terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Fórmula de soja - de heroína a vilã? Análise crítica ao artigo

ta análise tem por objetivo alertar os pediatras de que não é obrigatório aceitar como dogmas as recomendações de consensos elaborados por especialistas internacionais. O pediatra deve tomar suas decisões baseado em seus conhecimentos e habilidades (arte da Medicina) conjuntamente com as preferências e valores de seu pequeno paciente e familiares(2).

Da mesma forma, nossas argumentações não devem ser consideradas como um contraponto estigmático, mas, sim, um conjunto de observações fundamentadas em bom senso e na longa vivência clínica-acadêmica que possibilitaram a identificação da presença de dados incorretos citados no Comentário do Comitê de Nutrição.

A revisão criteriosa e minuciosa do texto do Comentário do Comitê de Nutrição revela que há interpretações distorcidas de alguns trabalhos indicados como fonte de informação, assim como falta de transparência nas múltiplas vezes em que os autores escrevem "...que na falta de dados suficientes..." eles decidem não recomendar o uso de fórmulas infantis à base de proteína isolada de soja (FIPIS). Esta conduta traduz uma polarização grupal na tomada de decisões pelo colegiado da ESPGHAN(1).

O pediatra deve levar em conta que esses consensos (guidelines ou diretrizes) são elaborados focando uma população e não um paciente individualmente, o que pode dificultar a aplicação destas recomendações ao seu paciente em particular(2).

Os autores do Comentário do Comitê de Nutrição iniciam o texto fazendo uma longa introdução e revisão da literatura e finalizam com sete conclusões herméticas, com força de lei absoluta, que serão logo adiante analisadas uma a uma.

É oportuno descrevermos um conciso histórico do uso da soja na alimentação infantil, frisando que as preparações de soja durante a primeira metade do século XX representavam as únicas opções de tratamento de crianças com alergia ao leite de vaca, o que possibilitou a cura de incontável número de pacientes. A soja era uma heroína. Ao adentrar o século XXI ela se tornou uma vilã.

O Anexo 1 mostra a linha do tempo que contempla as principais fases evolutivas do uso da soja como alimento infantil. Inicialmente usada na forma de grão; posteriormente, através de sucessivos processos de beneficiamento, foram obtidas diferentes apresentações, como as farinhas, os extratos, "os leites" e a proteína isolada da soja (PIS). Esta última passou a ser um constituinte das fórmulas infantis comercializadas de acordo com as recomendações da RDA (Recommended Dietary Allowances)(3) e posteriormente das DRIs (Dietary References Intakes)(4). Para atender a essas recomendações foi necessário acrescentar a estas fórmulas L-metionina, taurina, carnitina e ferro, além de uma mistura de óleos vegetais e diferentes carboidratos. Na linha de tempo foram incluídos os trabalhos pioneiros do emprego da soja no tratamento da alergia ao leite de vaca e algumas diretrizes da AAP (American Academy of Pediatrics) e da ESPGHAN, elaboradas com o objetivo de estabelecer consensos do uso da FIPIS em diferentes situações clínicas.

Inicialmente, causou-nos surpresa as recomendações do Comentário do Comitê de Nutrição da ESPGHAN(1) a respeito da proibição da FIPIS em lactentes com menos de seis meses de idade. Posteriormente, preocupamo-nos com a percepção que essa proibição estava sendo amplamente divulgada por inúmeras publicações pediátricas e folhetos promocionais das indústrias de alimentos, beneficiadas por esta recomendação. Para nós que passamos todos esses anos exercendo o ensino, a assistência e a pesquisa em Pediatria, é muito angustiante e frustrante assistir ao crescimento de uma incorreção dessa natureza. Alguém já disse "de tanto uma mentira ser repetida ela se transforma em verdade".

A seguir analisaremos cada uma das sete conclusões do Comitê de Nutrição da ESPGHAN a respeito das indicações das FIPIS em Pediatria.


Anexo 1 - Linha do tempo: o papel da soja na alimentação infantil.

Conclusão 1

Cows´ milk-based formulae should be preferred as first choice for feeding healthy infants that are not fully breast fed (Fórmulas à base de leite de vaca serão preferidas como primeira opção para a alimentação de crianças saudáveis com amamentação não suficiente).

Essa é uma conduta pediátrica universal e indiscutível.

Entretanto, os autores do Comentário do Comitê de Nutrição citam, textualmente, no item "Considerações éticas e religiosas": "...alguns pais (por exemplo, vegetarianos) procuram evitar fórmulas infantis baseadas em leite de vaca para seus filhos por motivos religiosos, filosóficos ou éticos. Fórmula infantil à base de soja é uma alternativa aceitável para essas famílias".

Questionamos, então, se para essas crianças todas as reações adversas da soja citadas no Comentário do Comitê de Nutrição não são aplicáveis? Por acaso os bebês de famílias vegetarianas apresentam fisiologia diferente das crianças de famílias onívoras?
Conclusão 2

Soy protein based formulae should only be used in specified circumstances because they may have nutritional disadvantages and contain high concentrations of phytate, aluminum, and phytooestrogens, the long term effects of which are unknown (As fórmulas à base de proteína da soja devem ser unicamente usadas em circunstâncias específicas porque elas podem ter desvantagens nutricionais e contêm altas concentrações de fitatos, alumínio e fitoestrógenos, dos quais os efeitos tardios são desconhecidos).

1) Desvantagens nutricionaisBR>Consideramos que esta conclusão é ambígua e falaciosa e merece ampla explanação. Os próprios autores do Comentário do Comitê de Nutrição dissertando sobre a adequação das FIPIS escrevem, em tradução literal: "...esses dados indicam que as FIPIS podem ser usadas na alimentação dos recém-nascidos de termo, mas não apresentam vantagem nutricional sobre as fórmulas à base de leite de vaca". Perguntamos se para esses autores ser igual ao leite de vaca não é uma condição suficiente para indicar seu uso?

Inúmeros trabalhos demonstram a eficácia das FIPIS sobre o crescimento infantil. Fomon e col.(5), em 1973, estudaram a ação dessas fórmulas em um grupo de crianças que evoluíram de maneira comparável ao grupo que recebeu fórmula à base de leite de vaca. Em 1999, Lasekan e col.(6), estudando 213 recém-nascidos alimentados com FIPIS durante o primeiro ano de vida, observaram que eles tiveram uma evolução pôndero-estatural normal, de acordo com o padrão NCHS, e as taxas séricas de albumina e hemoglobina evoluíram dentro de valores referenciais. Mendez e col.(7), analisando a densidade óssea, e Venkataraman e col.(8), os parâmetros séricos, como Ca, P, Mg, fosfatase alcalina, paratormônio e 1,25 OH-D3, encontraram valores comparáveis nas crianças dos grupos alimentados com FIPIS e leite de vaca. Trabalho realizado com prematuros extremos, alimentados com FIPIS ou com fórmula de leite de vaca adaptada para prematuro, mostrou que o grupo que recebeu soja teve um aumento de peso satisfatório, embora um pouco menor (11 g/kg/dia) do que o grupo com fórmula láctea adaptada (15,3 g/kg/dia)(9).

Um trabalho muito interessante e publicado recentemente pesquisou prospectivamente, durante um ano, o desenvolvimento mental de 391 crianças normais recrutadas entre a idade de um e dois meses. Foram distribuídas em três grupos, de acordo com o tipo de alimentação recebida: leite humano, fórmula láctea ou FIPIS. Nenhuma diferença foi encontrada entre os três grupos em relação a dados antropométricos, de desenvolvimento mental, psicomotor e de linguagem, que se enquadraram dentro dos valores referenciais utilizados. Observaram apenas uma leve vantagem do desenvolvimento cognitivo do grupo alimentado com leite humano, em relação aos outros dois grupos(10).

A análise dos dados anteriormente apresentados mostra que as FIPIS não apresentam desvantagens nutricionais, exceto para os recém-nascidos prematuros extremos.

2) Fitatos
Em relação ao fitato ou fosfato de inositol, é importante mencionar que ele pode apresentar-se no alimento nas formas de mono, di, tri, tetra, penta e hexafosfato de inositol, mas apenas as formas penta e hexa interferem na absorção dos minerais. Com o cozimento as formas penta e hexa perdem fosfato e se transformam em di ou trifosfato sem ação quelante. Desse modo, apenas a presença de fitato no alimento não traduz exatamente seus possíveis efeitos na redução da biodisponibilidade de minerais. Estudos de De Angelis(11,12) em modelos animais e em humanos voluntários, analisando a ação do fitato sobre a ação do ferro, mostraram que a redução da absorção foi muito pequena e sem repercussão clínica. Esses dados são corroborados pelo trabalho de Lasekan e col.(6), que registraram valores normais de hemoglobina nas crianças alimentadas com FIPIS durante o primeiro ano de vida.

3) Alumínio
Os autores do Comentário do Comitê de Nutrição consideram que o teor de alumínio nas FIPIS seria um fator negativo ao seu uso. Segundo a WHO (World Health Organization)(13), a ingestão diária de 1mg/kg de alumínio é considerada tolerável. Na prática, a ingestão de volumes habituais de FIPIS pelas crianças, fornece uma quantidade de alumínio menor do que 1 mg/kg/dia e, portanto, sem risco de intoxicação.

Em 1998, a Comissão de Nutrição da Academia Americana de Pediatria(14) considerou desfavorável o teor de alumínio das FIPIS, mas não tem a mesma opinião a respeito das fórmulas lácteas adaptadas para prematuro, que contêm altas concentrações de alumínio e alega que "...as vantagens nutricionais destas fórmulas lácteas adaptadas para prematuro superam os problemas de eventuais riscos em relação à alta concentração de alumínio destas fórmulas". Por que o alumínio seria mais tóxico nas FIPIS do que nas adaptadas para o prematuro?

A Tabela 1 relaciona os valores de alumínio do leite humano e de outras fórmulas(15).

O alumínio provém de muitas fontes ambientais: água de consumo, panelas, canos, várias formulações (desodorante, antiácido, solução de albumina, solução para nutrição parenteral). Um grupo de risco para intoxicação pelo alumínio é representado pelos pacientes renais crônicos e já foram descritos casos de encefalopatia dialítica nesses casos e intoxicação por alumínio em recém-nascido urêmico. No primeiro caso, a água da diálise foi a responsável e no segundo foi a fórmula láctea adaptada para prematuro. A FIPIS não foi usada nesses casos(15).




mcg: micrograma.
Fonte: American Academy of Pediatrics. Committee on Nutrition. Aluminium toxicity in infants and children. Pediatrics 1996; 97:413-6.

4) Nucleotídeos
Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição não incluem nas conclusões finais nenhuma recomendação a respeito dos nucleotídeos, embora os tenham analisado no texto.

Os nucleotídeos são muito importantes no crescimento celular e em algumas reações metabólicas com uso de energia ou funcionando como mediador fisiológico em processos metabólicos, como, por exemplo, a reação cAMP cATP, que representa a maior fonte de energia celular. Os nucleotídeos são substâncias que podem ser sintetizadas pelo organismo e necessitam ser suplementadas em situações de maior demanda, como na fase de crescimento acelerado ou de reparação tecidual(16).

Em 2006 a Comissão Diretiva Europeia(17) propõe que se houver necessidade de adição de nucleotídeos nas fórmulas infantis, esta deverá obedecer à formulação do leite humano, que contém 72 mg/L. As fórmulas lácteas contêm de 8 a 72 mg/L e as FIPIS 310 mg/L, sem registro de que esta quantidade tenha interferido no desenvolvimento normal.

No texto, os autores do Comentário da Comissão de Nutrição finalizam o item a respeito dos nucleotídeos desencorajando a adição dos mesmos nas FIPIS, com a qual concordamos, pois não há essa necessidade.

5) Fitoestrógenos
Em relação às altas concentrações de fitoestrógenos nos derivados da soja, julgamos oportuno relembrar as características destes componentes.
Os fitoestrógenos estão presentes em grande número de plantas e, por apresentarem fraca atividade estrogênica, receberam o nome de fitoestrógenos. São encontrados em legumes e especialmente na soja e produtos derivados. Estes componentes, por um lado, apresentam benefícios à saúde e, por outro, podem agir como disruptores endócrinos.

Define-se como disruptor endócrino uma substância química semelhante a um hormônio que promove alterações no sistema endócrino, mimetizando hormônios, ligando-se a receptores hormonais ou ativando substâncias hormônio-dependentes. Os disruptores endócrinos estão amplamente distribuídos no ambiente e são de origem natural ou sintética(18).

Entre os fitoestrógenos se destacam as isoflavonas(19). A concentração de isoflavonas presente nos alimentos a base de soja é muito variável e depende de fatores como, por exemplo, a variedade do grão do cereal, do solo, do clima, da região de cultivo, condições de armazenamento e principalmente do tipo de processamento industrial utilizado no preparo do alimento. Por exemplo, a soja americana pode ter seu conteúdo de isoflavonas variando de 116 a 420 mg/100 g de grão de soja, dependendo da variedade e da safra(20).
A PIS, utilizada nas fórmulas infantis, é um produto altamente refinado, obtido da farinha de soja e apresenta teor de proteína maior ou igual a 90% e uma quantidade pouco variável de isoflavonas. As isoflavonas se apresentam sob a forma aproximada de doze isômeros, sendo os principais a genisteína e daidzeína. Os isômeros podem estar ligados a um açúcar formando um conjugado glicosídico(21).

Farmacocinética - No trato digestório os conjugados glicosídicos sofrem hidrólise em intestino delgado pelas glicosidases das bactérias intestinais e liberam as agliconas (daidzeína e genisteína) biologicamente ativas que apresentam estrutura química homóloga ao estradiol. Após absorção as agliconas passam pela circulação êntero-hepática e são prontamente conjugadas com ácido glicurônico no fígado. Uma parte das agliconas pode retornar ao intestino pela via biliar e ser excretada pelas fezes. Outra parte pode entrar na circulação sistêmica alcançando diferentes tecidos e posteriormente é eliminada na urina, de modo similar aos estrógenos endógenos(19,21). Um dos tecidos é o adiposo, no qual fica armazenada por um tempo longo, pois apresenta meia-vida maior que a dos estrógenos endógenos. Vários fatores podem modificar a biodisponibilidade dos fitoestrógenos ingeridos e seus efeitos biológicos. Uma dieta rica em carboidratos, responsáveis pelo aumento da fermentação, incrementa sua biodisponibilidade. Por outro lado, as doenças intestinais, as parasitoses e o uso de antibióticos reduzem a biodisponibilidade desses compostos(22).

Farmacodinâmica - As agliconas, disruptores endócrinos de origem natural, mostram afinidade pelos receptores estrogênicos e exercem outros efeitos não hormonais no maquinário celular.

Atualmente, as isoflavonas são classificadas como moduladores seletivos dos receptores de estrógenos (ER-alfa e ER-beta) e apresentam potência estrogênica muito inferior a do estradiol (1/500 a 1/1000 da atividade do 17-beta-estradiol). A daidzeína e a genisteína possuem maior afinidade pelo receptor ER-beta, podendo agir como agonistas estrogênicos quando os valores de estrógenos endógenos são baixos ou antagonistas, se as concentrações de estrógenos endógenos são altas(22). Apesar dos fitoestrógenos serem menos potentes que o estradiol, sua concentração pode ser de 13.000 a 22.000 vezes maior em crianças alimentadas exclusivamente com FIPIS, sendo suficiente para exercerem efeitos biológicos(23). Entretanto, não existem trabalhos clínicos que mostrem que essas concentrações elevadas se traduzem em qualquer tipo de expressão clínica.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição atribuem a essa elevada concentração de fitoestrógenos a alta incidência de telarca precoce observada em Porto Rico, no período de 1978 a 1982, comparado com os anos anteriores; entretanto, menos de 20% das crianças receberam soja previamente(24).

A telarca precoce compreende o desenvolvimento isolado e não progressivo da mama (sem outros sinais de maturação sexual) antes dos oito anos de idade. Em geral esses casos são prevalentes em meninas e ocorrem nos primeiros dois anos de vida, em virtude da persistência de secreção de gonadotrofinas hipofisárias na infância e após os seis anos de idade, em consequência da antecipação da produção puberal ovariana de estrógenos e/ou aumento da sensibilidade dos receptores destes hormônios aos baixos níveis circulantes. Geralmente é uma condição autolimitada e na maioria das pacientes não evolui antes do início da puberdade. A exposição aos estrógenos exógenos pode explicar alguns casos de telarca precoce como, por exemplo, o uso de cremes contendo 17-beta-estradiol(25).

Retornando ao trabalho de Freni-Titulaer e col.(24), devemos considerar que o aparecimento da telarca precoce antes dos dois anos de idade foi relacionado com cistos ovarianos maternos, consumo de fórmulas de soja e de vários tipos de carnes possivelmente contaminadas por estrógenos. Freni-Titulaer e col.(24) concluem que vários fatores devem ter interferido no desenvolvimento da telarca precoce, pois 18% dos casos se relacionaram com cisto ovariano materno, menos de 20% estavam relacionados ao consumo de soja e 15% ao consumo de frango fresco. Esse trabalho chamou a atenção do Departamento de Saúde de Porto Rico, que decidiu criar um Registro de Desenvolvimento Precoce Sexual e Telarca Precoce com o objetivo de melhor caracterizar a incidência deste problema de saúde e tentar esclarecer aspectos epidemiológicos, clínicos e etiológicos. Observaram que, no período de 1984 a 1993, a incidência de telarca precoce em meninas de 6 a 24 meses de idade foi de 6 casos por 1.000 meninas nascidas vivas(26). Não existe um consenso em relação à incidência de telarca precoce nas diferentes partes do mundo, para se comparar com esses dados de Porto Rico. A incidência pode variar em diferentes áreas geográficas, de ano para ano. As causas de telarca precoce podem ser múltiplas e muitas vezes relacionadas a fatores ambientais. Cólon e col.(27), em Porto Rico, tentando identificar os fatores responsáveis pelo aparecimento da telarca precoce, levantaram a hipótese de que o ftalato poderia ser o responsável pelo seu desenvolvimento. Encontraram esse composto químico aumentado no soro de 68% das meninas com telarca precoce, enquanto no grupo-controle apenas uma criança apresentou esse produto aumentado.

O ftalato é uma substância utilizada como aditivo para deixar o plástico mais flexível e deste modo é usada na confecção de brinquedos infantis (por exemplo, mordedores) e equipos médicos (cateteres e bolsas de soro). Torna-se evidente que o uso de FIPIS não pode ser responsabilizado pelo desenvolvimento da telarca precoce, como sugerem os autores do Comentário da Comissão de Nutrição da ESPGHAN. Estes últimos autores também relatam possíveis efeitos tardios dos fitoestrógenos em mulheres adultas. Citam o trabalho de Strom e col.(28), realizado em mulheres que tinham sido alimentadas com soja nos primeiros anos de vida, com o objetivo de analisar problemas reprodutivos e ginecológicos. Os dados foram obtidos por contato telefônico e autorrelatos das entrevistadas e não foram encontradas queixas importantes em relação àqueles problemas. Sintetizando esses achados, pode-se concluir que a ação prejudicial dos fitoestrógenos da soja pode ser considerada um mito.

Conclusão 3

Indications for soy formulae include severe persistent lactose intolerance, galactosemia, religious, ethical, or other considerations that stipulate the avoidance of cows´ milk based formulae and treatment of some cases of cows´ milk protein allergy (As indicações para o uso das fórmulas de soja incluem: 1- intolerância persistente à lactose; 2- galactosemia; 3- razões religiosas; 4- razões éticas; 5- outras considerações que propõem evitar fórmulas baseadas em leite de vaca; 6- tratamento de alguns casos de alergia à proteína do leite de vaca).

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição citam com muita propriedade que as principais indicações do uso de FIPIS são a intolerância persistente à lactose e a galactosemia. Novamente reforçam as indicações das FIPIS por motivos religiosos e éticos, que já comentamos na Conclusão 1.

No texto os autores do Comentário da Comissão de Nutrição colocam em dúvida a vantagem do uso da FIPIS no manejo da gastroenterocolite aguda. Sugerem que nas crianças bem nutridas as fórmulas lácteas podem ser mantidas e nos casos mais graves, com desidratação, contraindicam as FIPIS, para não introduzir uma nova proteína indutora de sensibilização e preconizam o uso de fórmulas proteicas extensamente hidrolisadas ou fórmulas elementares.

Na nossa experiência, o uso de FIPIS nas crianças com gastroenterocolite aguda grave e diarreia persistente pode dar resultado satisfatório, pois apenas pequeno número de pacientes não tolera essas fórmulas. Devemos lembrar que essas fórmulas infantis são nutricionalmente adequadas à criança e apresentam baixo custo, portanto atendem às características da população brasileira. Vale lembrar também que os consensos médicos são instrumentos informativos e não tutelares e, como já comentamos no início desse texto, o paciente merece um tratamento individualizado e livre e não um tratamento globalizado e tutelado. Quantos de nós pediatras já tratamos com sucesso grande número de pacientes com diarreia persistente com uso dessas FIPIS(29)?

A indicação para o tratamento de "alguns casos de alergia à proteína do leite de vaca" é imprecisa, principalmente se levarmos em conta a dificuldade diagnóstica e a complexidade de classificação das doenças alérgicas, com suas diferentes apresentações gastroenterológicas, dermatológicas e respiratórias(30).

Conclusão 4

The Committee recommends that the use of therapeutic formulae based on extensively hydrolyzed proteins (or amino acid preparations if hydrolysates are not tolerated) should be preferred to that of soy protein formula in the treatment of cow´s milk protein allergy. Soy protein formula should not be used in infants with food allergy during the first 6 months of life. If soy protein formulae are considered for therapeutic use after the age of 6 months because of their lower cost and better acceptance, tolerance to soy protein should first be established by clinical challenge (O Comitê recomenda que o uso terapêutico de fórmulas baseadas em proteínas extensamente hidrolisadas (ou preparações com aminoácidos, se os hidrolisados não são tolerados) devem ser preferidas à fórmula de proteína de soja no tratamento da alergia à proteína do leite de vaca. A fórmula de proteína de soja não deve ser usada em crianças com alergia alimentar durante os primeiros 6 meses de vida. Se as fórmulas de proteína de soja são consideradas para uso terapêutico depois dos 6 meses de idade, pelo seu baixo custo e melhor aceitação, a tolerância à proteína da soja deve ser primeiro estabelecida por teste clínico de provocação).

A indicação como primeira opção para o tratamento dietético da alergia ao leite de vaca seriam os hidrolisados extensos ou fórmulas de aminoácidos; além de ser um preciosismo de primeiro mundo, é uma escolha de pouco valor e condicional, como bem definido no World Allergy Organization Diagnosis and Rationale for Action against Cow´s Milk Allergy (DRACMA) Guidelines de 2010(30). Nesse último documento os autores, após profunda análise dos trabalhos sobre eficácia dos diferentes tipos de fórmulas hipoalergênicas no tratamento da alergia ao leite de vaca, resumem suas conclusões parciais - "não identificamos nenhuma revisão sistemática estabelecendo os benefícios relativos do uso de fórmulas extensamente hidrolisadas e de aminoácidos comparadas com fórmulas de soja e de hidrolisado do arroz nas crianças com alergia ao leite de vaca". Mas, surpreendentemente, ao elaborar as recomendações, sugerem obsessivamente as fórmulas extensamente hidrolisadas ou as de aminoácidos, acrescentando ao final de cada recomendação que a mesma é condicional e de muito baixa qualidade de evidência. Chamam a atenção, também, para um problema importante que é a disponibilidade de recursos exigidos para concretizar uma estratégia assistencial, nacional e/ou regional, de atendimento dessas crianças com alergia ao leite de vaca, através do uso das fórmulas extensamente hidrolisadas ou de aminoácidos, sendo o Brasil um exemplo dessa situação.

Trabalhos de Zeiger e col.(31) e Klemola e col.(32) mostram que apenas 10% a 14% das crianças com alergia ao leite de vaca apresentam concomitância de alergia às FIPIS. Dessa forma, um número razoável de pacientes (90% e 84%) pode ser tolerante à soja. Por razões práticas, em nosso meio, vale tentar o uso da FIPIS nestes pacientes e observar diariamente e com rigor o grau de tolerância que os mesmos apresentam em relação à FIPIS. Esta poderá ser substituída, caso se observe intolerância. Esse procedimento equivale a uma prova de sobrecarga aberta.

O alto custo das fórmulas de hidrolisados extensos e de aminoácidos limita seu emprego inicial de maneira ampla e indiscriminada. Embora as instituições governamentais possam fornecer estas fórmulas sem custo, o processo operacional para sua obtenção é complexo, demorado e restritivo condicionando retardo do início do tratamento, principalmente em certas regiões urbanas periféricas e rurais.
Desta conclusão número 4 o item mais preocupante, por não apresentar suficiente embasamento científico, é a proibição do uso da FIPIS antes dos seis meses de idade.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição afirmam que a FIPIS não deve ser prescrita durante os primeiros seis meses de vida, levando em consideração um trabalho de Klemola e col.(32). Estes autores acompanharam prospectivamente 170 crianças com alergia ao leite de vaca, principalmente com manifestações cutâneas e trataram um grupo de 80 pacientes com FIPIS e outro grupo de 90 com fórmula extensamente hidrolisada. Ficou demonstrado que 10% do primeiro grupo desenvolveu alergia à soja e 2% do segundo grupo, alergia à fórmula extensamente hidrolisada, o que mostrou que as crianças que tomam soja apresentam quatro vezes mais risco de desenvolverem reações imunoalérgicas. Dentre as crianças do grupo que recebeu FIPIS, 20 eram menores de seis meses e, destas, cinco (25%) apresentaram reação à soja. Das outras 60, com mais de seis meses de idade, apenas 3 (5%) se tornaram alérgicas à soja. Em face da pequena casuística de crianças menores de seis meses de idade, Klemola e col.(32) propõem cautela na indicação da FIPIS neste grupo etário. Nesta mesma linha de pesquisa, Zeiger e col.(31) estudando 93 crianças com alergia IgE mediada, de modo prospectivo, encontraram somente 14% de crianças com alergia ao leite de vaca concomitantemente ao de soja, sendo apenas 3% dos pacientes menores de seis meses.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição, embora reconhecendo que o número de crianças estudadas nesses dois últimos trabalhos é pequeno, recomendam taxativamente que a FIPIS não seja indicada para pacientes alérgicos ao leite de vaca com idade inferior a seis meses, o que consideramos um absurdo.

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição, na exposição de motivos sobre a alergia ao leite de vaca citam uma recomendação da Academia Americana de Pediatria (AAP)(33) - "aquelas crianças com alergia IgE mediada podem beneficiar-se de uma fórmula de soja como tratamento inicial ou instituída após seis meses de idade, após o uso de uma fórmula hipoalergênica". Esta recomendação não é clara - o que significa tratamento inicial? Além disso, revendo criteriosamente este parecer da AAP, observa-se que esta assertiva se baseia em uma referência bibliográfica totalmente discordante do assunto em discussão (Bellioni-Businco et al. Allergenicity of goat´s milk in children with cow´s milk allergy)(34). Dessa forma, a recomendação de não oferecer obrigatoriamente fórmula de soja aos menores de seis meses de idade carece, no momento, de fundamento científico. A AAP não se apoia em estudo criterioso, analisando os efeitos do uso das FIPIS em lactentes com menos de seis meses de idade. Infelizmente, a proibição do uso de FIPIS em lactentes menores de seis meses foi aceita como dogma pelos colegiados pediátricos e tem sido amplamente divulgada pelas indústrias de alimentos infantis, através de seus folhetos publicitários.

Conclusão 5

Soy protein formulae have no role in the prevention of allergic diseases (As fórmulas de proteína de soja não atuam na prevenção das doenças alérgicas).

Os autores do Comentário da Comissão de Nutrição também ponderaram sobre o uso da FIPIS como medida preventiva no desenvolvimento de doença alérgica, naquelas crianças pertencentes a grupo de risco (família atópica) e como o assunto é controverso, acharam mais fácil concluir que não está indicado o uso de FIPIS na prevenção de alergia em crianças de alto risco. Levando-se em conta que o uso de FIPIS no lugar do leite de vaca irá retardar a sensibilização da criança atópica à proteína do leite de vaca, as manifestações da doença atópica serão postergadas e, portanto, seu emprego pode ser preconizado, desde que a criança fique sob supervisão rigorosa.

As intervenções preventivas eficientes no aparecimento de alergia em crianças de risco têm sido perseguidas pela maioria dos estudiosos, mas ainda não foram alcançadas. Os inúmeros trabalhos a respeito não esclarecem o que deve ser feito e a problemática permanece nebulosa. Esses estudos diferem muito entre si pela heterogeneidade das casuísticas, pelos deferentes desenhos da pesquisa e pelas metodologias diagnósticas utilizadas.

Uma linha de investigação mais consistente realizada por uma equipe italiana, por período aproximado de quatro anos, acompanhou dois grupos de recém-nascidos de alto risco. Programaram para ambos os grupos medidas dietéticas (leite materno exclusivo por seis meses; redução na dieta materna de leite de vaca e ovo) associadas às medidas de vigilância ambiental (controle de fumo, animais, poeira doméstica e controle rotineiro da saúde da criança por três anos). Quando fosse necessário complementar o leite materno, um grupo recebia FIPIS e o outro fórmula láctea. Os resultados finais foram: das 732 crianças acompanhadas, 17% apresentaram doença atópica. Destes 17%, 13% tinham recebido só leite materno; 10% só FIPIS; 15% leite materno e FIPIS e 34% leite de vaca. Observa-se que uma prevenção total da doença alérgica é difícil de ser obtida, mas a FIPIS esteve associada à menor prevalência da doença alérgica dentro das condições de controle ambiental do presente trabalho(35-37).

Dessa forma, o pediatra deverá analisar as características de cada paciente e decidir como estabelecer as medidas preventivas ou abdicar delas.

Conclusão 6

There is no evidence supporting the use of soy protein formulae for the prevention or management of infantile colic, regurgitation, or prolonged crying (Não há nenhuma evidência que apóie o uso das fórmulas de soja para a prevenção ou tratamento da cólica infantil, regurgitação ou choro prolongado).

Essas três condições clínicas são multifatoriais e de difícil diagnóstico diferencial, pois todas se traduzem por choro. Obviamente, o pediatra deverá identificar suas causas para o tratamento adequado.

Conclusão 7

Manufacturers should aim to reduce the concentrations of trypsin inhibitors, lecitins, goitrogenic substances, phytate, aluminum, and phytoestrogens in soy protein formulae (Os fabricantes devem ter por objetivo reduzir os inibidores de tripsina, lecitinas, substâncias que causam bócio, fitatos, alumínio e fitoestrógenos nas fórmulas de proteína de soja).

Anteriormente já discutimos o papel do fitato, alumínio e fitoestrógenos das FIPIS, faltando apenas comentar a interferência da FIPIS na função tireoidiana.

Considera-se que a soja pode afetar a função tireoidiana e interferir na absorção de hormônios tireoidianos naturais e sintéticos.

O primeiro relato referente à interação entre tratamento com hormônio da tireoide e soja em criança foi publicado em 1965, por Pinchera e col.(38). Estes autores descreveram o caso de uma criança com hipotireoidismo congênito que recebia 30 mg/dia de tireoide dessecada para manter-se estabilizada e após iniciar FIPIS, em substituição ao leite de vaca, foi necessário aumentar a medicação para permanecer em eutireoidismo. Posteriormente, Chorazy e col.(39) relataram concentrações séricas elevadas de hormônio tireoestimulante (TSH) em lactente hipotireoidiano alimentado com fórmula de soja desde o nascimento, em virtude de história familiar de alergia à proteína do leite de vaca.

Mais recentemente, esses dados foram confirmados através de um estudo retrospectivo que comparou 78 crianças com hipotireoidismo, 70 alimentadas com fórmula láctea e oito com fórmula de soja. Depois de quatro meses de tratamento com levotiroxina (LT4) os autores observaram que 17% das alimentadas com fórmula láctea e 62,4% daquelas alimentadas com fórmula de soja apresentaram TSH elevado, indicando que o grupo alimentado com soja não respondeu adequadamente ao tratamento(40).

Este último fato poderia ser explicado pela má absorção da droga, provavelmente pela ligação da tiroxina com um ou mais componentes da soja, sendo então eliminada pelas fezes(41). Dessa forma, a associação da perda fecal de tiroxina com a baixa concentração de iodo nos produtos derivados da soja predispõe a um estado de hipotireoidismo, razão pela qual atualmente as FIPIS são enriquecidas com iodo.

Do exposto se conclui que se deve evitar o uso de produtos de soja em pacientes com hipotireoidismo. Entretanto, nos indivíduos eutireoidianos e suficientes em iodo, o uso de alimentos de soja não vai afetar a função tireoidiana(41).

Embora a maioria dos autores concorde que o efeito negativo da soja sobre a tireoide resulta da má absorção do medicamento, outra linha de pesquisa enfoca outro mecanismo. Estudos in vitro mostram que as isoflavonas inibem a tireoperoxidade (TPO), principal enzima envolvida no procedimento de síntese dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) da tireoide(41,42). Mas esta ação inibitória é cancelada pela adição de iodo ao meio da experimentação. O efeito bociogênico atribuído à soja, teoricamente, seria consequente a esse efeito das isoflavonas sobre a TPO em situação de carência de iodo. A repercussão clínica deste efeito da soja no Brasil é minimizada pela adição de iodo ao sal de consumo.

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Autores: 

Dorina Barbieri, Livre-docente pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ceres Concilio Romaldini, Doutora em Medicina pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Publicado em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5380

Desorganização atrapalha funcionamento do cérebro e provoca estresse

O fim de semana chega e é hora de tentar pôr ordem à bagunça acumulada durante toda a semana. Se essa tem sido sua rotina nos dias de folga — e mesmo assim, o problema parece nunca chegar ao fim —, melhor rever seus hábitos. Segundo especialistas, viver em meio à desorganização gera estresse e perda de tempo, o que interfere diretamente no bem-estar e na qualidade de vida.
Segundo o neurologista Leandro Teles, membro da Academia Brasileira de Neurologia, ser organizado facilita o trabalho do cérebro, pois permite que ele tenha previsibilidade para executar tarefas.
— Quando está tudo embaralhado e alguém procura algo, o cérebro gasta tempo e performance para achar o que se quer. Com isso, ele fica cansado e há queda de rendimento em atividades que exigem mais energia, como tomada de decisões, por exemplo — diz o médico. — Se o ambiente está arrumado, a pessoa já parte do meio do caminho. Isso traz tranquilidade, gera serotonina (neurotransmissor) e controla o bem-estar.
De acordo com a psicoterapeuta holística e hipnóloga Myriam Durante, toda bagunça é resultado de uma procrastinação que, em geral, se deve a alguma insatisfação.
— Se as pessoas não estão felizes, elas ficam empurrando tudo com a barriga — afirma a especialista em comportamento humano.
Para as crianças, organização é fundamental para o aprendizado. Estudar em ambientes desarrumados dificulta a concentração em uma só tarefa, o que atrapalha a consolidação de informações no cérebro.
— Os pequenos pegam o exemplo dos pais. Não adianta dizer a eles para manter o quarto impecável se o resto da casa está bagunçado — diz Myriam Durante.


Fonte: http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/desorganizacao-atrapalha-funcionamento-do-cerebro-provoca-estresse-18528794.html#ixzz3yMH3ayZb

Deficiência de Vitamina D e asma: existe relação?

A deficiência de vitamina D é altamente prevalente em todo o mundo. No Brasil, pode acometer mais de 90% dos indivíduos, dependendo da população estudada. O papel clássico e principal da vitamina D é regular a absorção de cálcio do trato gastrointestinal e contribuir para a saúde óssea.

Recentemente a vitamina D tem sido descrita como um pré hormônio. A vitamina D oriunda da ingestão oral ou da exposição ultravioleta é quase que totalmente inativa e necessita ser dihidroxilada a sua forma metabolicamente ativa 1,25-dihidroxivitamina D (1,25D) ou também conhecida como calcitriol. Tem sido descrito cada vez mais a atuação da vitamina D em outros órgãos, podendo, sua deficiência, ser fator de risco para o desenvolvimento de imunodeficiência, depressão, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, esclerose múltipla, obesidade, diabetes tipo I e asma.

Tem sido evidenciado que vários fatores de risco para a ocorrência de asma são os mesmos para a presença de deficiência de vitamina D. São eles, alta latitude, inverno, industrialização, dieta inadequada, obesidade, pigmentação cutânea escura, poluição e sedentarismo. E, várias áreas anatômicas relevantes na asma contem enzimas responsáveis pela ativação da vitamina D e receptores de vitamina D, sugerindo qua a 1,25D tem ações importantes nestes locais.

Estes dois artigos são de revisão e selecionaram artigos da base de dados MEDLINE, CINAHL, EMBASE e Cochran online até janeiro de 2015, utilizando as palavras chave vitamina D e asma, sibilância, inflamação de via aérea, musculatura lisa respiratória e infecção respiratória. Foram incluídos somente artigos publicados em inglês. E, foram escolhidos de acordo com a sua relevância e as referências citadas também puderam ser incluídas.

Numerosos estudos tem evidenciado potente efeitos imunomoduladores da vitamina D, incluindo efeito nos linfócitos T e B, assim como na capacidade de aumentar a produção de antimicrobianos peptídeos. Estudos recentes tem mostrado que a deficiência de vitamina D está associada com alteração na função dos macrófagos e aumento da produção de citrocinas pró inflamatórias.

A vitamina D também tem múltiplos efeitos nos linfócitos B, como inibir sua proliferação, sua diferenciação em células plasmáticas e a produção de imunoglobulinas. Este efeito imunomodulador da vitamina D poderia determinar efeitos clínicos benéficos, como diminuir os episódios de infecções virais e bacterianas; influenciar na remodelação da musculatura lisa dos brônquios influenciando no fluxo aéreo; e otimizando a resposta à terapia medicamentosa. Por outro lado, a deficiência de vitamina D tem sido relacionada com uma maior resposta da via aérea, uma piora da função pulmonar, um pior controle da asma, e uma menor resposta à terapia para o controle da asma.

Portanto, a vitamina D e sua deficiência parecem ter inúmeros efeitos biológicos que poderiam alterar a patogênese e a severidade da asma. Assim, a vitamina D deveria ser considerada como uma terapêutica adjunta à terapia antiinflamatória da asma. O efeito antiinflamatóriaio e imunomodulador da vitamina D poderia melhorar a eficiência da terapia anti inflamatória específica (glicocorticóides e imunoterapia). A vitamina D atenuaria a resistência ao esteróides ao mesmo tempo que teria ação sinérgica com ele.

No entanto, ainda não é consenso sobre qual o nível sérico que seria adequado para indivíduos com asma, parece que tanto a deficiência quanto o excesso de vitamina D estão associados com maior sensibilização a alérgicos aéreos, nível sérico mais elevado de IgE, e maior comprometimento da função pulmonar.

É claro que a vitamina D influencia diversos imunomoduladores e antiinflamatórios, mas certamente para o melhor entendimento, mais estudos em humanos e em crianças são necessários. No entanto, as criança e os adolescente com asma, especialmente àqueles de difícil controle e manejo, poderiam ser considerados grupos de risco. Assim, deveria-se considerar a determinação laboratorial do nível sérico ou a suplementação com o dobro da dose recomendada para a faixa etária.
Veja mais detalhes em:

http://dx.doi.org/10.1016/j.pupt.2015.02.004.
http://dx.doi.org/10.1016/j.pupt.2015.02.010.

Artigos de referência:
Kerley CP et al. Vitamin D as an adjunctive theraphy in asthma. Part 1: A review of potential mechanisms. Pulmonary Pharmacology & Therapeutics (2015).
Kerley CP et al. Vitamin D as an adjunctive theraphy in asthma. Part 2: A review of human studies. Pulmonary Pharmacology & Therapeutics (2015).

Sugestão de leitura sobre vitamina D: 
Departamento Científico de Nutrologia. Deficiência de vitamina D em crianças e adolescentes. Documento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria. 2014.
Maeda S.S. et al. RecomendaCNoes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arq Bras Endocrinol Metab 2014; 58(5):411-33. DOI:10.1590/0004-2730000003388.

Fonte: https://www.nestlenutrition.com.br/comentarios-dos-especialistas/detalhe/dra-elza-daniel-de-mello/2015/07/01/defici%C3%AAncia-de-vitamina-d-e-asma-ser%C3%A1-que-existe-rela%C3%A7%C3%A3o-

Suco de soja é um problema para as crianças?

O Radioatividade desta terça-feira (12) convidou dois especialistas para nos ajudar com os motivos de a soja estar dando o que falar. O médico nutrólogo, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Dr. Durval Ribas Filho e a alergista, Dra. Ana Paula Castro, deram seus depoimentos. A soja é rica em chamadas isoflavonas, substâncias com estrutura química muito parecida a dos estrógenos, hormônios femininos. Elas acabariam sendo reconhecidas pelo organismo justamente como estrógenos e a ação desencadeada seria a mesma.

Entre as várias pesquisas já publicadas, a mais recente é uma revisão de estudos feita pela revista “Critical Reviews In Food Science”, que afirma que a ingestão de hormônios de origem vegetal podem prejudicar o sistema endócrino principalmente em bebês e crianças.

“A verdade é que até o momento os estudos não são consistentes”, afirma o nutrólogo. “A discussão realmente é importante, mas é sempre bom lembrar que ainda não existem estudos científicos que mostram diretamente essa relação”.

O médico lembra que existe uma mimetização; uma imitação das isoflavonas em relação aos hormônios femininos e destaca o uso das proteínas da soja para tratamentos de menopausa, melhora de cognição e redução de chances de alguns tipos de câncer e destaca: “o suco de soja em hipótese alguma estaria substituindo o leite das crianças”, apenas em casos de necessidade.

“É sempre bom lembrar que, para o suco de soja causar problemas, teríamos que ingerir mais de 3L do leite/suco de soja diariamente”, esclareceu Dr. Durval Ribas Filho.

Para a Dra. Ana Paula Castro, é importante diferenciar intolerância à lactose de alergia à proteína do leite de vaca e, a partir daí, saber se é necessário substituir o leite pelo suco de soja, principalmente na alimentação das crianças.

Atenção mamães, “se vocês têm filho com alergia à proteína do leite de vaca e a criança tem menos de 6 meses de idade e não pode receber aleitamento materno, ela não pode receber fórmula de soja. Se tiver acima de 6 meses sim, pode. Mas estamos falando de fórmula. Os suquinhos não são indicados para crianças com menos de 1 ano de idade”, destaca a alergista.

A verdade é que, no final, o melhor mesmo é fazer como tudo na vida: consumir, mas com moderação.

Fonte: http://blog.jovempan.uol.com.br/radioatividade/2016/01/12/suco-de-soja-e-um-problema-para-as-criancas/

Minhas considerações

Moderação. Há 5 mil anos os asiáticos utilizam as formas fermentadas sem problemas. Não há estudos epidemiológicos mostrando maior prevalência de puberdade precoce ou ginecomastia em asiáticos. Se lá, é o lugar do mundo onde mais consomem soja, seria esperado que lá também tivesse uma prevalência maior dessas doenças. A mesma coisa vale para veganos de todo mundo. A incidência de puberdade precoce em veganos é baixa.

Abaixo um texto do professor Dr. Ary Lopes Cardoso publicado no site da Nestle Nutrition

Embora o melhor alimento para o lactente seja o leite materno, ainda hoje as fórmulas infantis de proteína isolada de soja (FIPIS) continuam sendo muito utilizadas para alimentá-los em diversas situações clínicas, como alguns casos de alergia à (às) proteína (s) do leite de vaca, diarreia pós-infecciosa, intolerância à lactose, galactosemia e para os vegan, como substituto do leite materno.
O grão de soja tem em média uma composição bastante interessante – 30% de proteínas de alto valor biológico, 20% de lipídios em sua maior parte insaturados, 30% de carboidratos, e ainda vitaminas e minerais além de compostos bioativos, com destaque para as isoflavonas.

A soja é considerada um alimento funcional, ou seja, cujo consumo é seguro, nutricionalmente adequado para compor uma alimentação saudável e balanceada, proporcionando diversos benefícios à saúde.

Tem influência positiva no metabolismo lipídico e glicídico auxiliando na saúde cardiovascular, efeitos sobre o gerenciamento de peso, manutenção da massa óssea, ações sobre a cognição e ainda potenciais efeitos anticancerígenos. As recomendações e limites de segurança já são estabelecidos – 15 g de proteína de soja / dia para crianças saudáveis com mais de seis meses de idade.
Desde os anos 80 a indústria conseguiu aprimorar a composição dessas fórmulas. O surgimento das FIPIS permitiu que esses produtos passassem a respeitar as recomendações do Codex Alimentarius. Essas formulações ganharam então a chancela de serem nutricionalmente adequadas e seguras para o lactente.

As controvérsias ao seu uso, no entanto, não deixaram de existir. Alguns comentários a respeito das indicações e das eventuais restrições merecem ser feitos.

Muito recentemente tanto a Sociedade Europeia de Pediatria (ESPGHAN) como a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicaram seus consensos a respeito do uso das FIPIS em lactentes.

Esses órgãos concordam que as FIPIS conseguem fornecer nutrição adequada para que o lactente tenha desenvolvimento normal, embora não sejam mais vantajosas que as fórmulas infantis à base de leite de vaca quando existe impossibilidade de receber o leite materno. Também concordam que as FIPIS não têm papel na prevenção de cólicas, regurgitações, e em algumas situações de alergias.

Em relação ao uso das FIPIS no manejo da gastroenterocolite aguda, os consensos vêm colocando em dúvida a vantagem do uso dessas fórmulas, preconizando nos casos mais graves as fórmulas infantis extensamente hidrolisadas ou as elementares.

Não é a experiência que temos nos muitos anos de uso das FIPIS manejando a nutrição em crianças com diarreia aguda ou persistente. Apenas um pequeno número de pacientes não tolera essas fórmulas infantis. São nutricionalmente adequadas e apresentam custo acessível, atendendo às características da população brasileira.

Vale ressaltar que os consensos médicos são apenas instrumentos de informação e não tutelares. O pequeno paciente merece um tratamento individualizado e livre e não globalizado e tutelado. Estas nossa observações estão de acordo com a opinião de outros médicos dotados de grande experiência, que recentemente publicaram um texto valioso para todo Pediatra que tenha espírito crítico de leitura científica (2).
A segurança das fórmulas infantis de soja ainda é muito comentada e debatida. A revisão que Vandenplas Y. e colaboradores (1) fizeram é extremamente importante na medida em que abrange mais de um século de referências bibliográficas. São revistos os estudos que avaliaram dados antropométricos, saúde óssea (conteúdo mineral ósseo), imunidade, cognição e funções endócrinas e reprodutivas. Os estudos são, em sua maioria, transversais, de caso controle, de coorte ou de seguimento clínico, sempre comparando lactentes que receberam fórmula de soja com aqueles que receberam outros leites (materno ou leite de vaca modificado). A análise se deteve sobre os estudos que pautaram por avaliar, entre outras coisas, a segurança do uso da fórmula infantil de soja.

Do ponto de vista de padrões antropométricos há semelhança entre as crianças alimentadas com fórmulas de soja e aquelas que receberam leite de vaca modificado ou leite materno.

A despeito dos altos níveis de fitato e de alumínio nas fórmulas de soja, não existem diferenças nos níveis de hemoglobina, proteínas séricas, concentrações de zinco e de cálcio e conteúdo de osso mineral nas crianças que recebem leite materno, fórmula de leite de vaca modificado e aqueles que recebem FIPIS.

Os níveis de genisteína e daidzeina são muito superiores nas crianças que recebem fórmulas infantis de soja. No entanto, não existem evidências de efeitos adversos negativos em funções endócrinas ou reprodutivas.

Os parâmetros imunológicos avaliados e os neurocognitivos foram semelhantes em todos os grupos.

Em conclusão, as fórmulas infantis modernas de soja são consideradas como opções seguras para alimentar lactentes e crianças que as necessitem.

O padrão de crescimento, saúde óssea e metabólica, as funções reprodutiva, endócrina, imunológica e neurológicas são semelhantes àquelas observadas em lactentes crianças alimentadas com fórmulas infantis à base de leite de vaca modificado ou leite materno.
Os achados epidemiológicos são insuficientes no fornecimento de dados baseados em evidências quanto à ocorrência e/ou incidência de eventos adversos com o uso de FIPIS.
Não custa lembrar que muitas das discussões a respeito das indicações do uso de FIPIS irão terminar quando houver maior conscientização da amamentação exclusiva até o sexto mês de vida
 
Referências
1 - Vandenplas Y, Castrellon PG, Rivas R, Gutiérrez CJ, Garcia LD, Jimenez JE, Anzo A, Hegar B, Alarcon P. Safety of soya-based infant formulas in children. Br J Nutr. 2014   Apr 28;111(8):1340-60.

2 – Barbieri D., Romaldini C. Fórmula de soja - de heroína a vilã? Análise crítica ao artigo. Pediatria Moderna – Maio 2013 – v. 49 no. 5



Consea pede fim da gordura hidrogenada em produtos

Em documento encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - Consea, recomendou que seja proibido o uso da gordura vegetal hidrogenada na formulação de produtos alimentícios, bem como sua substituição por outras substâncias que cumpram suas atuais funções e sejam prejudiciais à saúde das populações, em prol da melhoria das condições de saúde da população brasileira.

Segundo avaliação do Consea, as ações voluntárias de redução de gordura trans artificial em alimentos processados não garantiram sua eliminação e os consumidores têm dificuldades de compreender a informação sobre a presença da gordura trans na rotulagem de produtos alimentícios. Também aponta que as gorduras vegetais hidrogenadas são a principal fonte de gordura trans artificial nos alimentos industrializados e que, desde 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda a eliminação total da gordura trans artificial da alimentação, tamanho são os seus malefícios à saúde, principalmente em relação aos riscos de doenças
cardiovasculares, o que já foi, inclusive, efetivado por vários países, como Argentina, Dinamarca e Estados Unidos
.

Vale destacar que, de acordo com dados levantados por pesquisa do governo para traçar o perfil de saúde da população brasileira, mais da metade dos adultos e um terço das crianças apresentam excesso de peso e crescimento no número de pessoas – cada vez mais jovens - com doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes.

Além disso, o Consea detalha na recomendação que houve significativo aumento da participação de produtos alimentícios ultraprocessados na alimentação do brasileiro (27,8% no Brasil como um todo em 2008/09), que em geral, possuem perfil nutricional desfavorável à saúde, ou seja, com teores elevados de gordura, açúcar, sódio e densidade de calorias.

"A recomendação do conselho mostra que a sociedade está se mobilizando para definir, juntamente com os órgãos reguladores do governo, os rumos da utilização da gordura trans em nosso país", analisa a vice-presidente da Asbran, Ana Maria Bartels, que também é conselheira suplente do Consea, representando a Associação. Ela acrescenta que no próximo mês de março está prevista pela Anvisa audiência pública para tratar do tema, oportunidade em que a Asbran manifestará sua posição.

Fonte: http://www.asbran.org.br/noticias.php?dsid=1434

Suporte nutricional no paciente crítico: novo guideline 2016 ASPEN e SCCM

Atualmente discute-se com maior ênfase o tema nutrição no paciente crítico e algumas recentes publicações tem norteado novos caminhos/conceitos na prática diária.

 Há tempos aguardava-se a revisão do guideline da American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) sobre nutrição no paciente crítico. Recentemente foi apresentado no congresso na cidade de Austin, no Texas,  em conjunto com a Society of Critical Care Medicine (SCCM), suas novas recomendações.

Sugerimos a leitura do texto completo (link anexo). Seguem alguns tópicos abordados:...

- Na ausência de calorimetria indireta, sugerimos que uma equação preditiva baseada no peso (25-30 kcal/kg/d) deve ser aplicada rotineiramente para determinar os requisitos de energia.

- Recomendamos que os protocolos de alimentação enteral devem ser implementados para aumentar o percentual de calorias ofertadas em relação a meta proposta.

-  Sugerimos uma avaliação frequente da adequação da oferta de proteína. As necessidades de proteínas sugeridas são de 1,2-2,0 g/kg de peso corporal atual por dia e, provavelmente, pode ser ainda mais elevada em pacientes grandes queimados ou politraumatizados.

- Recomendamos que a terapia de suporte nutricional enteral deve ser iniciada dentro de 24-48 horas no paciente crítico que é incapaz de manter a ingestão voluntária.

- Sugerimos que no cenário de comprometimento hemodinâmico ou instabilidade, a terapia enteral deve ser suspensa até que o paciente encontre-se ressuscitado e/ou em com sinais de melhora perfusional. O início pode ser considerado com precaução em pacientes submetidos à desmame dos vasopressores.

- Sugerimos que os pacientes que tem baixo risco nutricional, com o estado nutricional normal e baixa gravidade da doença atual (por exemplo, escore NRS 2002 ≤3 ou NUTRIC ≤5), que não podem manter a ingestão oral voluntária adequada, não necessitam de terapia nutricional especializada durante a primeira semana de internação em UTI.

- Recomendamos a colocação de sonda pós pilórica em pacientes considerados de alto risco para aspiração.

- Sugerimos que a dieta enteral não seja interrompida em casos de diarréia, mas sim que a alimentação enteral seja continuada enquanto avalia-se a etiologia da diarréia para determinar o tratamento adequado.

- Sugerimos que a glutamina enteral suplementar não seja adicionada rotineiramente em pacientes criticamente enfermos.

- Recomendamos que, em pacientes de risco nutricional baixo, o uso de dieta parenteral suplementar deva ser considerado apenas após 7-10 dias, quando o paciente é incapaz de atender > 60% das necessidades de energia e proteína por via enteral. Iniciar a suplementação parenteral antes desse período de 7 a 10 dias  não melhora os resultados e pode ser prejudicial.

As explanações fisiológicas e exposições das evidências para essas recomendações  citadas e outras muitas, encontram-se disponíveis na íntegra no texto publicado:

http://www.nutritioncare.org/Guidelines_and_Clinical_Resources/Clinical_Guidelines/

Referência:
1. McClave SA, Taylor BE, Martindale RG, Warren MM, Johnson DR, Braunschweig C, McCarthy MS, Davanos E, Rice TW, Cresci GA, Gervasio JM, Sacks GS, Roberts PR, Compher C; Society of Critical Care Medicine; American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically Ill Patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.). JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2016 Feb;40(2):159-211.


Fonte: http://www.pacientegrave.com/2016/01/suporte-nutricional-no-paciente-critico.html

"Para ficar magrinha?"



















"Metade das meninas têm problemas em aceitar sua imagem corporal"
(Centre for Appearance Research and Central YMCA 2011)

"Metade das meninas pequenas têm medo de engordar e apresentam comportamentos de restrição ou compulsão alimentar."
(Edlund, Halvarsson, and Sjoden, 1996)

"Meninas de 5 anos de idade se preocupam com sua aparência, tamanho e peso."
(Lohmann et al, British Journal of Developmental Psychology, 2005)

"Uma em cada quatro meninas de 7 anos já tentou fazer dieta pelo menos uma vez."
(Westerberg-Jacobson et al, European Eating Disorders Review 2011)

"Um terço das crianças entre 8 e 12 anos afirmam que querem fazer dieta para emagrecer."
(McCabe, Ricciardelli 2005)

Estatísticas oriundas da pesquisa de commonsensemedia body image survey:

"80% das meninas americanas com menos de 10 anos já fizeram dieta"

"1,3 milhões de adolescentes nos EUA sofrem de anorexia nervosa"

"Aos seis anos, crianças já sabem o que significa 'dieta' e começam a tentar comer menos."

"59% das meninas de 6 anos alegam que gostariam de ser 'mais magras'"

"Crianças pequenas têm mais medo de engordar do que: guerra nuclear, câncer ou perder os pais."

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PELAMORDEDEUS, Não!!

Não coloquem essas ideias na cabeça das crianças.

Não é "engraçadinho"

Não é educativo.

Não promove saúde. (muito pelo contrário)

Dizer que o benefício da caminhada é "ficar magrinha" é transmitir a ideia de que os exercícios e hábitos de vida saudáveis, de modo geral, devem ser realizados por finalidades estéticas.

(tem que "ficar magrinha" porque "gorda" é ruim, certo? NÃO ENSINE ISSO PARA AS CRIANÇAS)

- Vamos caminhar porque faz bem para o pulmão, o coração e os ossos.

- Vamos caminhar para admirar a paisagem e descansar a mente.

- Vamos caminhar porque o corpo ativo funciona melhor e é muito mais saudável.

- Vamos caminhar porque é uma forma de viver benefícios de estar ao ar livre.

- Vamos caminhar porque favorece a concentração, melhora a capacidade de aprendizagem e estimula a imaginação.

- Vamos caminhar em família porque fortalece os laços afetivos.

POR ISSO vamos caminhar

Fonte: https://www.facebook.com/Naosouexposicao/?pnref=story

domingo, 17 de janeiro de 2016

Jejum intermitente - O que há de científico até o momento

O jejum intermitente vem ganhando cada vez mais popularidade por aí. E, como tudo que vai virando modinha, muitas informações vão sendo distorcidas no meio do caminho. Mas afinal, existem estudos científicos para tal estratégia?

Sim, existem. Mas vamos primeiro a alguns conceitos importantes. De acordo com a literatura, a definição para o jejum intermitente é “estratégia que envolve a restrição total ou parcial do consumo de energia (restrição que varia de 50 a 100%) em 1 a 3 dias por semana”. Porém, por ser de difícil adesão, foi criada uma estratégia alternativa, conhecida como “time-restricted feeding (TRF)”, que em português significa restrição de tempo de alimentação. No TRF os indivíduos têm o consumo de alimentos limitados dentro de uma janela de tempo (que varia de 3 a 4h, 7 a 9h ou 10 a 14h), o que induz a um tempo de jejum que varia de 10 a 21 horas por dia. Isso significa entre 1 a 3 refeições ao dia.

Isso deu origem a alguns métodos populares, sendo largamente difundidos pela internet:

  • Método 16/8: Também chamado de o protocolo Leangains. A pessoa realiza praticamente 2 refeições diárias (por exemplo, uma refeição as 13h e outra as 21h), em uma janela de 8 horas e totalizando 16 horas de jejum.
  • Método do jejum completo: Isso envolve o jejum durante 24 horas, uma ou duas vezes por semana. Por exemplo, o intervalo entre o jantar de um dia anterior até o jantar no dia seguinte.
  • Dieta 5:2: Ficou conhecida popularmente pelo livro “The Fast Diet”. Nele, em dois dias não consecutivos da semana, os indivíduos só comem 500-600 calorias e voltam a consumir normalmente nos outros 5 dias.

É claro que apenas este último não foi desenvolvido por grandes estudos científicos. Até porque já sabemos que o que importa não é o valor calórico dos alimentos e sim a sua densidade nutricional.

Então vamos detalhar sobre o que existe de pesquisas científicas neste tema:

No estudo de revisão publicado pelo autor Rothschild e colaboradores em 2014, verificou que 11 estudos tinham avaliado os efeitos do TRF em humanos, sendo que a maioria (6 estudos) avaliou os feitos do TRF de 10-12 horas. Entre os estudos que avaliaram o TRF de 4 horas ou 7-8 horas, nenhum efeito benéfico foi encontrado na população estudada. Por outro lado, notavelmente, os estudos que implementaram o TRF de 10-12 horas demonstraram reduções consistentes no peso corporal de 1-3%, além de melhorias nos parâmetros metabólicos, como níveis de lipídios sanguíneos e glicemia. Esses resultados já seriam esperados, pois a expansão da janela de alimentação torna a estratégia mais viável para que o indivíduo consiga consumir os alimentos dentro de suas necessidades durante ao longo do dia. Isso ocorre porque o jejum de 7 a 8 horas foi realizado durante o sono e, portanto, não se trata de nenhuma novidade ao que já é preconizado dentro de uma dieta equilibrada.

Além disso, as evidências científicas para os riscos e benefícios do uso do TRF e do jejum intermitente são limitadas, pois os estudos não foram realizados em longo prazo e muitas vezes realizados com um número limitado de participantes. Dessa maneira, enquanto não houver evidências científicas suficientes para respaldar o uso dessas estratégias, elas não devem ser indicadas para garantir um emagrecimento saudável.

Em 2015 foram publicados outros estudos de revisão com atualização sobre as evidências científicas para essa estratégia. O artigo “Health effects of intermittent fasting: hormesis or harm? A systematic review” publicado em uma das maiores revistas de nutrição do mundo, trouxe uma revisão sistemática sobre o tema. Eles concluem que faltam estudos clínicos robustos para comprovar o real benefício do jejum intermitente na saúde. No entanto, existem estudos que demonstram que o jejum intermitente realmente provoca melhorias na saúde metabólica, desempenho cognitivo e cardiovascular, porém com algumas falhas metodológicas.

O outro artigo, publicado em agosto de 2015, foi nada menos do que pela Academia Americana de Nutrição e Dietética (Eat Right), com o título “Intermittent Fasting and Human Metabolic Health”. A publicação também reforça que são necessários mais estudos que avaliem principalmente os efeitos em longo prazo. Visto que os períodos de jejum podem alterar o equilíbrio da produção dos hormônios da fome/saciedade, o que pode promover distúrbio lá na frente. Deve-se investigar também sobre as alegações referentes ao envelhecimento e biomarcadores longevidade.

As recomendações atuais para o emagrecimento ainda ressaltam a importância para o fracionamento das refeições e evitar se alimentar com muita fome. No entanto, ainda não está claro também se essa recomendação é válida para todos de uma maneira generalizada.

Esses artigos deixam claro que o jejum intermitente pode ser uma abordagem promissora para o emagrecimento e melhorar a saúde metabólica para as pessoas quem conseguem se adaptar ao jejum ou comer muito pouco em certas horas do dia ou dias da semana. Ou seja, tudo se refere a INDIVIDUALIDADE!

Referências:


  1. Rothschild J, Hoddy KK, Jambazian P, Varady KA. Time-restricted feeding and risk of metabolic disease: a review of human and animal studies. Nutr Rev. 2014;72(5):308-18.
  2. Horne BD, Muhlestein JB, Anderson JL. Health effects of intermittent fasting: hormesis or harm? A systematic review. Am J Clin Nutr. 2015;102(2):464-70.
  3. Patterson RE, Laughlin GA, LaCroix AZ, Hartman SJ, Natarajan L, Senger CM, et al. Intermittent Fasting and Human Metabolic Health. J Acad Nutr Diet. 2015;115(8):1203-12.
  4. LeCheminant JD, Christenson E, Bailey BW, Tucker LA. Restricting night-time eating reduces daily energy intake in healthy young men: a short-term cross-over study. Br J Nutr. 2013 Dec;110(11):2108-13.
  5. Sherman H, Frumin I, Gutman R, Chapnik N, Lorentz A, Meylan J, et al. Long-term restricted feeding alters circadian expression and reduces the level of inflammatory and disease markers. J Cell Mol Med. 2011;15(12):2745-59.
  6. Lamine F, Bouguerra R, Jabrane J, Marrakchi Z, Ben Rayana MC, Ben Slama C, Gaigi S. Food intake and high density lipoprotein cholesterol levels changes during ramadan fasting in healthy young subjects. Tunis Med. 2006;84(10):647-50.
  7. Kim JY, Yang YH, Kim CN, Lee CE, Kim KI. Effects of very-low-carbohydrate (horsemeat- or beef-based) diets and restricted feeding on weight gain, feed and energy efficiency, as well as serum levels of cholesterol, triacylglycerol, glucose, insulin and ketone bodies in adult rats. Ann Nutr Metab. 2008;53(3-4):260-7.


Fonte: http://ritacastronutri.com.br/jejum-intermitente-existe-evidencia/

sábado, 9 de janeiro de 2016

Os lipídios armazenados combatem as tentativas do corpo de baixar de peso

Quanto mais obesa é uma pessoa, mais seu corpo parece produzir uma proteína que inibe sua capacidade para queimar gordura, sugere uma nova pesquisa publicada na revista Nature Communications. Os achados podem ter implicações no tratamento da obesidade e outras doenças metabólicas.

A maior parte dos adipócitos no corpo atuam armazenando o excesso de energia e liberando-o quando é necessário mas alguns tipos de adipócitos, conhecidos como os adipócitos pardos, funcionam principalmente para um processo conhecido como termogênese, que gera calor para nos manter mornos. No entanto, uma equipe internacional de investigadores do Instituto de Ciências Metabólicas do Wellcome Trust - Medical Research Council na Universidade de Cambridge, Reino Unido, e da Universidade de Toho, no Japão, demonstraram que uma proteína presente no corpo, conhecida como sLR11, suprime este processo.

Os investigadores estudaram por que os ratos que careciam do gene para a produção desta proteína eram muito mais resistentes ao aumento de peso. Todos os ratos  ― e de fato, os seres humanos ― incrementam ligeiramente sua taxa metabólica quando passam de uma dieta mais baixa em calorias a uma dieta mais rica em calorias, mas os ratos que carecem do gene responderam com um incremento muito mais considerável, o que significa que podiam queimar calorias com mais rapidez.

Outros estudos revelaram que nestes ratos os genes normalmente associados ao tecido adiposo pardo se mostravam mais ativos no tecido adiposo branco (que normalmente armazena lipídios para a liberação de energia). Em congruência com esta observação, os próprios ratos estavam de fato mais termogênicos e tinham um maior consumo de energia, sobretudo depois da alimentação com uma dieta rica em matéria gorda.

Os investigadores puderam demonstrar que sLR11 se une a receptores específicos nos adipócitos  ― na mesma forma que uma chave encaixa em uma fechadura ―  para inibir sua capacidade de ativar a termogênese. De fato, sLR11 atua como um sinal incrementando a eficiência dos lipídios para armazenar energia e evita a perda excessiva de energia através de uma termogênese não restringida.

Quando os investigadores analisaram as concentrações de sLR11 em seres humanos, descobriram que as concentrações da proteína circulante no sangue se correlacionavam com a massa adiposa total; em outras palavras, quanto mais elevadas eram as concentrações da proteína, maior era a massa adiposa total. Além disso, quando os pacientes obesos se submeteram a operações bariátricas, seu grau de perda de peso pós-operatória foi diretamente proporcional à redução em suas concentrações de sLR11, o que indica que sLR11 é produzida pelos adipócitos.

Em seu estudo, os autores indicam que sLR11 ajuda os adipócitos a resistir a queimar muita gordura durante "picos" ("Spikes") em outros sinais metabólicos subsequentes a comidas consideráveis ou a reduções breves da temperatura. Isto, por sua vez, faz com que o tecido adiposo seja mais eficaz para armazenar energia durante longos períodos.

Existe um interesse crescente em controlar especificamente a termogênese com fármacos a fim de tratar a obesidade, o diabetes e outros transtornos relacionados como as cardiopatias. Isto se deve a que exerce um mecanismo para metabolizar o excesso de gordura de uma maneira relativamente inócua. Já foi identificada uma série de moléculas que podem incrementar a termogênese ou o número de adipócitos capazes de termogênese. Entretanto, até o presente foram identificadas muito poucas moléculas que possam diminuir a termogênese.

Estes achados esclarecem um dos mecanismos que utiliza o corpo para conservar a energia armazenada, em que as concentrações de sLR11 aumentam segundo a quantidade de líquidos armazenados e evitam que seja "desperdiçada" para a termogênese.

O Dr. Andrew Whittle, primeiro coautor, disse: "Nosso descobrimento ajuda a explicar por que para os indivíduos pré-obesos resulta incrivelmente difícil baixar de peso. Seus lipídios armazenados estão combatendo ativamente seus esforços para queimá-los em um nível molecular".

O professor Toni Vidal-Puig, quem dirigiu a equipe, adicionou: "Descobrimos um mecanismo importante que poderia ser manipulado especificamente não só para ajudar as pessoas a melhorar sua capacidade para queimar gordura, mas também para ajudar aquelas que têm transtornos nos que é importante economizar energia, como a anorexia nervosa".

Jeremy Pearson, Diretor Médico Associado da British Heart Foundation (BHF) ajudou a financiar a pesquisa, disse: "Esta pesquisa poderia estimular o desenvolvimento de novos fármacos que ajudem a reduzir a obesidade, ao bloquear a ação desta proteína, ou controlar a perda de peso ao reproduzir sua ação. Com base neste descobrimento promissor, esperamos os achados futuros do estudo realizado em Cambridge.

"No entanto, ainda está distante um medicamento eficaz para tratar a obesidade que controle sem risco a perda de peso. Enquanto isso, as pessoas poderão encontrar conselhos sobre formas saudáveis de baixar de peso e fortalecer um coração saudável na página Web da BHF: bhf.org.uk".

Referências: Andrew J. Whittle et al, Soluble LR11/SorLA represses thermogenesis in adipose tissue and correlates with BMI in humans. Nature Communications, 2015; 6: 8951 DOI: 10.1038/ncomms9951

Fonte: http://www.medcenter.com/contentnews.aspx?pageid=128787&esp_id=202&tax_id=596&langtype=1046&id=230168

Que fatores contribuem para os comportamentos de vida saudáveis nas crianças?

Cientistas do Instituto de Pesquisa do Children's Hospital of Eastern Ontario (CHEO) participaram de vários artigos especializados que foram publicados no International Journal of Obesity Supplements. A série (que incluiu 16 colaborações originais) foi preparada pelo grupo de pesquisa do Estudo Internacional de Obesidade Infantil, Estilo de vida e Ambiente (ISCOLE), um grupo global de especialistas líderes em pesquisa da obesidade provenientes de 12 países localizados em 5 continentes.

«Estes são os primeiros dados diretamente medidos e padronizados que se apresentaram provenientes de países com baixas e altas rendas, e se contrapõem a algumas das crenças em torno das correlações chave na obesidade infantil e nos comportamentos de vida saudável», disse o Dr. Mark Tremblay, Diretor do Grupo de Pesquisa Healthy Active Living and Obesity (HALO) do Instituto de Pesquisa do CHEO e Investigador principal do ISCOLE Canada. «A mensagem fundamental é que os fatores que contribuem para a obesidade infantil podem ser muito diferentes entre os países. Estes novos achados sugerem que um enfoque uniforme na prevenção da obesidade é incorreto e os esclarecimentos internacionais podem conduzir a soluções inovadoras práticas».

O Dr. Jean Philippe Chaput, cientista de HALO no Instituto de Pesquisa do CHEO e pesquisador coprincipal do ISCOLE Canada dirigiu o primeiro estudo de sua classe para analisar o vínculo entre os padrões de sono e os comportamentos relacionados com o estilo de vida de crianças de 12 países de 5 regiões geográficas importantes do mundo. Os achados revelam que o sono de duração breve, a qualidade deficiente do sono e as horas de deitar-se mais tardias se relacionam com hábitos de estilo de vida não saudáveis. No entanto, as relações foram mais potentes nos países com alta renda em comparação com os países com baixa a média renda; o que indica que as intervenções destinadas a melhorar os comportamentos relacionados com o sono e o estilo de vida deveriam se adaptar culturalmente para maximizar o êxito.

«É possível que os dias das crianças estejam muito estruturados ou regulados nos países com altas receitas e que haja mais flexibilidade e tempo discricionário nos países com baixa renda», disse o Dr. Chaput. «Os pais ou o pessoal médico não deveriam ignorar o sono e deve ser parte da abordagem do estilo de vida que tradicionalmente se enfocou na alimentação e no exercício».

O Dr. Richard Larouche, pesquisador pós-doutorado do Instituto de Pesquisa CHEO dirigiu um estudo em que foi analisado aquilo que distingue as crianças que participam do transporte escolar ativo (que é o emprego de meios não motorizados como caminhar e deslocar-se em bicicleta para a escola) daquelas que não o fazem. Nos diferentes países, as crianças que se deslocam ativamente têm menos probabilidades de ser pré-obesos ou obesos e também mais probabilidades de ser fisicamente ativas.

«Em geral, 42,1% das crianças relataram que se deslocam de forma ativa, mas entre os diferente países, isto variou de 5,2% na Índia até 79,4% na Finlândia. No centro canadense (Ottawa), 35,1% das crianças se deslocavam ativamente», disse o Dr. Larouche. Os fatores relacionados com o sistema escolar ativo foram muito variáveis entre os países. Segundo o Dr. Larouche, «Estes achados questionam a crença de que exista uma série comum (ou geral) de fatores relacionados com o transporte ativo».

Fonte: http://www.medcenter.com/contentnews.aspx?pageid=128787&tax_id=596&langtype=1046&id=230291&esp_id=202#

Suplementos de omega 3 durante a gravidez melhoram o metabolismo do ferro fetal

Cientistas da Universidade de Granada e do King's College de Londres, em colaboração com os Hospitais Materno-infantil de Granada, o Hospital Universitário Insular Materno-Infantil das Palmas de Gran Canaria e a empresa Lactalis Puleva, demonstrou, pela primeira vez, que a suplementação materna durante a gestação com ácido docosahexaenoico (DHA), um ácido graxo essencial poli-insaturado da série omega-3, melhora o metabolismo do ferro fetal, graças a uma maior expressão dos genes que regulam seu transporte através da placenta.

Este trabalho multidisciplinar, publicado no Journal of Functional Foods, descreve que a suplementação com o DHA, além de ajudar ao desenvolvimento precoce do cérebro, está inter-relacionado com o metabolismo do ferro nos recém-nascidos. Também melhora os depósitos do mineral antes do nascimento e ajuda a prevenir futuras deficiências pós-natais e o conseguinte prejuízo que estas poderiam desencadear no desenvolvimento cognitivo.

Para realizar esta pesquisa, os investigadores trabalharam com uma amostra formada por 110 mulheres saudáveis grávidas que deram à luz no Hospital Materno-Infantil de Granada e Hospital Universitário Materno-Infantil de Las Palmas de Gran Canaria, submetidas a um ensaio nutricional controlado, randomizado e duplo-cego que começou no sexto mês de gravidez.

Estabeleceram-se dois grupos: um grupo formado por 54 mulheres, que realizou uma dieta equilibrada e consumo adequado de peixe, assim como uma ingestão de 2 copos/dia da bebida láctea controle, e outro grupo de 56 mulheres, com uma dieta equilibrada e consumo adequado de peixe, suplementada com o consumo de 400 mg/dia de um produto lácteo enriquecido com óleo de peixe (2 copos/dia).

Depois do parto, os investigadores obtiveram amostras de placenta que foram processadas adequadamente para as análises de expressão gênica e proteica.

Os resultados obtidos indicaram um efeito benéfico do suplemento do DHA materno sobre a homeostase do ferro através do sincitiotrofoblasto, beneficiando a transferência materno-fetal e aumentando os depósitos de ferro fetais.

“Este suplemento de DHA é postulado como uma estratégia nutricional que não só ajuda para o desenvolvimento cognitivo e visual do recém-nascido, mas também poderia ajudar a evitar o risco de sofrer anemia. Neste sentido, esta suplementação materna poderia evitar as complicações perinatais relacionadas com a anemia como o baixo peso ao nascer ou desenvolvimento cognitivo tardio do recém-nascido”, explicam os autores principais deste trabalho, Javier Díaz Castro e Julio José Ochoa Herrera, do departamento de Fisiologia da UGR.

Referências:
Javier Diaz-Castro et al, DHA supplementation: A nutritional strategy to prenatal Fe homeostasis and prevent birth outcomes related with Fe-deficiency. Journal of Functional Foods 2015;19:385-393. DOI:http://dx.doi.org/10.1016/j.jff.2015.09.051

Fonte: http://www.medcenter.com/contentnews.aspx?pageid=128787&esp_id=202&tax_id=596&langtype=1046&id=230081&emkt=1#.VoHTZBGT42U.facebook

Estudo Internacional sobre Obesidade

Considerado um dos grandes problemas de saúde pública, a obesidade vem crescendo a cada dia no mundo todo. Diversos estudos são realizados tentando compreender e combater essa doença. Uma pesquisa recente na área, da Revista CellMetabollism, é de um grupo de cientistas da Universidade de Copenhagem, na Dinamarca, coordenado por RomainBarrès.

O trabalho mostrou que o excesso de peso modifica o padrão de metilação de genes nos espermatozoides, o que poderia influenciar a adiposidade nos filhos, levando ao desenvolvimento de obesidade. Os resultados foram divulgados no início de dezembro na Revista CellMetabolism.

O estudo intitulado Obesity and Bariatric Surgery Drive Epigenetic Variation of Spermatozoa in Humans analisou o padrão de metilação de genes, a partir de DNA extraído de espermatozoides de seis homens obesos, que estavam passando pelo procedimento preparatório para cirurgia de perda de peso.

O material colhido dos pacientes foi examinado antes do tratamento, uma semana depois e um ano depois. Neste processo, foi constatado que houve alterações epigenéticas,  nos espermatozoides.

A Dra. Maria Edna Melo, membro do Departamento de Obesidade da SBEM e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), explicou o que a metilação em um gene reduz a expressão do mesmo, consequentemente ocorre diminuição na produção da respectiva proteína.”

“O estudo apresenta padrões diferentes de metilação em genes que controlam o desenvolvimento e função cerebral entre obesos e magros. E a análise, após cirurgia bariátrica, mostra que o padrão de metilação nos obesos modifica-se, especialmente, nos genes relacionados à regulação central do apetite”, afirmou a endocrinologista.

A especialista esclarece que alterações epigenéticas podem ser transferidas aos filhos. Com isso, pode haver predisposição para o desenvolvimento da obesidade no bebê.

A médica ainda destacou que pesquisas envolvendo mecanismos epigenéticos, normalmente, é feita com mulheres, e o fato desta ter como foco os homens amplia nosso conhecimento dos inúmeros fatores que influenciam no desenvolvimento da obesidade.

“Os estudos clássico,s avaliando metilação em mulheres que foram submetidas à restrição calórica importante durante a segunda guerra mundial, mostraram que as mesmas tiveram mais filhos com obesidade. Assim, alterações epigenéticas podem ser transmitidas à descendência. Da mesma forma, a obesidade nos homens no referido estudo pode determinar um processo semelhante, embora numa situação de consumo energético elevado.”

Por fim, o próximo passo deverá ser a observação e acompanhamento dos filhos destes pacientes, para confirmar a relação entre essas modificações epigenéticas e a obesidade nos mesmos, finalizou a endocrinologista.

Para obter mais informações sobre o estudo acesse o link Revista CellMetabollism.

Fonte: http://www.endocrino.org.br/estudo-internacional-sobre-obesidade-genetica/

Deixar de fumar engorda em 84% dos casos

Vai chegar 2016, e na lista das promessas para o novo ano, a de deixar de fumar é um clássico. Boas razões não faltam, como esta: “Os indivíduos que cessam os hábitos tabágicos antes dos 50 anos têm metade do risco de morrer nos 15 anos seguintes", diz a Direcção-Geral de Saúde (DGS). Mas entre anos de vida ganhos e doenças várias que se podem prevenir há uma pequena contrariedade: deixar de fumar engorda. Cerca de 84% dos fumadores em cessação ganham peso.

A média de ganho de peso é de quatro a cinco quilos após um ano. Uma pequena minoria (13 a 14% dos indivíduos) ganha mais de 10kg. “Esta taxa não é sempre igual: é mais acentuada durante os primeiros três meses de cessação tabágica, com um aumento médio de 1kg por mês, e decresce após este período”, segundo a DGS.

Engordar é mesmo considerado “o principal motivo para a relutância em parar de fumar e recaída depois da cessação, especialmente nos fumadores que apresentam preocupações com o seu peso”, lê-se numa publicação que acaba de ser publicada no site da DGS: o manual Cessação Tabágica e Ganho Ponderal — Linhas de Orientação. Objectivo: promover um consumo alimentar adequado durante a cessação tabágica. Porque “os benefícios para a saúde decorrentes” da mesma “excedem quaisquer outros riscos associados ao aumento médio de quatro a cinco kg”.

A primeira das recomendações deste manual pode resumir-se assim: faça uma coisa de cada vez. “O controlo de peso através de uma restrição energética não é aconselhado durante a cessação tabágica, uma vez que as exigências mentais e emocionais desta restrição podem comprometer o sucesso da abstinência.” Assim, é aconselhado que durante os primeiros três meses sem cigarros, o fumador se concentre na cessação tabágica e não no controlo do peso. Preocupe-se com os quilos a mais “quando se encontrar totalmente confiante na cessação tabágica.”

Outra recomendação: “Anote as horas de maior compulsão para fumar e tenha sempre disponíveis pastilhas elásticas sem açúcar ou frutos gordos em quantidades moderadas (nozes, amêndoas, avelãs, amendoins, …). Estes ajudam a ter as mãos ocupadas" sendo que a mastigação diminui a vontade de comer demasiado. "Para além das pastilhas podem ser usados palitos ou palhinhas de plástico que ajudam a aliviar a tensão dos músculos do maxilar usado na inalação do fumo do cigarro.”

Mais à frente neste pequeno livrinho explica-se que para quem deixa de fumar, fazer várias refeições ao longo do dia ajuda a controlar os sintomas de privação da nicotina, como a ansiedade ou a vontade de comer muito. Ter sempre disponíveis pequenos lanches saudáveis (fruta e hortícolas crus é bom) é outro truque. Beber muita água — “A água ajuda a libertar a nicotina e seus metabolitos do organismo, nos primeiros dias de cessação” — e evitar o álcool, também. “O álcool cria um défice de oxigénio, devido a uma diminuição da saturação da hemoglobina na corrente sanguínea, que pode prejudicar a concentração e desencadear uma maior vontade de fumar e comer.”

Mais dicas estão disponíveis no manual que se encontra no site da DGS. Que lembra: “Estudos mostram que 80% dos fumadores expressam o desejo de parar de fumar, 35% tentam deixar de fumar todos os anos, mas menos de 5% têm êxito em cessar o consumo sem ajuda.” Por isso, mais uma recomendação: “Informe-se sobre a existência de consultas multidisciplinares de cessação tabágica no Centro de Saúde ou Hospital da sua área de residência.”

Fonte: http://publico.uol.com.br/sociedade/noticia/deixar-de-fumar-engorda-em-84-dos-casos-dgs-diz-como-evitar-que-isso-aconteca-1718813

Overdose: os perigos do consumo excessivo de cafeína

Considerada por muitos uma "fiel companheira" para combater o cansaço, a cafeína também pode ser vilã. Quando ingerida em quantidades exageradas, a substância pode causar danos graves à saúde ou até mesmo ser fatal.

O Japão recentemente registrou sua primeira morte causado por overdose de cafeína. A vítima era um homem de 20 anos que trabalhava em um posto de gasolina no turno da madrugada.

Com base em análises, as autoridades de saúde japonesas informaram que a vítima faleceu porque ingeria grandes quantidades de bebidas ricas em cafeína para se manter acordado.

Segundo a agência de notícias Kyodo, a autópsia, realizada pela Universidade de Fukuoka, não conseguiu determinar a quantidade de cafeína ingerida, nem o período de tempo levado para que o consumo tivesse esse efeito letal.

O caso é inédito no Japão, mas não é tão raro em alguns outros lugares do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, já foram registradas pelo menos dez mortes causadas por excesso de cafeína.
Os casos que mais chamaram a atenção ocorreram em maio e julho do ano passado e causaram preocupação no país.

As vítimas foram adolescentes: Logan Stiner, de Ohio, de 18 anos, e Lanna Hamann, do Arizona, de 16. Os médicos que analisaram o corpo de Stiner detectaram 70 miligramas de cafeína por mililitro de sangue. As autoridades internacionais de saúde advertem que 50 miligramas por ml de sangue já são suficientes para provocar uma morte. Já Hamann sofreu uma parada cardíaca e faleceu depois de ingerir uma grande quantidade de bebidas energéticas durante as férias que passou no México, segundo o que relatou a mãe dela à rede americana CBS.

Os casos de morte causadas por consumo excessivo de cafeína não são muito frequentes, mas a partir de que dose esse alcaloide que estimula o sistema nervoso pode se tornar perigoso?

Doses recomendadas

Segundo a Autoridade Europeia de Segurança Alimentícia (EFSA, na sigla em inglês), uma dose entre 75 mg e 300 mg de cafeína ao dia pode ajudar a melhorar o rendimento de atividades físicas e intelectuais. Isso equivale a tomar de meia a três xícaras de café por dia.

No caso dos adolescentes, a quantidade não deveria ultrapassar os 100 miligramas por dia.
Quantidades superiores a essa podem causar irritação, insônia e até complicações cardíacas.
Mas quando exatamente se pode falar em overdose de cafeína? Chás, cafés, energéticos...todos contêm cafeína e devem ser consumidos com cautela

Excessos

De acordo com a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), os sintomas de overdose de cafeína podem incluir o pulso acelerado ou perigosamente irregular.

Pessoas que ficam intoxicadas por essa substância podem ter os seguintes sintomas: vômito, diarreia, letargia – diminuição da atividade das funções intelectuais, acompanhada de uma sensação de desorientação.

Nos casos mais extremos, a agência adverte que a overdose de cafeína pode provocar a morte – mas ressalta que esses casos são mais raros.

Segundo a FDA, é preciso ter cautela no consumo de qualquer bebida ou comida que contenha cafeína, mas há um produto em particular que merece atenção especial.

Se trata da cafeína pura em pó, que é vendida como suplemento para atletas. Na internet, é possível adquirir um desses pacotes de 100 gramas por cerca de US$ 6 (R$ 23).

Uma marca em particular, que vende esse produto online, garante que ele "ajuda a diminuir a fadiga física, a melhorar a claridade do pensamento e a capacidade de concentração, aumenta a coordenação física, reduz a sensação de cansaço e é especialmente eficaz para atividades como levantar peso".
No entanto, a FDA alerta que esses produtos são 100% cafeína, e uma colher pequena desse pó já equivaleria a aproximadamente 28 xícaras de café.

"A cafeína pura é um estimulante poderoso e em pequena quantidade já pode causar uma overdose acidental", adverte a entidade.

Segundo a autópsia, foi isso que aconteceu com a jovem americana Logan Stiner – e, no caso dela, a overdose foi fatal.

Quantidade de cafeína em bebidas e outros produtos
- Uma xícara normal de café contém 260 mg de cafeína
- Um quarto de litro de chá preto contém entre 30 mg e 80 mg
- Uma lata de energético Red Bull tem 80 mg
- Uma barra de chocolate amargo tem 20 mg
- Um comprimido para enxaqueca ou gripe pode chegar a conter 130 mg

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/01/overdose-os-perigos-do-consumo-excessivo-de-cafeina.html

Como a neurociência pode auxiliar no processo de emagrecimento

O Bem Estar acompanha o processo de emagrecimento da neurocientista Carla Tieppo, que começou uma reeducação alimentar e incluiu a atividade física em sua vida com o objetivo de perder 8 kg em dois meses e mais 7 kg nos próximos meses. Pra falar sobre o reality, chamado de Emagrecida(mente), contamos com o endocrinologista Simão da Silva Bastos Neto e o clínico geral Marcelo Demarzo.
O cérebro humano é constituído por cerca de 100 milhões de células nervosas, os neurônios.
Toda demanda que desafie ou estimule o cérebro gera sinapses, a interação entre as células. Em geral, tudo passa pelo cérebro, mas algumas atividades são controladas pelo sistema nervoso autônomo e outras são mais conscientes. É preciso dosar esse controle, estimulando a parte consciente e racional das decisões, também em relação à comida e aos exercícios físicos.

O cérebro é que sente fome, faz as opções alimentares, seleciona as quantidades; e, durante o exercício, define o tipo e a intensidade. Mais que isso, é a cabeça que se frustra com os resultados ruins, desanima, desiste. Assim, a atividade mental guiada pode levar a mudanças comportamentais que favorecem o emagrecimento. Um cérebro melhor treinado ajuda no processo de perda de peso, melhorando as escolhas e o comprometimento com os resultados.

Entre saciar o estômago e parar de sentir fome, há um processo que envolve liberação de hormônios e sinais visuais de que a refeição terminou. Esse processo demora de 20 a 30 minutos e só depois dele há a sensação de saciedade. Por isso, é importante comer sem pressa, diminuindo esse tempo entre o fim da refeição e o começo do período de saciedade.

Quando a pessoa está angustiada ou deprimida, pode buscar uma forma de compensação, uma compulsão que gere prazer e que aplaque a esquiva experiencial. A comida pode ser uma dessas formas, pois comer libera dopamina e serotonina, neurotransmissores que atuam na sensação de saciedade. O perigo é isso virar uma compulsão, gerando um ciclo vicioso. Ao ganhar peso, as substâncias reguladoras do corpo vão se inibindo e os hormônios que estimulam o armazenamento de gordura passam a estocar cada vez mais. Também é preciso estar atento aos pensamentos intrusivos: por exemplo, quando iniciar uma atividade e sentir dor, é preciso manter o foco e não desistir. A mente desiste antes do corpo.


A importância do planejamento
O planejamento ajuda a reestruturar o hábito. É importante colocar uma meta realista, pois a frustração de não atingir o objetivo pode inverter o quadro e a pessoa volta a ganhar peso. É preciso que a perda seja progressiva e que não seja transitória: apenas após um período de 6 a 12 meses que é possível dizer que houve uma reeducação.

Hormônios e neurotransmissores
Os hormônios nunca agem sozinho, estão sempre regulando um ao outro. As principais substâncias que atuam no controle da vontade de comer são:

LEPTINA: informa o cérebro sobre o estoque de gordura do corpo. Assim, quando há perda de gordura, a leptina sempre puxa o organismo a voltar ao peso anterior. Isso explicaria porque algumas pessoas voltam a ganhar peso após um regime.

INSULINAS: metaboliza o açúcar ingerido pelo organismo, mandando nos músculos e no fígado. O excedente é transformado em gordura e armazenado.

GLUCAGON: quando da realização de exercícios, o corpo queima, primeiramente, o açúcar que está no sangue. Depois disso, o glucagon entra em ação, pra disponibilizar o açúcar que está estocado nas gorduras para o corpo. Uma das formas de potencializar esse processo é fazer exercícios pela manhã, quando o nível de glicose no sangue é menor. Mas, nesses casos, é melhor fazer exercícios de intensidade leve.

GRELINA: produzida no estômago, regula a vontade de comer. A produção da grelina é influenciada pelo equilíbrio entre insulina e glucagon. Por isso, comer de três em três horas e fazer uma distribuição proporcional da refeição: 40% de carboidrato, 30% de proteína e 30% de gordura monoinsaturada.

GH (Hormônio do Crescimento): o hormônio do crescimento promove a quebra das gorduras estocadas no corpo para a construção e manutenção dos músculos. Duas coisas são ótimas para estimular a liberação do GH: exercícios físicos e sono profundo. Isso ajuda a explicar porque o sono é importante na manutenção do peso. Apesar do nome, é produzido durante toda a vida.

TESTOSTERONA: ajuda a acelerar o metabolismo, contribuindo pra queima de gordura e construção de músculos. Os níveis de testosterona diminuem com a idade, principalmente depois dos 40 anos. Com isso, as pessoas ficam mais predispostas a armazenar as calorias extras como gordura.

ESTRÓGENO: trabalha na distribuição da gordura pelo corpo. Quando o nível começa a cair, com o passar do tempo, a configuração corporal muda.

TIROXINA: a tiroxina, produzida pela tireoide, ajuda a regular o metabolismo do corpo. A diminuição desse hormônio estimula o acúmulo de substância gelatinosa entre as fibras musculares, podendo levar a um pequeno ganho de peso. Já a hiperestimulação da tireoide pode levar a uma redução de peso, mas à custa de queima de músculos, e não gordura.

DOPAMINA: neurotransmissor responsável pela motivação e foco. Quando há liberação de dopamina, as pessoas experimentam uma sensação de prazer, de ter realizado algo.

SEROTONINA: neurotransmissor que atua no hipotálamo e na sensação de saciedade do organismo.

ADRELINA E NORADRENALINA: liberada nos exercícios e em situações de estresse. Aumenta o nível de glucagon e reduz o nível de insulina no organismo. Ajuda na manutenção do peso ao disponibilizar para o organismo mais energia para queimar.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/12/neurociencia-pode-ajudar-no-processo-de-emagrecimento.html