terça-feira, 13 de agosto de 2024

Ingestão de bebidas açucaradas entre crianças e adolescentes em 185 países entre 1990 e 2018: estudo de base populacional

Objetivo: Quantificar o consumo global de bebidas adoçadas com açúcar (SSBs) e as tendências ao longo do tempo entre crianças e adolescentes.  

Desenho: Estudo baseado em população.  

Cenário: Banco de Dados Dietético Global.  

População: Crianças e adolescentes de 3 a 19 anos em 185 países entre 1990 e 2018, estratificados conjuntamente a nível subnacional por idade, sexo, escolaridade dos pais e residência rural ou urbana.  

Resultados: Em 2018, o consumo médio global de SSBs foi de 3,6 porções por semana (porção padronizada = 248 g (8 oz)) (1,3 (intervalo de incerteza de 95% de 1,0 a 1,9) no sul da Ásia e 9,1 (8,3 a 10,1) na América Latina e no Caribe). Os consumos de SSBs foram maiores em crianças e adolescentes mais velhos em comparação aos mais jovens, em residentes de áreas urbanas em comparação com rurais, e em filhos de pais com maior nível de escolaridade em comparação com menor escolaridade. Entre 1990 e 2018, o consumo médio global de SSBs aumentou em 0,68 porções por semana (22,9%), com os maiores aumentos na África Subsaariana (2,17 porções/semana; 106%). Dos 185 países incluídos na análise, 56 (30,3%) apresentaram um consumo médio de SSB de ≥7 porções/semana, representando 238 milhões de crianças e adolescentes, ou 10,4% da população global de jovens.  

Conclusão: Este estudo encontrou que o consumo de SSBs entre crianças e adolescentes de 3 a 19 anos em 185 países aumentou 23% de 1990 a 2018, paralelo ao aumento da prevalência de obesidade nessa população globalmente. O consumo de SSBs mostrou grande heterogeneidade entre crianças e adolescentes ao redor do mundo, variando por idade, nível de escolaridade dos pais e urbanicidade. Esta pesquisa deve ajudar a informar políticas para reduzir o consumo de SSBs entre os jovens, especialmente aqueles com maiores consumos em todos os níveis educacionais em áreas urbanas e rurais na América Latina e no Caribe, e o crescente problema de SSBs para a saúde pública na África Subsaariana.

A ingestão de SSBs entre crianças e adolescentes de 3 a 19 anos em 185 países aumentou em quase um quarto de 1990 a 2018, paralelamente ao aumento da prevalência de obesidade entre essa população globalmente. Políticas e abordagens tanto em nível nacional quanto em um nível mais direcionado são necessárias para reduzir a ingestão de SSBs entre jovens em todo o mundo, destacando as maiores ingestões em todos os níveis educacionais em áreas urbanas e rurais na América Latina e no Caribe, e o crescente problema de SSBs para a saúde pública na África Subsaariana. Nossas descobertas pretendem informar políticas atuais e futuras para conter a ingestão de SSBs, acrescentando à Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável para melhorar a saúde e o bem-estar, reduzir as desigualdades, o consumo responsável, a pobreza e o acesso à água limpa.

*O que já se sabe sobre este tema*  

O consumo de bebidas adoçadas com açúcar (SSBs) tem sido consistentemente relatado como um fator que aumenta o risco de obesidade entre crianças e adolescentes.  
Isso é especialmente preocupante, considerando que a obesidade na infância tende a persistir na idade adulta, aumentando o risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade prematura.  
Portanto, a quantificação do consumo de SSBs entre crianças e adolescentes é essencial, mas estimativas recentes para essa faixa etária estão indisponíveis para a maioria dos países.

*O que este estudo acrescenta*  

O consumo de SSBs entre crianças e adolescentes de 3 a 19 anos em 185 países aumentou em quase um quarto entre 1990 e 2018, paralelo ao aumento da prevalência de obesidade nessa população globalmente.  

Foram identificados maiores consumos em todos os níveis de escolaridade em áreas urbanas e rurais na América Latina e no Caribe, juntamente com o crescente problema das SSBs para a saúde pública na África Subsaariana.  

O consumo de SSBs entre crianças e adolescentes mostrou grande heterogeneidade por região e características populacionais, indicando a necessidade de políticas nacionais e abordagens específicas para reduzir o consumo de SSBs entre essa população em todo o mundo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Aliança metabólica: farmacoterapia e gestão de exercícios na obesidade

Medicamentos antiobesidade baseados em hormônios incretina têm avançado o controle de peso e a saúde metabólica em indivíduos com obesidade. O sucesso a longo prazo da terapêutica da obesidade pode ser facilitado pelo exercício, um aliado metabólico vital para aumentar a eficácia do tratamento.

O desafio na gestão da obesidade é a manutenção a longo prazo da perda de peso, devido à tendência de recuperação do peso após o término de uma intervenção, o que gera a necessidade de estratégias terapêuticas avançadas e personalizadas. 

Os agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP1) (como a semaglutida) e os co-agonistas duplos do receptor do peptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e do receptor GLP1 (como a tirzepatida), que imitam a ação dos hormônios incretínicos endógenos, têm se mostrado eficazes na redução considerável do peso corporal ao modularem o apetite e a ingestão de energia. Estudos que avaliam a semaglutida (como os STEP ou PIONEER) ou a tirzepatida (como os SURPASS e SURMOUNT) revelaram a eficácia substancial dessas intervenções para perda de peso e controle glicêmico em vários subgrupos populacionais. 

Em indivíduos com obesidade, o retatrutide (um agonista triplo que atua no receptor GLP1, no receptor GIP e no receptor do glucagon) induziu reduções de peso de até 24,2% em 48 semanas de tratamento, superando o placebo (redução de peso de 2,1%). Outros estudos com agonistas do receptor GLP1 mostraram que a descontinuação do tratamento leva à recuperação parcial do peso em pessoas com obesidade. Evidências sugerem que o exercício, como um tratamento adjunto às terapias para obesidade baseadas em incretina, pode melhorar a redução da adiposidade visceral e a manutenção a longo prazo da perda de peso. A combinação de terapia farmacológica e exercício potencializa a manutenção da perda de peso saudável de forma mais eficaz do que qualquer um dos tratamentos isoladamente em pessoas com obesidade, com ou sem DM2.

Além de reduzir o peso corporal, os agonistas do receptor GLP1 demonstraram reduzir o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte por doenças cardiovasculares. Por exemplo, em estudos com mais de 17.000 pacientes com obesidade e alto risco cardiovascular, o tratamento com 2,4 mg de semaglutida por uma duração média de 33 meses reduziu o risco de morte por doença cardiovascular, infarto do miocárdio não fatal ou acidente vascular cerebral não fatal em 20% em comparação com o placebo, indicando um mecanismo de ação direto dos agonistas do receptor GLP1 no sistema cardiovascular. A semaglutida também modula o perfil pró-inflamatório e aterogênico, melhorando as alterações morfológicas no miocárdio e reduzindo o acúmulo de lipídios e a expressão de marcadores inflamatórios em adultos com obesidade e DM2. 

Importante destacar que o treinamento físico agudo e crônico em humanos também pode induzir melhorias na aptidão cardiorrespiratória, na saúde vascular e na função endotelial, contribuindo para a saúde metabólica. 

As adaptações teciduais alcançadas através do exercício reduzem a resistência arterial, aumentam a densidade capilar e melhoram a distribuição do fluxo sanguíneo, aprimorando assim a função dos sistemas cardíaco, pulmonar e muscular.

O GLP1 afeta a homeostase glicêmica através de suas ações no fluxo microvascular, melhorando a captação de glicose e moderando a taxa de esvaziamento gástrico, reduzindo assim os picos de glicose pós-prandiais. Essas intervenções terapêuticas contra a obesidade baseadas em incretinas, quando complementadas com exercícios físicos, melhoram a tolerância à glicose e a captação tecidual devido à regulação metabólica induzida pelas contrações musculares durante o exercício. Sabe-se que o exercício melhora a captação de glicose e mantém a euglicemia, além de aumentar a sensibilidade dos músculos esqueléticos a hormônios e nutrientes, facilitar a síntese de proteínas musculares e a eliminação de glicose estimulada pela insulina. Também é importante destacar que o exercício está associado a uma sensibilidade aprimorada ao GLP1. Além disso, o exercício, especialmente o treinamento de resistência, melhora a massa corporal magra, a função muscular e o conteúdo e densidade mineral óssea, ao mesmo tempo em que aumenta o transporte de aminoácidos e glicose para os músculos esqueléticos. No entanto, a obesidade pode alterar o metabolismo glicêmico muscular devido à resistência à insulina nos tecidos, uma situação que os agonistas do receptor GLP1 podem melhorar ao aumentar a sensibilidade à insulina e a função das células β. Portanto, combinar opções farmacológicas para a obesidade com exercícios físicos representa uma aliança metabólica e constitui uma importante ferramenta terapêutica 

Durante a redução de peso a curto e longo prazo, ocorre uma diminuição no gasto energético (conhecida como adaptação metabólica), que envolve uma redução de 20-25% no gasto energético diário ao manter uma redução de peso de ≥10% do peso corporal inicial. O tratamento com um novo agonista duplo do receptor GLP1 e do receptor de glucagon (SAR425899) em adultos com sobrepeso ou obesidade resultou em uma adaptação metabólica menor e aumento da oxidação de lipídios, efeitos que são cruciais não apenas para a perda de peso, mas também para a manutenção dessa perda. A combinação de tratamentos farmacológicos para obesidade com programas de exercícios pode potencializar esses efeitos, aumentando o gasto energético e controlando a ingestão através da regulação do apetite.

Os agonistas do receptor GIP e do receptor GLP1 desempenham um papel crucial na homeostase do tecido adiposo, regulando a função dos adipócitos e promovendo a expansão saudável do tecido adiposo branco, essencial para o armazenamento eficiente de energia e a rápida eliminação dos triglicerídeos alimentares. Vale destacar que o exercício modifica a morfologia do tecido adiposo subcutâneo abdominal, reduzindo o tamanho dos adipócitos e alterando a abundância de proteínas que regulam seu remodelamento e metabolismo lipídico. Assim, a combinação de exercício e agonistas dos receptores de incretina pode afetar não apenas a composição corporal, mas também o gasto energético e a saúde metabólica, um aspecto fundamental na fisiopatologia da obesidade.

Os agonistas do receptor GLP1 provaram ser eficazes na redução do apetite. Em 2024, foi demonstrado como a interação cérebro-intestino influencia a regulação do apetite e a secreção de hormônios gastrointestinais por meio do GLP1. Por exemplo, uma supressão pós-prandial do apetite superior foi observada com semaglutida em pessoas com sobrepeso ou obesidade, aumentando a sensação de saciedade e diminuindo a fome em comparação com o placebo. Além disso, sugere-se que a microbiota intestinal desempenhe um papel na função e regulação do GLP1, pois metabólitos produzidos pela microbiota têm mostrado estimular a secreção de GLP1 em humanos, afetando assim o metabolismo e a saúde geral.

Em relação ao exercício e sua influência sobre o apetite, parece que ele não gera mecanismos compensatórios, ou seja, não há um aumento na ingestão de energia além do gasto energético durante o exercício, aumento nos escores de fome relatados, ou desejo de comer em comparação com condições de controle ou sem exercício. 

Em vez disso, o exercício pode diminuir a produção de hormônios que estimulam o apetite (como a grelina acilada) e aumentar hormônios que inibem o apetite (como o peptídeo YY, polipeptídeo pancreático, colecistoquinina e GLP1). No entanto, existe uma variabilidade notável entre indivíduos nos efeitos do exercício sobre o apetite, o que ressalta a importância de mais pesquisas para entender melhor os mecanismos neurais e centrais, a intensidade necessária do exercício, tipo e duração, respostas individuais e como a combinação com agonistas de GLP1 modula o apetite e a saciedade.

Embora o GLP1 tenha sido sugerido como potencialmente benéfico para melhorar a qualidade óssea e o metabolismo, a relação precisa entre agonistas do receptor GLP1 e a saúde esquelética em indivíduos com obesidade permanece incerta. Estratégias de perda de peso intencional são amplamente reconhecidas por acelerar as mudanças na remodelação óssea e levar à perda de densidade mineral óssea. No entanto, a liraglutida mostrou um efeito positivo nas propriedades do material ósseo em modelos de roedores, mesmo com perda de peso considerável, tipicamente em concentrações de droga mais altas do que as usadas para o tratamento da obesidade em humanos. Em contraste, não há dados pré-clínicos sobre os efeitos da semaglutida. 

É importante destacar que a incorporação do exercício pode ajudar a manter a homeostase óssea durante o tratamento farmacológico para a obesidade, devido aos efeitos positivos do exercício sobre os ossos. As evidências atuais sobre o impacto dos agonistas do receptor GLP1 e outras terapias baseadas em incretinas na saúde óssea em pessoas com obesidade são limitadas, destacando a necessidade de mais pesquisas para avaliar esses efeitos de forma abrangente. Tal pesquisa deve incluir os benefícios e riscos das terapias baseadas em incretinas, sozinhas ou em combinação com exercícios, na gestão do peso e na saúde esquelética.

Este é um momento oportuno para que sociedades e grupos de saúde eduquem e promovam a inclusão do exercício como uma terapia adjuvante ao tratamento farmacológico para a obesidade nos contextos de saúde. As evidências sobre os benefícios metabólicos de ambos os tratamentos exigem a consideração dessa aliança metabólica na gestão da obesidade.

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sábado, 10 de agosto de 2024

Em 2044 as estimativas são de que 3 em cada 4 brasileiros serão portadores de sobrepeso/obesidade

De acordo com uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) concluiu-se que, no Brasil, o excesso de peso aumenta em ritmo acelerado e deve atingir 75% da população do país em 2044. Com isso, serão 130 milhões de pessoas vivendo com sobrepeso (47 milhões) ou obesidade (83 milhões), com 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas associadas e acréscimo de 1,2 milhão de mortes. 
A diretora de dislipidemia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Dra. Cynthia Valério, diz que os achados têm repercussões nas medidas de prevenção e tratamento de sobrepeso e obesidade. "As consequências são enormes para a prática clínica. Esses pacientes vão passar por todos os consultórios, não só de especialistas, mas também de outras áreas não afins, que vão precisar fazer o diagnóstico adequado e encaminhar ao especialista."

Com o aumento na demanda de pacientes, o diagnóstico tem que ser refinado. "Precisamos ter melhores maneiras de definir a obesidade na clínica, ir além do índice de massa corporal (IMC)  como é feito hoje, e considerar também a intensidade, o estadiamento e as complicações, para que possamos determinar qual tratamento priorizar", afirmou a Dra. Cynthia. 

Crescimento do excesso de peso

O material foi apresentado à comunidade médica durante o International Congress on Obesity (ICO), realizado em junho. Segundo o líder do estudo, Dr. Eduardo Nilson, que é vinculado ao Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz Brasília, o cenário é preocupante e aponta para a perspectiva de manutenção da alta. "É impressionante quando olhamos os resultados. É uma situação muito grave e, mesmo sabendo de antemão que existe essa tendência, o aumento [das taxas] de excesso de peso nunca foi freado." 

O grupo de pesquisa do Dr. Eduardo traçou uma linha do tempo do avanço do ganho de peso no país e avaliou o impacto do IMC ≥ 25 kg/m² sobre os índices de cinco doenças crônicas e de mortes associadas ao problema. Em 2044, estima-se que 48% dos adultos terão obesidade e 27%, sobrepeso. Entre 2006 e 2019, a parcela da população com sobrepeso ou obesidade dobrou e chegou a 20,3% dos adultos. Até 2030, as prevalências projetadas são de 68,1% para sobrepeso e 29,6% para obesidade. Mulheres, negros e outras etnias minoritárias são estimados a apresentar uma prevalência maior de obesidade nesse período.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Frutas, verduras e legumes: Agosto

 


Por que consumir alimentos da safra? Existem vantagens?

Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.

Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antixodantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumí-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.

Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina. 

Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.

Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais.  Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente.  Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável. 


Frutas de Agosto
Abacate quintal, olinda e wagner
Banana prata
Carambola 
Kiwi
Laranja pera e lima 
Maçã nacional e estrangeira
Mamão formosa e havaí
Maracujá doce e azedo
Melão amarelo e prince
Mexerica
Morango
Tangerina murcote



Verduras e Legumes de Agosto
Abóbora moranga
Abobrinha
Agrião
Batata doce amarela
Beterraba
Brócolis
Cabotiá
Couve
Couve-flor
Chuchu
Ervilha comum e torta
Escarola
Espinafre
Inhame
Mandioca
Mandioquinha
Rabanete
Repolho


Autores
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915, CRM-SC 32.949, RQE 22.416
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Nutricionista e Profissional da Educação física

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Salada 18: Salada Grega de pepino e molho cremoso


Ingredientes:
1 cebola roxa cortada em cubinhos pequenos
10 a 15 tomates cereja (cortados em 4 partes)
1 unidade de pepino japonês grande, cortado em cubos médios (não corte muito pequeno, pois ele que conferirá a crocância)
2 colheres de sopa de azeitonas pretas fatiadas
1 xícara de chá de cheiro verde (cebolinha picada, misturada com coentro) a gosto
4 colheres de sopa de quinoa cozida
100g de queijo coalho/feta/búfala ou 100g de tofu cortado em cubos pequenos e dourados no azeite

Ingrediente do molho:
1 pote de 170g de iogurte integral 
Sumo de 1 limão tahiti ou siciliano espremido
1 colher de sopa de mostarda 
1 colher de sopa de ervas finas desidratadas
1 colher de café de pimenta do reino a gosto
Sal a gosto.

Modo de fazer:
Comece misturando os ingredientes, mas tenha o cuidado de espremer bem a quinoa cozida, para que ela não leve água para a salada. 
Mexa bem os ingredientes e ao final coloque o queijo das sua escolha ou tofu 
O molho deve ser feito em recipiente que dê para emulsionar (pode ser frasco com tampa). Adicione o iogurte ao limão, a mostarda e as ervas com o sal. Agite bastante o frasco até ficar um textura homogênea. Pode também utilizar um mixer a fim de alcançar mais rapidamente uma textura homogênea. 
Misture o molho à salada e mexa para ele ser incorporado à salada.

Para quem ainda não leu os posts publicados:

Introdução à salada: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada.html

Princípios básicos da salada: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada-post-1-principios.html

Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã: 

https://www.nutrologogoiania.com.br/salada-1-berinjela-com-castanha-do-para-ou-castanha-do-brasil-uva-passa-e-hortela

Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico: 

http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0

Salada 3: Salada de inverno de rúcula: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html

Salada 4: Salada com legumes assados: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html

Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:

 https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html

Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html

Salada 7: Salada cítrica de grão de bico: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html

Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html

Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0

Salada 10: Salada com molho homus

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html

Salada 11: Salada de atum crocante: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html

Salada 12: Trigo cozido com especiarias

https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html

Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel

https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html

Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html

Salada 15: Salada Waldorf

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html

Salada 16: Salada de inverno cítrica

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-17-salada-de-inverno-de-cogumelos.html

Salada 18: Salada Grega

https://www.ecologiamedica.net/2024/07/salada-18-salada-grega.html

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Frutas, verduras e legumes: Julho

  


Por que consumir alimentos da safra? Existem vantagens?

Motivo 1: Se está na safra, provavelmente o preço está menor. Mais economia para o seu bolso.

Motivo 2: Tendem a ter maior densidade nutricional, a quantidade de nutrientes, em especial antioxidantes é maior, visto que, utiliza-se menos agrotóxicos e o vegetal precisa se adaptar a situações inóspitas (pragas, calor, frio, umidade, radiação solar, ventos). Ou seja, ele produz mais "defesas", nesse caso os polifenóis, que são antixodantes. Os alimentos da safra são colhidos no momento ideal de maturação, o que significa que estão no auge do seu sabor, textura e valor nutricional. Consumí-los garante que você esteja recebendo produtos frescos e de melhor qualidade.

Motivo 3: Safra = maior abundância. Provavelmente terá menos agrotóxicos (eu disse menos, não que não tenham). Se a está na safra, naturalmente naquela época do ano aquele alimento desenvolve mais facilmente. Não sendo necessário uso de agrotóxicos ou caso o agricultor utilize, a quantidade tende a ser menor. Menos agrotóxico, menos veneno. Em breve o Ministério da saúde publicará um guia sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde humana. Tema totalmente negligenciado na Medicina. 

Motivo 4: Os vegetais na safra são encontrados mais facilmente nas feiras e mercados. O Brasil é um país vasto e diversificado, com diferentes regiões climáticas que possibilitam o cultivo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano. Consumir alimentos da safra permite que você experimente uma ampla gama de frutas, legumes e verduras, aproveitando a diversidade da culinária brasileira.

Motivo 5: Sustentabilidade e apoio ao agricultores locais.  Consumir os alimentos da safra vigente é um ato de sustentabilidade, pois respeita o tempo da natureza e economiza energia e recursos extras de forma intensiva ou no transporte por diferentes distâncias. Escolher alimentos da safra muitas vezes significa apoiar práticas agrícolas mais sustentáveis. Como esses alimentos estão disponíveis localmente e não precisam ser transportados por longas distâncias, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao seu consumo. Além disso, os produtores locais que cultivam alimentos da safra geralmente empregam técnicas agrícolas mais amigáveis ao meio ambiente.  Comprar alimentos da safra de produtores locais contribui para fortalecer a economia da sua região. Ao apoiar os agricultores locais, você ajuda a manter empregos na comunidade e a promover um sistema alimentar mais justo e sustentável. 


Frutas de Julho
Abacate (collinson e olinda)
Abacaxi (pérola)
Atemoia
Banana (nanica e prata)
Caju
Carambola
Coco seco
Cupuaçu 
Laranja (baia, lima e pera)
Limão 
Maçã (estrangeira)
Mamão  
Maracujá
Melão
Mexerica 
Morango
Pera (estrangeira)
Tangerina 
Uva (estrangeira)



Verduras e Legumes de Julho
Abóbora
Acelga
Agrião
Alcachofra 
Alface
Alho porró
Almeirão
Batata doce
Brócolis
Cará 
Catalonha
Cenoura 
Chicória
Couve
Couve flor
Erva doce
Escarola 
Espinafre 
Gengibre 
Hortelã 
Inhame 
Louro 
Mandioca
Mandioquinha
Mostarda 
Moyashi (feijão)
Nabo 
Rabanete 
Salsa

Autores
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915, CRM-SC 32.949, RQE 22.416
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Márcio José de Souza - Nutricionista e Profissional da Educação física

domingo, 30 de junho de 2024

Fadiga - Como o nutrólogo pode te auxiliar

 


Elaborei um texto sobre o tema e postei no meu site. Para ler clique aqui: https://www.nutrologogoiania.com.br/fadiga-x-sindrome-da-fadiga-cronica-como-o-nutrologo-pode-te-auxiliar/

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Aumento do risco de permanências na UTI para bebês nascidos de mães que usaram análogos de GLP-1 90 dias antes do início da gestação


Principais descobertas

* Bebês nascidos de mães não diabéticas que receberam medicamentos agonistas do receptor peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) nos 90 dias antes da gravidez têm 21% mais chances de serem admitidos na UTIN do que bebês nascidos de mães não prescritos medicamentos para perda de peso.

* As mães que receberam fentermina nos 90 dias antes da gravidez ou durante o primeiro trimestre são mais propensas a ter bebês grandes do que as mulheres que não recebem prescrição de medicamentos para perda de peso durante a gravidez.

* Bebês nascidos de mães que receberam medicamentos com fentermina ou GLP-1 nos 90 dias anteriores à gravidez ou durante o primeiro trimestre tiveram taxas semelhantes de falha em prosperar ou diagnósticos de defeitos cardíacos congênitos em comparação com bebês nascidos de mães que não foram prescritos medicamentos para perda de peso.

* Poucas mulheres não diabéticas recebem medicamentos fentermina ou GLP-1 após o primeiro trimestre da gravidez.

Recentemente, houve relatos de mulheres que já lutaram contra a infertilidade que foram capazes de conceber após o início do tratamento com um medicamento agonista do receptor peptídeo-1 (GLP-1) semelhante ao glucagon, como semaglutida ou tirzepatida.

No entanto, pouco se sabe sobre se o uso de medicamentos para perda de peso, como fentermina ou medicamentos GLP-1, está correlacionado com certos desfechos na gravidez e neonatais.

Avaliamos 775.478 gravidezes para mulheres sem histórico de diabetes e que não desenvolveram diabetes gestacional entre janeiro de 2017 e abril de 2024.

Primeiro determinamos com que frequência as mulheres grávidas recebiam uma prescrição de um medicamento para perda de peso, fentermina ou GLP-1, em cada trimestre. 

Descobrimos que poucas mulheres receberam medicamentos para perda de peso durante a gravidez, e menos de 10 mulheres (0,001%) receberam fentermina ou um medicamento GLP-1 no terceiro trimestre. 

Para determinar se pode haver uma relação entre o uso de medicamentos para perda de peso imediatamente antes ou durante a gravidez e vários desfechos maternos e neonatais, comparamos as taxas de parto prematuro, alto peso ao nascer, admissão na unidade de terapia intensiva neonatal (NICU) e diagnósticos de falha em prosperar ou defeito cardíaco congênito para bebês nascidos de mães prescritas com fentermina ou um medicamento GLP-1 nos 90 dias antes da gravidez ou durante o primeiro trimestre com aqueles sem exposição documentada à medicação para perda de peso durante a gravidez. Não conseguimos avaliar as taxas dessas condições para prescrições no segundo e terceiro trimestres devido ao número muito limitado de prescrições para esses medicamentos durante esse período. As mulheres são representadas em vários trimestres se tiverem várias prescrições solicitadas em trimestres separados.

Descobrimos que os bebês nascidos de mães com prescrição de fentermina nos 90 dias anteriores à gravidez eram mais propensos a ter um alto peso ao nascer do que os bebês nascidos de mães que não foram prescritos medicamentos para perda de peso. 

Bebês nascidos de mães que receberam um medicamento GLP-1 nos 90 dias anteriores à gravidez eram mais propensos a exigir uma permanência na UTIN do que os bebês nascidos de mães que não receberam prescrição de medicamentos para perda de peso.

Embora as taxas de partos prematuros tenham sido aumentadas tanto para a fentermina quanto para o grupo GLP-1, depois de controlar outros fatores de risco, como idade materna e IMC, as taxas de parto prematuro foram semelhantes para mães prescritos para medicamentos para perda de peso e aquelas sem medicamentos para perda de peso.

A exposição a medicamentos fentermina ou GLP-1 no primeiro trimestre produziu resultados semelhantes à exposição nos 90 dias anteriores à gravidez.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Quais são os fenótipos da obesidade?


Nos últimos 50 anos, o número de pessoas com obesidade triplicou, com mais de 1 bilhão de indivíduos afetados mundialmente. Números como estes mostram a necessidade urgente de uma abordagem mais eficaz e personalizada para combater essa pandemia. Nesse cenário, uma nova abordagem, baseada nos fenótipos da obesidade, vem se mostrando promissora.

Mas afinal, quais são os fenótipos da obesidade, e como eles impactam no seu tratamento individualizado? Seria esta uma revolução no campo da medicina de precisão? As respostas para estas e outras perguntas, você confere a seguir.

Em primeiro lugar, o que é um “fenótipo”?

Um fenótipo é a expressão física e observável de características genéticas de um organismo. Em termos simples, é como um organismo se parece ou se comporta devido à interação entre seu genótipo (seu código genético) e o ambiente em que vive.

No contexto da obesidade, o fenótipo se refere às características físicas e metabólicas relacionadas ao excesso de gordura corporal. O fenótipo da obesidade pode variar de pessoa para pessoa com base em fatores genéticos, estilo de vida, dieta, níveis de atividade física e outros fatores ambientais.

Fenótipos da obesidade: diferentes abordagens

Na ciência, as descrições dos fenótipos da obesidade podem variar. De modo geral, alguns trabalhos científicos classificam os fenótipos de acordo com a composição corporal e o estado metabólico, em contraste com a classificação somente pelo IMC (que apresenta diversas limitações). São eles:
  • Peso normal com metabolismo não saudável (‘MUNW’ na sigla em inglês)
  • Sobrepeso/obesidade metabolicamente saudável (MHO)
  • Sobrepeso/obesidade metabolicamente não saudável (MUO)
  • Obesidade sarcopênica (SO) 


Em contraste a essa classificação, uma pesquisa científica de 2021 propôs novos olhares para os fenótipos da obesidade. 

De forma inovadora, o estudo reuniu 450 participantes com obesidade, investigando não só a composição corporal, como também a saciedade, o comportamento alimentar e o gasto energético.
A seguir, confira os fenótipos da obesidade que estão sendo considerados, bem como as propostas de tratamento para cada um deles, segundo a medicina de precisão.

Quais são os fenótipos da obesidade?

1. Cérebro faminto

O primeiro fenótipo identificado é o do “cérebro faminto”, também conhecido como “saciação anormal”.
Neste caso, necessita-se de uma quantidade anormal de calorias para que o indivíduo atinja a plenitude, ou seja, sinta-se saciado. Em outras palavras, os processos fisiológicos que promovem o término da refeição estão alterados, e os indivíduos consomem cerca de 62% mais calorias que o normal.

Neste fenótipo, o problema está no eixo intestino-cérebro, e tem como causa a perfusão cerebral hipotalâmica anormal (padrão anormal de fluxo sanguíneo no hipotálamo).

Em relação ao tratamento, esses pacientes podem se beneficiar com a modulação das vias adrenérgica e GABAérgica, através de medicamentos supressores do apetite (como a fentermina-topiramato), utilizados de acordo com prescrição e acompanhamento médico .

2. Intestino faminto
O segundo fenótipo da obesidade é o do “intestino faminto” ou “saciedade anormal”.
Diferente da saciação, a saciedade diz respeito aos eventos pós-prandiais que determinam o momento para a próxima refeição. Ou seja, ela determina a duração da plenitude gástrica, e, consequentemente, o retorno da fome pós-prandial.

Sendo assim, o indivíduo com “intestino faminto” volta a sentir fome mais rápido que o normal, pois o conteúdo do estômago esvazia-se 31% mais rápido. A causa para este fenômeno é uma uma disfunção das células enteroendócrinas intestinais. 

No tratamento destes indivíduos, é vantajoso o uso de medicamentos que retardem o esvaziamento gástrico e reduzam a fome entre as refeições. Um exemplo são os agonistas do receptor GLP-1, como a liraglutida e a semaglutida.

3. Alimentação emocional

Em geral, a ingestão de calorias é determinada pelo comportamento alimentar homeostático (com controle do eixo-intestino-cérebro, descrito anteriormente) e pelo comportamento alimentar hedônico (desejo de comer para obter prazer).

Nos indivíduos com fenótipo de “alimentação emocional”, o comportamento hedônico está desregulado, mesmo que os processos de saciação e saciedade estejam normais. Este fenótipo se associa a um padrão de fluxo sanguíneo anormal no núcleo accumbens cerebral.

Sendo assim, a manifestação da fome emocional se dá pelo desejo descontrolado de comer para lidar com emoções positivas ou negativas, em busca de recompensas. Em pesquisa, pacientes com alimentação emocional relatam níveis 2.8 vezes maiores de ansiedade.

Pacientes com alimentação emocional podem se beneficiar de medicamentos que modulem os sistemas de recompensa do cérebro, como naltrexona/bupropiona.

4. Gasto energético reduzido

O último fenótipo da obesidade é o de gasto energético reduzido. Este é subtipo mais simples de definir, caracterizado, basicamente, pelo gasto energético de repouso (GER) diminuído em cerca de 12%. 
Caso o indivíduo não realize atividades físicas, os processos que levam à obesidade são facilitados, levando também a uma menor massa muscular.

No estudo que levou ao reconhecimento deste fenótipo, os autores administraram a fentermina, medicamento supressor do apetite, que também pode aumentar a energia e o metabolismo.

Fortalezas e limitações desta nova abordagem

Como visto, a estratificação de pacientes com obesidade, baseado em seus fenótipos, facilita o tratamento farmacológico individualizado destes indivíduos. Para cada subtipo da doença, um determinado medicamento pode atuar especificamente na causa do problema, trazendo resultados surpreendentes.

De fato, na investigação que identificou estas classificações, a perda de peso média nos pacientes guiados por fenótipos foi de 15,9%, após 12 meses de terapia. Já no grupo não guiado por fenótipo, este valor foi de 9%.

E não para por aí: a taxa de falha, definida como menos de 5% de perda de peso, foi de apenas 2% no grupo guiado por fenótipo, contra 26% no grupo não guiado. 

Entretanto, algumas limitações ainda estão presentes nesta abordagem. Em primeiro lugar, 15% dos pacientes não se enquadram em nenhum dos fenótipos, enquanto 27% se encaixaram em mais de um. 
Ademais, os estudos ainda são escassos, contando com alguns critérios de qualidade deficientes (como o pequeno número de participantes). Também, fatores importantes como o perfil de microbiota, níveis de leptina e insulina não estão sendo considerados, e podem fazer a diferença na estratificação e gestão de obesidade.

Por fim, não podemos esquecer da importância de um estilo de vida saudável como parte integrante da terapia da obesidade e da promoção da saúde em geral. Fatores como alimentação saudável, exercício físico regular e cuidados psicológicos (principalmente no caso da fome emocional), ainda são primordiais no combate à doença.

Conclusão

Em resumo, os fenótipos da obesidade representam uma perspectiva promissora na jornada rumo a um tratamento farmacológico personalizado da obesidade, atacando a raiz do problema.
Embora apresente certas limitações, essa abordagem oferece uma nova luz na busca por soluções mais eficazes e duradouras para uma das maiores epidemias de saúde pública da atualidade.

Referências:
Preda A, Carbone F, Tirandi A, Montecucco F, Liberale L. Obesity phenotypes and cardiovascular risk: From pathophysiology to clinical management. Rev Endocr Metab Disord. 2023 Oct;24(5):901-919. doi: 10.1007/s11154-023-09813-5. Epub 2023 Jun 26. PMID: 37358728; PMCID: PMC10492705.
Pujia R, Tarsitano MG, Arturi F, De Lorenzo A, Lenzi A, Pujia A, Montalcini T. Advances in Phenotyping Obesity and in Its Dietary and Pharmacological Treatment: A Narrative Review. Front Nutr. 2022 Feb 15;9:804719. doi: 10.3389/fnut.2022.804719. PMID: 35242796; PMCID: PMC8885626.
Sacoto D, Hurtado MD, Acosta A. Precision Medicine and Obesity. Handb Exp Pharmacol. 2022;274:467-485. doi: 10.1007/164_2021_566. PMID: 34910252; PMCID: PMC9200903.
Acosta A, Camilleri M, Abu Dayyeh B, Calderon G, Gonzalez D, McRae A, Rossini W, Singh S, Burton D, Clark MM. Selection of Antiobesity Medications Based on Phenotypes Enhances Weight Loss: A Pragmatic Trial in an Obesity Clinic. Obesity (Silver Spring). 2021 Apr;29(4):662-671. doi: 10.1002/oby.23120.


segunda-feira, 24 de junho de 2024

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

Ingredientes:
Amêndoas a gosto
Ccogumelo portobello (ou o cogumelo de sua preferência) a gosto ou cubos de frango
1 colher de chá de gengibre ralado
 ½ dente de alho ralado
1 colher de chá de pasta de missô
Molho shoyu a gosto
2 colheres de sopa de azeite de oliva
Avocado ou abacate em lâminas
Folhas de alface romana
Folhas de couve kale
Cebolinha picada
Folhas de coentro fresco

Creme de tofu:
Bata no liquidificador100 gramas de tofu amassado, sumo de ½ limão, 1 dente de alho, 3 colheres de sopa de azeite de oliva  e sal. 

Tempero de limão:
1 parte de limão para 2 partes de azeite e 1 parte de água. Sal refinado e 1 pitada de pimenta do reino moída na hora. 

Modo de fazer:

Comece cortando as amêndoas em lascas e  tempere com sal, azeite. Leve para uma assadeira e deixe por aproximadamente 10 minutos até torrar (cuidado para não deixar queimar).
Limpe os cogumelos com um pano ou guardanapo de papel (não lavar em água corrente pois irão absorver muita água). Corte os cogumelos ao meio, coloque em uma tigela grande e acrescente o gengibre ralado, o alho, a pasta de  missô, o shoyu e o azeite.
Misture tudo e deixe marinando por no mínimo 10 minutos. 
Cozinhe os cogumelos: Aqueça uma frigideira, adicione o azeite e os cogumelos marinados e não mexa por aproximadamente 1 minuto. Quando estiverem dourados misture e deixe refogar mais um pouco.
Em uma tigela grande coloque as folhas rasgadas e a cebolinha picada. Distribua as lâminas de  avocado, coloque o creme de tofu no meio da tigela, polvilhe tudo com as amêndoas torradas e  regue com o tempero de limão. Por último coloque os cogumelos dourados/frango ainda quentes e finalize com o coentro fresco. Na hora de servir misture todos os ingredientes da tigela. 

Para quem ainda não leu os posts publicados:

Introdução à salada: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada.html

Princípios básicos da salada: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/01/boracomersalada-post-1-principios.html

Salada 1: Berinjela com castanha do Pará (ou castanha do Brasil), uva-passa e hortelã: 

https://www.nutrologogoiania.com.br/salada-1-berinjela-com-castanha-do-para-ou-castanha-do-brasil-uva-passa-e-hortela

Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico: 

http://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-2-salada-de-inverno-de-abacate.html?m=0

Salada 3: Salada de inverno de rúcula: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/06/salada-3-salada-de-inverno-de-rucula.html

Salada 4: Salada com legumes assados: 

https://www.ecologiamedica.net/2022/07/salada-4-salada-de-legumes-assados.html

Salada 5: Salada de Picles de pepino com molho de alho:

 https://www.ecologiamedica.net/2023/04/salada-5-salada-de-picles-de-pepino-com.html

Salada 6: Salada vegana de lentilha crocante: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-6-salada-vegana-de-lentilha.html

Salada 7: Salada cítrica de grão de bico: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/07/salada-7-salada-de-grao-de-bico-citrica.html

Salada 8: Salada de frango com molho pesto de abacate: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/08/salada-8-salada-de-frango-com-molho-de.html

Salada 9: Salada de berinjela com passas e amêndoas: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-9-salada-de-berinjela-com-passas.html?m=0

Salada 10: Salada com molho homus

https://www.ecologiamedica.net/2023/11/salada-10-salada-com-molho-homus.html

Salada 11: Salada de atum crocante: 

https://www.ecologiamedica.net/2023/12/salada-11-salada-crocante-de-atum.html

Salada 12: Trigo cozido com especiarias

https://www.ecologiamedica.net/2024/02/salada-12-trigo-cozido-com-especiarias.html

Salada 13: Salada de Pequi com molho de mostarda e mel

https://www.ecologiamedica.net/2024/04/salada-13-salada-de-pequi-ao-molho-de.html

Salada 14: Salada de Quinoa com frango dourado

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-14-salada-de-quinoa-com-frango.html

Salada 15: Salada Waldorf

https://www.ecologiamedica.net/2024/05/salada-15-salada-waldorf.html

Salada 16: Salada de inverno cítrica

https://www.ecologiamedica.net/2024/06/salada-16-salada-de-inverno-citrica.html

Salada 17: Salada de inverno de cogumelos

domingo, 23 de junho de 2024

Lipedema - Conceito, diagnóstico, tratamento e como o nutrólogo pode te auxiliar?

 

Lipedema: muito além do hype

Que o tema está na moda, todo mundo sabe, o que não te contam é que pouco se sabe ainda, sobre o tratamento realmente eficaz para o Lipedema.

Mas o que é lipedema? Como diferenciar lipedema de obesidade? Como se faz o diagnóstico de lipedema? Quais os tratamentos disponíveis para o lipedema?

Essas são apenas algumas das perguntas que recebo diariamente no meu consultório e no direct do instagram: @drfredericolobo e @draesthefaniagalmeida Se você não nos segue, sugerimos que siga. Sempre postamos informações confiáveis sobre saúde e bem-estar. 

Antes de tudo, é preciso salientar que a doença não é nova, mas ganhou "fama" por conta de profissionais que querem vender soluções milagrosas. Se tem o esperto para vender solução, tem o bobo para comprá-la.

O lipedema (ou lipofilia membralis) é uma patologia inflamatória (de baixo grau) e crônica do sistema linfático e gorduroso. Nele há um acúmulo desproporcional de gordura, nas extremidades (membros, porém, especialmente nos membros inferiores). 

Além desse acúmulo de gordura, o paciente queixa-se de desconforto na região do acúmulo, como por exemplo sensação de peso nas pernas, inchaço, dor e hematomas que surgem facilmente.

Por ter uma característica inflamatória (quando a biópsia dessa gordura é vista pelo patologista), vários profissionais postularam que uma dieta antiinflamatória e uso de nutracêuticos (antiiflamatórios e antioxidantes) poderiam auxiliar no tratamento.

Prevalência e confusão no diagnóstico

Descrito pela primeira vez na medicina nos anos 1940 nos Estados Unidos, o lipedema afeta 1 a cada 10 mulheres, o que soma cerca de 5 milhões de brasileiras. Ou seja, é uma doença de alta prevalência, porém de baixo reconhecimento e diagnóstico, sendo frequentemente subdiagnosticado ou confundido com obesidade ginecoide, linfedema ou mesmo insuficiência venosa. No mundo todo, acredita-se que acometa mais de 10% das mulheres.

Por levar a alterações na silhueta corporal, o quadro é frequentemente rotulado de questão estética, o que não é, pois trata-se de uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua inclusão na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) passou a vigorar em janeiro de 2022:  EF02.2

Qual a fisiopatologia? Como surge?

Ainda não sabemos ao certo o mecanismo fisiopatológico do lipedema, porém, sabemos que há envolvimento de fatores hormonais e forte componente genético. Sendo mais comum em mulheres que em homens.

É comum o relato que o acúmulo iniciou na puberdade, após gravidez, uso de anticoncepcionais ou até mesmo após menopausa. Alguns pesquisadores correlacionam as alterações nos níveis de estrogênio e progesterona como gatilho para o desencadeamento. Esses hormônios estimulariam certos grupos de células de gordura a inflar de um modo anormal. Daí a condição ser praticamente exclusiva das mulheres. 
 
Sabe-se que além do acúmulo de gordura (hiperplasia e hipertrofia dos acipócitos), existe uma maior prevalência de substâncias (citocinas) pró-inflamatórias. Isso provavelmente leva a alteração nos capilares, tornando-os frágeis, o que pode facilitar o surgimento dos hematomas. A infiltração gordurosa acaba alterando os vasos linfáticos e com isso ocorre uma hiperpermeabilidade, levando a uma retenção de líquidos. Além disso ocorre uma privação de oxigênio o que ocasiona dor e posteriormente fibrose local, o que torna a doença progressiva. Também há uma redução da mobilidade do membro, o que perpetua o processo.

Diagnóstico 

Os critérios diagnósticos do lipedema, descritos por Wold et al. (1951) e modificados por Herbst, envolvem tendência a hematomas, aumento de volume dos membros simétrico e bilateral poupando pés e mãos e hipersensibilidade local.    É importante salientar, que diferente da obesidade, no lipedema a circunferência dos membros não reduz após a perda de peso.

Critérios clínicos para o diagnóstico de lipedema:
  • Distribuição DESPROPORCIONAL da gordura corporal. Ou seja, acumulando mais em membros superiores ou inferiores
  • Nenhuma ou limitada influência da perda de peso na distribuição da gordura nos membros
  • Hipertrofia dos adipócitos bilateral, simétrica e desproporcional nos membros
  • Poupa preservação das mãos e pés (fenômeno do manguito)
  • Envolvimento dos braços aproximadamente 30%
  • Sinal de Stemmer negativo
  • Sensação de peso e tensão nos membros afetados
  • Dor à pressão e ao toque nos membros
  • Edema sem depressões
  • Tendência acentuada para formação de hematomas
  • Piora dos sintomas ao longo do dia
  • Não é melhora da dor ou do desconforto com a elevação dos membros
  • Telangiectasias e marcas vasculares visíveis ao redor dos depósitos de gordura
  • Hipotermia da pele
Ao exame físico a paciente pode apresentar:
Parte proximal do membro inferior:
Distribuição desproporcional de gordura
Gordura cutânea circunferencialmente espessada
Parte distal do membro inferior: 
Espessamento proximal da gordura subcutânea
Espessamento distal da gordura subcutânea, acompanhado de peito do pé delgado (sinal do manguito)
Parte proximal do braço:
Gordura subcutânea significativamente espessada em comparação com a vizinhança
Parada repentina no cotovelo
Parte distal do braço: 
Gordura subcutânea espessada, acompanhada de dorso da mão delgado (sinal do manguito)

Alguns autores propuseram a criação de um questionário de rastreamento.

Doenças que podem coexistir com o Lipedema

Dentre as doenças associadas ao lipedema pode-se citar: linfedema, obesidade, doenças venosas,  doenças articulares e o Transtorno do espectro de hipermobilidade (hipermobilidade articular) ou TEh. 
Até 58% dos casos podem cursar com TEh Sendo muito comum em portadoras de Síndrome de Ehlers Danlos do tipo Hipermóvel. Essa coexistência reforça a contribuição de um distúrbio em tecido conectivo na fisiopatologia do lipedema. Para conhecer mais sobre a Síndrome de Ehlers Danlos (SEDh) clique aqui: https://www.ecologiamedica.net/2023/03/sindrome-de-ehlers-danlos.html

Classificação do lipedema e os estágios

Pode-se classificar o lipedema em 5 subtipos, a depender da distribuição de tecido adiposo: 
  • Tipo I (aumento da deposição em quadris e coxas), 
  • Tipo II (extensão até joelhos, principalmente em face interna), 
  • Tipo III (até tornozelo), t
  • Tipo IV (acometimento de membros superiores): 30% dos casos
  • Tipo V (apenas porção inferior das pernas é afetada). 

Também pode ser estratificado em 4 estágios considerando a gravidade: 
  • Estágio 1 (pequenos nódulos subcutâneos palpáveis sem alterações cutâneas), 
  • Estágio 2 (lipoesclerose nodular com irregularidades cutâneas), 
  • Estágio 3 (pele com textura irregular em aspecto “casca de laranja”  com macronodulações subcutâneas palpáveis),
  • Estágio 4 (lipolinfedema).  




E qual o tratamento?

Alguns médicos e nutricionistas alardeiam por aí que existem protocolos de dietas, suplementos e até tratamentos hormonais para o lipedema. Entretanto, até o presente momento, não há evidências científicas que recomendam um tratamento medicamentos ou suplementos específicos para a patologia.

Apesar de existir um componente inflamatório, não existe uma dieta do lipedema. 

As abordagens conservadoras (sem cirurgia), envolvem:
1) Controle do peso,
2) Alimentação saudável (nutricionalmente equilibrada, com boa ingestão de vegetais),
3) Medidas de alívio dos sintomas locais, 
4) Evitar os fatores que pioram como por exemplo o uso de pioglitazona e prevenir a progressão da doença.

Os grandes artigos mais recentes de revisão sobre o tema, os autores são unânimes em informar que não existe medicamentoso, suplemento ou dieta específica para lipedema. 

Infelizmente, nem sempre a Medicina terá todas as respostas que precisamos para todas as doenças. Mas isso não significa que possamos inventar tratamentos e protocolos apenas para lucrar com o desespero alheio. Necessitamos de mais pesquisa na área. O que não precisamos é de profissionais que tentam lucrar em cima de uma patologia de difícil tratamento e que ainda não é bem elucidada.

Cirurgia redutora de lipedema é atualmente a  única técnica disponível para remover os tecidos anormais presentes no lipedema como: adipócitos, nódulos, matriz extra celular fibrótica e outros componentes não adipócitos. Ele também é o único  tratamento que reduz a progressão da doença e idealmente deve ser instituído antes das complicações do lipedema surgirem. Portanto, mais um motivo para tomar cuidado com terapias alternativas, sob risco de perder o momento ideal para o tratamento respaldado, que até hoje ainda é o tratamento cirúrgico.

Estratégias terapêuticas propagadas nas redes sociais
  • Antioxidantes com N-acetilcisteína (NAC), Zinco, Selênio, Ácido alfa lipóico (endovenoso): Ainda sem evidência
  • Antiinflamatórios com o ômega 3, quercetina, pycnogenol, curcumina: Ainda sem evidência
  • Tratamento do intestino com Glutamina, Cúrcuma, prebióticos, probióticos e enzimas digestivas: Ainda sem evidência. 
  • Uso de vitamina D e B12: Ainda sem evidência, só repor nas deficiências e quando os níveis estiverem no limite inferior.
  • Aminas simpaticomiméticas como Venvanse e ritalina: teoricamente fariam contração de arteríolas levando a uma menor pressão intracapilar: sem evidência.
  • Uso de hormônios como a gestrinona: Sem evidência de melhora e o tratamento hormonal pode agravar o quadro. 
  • Dieta mediterrânea: devido o padrão "antiinflamatório" há alguns estudos mostrando melhora nos quadros leves, reduzindo a dor, melhorando a mobilidade e o inchaço.  
  • Dieta cetogênica: melhora na composição corporal, relatos de caso evidenciando melhora da dor. Há alguns trabalhos com a VLCKD: Very low calorie ketogenic diet: Baixa evidência
  • Suplementos que teoricamente alterariam a composição corporal: quitosana, L-carnitina, Cromo, Efedrina, Sinefrina, Piruvato e Ácido linoleico conjugado: Ainda sem evidência
  • Drenagem linfática: pode atenuar os sintomas, aliviar a dor e reduzir o inchaço.
  • Uso de meias de compressão: pode aliviar o quadro, reduzir a dor e melhorar a mobilidade.
  • Lipoaspiração tumescente: Tratamento com maior evidência, nos quadros moderados a graves. Feita por cirurgião plástico experiente. Promove melhora significativa da mobilidade, da dor e do inchaço. 
Deixo aqui a excelente aula de uma grande amiga endocrinologista e nutróloga, Dra. Tatiana Abrão


Fontes:
Autores:
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-SC 32949 RQE 22416 @drfredericolobo
Dra. Esthefânia Garcia de Almeida - Médica Endocrinologista e especialista em Clínica médica - CRM MG 65050 RQE 44779 e RQE 40100 @draesthefaniagalmeida


quinta-feira, 20 de junho de 2024

Paciente ativo e responsável



Cresci em uma família repleta de médicos. Pai médicos, tios, primos. Uma Medicina pautada em hierarquia. Manda quem pode (médico), obedece quem tem juízo (paciente). A figura do médico sempre foi colocada em um pedestal, endeusada, como se ele fosse o detentor supremo do conhecimento técnico científico da Medicina. 

Porém, a humanidade evolui. Com o advento da internet tivemos uma revolução da informação. Universalização do conhecimento e isso se por um lado foi péssimo por conta das fake news em saúde, por outro deu munição para os pacientes confrontarem médicos, questionarem o que antes era hierarquizado. Ou seja, se antes o médico "mandava" e o paciente "obedecia", hoje o paciente denominado Ativo e responsável, é portador de questionamentos sobre os seus sintomas, diagnóstico e tratamento. 

Mas onde quero chegar com esse papo? Na obesidade. 
Nenhuma outra doença, ao meu ver, precisa tanto de um paciente PAR. Mas na prática o que esses pacientes menos são é PAR. E o que seria um paciente PAR? Esse conceito muito difundido na Oncologia, também se enquadra na Nutrologia ou qualquer área que maneje doenças crônicas não transmissíveis. 

O paciente com postura PAR: assume a responsabilidade pelo seu tratamento e pela sua vida ou no mínimo, uma grande parte desse processo. Ele percebe que tem voz ativa, motivações e precisa agir para lutar contra a obesidade. 

Se a gente parte do pressuposto que a obesidade é uma Doença com 7 pontos primordiais:
  1. Crônica
  2. Recidivante
  3. Incurável
  4. Multifatorial na gênese
  5. Com forte componente genético, emocional
  6. Com necessidade de equipe multidisciplinar
  7. Abordagem nutricional, abordagem corporal (atividade física), medicamentosa e psicoterápica.
Entendemos que o paciente terá papel central no tratamento. Ou seja, ele precisa ser ativo e responsável. O papel do médico é dar as diretrizes, mas quem trilhará o caminho árduo será o paciente ativo e responsável. 

E por que estou falando sobre isso? Simplesmente, porque quando se trata de obesidade, a maioria dos pacientes querem ser emagrecidos. A última coisa que a maioria quer é ser ativo e responsável durante o processo. Infelizmente negligenciam a cronicidade da doença e a necessidade de vigilância eterna. Ou seja, muitos preferem negar que a doença é incurável e que precisa de tratamento dietético, medicamentoso, atividade física e muitas vezes acompanhamento psicoterápico. Esse é o paciente opostos, o passivo e irresponsável (PPI). 

Mas qual a finalidade de se ter uma postura PAR?
  • Estar mais informado sobre a própria doença (obesidade).
  • Ter um maior controle e participação nas escolhas e decisões. Qual abordagem dietética se enquadra mais na sua realidade financeira? Qual abordagem medicamentosa se encaixará melhor no seu padrão alimentar? 
  • Sentir-se mais seguro, confiante e preparado para enfrentar o tratamento e todas as decisões necessárias.
  • Saber lidar com as reais expectativas, principalmente na elaboração de metas a serem atingidas.
  • Assumir compromisso em seguir o que foi acordado: seja dieta, atividade física, uso de medicação. Check list de hábitos. 

E como posso ser um paciente mais PAR?

  • Diante do diagnóstico de obesidade, tenha calma e respire. Internalize que a obesidade é uma doença, que não tem cura, mas tem tratamento e controle. 
  • Essa doença impactará a sua vida e quanto mais precoce for a intervenção ( e duradoura), maiores as chances de sucesso. Durante um tempo, principalmente no primeiro ano, você sentirá que a vida perdeu o sentido, afinal fazer dieta não é legal. Principalmente para aqueles que possuem a comida como fonte central de prazeres. 
  • Leia sobre o tema, tenho um texto pautado em evidências científicas que ajuda os pacientes a terem um panorama melhor sobre a complexidade da obesidade: https://www.nutrologogoiania.com.br/doencas-e-a-nutrologia/obesidade/
  • Informe-se sobre todas as abordagens terapêuticas da obesidade, o texto acima pode te ajudar. Quanto mais você aprende sobre obesidade, mais você se sentirá confiante. Eduque-se, não tenha medo da informação, mas também não acredite em qualquer informação na internet. A maioria das informações em saúde que estão nas redes sociais, YouTube, sites não são informações confiáveis. Não é porque o médico tem muitos seguidores que ele é um bom médico. Podem ser seguidores comprados. Busque o currículo do médico que você escolheu para chamar de "seu". Primeiro veja se ele é realmente especialista, ou seja, se ele tem Registro de qualificação de especialista (RQE) em Nutrologia ou Endocrinologia. Segundo, veja se ele propaga tratamentos milagrosos ou questionados/proibidos pelo Conselho Federal de Medicina. Aqui uma lista de coisas que não fazem parte da Nutrologia e muita gente acha que faz: https://abran.org.br/imprensa/comunicado/comunicado-sobre-o-rol-de-procedimentos
  • Peça ao seu médico indicação de livros, sites, textos sobre o tema. Material que ele confia.
  • Antes das consultas anote todas as suas dúvidas no whatsApp. Questione o seu médico. Não tenha vergonha de perguntar, as vezes dúvidas que parecem bobas, podem ser determinantes no seu sucesso.
  • Solicite um número de telefone para que você possa ligar em casos de urgência.
  • Seja transparente com o médico sobre o seu estilo de vida, realidade financeira e principalmente sobre seus sintomas. Você deve contar ao médico sobre o seu histórico de doenças familiares, o médico deve examiná-lo e solicitar exames, de acordo com o seu caso. Se ele pediu determinado exame, faça. Ou seja, assuma a responsabilidade de agendar seus exames, consultas médicas e buscar os resultados. Não espere que façam isso por você. Mas, caso esteja fragilizado saiba que você pode pedir ajuda a alguém do seu círculo e não precisa passar por tudo isso sozinho.
  • Saiba que o planejamento semanal é um dos maiores determinantes do seu sucesso. Ou seja, tire um tempo para planejar as refeições.
  • Seja realista em relação ao tempo para obter resultados. Não se compare com outras pessoas, você é único e cada pessoa responde de uma forma à dieta e medicações. 
  • Crie o hábito de preencher Check list de hábitos, o bom médico que lida com obesidade sabe da importância desses check lists e recordatórios alimentares. 
  • O Médico/Nutricionista/Profissional da Ed. física/Psicólogo podem até dar as orientações, mas quem trilhará o caminho é você. Ou seja, se você acha que será emagrecido, melhor rever suas expectativas, você é o polo Ativo, você é o PAR. 

Autor: Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – CRM-GO 13192 – RQE 11915 – CRM-SC 32949 – RQE 22416