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sábado, 8 de julho de 2017

Sinais e sintomas da menopausa podem ser piores para mulheres obesas

Mulheres obesas podem ter sinais e sintomas de menopausa mais graves, como ondas de calor e suores noturnos, do que as mulheres mais magras, sugere um estudo brasileiro.

Os pesquisadores compararam os sinais e sintomas da menopausa em mulheres com peso saudável aos em mulheres com excesso de peso ou obesidade, e descobriram que três sinais e sintomas pioraram progressivamente à medida que o peso destas mulheres aumentou: ondas de calor e sudorese noturna, dores mioarticulares e problemas vesicais.

"A intensidade das ondas de calor aumentou proporcionalmente ao aumento do índice de massa corporal (IMC), e a obesidade teve grande impacto nas atividades diárias, como a interrupção involuntária das tarefas de trabalho e a diminuição do desempenho geral", afirmou a autora do estudo Dra. Lucia Costa-Paiva, da Universidade de Campinas, em São Paulo.

"Houve também menor nível de atividades de lazer entre estas mulheres", disse a Dra. Lucia por e-mail. "Assim, isto acrescenta fortes evidências para incentivar as mulheres a perderem peso".

As mulheres entram na menopausa quando param de menstruar, o que geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos de idade. À medida que os ovários reduzem a produção dos hormônios estrogênio e progesterona, nos anos que antecedem e sucedem a menopausa, as mulheres podem apresentar sinais e sintomas que variam de ressecamento vaginal a alterações do humor, dor articular e insônia.
Pesquisas recentes descobriram que 57% das mulheres entre 40 e 64 de idade em todo o mundo sentem ondas de calor, 60% se queixam de disfunção sexual, 62% têm dor mioarticular e 50% têm problemas de sono, observam os autores do estudo no periódico Menopause.

Os médicos acreditavam há muito tempo que a obesidade poderia proteger contra as ondas de calor porque o tecido adiposo aumenta a reserva de estrogênio do corpo, hormônio que pode ajudar a contornar a gravidade desses sintomas, disse a Dra. Lucia. Porém, o estudo atual baseia-se em pesquisas mais recentes que apontam na direção oposta, sugerindo que a obesidade pode piorar as ondas de calor porque a gordura funciona como um isolante térmico que retém o calor no corpo, disse a pesquisadora.

Com o objetivo de avaliar a relação entre a obesidade e a gravidade dos sinais e sintomas da menopausa, Dra. Lucia e colaboradores examinaram os dados de questionários de 749 mulheres brasileiras entre 45 e 60 anos de idade. As mulheres graduaram os sinais e sintomas de zero (significando nenhum problema) a quatro pontos (significando problemas muito graves). As participantes tinham cerca de 53 anos de idade, em média, e em geral entraram na menopausa por volta dos 47 anos. Enquanto a maioria das mulheres, 68%, estava no período após a menopausa, cerca de 16% ainda não tinham entrado na menopausa, e outras 16% encontravam-se no meio do processo.

O estudo incluiu 288 mulheres com IMC abaixo de 25, que os pesquisadores classificaram como peso normal ou saudável, 255 mulheres acima do peso (com IMC de pelo menos 25 e menor que 30), e 206 mulheres obesas com IMC igual ou maior que 30. Não foi um estudo controlado projetado para provar se ou como a obesidade altera a frequência ou a gravidade dos sinais e sintomas da menopausa. Outra limitação da pesquisa foi o fato dela ter se baseado na exatidão das lembranças das mulheres e no relato delas sobre experiências pretéritas e sinais e sintomas associados, observam os autores.

"Até o momento, não há evidências de que a perda de peso possa reduzir os sinais e sintomas da menopausa, pois ainda não foi feito nenhum ensaio clínico", disse a Dra. Susan Davis, pesquisadora de saúde da mulher na Monash University, em Melbourne (Austrália), que não participou do estudo .

"Mas nós incentivamos a perda de peso na meia-idade para as mulheres com sobrepeso no intuito de diminuir os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer de mama", disse a Dra. Susan por e-mail.

As pesquisas que relacionam a obesidade com a piora dos sinais e sintomas da menopausa começaram a surgir há mais de uma década, observou a Dra. Mary Jane Minkin, pesquisadora em saúde reprodutiva da Yale Medical School em New Haven, Connecticut, que também não participou do estudo.

"A teoria é que o calor é gerado por mecanismos centrais, e as mulheres acima do peso têm maior isolamento térmico, de modo que o calor não pode ser dissipado, e elas ficam mais quentes", disse a Dra. Mary Jane por e-mail.

Perder peso pode ajudar a diminuir as ondas de calor e as dores mioarticulares associadas à menopausa, que podem ser exacerbadas pelos quilos extras, acrescentou a Dra. Mary Jane.

Fonte: http://bit.ly/2rV8pua

Menopause 2017.

sábado, 17 de março de 2018

A ciência do tratamento da obesidade by George Bray e comentado pelo Dr. Bruno Halpern

Endocrine Society (Sociedade Americana de Endocrinologia) publicou um texto extenso, sobre "A ciência do tratamento da obesidade", escrito por diversos especialistas na área, entre eles o decano do estudo da obesidade no mundo, Dr. George Bray.

Pontos que merecem destaque, de acordo com o diretor da ABESO, Bruno Halpern:

1 - O texto comenta sobre estratégias de prevenção tentadas até hoje, e que muito poucas de fato se mostraram efetiva (muitas idéias que parecem óbvias não funcionam na prática).

2- A importância de perder peso para a saúde, com perdas de 5-10% atingindo melhora metabólica e provavelmente perdas acima de 10% sendo suficientes para reduzir a mortalidade de uma população com obesidade.

2 - Em uma comparação entre dietas, juntado inúmeros estudos publicados, o texto conclui, como eu sempre concluo, que o que define o sucesso de uma dieta sobre a outra é a adesão e não existe uma dieta claramente superior à outra. E que, do ponto de vista puramente da perda de peso, o que determina uma maior ou menor perda de peso é a restrição de calorias, mais do que a composição de macronutrientes.

3- A importância do exercício físico, mais como método eficaz em melhorar de composição corporal e manutenção de peso, do que como método para emagrecimento em si.

4- Como doença doença crônica, o tratamento deve ser crônico e esforços devem ser empreendidos na manutenção do peso perdido e não só na perda.

5- O papel das medicações anti-obesidade, ainda tão mal faladas e estigmatizadas. O texto comenta sobre medicações que foram proibidas no passado, mas ressalta que as medicações aprovadas hoje tem estudos de segurança e eficácia bons e sem dúvida são opções viáveis para o correto tratamento da obesidade em muitos casos. Importante ressaltar esse ponto, pois ainda vemos muitos médicos, na grande maioria das vezes como desconhecimento, criticando medicações, sem ao menos terem lido um único estudo a respeito do potencial das mesmas em otimizar o resultado de uma mudança de estilo de vida bem feita, aumentando o peso perdido e o número de respondedores. Nem todos respondem bem a todas as medicações e o perfil de colaterais também é bem individual. Termos várias opções aumenta a chance de encontrar a certa para cada um.

6 - A cirurgia bariátrica como estratégia eficaz e segura em pacientes com obesidade mais grave, com diversos estudos mostrando claramente redução de mortalidade e de doenças associadas, como câncer, infarto, apnéia do sono e melhora do diabetes. Os riscos cirúrgicos diminuíram muito nas últimas décadas, e a grande preocupação ainda é com o seguimento a longo prazo, pois muitos pacientes operados nunca mais vão ao médico. Melhorar esse seguimento é vital, assim como aumentar os centros de excelência para que se façam cirurgias cada vez mais seguras e beneficiarmos mais pacientes que dela necessitem.

sábado, 18 de abril de 2015

Provavelmente essa não fez acompanhamento com nutrólogo ou endócrino que tem conhecimentos suficientes sobre obesidade, fisiopatologia e tratamento.

Provavelmente essa é uma das que sempre recorre a nutricionista, não consegue seguir a dieta (muitas vezes sendo taxada como preguiçosa ou sem força de vontade pelo profissional), aí sempre recorre a medicações e retira por conta própria.

É triste ver profissionais de saúde com essa visão, desconhecerem que obesidade é uma doença CRÔNICA, multifatorial e que precisa de intervenção por toda a vida. É triste ver gente desatualizada que vai contra as evidências científicas, como por exemplo o último guideline de tratamento da obesidade.

Se apenas dieta balanceada e atividade física diariamente funcionassem tão bem, a pandemia de obesidade não estaria como está. O bom nutricionista atualizado sabe da importância do papel de cada componente no tratamento da obesidade. Sabe que o tratamento é multidisciplinar.

E aqueles que discordarem, convido a me acompanharem durante uma semana no ambulatório de nutrologia do SUS. 64 pacientes/semana.

Link para o Guideline: http://press.endocrine.org/doi/abs/10.1210/jc.2014-3415

Por muitos anos tive preconceito com as medicações para tratamento da obesidade, até fazer a pós de Nutrologia. No meu consultório particular quase não prescrevo pois o público que me procura, prefere alternativas não-alopáticas, como fitoterápicos e suplementos que auxiliam no emagrecimento. Entretanto sempre deixo claro para os pacientes que muitas vezes os resultados não são satisfatórios e faz-se necessário utilizar medicações.

 #Nutrologia #ABRAN #Endocrinologia #Obesidade #Emagrecimento #Obesofobia #Farmacofobia #Ignorância #MedicinaBaseadaEmEvidências #Obesity #Endocrinology #Guideline

domingo, 14 de agosto de 2022

Estratégias eficazes para acabar com o estigma do peso na área da saúde

Resumo

O estigma do peso afeta negativamente a qualidade dos cuidados de saúde e dificulta os objetivos de saúde pública.

O objetivo desta revisão foi identificar estratégias para minimizar o viés de peso entre os profissionais de saúde e explorar futuras direções de pesquisa.

Foi realizada uma busca eletrônica no PubMed, PsycINFO e Scopus (até junho de 2020).

Estudos sobre redução do estigma de peso em estudantes, estagiários e profissionais da área da saúde foram avaliados com base em critérios específicos de inclusão e exclusão.

Uma síntese narrativa foi realizada para analisar os temas emergentes.  Identificamos cinco estratégias de redução de estigma na saúde: (i) maior educação, (ii) informação causal e controlabilidade, (iii) evocação de empatia, (iv) abordagem inclusiva de peso e (v) metodologia mista.

O estigma do peso precisa ser abordado desde o início e continuamente ao longo da educação e da prática em saúde, ensinando os determinantes genéticos e socioambientais do peso e discutindo explicitamente as fontes, o impacto e as implicações do estigma.  Há uma necessidade de se afastar de uma abordagem centrada apenas no peso para os cuidados de saúde para uma abordagem inclusiva do peso focada na saúde. Avaliar os efeitos do estigma do peso na pesquisa epidemiológica é igualmente importante. O argumento ético e a base de evidências para a necessidade de reduzir o estigma do peso nos cuidados de saúde e além são fortes. Embora estejam surgindo evidências sobre a redução do estigma a longo prazo, são necessárias medidas de precaução.

1. INTRODUÇÃO

O estigma social é um fator fundamental para as desigualdades na saúde da população.

Embora isso seja reconhecido há décadas, os efeitos prejudiciais do estigma do tamanho e peso do corpo ganharam reconhecimento mais amplo apenas recentemente.

O estigma social do peso é generalizado e sugere-se que seja  em parte impulsionado pelo aumento da culpa e vergonha da obesidade na mídia e na saúde pública, o reforço cultural de um ideal magro e tendências para a estratificação social.

Entre 2017 e 2020, a vergonha do peso, uma manifestação do estigma do peso, diminuiu ligeiramente nos Estados Unidos e, embora isso seja promissor, culpar os indivíduos com obesidade pouco mudou no Reino Unido.

No entanto, há evidências substanciais para mostrar que o estigma do peso é injusto e injustificado, cria disparidades de saúde e dificulta os cuidados de saúde e os esforços da saúde pública.

O estresse da estigmatização, da experiência direta, mas também da suspeita e antecipação do estigma, pode eliciar respostas fisiológicas, psicológicas e comportamentais, que prejudicam a saúde ao longo do tempo.

Estudos mostram que o estigma do peso pode impactar negativamente no cortisol, hemoglobina glicada, estresse oxidativo e proteína C-reativa, bem como promover a desregulação global do metabolismo lipídico, da glicose e da inflamação.

Quando comparados com colegas de baixo peso, aqueles com sobrepeso medido ou autopercebido mostraram respostas de cortisol embotadas a estímulos estressantes agudos, sugestivos de níveis elevados de cortisol sustentados.

Isso é consistente com pesquisas anteriores que mostram que, embora estímulos estigmatizantes agudos estejam associados à reatividade do cortisol, respostas de cortisol embotadas são mais comuns após exposição crônica persistente e grave a estressores, incluindo estigmatização relacionada ao peso, que geralmente resulta em sentimentos de vergonha.

Embora a relação entre adiposidade e desregulação de glicocorticóides seja complexa e vários outros mecanismos metabólicos e genéticos tenham sido sugeridos, descobriu-se que o estigma do peso contribui para a variação interindividual na resposta ao estresse entre pessoas com obesidade.

Jung et al. mostraram que entre as pessoas com índice de massa corporal (IMC) > 30 kg/m2, aquelas com baixos níveis de autoestigma reagem ao estresse psicológico agudo como previsto com um aumento na secreção de cortisol, enquanto aquelas com níveis médio ou alto de auto-estigma mostram uma resposta de cortisol embotada atípica.

Quando se descobriu que a obesidade prediz a desregulação fisiológica em um período de 4 anos, 29% desse efeito foi explicado apenas pela discriminação de peso.

Além disso, o estigma do peso está ligado a sofrimento psicológico, depressão, ansiedade, baixa autoestima e  distúrbios de imagem, muitas vezes levando à diminuição da motivação para a saúde e enfrentamento inadequado, como evitar cuidados de saúde oportunos, isolamento social, atividade física reduzida e comportamentos alimentares desordenados.

Foi demonstrado que o estigma do peso aumenta o risco de desenvolver obesidade, e pode  encurtar a expectativa de vida, pois está associado a um risco de mortalidade quase 60% maior, não contabilizado por fatores de risco físicos e psicológicos tradicionais.

Evidências crescentes mostram associações entre o estigma do peso e o aumento da ingestão de alimentos, alimentação na ausência de fome, alimentação emocional, compulsão alimentar e ganho de peso a longo prazo.

Vários estudos experimentais mostraram que experiências discriminatórias de peso levam à diminuição do controle inibitório e aumento  ingestão calórica.

Esses comportamentos alimentares provavelmente são mediados por sofrimento emocional e desregulação e não devem ser considerados falhas pessoais, mas estratégias de enfrentamento mal adaptadas ao tratamento injusto.

Além disso, o estigma do peso é único em comparação com outros estigmas sociais, pois os preconceitos tendem a ser aceitos por pessoas em todo o espectro de peso.

O viés de peso internalizado (IWB) engloba a autoculpa e a autodesvalorização que resulta de endossar mensagens sociais negativas em torno do peso e aplicá-las a si mesmo.

Acredita-se que o IWB  explicar a relação entre o estigma do peso percebido de forma aguda ou indiretamente percebido e comportamentos alimentares mal adaptados bem como vergonha e insatisfação corporal, exercícios e comportamentos de saúde, dor corporal e conversa sobre peso dos pais.

O estigma pode levar a esforços para escapar da discriminação por meio de tentativas de perda de peso, e, portanto, alguns argumentam que pode ter um papel positivo  para motivar os indivíduos a se engajar em comportamentos de saúde.

No entanto, a estigmatização cria um efeito duplo e compensatório de aumentar a motivação para se envolver em comportamentos não saudáveis ​​​​de controle de peso, ao mesmo tempo em que diminui a capacidade percebida de controlar o peso, e está consistentemente ligada a comportamentos adversos à saúde e à diminuição da saúde a longo prazo.

A moralização suscita um desejo agudo de defender a identidade moral de alguém, provocando respostas que talvez sejam visíveis, mas não conducentes à saúde.  provavelmente terá o efeito oposto de desengajamento e evitação desse comportamento.

Hunger et al. propuseram um modelo de ameaça à identidade social que elucida os processos que ligam o estigma do peso e a cascata de mecanismos que causam a deterioração da saúde física e psicológica, muitos  dos quais estão bidireccionalmente ligados a comportamentos alimentares.

Além disso, a obesidade cíclica/estigma baseado no peso, o modelo de estigma (COBWEBS) de Tomiyama representa o estigma do peso como um ciclo de feedback positivo perpetuado pelo aumento do cortisol e comportamentos alimentares induzidos pelo estigma, que promovem o ganho de peso e, portanto, mais estigmatização.

A saúde é um dos contextos mais comuns onde ocorre a estigmatização do peso.

Os médicos foram relatados como a segunda fonte mais comum de estigma e discriminação do peso. 

Remmert et al. descobriram que mais de 70% dos adultos americanos matriculados em um programa de perda de peso  relataram incidentes de  estigmatização de saúde.

Da mesma forma, Puhl et al. encontraram essa proporção em dois terços entre adultos em programas de controle de peso em seis países diferentes.

Além disso, as pessoas com obesidade são duas vezes mais propensas a relatar discriminação de saúde em comparação com aquelas com baixo peso.

Evidências extensas destacam forte viés de peso entre profissionais de saúde (HCP), incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, cinesiologistas, estudantes dessas disciplinas e até  especialistas em obesidade.

É improvável que os profissionais de saúde discriminem deliberadamente seus pacientes.

Por exemplo, quando medido pelo Teste de Associação Implícita de Harvard, uma medida validada de viés de peso inconsciente, a maioria dos estudantes de medicina e enfermagem exibe um viés mais forte quando comparado com o que eles relatam como estigma auto-relatado, ou seja, pistas sociais e comportamentos que fazem com que o destinatário se sinta desvalorizado, desrespeitado ou humilhado.

De fato, a maioria das experiências de saúde estigmatizantes de peso relatadas pelos pacientes não são evidentes, mas sutis.

Isso pode incluir evitar contato visual ou toque físico, fornecer conselhos sobre perda de peso não solicitados ou simplificados ou não ter equipamento de tamanho adequado à mão.

Os preconceitos por trás do estigma promulgado podem ser explícitos, referindo-se a crenças, estereótipos e atitudes conscientes, ou implícitos, referindo-se a processos inconscientes e automáticos.

Foi demonstrado que o viés explícito e implícito leva à atribuição excessiva de problemas de saúde ao peso, menos tempo gasto com os pacientes e comunicação afetiva positiva menos centrada no paciente, comunicação afetiva positiva.

Além disso, pacientes com alto IWB relatam maior evasão de cuidados de saúde, maior percepção de julgamento por parte dos médicos, menor frequência de obtenção de check-ups de rotina, escuta e respeito menos frequentes por parte dos profissionais e cuidados de saúde de qualidade inferior.

Assim, o viés de peso não controlado entre os profissionais de saúde, bem como o IWB entre os pacientes, potencialmente prejudica o sucesso do diagnóstico, tratamento e resultado.

A identificação de maneiras amplamente aplicáveis ​​para reduzir efetivamente o estigma do peso relacionado à saúde é urgentemente necessária.

Além de melhorar a prestação de serviços de saúde e a saúde e o bem-estar dos pacientes com obesidade, cuidados de saúde que não apenas evitam, mas abordam e reduzem ativamente o IWB podem ajudar os pacientes a lidar melhor e reduzir os efeitos do estigma até que seja minimizado na sociedade.  

Não surpreendentemente, enquanto a estigmatização faz o oposto, a comunicação empática e não estigmatizante relacionada ao peso pode aumentar a motivação de saúde dos pacientes e a intenção de seguir os conselhos dos profissionais de saúde.

Uma recente declaração conjunta de consenso internacional das principais autoridades de saúde pediu a eliminação do estigma do peso, um processo essencial para alcançar as metas de saúde pública globalmente.

Abordar preconceitos negativos na comunidade de saúde ajudará a defender uma cultura e uma sociedade em que o respeito, a dignidade e o cuidado concedidos a cada pessoa não dependam de seu peso corporal.

As intervenções de redução do estigma são uma prioridade de pesquisa atual.

No entanto, há uma escassez de estratégias acordadas, eficazes e práticas para combater o preconceito relacionado ao peso, o que contribui para a falta de ações estratégicas anti-estigma.

Portanto, o objetivo desta revisão foi avaliar sistematicamente o conhecimento atual sobre estratégias para minimizar o viés de peso em profissionais de saúde e identificar direções de pesquisas futuras.

CONCLUSÕES

Esta revisão analisou as estratégias de redução do estigma de peso nos cuidados de saúde.

Intervenções envolvendo o viés de redução de peso entre HCPs atuais e futuros foram incluídas.

Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas, o crescente interesse no estigma do peso é encorajador.

Cerca de metade dos estudos incluídos nesta revisão foram realizados apenas nos últimos 5 anos, fornecendo informações valiosas à medida que começamos a tomar medidas amplas para erradicar o viés de peso nos cuidados de saúde e na sociedade.  

Com base em nossas descobertas, oferecemos três recomendações principais para a redução do estigma em relação à educação, prática e pesquisa em saúde.

Primeiro, há uma necessidade de educar todos os estudantes de saúde sobre os fatores complexos que regulam o peso corporal e abordar o estigma do peso, sua prevalência, origens e impacto, explicitamente.

A falha em abordar o estigma entre os profissionais de saúde atuais e futuros sustenta a formação de preconceitos.

Nossos achados mostram que a educação biomédica por si só não reduz o estigma e, na maioria dos estudos, os grupos de controle, quando incluídos, exibiram maior viés ao longo do tempo.

Focar estudantes de saúde desde o início e ao longo de sua educação pode ser particularmente benéfico porque eles estão no processo de formação de suas crenças e atitudes em relação ao sobrepeso e à obesidade e podem ser mais receptivos a novas informações que mudam o paradigma.

De fato, uma meta-análise sobre a maleabilidade do viés de peso por Lee et al. descobriu que os tamanhos de efeito, embora não estatisticamente significativos, foram consideravelmente maiores em amostras de estudantes em comparação com profissionais ou estagiários.

Embora houvesse apenas quatro estudos envolvendo profissionais de saúde nesta revisão, os resultados apoiam essa noção.

Portanto, são bem-vindas as revisões dos atuais currículos de saúde, levando em conta tanto a atribuição causal da responsabilidade pessoal pelo peso quanto o valor negativo da gordura.  

Isso poderia ser alcançado garantindo que haja palestras sobre a complexidade da obesidade, incluindo determinantes genéticos e socioambientais da regulação do peso, bem como a ciência da promoção da saúde com inclusão do peso.

Nesta revisão, as intervenções baseadas ou informadas por informações causais e/ou ciência de peso crítico e HAES foram bem-sucedidas em melhorar o viés explícito, enquanto a evocação de empatia foi menos bem-sucedida.  

Uma distinção importante entre, por exemplo, a abordagem de inclusão de peso e a abordagem menos eficaz de evocação de empatia pode estar nos sentimentos que elas provocam.

Em vez de provocar pena enfatizando as dificuldades de viver com obesidade, uma abordagem mais produtiva para reduzir o estigma poderia ser destacar a humanidade comum e o direito civil à saúde.

Em segundo lugar, há uma necessidade de se afastar de uma abordagem centrada apenas no peso para a saúde para uma abordagem mais focada na saúde, incluindo a inclusão do peso.  

Igualmente importante para a questão do “como não fazer”, é a questão do “como e o que” oferecemos nos serviços de saúde.  

Nossos achados indicam que os encontros clínicos são um elemento importante na formação das crenças e atitudes dos profissionais de saúde.

Em vários estudos, expectativas ou experiências negativas em relação ao atendimento ao paciente, adesão e resultados contribuíram para a retenção do viés de peso.

Todas as instalações de saúde devem estar equipadas com instrumentos de tamanho apropriado, incluindo, mas não limitado a, cadeiras, manguitos de pressão arterial e aventais.

É importante ressaltar que estar ciente e ser capaz de usar intervenções que melhorem a saúde dos pacientes, independentemente de seu peso ou mudança de peso, tem o potencial de reduzir as experiências negativas e os estereótipos dos profissionais de saúde do chamado “paciente difícil” e, em vez disso, promover um relacionamento médico-paciente mutuamente benéfico focado na saúde. 

Os dados mostram que os pacientes se beneficiam psicologicamente e fisicamente de programas de inclusão de peso que abordam o IWB, os aspectos psicológicos da alimentação e a experiência social de viver com sobrepeso ou obesidade.

Abordar o IWB provavelmente será de maior benefício quando entregue dentro de um programa de promoção da saúde com inclusão de peso e antes de iniciar com a perda de peso comportamental, porque o IWB é maior naqueles que buscam perda de peso quando comparados com a população em geral.

Permanece questionável se e até que ponto um objetivo de perda de peso reforça as crenças sobre controlabilidade e culpa do peso e, portanto, é por si só estigmatizante.

Além disso, trabalhar para diminuir o IWB dentro de programas de perda de peso pode ser um desafio porque uma meta de perda de peso pode condicionar melhorias no IWB à perda e manutenção do peso.

A triagem e a abordagem do IWB em pessoas com sobrepeso ou obesidade que buscam melhorar seus comportamentos alimentares, além de financiar, projetar e implementar intervenções de redução de estigma de longo prazo, pode ajudar a reduzir o viés de peso em profissionais de saúde, uma vez que permite o reforço contínuo e a promulgação de valores de estigma anti-peso.

Além disso, embora a responsabilidade de reduzir o estigma do peso em ambientes de saúde deva recair sobre o provedor, reduzir o IWB pode capacitar os pacientes a defender os cuidados que merecem.

Por fim, ao realizar pesquisas sobre a relação entre peso, saúde e mortalidade, é necessário garantir que os pesquisadores meçam e considerem os efeitos de confusão e/ou mediação do estigma do peso.  

O estigma do peso, como vivenciado e/ou internalizado, está em grande parte ausente da pesquisa epidemiológica atual, que informa o discurso médico, político e social.

Pesquisas preliminares mostram que uma proporção significativa da relação entre obesidade e resultados de saúde pode ser explicada não pelo peso corporal em si, mas pelas experiências negativas comumente compartilhadas por pessoas com sobrepeso e obesidade.

Mais pesquisas são necessárias para entender essa relação e destacar a importância do estigma do peso nos resultados de saúde na comunidade científica.

Embora o argumento ético e a base de evidências para a necessidade de reduzir o estigma nos cuidados de saúde e além sejam fortes, a atenção da pesquisa precisa se mover para encontrar evidências empíricas rigorosas sobre as abordagens específicas para reduzir o estigma do peso não apenas no curto prazo, mas no longo prazo.  

Projetar ensaios clínicos randomizados e robustos com populações de grande porte e acompanhamento suficiente manterá esse objetivo.

No entanto, a magnitude e as consequências do problema exigem ação cautelar, mesmo que as evidências ainda estejam surgindo.  

A erradicação do estigma do peso na sociedade deve ser tratada como uma prioridade de saúde pública.  

Isso requer uma abordagem sistêmica completa, com a cooperação de uma ampla gama de partes interessadas, entre as quais HCPs, educadores, pesquisadores e formuladores de políticas, bem como pacientes, desempenham um papel essencial.

“Compartilhar é se importar”
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho 
twitter: @albertodiasf

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Vantagens de se estar acima do peso - alegadas pelos pacientes



Muito se fala sobre as desvantagens e as consequências de se estar acima do peso. Mas pouco se fala sobre as "vantagens" que os pacientes alegam. Soa estranho, eu, um nutrólogo escrever sobre isso, afinal deveria "amedrontar" os pacientes com o que a ciência vem mostrando nas últimas décadas. A lista de desvantagens é quilométrica. 

Então por que escrever sobre isso ? Por que colocar a obesidade ou sobrepeso como algo com vantagens ?

Simplesmente porque existem "vantagens" e elas são inegáveis (do ponto de vista do paciente). Queiramos ou não, elas existem na concepção do paciente! Se elas não existissem, a grande maioria dos pacientes não estariam acima do peso e perpetuando um processo. 

Obviamente que existem fatores genéticos, bioquímicos, emocionais, comportamentais e até mesmo sociais que auxiliam nessa perpetuação da obesidade.


Em um dos questionários que aplico nos pacientes que atendo, questiono:
- Quais as vantagens e desvantagens de se estar acima do peso. 

Então ao longo dos anos, anotei as principais vantagens que os pacientes alegam. Na maioria das vezes eles esquecem que a maioria dessas vantagens continuam existindo mesmo quando atingem um peso saudável.  Abaixo algumas relatadas por pacientes:
  • Comer o que se gosta. Não ter limites quanto à qualidade (tipo) da comida. Gostam de comer algo mais palatável ou se é algo com sabor mais comum e que não estimula tanto as papilas gustativas e a produção de dopamina). 
Consideração: estando acima do peso ou magro, as comidas hiperpalatáveis continuarão existindo. Há magros que possuem paladar infantilizado ou com preferência por alimentos hiperpalatáveis. 

  • Comer o quanto se quer, na hora que quer, como quer. Não ter limites quanto à quantidade da comida. 
Consideração: o limite sempre vem, cedo ou tarde. Seja ele voluntário ou imposto por uma doença como um diabetes mellitus tipo 2 ou uma retirada do estômago por câ ncer gástrico. Então é melhor aceitar que a nossa alimentação também precisa de limite. 
  • Não precisar sofrer com limites (dieta é uma restrição, é uma limitação e por isso quanto mais restritiva, maiores as chances do paciente abandonar o tratamento). 
Consideração: entra no tópico anterior. 

  • Conhecer novos estabelecimentos de comida. Comer novidades. Há pacientes afoitos por novidades, a novidade leva a uma maior produção de dopamina. No fim, garimpar novos lugares pode se tornar um hobby e fonte de prazer. 
Consideração: a não ser que o Brasil afunde em uma crise econômica sem precedentes e a maioria dos estabelecimentos de comida fechem as portas, sempre haverá novidades "alimentícias". A tendência é a variedade aumentar, produtos mais "limpos" irem surgindo, com a finalidade de atender a um consumidor cada vez mais exigente e que se preocupa com a própria saúde. Brincamos no consultório: as sobremesas não deixarão de existir e alegrar almoços. Fast-foods vão continuar existindo, assim como bons restaurantes. Então é melhor os pacientes tentarem ser mais longevos para conhecer o futuro promissor que temos no ramo da alimentação.

  • Não precisar "sofrer" em academia/estúdios, sentindo dor muscular, cansando, abdicando de uma hora do dia. Por mais que na prática percebamos que a dor dá lugar a um prazer (talvez por reação bioquímica no cérebro), a idéia que os pacientes sedentários possuem é: malhar dói ! 
Consideração: O nosso corpo é repleto de articulações e a finalidade é permitir que nos movamos. O movimento é inerente à nossa natureza. Quando paramos de nos movimentar a nossa energia fica estagnada e nosso corpo adoece. Sempre falamos no consultório uma frase que diz: Escolha o exercício que você menos odeie. Faça-o. Crie o hábito. O prazer pode surgir depois. Nosso corpo precisa de movimento. Músculos precisam de estímulo, o sangue precisa circular e o cérebro funciona melhor quando abandonamos o sedentarismo.
  • Evitar relacionamentos amorosos e com isso evitar sofrimentos de uma vida a dois. É inegável que portadores de obesidade podem ter uma maior dificuldade para acharem parceiros (as). Com isso evitam sofrer em relacionamentos.  
Consideração: estando acima do peso ou magro, conflitos amorosos sempre existirão. E o mais engraçado é que muitos pacientes acreditam piamente que os problemas relacionados à esfera afetiva desaparecerão como uma passe de mágica. Indicação: Psicoterapia. Notícia triste: problemas sempre teremos, mas a gente evolui e aprende a manejar sem gerar tanta dor em sí próprio ou no outro.


  • A comida é um anestésico diante dos sofrimentos cotidianos, diante de situações que incomodam ou causam dor emocional. Mesmo o efeito anestésico sendo de curta duração e o prazer proporcionado por ela também. A comida pode ser uma válvula de escape. 
Consideração: muitas vezes o que queremos após um dia complicado é chegar em casa e comer algo que gostamos. Isso é comida emocional e faz parte da vida. Não há nada de errado em utilizar a comida como anestésico. O que não se pode permitir é que isso se torne uma constante, a maioria dos dias da semana. O preço a se pagar é caro e a sobremesa chamar-se-á: Culpa. 
  • Sendo portador de obesidade, o paciente não precisa ficar se preocupando com a saúde. Ou seja, ele se esquiva de procurar auxílio ao médico anualmente, para realizar exames que podem escancarar uma verdade difícil de ser vista. Isso também é uma vantagem, mesmo sabendo que lá no fundo isso é mentira, que todos nós temos medo de adoecer. Muitas vezes uma negação da realidade na qual o paciente está inserido. 
Consideração: A conta chega e as vezes o preço é exorbitante. 


  • Viver em sociedade é prazeroso mas pode ser doloroso. Relações interpessoais podem ser fonte de angústia, raiva, aflição. Quando você se torna obeso, você pode voluntariamente evitar eventos sociais em que terá que relacionar com pessoas que você não tem afinidade. Ou seja, o isolar-se socialmente e com isso reduzir atritos também pode ser uma das vantagens da obesidade. 
Consideração: vale o mesmo que explicamos nas relações amorosas. Problemas nas relações interpessoais existirão sempre, em maior ou menor grau. É assim que evoluimos, é assim que aprendemos a viver em sociedade. 
  • Mas para outros, viver em sociedade é prazeroso e a comida é um dos meios de agrupar pessoas queridas. Ou seja, se uns tiram vantagem ao evitar o contato, outros veem isso como uma forma de socializar. Socializar, confraternizar, comemorar, "resenhar" geralmente envolve comes e bebes. 
Consideração: pode-se comemorar, celebrar a vida, reunir amigos, beber, comer. Mas o prazer principal não pode ser a comida. Estar com familiares, amigos, parceiro(a) pode ser tão prazeroso quanto uma comida apetitosa.


  • Fuga da auto-responsabilidade e de autocuidados. Ter consciência de que está acima do peso e assumir a responsabilidade de parte disso é um ato que demonstra maturidade emocional e até mesmo intelectual. Quando o portador de obesidade se nega a assumir isso, ele traz à tona um lado rebelde, infanto-juvenil, no qual ele se exime de se responsabilizar por parte do problema. Menos peso no ombro, mesmo que isso custe mais peso no corpo.
Consideração: novamente afirmamos que a conta chega e as vezes é alta e vem acompanhada de dor: física e emocional. Com um punhado de culpa (sensação de que poderia ter sido diferente).
  • Ser portador de obesidade, faz com que algumas pessoas se vejam na obrigação de ser legal com as pessoas, boazinhas, engraçadas, inteligentes e mais competente que as demais. Um fato de compensação pois se acha inferior por estar acima do peso. Ser uma pessoa mais legal e querida pela maioria (mesmo que essa maioria seja veladamente preconceituosa) pode ser uma vantagens para alguns. 
Consideração: utilizamos várias máscaras para viver em sociedade. Nada que uma boa psicoterapia não seja capaz de fazer o paciente enxergar as máscaras que ele utiliza para ser aceito.
Entenderam as inúmeras vantagens? O porquê de tanta gente perpetuar o processo ?

Obesidade é muito mais complexo do que se pensa. Não é apenas chegar e cuspir as desvantagens. Muitas vezes precisamos entender o que a pessoa ganha com o excesso de peso. Essas vantagens como citei acima existem e devem ser levadas em conta. Barganhas inconscientes. 

Explicar ao paciente o quanto elas são ilusórias e superficiais. Tais "vantagens" devem ser detectadas e o paciente encaminhado para a psicoterapia. Tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar para que se obtenha êxito. Médico + Nutricionista + Psicólogo + Profissional da educação física. 

Obviamente a lista de desvantagens é infinitamente maior, com eficácia comprovada através de inúmeros estudos publicados nas ultimas 3 décadas, mas isso é assunto para o próximo texto: A dor da obesidade. 

Autor: Frederico Lobo (Médico Nutrólogo)
Revisor: Rodrigo Lamonier e Márcio José de Souza (Nutricionistas e Profissionais da Educação física)

sábado, 12 de agosto de 2023

Perda de peso clinicamente significativa incomum para a maioria dos adultos com sobrepeso: somente 1 em 10 com sobrepeso ou obesidade atinge 5% ou mais de perda de peso a cada ano

A perda de peso clinicamente significativa não era muito comum em adultos americanos com sobrepeso ou obesidade, sugeriu um estudo de coorte.

Em uma amostra de quase 18,5 milhões de adultos ambulatoriais acompanhados por 3 a 14 anos, a probabilidade anual de atingir uma perda de peso clinicamente significativa - definida como 5% ou mais - entre aqueles com sobrepeso e obesidade foi baixa, em apenas um em 10, relatou Lyudmyla Kompaniyets, PhD, do Centro Nacional de Prevenção de Doenças Crônicas e Promoção da Saúde do CDC em Atlanta, e colegas.

Essa probabilidade aumentou com a categoria de índice de massa corporal (IMC) inicial, de uma em 12 pessoas com sobrepeso inicial (uma em 14 homens e uma em 11 mulheres) para uma em seis homens e mulheres com um IMC inicial de 45 ou superior, observaram em JAMA Network Open.

A probabilidade anual ajustada de reduzir o IMC para a categoria de peso saudável foi alcançada em um em 19 indivíduos com sobrepeso e um em 1.667 pessoas com IMC de 45 ou superior.

Essa probabilidade foi maior entre as mulheres do que entre os homens (uma em 1.201 vs uma em 2.870).

Durante o período do estudo, 33,4% das pessoas com sobrepeso e 41,8% das pessoas com obesidade alcançaram uma perda de peso clinicamente significativa, enquanto apenas 23,2% e 2,0% desses adultos reduziram o IMC para a categoria de peso saudável, respectivamente, disseram os autores.

“Dados os benefícios para a saúde da redução de peso clinicamente significativa em qualquer nível de excesso de peso, 5% ou mais de perda de peso pode ser uma meta razoável para os esforços de controle da obesidade”, escreveram eles. “Os médicos e os esforços de saúde pública podem se concentrar em mensagens e encaminhamentos para intervenções que apoiem adultos com excesso de peso a alcançar e manter uma perda de peso clinicamente significativa”.

Kompaniyets e sua equipe notaram que não ficaram necessariamente surpresos ao ver que as mulheres tiveram uma maior incidência de perda de peso em qualquer peso inicial do que os homens, pois isso é consistente com pesquisas anteriores. Não apenas as mulheres tentam perder peso com mais frequência do que os homens, mas a cirurgia metabólica é historicamente muito mais comum em mulheres. Da mesma forma, medicamentos para perda de peso, como os agonistas do receptor GLP-1, tendem a induzir maior perda de peso em mulheres.

No entanto, Kompaniyets e seus colegas apontaram que os dados neste estudo em particular refletem uma "população que procura atendimento médico com sobrepeso ou obesidade, independentemente da intenção de qualquer indivíduo de perder peso" e, portanto, as pessoas que estão tentando ativamente perder peso podem experimentar maior reduções de peso.

Os dados para este estudo vieram do banco de dados de registros médicos eletrônicos ambulatoriais IQVIA e incluíram 18.461.623 pacientes com idades entre 17 e 70 anos (idade média de 54 anos); 56,7% eram mulheres, 72,3% eram brancos e 7,7% eram negros.

Todos os pacientes tinham no mínimo 3 anos de dados de IMC e foram acompanhados de janeiro de 2009 a fevereiro de 2022.

A probabilidade anual de uma perda de peso de 5% ou mais foi ligeiramente menor entre mulheres negras versus mulheres brancas, e ligeiramente maior entre homens negros versus homens brancos após o sobrepeso inicial, mas menor após obesidade grave inicial.

Não havia dados disponíveis sobre fatores que influenciam a perda de peso, como envolvimento em comportamentos intensivos de saúde e intervenções no estilo de vida, nível de atividade física, acesso a alimentos saudáveis ​​ou nutritivos, dieta ou determinantes socioeconômicos da saúde, o que foi uma limitação do estudo, os autores observado. 

Eles também disseram que não conseguiram diferenciar entre perda de peso intencional e não intencional.

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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Razões para a epidemia de obesidade por Dr. Bruno Halpern


Na edição recém publicada de um importante jornal médico da área de obesidade, o "Obesity", há três artigos que tentam colocar sob perspectiva as razões para a epidemia de obesidade. Um fala sobre a alimentação, um foca em exercício, e um foca em razões não óbvias (sono ruim, poluição, termoneutralidade, uso de medicações, parada do cigarro, entre outras, que vou discutir em outra postagem).

Mas gostaria de focar agora no artigo sobre alimentação, não por acaso do Kevin Hall, que acho um dos mais geniais pesquisadores na área de obesidade. Hall discute que, embora adoramos achar culpados únicos (antigamente era a gordura, agora é carboidrato), o real culpado é o excesso de calorias como um todo. Vou fazer um pequeno resumo do artigo dele.

Quem é o culpado?

1 -É a proteína (ou a falta dela)?

Alguns pesquisadores acreditavam que nossa fome tivesse a ver com o quanto de proteína comemos. Se comemos pouca, o organismo continuaria procurando fontes de energia até repor a necessidade básica. Portanto, poderíamos engordar por ter dieta hipoprotéica. Porém, alguns estudos com dieta hipoprotéica não demonstraram um aumento óbvio no consumo. Além do mais, a quantidade de proteína na dieta não diminuiu em paralelo com o aumento da obesidade (figura A).

2 - É a gordura?

Existem sim modelos experimentais sugiram que a gordura possa ser culpada pelo ganho de peso por: 1- ter densidade energética maior (isso é, mais calorias para o mesmo número de gramas que outros nutrientes) 2 - dar muito pouca saciedade 3- gerar menos gasto energético para ser digerida 4- o corpo não ser bom em usar a gordura que comemos como fonte imediata de energia; além do mais, estudos de superalimentação com excesso de gorduras mostra um ganho de peso desproporcional. E epidemiologicamente, o consumo de gorduras aumentou nas últimas décadas (figura B).
Porém, recomendações para reduzir o consumo de gorduras não foram efetivas em reduzir o ganho de peso na população e dietas muito baixas em gorduras não levam a perdas de peso maiores comparadas com outras dietas.

3 - É o carboidrato?

Nos últimos anos, entrou na moda culpar o carboidrato, baseado no modelo "insulina-carboidrato", muito divulgado na mídia pelo jornalista Gary Taubes, principalmente, que sugere que o excesso de carboidratos aumenta a secreção de insulina e que isso leva o excesso calórico a ser armazenado como gordura, enquanto o cérebro não recebe nutrientes e mantém os sinais de fome constantes e reduza o gasto energético.
Esse modelo é facilmente refutado por diversos modelos experimentais supercontrolados em humanos, que não encontram diferenças significativas em perda de massa gorda e gasto energético com dietas com diferentes nívies de carboidratos e secreção de insulina.
Porém, é bastante plausível que o aumento no consumo de carboidratos refinados (como o açúcar) contribua para a epidemia de obesidade, por aumentar o excesso de calorias consumidos.

4- É o excesso de calorias?

Modelos experimentais mostram que, quanto maior a disponibilidade de alimentos em um meio, maior o consumo calórico. A disponibilidade de alimentos nos EUA aumentou de 2 a 3 vezes mais que o suficiente para explicar o ganho de peso da população. Inclusive, esse excesso de disponibilidade é o responsável pelo grande aumento no desperdício alimentar, que também aumentou 50% per capita (figura C - é interessante esse modelo, que mostra que o excesso de disponibilidade aumenta o consumo, mas que este "extravasa" e leva a mais desperdício também).
Fora dos EUA, o aumento da disponibilidade é suficiente também para explicar o ganho de peso populacional, em ao menos 80% das nações.
Portanto, sim, o excesso de calorias é provavelmente o maior responsável pelo aumento da obesidade.

5- É a qualidade da alimentação?

Somente focar nas calorias pode mascarar uma complexidade muito maior referente à alimentação e ganho de peso.
O aumento da disponibilidade de alimentos tem muito a ver com questões econômicas de maximização de matérias-primas baratas (milho, soja) para uma indústria de produtos baratos, convenientes, altamente processados. Esses produtos possuem sal, açúcar, gordura e aditivos feitos para terem propriedades "supernormais", que aumentam o consumo pela palatabilidade.
Ter acesso contínuo a comida em cafés, restaurantes, coffee-breaks, etc, também aumenta o consumo, pela disponibilidade e redução do trabalho de cozinhar em casa.

Portanto, o que essa revisão mostra é que não podemos encontrar um único macronutriente culpado, como muitos gostam de fazer e entender que todo o ambiente que vivemos é muito propenso ao ganho de peso.
Como já disse em outras postagens, não podemos modificar o ambiente em que vivemos, mas podemos modificar nossos ambientes próprios, tendo menor disponibilidade de alimentos pouco saudáveis dentro de casa e evitar que toda atividade de lazer seja vinculada à comida.

Fica uma dica: evitar comer ultraprocessados e alimentos pouco saudáveis no dia-a-dia dão muito mais liberdade e menos culpa para que possamos ter um maior prazer alimentar em momentos que realmente importam (um bom restaurante, uma confraternização, um almoço/jantar de família), etc. Comer bem não significa não ter prazer, muito pelo contrário.

Autor: Dr Bruno Halpern

segunda-feira, 29 de maio de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos] - Efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica no peso corporal, composição corporal, controle glicêmico e aptidão cardiorrespiratória em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2

Efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica no peso corporal, composição corporal, controle glicêmico e aptidão cardiorrespiratória em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2: uma revisão sistemática e meta-análise

Abstrato: Esta revisão sistemática e meta-análise avalia o efeito adicional do exercício à dieta hipocalórica no peso corporal, composição corporal, controle glicêmico e aptidão cardiorrespiratória em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2.

Métodos: Os bancos de dados Embase, Medline, Web of Science e Cochrane Central foram avaliados e 11 estudos foram incluídos. Metanálise de efeitos aleatórios foi realizada no peso corporal e medidas de composição corporal e controle glicêmico, para comparar o efeito da dieta hipocalórica mais exercício com dieta hipocalórica sozinha.

Resultados: As intervenções de exercícios consistiram em caminhada ou corrida, treinamento em cicloergômetro, treinamento de futebol ou treinamento de resistência e a duração variou de 2 a 52 semanas.  O peso corporal e as medidas de composição corporal e controle glicêmico diminuíram durante a intervenção combinada e dieta hipocalórica sozinha. 

Diferença média na mudança de peso corporal (-0,77 kg [IC 95%: -2,03; 0,50]), IMC (-0,34 kg/m2 [IC 95%: -0,73; 0,05]), circunferência da cintura (-1,42 cm [95 % CI: -3,84; 1,00]), massa livre de gordura (-0,18 kg [95% CI: -0,52; 0,17]), massa gorda (-1,61 kg [95% CI: -4,42; 1,19]), glicose em jejum (+0,14 mmol/L [IC de 95%: -0,02; 0,30]), HbA1c (-1 mmol/mol [IC de 95%: -3;1], -0,1% [IC de 95%: -0,2; 0,1]) e HOMA-IR (+0,01 [95% CI: -0,40; 0,42]) não foi estatisticamente diferente entre a intervenção combinada e a dieta hipocalórica sozinha. 

Dois estudos relataram o VO2max e mostraram aumentos significativos com a adição de exercícios à dieta hipocalórica.

Conclusões: Com base em dados limitados, não encontramos efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2 no peso corporal, composição corporal ou controle glicêmico, enquanto a aptidão cardiorrespiratória melhorou.

Declaração de novidade

• O que já é conhecido?

Dieta hipocalórica e exercícios têm benefícios independentes para adultos com diabetes tipo 2.

O que este estudo encontrou?

• O valor agregado do exercício no peso corporal, composição corporal e controle glicêmico parece mínimo em comparação com os efeitos da dieta hipocalórica isoladamente.

• A aptidão cardiorrespiratória melhora com a adição de exercícios à dieta hipocalórica.

Quais são as implicações do estudo?

• A dieta hipocalórica parece ser o principal componente no tratamento do diabetes tipo 2.

• No entanto, pesquisas adicionais com foco no impacto do tipo e intensidade do exercício são necessárias para otimizar o tratamento.

1. INTRODUÇÃO

O diabetes tipo 2 é altamente prevalente, especialmente entre adultos mais velhos com sobrepeso ou obesidade.

Esses adultos têm um alto risco de condições adversas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, doenças renais, câncer, deficiência física e sarcopenia.

Isso pode levar a um ciclo vicioso que piora ainda mais as anormalidades metabólicas.

O controle da obesidade é benéfico no tratamento do diabetes tipo 2 e pode quebrar esse ciclo vicioso. 

Embora a dieta hipocalórica tenha sido reconhecida há muito tempo como a principal estratégia para alcançar a perda de peso e melhorar a homeostase da glicose, as intervenções combinadas no estilo de vida (incluindo dieta hipocalórica e exercícios) estão ganhando mais atenção como uma estratégia eficaz de perda de peso.

Uma dieta hipocalórica pode levar à perda de peso recomendada de ≥5% do peso corporal total e demonstrou reduzir a hemoglobina glicada (HbA1c) e a necessidade de medicamentos para baixar a glicose.

No entanto, a restrição calórica não apenas reduz a massa gorda total, mas também pode levar a uma diminuição significativa na massa corporal magra.

Isso pode resultar em declínio funcional e taxas metabólicas reduzidas, o que complica a perda de peso adicional ou a manutenção do peso.

O exercício tem o potencial de neutralizar a diminuição da massa corporal magra e o declínio funcional. 

A adição de exercícios a uma dieta hipocalórica leva a melhores resultados de condicionamento cardiovascular, força muscular e composição corporal em adultos obesos sem diabetes tipo 2, conforme demonstrado por duas revisões sistemáticas, incluindo uma meta-análise.

Em adultos com diabetes tipo 2, há há evidências substanciais de que o exercício melhora o controle glicêmico.

O exercício, portanto, parece ser um bom complemento para uma dieta hipocalórica em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2. 

A maioria dos estudos nessa população examinou os efeitos combinados da dieta hipocalórica e do exercício ou examinou ambas as intervenções separadamente.

Como consequência, os efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2 ainda não está claro.

Tal conhecimento, incluindo os efeitos do tipo e intensidade do exercício, é importante para poder adequar o tratamento aos objetivos específicos do indivíduo.

Esta revisão sistemática e meta-análise tem como objetivo avaliar os efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica sobre o peso corporal, composição corporal, controle glicêmico e aptidão cardiorrespiratória em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2. 

Em segundo lugar, pretendemos explorar os efeitos adicionais do exercício de resistência versus exercício de resistência e intensidade de exercício alta versus baixa além da dieta hipocalórica nessa população.

4. DISCUSSÃO

Avaliamos os efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica no peso corporal, composição corporal, controle glicêmico e aptidão cardiorrespiratória em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2. 

Com exceção da aptidão cardiorrespiratória, não encontramos benefícios do exercício além da dieta hipocalórica nessa população. 

O peso corporal, a composição corporal e os parâmetros glicêmicos melhoraram independentemente da adição de exercícios em todos os estudos selecionados.

No entanto, o número de estudos incluídos foi limitado e a maioria dos tamanhos de efeito indicou uma direção favorável para a intervenção, incluindo exercícios.

Em nossa meta-análise, a melhora nos resultados foi evidente em todos os estudos, independente da adição de exercícios, e sem diferenças significativas entre a dieta e as intervenções com dieta e exercícios.

Possíveis explicações para a ausência de diferenças significativas podem ser o número limitado de estudos incluídos na meta-análise e a proporção relativamente alta de estudos de pequena escala, levando a uma falta de precisão e poder.

Outra explicação para os benefícios adicionais limitados de exercício para dieta hipocalórica pode ser uma compensação para a atividade física com uma redução na atividade física sem exercício, comprometendo uma diminuição adicional na massa gorda e no peso corporal.

Flack et al. mostraram que o gasto energético do exercício de 3.000 kcal/semana é suficiente para exceder as respostas compensatórias e reduzir a massa gorda em adultos com sobrepeso. 

No entanto, apenas um estudo em nossa meta-análise excedeu esse valor (aproximadamente 6.000 kcal/semana no estudo de Koo et al.), enquanto o gasto energético do exercício foi muito menor nos outros estudos (variando de 440 a 2.200 kcal/semana, aproximadamente).

Os dados sobre o balanço energético negativo realizado não estavam disponíveis.

A duração relativamente curta da intervenção da maioria dos estudos em nossa meta-análise também pode ser vista como uma possível explicação para a ausência de efeitos adicionais do exercício.

Nove dos 11 estudos tiveram durações de intervenção de até 16  semanas, o que pode ter sido muito curto para encontrar diferenças entre os grupos em nossos parâmetros de resultado. 

No entanto, uma categorização de estudos de acordo com a duração do estudo não indica claramente esse impacto (Figuras S11–S14). 

A variedade na ingestão calórica também pode ter confundido nossos resultados, pois é sabido que dietas de muito baixa caloria (VLCD) produzem maior perda de peso do que, por exemplo, dietas de baixa caloria.

O estudo de Snel et al. foi o único estudo que usou VLCD e pareceu ter uma diminuição mais pronunciada na circunferência da cintura (Figura S2) e massa gorda (Figura 4) com a adição de exercícios.

Nossos resultados estão parcialmente de acordo com a meta-análise de Sardeli et al., que não encontraram diferenças significativas na redução do peso corporal e massa gorda entre restrição calórica mais exercício resistido e restrição calórica apenas em idosos com obesidade. 

No entanto, eles mostraram que o exercício resistido pode prevenir a perda de massa corporal magra induzida pela restrição calórica.

Nossa meta-análise incluiu apenas dois estudos envolvendo exercícios resistidos e não pôde confirmar esse achado de Sardeli et al. para indivíduos com diabetes tipo 2. 

Esse resultado parece estar de acordo com a meta-análise de Lee et al., que não mostrou aumento da massa corporal magra após o treinamento de resistência em idosos com diabetes tipo 2.

No entanto, a ingestão de proteínas e o programa de exercícios não foram otimizados para a preservação de massa livre de gordura durante a perda de peso nos estudos incluídos em nossa meta-análise, exceto para o estudo de alta proteína de Wycherley et al. combinando uma dieta rica em proteínas com exercícios de resistência.

Em seu estudo, a composição corporal foi relativamente melhorada no grupo de dieta mais exercícios (de resistência), com maior perda de peso (predominantemente como massa gorda) em comparação com o grupo apenas de dieta, e uma perda semelhante de massa livre de gordura.

Nossa meta-análise sobre massa gorda sugere que a adição de exercícios à dieta hipocalórica pode levar a uma melhor composição corporal por redução adicional da massa gorda. 

No entanto, o intervalo de confiança era amplo e a significância estatística estava ausente, pelas razões discutidas acima. 

Da mesma forma, a adição de exercícios pode levar a uma redução adicional da circunferência da cintura, mas a alta heterogeneidade entre os estudos pode ter contribuído para a ausência de significância estatística.

Em adultos com diabetes tipo 2, há evidências substanciais de que o exercício melhora o controle glicêmico.

Os mecanismos exatos de funcionamento são desconhecidos, mas o exercício induz adaptações benéficas em muitos tecidos, como músculo, fígado, pâncreas, células adiposas e tecido vascular, levando a melhorias no controle glicêmico. 

Notavelmente, a redução na glicemia de jejum tendeu a ser menor quando o exercício foi adicionado à dieta hipocalórica em comparação com a dieta hipocalórica sozinha. 

No entanto, a diferença entre as intervenções é de magnitude limitada. 

Como as reduções na medicação para diabetes podem ser esperadas nos grupos de exercícios para prevenir a hipoglicemia, essas mudanças podem ter influenciado a meta-análise de glicemia de jejum e HbA1c. 

Nove dos 11 estudos relataram mudanças no número ou porcentagem de participantes que tomam medicamentos para diabetes. 

Sete estudos relataram uma redução no uso de medicamentos para diabetes, que ocorreu em ambos os grupos.

Em quatro desses estudos, a redução na medicação para diabetes foi maior no grupo dieta mais exercício, embora não estatisticamente diferente ou não avaliada estatisticamente.

Em um estudo, a medicação para diabetes foi interrompida em ambos os grupos como parte do protocolo do estudo. 

No geral, uma redução hipoteticamente maior na medicação para diabetes no grupo dieta mais exercício poderia explicar a falta de efeito adicional do exercício na redução da glicemia de jejum, embora seja benéfico.

Não encontramos um efeito benéfico do exercício em adição à dieta hipocalórica na HbA1c. 

Isso foi inesperado, considerando os efeitos do próprio exercício no diabetes tipo 2, conforme relatado em meta-análises anteriores. 

A duração limitada das intervenções não parece explicar a ausência de efeito na HbA1c (Figura S14), mas a heterogeneidade nas populações do estudo pode ter contribuído para nosso achado. 

As populações de estudo em Andrews et al. e Hu et al consistiam apenas em adultos com diabetes tipo 2 recém-diagnosticado.

A progressão da doença pode influenciar os desfechos estudados, com reduções maiores na HbA1c observadas em estudos com participantes com diabetes de duração relativamente curta (<6 anos).

Um artigo recente sobre exercícios para o tratamento do diabetes tipo 2 afirmou que as melhorias dependem do tipo e intensidade do exercício. 

Exercício combinado de resistência e endurance maior intensidade de exercício de resistência e treinamento intervalado de alta intensidade podem levar a maiores reduções na HbA1c. 

Nossa análise de subgrupo para intensidade de exercício não pôde confirmar uma diferença estatística na HbA1c entre intensidade de exercício menor e maior. 

No entanto, o exercício pode não ter sido intenso o suficiente. 

A indicação para a eficácia de maior intensidade de exercício também é sugerida pelas associações significativas entre mudança na sensibilidade à insulina e mudança na atividade física nos estudos de Koo et al e Tamura et al.

O impacto do tipo de exercício não pôde ser avaliado em uma análise de subgrupo devido ao número limitado de estudos disponíveis incluindo exercícios resistidos. 

Além disso, esses estudos eram dos mesmos autores e compartilhavam a mesma metodologia, tornando-os até certo ponto dependentes. 

Uma avaliação qualitativa de parcelas de floresta categorizadas de acordo com o tipo de exercício sugere que os efeitos diferenciais do tipo de exercício estão ausentes (Figuras S15–S18). 

No entanto, houve uma ligeira tendência para o efeito adicional do exercício resistido na perda de peso corporal.

Nossa síntese qualitativa indicou que a adição de exercício à dieta hipocalórica aumentou o VO2máx.

O benefício do exercício para a aptidão cardiorrespiratória na obesidade e no diabetes tipo 2 já foi demonstrado, com maior intensidade de exercício levando a um maior aumento no VO2max em adultos com diabetes tipo 2. 

Esse efeito é causado pelo melhor fornecimento de oxigênio devido ao aumento do débito cardíaco e da densidade capilar.

A principal força de nossa revisão sistemática e meta-análise é a aplicação do método Cochrane, garantindo reprodutibilidade e confiabilidade.

Com base em um número limitado de estudos, nosso trabalho indica que a adição de exercícios à dieta hipocalórica em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2 leva à melhora da aptidão cardiorrespiratória, mas não encontramos evidências de benefícios em outros desfechos. 

No entanto, os efeitos negativos do exercício parecem ausentes e os tamanhos de efeito quase exclusivamente indicam uma direção favorável para a intervenção combinada.

Além disso, sabe-se que o exercício é importante para a manutenção da perda de peso em longo prazo.

O potencial efeito benéfico do exercício em adição à dieta hipocalórica na composição corporal e no controle glicêmico ainda precisa ser confirmado em estudos controlados randomizados de longo prazo em larga escala. 

A investigação futura poderá centrar-se no impacto do tipo e intensidade do exercício na composição corporal e no controlo glicémico, de forma a otimizar a componente do exercício no tratamento da diabetes tipo 2.

Em conclusão, não encontramos evidências de efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica em adultos com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2 no peso corporal, composição corporal ou controle glicêmico, enquanto a aptidão cardiorrespiratória melhorou. 

O número limitado de estudos, a redução da medicação antidiabética e o potencial comportamento compensatório para o gasto energético do exercício podem explicar a ausência de efeitos adicionais do exercício à dieta hipocalórica nesta meta-análise.

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sexta-feira, 23 de junho de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos] - Agonista Oral Diário do Receptor GLP-1 Orforglipron para Adultos portadores de Obesidade

A obesidade é um importante fator de risco para muitas das principais causas de doença e morte em todo o mundo. 

São necessários dados sobre a eficácia e segurança do agonista do receptor não peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) orforglipron como uma terapia oral uma vez ao dia para redução de peso em adultos com obesidade.

MÉTODOS

Neste estudo duplo-cego randomizado de fase 2, incluímos adultos com obesidade ou com sobrepeso mais pelo menos uma condição coexistente relacionada ao peso e sem diabetes. 

Os participantes foram aleatoriamente designados para receber orforglipron em uma das quatro doses (12, 24, 36 ou 45 mg) ou placebo uma vez ao dia por 36 semanas.

A alteração percentual da linha de base no peso corporal foi avaliada na semana 26 (ponto final primário) e na semana 36 (ponto final secundário).

RESULTADOS

Um total de 272 participantes foram randomizados. No início do estudo, o peso corporal médio era de 108,7 kg e o índice de massa corporal médio (o peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em metros) era de 37,9. 

Na semana 26, a alteração média desde a linha de base no peso corporal variou de -8,6% a -12,6% nas coortes de dose de orforglipron e foi de -2,0% no grupo placebo. 

Na semana 36, ​​a variação média variou de -9,4% a -14,7% com orforglipron e foi de -2,3% com placebo.

Uma redução de peso de pelo menos 10% na semana 36 ocorreu em 46 a 75% dos participantes que receberam orforglipron, em comparação com 9% que receberam placebo. 

O uso de orforglipron levou à melhora em todas as medidas pré-especificadas relacionadas ao peso e cardiometabólicas. 

Os eventos adversos mais comuns relatados com orforglipron foram eventos gastrointestinais, que foram leves a moderados, ocorreram principalmente durante o aumento da dose e levaram à descontinuação de orforglipron em 10 a 17% dos participantes em coortes de dose. 

O perfil de segurança do orforglipron foi consistente com o da classe de agonistas do receptor GLP-1.

CONCLUSÕES

Orforglipron oral diário, um agonista não peptídico do receptor GLP-1, foi associado à redução de peso.

Os eventos adversos relatados com orforglipron foram semelhantes aos dos agonistas injetáveis ​​dos receptores GLP-1. (Financiado por Eli Lilly; GZGI ClinicalTrials).

Introdução

A obesidade é uma condição crônica que impõe um fardo substancial aos pacientes, aos sistemas de saúde e à economia em geral, afetando mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.

As diretrizes clínicas agora recomendam o tratamento com medicamentos para controle de peso para pessoas com obesidade e para aquelas com sobrepeso e condições coexistentes relacionadas ao peso.

Os agonistas do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) estão sendo cada vez mais usados ​​como um componente do tratamento da obesidade.

Os agonistas do receptor GLP-1 mimetizam o hormônio incretina GLP-1, que promove a redução de peso por diminuir o apetite e retardar o esvaziamento gástrico, levando a uma melhora no balanço energético. 

Ensaios de agonistas injetáveis ​​do receptor GLP-1 para controle de peso mostraram eficácia a longo prazo.

Apenas dois agonistas do receptor GLP-1 foram aprovados para controle de peso: liraglutida (3,0 mg uma vez ao dia) e semaglutida (2,4 mg uma vez por semana), ambos peptídeos em formulações injetáveis. 

Embora esses tratamentos sejam eficazes, a injeção tem sido associada a barreiras à aceitação e aceitabilidade pelos pacientes.

Uma formulação oral de semaglutida que usa um intensificador de absorção para permitir a absorção no estômago foi aprovada para o tratamento do diabetes tipo 2. 

Esta formulação oral uma vez ao dia é eficaz apenas quando tomada 30 minutos antes do café da manhã, e a dose aprovada (14 mg) é menos eficaz para redução de peso do que a dose aprovada de semaglutida injetável.

Doses mais altas de semaglutida oral (25 e 50 mg) estão em desenvolvimento para o tratamento da obesidade e diabetes tipo 2. 

Há uma necessidade de opções de tratamento oral que sejam fáceis de usar e tenham eficácia na redução de peso semelhante à dos agonistas injetáveis ​​do receptor de GLP-1 aprovados e atualmente disponíveis.

Orforglipron é um agonista do receptor GLP-1 não peptídico oral uma vez ao dia que está em desenvolvimento para controle de peso e tratamento de diabetes tipo 2.

O orforglipron é um potente agonista parcial do receptor GLP-1 que tem um efeito maior na sinalização do AMP cíclico (cAMP) do que no recrutamento de β-arrestina - um perfil farmacológico que pode oferecer menor dessensibilização do receptor do que os agonistas totais do receptor GLP-1. 

O perfil farmacocinético do orforglipron, com meia-vida de 29 a 49 horas, suporta a administração oral uma vez ao dia. 

Neste estudo, avaliamos a eficácia e segurança de orforglipron em adultos com obesidade ou com sobrepeso mais pelo menos uma condição coexistente relacionada ao peso e sem diabetes.

Discussão

Neste estudo de fase 2, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo de orforglipron, os participantes em todas as coortes de dose (12, 24, 36 e 45 mg) tiveram uma diminuição maior desde a linha de base no peso corporal do que aqueles no grupo placebo, tanto em 26 semanas (ponto final primário) quanto em 36 semanas (ponto final secundário).

As reduções no IMC e na circunferência da cintura também foram maiores com orforglipron do que com placebo. 

O orforglipron foi associado à eficácia na redução de peso e à segurança semelhante à dos agonistas dos receptores GLP-1 injetáveis ​​que foram aprovados para o controle do peso.

Dadas as opções de tratamento atualmente disponíveis para controle de peso, há uma necessidade não atendida de uma terapia oral baseada em incretina com eficácia semelhante à dos agonistas injetáveis ​​do receptor GLP-1. 

Essa terapia tem o potencial de aumentar a aceitação do tratamento, adesão ao tratamento, facilidade de uso e uso persistente.

A liraglutida (3,0 mg uma vez ao dia) e a semaglutida (2,4 mg uma vez por semana) são os únicos agonistas do receptor GLP-1 aprovados para controle de peso; ambos são injetáveis ​​à base de peptídeos.

Os estudos de fase 3 de liraglutida (estudo SCALE) e semaglutida (o estudo STEP 1) mostraram redução significativa de peso em 56 semanas e 68 semanas, respectivamente, com uma redução média de 9,2% com liraglutida e 16,9% com semaglutida.

Este estudo de fase 2 de orforglipron mostrou redução de peso variando de 8,6% a 12,6% em 26 semanas e variando de 9,4% a 14,7% em 36 semanas.

A semaglutida (3, 7 ou 14 mg uma vez ao dia) com o intensificador de permeação salcaprozato sódico (SNAC) é o único agonista do receptor oral de GLP-1 disponível e foi aprovado para o tratamento do diabetes tipo 2, mas não para controle de peso. 

Para absorção suficiente, este medicamento deve ser tomado pelo menos 30 minutos antes da primeira ingestão de alimentos, bebidas ou outros medicamentos orais do dia e com não mais de 30 ml de água pura. 

No estudo PIONEER 1, o uso da dose mais alta de semaglutida oral (14 mg) levou a uma redução de peso de 2,3 kg após 26 semanas em pacientes com diabetes tipo 2.

Doses mais altas de semaglutida oral (25 e 50 mg) estão na fase 3 de desenvolvimento para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade. 

Um comunicado de imprensa recente relatou que o uso de semaglutida oral levou à perda de peso semelhante à observada com semaglutida injetável entre pacientes com obesidade (no estudo STEP 1), com eventos adversos gastrointestinais semelhantes aos observados com a classe do agonista do receptor GLP-1 injetável; no entanto, as doses mais altas ainda requerem restrições estritas de alimentos e água e um intensificador de absorção. 

Danuglipron, um agonista oral do receptor de GLP-1 de pequena molécula, também está em desenvolvimento e foi associado a poucos eventos adversos em estudos de fase 1 e fase 2 envolvendo pacientes com diabetes tipo 2.

Para o orforglipron, o mecanismo de ativação do receptor GLP-1 pode contribuir para a eficácia do medicamento. 

A ação do orforglipron no receptor GLP-1 produz sinalização de cAMP semelhante à produzida pelo GLP-1 nativo, mas leva a baixa ativação da via β-arrestina, que regula a internalização do receptor. 

Este efeito de sinalização tendencioso também é uma característica da ação da tirzepatida no receptor GLP-1, e a tirzepatida demonstrou eficácia potente na redução da glicose e na redução de peso nos ensaios SURPASS e SURMOUNT.

Neste ensaio, o orforglipron produziu redução de peso em todas as doses avaliadas. 

Uma redução de peso de pelo menos 10% em 26 semanas ocorreu em até 71% dos participantes que receberam orforglipron. 

Apesar do período experimental relativamente curto, a perda de peso observada neste estudo foi semelhante à observada com agonistas injetáveis ​​do receptor GLP-1 que foram aprovados para controle de peso. 

Além disso, a perda de peso ainda não havia estabilizado em 36 semanas, o que sugere a possibilidade de perda de peso adicional com tratamento mais longo.

A magnitude da perda de peso observada neste estudo atende à meta atualmente recomendada para redução de peso, que deve resultar em melhora em muitas condições coexistentes associadas à obesidade. 

Mais estudos são necessários para estabelecer se os benefícios para a saúde observados com os agonistas injetáveis ​​dos receptores GLP-1 são compartilhados pelo orforglipron.

O perfil de segurança do orforglipron foi consistente com o da classe dos agonistas do receptor GLP-1 nos estudos de fase 2. 

Os eventos adversos mais comuns relatados com orforglipron foram eventos gastrointestinais leves a moderados. 

A coorte de dose de 24 mg teve a maior incidência de eventos gastrointestinais, possivelmente por causa da dose inicial mais alta (3 mg por 2 semanas) seguida pelo escalonamento rápido da dose (semanal) até atingir a dose de manutenção. 

Nesta coorte de dose, a incidência de náuseas e vômitos foi maior nas primeiras 2 semanas e depois diminuiu.

Embora os eventos gastrointestinais tenham ocorrido com incidência maior do que o desejado, eles nos permitiram encontrar as doses mais eficazes. 

O padrão de eventos gastrointestinais foi informativo, assim como a incidência (para náusea, 37 a 58% com orforglipron e 10% com placebo; para vômito, 14 a 32% com orforglipron e 6% com placebo). 

Esses achados sugerem que doses iniciais mais baixas e escalonamento de dose mais lento são indicados para reduzir eventos gastrointestinais e atingir a dose alvo; este é o conceito usado para agonistas injetáveis ​​do receptor GLP-1. 

No entanto, mesmo as doses de manutenção mais baixas avaliadas de orforglipron tiveram benefícios clinicamente relevantes em relação à redução de peso. 

Ajustes na dose inicial e no esquema de escalonamento de dose no programa de fase 3 estão planejados para a possível redução de eventos gastrointestinais.

Semelhante a outros agonistas do receptor de GLP-1, o orforglipron produziu melhorias na pressão sanguínea e nos níveis de lipídios circulantes. 

Quando anormais, esses níveis são fatores de risco cardiovascular, portanto, tais melhorias podem levar a benefícios cardiovasculares, que foram observados com a classe de agonistas do receptor GLP-1. 

Se esses efeitos de classe são compartilhados por orforglipron ainda precisa ser investigado. 

Orforglipron foi associado a aumentos de pulso consistentes, em magnitude e duração, com aqueles observados com outros agonistas do receptor GLP-1. 

Os aumentos do pulso resultaram no escrutínio dos agentes da classe, mas vários ensaios desses agentes que avaliaram os resultados cardiovasculares mostraram um benefício líquido geral, o que atenua as preocupações com relação aos efeitos a longo prazo desses aumentos do pulso.

As limitações deste estudo estão relacionadas às características do projeto de um estudo de fase 2, ou seja, o número relativamente pequeno de pessoas em cada grupo de estudo e a população de estudo homogênea, que foi incluída em apenas três países e incluiu uma alta porcentagem de mulheres e participantes brancos. 

Esses recursos podem limitar a generalização. Eventos gastrointestinais ocorreram com uma incidência maior do que o desejado devido à necessidade de exploração de esquemas alternativos de escalonamento de dose. 

Os pontos fortes deste estudo incluem o design randomizado, duplo-cego e controlado por placebo; a exploração do intervalo de dose; e os bons níveis de adesão e retenção dos participantes.

O orforglipron oral diário foi associado à redução de peso e benefícios relacionados que pareciam ser semelhantes aos resultados de eficácia observados com agonistas injetáveis ​​do receptor de GLP-1 que já foram aprovados para controle de peso.

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By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
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