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sábado, 15 de novembro de 2014

Leite, faz bem ou faz mal ?


No dia 28 de outubro de 2014, foi publicado na revista médica #BMJ um estudo sueco com resultado no mínimo muito interessante.

Durante um período mediano de 13 anos, foram acompanhados cerca de 45 mil homens, e durante um período mediano de 22 anos, foram acompanhadas cerca de 61 mil mulheres. Através de recordatórios alimentares, os pesquisadores puderam estimar o consumo diário de #leite e de outros derivados lácteos. Os dados foram ajustados para diversas variáveis como idade, fumo, composição corporal e atividade física.

Os pesquisadores verificaram que beber 3 ou mais copos de leite (desnatado ou integral) por dia quando comparado a beber menos de 1 copo aumenta o risco de #morte em 93% em mulheres e 10% em homens!

Além disso, as mulheres que mais consumiram leite tiveram aumento no risco de fraturas de quadril e em qualquer #osso.

QUANDO iogurte e queijos foram avaliados, o risco aumentado de morte e fraturas NÃO SE CONFIRMOU. Segundo os pesquisadores, um possível culpado seria a D-galactose, que, em estudos com animais, foi associada a envelhecimento precoce.

Contudo, antes que você queira tirar o leite da alimentação, o desenho do estudo sugere, mas não é capaz de confirmar com certeza absoluta que o leite faz mal.

Os próprios pesquisadores sugerem que mais estudos sejam feitos para confirmação dos dados. No nosso meio, onde são comuns as fraudes no leite, não custa, por via das dúvidas, aumentar o consumo de queijos brancos e iogurtes magros. Garantem-se assim os benefícios do cálcio para a saúde óssea e dos probióticos para a saúde intestinal.

via @drmateusendocrino

Artigo: KARL, M et al. Milk intake and risk of mortality and fractures in women and men: cohort studies, BMJ, 2014; 349:g6015.

Link para o artigo: http://www.bmj.com/content/349/bmj.g6015

Dicas do Dr. Frederico Lobo

Dica 1: NÃO RETIRE LATICÍNIOS da sua dieta se vc não tem alergia à proteína do leite de vaca.

Dica 2: Se você tem intolerância à lactose há no mercado a enzima (lactase) para ser utilizada quando for consumir. Médicos  podem prescrever. Há também no mercado inúmeros produtos sem lactose. Lembrando que queijos, iogurtes e coalhadas possuem pouca lactose e tendem a causar menos sintomas gastrintestinais.

Dica 3: Oriento meus pacientes a utilizarem 3 vezes por semana coalhada antes de deitar, já que ela fornece múltiplas cepas de probióticos vivos e não-estéreis. Auxiliando na saúde intestinal.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Misturar whey com leite reduz os seus benefícios ?

Muitas pessoas afirmam, ERRONEAMENTE, que misturar o Whey Protein (WP) com leite reduz os seus benefícios e que isso seria um desperdício de dinheiro. Normalmente, a justificativa dessa afirmação é: "você paga caro em um produto que é industrialmente separado do soro do leite e acaba misturando novamente...".

No entanto, os benefícios e o intuito do WP não tem NADA a ver com ele estar ou não estar acompanhado do leite. Tomar leite com WP, com água ou com qualquer outro líquido NÃO o torna mais ou menos benéfico à sua saúde. Trata-se apenas de um suplemento alimentar que é utilizado como complemento e com o intuito de FACILITAR a vida daqueles pacientes que não conseguem atingir a meta de proteínas diária através da alimentação.

O WP se torna uma opção interessante pelo fato de apresentar uma grande quantidade de proteínas em uma porção pequena de produto, além de ser transportado facilmente para qualquer lugar. Por exemplo, se você fosse ingerir 30g de proteínas através do leite líquido, teria de beber cerca de 1 litro de uma vez só, sem contar que a densidade calórica seria bem maior pela presença de maiores quantidades de lactose.

Então, se prescrito pelo Nutricionista, tome seu WP da forma que preferir! Eu mesmo acho que o sabor fica bem melhor com leite e ainda mais nutritivo (pelos nutrientes a mais presentes no leite).

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 10 de março de 2016

Alergia à lactose ?!?!?!? Isso non existe !!!!!

Eu sinto um profundo frio na espinha ao ouvir o termo acima.

E queria explicar a vocês, de uma vez por todas essa confusão, esperando ouvir cada vez menos que seu filho foi diagnosticado com essa doença, simplesmente porque ela, como diria o Pe Quevedo, non existe!

Alergia Alimentar - é uma reação imunológica exarcebada à uma PROTEÍNA, proveniente de alimentos.

Lactose - é o principal AÇÚCAR do leite, portanto é um CARBOIDRATO.

Portanto, não existe ALERGIA À LACTOSE!

Estou me sentido um professor de filosofia e suas lições de lógica, irrefutáveis.

Mas como estou longe de ser professor, filósofo ou de entender a lógica, vou explicar com um pouco mais de cuidado, a origem dessa confusão.

Existem DUAS doenças:

Alergia à proteína do leite de vaca

- ocorre quando o indivíduo tem sintomas gastrointestinais, de pele ou respiratórios, após a ingestão de QUALQUER quantidade de leite ou produtos que o contenha.

-pode se manifestar com sintomas bastante agudos, minutos após a exposição, como por exemplo a urticária, vômitos, dor abdominal ou uma crise de chiado e tosse.

- também pode se manifestar de forma tardia, como o sangramento nas fezes de bebês e na forma mista, como a dermatite atópica, com lesões irritadas e pruriginosas na pele.

Retira-se o leite da dieta, seja da mãe, em caso de bebê em aleitamento materno exclusivo, seja do próprio bebê, em caso de uso de fórmula e o problema se resolve. E no caso de bebês em uso de fórmula, prescreve-se uma fórmula apropriada para a situação.

Intolerância à lactose

- ocorre quando não há absorção adequada do açúcar do leite, que vocês já sabem que se chama LACTOSE, no intestino. Para que isso ocorra, é necessária uma enzima chamada LACTASE, que "quebra" a lactose em glicose e galactose e esta é absorvida para a corrente sanguínea.

- se o indivíduo, por algum motivo, tem pouca (mais comum) ou nenhuma enzima (raríssimo), a lactose se acumula no interior do intestino, é fermentada pelas bactérias e surgem os sintomas de gases, cólicas abdominais e diarréia ácida no indivíduo.

Solução: consumir produtos com baixa quantidade de lactose ou adicionar a enzima LACTASE na alimentação. Nesse caso, pode-se ter laticínios e leite na alimentação a depender da tolerância individual e com a devida orientação do nutrólogo/pediatra E nutricionista.

- Ah, Dr Flávio, meu filho tem os DOIS problemas!

Infelizmente isso pode acontecer, principalmente quando por uma dieta inadequada, um portador de Alergia à proteína do leite de vaca, desenvolve uma inflamação intestinal decorrente do problema e compromete a mucosa intesntinal e consequentemente a quantidade de lactase disponível. Mas não é comum!

Solução: uso de uma fórmula apropriada para APLV sem lactose.

Tem outra coisa que queria que vocês soubessem: após uma infecção intestinal, que pode causar uma inflamação significativa do intestino, o indivíduo também pode desenvolver por algum tempo uma intolerância à lactose, que chamamos de SECUNDÁRIA. Mas nesse caso, entre 15 a 30 dias, com a recuperação da mucosa intestinal, a lactase volta aos níves normais e tudo se normaliza.

Solução: retirar/diminuir a lactose da dieta por um prazo de 15 a 30 dias.

Enfim, deu para entender porque não existe ALERGIA À LACTOSE?

Quando alguém disser que o problema do seu filho é esse, peça desculpas e diga que isso não existe!

Dúvidas?

Perguntem nos comentários.

Compartilhem à vontade!

Autor: Flávio Melo - Médico Pediatra - CRM-PB 5239/RQE 3065 - https://www.facebook.com/flaviopediatra/

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano

"Nos últimos anos, uma preocupante tendência tem se evidenciado na população brasileira: a redução do consumo de leite de vaca associada à dúvidas sobre os benefícios para a saúde desse importante alimento. 

Essa mudança de comportamento é motivo de atenção, uma vez que o leite é reconhecido por seu valor nutricional, sendo considerado uma fonte de nutrientes que podem auxiliar na composição de uma alimentação balanceada e no crescimento saudável. 

Sabemos que muitas informações divergentes circulam sobre o leite, especialmente nas redes sociais, gerando dúvidas para consumidores e até mesmo profissionais da saúde.

Dada a relevância do tema nos dias atuais e os aspectos nutricionais envolvidos no consumo do leite de vaca, e atendendo a uma solicitação de esclarecimentos feita pela Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV) a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) concordaram em buscar esclarecimentos sobre o tema, que estão apresentados sob a forma do presente consenso, auxiliando no esclarecimento das principais dúvidas existentes sobre o assunto com base em evidências científicas robustas e atuais, trazendo uma análise crítica dos estudos disponíveis no formato de perguntas e respostas. 

Vale destacar que o leite materno deve ser oferecido de forma exclusiva para o bebê até o sexto mês de vida e, de forma complementada, até dois anos ou mais. 

As informações a seguir referem-se ao consumo de leite para crianças a partir de um ano de idade (na impossibilidade  do aleitamento materno)2,3, adolescentes, adultos e idosos"

Fonte e link para acessar o Consenso: https://abran.org.br/media/files/abran_consenso_leite.pdf

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Introdução Alimentar na primeira infância: Quando começar a dar os alimentos alergênicos


Tenho vários sobrinhos/afilhados e parece que todos resolveram nascer de 5 anos para cá. Sendo assim, vocês já podem imaginar o tanto que as mamães da minha família me pedem orientações sobre alimentação pré-natal, durante a gestação, na amamentação e posteriormente durante os 2 primeiros anos de vida. 

Se você ainda não leu o texto sobre alimentação Na gestação e na amamentação, bastar digitar amamentação na busca aqui do blog.

A introdução de alimentos sólidos à dieta infantil é a fase de transição entre a alimentação exclusivamente láctea e a dieta da família.

Primeira coisa que a mamãe tem que ter em mente é: Será que esse alimento ou essa combinação de alimentos atenderá às necessidades de desenvolvimento da criança. Terá uma boa densidade nutricional, englobando todos os grupos de alimentos? E as alergias alimentares? São inúmeras as perguntas. 

Vamos então a algumas regras básicas: 

1 - Evitar dar suco antes de 1 ano de idade
  • Recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria – Brasil: Os sucos naturais devem ser evitados, mas se forem administrados que sejam dados no copo, de preferência após as refeições principais, e não em substituição a estas, em dose máxima de 100 mL/dia, com a finalidade de melhorar a absorção do ferro não heme presente nos alimentos como feijão e folhas verde-escuras.
  • Recomendação da Academia Americana de Pediatria – EUA: Sucos não oferecem benefícios nutricionais para crianças menores de 6 meses e não devem ser oferecidos para as mesmas. A fruta in natura deve ser oferecida em preferência ao suco. Sucos não oferecem nenhum benefício maior do que a fruta in natura para crianças maiores de 6 meses. Suco de fruta 100% natural pode ser parte de uma dieta saudável quando consumido como parte de uma dieta balanceada. Sucos de fruta artificiais ou de “caixinha” não são equivalentes ao suco de fruta natural e não são recomendados. Sucos não devem ser dados em mamadeiras, ou em recipientes de fácil transporte, de forma a estimular a sua ingesta ao longo do dia todo (o objetivo não é esse!). Não oferecer sucos na hora de dormir. Sucos não são apropriados para o tratamento de desidratação e diarreia. Consumo excessivo de sucos pode estar associado com diarréia, flatulência, distensão abdominal e cárie dentária, além de subnutrição. Sucos não pasteurizados podem conter bactérias (Escherichia coli, Salmonella e Cryptosporidium), responsáveis por doenças. A ingesta de suco deve ser limitada a 120 a 180ml por dia em crianças de 1 a 6 anos, e para crianças de 7 a 18 anos, de 200 a 350 ml, ou 2 copos por dia. Em crianças consideradas malnutridas, com diarreia crônica, flatulência excessiva, dor abdominal e má digestão o pediatra deve avaliar a criança e determinar a quantidade de suco consumida. A cárie dentária pode estar diretamente relacionada com a quantidade de suco ingerida, sem os cuidados necessários.
  • Recomendação da Health Canada – Canadá: Não recomenda sucos no primeiro ano. Depois de 1 ano, orientam dar suco de forma limitada e não oferecer bebida adoçadas. Se a criança estiver com sede, ofereça água a ela.
  • Recomendação do National Health and Medical Research Council – Austrália: Sucos são desnecessários e não se recomenda para crianças menores de 1 ano de idade. Bebidas adoçadas estão associadas com cáries dentárias. Chás e outras bebidas não tem benefícios conhecidos para a criança e podem ser potencialmente perigosos.
  • Recomendação do National Health Service (NHS) – Reino Unido:  Bebês abaixo de 6 meses não devem receber sucos de fruta. Sucos de fruta diluídos (uma parte de suco para 10 partes de água) podem ser oferecidos à criança com as refeições após os 6 meses. Gente eu coloquei isso aqui, mas por favor, não entendam mal! Não é para dar suco diluído como forma de refeição ou porção de frutas, seria mais como uma “água com gostinho” com o objetivo de hidratar (quando for dar água pode ser dessa forma…). Dica: dar água diluída com suco de fruta natural e frutas sempre in natura! Sucos in natura podem ser dados após as refeições para reduzir o risco de cárie, em pequena quantidade.

Excesso de suco pode levar a anemia e malnutrição (com excesso de açúcares e falta de outros nutrientes, como proteínas, carboidratos e vitaminas). Nessa situação imagine aquele bebê que se adapta perfeitamente ao suco, e acaba ficando “preguiçoso” para mastigar e comer outro alimento sólido, substituindo suco pelas refeições do dia. Nesse caso, o bebê pode ter dificuldade de ganhar peso, e ter falta de vários nutrientes importantes.

O excesso de suco pode danificar o esmalte do dente, levando a cárie dentária, principalmente quando oferecida na mamadeira.

2 - Não dar açúcar ou alimentos com açúcar antes dos 2 anos de idade.

Nos dois primeiros anos de vida, frutas e bebidas não devem ser adoçadas com nenhum tipo de açúcar: branco, mascavo, cristal, demerara, açúcar de coco, xarope de milho, mel, melado ou rapadura. Também não devem ser oferecidas preparações que tenham açúcar como ingrediente, como bolos, biscoitos, doces, geléias. 
O consumo precoce de açúcar aumenta a chance de ganho de peso excessivo na infância e consequentemente o desenvolvimento de obesidade na fase adulta. Além disso o açúcar pode provocar placa bacteriana nos dentes e cárie. Como a criança já tem preferência pelo sabor doce desde o nascimento, se ela for acostumada com preparações açucaradas, poderá ter dificuldades em aceitar vegetais, legumes e outros alimentos saudáveis. Essa é a recomendação do Ministério da Saúde (2019) através do Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos, disponibilizado gratuitamente na internet.

3 - Não dar Leite de vaca integral (LVI) antes de 1 ano. Nem em preparações. Inúmeros são os fatores:

  • LVI associado ao aparecimento da anemia ferropriva (anemia por deficiência de ferro). Além do baixo teor, o ferro do leite de vaca não é bem absorvido pelo organismo de lactente. Outro fator agravante que contribui o aumento do risco de deficiência de ferro e anemia no 1º ano de vida é o fato de que o consumo de leite de vaca está associado à perda de sangue pelas fezes de uma maneira despercebida pelas mães e cuidadores. Tal evento cessa após a criança completar 1 ano, idade esta em que o trato gastrointestinal já está mais desenvolvido.
  • A ingestão de LVI antes de ano, tem sido relacionado a uma predisposição ao aparecimento da alergia a proteína do leite de vaca, uma condição que afeta de 0,4% a 7,5% das crianças de 0 a 2 ano de idade. Além disso, a exposição precoce da criança ao LVI aumenta o risco não somente de reações adversas a este leite, como também de alergias a outros alimentos.
  • Risco de desenvolver uma sobrecarga renal. Apesar das funções metabólicas e excretoras do lactente normal acima de 6 meses de idade estarem mais maduras e, na maioria das vezes, suportarem bem essa sobrecarga, a margem de segurança continua sendo maior quando o alimento é o leite materno ou algum fórmula modificada.
  • Risco de deficiência de cobre, zinco, vitamina A, C, E e ácido fólico e gorduras essenciais (ômega 3 e ômega 6) principalmente quando se utiliza o LVI muito diluído, prática geralmente observada. A deficiência de algumas vitaminas pode ser ainda agravada pelo processamento térmico do leite.

Portanto, com todas as evidências, não é recomendada a utilização do leite de vaca integral na alimentação da criança durante o primeiro na de vida. Contudo, essa realidade nem sempre é possível, visto que o poder aquisitivo da maioria da população brasileira é baixo.

E como fica alimentação após 6 meses de vida?

O preconizado é que, a partir dos 6 meses, a criança inicie com duas papas de frutas ao dia e uma papa salgada. A

 partir do 7º mês, acrescenta-se a segunda papa salgada, ficando então a criança com quatro refeições complementares (além do leite materno).

Alergênicos

No final da década de 90 a introdução alimentar era realizada de forma mais gradativa. Sendo assim, postergava-se a introdução de alimentos alergênicos, como ovo e glúten, em crianças predispostas para após os 10 meses. 

Na atualidade, recomenda-se que se inicie com todos os alimentos de forma gradual, porém com a introdução já no 6º mês de carne vermelha, peixe, frango e ovo. 

Tal recomendação visa a reduzir as alergias alimentares, promovendo uma adaptação imunológica precoce, num período fundamental da formação da flora gastrointestinal.

Em 2010 foi publicado um estudo em Israel. Este concluiu que a introdução precoce de leite de vaca por meio de fórmulas infantis, associada ao aleitamento materno, reduziria as taxas de alergia ao leite de vaca IgE mediada. 

Mais recentemente, um ensaio clínico com a introdução de alimentos contendo amendoim em pequena quantidade concluiu que tal conduta poderia reduzir o risco de alergias a este alimento em crianças predispostas. 

E, assim, alguns estudos vêm sendo publicados discutindo a introdução precoce de alimentos alergênicos — entre 4 e 6 meses — e seu papel na redução das taxas de alergias alimentares 

Com relação ao glúten, uma revisão de 2016 das recomendações da European Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) concluiu que esse alimento pode ser introduzido entre 4 e 12 meses de idade para todas as crianças, independentemente de estarem ou não em aleitamento materno (o aleitamento materno não se mostrou um fator protetor contra a doença celíaca, tanto isolado quanto concomitante à introdução do glúten nesse período etário).

O risco de desenvolvimento de autoimunidade para doença celíaca (definida como sorologia positiva) e de doença celíaca foi maior apenas naqueles pacientes com risco de seu desenvolvimento (com ao menos um dos alelos de risco). Recomenda-se que a criança não receba grandes quantidades de glúten no início de sua introdução. Eu recomento na minha família que se utilize um pouco de farinha integral em alguma preparação e exponha a criança apenas uma vez na semana, até completar 1 ano.

Em revisão sistemática publicada em 2016, concluiu-se que a introdução precoce (4 a 6 meses) de amendoim e ovo reduziu o risco de alergia a estes alimentos. Também concluiu que a introdução precoce destes alimentos não aumentou o risco de outras alergias alimentares 

Outra revisão, pulicada em 2017, mostrou que a introdução de alimentos alergênicos deve ser realizada entre 4 a 6 meses, mas nunca antes disso. Ainda outro estudo coloca que a introdução precoce (aos 4 meses) não reduziu o tempo de aleitamento materno total. 

Um grande estudo realizado com crianças europeias avaliou a influência da introdução de sólidos em sobrepeso e obesidade. A conclusão foi a de que a introdução tardia de alimentos sólidos — após os 7 meses — está associada ao sobrepeso e à obesidade, enquanto que a introdução de sólidos entre 4 e 6 meses, concomitante ao aleitamento materno, mostrou redução do risco destas doenças. 

Percebe-se pelas últimas publicações que ainda não há um consenso a respeito de todos os elementos da introdução alimentar infantil. E ainda são necessários mais estudos para se poder determinar exatamente as condutas a serem tomadas. No entanto, a partir de todos esses dados, algumas conclusões ponderadas podem ser feitas. 

  • O aleitamento materno deve ser incentivado e mantido de forma exclusiva até os 6 meses de vida da criança. Há, inegavelmente, benefícios nesta prática, tanto nutricionalmente como imunologicamente. 
  • A introdução de alimentação complementar não deve ser posterior aos 7 meses de vida. Estudos mostram que a introdução tardia de sólidos está associada a maiores taxas de obesidade e sobrepeso.
  • A introdução de alimentos alergênicos (ovo, peixe, amendoim) deve ser realizada entre os 4 e 11 meses de vida, independentemente do histórico familiar de alergia alimentar. Tal conduta diminui o risco de alergia a estes alimentos.
  • O glúten deve ser introduzido entre os 4 e 11 meses de vida, independentemente do histórico familiar, mas não em grandes quantidades. A introdução concomitante ao aleitamento materno não mostrou efeito protetor quando comparada com a introdução precoce isolada.
  • Não há evidências para indicar o uso de fórmulas infantis concomitante ao aleitamento materno como forma de prevenir alergia à proteína do leite de vaca.
  • A introdução alimentar deve ser individualizada, respeitando as necessidades de cada criança. O aleitamento materno deve ser incentivado de forma exclusiva até o sexto mês e complementar até os 24 meses, pelo menos.

Bibliografia

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  • West C. Introduction of Complementary Foods to Infants. Ann Nutr Metab. 2017;70(2):47–54.
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  • Venter C, Maslin K, Dean T, Arshad SH. Does concurrent breastfeeding alongside the introduction of solid food prevent the development of food allergy? J Nutr Sci [Internet]. 2016;5:e40. Available from: http://www.journals.cambridge.org/abstract_S2048679016000318
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  • Abrams EM, Greenhawt M, Fleischer DM, Chan ES. Early Solid Food Introduction: Role in Food Allergy Prevention and Implications for Breastfeeding. J Pediatr. Elsevier Inc.; 2017;184:13–8.
  • Papoutsou S, Savva SC, Hunsberger M, Jilani H, Michels N, Ahrens W, et al. Timing of solid food introduction and association with later childhood overweight and obesity: The IDEFICS study. Matern Child Nutr [Internet]. 2017;(December 2016):e12471. Available from: http://doi.wiley.com/10.1111/mcn.12471
  • https://www.portalped.com.br/especialidades-da-pediatria/alergia-e-imunologia/introducao-alimentar-quando-iniciar-alimentos-alergenicos/

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Alimentação da nutriz

Os benefícios da amamentação, tanto para o bebê quanto para a mulher, já estão cientificamente comprovados. A adequada composição nutricional do leite materno torna este alimento ideal para o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência do bebê e diminui o índice de mortalidade infantil. Os benefícios para a mulher que amamenta incluem retorno ao peso pré-gestacional mais precocemente e o menor sangramento uterino pós-parto (consequentemente, menos anemia), devido à involução uterina mais rápida provocada pela maior liberação de ocitocina, que é estimulada pela sucção precoce do bebê. Alguns estudos investigam ainda a comprovação da diminuição de risco de câncer, principalmente de mama.

Porém, o sucesso na amamentação depende também de outros fatores, tais como: aspectos psicossociais e culturais, esclarecimento, envolvimento, motivação e acompanhamento de profissionais de saúde preparados para lidar com as possíveis dificuldades desse período.

Muitas mulheres, ao darem à luz, sentem-se pressionadas a eliminarem os quilos ganhos durante a gestação imediatamente após o parto. O dilema da perda do peso adquirido durante a gravidez faz com que as mulheres sejam influenciadas pelas opiniões veiculadas na mídia, por pessoas que as cercam, por crenças e mitos culturais, e acabam se arriscando em dietas da moda, muitas vezes restritivas, sem acompanhamento nutricional. Por falta de conhecimento ou negligência, acabam se prejudicando e, principalmente, prejudicando o desenvolvimento adequado do bebê.

A Revista Boa Forma do mês de novembro de 2010 teve como matéria de capa a perda ponderal de 10Kg em dois meses da apresentadora Adriane Galisteu após o nascimento do filho. Segundo a reportagem, ela tem amamentado o bebê de três meses e buscou ajuda de um grupo especializado para enfrentar as dificuldades que teve com a amamentação, sem interrompê-la, como fazem muitas mulheres. A ingestão de água relatada está dentro da faixa recomendável.

Como mulher da mídia e preocupada com o corpo, a apresentadora buscou retornar a atividade física, fazer massagem e controlar a alimentação (diminuição do consumo de carne vermelha, doces e frituras). Porém, algumas questões importantes chamaram bastante a atenção, sendo o motivo da discussão deste texto. Apesar de relatar que tem conhecimento da necessidade de comer de três em três horas e não pular os lanches, ela afirma que nunca conseguiu cumprir essa recomendação.

Em um quadro na página da revista tem um modelo de cardápio realizado. Adriane realiza três refeições diariamente (desjejum, almoço e jantar), compostas de fruta, café, torrada ou bolo simples (sem recheio ou cobertura), salada, mix de legumes cozidos, carne branca grelhada e sopa. Apesar da reportagem não informar a quantidade ingerida de cada alimento, percebe-se uma baixa ingestão alimentar.

Fazendo um cálculo estimado em porções médias, nota-se que a ingestão energética diária da apresentadora pode estar em torno de 700 Kcal e as quantidades de ingestão de carboidratos, fibras, cálcio e vitaminas B1 e B2 podem estar abaixo dos valores de referência preconizados para uma nutriz saudável.

As necessidades nutricionais durante a lactação são maiores do que na gestação, pois é a fase do período reprodutivo de maior demanda energética, onde o lactente dobra seu peso quatro meses após o nascimento. O aumento do gasto energético está relacionado ao custo adicional necessário para a síntese e secreção do leite materno. Durante o período de amamentação, a nutriz tem suas necessidades energéticas aumentadas em cerca de 500 Kcal/dia para os primeiros 6 meses de lactação e de 400 kcal/dia nos meses subsequentes.

Esse valor adicional pode variar em função do estado materno pré-gestacional (baixo peso, peso adequado, sobrepeso ou obesa) e do ganho de peso durante a gestação e deve ser avaliado e prescrito pelo profissional nutricionista. Algumas fórmulas utilizadas para calcular a necessidade energética de uma pessoa saudável estimam que uma mulher com o peso, altura, idade e atividade física da apresentadora deve consumir em torno de 2000 Kcal/dia. Ou seja, uma lactante com este perfil deveria ingerir em média 2500 Kcal/dia.

A restrição energética não é recomendada durante a gravidez, nem no caso de mulheres obesas. Durante a lactação, algumas pesquisas indicam que o consumo deve ser no mínimo de 1800 Kcal/dia e advertem sobre o risco da prática de dietas com valor energético inferior a 1500 Kcal.

Os nutrientes mais críticos, em caso de baixa ingestão alimentar, são as vitaminas A, B1, B2, B6 e B12, uma vez que o consumo ou estoques maternos baixos afetam mais adversamente o bebê. Além disso, as reservas desses nutrientes no bebê são frequentemente baixas e rapidamente depletadas, tornando-as dependente do conteúdo do leite materno. O efeito da baixa ingestão de cálcio é a longo prazo na densidade óssea materna e não altera a concentração de cálcio no leite materno.

No pós-parto, quando o organismo da mulher está preparado para lactar, nem sempre ela consome a quantidade necessária de calorias para produzir o leite materno. Se estiver amamentando, o organismo irá retirar a reserva acumulada durante a gestação e da alimentação atual da mulher para fabricar o leite materno. A baixa ingestão alimentar pode gerar deficiências nutricionais na mãe e no bebê, provocar crescimento e desenvolvimento deficitário do bebê, com consequente desenvolvimento de doenças em ambos.

São vários os fatores associados com a variação da perda de peso no pós-parto, como os fatores dietéticos, ganho de peso gestacional, estado nutricional pré-gestacional, atividade física, tempo de lactação, idade materna, paridade, renda e escolaridade. Se a nutriz para de amamentar precocemente, conserva as calorias que seriam usadas para fabricar leite materno e conserva o peso ganho na gestação, demorando mais tempo para voltar ao peso pré-gestacional.

Mulheres eutróficas (com peso adequado), que ganham peso nas quantidades recomendadas, usualmente retornam aos seus pesos pré-gestacionais sem requerer nenhuma intervenção.

É esperado que as mulheres lactantes em amamentação exclusiva percam de 0,6 Kg a 0,8 Kg/ mês para os quatro a seis primeiros meses de lactação. Essa perda pode chegar a 500 g por semana e não interferir no crescimento do bebê. Valores superiores entre 2,0 kg a 3,0 kg/mês são considerados excessivos para as mulheres com peso dentro da faixa considerada saudável. Essa perda pode ser influenciada pela quantidade de ingestão calórica e pela prática ou não de atividade física.

A amamentação é um período prazeroso e benéfico para a mulher e para o bebê e não é o momento mais indicado para a prática de dietas alimentares restritivas, visando à perda de peso. As informações contidas na reportagem podem influenciar negativamente as leitoras, levando-as a seguir dieta alimentar semelhante. Recomenda-se que tanto gestantes como nutrizes sejam acompanhadas pelo profissional nutricionista, evitando se expor a riscos. Com acompanhamento nutricional adequado, a nutriz poderá seguir um plano alimentar individualizado e voltado para este momento da sua vida, que proporcionará eliminação gradativa do peso adquirido na gestação sem prejudicar a quantidade e qualidade nutricional do leite produzido.

Dentre as orientações gerais para uma nutriz, destacamos:

- Fazer uma alimentação fracionada em 6 vezes/dia, para garantir níveis glicêmicos constantes e nutrientes;

- Ingerir de 3 a 4 litros de água/dia;

- Aumentar a ingestão de verduras, legumes e frutas;

- Consumir alimentos fonte de ferro (carne e vegetais folhosos verde-escuro), alimentos fonte de cálcio (sardinha, salmão, brócolis, couve, semente de gergelim, amêndoa), e fonte de ácido fólico (peixes, brócolis, tomate, acelga, couve, rúcula);

- Consumir cereais integrais;

- Não consumir bebidas alcoólicas, nem fumar;

- Evitar o consumo de alimentos estimulantes, como café e alguns tipos de chá;

- Não consumir adoçantes

*Texto elaborado pela Dra Carolina de Morais Luiz Pereira, aluna bolsista do curso de Pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional pela VP Consultoria Nutricional/ Divisão Ensino e Pesquisa.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Contaminação de leite materno por agrotóxicos


O leite materno de mulheres de Lucas do Rio Verde, cidade de 45 mil habitantes na região central de Mato Grosso, está contaminado por agrotóxicos, revela uma pesquisa da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

Foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres, 3 delas da zona rural, entre fevereiro e junho de 2010. O município é um dos principais produtores de grãos do MT.

A presença de agrotóxicos foi detectada em todas. Em algumas delas havia até seis tipos diferentes do produto.

Veja matéria do Jornal da Band sobre contaminação do leite materno por agrotóxicos

Essas substâncias podem pôr em risco a saúde das crianças, diz o toxicologista Félix Reyes, da Unicamp. "Bebês em período de lactação são mais suscetíveis, pois sua defesa não está completamente desenvolvida."

Ele ressalta, porém, que os efeitos dependem dos níveis ingeridos. A ingestão diária de leite não foi avaliada, então não é possível saber se a quantidade encontrada está acima do permitido por lei.

"A avaliação deve ser feita caso a caso, mas crianças não podem ser expostas a substâncias estranhas ao organismo", diz Reyes.

A bióloga Danielly Palma, autora da pesquisa, afirma que a contaminação ocorre principalmente pela ingestão de alimentos contaminados, mas também por inalação e contato com a pele.

Entre os produtos encontrados há substâncias proibidas há mais de 20 anos.
O DDE, derivado do agrotóxico (DDT) proibido em 1998 por causar infertilidade masculina e abortos espontâneos, foi o mais encontrado.

Má-formação

Das mães que participaram da pesquisa, 19% já sofreram abortos espontâneos em gestações anteriores.

Também relataram má-formação fetal e câncer, mas não é possível afirmar se os casos são consequência da ingestão de agrotóxicos.

Mais de 5 milhões de litros de agrotóxicos foram utilizados no município em 2009, segundo a pesquisa.

Fonte: http://www.mst.org.br/Leite-materno-esta-contaminado-emmunicipio-do-agronegocio

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Os primeiros 1000 dias de vida por Dr. Thiago Hirose

Olá mamães e futuras mamães!

Hoje, a ideia é falar de um conceito que está sendo cada vez mais divulgado e estudado com relação à parte da alimentação e prevenção de doenças do futuro: Os mil primeiros dias de vida e programação metabólica.

O que seria isto? Primeiramente, temos que definir o que são os mil primeiros dias de vida: quando há a união do óvulo com o espermatozóide, dizemos que houve a fecundação, ou seja, o início da formação do bebê. Em média, da fecundação até o nascimento, a gestação dura 9 meses ou 270 dias. Do nascimento até os 2 anos de idade, a criança vive 730 dias (1 ano tem 365 dias e, portanto, 2 anos equivalem a 730 dias). Portanto, somando os 270 dias da gestação mais os 730 dias dos 2 primeiros anos de vida, temos os mil primeiros dias de vida.

E qual a relação destes mil primeiros dias de vida com programação metabólica? Novamente uma explicação - o que é programação metabólica? Sabemos que somos compostos de genes que podem ou não manifestar inúmeras doenças (pressão alta, diabetes, obesidade, câncer, dentre outras.); porém, o que se sabe hoje, é que fatores externos podem sim modificar não o gene em si, mas o produto dele. Um exemplo bem fácil para explicar isto: eu produzo carro com a carroceria da cor azul, é a única cor que tenho na minha fábrica. Uma pessoa compra meu carro, leva para casa mas não gosta da cor - ela compra uma tinta vermelha e pinta o carro de vermelho. Ou seja, de fábrica era um carro azul mas a pessoa usou um fator externo (tinta) para mudar a cor do carro. Esta influência de fatores externos no produto final é a chamada EPIGENÉTICA.

Desta forma, podemos ver que uma pessoa, por exemplo, que não carregue genes que possam causar uma obesidade por exemplo, de acordo com situações externas, ela pode sim ser obesa. Fica um recado importante: não basta culparmos apenas a genética se a pessoa é magra ou não e se aparece tal doença ou não, temos que juntar vários dados para ver o causador daquele problema.

E isto vale para as "doenças do adulto" - pressão alta, diabetes, problemas de colesterol, câncer, síndrome metabólica - NA INFÂNCIA! Pois é, atualmente a incidência de crianças e adolescentes com excesso de peso e "doenças do adulto" está cada dia aumentando em todo o mundo, inclusive no Brasil. E por que isto está ocorrendo? Os dois principais motivos são: 1) Alimentação inadequada, com baixa ingesta de fibras, alta ingesta de alimentos calóricos (açúcares, gorduras, doces, refrigerantes, etc) e 2) Sedentarismo, com pouca atividade física, muito tempo na frente da TV/tablet/computador, etc.

E qual a relação dos mil primeiros dias de vida com este assunto? Os estudos mostram que, por conta da epigenética, este período dos mil dias são cruciais para a prevenção das "doenças do adulto" - claro que isto pode ocorrer também em fases mais tardias da vida, mas os mil primeiros dias de vida sofrem influência muito grande do ambiente externo na prevenção ou aparecimento destas doenças. O que pode influenciar nisto?


  • Aleitamento materno exclusivo diminui a chance de obesidade e síndrome metabólica, ao contrário das fórmulas infantis e o leite de vaca tradicional (estes últimos apresentam um teor calórico-protéico maior que o leite materno); 
  • Uso de antibióticos na gravidez e durante os dois primeiros anos de vida alteram a microbiota intestinal. Aqueles microorganismos que ficam no intestino e protegem o corpo de doenças; 
  • Tipo de parto, o parto vaginal deixa a criança em contato com a microbiota boa, protetora das doenças; 
  • Quantidade de peso ganho pela mãe na gravidez; 
  • Prematuridade; 
  • Peso ao nascer, entre outros.

Então podemos ver que não é só a genética, mas o contexto todo que faz com que o indivíduo aumente ou não a chance de ter determinada doença. Quando falamos em fatores de risco, não quer dizer necessariamente que a pessoa terá tal doença, mesmo uma pessoa totalmente sem fatores de risco pode ter câncer, por exemplo; mas o fator de risco faz com que a chance de manifestar determinada doença seja maior.

Agora, um detalhe importante: sabemos bem que o leite materno é o principal alimento para o bebê, que deve ser dado exclusivamente até os 6 meses de idade e, a partir daí, introduz-se novos alimentos ao leite materno, complementando a alimentação diária da criança. Usa-se a fórmula apenas em situações específicas. Mas uma criança que esteja amamentando em seio materno pode algum dia ter excesso de peso? A resposta é: SIM! Por incrível que pareça, sim. A chance é menor, mas existe. Por que ocorre isto? Ou por ingestão excessiva de leite materno mas, principalmente, outra causa fundamental é a dieta materna. Eu disse anteriormente que uma alimentação com alto teor calórico-protéico aumenta a chance da pessoa ter excesso de peso. Caso a mãe faça este tipo de alimentação, estas calorias e proteínas a mais passam sim para o leite materno, e este fica com um maior teor de calorias e proteínas, provocando aumento excessivo de peso. Desta forma, na amamentação ao seio materno, cuidado mamães com a própria alimentação para não prejudicar o crescimento e desenvolvimento do bebê.

Portanto, vamos pensar sempre no estilo de vida saudável desde a gravidez, e após o nascimento dos nossos filhos, para que eles possam ter uma boa saúde, evitar as "doenças do adulto" na própria infância, e aumentar a qualidade e expectativa de vida deles.


Obrigado e até a próxima!

Dr. Thiago Santos Hirose - CRM 126.047 (SP) / 69.449 (MG)
Pediatra e endocrinologista infantil
Fan page: Thiago Santos Hirose - Endocrinologia
Instagram: @drthiagosantoshirose

domingo, 26 de abril de 2015

Alergia alimentar - FPIES


O que é FPIES?
FIPIES (Food Protein Induced Enterocolitis Syndrome) ou  Síndrome da Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar, é uma hipersensibilidade gastrointestinal a alimentos, não mediada por IgE.

Quais são os sintomas da FPIES? 
A criança com FPIES normalmente apresenta vômitos repetitivos, diarreia e resposta inflamatória sistêmica que pode evoluir com desidratação aguda, letargia e queda de pressão arterial seguida choque hipovolêmico (15–20% dos pacientes).
Os sintomas geralmente aparecem nos primeiros meses de vida após a introdução dos alimentos potencialmente desencadeadores (leite ou soja).
No início, a criança apresenta regurgitação frequente e sangue nas fezes. Por essa razão é comum suspeitar de alergia a proteína do leite de vaca. O diagnóstico diferencial normalmente é feito após a reexposição ao alérgeno quando a criança apresenta o padrão sintomático agudo de FPIES: cólicas intensas, irritabilidade e vômitos abundantes de 2 (duas) à 6 (seis) horas após a ingestão do alimento.
Crianças não diagnosticadas e tratadas precocemente podem apresentar anemia, hipoalbuminemia, déficit de ganho de peso, crescimento e desenvolvimento.

A FPIES é semelhante às outras manifestações gastrintestinais associadas à alergia alimentar?
Não. A FPIES é considerada a mais grave das hipersensibilidades alimentares gastrointestinais não mediadas por IgE.
É preciso diferenciá-la das proctocolites induzidas por alimentos, enteropatia induzida por alimentos, esofagite e gastroentecolite eosinofílicas, pois a FPIES pode acarretar risco de morte devido ao risco de choque hipovolêmico.
Por essa razão, sua gravidade deve ser considerada assim como a reação anafilática entre as crianças com alergia alimentar.

Como a FPIES pode ser diagnosticada?
O diagnóstico da FPIES, assim como da alergia alimentar, é baseado na história clínica, dieta isenta dos alérgenos suspeitos, seguida do teste de provocação oral. Na FPIES os testes alérgicos que medem a presença de IgE específica para os alimentos no sangue (RAST, ImmunoCap) e na pele (prick test) são negativos. Endoscopia e biópsias não são rotineiramente realizadas, pois além de serem exames invasivos não fornecem um resultado diferencial.
O teste de provocação oral é o padrão ouro para o diagnóstico de FPIES. Os sintomas podem aparecer algumas horas depois do início do teste e se diferem das demais manifestações não mediadas por IgE. É comum a criança com FPIES apresentar vômitos 1,5-3h e diarréia 5-8h após o início do TPO.
Como a reexposição ao alérgeno em crianças com FPIES pode acarretar riscos potencialmente graves, o TPO deve ser conduzido em ambiente hospitalar, na presença do médico e com acesso intravenoso para garantir a rápida reposição de perda volêmica caso a criança reaja. Por essa razão alguns autores questionam a necessidade do TPO em casos de crianças que apresentaram sintomas clássicos com remissão total após o seguimento da dieta.
Infelizmente a FPIES nem sempre é diagnostica, pois seus sintomas podem ser confundidos com doença viral, sepse, intoxicação alimentar, enterocolite necrosante do recém-nascido, doença do refluxo gastroesofágico, obstrução intestinal e distúrbios metabólicos.

Qual são os alimentos envolvidos na FPIES?
A FPIES é normalmente desencadeada pelo leite de vaca ou soja, sendo que cerca de 50% dos pacientes reagem aos dois alimentos.
Além do leite e da soja, um dos alimentos mais associados à FPIES é o arroz, seguido da aveia. Esse é outro diferencial do FPIES quando comparado às demais manifestações gastrintestinais induzidas por proteína alimentar, uma vez que o arroz não é considerado um alimento potencialmente alergênico (gráfico 1).

Outros alimentos como peixe, frango, ovos, batata, etc. têm sido relatados em alguns estudos, mas sua freqüência não pode ser generalizada ainda, pois está associada normalmente à introdução precoce desses alimentos em algumas culturas.
É comum a FPIES ser desencadeada por mais de 1 tipo de alimento, caracterizando-a muitas vezes como uma reação a múltiplas proteínas (Gráfico 2).

Crianças com FPIES a múltiplos alimentos possuem maior risco de deficiências nutricionais e podem ser beneficiadas com intervenção nutricional precoce e o acompanhamento de um nutricionista especializado na área.


Gráfico 1: Distribuição de crianças com FPIES de acordo com o tipo de alimento que desencadeou a reação.
Fonte: Mehr, Frith, Campbell. Epidemiology of food protein-induced enterocolitis
Syndrome. Allergy Clin Immunol 2014, 14 (3):208–216.



Gráfico 2: Distribuição de crianças com FPIES de acordo com o número de alimentos que desencadeia a reação.
Fonte: Mehr, Frith, Campbell. Epidemiology of food protein-induced enterocolitis
Syndrome. Allergy Clin Immunol 2014, 14 (3):208–216.

Qual é o tratamento da FPIES?
O tratamento da FPIES é semelhante ao da alergia alimentar, é preciso seguir a dieta isenta das proteínas que desencadearam a reação.
Em casos de crianças amamentadas a mãe deverá fazer a dieta e manter o aleitamento materno com acompanhamento médico e nutricional.
Crianças que não estão em aleitamento materno requerem a substituição do leite por fórmulas especializadas. Há relatos de casos em que a criança tolerou a fórmula extensamente hidrolisada (FEH). Porém, cerca de 50% ou mais das crianças com FPIES também reagem às FEHs e são beneficiadas apenas com a substituição do leite por fórmulas de aminoácidos.
A soja não é indicada para crianças com FPIES por ser considerada um dos alimentos potencialmente desencadeadores.

FPIES Brasil
Não existem ainda estudos de prevalência sobre FPIES, mas sabe-se que no Brasil existem hoje 8 crianças diagnosticadas.
Esse número é muito aquém dos relatados em estudos internacionais. Por essa razão, acredita-se que há um sub diagnóstico da doença devido à falta de informação.
Suspeita-se que muitas crianças que apresentam manifestações intestinais, reagem a múltiplas proteínas e não respondem favoravelmente ao tratamento possam ter FPIES e ainda não foram diagnosticadas.
Como a educação continuada é a única forma de ajudarmos essas crianças, contamos hoje com o apoio da FPIES BRASIL, campanha de divulgação, que foi organizada pelos pais de uma criança diagnosticada com a síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar.
A página digital surgiu em parceria com a International Association for Food Protein Enterocolitis (IAFFPE) e traz Artigos Científicos, Relatos de Casos, Estudos de Coorte e Vídeos Educativos que vislumbram enaltecer o poder de conhecimento sobre a doença e a superioridade de diagnósticos e tratamentos nos casos clínicos.
A campanha conta com a colaboração de médicos e nutricionistas brasileiros. Saiba mais em https://www.facebook.com/fpiesbrasil

Referências: 
Caubet JC, Nowak-Węgrzyn A. Current understanding of the immune mechanisms of food protein-induced enterocolitis syndrome. Expert Rev. Clin. Immunol. 2011, 7(3), 317–327.
Mehr S, Frith K, Campbell DE. Epidemiology of food protein-induced enterocolitis Syndrome. Allergy Clin Immunol 2014, 14 (3):208–216.
Venter C, Groetch M.Nutritional management of food protein-induced enterocolitis syndrome. Allergy Clin Immunol 2014, 14:255–262.

Sobre a autora:
Dra. Renata Pinotti
CRN: 10.886
Nutricionista, Mestra em Nutrição Humana Aplicada pelo PRONUT/USP www.alergiaaoleitedevaca.com.br

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Época de Festa Junina, o que comer? Por Dra. Juliana Pansardi


Época de festa junina com muita fogueira, bandeirinhas e brincadeiras. Que tal subir no pau de sebo, pular a fogueira ou dançar a quadrilha? NÃO???
“Mas tenho certeza que quando você ouve falar em festa junina já se lembra das guloseimas, que vai encontrar por lá, e que não são poucas!”.

Infelizmente perdemos um pouco da TRADIÇÃO de nossas festas e elas tem se resumido á venda de comidas típicas, onde antes gastávamos calorias, agora só fazemos adquiri-las. E o problema não se resume á isso, você hipertenso ou diabético, por exemplo, já parou para pensar nos riscos que essas “comidinhas” podem lhe trazer?

“Abra o olho” e fique atento, faça as escolhas certas!!

Você pode aproveitar dessas delícias sem sair da dieta, e o melhor, sem causar danos a sua saúde! Afinal, a boca se enche d’água quando falamos em pipoca, cachorro quente, pé de moleque, maçã do amor, paçoca, pamonha, canjica, arroz doce e quentão... Não degustar essas delícias nas festinhas, não tem graça. Não é mesmo?

Prefira alimentos menos calóricos e/ou que tenham propriedades benéficas. “ Saiba que sua ingestão de calórica pode chegar a 2000 calorias em apenas uma noite”. Pode acreditar!!!

Vou lhe dar umas dicas:

Antes de tudo, nem pense em sair de casa com o estômago vazio. Faça uma refeição leve antes, assim reduzirá a fome na festa e consequentemente a ingestão de guloseimas será menor. Cuidado com o OLHO GORDO! Você já se alimentou antes de sair de casa lembra-se?
Não exagere nas quantidades, PROVE um pedaço PEQUENO de cada guloseima e NÃO REPITA. Opte por pratos in natura, como milho verde ou pinhão cozido, que podem ser mais nutritivos. Aproveite para consumir os alimentos que são encontrados nessa época do ano.

MILHO VERDE COZIDO, por exemplo, é rico em carotenóides, ou seja,  ajuda a manter a visão saudável e tem poucas calorias, em torno de 100 em 100g. Mas se for consumido com manteiga ou margarina esse número mais que dobra. Evite também o sal que ajuda a reter líquido no organismo.

Prefira CACHORRO QUENTE SIMPLES, somente com o pão e a salsicha que tem 260 calorias. Um completo com milho, ervilha, maionese, ketchup, mostarda, batata palha e queijo sobe para 575.

PINHÃO é fonte de proteína, cálcio, magnésio, vitaminas do complexo B, fibras e MUUUITO CARBOIDRATO, por isso cuidado – 5 unidades tem cerca de 100Kcal.

ABÓBORA COZIDA também pode fazer parte do seu cardápio. Ela possui boas quantidades de vitaminas antioxidantes, como a vitamina C e E, além do betacaroteno. Seu consumo ajuda a diminuir o risco de câncer, doenças do coração e derrame. No entanto, EVITE combinações com leite de coco, coco e leite condensado.

BOLO DE AIPIM quando consumido com MODERAÇÃO fornece nutrientes importantes para o nosso bem estar, como a colina, que mantém a nossa saúde mental.

BATATA DOCE é fonte de betacaroteno e fibras, apesar de ter sabor adocicado, ela não libera tanto açúcar no organismo quanto a batata inglesa, assim o acúmulo de gordura localizada é menorQuando consumida SEM ADIÇÃO DE AÇÚCAR (assada inteira ou cortada em formato de tiras), apresenta cerca de 100 calorias em 1 unidade;

AMENDOIM é rico em gorduras boas e vitaminas. Sozinho, é capaz de ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares. Porém as versões pé-de-moleque e paçoca, são tão perigosas quanto saborosos. Por exemplo, 1 paçoca fornece 10% da recomendação diária de gordura.  Devemos tomar cuidado também, com a aflatoxina, resultado da reprodução do fungo Aspegillus flavus, que é uma substância tóxica e teratogênica (por isso devemos desaconselhar grávidas de  consumirem esse alimento), que podem ser prejudiciais também, àquelas mulheres que possuem candidíase vaginal ou outro tipo de fungo.

Substitua a paçoca pela pamonha, ou a canjica pelo pé-de-molequeo doce de leite pelo deabóbora ou pelo de batata-doceSão opções menos calóricas, mas que não deixam de ser saborosas.

TAPIOCA é rica em carboidratos, porém, o valor calórico varia de acordo com o TIPO de RECHEIO. Deste modo, opte por recheios de frutas, evitando combinações com muito açúcar, leite de coco e leite condensado.

Vai comer ESPETINHO? Prefira o de frango ou de carne magra sem bacon! “Esse eu adoro, além de ser uma proteína de “ótima qualidade”.

Lembre que a adição de leite condensado e outros complementos aos alimentos comprometem sua qualidade nutricional tornando -o mais calórico e menos nutritivo.

Fique longe das bebidas alcoólicas: Um copo de quentão é o ideal. Afinal as bebidas alcoólicas, além de calóricas, estimulam o apetite e isso certamente levará ao consumo de alimentos muito calóricos e não saudáveis.

O consumo destes alimentos somados ao consumo de bebidas alcoólicas esta relacionado a problemas cardíacos. Em pessoas saudáveis, os riscos são menores, mas não devem ser desprezados.

Já diabéticos cardíacos e hipertensos, DEVEM APROVEITAR A FESTA PARA PULAR FOGUEIRA E DANÇAR QUADRILHA! (risos).  Brincadeirinha... Os pratos in natura para vocês estão liberados: milho cozido, batata doce e pinhão estão na lista sem contra-indicação (controle sempre as quantidades!). Se não resistir aos doces, limite-se a apenas 1 unidade. O quentão e o vinho quente não devem ser consumidos por pessoas deste grupo de risco.

Em casa, que tal fazer Á FESTA com um tipo de quentão diferente? Sugiro o quentão de Hibisco é leve e sem álcool, além disso, o hibisco é diurético e auxilia no emagrecimento. Sou viciada nessa receita, uso e recomendo muito, faça o teste, te garanto que você irá se surpreender com o sabor... #show!

Quentão de Hibisco

Ingredientes:


- 1 xícara de chá de hibisco desidratado 
- 2 colheres (de sopa) de gengibre ralado 
- 2 colheres (de sopa) de maçã desidratada 
- meia casca de laranja 
- cravos da índia 
- canela em pau 

Modo de fazer:  Basta colocar os ingredientes em dois litros de água fervente, adicionar açúcar (1 colher sopa aprox. ) ou adoçante e deixar ferver por quinze minutos. Após ferver está pronto para beber, pode ser colocado em garrafa térmica.

Valorize mais as BRINCADEIRAS do que os alimentos disponíveis. Jogue bola na lata, suba no pau de sebo, pesque peixinhos de papel, dance quadrilha e forróSão maneiras divertidas de gastar energia e queimar as calorias extras.

CASO NÃO SIGA OS CONSELHOS E EXAGERE
1.     Não pense em fazer jejum ou seguir dietas restritivas só porque exagerou na festa junina, lembre que elas são prejudiciais a saúde.
2.     Faça pelo menos 4 refeições no dia de pequenas porções.
3.     Prefira carnes magras, peixes e frango, cozido, assado ou grelhado e esqueça as frituras.
4.     Coma muitas frutas, verduras e alimentos integrais e naturais no lugar de refinados e industrializados para desintoxicar.
5.     Esqueças as bebidas alcoólicas.
6.     Tome bastante água e chás e pratique exercícios físicos, para queimar as calorias a mais consumida na festa.

Autora: Dra. Juliana Pansardi
Fonte: http://ligadasaude.blogspot.com.br/2012/06/epoca-de-festa-junina-o-que-comer.html

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Leite integral, leite semidesnatado ou leite desnatado: qual a melhor opção para consumo ?

  

Os leites UHT (Ultra High Temperature) disponíveis no mercado possuem 3 apresentações: 
  • Integral, 
  • Semidesnatado,
  • Desnatado
Muitos pacientes têm dúvidas sobre quais suas diferenças e qual a melhor opção para o seu caso.

A resposta é bem simples!

A diferença está apenas no teor de #gordura de cada produto, sendo que:

🔷o integral é aquele que possui, no mínimo, 3% de gordura;
🔷o semidesnatado apresenta entre 0,6% e 2,9% de gordura;
🔷o desnatado apresenta, no máximo, 0,5% de gordura.

Essa diferença reflete principalmente no teor calórico e de vitaminas lipossolúveis (A, D e E - as últimas duas em baixas quantidades) em cada um dos produtos. 

Por exemplo, o leite integral possui aproximadamente 120kcal a cada 200mL; o semidesnatado 84kcal a cada 200mL e o desnatado 68 kcal a cada 200mL.

Qual a melhor opção?

Na verdade isso dependerá das suas necessidades nutricionais e objetivos, o que só é possível dizer através de uma avaliação completa. Mas, por exemplo, nos casos em que seja necessário uma restrição calórica e/ou maior controle de gorduras saturadas, o leite semidesnatado e desnatado podem ser opções mais interessantes. 

O oposto também é verdadeiro, caso o objetivo seja o aumento do peso corporal.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Clube de Revista: Lactentes com alergia à proteína do leite de vaca apresentam níveis inadequados de vitamina D?

Lactentes com alergia à proteína do leite de vaca apresentam níveis inadequados de vitamina D?
Este estudo transversal envolveu 120 crianças de até dois anos, sendo um grupo de 59 lactentes com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), e outro grupo de controle composto por 61 lactentes saudáveis, atendidos em ambulatórios de um hospital universitário da Universidade Federal de Pernambuco (UFP).

Os autores aplicaram um questionário e aferiram os níveis de vitamina D por meio do teste 25(OH)D, considerando inadequados os níveis menores que 30 ng/ml. Foi considerada deficiência quando o resultado foi inferior a 20 ng/ml, insuficiência quando entre 21-29 ng/ml e suficiência quando igual ou superior a 30 ng/ml.

Os lactentes com APLV, quando comparados com os saudáveis, apresentaram uma menor média do nível de vitamina D (30,93 X 35,29 ng/ml; p = 0041) e maior frequência de deficiência (20,3% X 8,2%; p = 0,049). Maior frequência de níveis inadequados de vitamina foi observada em crianças com APLV que estavam em aleitamento materno exclusivo/predominante (p = 0,002). A frequência de um status inadequado de deficiência de vitamina D foi semelhante entre os grupos (p = 0,972).

Os autores concluíram que menores níveis de vitamina D foram observados em lactentes com APLV, especialmente naqueles em aleitamento materno exclusivo/predominante, que configura esse como como um possível grupo de risco para deficiência dessa vitamina.

Destaque-se que nenhuma das crianças do estudo fazia uso de suplementação vitamínica, e apenas nove mães de crianças com APLV (15,3%) e quatro mães de crianças saudáveis (6,6%) relataram ter feito suplementação de vitamina D durante o período gestacional.

Ao analisar a relação da exposição solar com os níveis de vitamina D nessa pesquisa foi verificado que a exposição solar adequada não assegurou níveis suficientes de vitamina D.

Concluem também os autores que mesmo em regiões ensolaradas , principalmente em bebês em aleitamento materno exclusivo, se avalie a suplementação vitamínica de rotina.

O desenho do estudo não permitiu estabelecer a existência de uma relação causal entre deficiência de vitamina D e o surgimento da alergia.

O fato de as mães das crianças com APLV em aleitamento materno exclusivo fazerem dieta de exclusão de leite de vaca e derivados, sem suplementação de vitamina D, pode estar relacionado à deficiência.

As principais causas da deficiência de vitamina D são a ingestão usual  abaixo dos níveis recomendados; exposição solar limitada; deficiência  da conversão renal da vitamina D para a forma ativa, ou má absorção induzida por medicamentos como fenobarbital, hidantoína, carbamazepina, valproato, rifampicina, isoniazida e corticosteroides.

A APLV está entre os fatores de risco para alterações na mineralização óssea, que incluem também dietas deficientes em vitamina D, hábitos de vida inadequados, baixo peso, uso de corticosteroides, e vegetarianismo puro, entre outros.

Alguns estudos, como o presente, sugerem uma maior frequência de hipovitaminose D em crianças com APLV, apesar desse grupo não estar relacionado na recomendação de rastreioi para deficiência de vitamina D, o que valoriza ainda mais o trabalho apresentado.

Referência
Silva, C.M.; Silva, S.A.; Antunes, M.M.C.; Silva, G.A.P.; Sarinho, E.S.C.; Brandt, K.G. J Pediatr (Rio J). 2017;93(6):632-638.

Fonte: Medscape Brasil

domingo, 7 de abril de 2019

Grupos de médicos pedem impostos e regulamentos sobre o acesso das crianças a bebidas açucaradas

Os grupos de médicos há muito tempo tomam uma posição contra o alto consumo de bebidas açucaradas nos Estados Unidos – e agora eles estão pedindo várias políticas para limitar o acesso a bebidas açucaradas entre crianças e adolescentes.

A Academia Americana de Pediatria e a American Heart Association divulgaram recomendações de políticas na segunda-feira dirigidas a legisladores federais, estaduais e municipais, incentivando-os a implementar políticas que reduziriam o consumo infantil de bebidas açucaradas, como refrigerantes, bebidas esportivas e sucos.

A declaração de política é a primeira vez que a AAP recomenda impostos sobre bebidas açucaradas, disse.

Eu falo com meus pacientes e suas famílias o tempo todo sobre os danos à saúde das bebidas açucaradas e a vantagem de beber principalmente água e leite. Mas ainda assim, as bebidas açucaradas são a base da dieta de muitas crianças. Elas são baratas, fáceis de encontrar muito comercializado e com sabor doce, para que crianças gostem deles “, disse a médica Natalie Muth, pediatra e nutricionista em Carlsbad, Califórnia, que foi a principal autora da declaração de política, publicada na revista Pediatrics.

“Ao mesmo tempo, os pediatras estão diagnosticando diabetes tipo 2, doença hepática gordurosa e colesterol alto em nossos pacientes jovens. São problemas de saúde que raramente observamos em crianças no passado. São problemas de saúde associados à alta ingestão de açúcar”. Muth disse.

“Tentamos, e fracassamos, restringir a ingestão de bebidas açucaradas apenas por meio da educação e das escolhas individuais”, disse ela. “Assim como as mudanças políticas foram necessárias e eficazes na redução do consumo de tabaco e álcool, precisamos de mudanças políticas que ajudem a reduzir o consumo de bebidas açucaradas em crianças e adolescentes”.

A declaração de política exige especificamente:

•um imposto sobre consumo de bebidas açucaradas;

•governos federal e estaduais para apoiar uma diminuição na comercialização de bebidas açucaradas para crianças e adolescentes;

• programas federais de assistência nutricional para garantir o acesso a alimentos saudáveis ​​e desestimular o consumo de bebidas açucaradas;

• regulamentos que exigem que o conteúdo adicionado de açúcares seja incluído nos rótulos nutricionais, nos cardápios dos restaurantes e nas propagandas;
fazer bebidas saudáveis, como leite e água, o padrão dos menus infantis;

•e a implementação de políticas em hospitais para limitar ou desincentivar a compra de bebidas açucaradas.

De todas essas recomendações políticas, Muth disse que um imposto sobre consumo de bebidas açucaradas tem a maior “evidência e precedente” para ser mais impactante.

“Sabemos que um aumento no preço leva a uma diminuição no consumo”, disse ela. “Nós sabemos dos exemplos de comunidades onde um imposto açucarado já foi implementado”, como o México e Berkeley, na Califórnia.

Em resposta à declaração de política, “as empresas de bebidas americanas acreditam que há uma maneira melhor de ajudar a reduzir a quantidade de açúcar que os consumidores obtêm das bebidas e inclui colocar os pais no banco do motorista para decidir o que é melhor para seus filhos”, disse William Dermody para a American Beverage Association , que representa a indústria de bebidas não-alcoólicas, disse em um comunicado.

A associação argumenta que as bebidas não são condutores únicos de taxas de obesidade e doenças relacionadas à obesidade nos Estados Unidos, já que as taxas de obesidade vêm aumentando, enquanto as taxas de consumo de refrigerante vêm caindo.

“Estamos apoiando pais que querem menos açúcar nas dietas de seus filhos, criando mais bebidas do que nunca com menos ou nenhum açúcar, bem como tamanhos de porções menores e apoiando esforços para tornar a água, o leite ou o suco a 100 por cento das bebidas padrão que os restaurantes servem com refeições infantis “, acrescentou. “Hoje, 50% de todas as bebidas vendidas contêm zero de açúcar, à medida que buscamos reduzir as calorias de bebidas consumidas em 20% até 2025”.

Esforços para tornar a água ou o leite padrão bebidas servido em menus infantis estavam entre as recomendações políticas apresentadas na nova declaração de política da Academia Americana de Pediatria e American Heart Association.

A nova declaração política vem na esteira de um estudo separado, publicado na semana passada na revista Circulation , que encontrou uma associação positiva entre o consumo a longo prazo de bebidas açucaradas e morte prematura em adultos nos Estados Unidos.

“A maior parte do meu trabalho se concentrou em adultos e mostramos que, além do ganho de peso, o consumo regular de bebidas açucaradas está associado a um maior risco de diabetes tipo 2, doença cardíaca, acidente vascular cerebral, hipertensão, alguns tipos de câncer e morte prematura”. disse Vasanti Malik, cientista pesquisador do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública TH Chan de Harvard , que não esteve envolvido na nova declaração de política, mas conduziu esse estudo separado.

Ela também elogiou a nova declaração de política.

“Eu pensei que a declaração conjunta forneceu um bom resumo de algumas estratégias políticas fundamentais para apoiar uma redução na ingestão de bebidas açucaradas para crianças e adultos”, disse Malik sobre a declaração de política. “A razão para este apelo à ação é por causa da forte e consistente evidência que liga o consumo de bebidas açucaradas a resultados adversos à saúde”.

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Autor: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista em Goiânia e idealizador do EndoNews

terça-feira, 31 de março de 2015

Fórmulas infantis à base de soja, uma análise crítica - Por Dra. Dra. Christiane Araujo Chaves Leite

Indiscutivelmente a melhor forma de nutrir o lactente é amamentá-lo ao seio. Muito embora a proteína de soja venha sendo usada para a nutrição de lactentes por mais de 100 anos, a popularidade da fórmula infantil à base de soja (FIS) varia substancialmente em diferentes partes do mundo. O mundo é dividido em “países simpáticos à soja” e “países que evitam a soja”. O objetivo desse artigo de revisão é discutir os argumentos usados para motivar ambas as correntes de opinião.

As opiniões da Academia Americana de Pediatria e da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição (ESPGHAN) diferem no tocante ao uso de FIS no tratamento de lactentes com alergia à proteína do leite de vaca (APLV).

As controvérsias que cercam o uso de FIS versam principalmente sobre os possíveis efeitos adversos, relacionados ao conteúdo de fitato, alumínio, estaquiose, rafinose e especialmente fitoestrógenos.

A alergia à soja ocorre em cerca de 10% dos bebês alérgicos à proteína do leite de vaca. No início do século XX as preparações à base de soja eram a única opção para o tratamento da APLV. Desde a década de 60, a composição das FIS tem sido aprimorada no sentido de atender às necessidades nutricionais dos lactentes. Anteriormente, as FIS continham farinha de soja, cujo conteúdo proteico era em torno de 70%. Nos dias de hoje, as FIS contêm proteína isolada de soja, com conteúdo proteico de 95%. Aminoácidos e minerais como metionina, carnitina, taurina, ferro, zinco, cálcio e fósforo são adicionados às FIS em quantidades apropriadas. As FIS não são recomendadas para utilização em lactentes pré-termo pelo risco de desenvolver osteopenia e possíveis efeitos negativos no crescimento devido à concentração de alumínio existente.

É muito importante entender a distinção entre bebidas à base de soja e FIS. A maioria das bebidas à base de soja não é enriquecida com zinco, ferro, cálcio, fósforo, metionina e carnitina. Bebidas de soja não contêm proteína isolada. Produtos de soja que não preencham os critérios de fórmula infantil não são adequados para a alimentação do lactente.

As FIS modernas atendem a todos os requerimentos nutricionais e padrões de segurança necessários a uma fórmula infantil. Desde o ano 2000, as FIS se adequam às diretrizes e à legislação europeia para a alimentação do lactente.

A fórmula infantil à base de soja é adaptada às necessidades nutricionais dos lactentes, proporcionando crescimento e desenvolvimento normais. A toxicidade das isoflavonas para a função reprodutiva e o desenvolvimento tem sido descrita em animais, e alguns efeitos no desenvolvimento de órgãos sexuais já foram relatados.
Além de possíveis indicações médicas, as FIS também são utilizadas por motivos econômicos, religiosos e filosóficos (como naqueles indivíduos adeptos da dieta vegan).

É papel do pediatra e dos profissionais de saúde estimular o aleitamento materno. Esforços devem ser feitos para aumentar as taxas de aleitamento materno e a duração do aleitamento exclusivo e complementado.
Com base nas evidências atuais, os achados epidemiológicos sobre FIS são insuficientes para prover dados baseados em evidências sobre a ocorrência e/ou a incidência de eventos adversos. Em vista disso, as fórmulas infantis à base de soja seguem sendo uma opção válida para alimentar lactentes nascidos a termo se o aleitamento materno não for possível ou quando a fórmula infantil à base de proteína do leite de vaca não for bem tolerada. Ressaltamos que a posição da Sociedade Brasileira de Pediatria em conjunto com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, consolidada no último Consenso Brasileiro de Alergia, faculta o uso das fórmulas infantis à base de soja a partir do sexto mês de idade e em pacientes com a forma IgE-mediada de APLV.

Para maiores detalhes, acesse: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20860705
Artigo de referência: Vandenplas Y, De Greef E, Devreker T, Hauser B. Soy infant formula: is it that bad? Acta Paediatr. 2011 Feb;100(2):162-6.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Mocha Protein Shake


Precisa tomar proteína cedo e dar aquela despertada cedo? Qual um Mocha protein shake? Uma forma diferente de "tomar café"

Ingredientes:
1 scoop (30g) de whey protein sem sabor
3 colheres de chá de café solúvel instantâneo ou 150ml de café 
100ml de leite de amêndoa/soja/leite de vaca
1 colher de chá de mel ou adoçante de sua preferência (opcional)
1 colher de sobremesa de psylium
Gelo a gosto

Modo de preparo
Preparação do Café: Prepare uma 150ml de café ou 3 colheres de chá de café solúvel em 150ml de água. Você pode preparar com antecedência e armazenar na geladeira para que esteja frio na hora de usar. Alguns pacientes relatam que congelam os cubos de café.  No liquidificador, adicione o café, o leite da sua escolha e o whey protein sem sabor.
Adoçar (opcional): Se desejar, adicione mel ou adoçante para adoçar a mistura conforme o seu gosto.
Adicionar Gelo: Adicione gelo a gosto para um shake mais refrescante e gelado.
Bater: Bata todos os ingredientes no liquidificador até obter uma mistura homogênea e cremosa.
Servir: Despeje o mocha protein shake em um copo grande.

Dicas:
Para uma consistência ainda mais cremosa, você pode adicionar 1/2 banana congelada.
Se preferir um sabor de café mais intenso, aumente a quantidade de café e reduza a quantidade de leite.
Para um toque extra de sabor, você pode adicionar uma pitada de canela ou extrato de baunilha.
Para um shake mais espesso, adicione mais whey protein ou menos líquido.
Essa receita é perfeita para um café da manhã rápido e nutritivo, um lanche energético ou uma bebida pós-treino, combinando o sabor rico do café com os benefícios do whey protein.