Treinamento de força: Como proceder?
O
treinamento resistido é um método essencial nos programas de treinamento para
diversos fins e níveis de aptidão física. É considerado seguro para todas as
faixas etárias, saudáveis, atletas ou até mesmo portadores de doenças crônicas.
Inúmeras
variáveis devem ser consideradas na montagem do programa de treinamento
resistido como: número de séries e repetições, intervalo entre séries e
exercício, cadência, ordem dos exercícios, frequência semanal, amplitude de
movimento, intensidade dentre outros. No entanto, ainda não se tem uma
compreensão adequada de quais variações seriam mais eficientes ou da melhor
forma de emprega-las
·
Número
de Repetições
A relação entre margem de
repetições e peso utilizado são muito comuns nos estudos em ciências do esporte
Porém a relação entre % de RM e rep em gráficos e equações de predição são
baseadas em se assumir uma improvável linearidade que não condiz com a realidade.
(Kraemer et al., 2004) (Pekunlu e Atalag, 2013) estudos tem demostrado um alto grau
de variabilidade em relação a RM e %-1RM (Salvador, 2005; Shimano et al., 2006) e ao deixar de lado a capacidade de
endurance muscular e realizar a prescrição da margem de repetições apenas por %
de RM pode ser uma forma de subestimar ou superestimar um indivíduo (ERRO FREQUENTE EM SE PRESCREVER TREINO DA SEGUINTE FORMA –“
FAÇA 3 séries DE 12 8 com 80% de 1RM) (Pekunlu e Atalag, 2013). Uma maneira de se avaliar e definir a
intensidade de um treinamento é a execução de repetições até a falha voluntária
com um determinado % de 1 RM. (Treinar até a falha é a
forma mais correta de se avaliar e ter noção de verdade do que é intensidade
máxima de treino e partindo daí sabermos a margem de repetições por peso)
·
Intervalo
entre as séries
Intervalo
de descanso é apenas uma das diversas variáveis possíveis de se manipular dentro
do treinamento de força (Evangelista et al., 2011); (Rodrigues et al., 2010); (Miranda et al., 2010), existem
pesquisas que apresentam esta variável como um importante preditor das
respostas neuromusculares e metabólicas ao treinamento resistido (Martorelli et al., 2015) podendo afetar tanto nas respostas
agudas quanto nas respostas crônicas (De Salles et al., 2009), sendo o descanso
um fator influente na intensidade do treino (Boroujerdi e Rahimi, 2008).
(Desta forma o descanso entre as séries deve ser controlado, deve
ser manipulado – como dito anteriormente quando é necessário aumentar a
intensidade do treino por exemplo sem que se aumente o número de repetições ou
peso basta reduzir o intervalo de descanso)
Em resumo: intervalos
mais curtos de exercícios podem ser usados para as alterações nas taxas
hormonais nas primeiras horas de pós-exercício, especialmente no que tange à
elevação de GH e de cortisol. Intervalos curtos, entre 30 segundos e 1 minuto
aprecem ser requeridos para que haja um aumento significativo nos níveis de GH
quando comparado a outros intervalos de descanso além do que intervalos menores
que 2 minutos também apresentam elevação considerável de cortisol
proporcionando uma redução na relação testosterona/cortisol (Henselmans e Schoenfeld, 2014).
·
Frequência
semanal
(Difrancisco-Donoghue et al., 2007), além de reduzirem a frequência
semanal reduziram também o volume da sessão de treino para apenas uma série pra
cada exercício executadas até a falha concêntrica comparando 1 com 2 vezes por
semana em 18 idosos (7 mulheres e 11 homens) e duração de 9 semanas. Os autores
entraram benefícios para ambos os grupos com semelhantes ganhos para uma ou
duas vezes por semana mostrando grande aspecto positivo por também ser um
grande tempo-eficiente
(Para os que não possuem possibilidade de treinar mais de 3 – 4
vezes por semana certamente este não seria o melhor protocolo para alta
performance ou atletas, mas este não é o caso. Treinar 2x por semana por
exemplo aproximadamente 20 minutos por sessão – 40 minutos por semana—pode-se
colher bons frutos)
·
Número
de séries
Alguns estudos tem
demonstrado que séries simples são menos efetivas para pessoas treinadas que
séries múltiplas (Rhea, Alvar, Ball, et al., 2002; Rhea, Alvar e
Burkett, 2002);(Peterson et al., 2005). Revisões
recentes sugerem que haja similares acréscimos em força e hipertrofia quando
comparamos séries simples e séries múltiplas no treinamento propondo então que
a intensidade do esforço tenha maior relevância para a adaptação muscular (Fisher et al., 2011; Fisher et al., 2016) não havendo ainda um consenso de
qual seria um volume ótimo, mais adequado para prescrição do treinamento de
força (Marshall et al., 2011)
(Carpinelli e Otto, 1998) ao realizar a revisão sistemática de
35 artigos e concluíram que séries simples ou múltiplas apresentaram resultados
semelhantes para aumentos de força e
hipertrofia muscular não havendo base ou fundamento que justifiquem séries
múltiplas quando os objetivos são aumento de força ou hipertrofia muscular
independente de gênero, idade, grupamento muscular exercitado e nível de
treinamento
·
Seleção
de exercícios:
Ordem dos exercícios; uma
variável essencial para o treinamento resistido (Romano et al., 2013), não deve ser em
detrimento do tamanho muscular ou número de articulações envolvidas, mas sim na
necessidade individual ou nos padrões de movimento mais requeridos (Simao et al., 2012)), mas não mostra
como diferentes sequências de exercícios podem interferir no número total de
repetições completas em múltiplas séries e em cada exercício individualmente.
Tanto o desempenho em
número de repetições quanto o volume do treino são maiores quando o exercício
em questão é colocado primeiro, independente se o mesmo é uni ou multiarticular
ou qual o grupamento em questão (Simao et al., 2012).
·
Temos
ainda: combinação com outras atividades, Velocidade de execução
Devemos lembrar de
algumas coisas:
·
Músculo não sabe contar (então não ache
que 3 repetições aumentam força e 20 a resistência)
·
Músculo não tem olho (então não ache que a
quantidade de peso que você levanta é um fator exclusivo para aumento ou não do
aumento de força ou hipertrofia) pois tanto 30% quanto 90% de 1RM apresentam
hipertrofia semelhante.
·
Apenas uma série até a exaustão, 2 vezes por
semana sem executar exercícios isolados é capaz de promover hipertrofia – pode
sim e promove conforme já comprovado) – Alguns vão dizer que isto é uma
leviandade: “Mas bodybuilder não treina assim e é musculoso” e eu respondo
“qual o % da população é bodybuilder” ?
·
Não Sugiro nem recomendo método blitz
(aonde se realiza apenas um grupamento por sessão uma vez por semana) para o
caso de quem treina de forma recreacional como quase 100% dos frequentadores de
academia.
·
Treinar (para quem treina “isolando”
músculos) tríceps no mesmo dia de peitoral é mais interessante pelo fato de que
quando se treina peitoral o tríceps
também é bastante solicitado e ao separá-lo de peitoral é possível que se
descanse de forma inadequada o mesmo grupamento.
·
Controlem velocidade de execução,
intervalo entre as séries e entre os treinos, peso, número de séries e
repetições além da intensidade de treino e para que não HAJA equívoco na
manipulação destas variáveis PROCURE SEMPRE UM BOM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PARA ORIENTAÇÃO....
--------REFERÊNCIAS----------
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1. Graduado: Educação Física – UEG/ ESEFFEGO;
2. Especialista: Fisiologia do Exercício e Prescrição do Exercício – UGF (com atuação em grupos especiais);
3. Mestrando: Ciências da Saúde – FM/UFG;
4. Professor Conexão Brasil Saúde (4 anos), InSaúde (2 anos), CONAAF 2.0 e FIEP (Federação Internacional de Educação Física);
5. Coordenador do Laboratório de Treinamento Resistido (FEFD – UFG);
6. Colaborador SFHE 9Setor de Fisiologia Humana e do Exercício) (FEFD-UFG);
7. Grupo de Estudos em Saúde e Exercício.;
8. Projeto Guarda-Chuva (5 anos de intervenção) em Estado de Apreciação na Plataforma Brasil;
9. Bolsista CAPES (Nível Mestrado).
10. Vasta experiência em treinamentos para emagrecimento e hipertrofia muscular.