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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Efeitos colaterais de anabolizantes - quais são os riscos?.

Quase que diariamente nos perguntam o porquê de sermos contra o uso de anabolizantes  e hormônios para fins estéticos. Tem inúmeros posts aqui no blog sobre o tema, mas resumindo:

  1. Falta de estudos: há pouquíssimos estudos na literatura sobre a utilização de hormônios para fins estéticos. Ou seja, a segurança em longo prazo não existe. Cada indivíduo tem um grau de responsividade a um estímulo hormonal. Alguns utilizam e não apresentam efeitos colaterais com as doses habituais. Outros utilizam e mesmo com doses baixas já apresentam efeitos colaterais graves. Diante disso, NENHUMA sociedade médica ligada ao Conselho Federal de Medicina (CFM)  e à Associação Médica Brasileira (AMB) dá o aval para a prescrição de hormônios para fins estéticos. Inclusive o CFM tem resolução proibindo esse tipo de prática.
  2. Corpos idealizados e inatingíveis para a maior parte da população. A psiquiatra e psicologia lutam há décadas pela aceitação da pluralidade de corpos. Todo corpo deve ser respeitado. Idealizar um corpo como o ideal, há séculos leva pessoas a sofrimento físico e psíquico, na tentativa de alcançar algo que na maioria das vezes é inatingível. A partir do momento que nós da área da saúde estimulamos essa "idealização" de corpo (ex. tenha abdômen definido, peitoral grande, seios volumosos, coxas sem celulite), imediatamente dicotomizamos as pessoas. Portanto, incentivar que as pessoas busquem ter esses corpos, na minha opinião é uma iatrogenia contra o ser humano, é desumano. É desprezar essa pluralidade de corpos. É não reconhecer que o mais importante é a pessoa ter saúde, um corpo funcional e com exames laboratoriais dentro de uma margem de normalidade. 
  3. Desequilíbrio físico, psíquico e moral: Alterar a fisiologia natural tão harmônica dos nossos hormônios correndo riscos de desenvolver efeitos colaterais/doenças para se encaixar em padrões de beleza demonstra o quanto o ser humano tem deixado de usar aquilo que o diferencia dos demais seres vivos : a consciência.
  4. Transtornos psiquiátricos: A grande maioria dos médicos durante a anamnese sequer se preocupam em questionar existência de sintomas psiquiátricos (medos, apreensões quanto ao futuro, ansiedade, insônia, irritabilidade, rebaixamento do humor, labilidade do humor). Na verdade a grande maior sabe sequer a propedêutica psiquiátrica, o entendimento da psicopatologia e com isso um provável diagnóstico de transtorno psiquiátrico passa despercebido. São incapazes de perceber alterações no discurso (fala) dos pacientes e que ali nitidamente pode existe um quadro de ansiedade ou bipolaridade. Agora imaginem se no paciente com déficit laboratorial do hormônio, a utilização das medicações (hormônios) já pode por si acentuar/agravar/desencadear/aliviar sintomas psiquiátricos, quem dirá quando se usa para fins estéticos. Com o abuso de prescrições de hormônios anabolizantes os distúrbios psiquiátricos decorrente desse abuso tem aumentado exponencialmente e isso é comprovado por qualquer psiquiatra ou psicólogo. Trabalhamos em parceria com vários e quase que diariamente ouvimos relatos, principalmente no sexo masculino. Homens que apresentavam transtorno de ansiedade generalizada e abriram quadro de psicose bipolar. Ou homens que o abuso de testosterona foi gatilho para esquizofrenia. Comumente, homens com sintomas depressivos ao final de ciclos de anabolizantes... insônia, irritabilidade, agressividade. O que nos assusta é a passividade da Associação Brasileira de Psiquiatria diante disso. Não vemos campanhas para orientar a população sobre isso, como vemos o Setembro amarelo. 
  5. Exacerbação da libido: Muitas vezes a prescrição começa não por fins estéticos, mas pela questão da libido e quando se fala no assunto, engloba inúmeros fatores. Libido não é somente déficit hormonal de testosterona. Mas a utilização da mesma pode exacerbar a libido tanto em homem quanto em mulheres, levando a comportamentos compulsivos e de risco. Prática de sexo desprotegido e infecção por doenças sexualmente transmissíveis, especialmente HIV, Sífilis, Gonorréia. 
Abaixo pareceres sobre o tema Modulação Hormonal

1) Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN): http://abran.org.br/2018/03/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/
2) Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): https://www.endocrino.org.br/alerta-sbem-nao-existe-especialista-em-modulacao-hormonal/
4) Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO): http://www.abeso.org.br/pdf/Posicionamento%20SBEM%20-%20anti-aging2.pdf
8) Conselho Federal de Medicina (CFM): O parecer do CFM que proíbe a prática de modulação hormonal no Brasil está disponível aqui: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf No link a seguir você encontrará inúmeros pareceres de sociedades médicas sérias sobre o tema, isso basta para que não estimulemos modulação hormonal e hormônios ditos bioidênticos http://www.drfredericolobo.com.br/2016/07/pareceres-de-sociedades-medicas-contra.html

Autores:
Frederico Lobo – Médico Nutrólogo
Natália Jatene – Médica Endocrinologista
Edite Magalhães - Médica especialista em Clínica médica
Leandro Houat – Médico de família de comunidade
Rodrigo Lamonier – Nutricionista e profissional da Educação física
Márcio José de Souza – Profissional da Educação Física e graduando em Nutrição

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Prescrição de esteróides anabolizantes para fins estéticos - Uma prática condenada pelo Conselho Federal de Medicina


Os riscos do uso não médico (Handelsman, 2006) de esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) é um tema recorrente em artigos científicos, jornais e revistas especializadas. No momento está ganhando notoriedade na mídia pois alguns médicos "instituíram" por conta própria a prescrição para fins estéticos.

Esse consumo tem sido relacionado a homens e mulheres jovens de variadas camadas sociais e padrões econômicos, que buscam obter rapidamente a musculosidade (hipertrofia e definição muscular) e a melhora do desempenho físico (efeito ergogênico).

Indubitavelmente, com a forte demanda, a fiscalização frouxa e com altos lucros falando mais altos, médicos turbinam os resultados graças a uma roleta-russa química na qual se destaca o abuso dos EAA.


A insatisfação com a imagem corporal tem sido descrita como uma das causas do abuso de EAA, exercendo considerável influência na motivação de homens jovens, que buscam um ideal de musculosidade, tomando por base modelos de corpo masculino sugeridos pela mídia, particularmente em publicações especializadas. É claramente um transtorno psiquiátrico. Vemos uma ascensão dos transtornos alimentares (Bulimia, anorexia, transtorno da compulsão alimentar periódica, vigorexia, ortorexia). A crença de que corpo bonito é um corpo sarado ou bombado, na maioria das vezes irreais pelos métodos convencionais, ou seja, quase sempre "esculpido por EAA", acaba sendo gatilho para esses transtornos alimentares e uso de EAA (com seus efeitos adversos).




Os danos provocados pelo uso indiscriminado de EAA são apontados em vários estudos (Bispo et al., 2009; Samaha et al., 2008; McCabe et al., 2007; Graham et al., 2006;).

Complicações funcionais cardíacas e hepáticas, bem como diversos tipos de câncer que podem levar à morte estão entre os efeitos adversos mencionados com maior frequência, seguidos de alterações psíquicas e comportamentais de indivíduos que abusaram de doses de EAA, envolvendo, em alguns casos, episódios de agressão e violência interpessoal (Thiblin, Pärklo, 2002).



Portanto, sob esta ótica, o consumo de substâncias ergogênicas, seja no âmbito esportivo ou amador, não é recomendado, por não compensarem os danos que traz para os indivíduos saudáveis. O uso de EAA é reservados para casos específicos. A  indicação  mais  precisa  da  terapia com EAA é quando a função endócrina dos testículos está deficiente. As principais indicações são:
  1. Hipogonadismo
  2. Caquexia: seja por HIV, Câncer, Doença pulmonar obstrutiva crônica, Miastenia gravis, 
  3. Para o tratamento de anemias causadas pela produção deficiente de eritrócitos; anemia aplástica congênita, anemia aplástica adquirida, a mielofibrose e as anemias hipoplásticas;
  4. Insuficiência renal cursando com desnutrição, sarcopenia e caquexia
  5. Sarcopenia
  6. Angioedema hereditário
  7. Grandes queimados
  8. Puberdade tardia

De acordo com a portaria Nº 344 de 12 de maio de 1998(DOU de 1/2/99), atualizada  pela  resolução RDC  nº  18/2015 da  Agência Nacional de Vigilância Sanitária  - ANVISA,  os esteróides  anabolizantes  são os seguintes:



É importante salientar que NENHUM Nutrólogo, Endocrinologista, Médico do Esporte ou qualquer médico tem aval do Conselho Federal de Medicina e respectivas sociedades médicas para prescrever anabolizantes com finalidade estética ou efeito ergogênico. O uso deve ser reservado para doenças. Prescrição para outros fins não é ensinado nas residências ou pós-graduações de Nutrologia ou Endocrinologia. Portanto se o seu médico te prescreveu com essa finalidade, ele cometeu uma infração ética, podendo receber processo ético-profissional pelo Conselho Regional de Medicina.

#AnabolizantesSoParaDoentes
#AnabolizantesParaFinsEsteticos
#BombaTôFora

Vamos para as comprovações LEGAIS dessa proibição:
1) Antes de PROIBIÇÃO por parte do CFM, existe desde 2000 uma Lei federal na qual obriga as farmácias a reterem por 5 anos as receitas de anabolizantes. "A receita de que trata este artigo deverá conter a identificação do profissional, o número de registro no respectivo conselho profissional (CRM ou CRO), o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e telefone profissionais, além do nome, do endereço do paciente e do número do Código Internacional de Doenças (CID), devendo a mesma ficar retida no estabelecimento farmacêutico por cinco anos." Portanto se necessita de CID, subentende-se perante a justiça que a finalidade não é estética e sim em decorrência de alguma doença. Link para a lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9965.htm

A lei é confirmada na Cartilha para prescrição, elaborada pelo CFM: http://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/cartilhaprescrimed2012.pdf
Como nesse caso há uma quebra do sigilo médico (pois informará a doença do paciente através do número do CID 10) recomenda-se, embora seja dever legal, que o médico obtenha autorização por escrito do paciente para divulgar o diagnóstico.

2) Resolução CFM Nº 1.999/2012 que trata sobre a
 "A falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento."
"CONSIDERANDO que é vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda
não aceita pela comunidade científica;"
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária realizada em 27 de setembro de
2012,
"RESOLVE:
Art. 1º A reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada, de acordo com a existência de nexo causal entre a deficiência e o quadro clínicoou de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados."
Portanto, de acordo com o CFM, se não há déficit de um hormônio, com comprovação laboratorial e quadro clínico, esse hormônio não deve ser prescrito. Ou seja, finalidade estética é proibida pelo Conselho Federal de medicina. Link para a resolução: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

3) Parecer do CFM sobre Modulação hormonal bioidêntica e fisiologia do envelhecimento. Link para o parecer: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/2012/29_2012.pdf

4) Parecer do CFM sobre Prescrição de anabolizantes e hormônio de crescimento para
ganho de massa muscular em atletas. Link para o parecer: http://old.cremerj.org.br/anexos/ANEXO_PARECER_CFM_19.pdf


Autores:

Dr. Frederico Lobo (Nutrólogo de Goiânia - GO) @drfredericolobo
Dra. Natalia Jatene (Endocrinologista de Goiânia - GO) @dra.nataliajatene
Dr. Ricardo Martins Borges (Nutrólogo de Ribeirão Preto – SP, mestre em medicina pela FMRP – USP) @clinicaricardoborges,
Dra. Tatiana Abrão (Endocrinologista e Nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,
Dr. Daniella Costa (Nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,
Dr. Mateus Severo (Endocrinologista de Santa Maria – RS, Mestre em Ciências Médicas – Endocrinologia pela UFRGS e doutorando em Ciências médicas – Endocrinologia pela UFRGS) @drmateusendocrino,
Dr. Pedro Paulo Prudente (Médico do esporte  e Acupunturista em Goiânia - GO) @vivamelhorsemdor
Dra. Patrícia Salles (Endocrinologista de São Paulo – SP, mestre em Endocrinologia pela FMUSP), @endoclinicdoctors,
Dra. Camila Bandeira (Endocrinologista de Manaus – AM) @endoclinicdoctors,
Dra. Flávia Tortul (Endocrinologista de Campo Grande – MS) @flaviatortul,
Dr. Reinaldo Nunes (Endocrinologista e Nutrólogo de Campos – RJ, mestre em endocrinologia pela UFRJ) @drreinaldonunes.
Prof. Márcio José de Souza - Personal Trainer 


Bibliografia:







Bispo, M. et al. Anabolic steroid-induced cardiomyopathy underlying acute liver failure in a young bodybuilder. World J. Gastroenterol., v.15, n.23, p.2920-2, 2009.

Graham, M.R. et al. Homocysteine induced cardiovascular events: a consequence of long term anabolic androgenic steroid (AAS) abuse. Br. J. Sports Med., v.40, n.7, p.644-8, 2006.

Handelsman, D.J. Testosterone: use, misuse and abuse. Med. J. Aust., v.185, n.8, p.436-9, 2006.

McCabe, S.E. et al. Trends in non-medical use of anabolic steroids by U.S. college students: results from four national surveys. Drug Alcohol Depend., v.90, n.2-3, p.243- 51, 2007.

Samaha, A.A. et al. Multi-organ damage induced by anabolic steroid supplements: a case report and literature review. J. Med. Case Rep., v.2, n.340, 2008. Disponível em: www.jmedicalcasereports.com/content/2/1/340>

Thiblin, I.; Pärklo, T. Anabolic androgenic steroids and violence. Acta Psychiatr. Scand., v.106, suppl. 412, p.125-8, 2002.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Medicina integrativa, será que estão integrando verdadeiramente o paciente ?


É muito comum que nos questionem, se nós como Nutrólogos, trabalhamos com Medicina integrativa. A resposta é: Não! 

Não com essa Medicina integrativa que propagam por aí. A verdadeira medicina integrativa não deveria sequer ser chamada de Medicina, pois, consiste em preceitos básicos que deveriam ser adotados por todos os médicos. Entretanto, alguns "portadores" de diplomas se intitulam médicos integrativos pelo Hype do termo. Como se, ser integrativo, fosse um diferencial. 

A partir do momento que um médico se diz especialista em Medicina integrativa ele está cometendo uma infração ética, pois, não é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.  Baseado na Resolução 1.974/11. "É vedado ao médico, na relação com a imprensa, na participação em eventos e no uso das redes sociais: d) divulgar especialidade ou área de atuação não reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina ou pela Comissão Mista de Especialidades; assim como e) anunciar títulos científicos que não possa  comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina".

Uma prática integrativa deveria ser a regra e não a exceção. Tornar esse tipo de prática uma especialidade médica ou mesmo área de atuação não tem fundamento, pois, são princípios norteadores de uma boa prática médica.


O objetivo é simplesmente integrar os vários sistemas do corpo humano e olhar o paciente de forma global (holística), considerando aspectos não só orgânicos, mas também os emocionais, espirituais,  sociais e ambientais. 

O ser humano não é dissociado da sociedade e muito menos da natureza. Logo, uma visão dissociada não é o que preza a boa prática médica. Deixar de agregar à prática clínica, novas técnicas que demostram evidência em ensaios clínicos  além de certificado de "obsolescência" por parte do médico, pode ser considerado, na nossa visão, negligência. A ciência vem evoluindo. A Medicina acompanha essa evolução.

Toda a nossa medicina ocidental é baseada na tradição hipocrática do pensamento médico. O exame clínico foi todo moldado nos princípios do método hipocrático. Ou seja, resume-se a  “observar, estudar o paciente e não somente a doença, avaliar honestamente e ajudar a natureza”. A visão integradora de Hipócrates permeia toda a sua obra. Logo, a tradição hipocrática em sua essência é totalmente integrativa e acima de tudo ética. 

Achamos um artigo bem interessante que fez um quadro com inúmeros conceitos do que alguns autores acreditam ser Medicina Integrativa.



Mas antes de falarmos o que é realmente a Medicina chamada integrativa, precisamos falar quando e onde surgiu esse conceito. 

O início

No anos 60, intensificou-se a procura mundial por novas modalidades terapêuticas ditas “alternativas”. Isso ocorreu, principalmente, pelo aumento da incidência das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, combinado com e a insatisfação com o modelo vigente de saúde. 

Desde 1978, a OMS incentivou em nível mundial os cuidados de saúde primários e a integração de “práticas médicas tradicionais” eficazes para promover a saúde global – sendo essa a primeira “tentativa de integração” da medicina dita "integrativa" nos sistemas públicos de saúde.  

Mas a primeira utilização do termo, data de 1994, por Andrew Weil, médico americano da Universidade do Arizona, na qual se definia medicina integrativa como uma “medicina” orientada à saúde, que tinha como foco um olhar global do paciente, olhando não só aspectos relacionados às doenças, mas também o seu estilo de vida. Em 1980, EUA e Inglaterra adotaram a denominação “medicina complementar” e hoje muitos preferem. 

Na teoria a ideia parece bem interessante. Uma área que amplia os olhares da Medicina convencional e faz a Medicina evoluir. Mas não é isso que temos visto nos consultórios médicos brasileiros. A verdadeira Medicina Integrativa “Integrative Medicine” está presente em mais de 60 (sessenta) centros universitários acadêmicos americanos como: Harvard, Arizona, Massachusetts, Mayo Clinic, Cleveland Clinic, Califórnia, entre outras. 

Infelizmente, no Brasil ela foi deturpada, apesar dos esforços de alguns profissionais sérios da área, como é o caso do pioneiro na "Medicina integrativa" no Brasil.

O Dr. Paulo de Tarso Lima, médico cirurgião de São Paulo, foi até a Universidade do Arizona beber da fonte e conhecer mais de perto o berço  do movimento. A ideia do Dr. Paulo é excelente. Criou inclusive um pós-graduação na área (a pioneira no Brasil). É o idealizador e cofundador do serviço de Medicina Integrativa do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo - SP.

O que aconteceu no Brasil?

Os princípios da chamada  "Medicina integrativa" foram corrompidos por alguns profissionais, que viram nessa "nova especialidade" uma forma de:
  1. Lucrarem, 
  2. Venderem produtos, 
  3. Criarem doenças inexistentes, 
  4. Defenderem valores de referência supra-ótimos,
  5. Agregarem práticas que são proibidas pelo Conselho Federal de Medicina.  Resolução Nº1999/2012.
        "De acordo com Andrew Weil, existem princípios definitivos da medicina integrativa a serem respeitados, como consta a seguir.
        • Paciente e praticante são parceiros no processo de cura.
        • Todos os fatores que influenciam a saúde, bem-estar e doença são levados em consideração, incluindo mente, espírito e comunidade, bem como o corpo
        • O uso apropriado de métodos convencionais e alternativos facilita a resposta de cura inata do corpo.
        • Intervenções eficazes, naturais e menos invasivas devem ser usadas sempre que possível. A medicina integrativa não rejeita a medicina convencional nem aceita terapias alternativas sem crítica.
        • O bom “remédio” é baseado em boa ciência. É orientado pela investigação e aberto a novos paradigmas. Juntamente com o conceito de tratamento, os conceitos mais amplos de promoção da saúde e prevenção de doenças são primordiais.
        • Praticantes da "medicina integrativa" devem exemplificar seus princípios e comprometer-se com a autoexploração e o autodesenvolvimento. Desse modo, pode-se clarificar a importância da relação terapêutica, a abordagem do paciente como um todo, a orientação para a “cura/melhoria” e a participação ativa do paciente no tratamento.
          A medicina integrativa pode ser entendida como a “combinação” da medicina convencional com a medicina complementar, com base em evidências científicas e com a finalidade de oferecer maior variedade de opções terapêuticas aos pacientes."

        Resumindo: na teoria a "Medicina integrativa' é bonita e o modelo ideal no exercício da Medicina, na minha concepção. Porém o que se vê são médicos e profissionais da área da saúde que usurpam o termo e propagam teorias como se elas fizessem parte da grade do que é estudado na Medicina integrativa. Médicos que criam suas próprias teorias e saem por aí afirmando que aquilo faz parte da "Medicina Integrativa". 

        Exemplo bem simples: prescrição de anabolizantes para quem não tem indicação. Indo mais além, prescrição de anabolizantes para fins estéticos. Prescrição de medicações que ainda têm pouca ou nenhuma evidência da eficácia ou segurança. Restrições alimentares infundadas. Utilização de exames não reconhecidos pelas sociedades médicas. Demonização da indústria farmacêutica e prescrição exagerada de formulações manipuladas, elaboradas de forma irracional. 

        Integração é acima de tudo:

        • Respeitar o paciente, 
        • Enxergá-lo de forma global, 
        • Não ignorar a ciência, 
        • Não aceitar estudos fajutos como evidência de algo. 

        O programa de pós-graduação do Einstein contempla terapias de toque, técnicas que trabalham a conexão mente/corpo e as medicinas chinesa e indiana. Mas deixa claro a necessidade de a todo momento se fazer uma análise crítica e realizarem ensaios clínicos para a ciência evidenciar o que realmente funciona e merece ser incorporado à prática clínica cotidiana. A universidade de Harvard tem em seu site, uma parte que trata de Medicina complementar: https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2 Na qual visa mostrar quais evidências existem em diversas práticas. 


        Alguma das áreas estudas e defendidas pelo "Medicina integrativa":

        "Acupuntura: A prática milenar de origem chinesa vira e mexe é colocada à prova pela ciência. Nos últimos anos, pesquisadores queriam saber se a ação das agulhadas em pontos específicos não era algo apenas deflagrado pela mente (o tal efeito placebo) e decifrar como ela interfere no organismo. No final de 2012, um dos maiores estudos na área, financiado pelo Centro Nacional de Medicina Complementar e Alternativa dos EUA, jogou evidências sobre a discussão: depois de revisar 29 pesquisas, totalizando quase 18 mil participantes, o trabalho mostra que a acupuntura tradicional ajuda a combater dores crônicas nas costas, na cabeça e ligadas à artrite. “Essa é a maior análise já feita para verificar se há diferenças entre a terapia de verdade e a baseada em pontos falsos, o placebo. Ela resolve a questão de que a acupuntura não se restringe a um mero efeito da mente”, diz o epidemiologista Andrew Vickers, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, líder da investigação. Estudos já identificaram áreas do cérebro acionadas pelas agulhas, entre elas nosso centro de controle da dor. “A acupuntura promove a liberação de substâncias analgésicas, as endorfinas, mas precisamos entender agora como se dá essa ação permanente na dor crônica”, diz Vickers. É uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.
        Origem: China Antiga
        Principais indicações: dor nas costas, dor de cabeça, problemas nas articulações, pressão alta, sintomas indesejados da menopausa e da gravidez, ansiedade, depressão, insônia, efeitos adversos de tratamento contra o câncer, distúrbios cognitivos.
        Contraindicações: pessoas com alergia intensa ou lesões na pele, muita sensibilidade a agulhas, fobia de ser picada e imunidade baixa.
        Onde faltam evidências: enxaqueca crônica, tratamento de alguns tipos de câncer, doenças cardíacas agudas."

        "Musicoterapia: Assim como um sambão instiga o corpo a se mexer e uma sonata nos deixa contemplativos, a capacidade que a música tem de alterar o ânimo é utilizada com fins terapêuticos. “As melodias interferem no sistema límbico, nosso centro das emoções, alteram o padrão de ondas cerebrais e propiciam a liberação de substâncias relaxantes e analgésicas”, diz Eliseth Leão, cujo mestrado e doutorado tratam de musicoterapia. Um experimento da Universidade do Kentucky, nos EUA, mostrou que pessoas submetidas a cirurgia e expostas a uma seleção musical durante e após a operação se recuperaram mais rápido que aquelas que só ouviram os médicos conversando. A hipótese é que sons plácidos aliviem o estresse e tirem o foco da situação a ser enfrentada. As sessões de musicoterapia duram, em geral, 20 minutos e podem ser em grupo ou individuais. “A escolha do repertório respeita o objetivo do tratamento e o perfil do paciente”, diz Eliseth. E a terapia continua até fora do consultório, já que é possível escutar um playlist em casa.  
        Origem: embora o uso da música em rituais terapêuticos remonte à Antiguidade, sua entrada pra valer na medicina moderna se deu na década de 1960.
        Principais indicações: controle do estresse, dores agudas e crônicas, ansiedade, depressão, distúrbios cognitivos, autismo, recuperação no câncer.
        Contraindicações: vítimas recentes de derrame e portadores de epilepsia musicogênica (condição rara em que os estímulos sonoros provocam convulsões).
        Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas que geram estados de excitação e alucinação."
         
        "Homeopatia: Quem é que nunca fez (ou pelo menos já ouviu falar em alguém que fez) um tratamento com gotinhas ou comprimidos homeopáticos? Desde que a Associação Médica Brasileira a reconheceu como uma especialidade em 1980, a homeopatia se tornou bastante popular no país. Tal avanço não eliminou, contudo, a desconfiança de uma extensa parcela dos próprios médicos, que acreditam na falta de evidências capazes de legitimar seu uso. “A medicina hoje é muito atrelada ao mercado e a indústria farmacêutica teme a homeopatia pelo fato de que ela é simples, mais barata e contraria o filão dos laboratórios, que é a doença em si”, opina o pediatra e homeopata Renan Marino, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Marino desenvolveu uma experiência pioneira com um remédio homeopático frente à epidemia de dengue que assolava essa cidade no interior paulista. Cerca de 20 mil doses foram distribuídas entre a população e houve uma queda de 80% no número de casos da infecção registrados — e nenhuma pessoa evoluiu para a forma hemorrágica e mais grave da doença. Hoje, o especialista investiga o potencial da homeopatia em crianças com hiperatividade. “Em 80% dos casos, podemos tirar a droga normalmente receitada e só o homeopático já consegue equilibrar a agitação”, conta. Apesar desses resultados, há pesquisadores que questionam sua eficácia e modo de ação. O médico alemão Edzard Ernst, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, afirma, depois de inúmeras investigações no campo das terapias alternativas, que seu efeito não passa de placebo. “Um remédio homeopático costuma ser tão diluído que não chega a ter qualquer molécula ativa. Há quem defenda que algum tipo de energia é transferido ao produto no processo de diluição, mas essa hipótese é implausível”, diz. Com base nisso, Ernst salienta que a homeopatia não deveria substituir intervenções convencionais diante de um problema de saúde mais grave.
        Origem: criada pelo alemão Samuel Hahnemann no século 19 com base em princípios descritos pelo grego Hipócrates no século 4 a.C.
        Indicações: pode ser usada sozinha ou junto a um tratamento convencional em diferentes problemas, como resfriados, bronquite e sinusite, doenças que geram dor crônica e queimaduras.
        Contraindicações: não há, a menos que existam reações adversas a compostos específicos.
        Onde faltam evidências: Infecções severas, alergias e dermatites intensas, quadros que cobram internação."

        "Fitoterápicos: Um dos hábitos mais antigos da humanidade é recorrer à natureza para abrandar males do corpo e da alma. E não é à toa que uma porção de remédios, hoje fabricados por farmacêuticas, tem seu princípio ativo baseado em substâncias encontradas originalmente em plantas. A fitoterapia se apoia justamente no princípio de usar o que o reino vegetal oferece para tratar doenças e isso pode ser feito por meio de extratos, infusões, cápsulas, pomadas... Sua força no Brasil parece vir das nossas heranças históricas — basta pensar na cultura indígena — e da diversidade da nossa flora. Acontece que, a exemplo de outras práticas, o uso de plantas carece do carimbo científico, ainda mais porque dosagens e combinações equivocadas são capazes de derrubar o organismo. Felizmente, muitas instituições, como a Universidade Estadual de Campinas e a Federal de Santa Catarina, investem na pesquisa de fitoterápicos. E, antenado à tendência, o próprio SUS oferece 12 extratos de plantas em sua rede. “São fitoterápicos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em critérios de eficácia e segurança”, diz Carlos Gadelha, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (confira no esquema ao lado).
        Origem: plantas são usadas como remédios em todo o mundo desde a pré-história.
        Principais indicações: dores, processos inflamatórios, problemas gastrointestinais e do aparelho respiratório e colesterol alto
        Contraindicações: em tese, todos os fitoterápicos podem apresentar riscos e efeitos adversos, daí a necessidade de uma indicação médica.
        Adendo: Salientamos que mais ensaios clínicos devam ser feitos com fitoterápicos, já que apesar da imensa gama de produtos no mercado, uma minoria tem realmente evidência científica que justifique a sua prescrição. Exemplo: fitoterápicos para obesidade. Os estudos até o momento não nos convence, justificando a sua prescrição. "

        "Aromaterapia: O químico francês René Gattefossé descobriu quase sem querer, nos anos 1920, o poder dos óleos essenciais: depois de queimar a mão, ele percebeu que o aroma da lavanda acalmava a dor. De lá pra cá, essa estratégia foi estendida para uma legião de plantas e virou abordagem terapêutica, a aromaterapia. Hoje, em países como Inglaterra e França, ela deixou spas para ser incorporada ao ambiente hospitalar. O óleo de lavanda, um dos mais famosos, já é usado em alas de queimados devido ao seu efeito calmante e analgésico. O potencial do método se deve à alta concentração do princípio ativo presente no óleo: o efeito de uma gota equivaleria ao de 25 xícaras do chá. “No tratamento, levamos em conta as queixas do paciente e suas preferências aromáticas. O uso pode ser feito por meio de cremes, sabonete líquido, massagem com o óleo ou através de um vaporizador”, explica Sandra Spiri, presidente da Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia. Hoje a principal ação dos óleos essenciais é o combate ao estresse e à ansiedade, o que justificaria, segundo novos trabalhos, seu benefício cardiovascular. Na Universidade Médica Taipei, em Taiwan, notou-se que uma curta exposição ao óleo de tangerina, por exemplo, ajuda a baixar a pressão arterial.
        Origem: há relatos de que, na Antiguidade, egípcios, romanos, hindus e chineses já usavam óleos essenciais. Mas a terapia entrou na era científica com o químico francês René Gattefossé, no início do século 20.
        Principais indicações: controle de estresse, ansiedade e dores.
        Contraindicações: idosos ou pessoas que tomam muitos medicamentos, indivíduos com alergia e gestantes.
        Onde faltam evidências: quadros de náusea e vômito intensos; o uso terapêutico isolado é, muitas vezes, pouco efetivo."

        "Hipnose: Quando chegamos em casa e não lembramos o percurso das últimas quadras é porque estávamos numa espécie de transe — o inconsciente se manifesta enquanto é mantida uma reserva de vigilância. A hipnose nos induz a um estado semelhante e isso já é explorado no tratamento de depressão, fobias, distúrbios sexuais e alimentares. Até condições com sintomas mais físicos são enfrentadas — e convém esclarecer que o paciente é submetido a um treinamento até poder passar pelo tratamento. Um estudo publicado pelas universidades de Baylor, Texas e Indiana, nos EUA, com 187 mulheres com calorões motivados pela menopausa, mostrou que aquelas submetidas à hipnose tiveram uma redução de 74% na frequência desse incômodo contra 13% do grupo de controle.
        Origem: o termo e seus precursores, Jean-Martin Charcot, Josef Beurer e Sigmund Freud, vêm do final do século 19.
        Principais indicações: distúrbios psicológicos, transtornos sexuais e alimentares, controle da dor, de vícios e manias, insônia.
        Contraindicações: não há, mas é ineficaz em pessoas não-suscetíveis.
        Onde faltam evidências: como anestésico em cirurgias de grande porte, dores agudas e doenças nervosas."

        "Técnicas de respiração: Uma ação simples e até obrigatória para o organismo vem sendo explorada como coadjuvante no tratamento de distúrbios psicológicos. Trabalhar o ritmo da respiração, utilizando mais o diafragma (o músculo que impulsiona o inspirar e o expirar) e controlando a entrada e a saída de ar, é uma tática bem-sucedida para subjugar e afastar ataques de pânico e ansiedade, como indicam estudos do psiquiatra Antonio Egidio Nardi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Isso ajuda a complementar o tratamento com remédios", diz. Há diversos treinos de respiração e um dos mais famosos é o método Sudarshan Krya, do ioga, tema de trabalhos na Universidade Harvard que demonstraram sua eficácia no controle do estresse, colesterol e insônia. Num experimento do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), os médicos observaram que exercícios respiratórios melhoraram os níveis de pressão arterial de idosos. “O ritmo de respiração mais lento ativa o lado calmo do sistema nervoso autônomo, estimulando o relaxamento dos vasos”, justifica o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho. Esta e outras técnicas ainda colaboram para controlar a asma e minorar a dor no parto.
        Origem: algumas técnicas, como a do ioga, têm registros milenares
        Principais indicações: controle do estresse, de crises de ansiedade, ataques de pânico, dores agudas e da pressão arterial.
        Contraindicações: a princípio, não há.
        Onde faltam evidências: até agora, não há evidências contrárias, mas o uso terapêutico isolado não controla totalmente doenças crônicas."
         
        "Meditação: Pessoas que dedicam um espaço da agenda a essa desconexão com o mundo — e olha que existem diversas formas de meditação — não só viveriam menos abatidas pelo estresse como estariam mais blindadas contra doenças. Um trabalho da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, acaba de demonstrar, depois de um teste com 154 voluntários, que indivíduos que meditam meia hora por dia correm menor risco de sofrer com gripes e resfriados e perder dias de trabalho por isso. “É provável que, interferindo no sistema nervoso, a prática ajude a regular a imunidade”, diz o autor, Bruce Barrett. Além da verve preventiva, a meditação também tem passado nas provas que avaliam sua capacidade de melhorar sintomas e dar qualidade de vida: há estudos com resultados positivos em hipertensão, esclerose múltipla e doença de Parkinson. “Estamos avaliando, com exames de ressonância magnética, o impacto da meditação tibetana em pessoas que sofreram danos cognitivos por causa da quimioterapia”, conta Paulo de Tarso Lima, do Hospital Albert Einstein.
        Origem: depende do tipo (budista, cristã, transcendental...). A prática está ligada a religiões e culturas orientais desde a Antiguidade
        Principais indicações: gerenciamento do estresse, controle da dor, ansiedade e depressão, distúrbios nervosos, controle de efeitos colaterais de terapias agressivas.
        Contraindicações: a princípio, não existem, mas a prática tem de ser devidamente orientada.
        Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas em crise, tratamento do câncer em si."
         
        "Massagem: Ninguém duvida do poder relaxante de uma boa massagem, mas os profissionais da área ainda lutam para diferenciar uma simples sessão antiestresse (feita até no shopping) de uma intervenção capaz de fazer o corpo reagir a algum desconforto ou problema de saúde. Embora a base seja a mesma — manipular tecidos moles do corpo —, existem várias categorias de massagem: sueca, chinesa, shiatsu, clínica... A exemplo de outras terapias, essa abordagem deve seus louros a minimizar a tensão e toda a cascata de irregularidades desencadeada por ela, como cansaço constante, dores musculares e pressão alta. Isso porque o estado de relaxamento propiciado em uma sessão baixa a concentração de cortisol, o hormônio do estresse, e melhora a qualidade do sono, imprescindível para manter o sistema nervoso sob equilíbrio. Mas a técnica pode se prestar também a efeitos mais localizados. Um estudo capitaneado pela Universidade Duke, nos EUA, aponta que, quando aplicada uma hora por dia toda semana, a massagem sueca, marcada por manipulações mais intensas focadas na musculatura, é eficaz no controle da dor em pessoas com artrose no joelho, problema que não raro resiste a tratamentos convencionais. Hoje, aliás, se busca distinguir os conceitos de massagem terapêutica e clínica. “A primeira é mais de caráter preventivo, enquanto a segunda visa intervir para ajudar a corrigir um problema”, diz Rogério Pires, presidente da Associação Brasileira de Massoterapia Clínica.
        Origem: é uma prática milenar que faz parte, desde a Antiguidade, da cultura indiana, chinesa, tailandesa, romana e egípcia.
        Principais indicações: controle do estresse, melhoria da qualidade do sono, gerenciamento da dor, constipação intestinal e recuperação de problemas musculares.
        Contraindicações: pessoas em tratamento contra alguns tipos de câncer, indivíduos com varizes acentuadas ou diante de um processo inflamatório acentuado na pele ou nas articulações.
        Onde faltam evidências: dores agudas e intensas, alguns tipos de câncer, lesões ortopédicas."

        "Quiropraxia: Quem já ouviu falar nesse método, bastante popular nos Estados Unidos, tende a pensar que ele é uma espécie de massagem com estalos nas costas. Mas a proposta vai além disso. “Por meio de movimentos precisos na coluna, que por vezes geram estalidos, a quiropraxia visa melhorar o alinhamento das vértebras para que a comunicação do sistema nervoso com a periferia se dê de forma mais harmoniosa”, explica Ana Paula Facchinato, coordenadora do curso de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. O principal alvo da técnica é, de fato, toda a extensão da coluna vertebral, e há situações em que seu potencial supera o de remédios. Um estudo da Universidade de Ciências da Saúde Northwestern, nos EUA, revelou recentemente que técnicas de manipulação como a quiropraxia são mais eficazes em controlar dores na região do pescoço que medicamentos e exercícios caseiros. Só vale lembrar que, antes de recorrer ao método, é preciso fazer uma avaliação detalhada da origem do incômodo, até porque em alguns quadros de hérnia de disco e osteoporose ela é contraindicada.
        Origem: Estados Unidos, pelo estudioso de fisiologia e biomecânica humana canadense Daniel Palmer, em 1895.
        Principais indicações: dor na lombar, dor no pescoço, problemas decorrentes de postura e de alterações no corpo (como gestantes).
        Contraindicações: osteoporose grave, hérnia de disco e doenças reumatológicas em crise, vítimas de derrame e algumas pessoas com histórico de câncer.
        Onde faltam evidências: tratamento de dores agudas ligadas à hérnia de disco ou reumatismos."

        Autores:
        Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
        Dra. Karoline Calfa - Médica Nutróloga e Conselheira do CRM-ES.

        Referência bibliográfica:
        1. https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2
        2. https://revistamedicinaintegrativa.com/estado-da-arte-da-medicina-integrativa-no-mundo/
        3. http://medintegrativa.com.br/medicina-integrativa/
        4. http://medintegrativa.com.br/sobre/
        5. https://www.einstein.br/especialidades/hematologia/atendimento-consultas/medicina-integrativa
        6. http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnpic.php
        7. https://www.scielo.br/pdf/csc/v16n3/16.pdf

        sexta-feira, 13 de novembro de 2020

        Por que a Nutrologia é tão mal falada no meio médico ?

        Nas últimas semanas tenho vivenciado algumas situações no consultório que merecem comentários. Vários pacientes contando que seus outros médicos criticam descaradamente condutas de Nutrólogos e desestimulam os pacientes a irem consultar com Nutrólogos. 

        Mas por que isso ocorre? 

        Primeiramente quero deixar claro que em partes, não tiro a razão de alguns médicos, mesmo os considerando ignorantes. Principalmente aqueles que vivenciaram ou vivenciam condutas absurdas adotadas por alguns ditos "Nutrólogos". 

        A Nutrologia não é uma especialidade nova. Desde 1978 é uma especialidade médica reconhecida pela Associação Médica Brasileira. No Brasil só há duas formas de um profissional se tornar Nutrólogo, ou faz a residência de Nutrologia ou presta a prova de título da Associação Brasileira de Nutrologia.

        A grande maioria dos profissionais que se dizem Nutrólogos (principalmente em redes sociais como instagram e facebook) na verdade não são Nutrólogos. Ou seja, propaganda enganosa e infração ética. Para saber se o profissional é Nutrólogo, basta digitar o nome dele aqui: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos

        Caso o médico seja realmente Nutrólogo, ele terá a especialidade registrada no Conselho Federal de Medicina e terá um número de registro de qualificação de especialista (RQE).

        Sendo assim, como a grande maioria desses profissionais fingem ser Nutrólogos, vários médicos acreditam que o profissional X ou Y que diz ser Nutrólogo é realmente Nutrólogo. Não buscam saber da formação dos mesmos.

        Mas além de usurparem um título que não lhes pertencem, tais profissionais muitas vezes praticam atos que não fazem parte do roll de procedimentos em Nutrologia. Como por exemplo: Modulação hormonal, prescrição de anabolizantes para fins estéticos ou em quem não tem déficit. E vários médicos por puro desconhecimento pensam que isso faz parte da Nutrologia. Isso não é Nutrologia.

        O prato está feito para receber críticas. Os bons Nutrólogos então "pagam o pato" pelos que fingem ser Nutrólogos e algumas vezes até pelos que são Nutrólogos realmente. Sim, existem Nutrólogos que maculam a imagem da especialidade cometendo um festival de infrações éticas, tais como:

        1. Indicando farmácia de manipulação
        2. Prescrevendo anabolizantes para fins estéticos
        3. Solicitando exames sem validação científica ou que o Conselho Federal de Medicina não autoriza
        4. Vendendo produtos em seus consultórios

        Ou seja, diante de tal cenário é até compreensível que os colegas desinformados julguem o todo pela parte. O caminho na busca pela moralização da Nutrologia é árduo, mas o movimento Nutrologia Brasil (que criei em 2014) lutará incansavelmente pela divulgação/propagação da verdadeira Nutrologia. Afinal, ignorância se combate com conhecimento. 

        A Nutrologia é uma especialidade linda, que transforma vidas e que merece ser respeitada. 

        Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915

        quinta-feira, 22 de outubro de 2020

        O médico que entende de forma rasa de tudo...

        Esse texto tem como objetivo explicar um pouco do meu trabalho, já que vários pacientes (que acompanho há quase uma década) estão reclamando que não estou pegando casos novos indicados por eles. Portanto, primeiramente quero deixar claro que ESTOU ATENDENDO SIM NOVOS CASOS

        A questão é que a demanda aumentou, o tempo de consulta aumentou, o número de dias de atendimento reduziu e hoje prefiro dar a máxima atenção para os pacientes com condições que tenho uma maior experiência:
        1. Intolerâncias alimentares: lactose, frutose, sacarose, rafinose. Alergias alimentares.
        2. Síndrome do Intestino irritável
        3. Diarreias crônicas
        4. Constipação crônica
        5. Gases intestinais
        6. Gastrite, Refluxo
        7. Diverticulose
        8. Supercrescimento bacteriano e disbiose
        9. Queda de cabelo e Unhas quebradiças
        10. Acne
        11. Intoxicação por metais tóxicos
        12. Fibromialgia
        13. Artrose, Artrite reumatóide, Hashimoto,
        14. Síndrome metabólica: Dislipidemias, Hipertensão, Intolerância à glicose
        15. Esteatose hepática
        16. Diabetes mellitus tipo 2
        17. Obesidade grau II e III
        18. Anemias carenciais
        19. Pacientes vegetarianos
        20. Aspectos nutricionais em pacientes: HIV, Pneumopatas, Déficit de atenção, Depressão, Ansiedade, Transtorno bipolar, Osteoporose, Osteopenia, Hiperuricemia, Infertilidade e Indisposição.
        21. Acompanhamento pré-cirurgia bariátrica e após cirurgia bariátrica
        Ou seja, continuo atendendo novos pacientes, mas dando preferência para essas condições. Por isso eu aplico o questionário pré-consulta, para selecionar os pacientes que posso garantir que darei o melhor de mim. Sempre que posso, ao negar o atendimento, entro em contato com o paciente e explico o motivo de eu não aceitar aquele caso. Na maioria das vezes acabo indicando algum colega de minha confiança. Afinal é ruim deixar as pessoas desamparadas, sem um norte. 

        Prefiro ser um médico que atende poucas condições, mas que estuda-as arduamente, do que ser um médico generalista e nutrólogo que atende de tudo, mas tem conhecimento raso sobre cada uma delas.

        Portanto explicarei abaixo o que NÃO atendo:
        • Crianças abaixo de 12 anos: Já atendi, mas hoje só acima de 12 anos. Nutróloga Pediátrica em Goiânia só indico a Dra. Cristiane Simões. Fone: (62) 34325798 e (62) 983093335.
        • Sobrepeso, sarcopenia e obesidade grau I estou encaminhando para o meu nutricionista: Rodrigo Lamonier (Fone: 62-23941-2998). Já atendi por quase 1 década, hoje somente aqueles com obesidade grau II ou III. 
        • Pacientes que desejam melhora da performance na prática de atividade física, hipertrofia (ganho de massa muscular) não atendo. Também encaminho para o Rodrigo Lamonier. 
        • Pacientes que querem fazer uso de anabolizantes para fins estéticos. Essa prática não encontra respaldo científico de nenhuma sociedade médica (de especialidades) no Brasil, sendo inclusive proibida. No link a seguir dou inúmeras justificativas do porquê de eu não concordar com essa prática: https://www.nutrologogoiania.com.br/por-que-abomino-modulacao-hormonal/
        • Não prescrevo testosterona nem para aqueles que tem deficiência. Encaminho para a endocrinologista Dra. Natália Jatene (Fone: 3281-7799), 
        • Pacientes que querem utilizar hormônios com finalidade estética ou com ação antienvelhecimento (Chips hormonais, uso de testosterona e hormônio do crescimento).  Saliento sempre que prescrição de hormônios não faz parte do arsenal terapêutico rotineiro da Nutrologia. Salvo algumas exceções (caquexia, HIV, sarcopenia).
        • Dieta HCG: discordo dessa abordagem. Contraindico.
        • Terapia de reposição hormonal (Ex. Menopausa, Andropausa, Alterações tireoideanas). Posso até fazer o diagnóstico do déficit afinal sou médico, mas não prescrevo hormônios. Todas desordens hormonais que necessitam de tratamento, encaminho para a endocrinologista, Dra. Natalia Jatene (Fone: 3281-7799). 
        • Baixa estatura: encaminho para uma amiga endocrinologista pediátrica Dr. Renata Machado (Fone: (62) 3983-8015).
        • Pacientes oncológicos (com câncer); Encaminho para a Nutricionista Jordana Torres (Fone: 62 3212 4020) e para o Oncologista clínico Dr. Victor Domingos Lisita  (Fone: (62) 3265-0400)  e para a Dra. Danielle Laperche (62) 36056616). Para aqueles que querem acompanhamento com Nutrólogo especialista em pacientes oncológicos, indico um amigo que além de Oncologista Clínico é Nutrólogo. Apesar dele morar em São Paulo, ele faz atendimento por telemedicina. Fone: (11) 31712843.
        • Pacientes nefropatas (doença renal crônica ou aguda ou doença renal decorrente de doenças autoimunes): Encaminho para o meu amigo Dr. Rodrigo Costa que é Nefrologista e Nutrólogo (Fone: (62) 32425441).
        • Pacientes hepatopatas (Cirrose, varizes esofagianas, Ascite) encaminho para o Hepatologista Dr. Rafael Ximenes e para a Nutricionista especialista em hepatopatias - Flávia Ximenes – Fone: (62) 3998-9151.
        • Gestantes: por anos dei essa consulta gratuitamente para minhas pacientes que engravidavam. Parei devido o conflito com obstetras na hora da suplementação. Indico o meu nutricionista Rodrigo Lamonier
        • Pacientes portadores de esquizofrenia, dependência química ou de álcool: encaminho para o psiquiatra e homeopata Dr. Heisler Lima (Fone:  62-9646-8400). Todas as dependências químicas encaminho para uma excelente psicóloga doutoranda na área, Dra. Rose Karla Vicente (Fone: (62) 3594-4841).
        • Anorexia, Bulimia, Síndrome do Comer Noturno, Ortorexia e Vigorexia. Encaminho para o psiquiatra Dr. Heisler Lima (Fone:  62-9646-8400) ou para o Dr. Rodolfo Campos (especialista na área de transtornos alimentares em Goiânia).
        • Paciente com Alzheimer, Parkinson e Doenças Neurogenerativas como Esclerose Múltipla ou Esclerose Lateral amiotrófica. Encaminho para a Dra. Aline Madeira (Fone: (62) 3250-9060) e Dr. Thiago Calzada (Fone: (62) 9994-7826 e Dr. José Guilherme Schwan (62) 99939-2710. 
        • Pacientes com Autismo: Encaminho para Dra. Simone Pires em São Paulo (Fone: (11) 3704-7317).
        Sendo assim, trago para vocês uma reflexão que levei para debate com alguns amigos Nutrólogos. Será possível um Nutrólogo conseguir atender uma infinidade de patologias e conseguir ser bom em todas? Eu acho que não. A medicina avança e diariamente saem novos trabalhos, novos guidelines e é quase que humanamente impossível se manter 100% atualizado e atender 50 tipos de doenças. 

        Ao longo dos anos, observando meus professores de Nutrologia e amigos Nutrólogos acabei percebendo que a maioria foca em determinadas condições. Hoje a grande maioria dos pacientes que atendo são portadores de distúrbios do trato digestivo. Mas atendo outras patologias também. 

        Por cerca de 2 anos deixei de atender pacientes que residiam fora do país, agora com o advento da Telemedicina voltei aos atendimentos. Também facilitou para manter o acompanhamento regular dos pacientes que moram fora do estado de Goiás. 

        att

        Dr. Frederico Lobo
        CRM-GO 13192 - RQE 11915 
        Médico Nutrólogo


        sexta-feira, 2 de outubro de 2020

        Esteróides Anabolizantes e o uso por mulheres

        sexta-feira, 11 de setembro de 2020

        Cinco motivos para não e consultar comigo



        Abaixo resolvi listar 5 fortes motivos para você NÃO se consultar comigo:

        Motivo 1: Se você deseja ganho de massa por estética! Não trabalho com hipertrofia em pessoas saudáveis (somente sarcopênicos). Pacientes que desejam hipertrofia e atletas, encaminho para o meu Nutricionista Rodrigo Lamonier @rodrigolamoniernutri ou para o meu amigo também Nutrólogo Rodrigo Costa @rodrigonutrologo Não trabalho com melhora de performance. 

        Motivo 2: Se deseja a prescrição de hormônios apenas para fins estéticos. Se quer “ciclar” ou implantar chip de beleza, existem profissionais dispostos a fazer isso. Eu abomino esse tipo de prática, portanto não perca o seu e o meu tempo! Nutrólogo geralmente não prescreve hormônios, só em situações específicas (sarcopenia acentuada, caquexia, grandes queimados). Se você tem déficit hormonal o profissional mais habilitado para a prescrição de hormônio é o Endocrinologista, não um Nutrólogo! Não prescrevo testosterona para ninguém. Nem para quem tem déficit. Posso até fazer o diagnóstico, mas quem prescreverá e acompanhará será o endocrinologista. Lembrando que de acordo com resolução do Conselho Federal de Medicina, a prescrição de Anabolizantes quando não há deficiência comprovada é considerada infração ética. https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&id=23324)

        Motivo 3: Se você deseja receber soro na veia, fazer tratamentos "ultramodernos quânticos", exames sem validação do Conselho Federal de Medicina. Eu trabalho com o que está dentro das normas do Conselho Federal de Medicina. Na Clínica Medicare não realizamos qualquer tipo de procedimento, exceto realização do exame Bioimpedância (feito pelo Nutricionista Rodrigo Lamonier)
        Motivo 4: Se você acredita que eu, sozinho, conseguirei te fazer alcançar os seus objetivos. É um trabalho conjunto: te oriento e você coloca em prática. Ainda não faço milagres e nem fui canonizado.
        Motivo 5: Se você procura tratamentos milagrosos, com resultados ultrarrápidos, às custas da sua saúde e com métodos que as Sociedades médicas abominam. Esse médico não sou eu! Eu honro os 32 médicos da minha família.

        Programar-se visando metas modestas, porém alcançáveis e sustentáveis em longo prazo é o melhor caminho a ser seguido. Parem de se iludir.⠀
        Caso não se encaixe nesses grupos, estarei humildemente disposto a te ajudar de todas as formas possíveis.

        quarta-feira, 24 de junho de 2020

        Efeitos Psiquiátricos dos Anabolizantes

        Dr. Clayton Macedo, um dos responsáveis pela campanha Bomba Tô Fora - que tem o apoio da SBEM -, fala sobre os efeitos psiquiátricos que podem surgir com o uso dos anabolizantes (testosterona e afins).

        Ele explica também que agressividade e reações inesperadas estão entre alguns dos sintomas e que podem estar ligados ao aumento do feminicídio. “Estamos vivendo um grave problema de saúde pública”, enfatizou o Dr. Clayton

        O médico alerta para que é importante ficar alerta aos sintomas e que diversas pesquisas estão sendo feitos, como uma pesquisa dinamarquesa. Nos dados, ele explica que cerca de 20% dos pesquisados que utilizavam os anabolizantes praticaram algum tipo de crime grave.

        Vejam as informações que o médico deu na entrevista ao site da SBEM Nacional.

        Para ouvir acesse: https://www.endocrino.org.br/efeitos-psiquiatricos-dos-anabolizantes/?fbclid=IwAR3EclMNEh_nLXo-mhjhlw7hgaAdpegTxz7p1XO2uMhdO6o3yP0J5xhwb5Q

        segunda-feira, 15 de junho de 2020

        Uso de esteroides anabolizantes: um breve histórico do problema por Dr. Mateus Dornelles

        Uso indevido de esteroides androgênicos, um velho problema

        O uso de esteroides androgênicos para melhorar o desempenho físico, ao contrário do que se possa imaginar, é tema antigo na prática médica. Em 1893, um médico idoso chamado Brown-Séquard reportou “um ganho importante de força” após auto injetar um “fluido testicular” desenvolvido em laboratório de animais. Esta descoberta criou bastante entusiasmo e marcou o início da andrologia. Após algum tempo, já na década de 1930, começaram a ser desenvolvidos os primeiros andrógenos sintéticos derivados da testosterona. Desde então, diversos esteroides androgênicos foram sintetizados e aprovados para o tratamento de diversos problemas de saúde, incluindo deficiência de testosterona, caquexia, osteoporose, atraso no desenvolvimento da puberdade e até câncer de mama.

        Ganho de massa muscular, as custas de efeitos adversos potencialmente graves

        Os derivados sintéticos da testosterona possuem graus variados de atividade androgênica e anabólica, isto é, são capazes de aumentar a massa muscular, queimar gordura e melhorar o desempenho esportivo. Contudo, o uso de esteroides anabolizantes não se faz sem um custo muito alto à saúde. Efeitos adversos são frequentes e incluem toxicidade ao fígado e coração, aumento da viscosidade sanguínea (policitemia) com risco de trombose, aumento das gorduras do sangue (colesterol e triglicerídeos), pressão alta, depressão, crescimento de mamas em homens (ginecomastia), atrofia dos testículos, problemas sexuais e infertilidade em graus variados.

        Falta de informação confiável dificulta a abordagem do problema

        Como a maioria dos usuários destas substâncias não costuma procurar atenção médica, a literatura científica ainda carece de informações principalmente sobre as sequelas causadas pelo seu uso. Isso é problemático, pois o usuário não vê o médico como alguém com capacidade de fornecer informações apropriadas e acaba por buscá-las na internet ou com outros usuários. Já o médico, por não ter acesso a estudos confiáveis, fica desconfortável em abordar o assunto e acaba por adotar uma postura repressiva. Esta falta de empatia afasta paciente e médico, e o assunto vira tabu.

        #BombaTôFora, uma luz no fim do túnel

        Com o intuito de melhorar a assistência, prevenindo o uso e tratando as complicações, tanto médicos quanto pacientes devem estar dispostos a dialogar abertamente e a estudar sobre o assunto. Só desta maneira cooperativa, seremos capazes de construir conhecimento apropriado e confiável sobre o uso de esteroides anabolizantes. O projeto #BombaTôFora, apoiado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, cumpre muito bem esta função.

        Referência:

        1- Pope HG Jr, Wood RI, Rogol A, Nyberg F, Bowers L, Bhasin S. Adverse health consequences of performance-enhancing drugs: an Endocrine Society scientific statement. Endocr Rev. 2014 Jun;35(3):341-75.

        Autor: Dr. Mateus Dornelles Severo - Médico Endocrinologista, Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS. CRM-RS 30.576 - RQE 22.991 - www.facebook.com/drmateusendocrino

        terça-feira, 26 de março de 2019

        #BombaTôFora - “Os efeitos colaterais do uso de esteróides anabolizantes realmente ocorrem?


        Slides da apresentação do Dr. Clayton Macedo ( @cldmacedo ), presidente da Comissão Temporária para o Estudo da Endocrinologia, Exercício e Esporte (CTEEE-SBEM). A aula aconteceu no dia 24/03/2019 no Simpósio Integrado de Endocrinologia do Exercício (SIEEX). 

        Estamos vivendo um problema de saúde pública e há pessoas pagando caro por isso. Semanalmente recebo no consultório particular e também no SUS, pacientes "sequelados" após uso de Esteróides Androgênicos Anabolizantes (EAA).

        Volto a repetir: Não existe indicação de reposição de hormônios em quem não tem deficiência. A prescrição por estética configura infração ética perante o Conselho Federal de Medicina e não encontra respaldo das maiores entidades de Endocrinologia do mundo. Razão disso? Não existe segurança para prescrição. Os resultados são heterogêneos. Alguns não apresentam efeitos colaterais a curto ou longo prazo, inúmeros outros apresentam. Portanto: ⠀Primum non nocere ou primum nil nocere, que é um termo latino da bioética que significa "primeiro, não prejudicar".

        Att

        Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 | RQE 11915











        sexta-feira, 6 de julho de 2018

        O que não é Nutrologia?


        Todos os dias no consultório é a mesma história para os pacientes:

        Paciente ACHANDO que foi a um nutrólogo e na verdade o médico não é especialista: lembrando que só é especialista em Nutrologia ou quem fez a residência ou tem o título. Se não tem, não é NUTRÓLOGO.A maioria dos que se dizem nutrólogos não o são. Para saber se o profissional é nutrólogo basta entrar no site do Conselho  de Medicina e buscar o nome do profissional: http://www.cremego.org.br/index.php?option=com_medicos

        Paciente ACHANDO que Nutrologia é sinônimo de Ortomolecular, Medicina Quântica, Homeopatia, Medicina Integrativa (conceito que conseguiram deturpar), Chips hormonais, Anabolizantes, Excesso de suplementos, Doses cavalares de vitaminas e minerais. A Associação Brasileira de Nutrologia emitiu um documento em 2017 mostrando que isso não faz parte do roll de procedimentos nutrológicos.

        Alguns médicos deturpam a Nutrologia e fazem leigos e outros médicos acharem que Nutrologia é aquilo que eles praticam. A Nutrologia é uma especialidade séria e que no momento sofre um processo de desmoralização por parte de alguns profissionais. .

        Quer saber o que é NUTROLOGIA de verdade? www.nutrologogoiania.com.br

        Montei uma pequena biblioteca descrevendo: O que é Nutrologia. A história da Nutrologia no Brasil. O que não é Nutrologia. Diferença entre Nutrólogo e Nutricionista...Endócrino...Médico do esporte. Vários textos mostrando como a Nutrologia pode auxiliar no tratamento de várias doenças.

        sábado, 12 de maio de 2018

        Atletas e médicos ganham guia elaborado por entidades médicas e esportivas e que ajuda a prevenir casos de doping


        Os médicos e atletas brasileiros podem contar a partir desta sexta-feira (11) com um guia prático, com orientações objetivas, sobre os riscos do doping causado pelo uso de medicamentos e suplementos. O documento de 72 páginas foi produzido pela Câmara Técnica de Medicina do Esporte do Conselho Federal de Medicina (CFM) e contou com a contribuição de especialistas da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBMEE), do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

        Clique aqui http://portal.cfm.org.br/images/PDF/medicina_esporte.pdf para baixar o documento.

        Além do lançamento do guia, que acontece hoje durante o IV Fórum de Medicina do Esporte, o Conselho Federal de Medicina e as outras entidades devem anunciar ainda um esforço conjunto para combater o doping. A intenção é conscientizar de um lado os competidores sobre os riscos do uso inadvertido de fórmulas e os médicos e os profissionais da saúde sobre os efeitos que determinados medicamentos podem gerar. Para o presidente do CFM, Carlos Vital, a expectativa é criar uma rede colaborativa de ética e boas práticas esportivas.

        "Esperamos que essa cartilha sirva de apoio não só para os profissionais especializados no tema, mas para todos os interessados. Certamente será um subsídio importante, principalmente para o médico assistente de atletas e de praticantes de exercícios físicos, além dos próprios esportistas e suas equipes de apoio", afirmou.

        Lacuna – O trabalho, que será encaminhado a todos os médicos brasileiros, em especial aqueles que atuam em áreas como ortopedia, traumatologia, cardiologia e endocrinologia, preenche uma importante lacuna. O texto traz informações sobre substâncias consideradas válidas, mas com consumo não liberado entre competidores por interferirem em seu desempenho e por provocarem ganho de força, velocidade ou resistência.

        Os atletas profissionais ou de alta performance de todas as modalidades são os mais vulneráveis pela ingestão indevida desses produtos, pois são rotineiramente submetidos a testes de doping. Contudo, os praticantes de atividade física amadores também podem ser prejudicados, com o aumento do rigor na fiscalização de provas específicas para esse grupo. De acordo com Hésojy Gley Pereira Vital da Silva, do CPB e responsável pela elaboração do documento, a tendência é que as análises para identificar casos de dopagem passem ser comuns em eventos não profissionais.

        Situação do Brasil – Segundo a ABCD, o doping é caracterizado pela utilização de substâncias ou métodos proibidos capazes de promover alterações físicas ou psíquicas que melhoram artificialmente o desempenho esportivo do atleta. No Brasil, o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem, criado em 2016, já puniu cerca de 30 atletas pelo uso de substâncias proibidas – alguns casos estão em grau de recurso. Ao todo, aproximadamente 70 processos tramitam na Corte.

        Já o relatório mais recente publicado pela WADA (sigla em inglês da Agência Mundial Antidoping), também de 2016, dentre os 34 laboratórios certificados pela entidade espalhados em 29 países pelo mundo, o Brasil possui a 10ª menor média de Resultados Analíticos Adversos (AAF, na sigla em inglês), que são os casos onde foram identificadas substâncias proibidas nos exames de doping.

        Das 9.465 amostras submetidas a exames de urina e sangue, 98 apresentaram resultados positivos (AAF), número que representa 1,04% do total das amostras. O número está abaixo da média mundial (1,60%), calculada a partir dos dados coletadas pelos 34 laboratórios certificados pela WADA. Cerca de 60% das amostras foram realizadas em competições oficiais e os outros 40%, fora de competições oficiais.

        Além disso, outras 716 amostras foram coletadas para serem submetidas ao exame do Passaporte Biológico do Atleta (ABP), que analisa a saúde do atleta a partir de dados sanguíneos em busca de alterações. Com os avanços científicos e tecnológicos, o crescimento desse tipo de exame já é perceptível. Só no Brasil, os números saltaram de 101 coletas, em 2015, para 716 no ano seguinte.

        Aumento de casos – Entre os anos de 2015 e 2016, houve um aumento expressivo do percentual de resultados positivos a nível mundial, saltando de 1,26% para 1,60%. Esse aumento, segundo aponta o próprio relatório da WADA, está diretamente ligado a inclusão do Meldonium entre as substâncias proibidas. O fármaco ficou mundialmente conhecido após a denúncia de doping da tenista russa Maria Sharapova.

        Trata-se de uma substância usada para tratamento de pacientes com problemas cardíacos e normalmente é receitado para quem sofre de isquemia do coração, doenças neurodegenerativas, pulmonares e doenças do sistema imunológico. Dentre as 721 ocorrências de uso de substâncias classificadas como Moduladores Metabólicos e Hormonais, o Meldonium foi responsável por 71% dos casos.

        Entre os atletas amadores, uma das substâncias mais comuns é a Eritropetina, um hormônio que eleva a produção de células vermelhas pelo sangue. Ao aumentar a capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue, a substância, consequentemente, permite a produção de energia aeróbica e melhora o rendimento em provas longas e extenuantes.

        O medicamento é indicado para doenças que afetam a produção de células vermelhas e o uso indevido pode acarretar em doenças como trombose, além de aumentar as chances de um infarto ou um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O caso mais famoso de dopagem por Eritropetina é o do ciclista americano Lance Armstrong, que ficou conhecido por ter vencido o Tour de France sete vezes (de 1999 a 2005). Armstrong teve todos seus títulos cassados e perdeu todos os patrocínios.

        Nas academias, por exemplo, as substâncias mais comuns são os esteroides anabolizantes, hormônios produzidos sinteticamente a fim de substituir a testosterona. Nomes como androsterona, dianabol e drostanolona são recorrentes nesse meio e, inclusive, de fácil acesso em farmácias convencionais ou nas de manipulação.

        Em geral, os efeitos buscados são a perda de gordura e o aumento da massa muscular, mas os efeitos colaterais são diferentes em homens e mulheres. Nas mulheres, há o desenvolvimento de características masculinas como o engrossamento da voz, crescimento de pelos e aumento da força física, assim como perda de gordura e aumento da massa muscular. Já nos homens ocorre o inverso. Ao injetar hormônios extras, o corpo masculino entende que não precisa mais produzir e isso leva a um atrofiamento dos testículos.

        Em 2007, durante os Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, a nadadora brasileira Rebeca Gusmão foi acusada no exame antidoping por altas taxas de testosterona no corpo. Na época, a nadadora perdeu as quatro medalhas conquistadas na competição – dois ouros, uma prata e um bronze, além de ser banida do esporte olímpico.

        Debate – Com a aproximação de um dos maiores eventos esportivos do Mundo, a Copa do Mundo de Futebol, o CFM, juntamente com entidades médicas e esportivas, promove nesta sexta-feira (11) o IV Fórum de Medicina do Esporte, em Brasília (DF), durante o qual será lançado o guia.

        A expectativa é reacender as discussões sobre as regras básicas relacionadas ao doping e à suplementação alimentar nas modalidades de alta performance. Para o coordenador da Câmara Técnica de Medicina do Esporte do CFM, Emmanuel Fortes, muitos atletas são pegos em exames antidoping porque usaram medicamentos prescritos por médicos que não são do clube e não tinham conhecimento das substâncias proscritas no esporte. 

        Segundo ele, o Brasil já esteve entre o grupo dos dez países com maior número de casos de doping registrados pela WADA, entidade esportiva internacional que fiscaliza o tema. "Hoje esse é um problema contra o qual as autoridades brasileiras estão mais atentas. No entanto, infelizmente o doping tem alcançado muitos adeptos no esporte amador, principalmente entre aqueles que buscam notoriedade nas redes sociais", lamentou.