer!

6 – Cafeína

Grávidas devem limitar seu consumo de cafeína a no máximo 200mg/dia, o que daria de 2-3 xícaras de café por dia. Um alto consumo de cafeína durante a gestação pode limitar o crescimento fetal e causar baixo peso ao nascer.

7 – Brotos crus

Os brotos, como alfafa e broto de bambu, podem estar contaminados com a Salmonela, que pode estar em suas sementes. Cozidos não há problema em consumir.

8 – Hortaliças e frutas sem lavar

Podem conter bactérias como E.coli, Salmonela e Listeria, além do Toxoplasma.

9 – Leite cru e Laticínios não pasteurizados

Podem conter Listeria, Salmonela, E. coli e Campilobacter. A recomendação é consumir os produtos pasteurizados.

– “Ah, mas eu ouvi dizer que probióticos são ótimos…”

Os lactobacilos benéficos permanecem nos produtos lácteos industrializados pasteurizados, como o iogurte, a coalhada e o queijo.

10 – Álcool

– Tolerância ZERO. Simples assim.

11 – Alimentos ultra-processados – Comida Lixo

– Tolerância ZERO. Simples assim.

Um dos profissionais mais importantes na sua gestação, além do obstetra e do pediatra/neonatologista, é o nutricionista! ‪#‎comidadeverdade‬ , mas com cuidados especiais.

Compartilhem à vontade.

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/alimentacao-na-gravidez-o-que-evitar/


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Kefir e saúde intestinal - Nutrólogo Joinville - Nutrólogo Goiânia



O texto abaixo foi publicado na edição desse mês da revista Saúde é vital. Fala sobre o uso do Kefir, um excelente alimento que poucos ainda conhecem no nosso país. Abaixo relatarei os prós e contras, por duas óticas: médico e ex-consumidor. 

Bem, já fiz uso do de de água e tive bons resultados, mas por problemas técnicos parei de utilizá-los. Para agendar consulta para saber se deve ou não utiliza-lo, clique aqui.

Mas antes de explicar, sugiro que você me siga no instagram: @drfredericolobo para mais informações de qualidade em Nutrologia e Medicina. Lá, posto principalmente nos stories, informação de qualidade e no feed, junto com meus afilhados postamos sobre vários temas.

A praticidade dos lactobacilos manipulados (além de diversos estudos sobre as principais cepas: lactobacilos acidophilus, casei, bifidus, rhamnosus e bulgaricus) acabam superando o "trabalhoso Kefir".

Prós:
1) É de graça, acho legal essa idéia de que não se compra e nem se vende, apenas doação. Quando morava na Chapada dos veadeiros (Alto Paraíso) nas épocas de surto de diarréia eu indicava muito pra população carente e tinha bons resultados.
2) Tem uma boa quantidade de lactobacilos, diversas cepas, cerca de 30 cepas de probióticos.
3) Para os que não possuem alergia à proteína do leite de vaca e gostam de leite podem optar pelo Kefir de leite. Isso serve também para os intolerantes à lactose, já que os lactobacilos consomem a lactose, que é um carboidrato (açúcar). Acima de 24h de fermentação raramente causa sintomas nos intolerantes à lactose.
4) Por ter benefícios para a nossa saúde e ser alimento, é considerado um alimento funcional. Portanto seu uso deve ser estimulado.
5) Os grãos são praticamente "etenos" podem ser congelados e as "sementes" enviadas pelo correio.
6) Como é um laticínio, é fonte rica em cálcio, de boa biodisponibilidade. Pode ser utilizado em iogurtes, coalhadas, shakes. Pode-se até fazer queijo de Kefir (uma amiga faz e fica uma delícia).

Contras:
1) O kefir de água é um pouco ácido e pode causar "azia" em pacientes com gastrite, esofagite, refluxo. Se o paciente possui "intestino-solto" também pode ocasionar diarréias. O de kefir leite por ter cálcio também pode  piorar sintomas dispépticos. É uma queixa muito comum nos pacientes com gastrite e refluxo que indico Kefir de leite. Principalmente quando a fermentação é de 24h. Nesse caso indico a utilização de 50ml de fermentação de 12 horas, duas vezes ao dia e observar. Se tiver intolerância não utilizar.
2) Algumas pessoas consideram trabalhoso ter que "alimentá-los" diariamente (kefir de água com açúcar mascavo ; Kefir de leite com leite integral), portanto quem não permanece todos os dias em casa deixará os "grãozinhos" morrerem.
3) Risco de contaminação comum a qualquer alimento: água, açúcar e lactobacilos em frasco fora da geladeira, semi-coberto = possível contaminação.
4) Como são inúmeras cepas de probióticos presentes, elas podem interagir entre si. Se você apresenta algum problema digestivo ou intolerância alimentar (frutose, sacarose, lactose), sugiro que antes procure um médico, confirme o diagnóstico, inicie um tratamento e só posteriormente utilize kefir. É assim que tenho feito com meus pacientes com candidíase crônica, intolerância à lactose, à frutose, sacarose, síndrome do intestino irritável, diarréia crônica e constipação intestinal. Solicito os exames necessários para se fechar o diagnóstico, faço o exame clínico, instituo o tratamento, geralmente com cepas específicas de probióticos para cada caso. Somente depois que inicio o kefir conforme tolerância.

A reportagem é interessante.

Bom final de semana

Dr. Frederico Lobo - Médico - CRM-GO 13192


Quefir: basta um copo por dia

Nas nossas primeiras semanas de vida, o intestino é habitado por cerca de 500 espécies de micro-organismos que ajudam na digestão e lutam contra agentes que causam doenças. Com o envelhecimento, o estresse e a alimentação incorreta, esse exército é desfalcado e se reduz a 30 divisões, por assim dizer. Para recuperar as várias tropas de choque, no entanto, há quem aposte em uma solução: ingerir bactérias e leveduras benéficas do quefir.

Trata-se de um punhado de grãos formados por mais de 50 espécies de bichinhos pró-saúde. Eles são colocados no leite, no qual fermentam. Logo em seguida, são coados — e podem ser usados de novo porque, dizem, os micróbios se renovam sem perder suas propriedades. “Mas a bebida retém parte dos micro-organismos, que, ao serem ingeridos, repõem a flora intestinal e agem como laxantes naturais”, diz a farmacêutica Márcia Barreto Feijó, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Segundo alguns estudos, as mesmas bactérias produziriam uma espécie de açúcar capaz de estimular o sistema imunológico a fabricar substâncias para combater inflamações.

“Puro, o leite fermentado com quefir se assemelha ao iogurte natural quanto a sabor, aroma e consistência”, garante Raquel Teresinha Czamanski, pesquisadora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, em Bento Gonçalves, no interior do estado. E, à base dele, podem ser feitos queijos, vitaminas e sobremesas. Mas, segundo Márcia Feijó, não basta adicionar o quefir a qualquer leite para seus micróbios se proliferarem pra valer. De acordo com um trabalho conduzido por ela, o tipo desnatado é a melhor opção. “O número de bactérias láticas aumenta quando há um menor nível de gordura”, diz. Sem falar que essa alternativa é menos calórica, já que as variantes integrais e de soja possuem mais que o dobro de proteínas e lipídeos.

Os grãos de quefir foram descobertos na região do Cáucaso, localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, nos limites entre a Europa e a Ásia, há 4 mil anos. Suas bactérias sempre se proliferam e os grãos encontrados hoje são descendentes diretos dos originários. Não se sabe ao certo as condições climáticas que propiciaram a união de tantos micro-organismos do bem e por isso é difícil reproduzi-los em laboratório. Fora esse obstáculo, há outro motivo para o quefir ainda não ter chegado às prateleiras dos supermercados. As bactérias transferidas para o leite fermentam continuamente, produzindo gases. Imagine esse processo em um recipiente fechado por meses a fio: a embalagem se destruiria com tamanha pressão.

No entanto, uma descoberta de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITP) cria esperanças de que, em breve, sua industrialização se torne realidade. “Isolamos oito microorganismos do quefir e conseguimos a estabilidade de pressão nos produtos finais”, afirma Djalma Marques, coordenador do Laboratório Nacional de Probióticos do ITP. Ou seja, haverá uma menor produção de gases.

Segundo o pesquisador, o isolamento de um número de bactérias reduzido não diminui tanto as propriedades do leite, mas garante que as embalagens não se rompam. Por enquanto, os produtos feitos no ITP só podem ser comprados no próprio laboratório. É também no ITP que os poderes do quefir para a pele vêm sendo avaliados. O mecanismo não está esclarecido, mas os pesquisadores perceberam que os micro-organismos potencializam o efeito de produtos naturais contra queimaduras e dermatites.

A maneira mais simples de conseguir os grãos, ainda hoje, é por doação. Foi assim que a catarinense Sueli Quadros, de 44 anos, conheceu o quefir. “Minha bisavó migrou da Alemanha para Santa Catarina quando eu tinha 10 anos e trouxe uma porção, que dividiu com os netos”, lembra a secretária, que hoje mora em Curitiba. Para quem não conhece doadores, é possível encontrá-los pela internet. O fundamental é buscar fontes confiáveis. O site http://tinyurl. com/quefir, por exemplo, reúne doadores de todas as regiões do país.

LEITE X ÁGUA

Leite
Os grãos povoados de bactérias e leveduras do quefir, ao fermentarem essa bebida, a tornam levemente ácida. Ela então pode, inclusive, ser consumida por quem tem intolerância à lactose. Isso porque, durante a fermentação, esse açúcar vai embora.

Água
Quando o quefir é fermentado na água com açúcar mascavo, o resultado é o que os especialistas chamam de tibico. A mudança de substrato favorece o surgimento de um novo grupo de micro-organismos. O produto final também traz benefícios ao sistema gastrointestinal, mas seu sabor é amargo, e o uso, restrito por causa do açúcar.

COMPARE

LEITE FERMENTADO: as espécies de lactobacilos se resumem a uma ou duas. É uma ótima opção para intolerantes à lactose

IOGURTES PROBIÓTICOS: conta com bactérias como as do quefir, mas em geral duas ou três espécies. Têm a vantagem de ser comercializados em larga escala

COALHADA CASEIRA: também possui micróbios do bem, mas em pequena quantidade. Chega a ser seis vezes mais digerível que o leite integral

LEITE QUEFIRADO: possui mais de 50 micro-organismos, sendo que pelo menos 20% deles podem ajudar na reposição da flora intestinal

Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0331/nutricao/quefir-basta-copo-dia-612719.shtml


No intestino humano, existem mais de 400 espécies diferentes de microorganismos que convivem em harmonia com o homem. Esta é uma relação ecológica classificada como simbiose ou mutualismo, pois ambos dependem um do outro para sua sobrevivência. Se não existissem estes microorganismos, com certeza nosso sistema digestivo seria um prato cheio para outros microorganismos patogênicos, favorecendo o surgimento de doenças no homem. E tais espécies benéficas dependem das condições químicas e físico-químicas do nosso intestino para poder sobreviver, como a baixa concentração de oxigênio, temperatura em torno de 36°C e umidade.

Portanto, os PROBIÓTICOS podem ser definidos como microorganismos vivos que, administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (Food and Agriculture ONU, 2001; Sanders, 2003). A influência benéfica dos probióticos na microbiota intestinal humana inclui fatores como competição por nutrientes e sítios de ligações celulares e efeitos imunomodularores direta e indireta, resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Quanto maior for a concentração de probióticos no intestino, maior será sua capacidade competitiva e, assim, maior a capacidade de defesa humana (Puupponen-Pimiä et al., 2002).

O íleo e o cólon parecem ser, respectivamente, o local de preferência para colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias (Charteris et al., 1998; Bielecka et al., 2002).

QUAIS SÃO AS FONTES DE OBTENÇÃO DOS PROBIÓTICOS?


Os probióticos podem ser obtidos pela alimentação, especialmente por produtos lácteos devidamente cultivados, como iogurtes, leites fermentados e alguns tipos de queijos. Além disso, para dietas pobres em probióticos, é possível também consumi-los como suplementos nutricionais, na forma de cápsulas ou envelopes, manipulados em farmácias ou industrializados.

QUAIS SÃO OS EFEITOS BENÉFICOS NO HOMEM?

Diversos estudos mostram benefícios dos probióticos no homem. O quadro abaixo mostra por quais mecanismos atuam nos respectivos sistemas:

Sistema
Função
Nutricional
Síntese de Vitaminas (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12, Vitamina K)
Digestivo
Síntese de enzimas digestivas (lactase)
Regulação da peristalse, dos movimentos intestinais e da absorção de nutrientes
Detoxificação intestinal (reduzindo a absorção de materiais tóxicos e toxinas alimentares)
Atividade enzimática fitase-like (hidrólise do Inositol Hexafosfato, liberando PO4- e íons)
Cardiovascular
Metabolização dos sais biliares e aumento da demanda de colesterol sérico colesterol para produção de bile
Metabolismo
Produção e enzimas citocromo P450-like que estimulam a expressão gênica do citocromo no fígado
Degradação e inibição da re-síntese de hormônios
Conversão dos flavonóides às suas formas ativas
Sistema Imune
Produção de antibióticos e antifúngicos
Produção de ácidos graxos de cadeia curta
Estímulo da maturação normal das células do sistema imunológico
Efeitos imunomoduladores: modulação de citocinas, aumento da atividade fagocitária, efeitos específicos na resposta humoral, função dos linfócitos T e atividade das células natural-killers
Metabolização de medicamentos, hormônios, carcinógenos, metais tóxicos e xenobióticos
Efeitos antimutagênicos, antitumorais e antineoplásicos
Anticancerígena
Ligação a substâncias mutagênicas
Degradação de genotoxina e promotores de tumor
Reparação e prevenção da lesão do DNA
Aumento da atividade de enzimas e processo de proteção a células  contra carcinógenos
Aumento da apoptose de células em proliferação
Produção de componentes bioativos de membrana
Aumento da produção de muco, diminuição do tempo de trânsito intestinal

QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DOS PROBIÓTICOS?

Não existe um dado oficial sobre recomendação de probióticos, como acontece com minerais e vitaminas, porém a comunidade científica internacional entende que o papel dos probióticos no organismo humano, está seus efeitos fisiológicos, porém existem evidências mostrando que estes podem também ser utilizados com fins terapêuticos.

Existem fortes evidências científicas no tratamento da diarréia infantil; diarréia associada à antibioticoterapia, diarréia pós-radioterapia pélvica, síndromes de má-absorção de nutrientes, pacientes com intolerância à lactose e na síndrome do intestino irritável.

Estudos clínicos mostram haver efeitos na redução dos níveis de colesterol plasmático, da pressão arterial sistêmica, da atividade ulcerativa por Helicobacter pylori, além do controle da colite induzida por rotavírus e por Clostridium difficile, prevenção de infecções urogenitais, além de efeitos inibitórios sobre a mutagenicidade (Shah, Lankaputhra, 1997; Charteris et al., 1998; Jelen, Lutz, 1998; Klaenhammer, 2001; Kaur, Chopra, Saini, 2002; Tuohy et al., 2003).

QUAIS AS DOSAGENS DIÁRIAS RECOMENDADAS DOS PROBIÓTICOS?


Apesar de serem estudadas por várias décadas, não existe um consenso terapêutico sobre a posologia dos probióticos para uma determinada doença. Existem vários estudos clínicos comprovando sua eficácia e segurança em diversas faixas de concentração, combinando ou não as espécies. As doses de cada espécie varia numa concentração de 100 mi de UFC até 1 bi de UFC, por dose posológica, segundo estudos clínicos. Existem estudos com dosagem total de probióticos com 20 bi UFC, com bom perfil de segurança.

Segundo alguns autores, é prudente combinar as espécies disponíveis para obter melhores resultados, já que existem diferenças quanto ao local de ação de uma cepa e outra, havendo assim uma preferência entre o íleo ou o cólon, por exemplo. As referências citam que os probióticos podem ter a <!--[if !vml]--><!--[endif]-->tividades enzimáticas distintas, o que poderia ampliar a ação destes microorganismos no hospedeiro, trazendo assim melhores resultados.

Um exemplo disso, é a atividade enzimática dos Lactobacillus sp. na lactose, e as Bifidobactérias com atividade imunomoduladora, estimulando a produção das imunoglobulinas IgA e IgM (Saad, 2006).

É preferível consumir os probióticos logo após as refeições, pois estudos experimentais mostraram que pode haver degradação das cepas benéficas pela ação do suco gástrico. Ao tomar junto com as refeições, ocorre uma “dilução” do suco gástrico e com isso, redução da acidez, o que pode contribuir com a manutenção de suas concentrações.

EXISTEM REAÇÕES ADVERSAS, PRECAUÇÕES, CONTRA-INDICAÇÕES PREVISTAS COM O USO DE PROBIÓTICOS?

Estudos clínicos controlados com lactobacilos e bifidobactérias não revelaram efeitos maléficos causados por esses microrganismos. Efeitos benéficos causados por essas bactérias foram observados durante o tratamento de infecções intestinais, incluindo a estabilização da barreira da mucosa intestinal, prevenção da diarréia e melhora da diarréia infantil e da associada ao uso de antibióticos (Lee et al, 1999).

EXISTEM RISCOS DE INTERAÇÕES COM MEDICAMENTOS COM O USO DE PROBIÓTICOS?

Deve-se evitar o uso concomitante com antibióticos, pois pode haver redução da ação do medicamento. Porém, após uma antibioticoterapia, é racional fazer suplementação de probióticos para recolonizar a microbiota intestinal, já que estes medicamentos podem diminuir as concentrações intestinais de probióticos, antes mesmo de serem absorvidos pelo organismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.       SANDERS, M.E. Probiotics: considerations for human health. Nutr. Rev., New York, v.61, n.3, p.91-99, 2003.
2.     FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, WORLD HEALTH ORGANIZATION. Evaluation of health and nutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria. Córdoba, 2001. 34p. Disponível em: . Acesso em: 03 fev. 2005. [Report of a Joint FAO/WHO Expert Consultation].
3.     PUUPPONEN-PIMIÄ, R.; AURA, A.M.; OKSMANCALDENTEY, K.M.; MYLLÄRINEN, P.; SAARELA, M.; MATTILA-SANHOLM, T.; POUTANEN, K. Development of functional ingredients for gut health. Trends Food Sci. Technol., Amsterdam, v.13, p.3-11, 2002.
4.     CHARTERIS, W.P.; KELLY, P.M.; MORELLI, L.; COLLINS, J.K. Ingredient selection criteria for probiotic microorganisms in functional dairy foods. Int. J. Dairy Technol., Long Hanborough, v.51, n.4, p.123-136, 1998.
5.     BIELECKA, M.; BIEDRZYCKA, E.; MAJKOWSKA, A. Selection of probiotics and prebióticos for synbiotics and confirmation of their in vivo effectiveness. Food Res. Int., Amsterdam, v.35, n.2/3, p.125-131, 2002
6.     SHAH, N.P.; LANKAPUTHRA, W.E.V. Improving viability of Lactobacillus acidophilus and Bifidobacterium spp. in yogurt. Int. Dairy J., Amsterdam,
v.7, p.349-356, 1997.
7.     JELEN, P.; LUTZ, S. Functional milk and dairy products. In: MAZZA, G., ed. Functional foods: biochemical and processing aspects. Lancaster: Technomic Publishing, 1998. p.357-381.
8.     KLAENHAMMER, T.R. Probiotics and prebiotics. In: DOYLE, M.P.; BEUCHAT, L.R.; MONTVILLE, T.J. Food microbiology: fundamentals and frontiers. 2.ed. Washington: ASM, 2001. p.797-811.
9.     TUOHY, K.M.; PROBERT, H.M.; SMEJKAL, C.W.; GIBSON, G.R. Using probiotics and prebiotics to improve gut health. Drug Discovery Today,Haywards Heath, v.8, n.15, p.692-700, 2003.
10.      SAAD, S.M.I; Prebióticos e Probióticos: o estado da arte; Rev Bras Cienc Farmac 2006; 42(1): 1-16




















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