O Departamento de Tireoide da SBEM divulgou um posicionamento referente ao uso do lugol pela população. De acordo com o documento, a utilização do iodo ou de suas soluções é importante para a síntese dos hormônios tireoidianos. No entanto, são necessários cuidados na ingestão diária desta substância, pois o excesso pode ser prejudicial à saúde.
Um dos pontos abordados no posicionamento trata-se da quantidade recomendada de ingestão diária de iodo pela Organização Mundial de Saúde (OMS), principalmente em gestantes e lactantes. Abaixo um trecho sobre a questão.
“Em regiões ou países onde a suplementação de iodo é recomendada, tal medida deve objetivar atingir os níveis diários recomendados pela OMS, ou seja, 100-150 µg/dia para a população geral e 250 µg/dia para gestantes e lactantes.
A solução de Lugol não deve ser prescrita com o objetivo de suplementar iodo em nenhuma situação. A solução de Lugol 5%, que é composta por iodeto de potássio (10%), iodo elementar inorgânico (5%) e água destilada, contem 2500 µg de iodo em cada gota, ou seja, mais que 10 vezes a recomendação da OMS.
As únicas situações clínicas onde seu uso é recomendado refere-se ao preparo pré-operatório de pacientes com hipertireoidismo por doença de Graves e à crise tireotóxica. No caso do preparo pré-operatório é prescrito por 10-15 dias anteriores à cirurgia com objetivo de gerar uma redução importante da vascularização glandular e minimizar complicações hemorrágicas peri-operatória. Na crise tireotóxica o objetivo é bloquear a produção hormonal em situação de urgência médica, sendo porém recomendável que anteriormente à administração do Lugol o paciente tenha recebido uma droga antitireoidiana (de preferência o Propiltiuracil) para não haver nenhum risco do efeito inverso, ou seja, piora do hipertireoidismo por sobrecarga de iodo (efeito Jod-Basedow).”
O posicionamento completo do Departamento de Tireoide pode ser acessado no link abaixo.
http://www.tireoide.org.br/media/uploads/pdfs/parecer_sobre_o_uso_do_iodo_e_de_solu%C3%A7%C3%B5es_contendo_iodo.pdf
Parecer Sobre o Uso do Iodo e de Soluções Contendo Iodo
Departamento de Tireoide da SBEM
Dra. Patricia de Fátima S. Teixeira - Médica Endocrinologista do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho, Professora de Pós-graduação em
Endocrinologia e Metabologia da Faculdade de Medicina da UFRJ e membro da
diretoria do Departamento de Tireoide da SBEM
Dra. Gisah Amaral de Carvalho – Professora Associada de Endocrinologia e
Metabologia da UFPR, chefe da Unidade de Tireoide do Hospital de Clínicas da
UFPR e membro da diretoria do Departamento de Tireoide da SBEM
O Iodo é importante para a síntese de hormônios tireoidianos e a sua deficiência é causa de bócio endêmico e déficits intelectuais importantes em crianças nascidas de mães sem o aporte adequado desse micronutriente. Em contrapartida, o excesso de iodo, a longo prazo, tem sido associado ao maior risco para desenvolvimento de tireoidites autoimunes, como por exemplo a Tireoidite de Hashimoto. As tireoidites autoimunes são as causas atuais mais comuns de hipo e hipertireoidismo. Nas últimas décadas o aumento do aporte de iodo à população também tem sido associado à maior incidência mundial de carcinoma papilífero de tireoide. Estudos demonstram associações entre excesso de iodo e mutações BRAF, que são comumente relacionadas ao carcinoma papilífero de tireoide, apesar de não haver comprovação de uma relação “causa-efeito”.
Além desses possíveis efeitos crônicos do excesso de iodo, sabe-se que sobrecargas de iodo a curto prazo podem causar hipertireoidismo pelo efeito JodBasedow ou bloqueio de secreção hormonal pelo efeito Wolff-Chaikoff, com consequente hipotireoidismo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão diária de iodo seja de 100 -150 µg/dia, para a população geral. Na gestação, por conta das maiores demandas à glândula tireoide, e das necessidades fetais, esse aporte deve ser de 250 µg/dia. Tais níveis (250 µg/dia) também são necessários para a lactante. Ressalta-se porém que o excesso de iodo também traz risco à saúde, e por isso a ingestão não ultrapasse 500 µg/dia.
Políticas de saúde pública, em diferentes países do mundo, que garantem o acréscimo de iodo no sal de cozinha, contribuem para a redução da prevalência de formas graves de deficiência de iodo em populações específicas.
No Brasil, em 1999, foi criada a Comissão Interinstitucional para a Prevenção e o Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo (CIPCDDI). Segundo a Portaria Nº 520, de 06 de abril de 2005, a CIPCDDI objetiva fortalecer o acompanhamento e a avaliação do Programa Nacional de Prevenção e Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo (Pró-iodo), com foco nas mesmas metas recomendadas pela OMS.
Pela OMS, o monitoramento dos PROGRAMAS DE IODAÇÃO DO SAL é muito importante para avaliar a eficácia dos mesmos. Tal monitoramento é regulado por quatro indicadores:
Iodação do sal, objetivando atingir um consumo efetivo em mais de 90% dos domicílios;
Excreção urinária de iodo: objetivando avaliar se a excreção urinária de iodo se mantém em níveis aceitáveis;
Volume da tireoide: objetivando constatar a presença de volume normal em mais de 95% de crianças entre 6 a 12 anos; e níveis de TSH neonatal, que devem estar adequados em 97% da população de recém-nascidos (3 a 7 dias).
Desde 1982, a população brasileira recebe uma quantidade mínima de iodo no sal, por conta de avanços na legislação. Em contrapartida, sabe-se que a recomendação de consumo máximo diário de sal, pela OMS, é de menos de cinco gramas por pessoa. Porém, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo médio do brasileiro está em 12 gramas diários, valor que ultrapassa o dobro do recomendado. Por conta disso, uma determinação, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Diário Oficial da União (DOU) de 25 de Abril de 2013, alterou a faixa de iodação do sal utilizado no Brasil. De acordo com a nova regra, a adição do iodo no sal de cozinha foi reduzida para 15 - 45 miligramas por quilo (mg/kg) de sal. O mesmo equivale a 150-450 mcg por cada 10 gramas de sal. Os produtos com menos iodo começaram a ser produzidos no Brasil aproximadamente 90 dias a partir dessa publicação. Anteriormente, a adição poderia variar entre 20 a 60 mg/kg. A nova faixa foi resultado de avaliação e monitoramentos realizados pela CIPCDDI, coordenada pelo Ministério da Saúde, e seguida de consulta pública.
Estudos que avaliaram o status iódico, e consequentemente a eficácia do programa de iodação nacional, entre 1985-2013, foram resumidos em uma metanálise publicada por Campos e cols em 2015. Dentre esses estudos, 13 avaliaram crianças escolares, 3 avaliaram gestantes, 3 recém nascidos e 4 estudaram indivíduos adultos. Dentre os estudos com escolares observou-se que 2 foram conduzidos antes de 1996, em diferentes cidades e estados brasileiros, e demonstraram níveis de insuficiência iódica em 30 e 33% da amostra. Posteriormente, um estudo conduzido em Minas Gerais (n=280) evidenciou que 67,4% das crianças em escolas públicas tinham insuficiência iódica, contra 7,8% entre aquelas em escolas particulares (Nimer e cols).
Em contrapartida, estudos conduzidos após a criação da CIPCDDI demonstram que o excesso é mais comum do que a falta de iodo nessa população infantil. Um desses estudos incluiu 1563 escolares de 8 estados nas 5 regiões brasileiras (Prettel e cols). Outros estudos incluíram aproximadamente 1000 escolares e foram conduzidos no Mato Grosso do Sul (Saab e cols) e em São Paulo (Duarte e cols; Carvalho e cols). Os únicos resultados discrepantes foram reportados por Macedo e cols, em 2012, demonstrando alta prevalência de insuficiência iódica em 475 crianças no estado de Minas Gerais, e por Pontes e cols na Paraíba, onde frequente consumo de alimentos bociogênicos foi detectado em inquérito alimentar. Estudos em adultos, na região de São Paulo e do Rio Grande do Sul não demonstraram insuficiência iódica, havendo inclusive demonstração de excesso iódico, de acordo com os níveis de iodúria, no estudo conduzido em São Paulo, por Camargo e cols.
Em um dos estudos envolvendo 800 gestantes, referido na metanálise, e conduzido em São Paulo, por Barca e cols, evidenciou-se adequado status iódico. Porém mais recentemente, estudo conduzido em Ribeirão Preto, evidenciou que 57,1% das gestantes da região (n=109) apresentavam iodúria <150 19="" 2008.="" a="" apresentavam="" as="" cols="" concentra="" correla="" das="" demonstraram="" dica="" do="" e="" em="" entre="" es="" estudo="" gestantes="" grande="" hormonais="" houve="" i="" insufici="" iod="" n="" ncia="" no="" o="" p="" publicado="" que="" ria="" rio="" soares="" sul="" ug="">
Uma reanálise do status iódico em diferentes populações após a redução da concentração de iodo no sal ocorrida em 2013 é uma necessidade urgente. Em 2006, a American Thyroid Association (ATA) recomendou a suplementação de 150 μg/dia de iodo (em polivitamínicos ou iodeto de potássio) para toda gestante e lactante com o objetivo de se assegurar níveis de iodúria de 250 μg/ L. A partir de 2011, tal recomendação se estendeu para o período pré-conceptivo. Porém, até o presente momento não podemos estender tal recomendação para a população brasileira.
Ensaios clínicos que avaliaram o efeito da suplementação de iodo em gestantes demonstraram um aumento da iodúria, porém sem confirmação de uma relação direta dose-dependente, bem como não demonstraram impactos nos níveis de TSH e dos hormônios tireoidianos (20-24). Mais estudos randomizados e controlados, com número expressivo de pacientes, são necessários para avaliar o impacto da suplementação de iodo em gestantes sobre a função tireoidiana, desfechos obstétricos e repercussões fetais. Tais considerações são especialmente importantes quando se considera insuficiências leves de iodo.
Em regiões ou países onde a suplementação de iodo é recomendada, tal medida deve objetivar atingir os níveis diários recomendados pela OMS, ou seja, 100-150 µg/dia, para a população geral e 250 µg/dia para gestantes e lactantes. A solução de Lugol não deve ser prescrita com o objetivo de suplementar iodo em nenhuma situação. A solução de Lugol 5%, que é composta por iodeto de potássio (10%), iodo elementar inorgânico (5%) e água destilada, contem 2500 µg de iodo em cada gota, ou seja, mais que 10 vezes a recomendação da OMS. As únicas situações clínicas onde seu uso é recomendado refere-se ao preparo pré-operatório de pacientes com hipertireoidismo por doença de Graves e à crise tireotóxica. No caso do preparo pré-operatório é prescrito por 10-15 dias anteriores à cirurgia com objetivo de gerar uma redução importante da vascularização glandular e minimizar complicações hemorrágicas peri-operatória. Na crise tireotóxica o objetivo é bloquear a produção hormonal em situação de urgência médica, sendo porém recomendável que anteriormente à administração do Lugol o paciente tenha recebido uma droga antitireoidiana (de preferência o Propiltiuracil) para não haver nenhum risco do efeito inverso, ou seja piora do hipertireoidismo por sobrecarga de iodo (efeito Jod-Basedow).
Por esses motivos, o Departamento de tireoide emite o seguinte parecer:
1 - É urgente a definição do status iódico na população brasileira, especialmente após a redução da concentração de iodo no sal em 2013.
2 - Tal necessidade é maior na população gestante onde há maiores necessidades de aporte ao iodo e onde o impacto da insuficiência iódica é altamente deletério.
3 - A insuficiência iódica traz malefícios à saúde humana, porém o excesso também está associado com complicações no funcionamento e desenvolvimento tireoidiano.
4 - Ainda não existem evidências suficientes para recomendação de reposição de iodo às gestantes brasileiras, como recomendado pela ATA, pela falta de definição do status iódico nas mesmas e pela falta de evidências de que a reposição trará benefícios em situações de insuficiência leve.
5 - A maioria dos suplementos vitamínicos oferecidos às gestantes contém pequenas quantidades de iodo que poderiam suplementar as necessidades das mesmas.
6 - Não se recomenda a prescrição de Lugol, que trata-se de solução contendo iodeto de potássio, com o objetivo de melhorar o funcionamento tireoidiano. A única recomendação para seu uso permanece no pré-operatório de pacientes com Doença de Graves, objetivando a redução da vascularização da glândula e consequentemente reduzindo sangramentos locais. Mesmo nessa situação, seu uso deve ser feito por curto período pelos riscos da sobrecarga do iodo sobre a glândula.
7 - Em áreas onde, sabidamente, há deficiência grave de iodo a suplementação de iodo deve ser oferecida a todas as gestantes, porém onde há uma insuficiência leve existem controvérsias quanto aos benefícios do início da suplementação depois de confirmada a gravidez .
REFERÊNCIAS:
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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
Posicionamento Sobre Lugol pela SBEM
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Dr. Frederico Lobo
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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
Uso de adoçantes e refrigerantes sem calorias, Por Prof. Dr. Bruno Halpern
Hoje vou comentar um pouco a respeito de uma visão científica clínica sobre o uso de adoçantes e refrigerantes sem calorias, outro tema que sempre causa muita controvérsia. Não pretendo esgotar o assunto, mas simplesmente fornecer uma visão mais clara sobre a questão, e uso como referência um artigo recém-publicado, que estará na caixa de comentários. Focarei em questões relacionados a peso, principalmente, embora muitas outras discussões sejam possíveis e meu foco principal será na importância de retirar refrigerantes normais de nossa dieta e se, portanto, nesse caso, a substituição por refrigerantes dietéticos seria uma opção possível e eficaz.
Muitos torcem o nariz para adoçantes, baseados em estudos que vez por outra saem na imprensa, dizendo que estão associados a ganho e não a perda de peso, causam diabetes, mudam a microbiota, etc.
1 - Devemos tomar cuidado com estudos epidemiológicos, que não atribuem causa e efeito. Ou seja, se o consumo de adoçantes é maior em obesos, isso não significa que adoçantes engordam; podem apenas significar que quem luta contra a balança tem mais chances de usar adoçantes.
2 - Com certeza aprendemos muito com estudos em animais, mecanísticos, que sugerem efeitos os mais variados dos adoçantes (eu mesmo já escrevi um texto sobre um artigo excelente publicado na Nature que mostra, em animais, uma mudança da flora bacteriana em uso de alguns adoçantes). Porém, para a clínica do dia-a-dia é fundamental que nos fiemos em estudos randomizados, com pessoas. Quase a totalidade desses estudos demonstra que, em pessoas que consomem refrigerante com freqüência, a troca de refrigerantes normais por refrigerantes sem calorias leva a perda de peso e melhora de alguns fatores metabólicos.
Mas não seria melhor evitar todos os refrigerantes? Se você não liga para eles, sim. Mas, para quem gosta muito, uma troca radical por água poderia levar a duas situações desagradáveis:
1- não aderir a troca e manter o consumo de refrigerantes normais.
2- ao invés dos refrigerantes, consumir mais doces por outras vias.
ATENÇÃO: não estou dizendo que tomar refrigerante diet é melhor que água! Apenas que, naqueles que já consomem muito refrigerante, uma troca radical tem menos chance de ser efetiva.
Ainda ouvimos que adoçantes engordam por uma série de motivos, a maioria deles baseados em estudos em ratos.
Os três argumentos mais freqüentes são
1- adoçantes atrapalham o funcionamento cerebral, pois o nosso corpo acredita que, quando sentimos o gosto doce, haverá um excesso de energia chegando - quando esse estímulo não chega, haveria uma busca por outras formas de alimento
2 - o consumo de alimentos com gosto doce nos fazem querer consumir mais e mais alimentos doces (como um vício)
3- ao consumir adoçantes conscientemente, corremos o risco de comer outros alimentos calóricos por acharmos que estamos saudáveis.
Os dois primeiros argumentos caem por terra com uma série de experimentos já realizados (inclusive, ao contrário do que diz o número 2, muitos se satisfazem com o gosto doce dos adoçantes e optam menos por alimentos com açúcar). O terceiro pode, de fato ocorrer, mas não é uma atribuição somente dos adoçantes, mas de todos os alimentos que são rotulados como saudáveis (ao achar que estão consumindo algo saudável, as pessoas tendem a consumir uma quantidade maior).
Devemos lembrar, porém, que os adoçantes são muito diferentes entre si, e pode sim haver diferenças entre eles em relação à sinalização metabólica e outras questões. É possível que estudos mostrem que há opções melhores ou piores, e que algum efeito negativo possa de fato exsistir. Lembro sempre que a Ciência é mutável, pois se não não seria ciência e sim dogma. Os maiores estudos sobre o assunto tem 40 meses de duração (pouco mais que três anos), portanto, preocupações sobre efeitos a muito longo prazo não podem ser respondidas por esses estudos.
Porém, qualquer preocupação sobre o que não sabemos sobre os adoçantes deve ser menor do que o de fato sabemos sobre o açúcar: o consumo em excesso engorda, leva a piora metabólica e aumenta o risco de diabetes e gordura hepática (e secundariamente, portanto, a maior risco de doenças cardiovasculares e câncer). Ou seja, não há nenhuma razão para continuar consumindo açúcar em excesso por medo dos efeitos deletérios dos adoçantes.
Eu concluiria dizendo que não há espaço hoje em dia para refrigerantes normais para pessoas com problemas metabólicos e dificuldade com o peso. Nesse sentido, para aqueles que costumam consumir com freqüência, a troca do refrigerante normal pelo diet faz sentido como opção para reduzir o número de calorias. Quase todos (ou todos) os estudos que avaliaram essa troca encontraram resultados positivos, por pelo menos 40 meses. O mesmo vale para consumo de açúcar com café, suco, etc. A troca por adoçantes é melhor do que continuar a consumir açúcar em excesso.
Fonte: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/posts/1182101461920302
Muitos torcem o nariz para adoçantes, baseados em estudos que vez por outra saem na imprensa, dizendo que estão associados a ganho e não a perda de peso, causam diabetes, mudam a microbiota, etc.
1 - Devemos tomar cuidado com estudos epidemiológicos, que não atribuem causa e efeito. Ou seja, se o consumo de adoçantes é maior em obesos, isso não significa que adoçantes engordam; podem apenas significar que quem luta contra a balança tem mais chances de usar adoçantes.
2 - Com certeza aprendemos muito com estudos em animais, mecanísticos, que sugerem efeitos os mais variados dos adoçantes (eu mesmo já escrevi um texto sobre um artigo excelente publicado na Nature que mostra, em animais, uma mudança da flora bacteriana em uso de alguns adoçantes). Porém, para a clínica do dia-a-dia é fundamental que nos fiemos em estudos randomizados, com pessoas. Quase a totalidade desses estudos demonstra que, em pessoas que consomem refrigerante com freqüência, a troca de refrigerantes normais por refrigerantes sem calorias leva a perda de peso e melhora de alguns fatores metabólicos.
Mas não seria melhor evitar todos os refrigerantes? Se você não liga para eles, sim. Mas, para quem gosta muito, uma troca radical por água poderia levar a duas situações desagradáveis:
1- não aderir a troca e manter o consumo de refrigerantes normais.
2- ao invés dos refrigerantes, consumir mais doces por outras vias.
ATENÇÃO: não estou dizendo que tomar refrigerante diet é melhor que água! Apenas que, naqueles que já consomem muito refrigerante, uma troca radical tem menos chance de ser efetiva.
Ainda ouvimos que adoçantes engordam por uma série de motivos, a maioria deles baseados em estudos em ratos.
Os três argumentos mais freqüentes são
1- adoçantes atrapalham o funcionamento cerebral, pois o nosso corpo acredita que, quando sentimos o gosto doce, haverá um excesso de energia chegando - quando esse estímulo não chega, haveria uma busca por outras formas de alimento
2 - o consumo de alimentos com gosto doce nos fazem querer consumir mais e mais alimentos doces (como um vício)
3- ao consumir adoçantes conscientemente, corremos o risco de comer outros alimentos calóricos por acharmos que estamos saudáveis.
Os dois primeiros argumentos caem por terra com uma série de experimentos já realizados (inclusive, ao contrário do que diz o número 2, muitos se satisfazem com o gosto doce dos adoçantes e optam menos por alimentos com açúcar). O terceiro pode, de fato ocorrer, mas não é uma atribuição somente dos adoçantes, mas de todos os alimentos que são rotulados como saudáveis (ao achar que estão consumindo algo saudável, as pessoas tendem a consumir uma quantidade maior).
Devemos lembrar, porém, que os adoçantes são muito diferentes entre si, e pode sim haver diferenças entre eles em relação à sinalização metabólica e outras questões. É possível que estudos mostrem que há opções melhores ou piores, e que algum efeito negativo possa de fato exsistir. Lembro sempre que a Ciência é mutável, pois se não não seria ciência e sim dogma. Os maiores estudos sobre o assunto tem 40 meses de duração (pouco mais que três anos), portanto, preocupações sobre efeitos a muito longo prazo não podem ser respondidas por esses estudos.
Porém, qualquer preocupação sobre o que não sabemos sobre os adoçantes deve ser menor do que o de fato sabemos sobre o açúcar: o consumo em excesso engorda, leva a piora metabólica e aumenta o risco de diabetes e gordura hepática (e secundariamente, portanto, a maior risco de doenças cardiovasculares e câncer). Ou seja, não há nenhuma razão para continuar consumindo açúcar em excesso por medo dos efeitos deletérios dos adoçantes.
Eu concluiria dizendo que não há espaço hoje em dia para refrigerantes normais para pessoas com problemas metabólicos e dificuldade com o peso. Nesse sentido, para aqueles que costumam consumir com freqüência, a troca do refrigerante normal pelo diet faz sentido como opção para reduzir o número de calorias. Quase todos (ou todos) os estudos que avaliaram essa troca encontraram resultados positivos, por pelo menos 40 meses. O mesmo vale para consumo de açúcar com café, suco, etc. A troca por adoçantes é melhor do que continuar a consumir açúcar em excesso.
Fonte: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/posts/1182101461920302
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Dr. Frederico Lobo
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10:27
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"Será que os diabéticos ainda precisam fazer lanches?".Por Prof.Dr. Bruno Halpern
"Será que os diabéticos ainda precisam fazer lanches?". Esse é o título de um bom artigo científico que motivou essa postagem.
Historicamente, pacientes com diabetes (tanto do tipo 1 como do tipo 2) aprenderam que deveriam se alimentar várias vezes por dia como estratégia para controlar seu açúcar. Isso vem sendo repetido década após década, mas, se pararmos para analisar, veremos que esse conselho não é mais que um grande mito, ao menos com os tratamentos mais modernos do diabetes.
Uma das razões dessa necessidade maior de lanches, no passado, era o fato de que as medicações disponíveis poderiam causar hipoglicemia e portanto comer freqüentemente seria uma estratégia para evitar esse risco. De fato, insulinas mais antigas apresentavam picos de ação menos previsíveis, assim como as sulfoniluréias mais antigas (uma classe de medicação ainda bastante usada, que faz com que nosso pâncreas aumente a produção de insulina independente de comermos ou não) poderiam causar hipoglicemia em indivíduos em jejum prolongado.
Outra razão apregoada seria que várias refeições ao dia facilitaria o controle do peso e evitaria grandes aumentos de glicemia.
Porém, felizmente, esquemas mais modernos de tratamento de diabéticos tipo 2 reduziram bastante o risco de hipoglicemia, mesmo naqueles em uso de sulfoniluréias ou insulina. No diabetes tipo 1, as insulinas mais modernas também ajudam a reduzir os riscos de hipoglicemia, por, ou não terem pico de ação no caso das insulinas lentas, ou ter um pico que coincida com o horário de alimentação, no caso das insulinas ultra-rápidas. Não apenas isso, mas caso um indivíduo com diabetes costume ter hipoglicemia quando em jejum prolongado, muito mais do que advogar a ele comer com mais freqüência, a melhor estratégia é mudar o tratamento de base para evitar esse sintoma! Isso é fundamental, pois é comum ver pacientes que comem antes de dormir por medo de hipoglicemia noturna, e não por fome, fazendo com que haja hiperglicemia de noite e uma tendência de ganho de peso que também é maléfica! Além disso, principalmente em diabéticos tipo 1, que não produzem insulina, muitos lanches significam mais doses de insulina!
Em relação à questão do peso e da glicemia, eu já discuti aquiem outras postagens como o "mito das 3/3 horas" não é baseado em nenhum estudo robusto (mesmo para não diabéticos) e, pelo contrário, um aumento do número de refeições tem um risco enorme em levar a um aumento do número de calorias. Nos diabéticos tipo 2 especificamente, há estudos que demonstram melhor controle glicêmico e de saciedade em indivíduos que fazem apenas 2 refeições ao dia, comparados com 6 refeições. Outros estudos demonstram que um bom café da manhã seguido de um bom almoço e um jantar leve também é uma opção melhor para os diabéticos do que comer diversos lanches ou fazer um jantar grande.Não apenas isso, mas o estudo mostrou que a qualidade de vida dos diabéticos que se alimentavam com menos freqüência melhorou, sugerindo que esse é um esquema possível e não sacrificante!
Sempre falo aqui sobre a individualização. Existem de fato perfis de pessoas que necessitam comer com mais freqüência, por diversas razões, mas não são perfis majoritários. Essa postagem serve para sempre questionarmos regras estritas e alertar que conselhos que às vezes são tão automáticos podem não ser os melhores em muitos casos! Mas deixo claro que mudanças importantes no perfil de alimentação, principalmente em quem está em uso de insulina, levam quase que inevitavelmente a necessidade de mudança do esquema de insulina (doses, horários) e demais medicações e portanto, devem ser feitas em comum acordo com os profissionais de saúde, e não por conta própria!
Artigo original: https://www.nature.com/articles/ejcn201546
Fonte: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/posts/1183857735078008?pnref=story
Historicamente, pacientes com diabetes (tanto do tipo 1 como do tipo 2) aprenderam que deveriam se alimentar várias vezes por dia como estratégia para controlar seu açúcar. Isso vem sendo repetido década após década, mas, se pararmos para analisar, veremos que esse conselho não é mais que um grande mito, ao menos com os tratamentos mais modernos do diabetes.
Uma das razões dessa necessidade maior de lanches, no passado, era o fato de que as medicações disponíveis poderiam causar hipoglicemia e portanto comer freqüentemente seria uma estratégia para evitar esse risco. De fato, insulinas mais antigas apresentavam picos de ação menos previsíveis, assim como as sulfoniluréias mais antigas (uma classe de medicação ainda bastante usada, que faz com que nosso pâncreas aumente a produção de insulina independente de comermos ou não) poderiam causar hipoglicemia em indivíduos em jejum prolongado.
Outra razão apregoada seria que várias refeições ao dia facilitaria o controle do peso e evitaria grandes aumentos de glicemia.
Porém, felizmente, esquemas mais modernos de tratamento de diabéticos tipo 2 reduziram bastante o risco de hipoglicemia, mesmo naqueles em uso de sulfoniluréias ou insulina. No diabetes tipo 1, as insulinas mais modernas também ajudam a reduzir os riscos de hipoglicemia, por, ou não terem pico de ação no caso das insulinas lentas, ou ter um pico que coincida com o horário de alimentação, no caso das insulinas ultra-rápidas. Não apenas isso, mas caso um indivíduo com diabetes costume ter hipoglicemia quando em jejum prolongado, muito mais do que advogar a ele comer com mais freqüência, a melhor estratégia é mudar o tratamento de base para evitar esse sintoma! Isso é fundamental, pois é comum ver pacientes que comem antes de dormir por medo de hipoglicemia noturna, e não por fome, fazendo com que haja hiperglicemia de noite e uma tendência de ganho de peso que também é maléfica! Além disso, principalmente em diabéticos tipo 1, que não produzem insulina, muitos lanches significam mais doses de insulina!
Em relação à questão do peso e da glicemia, eu já discuti aquiem outras postagens como o "mito das 3/3 horas" não é baseado em nenhum estudo robusto (mesmo para não diabéticos) e, pelo contrário, um aumento do número de refeições tem um risco enorme em levar a um aumento do número de calorias. Nos diabéticos tipo 2 especificamente, há estudos que demonstram melhor controle glicêmico e de saciedade em indivíduos que fazem apenas 2 refeições ao dia, comparados com 6 refeições. Outros estudos demonstram que um bom café da manhã seguido de um bom almoço e um jantar leve também é uma opção melhor para os diabéticos do que comer diversos lanches ou fazer um jantar grande.Não apenas isso, mas o estudo mostrou que a qualidade de vida dos diabéticos que se alimentavam com menos freqüência melhorou, sugerindo que esse é um esquema possível e não sacrificante!
Sempre falo aqui sobre a individualização. Existem de fato perfis de pessoas que necessitam comer com mais freqüência, por diversas razões, mas não são perfis majoritários. Essa postagem serve para sempre questionarmos regras estritas e alertar que conselhos que às vezes são tão automáticos podem não ser os melhores em muitos casos! Mas deixo claro que mudanças importantes no perfil de alimentação, principalmente em quem está em uso de insulina, levam quase que inevitavelmente a necessidade de mudança do esquema de insulina (doses, horários) e demais medicações e portanto, devem ser feitas em comum acordo com os profissionais de saúde, e não por conta própria!
Artigo original: https://www.nature.com/articles/ejcn201546
Fonte: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/posts/1183857735078008?pnref=story
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Dr. Frederico Lobo
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domingo, 4 de fevereiro de 2018
Por que o consumo de ferro é importante e em quais alimentos encontrá-lo
Excelente texto do meu amigo nutrólogo e médico do esporte Dr. Guilherme Giorelli:
https://guilhermegiorelli.blogosfera.uol.com.br/2018/02/03/por-que-o-consumo-de-ferro-e-importante-e-em-quais-alimentos-encontra-lo/?cmpid=copiaecola
https://guilhermegiorelli.blogosfera.uol.com.br/2018/02/03/por-que-o-consumo-de-ferro-e-importante-e-em-quais-alimentos-encontra-lo/?cmpid=copiaecola
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Dr. Frederico Lobo
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domingo, 21 de janeiro de 2018
O microbioma intestinal — os microrganismos que colonizam o intestino — está surgindo como potencial "biomarcador" que pode prever a resposta à imunoterapia. E a descoberta de que as bactérias no intestino influenciam a resposta à imunoterapia abre possibilidades intrigantes de manipular o microbioma a fim de melhorar essas respostas.
Artigos publicados anteriormente sugeriram que os pacientes que respondem à imunoterapia têm um microbioma intestinal enriquecido com certos microrganismos, bem como os novos trabalhos com resultados semelhantes, em uma série de artigos publicados no periódico Science.
Estes estudos "demonstram que os pacientes podem ser estratificados em respondedores e não respondedores à imunoterapia com base na composição do microbioma intestinal deles, sugerindo que a microbiota deva ser considerada ao avaliar a intervenção terapêutica", comenta Christian Jobin, PhD, do Department of Infectious Disease and Immunology da University of Florida, em Gainesville, escrevendo em um artigo que acompanha os trabalhos.
"Uma questão importante e clinicamente relevante é se a manipulação do microbioma intestinal poderia transformar os pacientes que estão sem resposta ao bloqueio do checkpoint imunológico em respondedores", acrescentou.
Isso é de fato uma questão intrigante.
Primeira autora de um dos estudos, a Dra. Jennifer Wargo, médica do MD Anderson Cancer Center, em Houston, no Texas, assinalou: "Você pode mudar o seu microbioma, realmente não é tão difícil, então nós pensamos que estes resultados abrem grandes novas oportunidades".
Você pode mudar seu microbioma, não é realmente tão difícil Dra. Jennifer Wargo
O microbioma de uma pessoa é um fator de risco modificável que pode ser alvo de dietas, exercícios, uso de antibiótico ou probióticos, ou transplante de material fecal, comentou o principal coautor, Dr. Vancheswaran Gopalakrishnan, PhD, também do MD Anderson Cancer Center, em uma declaração à imprensa.
Na verdade, esses pesquisadores já estão projetando um ensaio clínico que combina o bloqueio do checkpoint com a modulação do microbioma.
Já existem bancos de fezes de pacientes fazendo imunoterapia
Eles não estão sozinhos. Outro grupo, liderado pelo Dr. Thomas F. Gajewski, PhD, da University of Chicago, em Illinois, já está fazendo um banco de amostras de fezes de pacientes com câncer sendo tratados com imunoterapia. A equipe isola o(s) microrganismo(s) que conferem boa resposta.
"Além disso, estamos no processo de organizar um ensaio clínico no qual a Bifidobacteria é administrada em cápsula junto com a terapia anti-PD-1 (morte de células antiprogramadas 1) no intuito de determinar se povoar a microflora intestinal com bacterias benéficas irá aumentar a resposta à terapia", disse o Dr. Gajewski ao Medscape.
O estudo da University of Chicago mostrou que aqueles que responderam à imunoterapia para o tratamento de metástases de melanoma tinham uma microbiota intestinal abundante em oito espécies de bactéria.
Este estudo foi feito com 42 pacientes tratados para melanoma metastático com anticorpos DP-1 ou com terapia anti-CTLA-4. A resposta clínica foi determinada a pela análise dos biomarcadores com cegamento. Dezesseis pacientes responderam à terapia e 26 não responderam. O índice de 38% de resposta está alinhado aos dados clínicos publicados sobre o anti-PD-1 na terapia das metástases de melanoma.
As amostras das fezes dos pacientes, obtidas antes de iniciar o tratamento, tiveram a microflora analisada por meio do sequenciamento dos amplicons dos genes do RNA 16S ribossomal (rRNA). A equipe identificou unidades taxonômicas operacionais e pareou-as às sequências 16S do banco de dados do National Center for Biotechnology Information. Eles fizeram ainda um sequenciamento metagenômico shotgun utilizando a reação em cadeia da polimerase quantitativa específica da espécie para as espécies candidatas que tinham primers validados.
Os respondedores à imunoterapia tinham microflora rica em Enterococcus faecium, Collinsella aerofaciens, Bifidobacterium adolescentis, Klebsiella pneumoniae, Veillonella parvula, Parabacteroides merdae, espécies de Lactobacillus e Bifidobacterium longum. Os não respondedores tinham uma microflora rica em Ruminococcus obeum e Roseburia intestinalis.
Ao pontuar cada paciente para a microflora favorável e desfavorável, os pesquisadores observaram que a razão > 1,5 entre a microflora benéfica/não benéfica se correlacionou à resposta ao tratamento.
A relação de causalidade foi determinada em um estudo murino. O material fecal de respondedores e de não respondedores foi transferido para camundongos livres de germes e demonstrou influenciar o crescimento tumoral em um modelo murino de melanoma: os tumores de crescimento mais rápido foram observados nos camundongos que receberam o material fecal dos não respondedores, e os tumores de crescimento mais lento foram observados nos camundongos que receberam o material fecal dos respondedores. Além disso, a terapia com o ligante anti-PD 1 (anti-PD-L1) só foi eficaz nos camundongos que receberam o material fecal dos respondedores, e foi ineficaz nos camundongos que receberam o material fecal de não respondedores.
O pesquisador responsável Dr. Gajewski disse ao Medscape que, embora as respostas à imunoterapia antineoplásica tenham sido muito estimulantes, a realidade é que a maioria dos pacientes não responde a estes medicamentos.
"Embora a resposta possa ser ditada pelas diferentes vias do câncer ou por genes herdados que regulam a resposta imunológica, do ponto de vista ambiental, a microflora intestinal está surgindo como uma faceta importante da regulação da resposta imunitária das pessoas", observou o pesquisador.
"Como biomarcador de resposta à terapia, a microbiota intestinal parece atraente", disse o Dr. Gajewski. No entanto, o pesquisador reconheceu que estas observações precisam ser confirmadas em conjuntos de dados independentes.
"Estamos montando prospectivamente um banco de fezes da maioria dos pacientes com câncer tratados com anti-PD-1 na nossa instituição", acrescentou.
Outro estudo, outro grupo de bactérias
O estudo do MD Anderson Cancer Center, que foi publicado pela primeira vez no ano passado, em um congresso, encontrou um grupo diferente de bactérias no microbioma intestinal dos respondedores à imunoterapia.
Nesta análise, os respondedores eram ricos em espécies de Faecalibacterium e Bacteroides thetaiotaomicron e os não respondedores foram ricos em Escherichia coli.
Esta equipe obteve de forma prospectiva amostras orais e fecais de 112 pacientes com melanoma metastático iniciando o tratamento com anti-PD-1. Os pesquisadores também fizeram um perfil taxonômico por sequenciamento do rRNA do gene 16S em todas as amostras fecais e orais.
Os dados de 89 pacientes indicam que 54 eram respondedores e 35 eram não respondedores.
Os pesquisadores mostraram que a microflora bucal ou oral não foi significativamente associada à resposta ao tratamento com anti-PD-1, mas houve associação com a microflora intestinal.
Dos 30 pacientes que responderam à terapia, e dos 13 que não o fizeram, a sobrevida livre de progressão (SLP) da doença foi mais longa entre os pacientes que tinham maior diversidade de bactérias intestinais comparados aos que tinham diversidade baixa ou intermediária (a mediana de sobrevida livre de progressão da doença não foi alcançada no grupo de maior diversidade vs. sobrevida livre de progressão da doença de 232 dias e 188 dias, respectivamente).
Antibióticos reduzem os benefícios clínicos
Em um terceiro estudo os pesquisadores franceses liderados por Bertrand Routy, do Gustave Roussy Cancer Campus, em Villejuif (França), mostraram que os pacientes que tomaram antibióticos para tratar infecções durante a terapia contra o câncer tiveram resposta reduzida ao tratamento anti-PD-1. Resultados anteriores deste estudo foram apresentados em um congresso e publicados na época pelo Medscape.
Este estudo foi feito com pacientes com câncer do pulmão de células não pequenas (N = 140), carcinoma de células renais (N = 67) e carcinoma urotelial (N = 42) que receberam terapia com anti-PD-1 ou anti-PD-L1. Os antibióticos foram administrados para indicações comuns, como infecções dentárias, urinárias e pulmonares, nos dois meses anteriores ou no mês subsequente ao início da imunoterapia antineoplásica.
A sobrevida livre de progressão da doença e a sobrevida global (SG) foram menores para os pacientes com exposição aos antibióticos em comparação com o grupo de pacientes em geral, ou o grupo de pacientes de cada tipo de tumor. Em todos os grupos de pacientes, a sobrevida global mediana foi de 20,6 meses para os que não receberam antibióticos vs. 11,5 meses para aqueles que receberam antibióticos (P < 0,001). Nos pacientes com câncer de pulmão, a sobrevida global mediana foi de 15,3 meses para os que não tomaram antibióticos vs. 8,3 meses para os que tomaram antibióticos (P = 0,001).
Foi feita a determinação da microflora intestinal por meio de sequenciamento metagenômico shotgun para analisar mais de 20 milhões de leituras de sequências curtas de DNA por amostra, e compará-las a um catálogo de referência com 9,9 milhões de genes. Espécies metagenômicas correlacionadas às respostas foram apresentadas como "códigos de barras" para cada paciente. A Akkermansia muciniphila surgiu como as espécies mais presente nos pacientes com desfecho clínico favorável.
"Os nossos resultados sugerem que o microbioma regula o ponto de ajuste câncer-imunitário dos pacientes com câncer, e oferece novas vias de manipulação do ecossistema intestinal a fim de contornar a resistência primária aos inibidores do checkpoint imunitário (ICI)", concluem os autores.
Implicações para o tratamento com inibidores do checkpoint imunitário
Em seu artigo insights, o Dr. Jobin se pergunta se estas conclusões sobre a relação entre o microbioma intestinal e a imunoterapia oncológica podem, por fim, "se traduzir em novos tratamentos".
O pesquisador destaca o sucesso dos transplantes fecais em outra área: o transplante da microbiota fecal de dadores saudáveis forneceu um índice de resposta clínica de 90% em pacientes com infecção recorrente por Clostridium difficile, uma das principais causas de diarreia associada a uso de antibióticos.
"Poderiam ser criadas comunidades microbianas sintéticas ser para otimizar as respostas dos pacientes à imunoterapia", sugere Dr. Jobin.
No entanto, ele também observa que nenhuma espécie bacteriana universal definiu a resposta à terapia. Cada um dos três estudos publicados recentemente identificou um conjunto diferente de bactérias. Contudo, a divergência das observações pode estar relacionada com o tipo de câncer ou a população estudada, indicou o pesquisador.
Dr. Gajewski também lembrou que o método de dividir os pacientes em respondedores e não respondedores diferiu entre os estudos, assim como os métodos de análise. "A comparação direta das espécies identificadas pelos estudos deve ser vista com cautela", disse.
"Serão necessários estudos sobre os mecanismos detalhados por meio dos quais as bactérias reenergizam o microambiente imunológico tumoral para compreender este fenômeno em sua totalidade", concluiu o Dr. Jobin.
Divulgações de conflitos de interesse de todos os pesquisadores podem ser encontradas nos artigos. Dr. Thomas F. Gajewski tem os seguintes conflitos de interesse: é membro do conselho consultivo das empresas para Roche-Genentech, Merck, Abbvie, Bayer, Aduro e Fog Pharma; recebe apoio de pesquisa das empresas Roche-Genentech, BMS, Merck, Incyte, Seattle Genetics e Ono; é sócio cofundador de Jounce Therapeutics; mantém uma licença com a Evelo; é detentor da patente 15/170,284 apresentado pela University of Chicago, que abrange o uso de microbiota para melhorar a imunoterapia no câncer.
Artigo Original: Gut microbiome influences efficacy of PD-1–based immunotherapy against epithelial tumors, BERTRANDO, et al. Science, Jan, 18. p. 91-97
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501951?faf=1&src=soc_fb_190117_mscpmrk_ptpost_bioma#vp_1
Artigos publicados anteriormente sugeriram que os pacientes que respondem à imunoterapia têm um microbioma intestinal enriquecido com certos microrganismos, bem como os novos trabalhos com resultados semelhantes, em uma série de artigos publicados no periódico Science.
Estes estudos "demonstram que os pacientes podem ser estratificados em respondedores e não respondedores à imunoterapia com base na composição do microbioma intestinal deles, sugerindo que a microbiota deva ser considerada ao avaliar a intervenção terapêutica", comenta Christian Jobin, PhD, do Department of Infectious Disease and Immunology da University of Florida, em Gainesville, escrevendo em um artigo que acompanha os trabalhos.
"Uma questão importante e clinicamente relevante é se a manipulação do microbioma intestinal poderia transformar os pacientes que estão sem resposta ao bloqueio do checkpoint imunológico em respondedores", acrescentou.
Isso é de fato uma questão intrigante.
Primeira autora de um dos estudos, a Dra. Jennifer Wargo, médica do MD Anderson Cancer Center, em Houston, no Texas, assinalou: "Você pode mudar o seu microbioma, realmente não é tão difícil, então nós pensamos que estes resultados abrem grandes novas oportunidades".
Você pode mudar seu microbioma, não é realmente tão difícil Dra. Jennifer Wargo
O microbioma de uma pessoa é um fator de risco modificável que pode ser alvo de dietas, exercícios, uso de antibiótico ou probióticos, ou transplante de material fecal, comentou o principal coautor, Dr. Vancheswaran Gopalakrishnan, PhD, também do MD Anderson Cancer Center, em uma declaração à imprensa.
Na verdade, esses pesquisadores já estão projetando um ensaio clínico que combina o bloqueio do checkpoint com a modulação do microbioma.
Já existem bancos de fezes de pacientes fazendo imunoterapia
Eles não estão sozinhos. Outro grupo, liderado pelo Dr. Thomas F. Gajewski, PhD, da University of Chicago, em Illinois, já está fazendo um banco de amostras de fezes de pacientes com câncer sendo tratados com imunoterapia. A equipe isola o(s) microrganismo(s) que conferem boa resposta.
"Além disso, estamos no processo de organizar um ensaio clínico no qual a Bifidobacteria é administrada em cápsula junto com a terapia anti-PD-1 (morte de células antiprogramadas 1) no intuito de determinar se povoar a microflora intestinal com bacterias benéficas irá aumentar a resposta à terapia", disse o Dr. Gajewski ao Medscape.
O estudo da University of Chicago mostrou que aqueles que responderam à imunoterapia para o tratamento de metástases de melanoma tinham uma microbiota intestinal abundante em oito espécies de bactéria.
Este estudo foi feito com 42 pacientes tratados para melanoma metastático com anticorpos DP-1 ou com terapia anti-CTLA-4. A resposta clínica foi determinada a pela análise dos biomarcadores com cegamento. Dezesseis pacientes responderam à terapia e 26 não responderam. O índice de 38% de resposta está alinhado aos dados clínicos publicados sobre o anti-PD-1 na terapia das metástases de melanoma.
As amostras das fezes dos pacientes, obtidas antes de iniciar o tratamento, tiveram a microflora analisada por meio do sequenciamento dos amplicons dos genes do RNA 16S ribossomal (rRNA). A equipe identificou unidades taxonômicas operacionais e pareou-as às sequências 16S do banco de dados do National Center for Biotechnology Information. Eles fizeram ainda um sequenciamento metagenômico shotgun utilizando a reação em cadeia da polimerase quantitativa específica da espécie para as espécies candidatas que tinham primers validados.
Os respondedores à imunoterapia tinham microflora rica em Enterococcus faecium, Collinsella aerofaciens, Bifidobacterium adolescentis, Klebsiella pneumoniae, Veillonella parvula, Parabacteroides merdae, espécies de Lactobacillus e Bifidobacterium longum. Os não respondedores tinham uma microflora rica em Ruminococcus obeum e Roseburia intestinalis.
Ao pontuar cada paciente para a microflora favorável e desfavorável, os pesquisadores observaram que a razão > 1,5 entre a microflora benéfica/não benéfica se correlacionou à resposta ao tratamento.
A relação de causalidade foi determinada em um estudo murino. O material fecal de respondedores e de não respondedores foi transferido para camundongos livres de germes e demonstrou influenciar o crescimento tumoral em um modelo murino de melanoma: os tumores de crescimento mais rápido foram observados nos camundongos que receberam o material fecal dos não respondedores, e os tumores de crescimento mais lento foram observados nos camundongos que receberam o material fecal dos respondedores. Além disso, a terapia com o ligante anti-PD 1 (anti-PD-L1) só foi eficaz nos camundongos que receberam o material fecal dos respondedores, e foi ineficaz nos camundongos que receberam o material fecal de não respondedores.
O pesquisador responsável Dr. Gajewski disse ao Medscape que, embora as respostas à imunoterapia antineoplásica tenham sido muito estimulantes, a realidade é que a maioria dos pacientes não responde a estes medicamentos.
"Embora a resposta possa ser ditada pelas diferentes vias do câncer ou por genes herdados que regulam a resposta imunológica, do ponto de vista ambiental, a microflora intestinal está surgindo como uma faceta importante da regulação da resposta imunitária das pessoas", observou o pesquisador.
"Como biomarcador de resposta à terapia, a microbiota intestinal parece atraente", disse o Dr. Gajewski. No entanto, o pesquisador reconheceu que estas observações precisam ser confirmadas em conjuntos de dados independentes.
"Estamos montando prospectivamente um banco de fezes da maioria dos pacientes com câncer tratados com anti-PD-1 na nossa instituição", acrescentou.
Outro estudo, outro grupo de bactérias
O estudo do MD Anderson Cancer Center, que foi publicado pela primeira vez no ano passado, em um congresso, encontrou um grupo diferente de bactérias no microbioma intestinal dos respondedores à imunoterapia.
Nesta análise, os respondedores eram ricos em espécies de Faecalibacterium e Bacteroides thetaiotaomicron e os não respondedores foram ricos em Escherichia coli.
Esta equipe obteve de forma prospectiva amostras orais e fecais de 112 pacientes com melanoma metastático iniciando o tratamento com anti-PD-1. Os pesquisadores também fizeram um perfil taxonômico por sequenciamento do rRNA do gene 16S em todas as amostras fecais e orais.
Os dados de 89 pacientes indicam que 54 eram respondedores e 35 eram não respondedores.
Os pesquisadores mostraram que a microflora bucal ou oral não foi significativamente associada à resposta ao tratamento com anti-PD-1, mas houve associação com a microflora intestinal.
Dos 30 pacientes que responderam à terapia, e dos 13 que não o fizeram, a sobrevida livre de progressão (SLP) da doença foi mais longa entre os pacientes que tinham maior diversidade de bactérias intestinais comparados aos que tinham diversidade baixa ou intermediária (a mediana de sobrevida livre de progressão da doença não foi alcançada no grupo de maior diversidade vs. sobrevida livre de progressão da doença de 232 dias e 188 dias, respectivamente).
Antibióticos reduzem os benefícios clínicos
Em um terceiro estudo os pesquisadores franceses liderados por Bertrand Routy, do Gustave Roussy Cancer Campus, em Villejuif (França), mostraram que os pacientes que tomaram antibióticos para tratar infecções durante a terapia contra o câncer tiveram resposta reduzida ao tratamento anti-PD-1. Resultados anteriores deste estudo foram apresentados em um congresso e publicados na época pelo Medscape.
Este estudo foi feito com pacientes com câncer do pulmão de células não pequenas (N = 140), carcinoma de células renais (N = 67) e carcinoma urotelial (N = 42) que receberam terapia com anti-PD-1 ou anti-PD-L1. Os antibióticos foram administrados para indicações comuns, como infecções dentárias, urinárias e pulmonares, nos dois meses anteriores ou no mês subsequente ao início da imunoterapia antineoplásica.
A sobrevida livre de progressão da doença e a sobrevida global (SG) foram menores para os pacientes com exposição aos antibióticos em comparação com o grupo de pacientes em geral, ou o grupo de pacientes de cada tipo de tumor. Em todos os grupos de pacientes, a sobrevida global mediana foi de 20,6 meses para os que não receberam antibióticos vs. 11,5 meses para aqueles que receberam antibióticos (P < 0,001). Nos pacientes com câncer de pulmão, a sobrevida global mediana foi de 15,3 meses para os que não tomaram antibióticos vs. 8,3 meses para os que tomaram antibióticos (P = 0,001).
Foi feita a determinação da microflora intestinal por meio de sequenciamento metagenômico shotgun para analisar mais de 20 milhões de leituras de sequências curtas de DNA por amostra, e compará-las a um catálogo de referência com 9,9 milhões de genes. Espécies metagenômicas correlacionadas às respostas foram apresentadas como "códigos de barras" para cada paciente. A Akkermansia muciniphila surgiu como as espécies mais presente nos pacientes com desfecho clínico favorável.
"Os nossos resultados sugerem que o microbioma regula o ponto de ajuste câncer-imunitário dos pacientes com câncer, e oferece novas vias de manipulação do ecossistema intestinal a fim de contornar a resistência primária aos inibidores do checkpoint imunitário (ICI)", concluem os autores.
Implicações para o tratamento com inibidores do checkpoint imunitário
Em seu artigo insights, o Dr. Jobin se pergunta se estas conclusões sobre a relação entre o microbioma intestinal e a imunoterapia oncológica podem, por fim, "se traduzir em novos tratamentos".
O pesquisador destaca o sucesso dos transplantes fecais em outra área: o transplante da microbiota fecal de dadores saudáveis forneceu um índice de resposta clínica de 90% em pacientes com infecção recorrente por Clostridium difficile, uma das principais causas de diarreia associada a uso de antibióticos.
"Poderiam ser criadas comunidades microbianas sintéticas ser para otimizar as respostas dos pacientes à imunoterapia", sugere Dr. Jobin.
No entanto, ele também observa que nenhuma espécie bacteriana universal definiu a resposta à terapia. Cada um dos três estudos publicados recentemente identificou um conjunto diferente de bactérias. Contudo, a divergência das observações pode estar relacionada com o tipo de câncer ou a população estudada, indicou o pesquisador.
Dr. Gajewski também lembrou que o método de dividir os pacientes em respondedores e não respondedores diferiu entre os estudos, assim como os métodos de análise. "A comparação direta das espécies identificadas pelos estudos deve ser vista com cautela", disse.
"Serão necessários estudos sobre os mecanismos detalhados por meio dos quais as bactérias reenergizam o microambiente imunológico tumoral para compreender este fenômeno em sua totalidade", concluiu o Dr. Jobin.
Divulgações de conflitos de interesse de todos os pesquisadores podem ser encontradas nos artigos. Dr. Thomas F. Gajewski tem os seguintes conflitos de interesse: é membro do conselho consultivo das empresas para Roche-Genentech, Merck, Abbvie, Bayer, Aduro e Fog Pharma; recebe apoio de pesquisa das empresas Roche-Genentech, BMS, Merck, Incyte, Seattle Genetics e Ono; é sócio cofundador de Jounce Therapeutics; mantém uma licença com a Evelo; é detentor da patente 15/170,284 apresentado pela University of Chicago, que abrange o uso de microbiota para melhorar a imunoterapia no câncer.
Artigo Original: Gut microbiome influences efficacy of PD-1–based immunotherapy against epithelial tumors, BERTRANDO, et al. Science, Jan, 18. p. 91-97
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501951?faf=1&src=soc_fb_190117_mscpmrk_ptpost_bioma#vp_1
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Exercícios podem apresentar benefícios queda da cognição leve
Para os pacientes com declínio cognitivo leve (DCL), o exercício regular provavelmente melhorará o funcionamento cognitivo, conclui uma diretriz atualizada da American Academy of Neurology (AAN).
"É animador que o exercício possa ajudar a melhorar a memória nesta fase, porque é uma medida que a maioria das pessoas pode tomar e, claro, tem benefícios gerais para a saúde", disse em um comunicado o autor principal Dr. Ronald C. Petersen, da Mayo Clinic, em Rochester, Minnesota.
A nova diretriz afirma que o treinamento cognitivo pode melhorar as medidas cognitivas, mas não há evidências de alta qualidade para embasar tratamentos farmacológicos para aliviar os sintomas do DCL.
A nova diretriz da AAN no DCL, que é aprovada pela Alzheimer's Association, foi publicada on-line em 27 de dezembro na Neurology. Ela atualiza a diretriz da AAN de 2001 sobre DCL.
Para atualizar a diretriz de declínio cognitivo leve, o Dr. Peterson e o grupo responsável pela diretriz revisaram sistematicamente os últimos artigos publicados sobre prevalência, prognóstico e tratamento do DCL.
Os dados mostram que a prevalência de DCL aumenta com a idade, com 6,7% entre 60 e 64 anos, 8,4% entre 65 e 69 anos, 10,1% entre 70 e 74 anos, 14,8% entre 75 e 79 anos e 25,2% entre 80 e 84 anos. Os dados também sugerem que a incidência para o desenvolvimento da demência é de 14,9% em indivíduos com declínio cognitivo leve com idade superior a 65 anos, acompanhados por dois anos.
A diretriz recomenda que os pacientes com DCL se exercitem regularmente como parte de uma abordagem geral para tratamento dos sintomas. Embora estudos de longo prazo não tenham sido realizados, estudos com duração de seis meses sugerem que exercícios duas vezes por semana podem melhorar a memória.
Atualmente, não há medicamentos aprovados pela US Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento do declínio cognitivo leve, e atualmente não há estudos de longo prazo de alta qualidade sugerindo que medicamentos ou alterações na dieta podem melhorar o funcionamento cognitivo em pacientes com DCL, afirma a diretriz.
Quanto ao treinamento cognitivo, há evidências "insuficientes" para apoiar ou refutar o uso de qualquer estratégia de intervenção cognitiva individual para o DCL, afirma a diretriz. Há "evidência fraca" de que o treinamento cognitivo pode ser benéfico na melhoria das medidas da função cognitiva, e os médicos podem recomendar treinamento cognitivo para pacientes com DCL, diz a AAN em um comunicado de imprensa.
A diretriz atualizada de DCL também orienta os clínicos a:
Pesquisar declínio cognitivo leve usando instrumentos validados em cenários apropriados (nível B);
Avaliar pacientes com DCL para fatores de risco modificáveis, avaliar declínio funcional e avaliar e tratar sintomas comportamentais e neuropsiquiátricos (nível B);
Monitorar status cognitivo de pacientes com DCL ao longo do tempo (nível B);
Interromper medicações que prejudiquem a cognição quando possível, e tratar sintomas comportamentais (nível B);
Considerar não oferecer inibidores de colinesterase (nível B) e, se for oferecer, discutir inicialmente a falta de evidência (nível A);
Recomendar a prática regular de exercícios (nível B);
Considerar recomendar treinamento cognitivo (nível C);
Discutir diagnóstico, prognóstico, planejamento de longo prazo, e a ausência de opções efetivas de medicamento (nível B); e
Considerar discutir pesquisa de biomarcadores com os pacientes com DCL e famílias (nível C).
O desenvolvimento da diretriz foi financiado pela American Academy of Neurology. Declarações completas para o painel das diretrizes estão listadas no artigo original.
Artigo original: Practice guideline update summary: Mild cognitive impairment
Ronald C. Petersen, Oscar Lopez, Melissa J. Armstrong, Thomas S.D. Getchius, Mary Ganguli, David Gloss, Gary S. Gronseth, Daniel Marson, Tamara Pringsheim, Gregory S. Day, Mark Sager, James Stevens, Alexander Rae-Grant
Neurology Dec 2017, 10.1212/WNL.0000000000004826; DOI: 10.1212/WNL.0000000000004826
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501956?faf=1&src=soc_fb_210118_mscpmrk_ptpost_exercmente
"É animador que o exercício possa ajudar a melhorar a memória nesta fase, porque é uma medida que a maioria das pessoas pode tomar e, claro, tem benefícios gerais para a saúde", disse em um comunicado o autor principal Dr. Ronald C. Petersen, da Mayo Clinic, em Rochester, Minnesota.
A nova diretriz afirma que o treinamento cognitivo pode melhorar as medidas cognitivas, mas não há evidências de alta qualidade para embasar tratamentos farmacológicos para aliviar os sintomas do DCL.
A nova diretriz da AAN no DCL, que é aprovada pela Alzheimer's Association, foi publicada on-line em 27 de dezembro na Neurology. Ela atualiza a diretriz da AAN de 2001 sobre DCL.
Para atualizar a diretriz de declínio cognitivo leve, o Dr. Peterson e o grupo responsável pela diretriz revisaram sistematicamente os últimos artigos publicados sobre prevalência, prognóstico e tratamento do DCL.
Os dados mostram que a prevalência de DCL aumenta com a idade, com 6,7% entre 60 e 64 anos, 8,4% entre 65 e 69 anos, 10,1% entre 70 e 74 anos, 14,8% entre 75 e 79 anos e 25,2% entre 80 e 84 anos. Os dados também sugerem que a incidência para o desenvolvimento da demência é de 14,9% em indivíduos com declínio cognitivo leve com idade superior a 65 anos, acompanhados por dois anos.
A diretriz recomenda que os pacientes com DCL se exercitem regularmente como parte de uma abordagem geral para tratamento dos sintomas. Embora estudos de longo prazo não tenham sido realizados, estudos com duração de seis meses sugerem que exercícios duas vezes por semana podem melhorar a memória.
Atualmente, não há medicamentos aprovados pela US Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento do declínio cognitivo leve, e atualmente não há estudos de longo prazo de alta qualidade sugerindo que medicamentos ou alterações na dieta podem melhorar o funcionamento cognitivo em pacientes com DCL, afirma a diretriz.
Quanto ao treinamento cognitivo, há evidências "insuficientes" para apoiar ou refutar o uso de qualquer estratégia de intervenção cognitiva individual para o DCL, afirma a diretriz. Há "evidência fraca" de que o treinamento cognitivo pode ser benéfico na melhoria das medidas da função cognitiva, e os médicos podem recomendar treinamento cognitivo para pacientes com DCL, diz a AAN em um comunicado de imprensa.
A diretriz atualizada de DCL também orienta os clínicos a:
Pesquisar declínio cognitivo leve usando instrumentos validados em cenários apropriados (nível B);
Avaliar pacientes com DCL para fatores de risco modificáveis, avaliar declínio funcional e avaliar e tratar sintomas comportamentais e neuropsiquiátricos (nível B);
Monitorar status cognitivo de pacientes com DCL ao longo do tempo (nível B);
Interromper medicações que prejudiquem a cognição quando possível, e tratar sintomas comportamentais (nível B);
Considerar não oferecer inibidores de colinesterase (nível B) e, se for oferecer, discutir inicialmente a falta de evidência (nível A);
Recomendar a prática regular de exercícios (nível B);
Considerar recomendar treinamento cognitivo (nível C);
Discutir diagnóstico, prognóstico, planejamento de longo prazo, e a ausência de opções efetivas de medicamento (nível B); e
Considerar discutir pesquisa de biomarcadores com os pacientes com DCL e famílias (nível C).
O desenvolvimento da diretriz foi financiado pela American Academy of Neurology. Declarações completas para o painel das diretrizes estão listadas no artigo original.
Artigo original: Practice guideline update summary: Mild cognitive impairment
Ronald C. Petersen, Oscar Lopez, Melissa J. Armstrong, Thomas S.D. Getchius, Mary Ganguli, David Gloss, Gary S. Gronseth, Daniel Marson, Tamara Pringsheim, Gregory S. Day, Mark Sager, James Stevens, Alexander Rae-Grant
Neurology Dec 2017, 10.1212/WNL.0000000000004826; DOI: 10.1212/WNL.0000000000004826
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501956?faf=1&src=soc_fb_210118_mscpmrk_ptpost_exercmente
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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
Metanálise evidencia que suplementos não previnem fraturas em adultos e idosos saudáveis
Uma meta-análise de múltiplos ensaios randomizados não embasa o uso de suplementos de cálcio ou vitamina D ou a combinação deles para reduzir o risco de fratura de qualquer tipo em idosos saudáveis, reafirmam pesquisadores chineses.
"O aumento dos impactos sociais e econômicos para as fraturas relacionadas à osteoporose em todo o mundo faz da prevenção de tais lesões um importante objetivo de saúde pública", escrevem o Dr. Jia-Guo Zhao, Tianjin Hospital (China) e colaboradores.
"Mas os resultados desta meta-análise mostraram que o cálcio, o cálcio mais a vitamina D, e suplementação com vitamina D isoladamente, não foram significativamente associados a uma menor incidência de fraturas do quadril, não vertebral, vertebral ou total em idosos que vivem na comunidade" observam eles.
"E estes resultados foram geralmente consistentes, independentemente de dose de cálcio ou vitamina D, sexo, história de fratura, ingesta dietética de cálcio, e concentrações séricas basais de 25-hidroxivitamina D", concluem os autores.
O estudo foi publicado na edição de 26 de dezembro do Journal of the American Medical Association.
A meta-análise incluiu 33 ensaios clínicos randomizados envolvendo 51.145 participantes com idade superior a 50 anos. "Quatorze estudos compararam suplementos de cálcio com placebo ou nenhum tratamento", escrevem os pesquisadores. Eles observaram uma redução de 53% no risco relativo (RR) de fratura do quadril com suplementação de cálcio (RR, 1,53; IC de 95%, 0,97 - 2,42), mas isso não foi significativo, com uma diferença absoluta de risco (DAR) de 0,01 em comparação com o placebo ou nenhum tratamento.
Da mesma forma, a redução absoluta do risco relativo com suplementação de cálcio e fraturas não-vertebrais foi de 0,95 (IC de 95%, 0,82 - 1,11), com uma DAR de -0,01. Isto não foi novamente significativo em comparação com placebo ou ausência de tratamento. Também não foi observada associação significativa entre o risco de fratura vertebral, com uma redução do risco relativo de 0,83 (IC de 95%, 0,66 - 1,05) e uma DAR de -0,01, ou em fraturas totais, com uma redução relativa do risco de 0,88 (IC de 95%, 0,75 - 1,03) e uma DAR de -0,02, em comparação com o placebo ou nenhum tratamento, acrescentam os pesquisadores.
"Dezessete estudos compararam a suplementação de vitamina D com um placebo ou nenhum tratamento", continuam os pesquisadores. Houve novamente uma ligeira redução de 21% no risco relativo de fratura de quadril com suplementação de vitamina D em comparação com placebo ou nenhum tratamento (RR, 1,21; IC de 95%, 0,99-1,47), com DAR de 0,00.
No entanto, a diferença entre o grupo suplementado e aqueles que não usaram suplementos novamente não foi significativa, como destacaram os pesquisadores. Também não foi observada redução significativa em fraturas não-vertebrais e suplementação de vitamina D (RR de 1,10; IC de 95%, 1,00 - 1,21), com DAR de 0,01. O mesmo foi verdadeiro para as fraturas vertebrais e totais em comparação com o placebo ou nenhum tratamento, com risco relativo de fraturas vertebrais de 0,97 (IC de 95%, 0,54 - 1,77) e 1,01 para fraturas totais (IC de 95%, 0,87 - 1,17), com uma DAR de 0,00 para ambos desfechos de fratura.
Avaliando a combinação de suplementos de cálcio e vitamina D, os pesquisadores identificaram 13 ensaios nos quais a combinação foi comparada com placebo ou ausência de tratamento. O principal estudo incluído nessa subanálise foi o Women's Health Initiative, no qual mais de 36.000 mulheres receberam cálcio e vitamina D, com ou sem terapia hormonal, ou placebo.
Novamente, os pesquisadores não encontraram associação clinicamente relevante entre o uso de vitamina D mais suplementação de cálcio e qualquer um dos desfechos de fratura. Para a fratura do quadril, o risco relativo foi de 1,09 entre os grupos com suplemento e sem suplemento (IC de 95%, 0,85 - 1,39), com DAR de 0,00. Para a fratura vertebral, a redução do risco relativo foi de 0,63 (IC de 95%, 0,29 - 1,40), com uma DAR de -0,00, enquanto que para as fraturas totais, a redução do risco relativo foi de 0,90 (IC de 95%, 0,78 - 1,04), com uma DAR de -0,01, em comparação com ausência de suplementação.
"Análises de sensibilidade que excluíram ensaios de baixa qualidade e estudos que inscreveram exclusivamente pacientes com condições médicas particulares não alteraram esses resultados", observam os pesquisadores.
Os autores advertem que é possível que os pacientes institucionalizados ainda possam se beneficiar de suplementação de cálcio ou vitamina D, uma vez que estão sob maior risco de osteoporose devido a múltiplos fatores de estilo de vida. Assim, "os benefícios da suplementação de cálcio e vitamina D podem diferir entre pessoas que vivem na comunidade e pessoas que vivem em instituições de longa permanência".
No entanto, entre homens e mulheres saudáveis o suficiente para viver na comunidade, os "resultados não embasam o uso rotineiro desses suplementos", afirmam os autores.
Os autores não relataram conflitos de interesses relevantes.
Artigo original: Zhao J, Zeng X, Wang J, Liu L. Association Between Calcium or Vitamin D Supplementation and Fracture Incidence in Community-Dwelling Older AdultsA Systematic Review and Meta-analysis. JAMA. 2017;318(24):2466–2482. doi:10.1001/jama.2017.19344
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501936
"O aumento dos impactos sociais e econômicos para as fraturas relacionadas à osteoporose em todo o mundo faz da prevenção de tais lesões um importante objetivo de saúde pública", escrevem o Dr. Jia-Guo Zhao, Tianjin Hospital (China) e colaboradores.
"Mas os resultados desta meta-análise mostraram que o cálcio, o cálcio mais a vitamina D, e suplementação com vitamina D isoladamente, não foram significativamente associados a uma menor incidência de fraturas do quadril, não vertebral, vertebral ou total em idosos que vivem na comunidade" observam eles.
"E estes resultados foram geralmente consistentes, independentemente de dose de cálcio ou vitamina D, sexo, história de fratura, ingesta dietética de cálcio, e concentrações séricas basais de 25-hidroxivitamina D", concluem os autores.
O estudo foi publicado na edição de 26 de dezembro do Journal of the American Medical Association.
A meta-análise incluiu 33 ensaios clínicos randomizados envolvendo 51.145 participantes com idade superior a 50 anos. "Quatorze estudos compararam suplementos de cálcio com placebo ou nenhum tratamento", escrevem os pesquisadores. Eles observaram uma redução de 53% no risco relativo (RR) de fratura do quadril com suplementação de cálcio (RR, 1,53; IC de 95%, 0,97 - 2,42), mas isso não foi significativo, com uma diferença absoluta de risco (DAR) de 0,01 em comparação com o placebo ou nenhum tratamento.
Da mesma forma, a redução absoluta do risco relativo com suplementação de cálcio e fraturas não-vertebrais foi de 0,95 (IC de 95%, 0,82 - 1,11), com uma DAR de -0,01. Isto não foi novamente significativo em comparação com placebo ou ausência de tratamento. Também não foi observada associação significativa entre o risco de fratura vertebral, com uma redução do risco relativo de 0,83 (IC de 95%, 0,66 - 1,05) e uma DAR de -0,01, ou em fraturas totais, com uma redução relativa do risco de 0,88 (IC de 95%, 0,75 - 1,03) e uma DAR de -0,02, em comparação com o placebo ou nenhum tratamento, acrescentam os pesquisadores.
"Dezessete estudos compararam a suplementação de vitamina D com um placebo ou nenhum tratamento", continuam os pesquisadores. Houve novamente uma ligeira redução de 21% no risco relativo de fratura de quadril com suplementação de vitamina D em comparação com placebo ou nenhum tratamento (RR, 1,21; IC de 95%, 0,99-1,47), com DAR de 0,00.
No entanto, a diferença entre o grupo suplementado e aqueles que não usaram suplementos novamente não foi significativa, como destacaram os pesquisadores. Também não foi observada redução significativa em fraturas não-vertebrais e suplementação de vitamina D (RR de 1,10; IC de 95%, 1,00 - 1,21), com DAR de 0,01. O mesmo foi verdadeiro para as fraturas vertebrais e totais em comparação com o placebo ou nenhum tratamento, com risco relativo de fraturas vertebrais de 0,97 (IC de 95%, 0,54 - 1,77) e 1,01 para fraturas totais (IC de 95%, 0,87 - 1,17), com uma DAR de 0,00 para ambos desfechos de fratura.
Avaliando a combinação de suplementos de cálcio e vitamina D, os pesquisadores identificaram 13 ensaios nos quais a combinação foi comparada com placebo ou ausência de tratamento. O principal estudo incluído nessa subanálise foi o Women's Health Initiative, no qual mais de 36.000 mulheres receberam cálcio e vitamina D, com ou sem terapia hormonal, ou placebo.
Novamente, os pesquisadores não encontraram associação clinicamente relevante entre o uso de vitamina D mais suplementação de cálcio e qualquer um dos desfechos de fratura. Para a fratura do quadril, o risco relativo foi de 1,09 entre os grupos com suplemento e sem suplemento (IC de 95%, 0,85 - 1,39), com DAR de 0,00. Para a fratura vertebral, a redução do risco relativo foi de 0,63 (IC de 95%, 0,29 - 1,40), com uma DAR de -0,00, enquanto que para as fraturas totais, a redução do risco relativo foi de 0,90 (IC de 95%, 0,78 - 1,04), com uma DAR de -0,01, em comparação com ausência de suplementação.
"Análises de sensibilidade que excluíram ensaios de baixa qualidade e estudos que inscreveram exclusivamente pacientes com condições médicas particulares não alteraram esses resultados", observam os pesquisadores.
Os autores advertem que é possível que os pacientes institucionalizados ainda possam se beneficiar de suplementação de cálcio ou vitamina D, uma vez que estão sob maior risco de osteoporose devido a múltiplos fatores de estilo de vida. Assim, "os benefícios da suplementação de cálcio e vitamina D podem diferir entre pessoas que vivem na comunidade e pessoas que vivem em instituições de longa permanência".
No entanto, entre homens e mulheres saudáveis o suficiente para viver na comunidade, os "resultados não embasam o uso rotineiro desses suplementos", afirmam os autores.
Os autores não relataram conflitos de interesses relevantes.
Artigo original: Zhao J, Zeng X, Wang J, Liu L. Association Between Calcium or Vitamin D Supplementation and Fracture Incidence in Community-Dwelling Older AdultsA Systematic Review and Meta-analysis. JAMA. 2017;318(24):2466–2482. doi:10.1001/jama.2017.19344
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501936
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Ácido fólico em gestantes em tratamento com antiepiléticos associado a menor risco de autismo
A suplementação com ácido fólico, tanto pré quanto perigestacional, pode abrandar o risco de autismo na prole de mulheres em tratamento com drogas antiepiléticas (DAE), mostra uma nova pesquisa.
Pesquisadores noruegueses estudaram o risco de características autistas na prole de quase 105.000 mulheres com epilepsia e descobriram que aquelas que foram tratadas com DAEs durante a gestação tinham risco de cinco a oito vezes maior de dar à luz uma criança autista se não receberam ácido fólico durante o período de concepção.
Um terço das crianças cujas mães não haviam sido tratadas com suplementação de ácido fólico durante o período periconcepcional tinha traços autistas aos 18 e 36 meses. Maiores concentrações de folato no plasma materno entre a 17a e 19a semanas gestacionais foram associadas a menos traços autistas aos 36 meses.
"Filhos de mulheres que usaram drogas antiepiléticas acompanhadas de suplementos de ácido fólico antes da gestação, ou no primeiro trimestre, tiveram um risco bastante reduzido de traços autistas comparados aos filhos de mulheres que não usaram tais suplementos," relatou ao Medscape a Dra. Marte Bjørk, principal pesquisadora e neurologista do Departamento de Medicina Clínica do Haukeland University Hospital, em Bergen (Noruega).
Mulheres que estejam em tratamento com DAEs, e que tenham possibilidade de engravidar, devem ser suplementadas com baixas doses de ácido fólico ou, como alternativa, ter o folato sérico checado regularmente, aconselha ela.
O estudo foi publicado on-line em 26 de dezembro no JAMA Neurology.
"Magnitude surpreendente"
Crianças expostas a DAEs durante a gestação têm risco aumentado de traços autistas, provavelmente devido a "mecanismos embriotóxicos e interações genético-ambientais", escrevem os autores.
"A exposição intra-uterina às DAEs tem sido associada a traços de autismo e de transtorno do espectro autista (TEA), e estas drogas interferem com o metabolismo do folato, ou seja, mulheres portadoras de epilepsia têm maior risco de baixo folato durante a gravidez," explica a Dra. Marte.
A administração adequada de ácido fólico reduz levemente o risco de TEA na população geral, mas estudos anteriores ainda não haviam examinado se a redução de risco com tal suplementação também se aplicaria a mulheres em tratamento com DAEs, observa ela.
"Nós então pensamos em investigar se o nível de folato materno e a suplementação de ácido fólico reduziriam o risco de traços autistas em crianças expostas a DAEs na gestação."
Para explorar a questão, os pesquisadores analisaram mulheres (n=104.946; idade média de 29,8; desvio-padrão de 4,6 anos) que participavam do registro Norwegian Mother and Child Cohort Study.
As mães receberam questionários para serem preenchidos entre a 17a e 19a semanas gestacionais (Q1), e aos 18 e 36 meses de idade da criança (Q3 e Q4, respectivamente).
O estudo incluiu filhos de mulheres com epilepsia tratadas com DAEs durante a gestação (n=335), filhos de mulheres com epilepsia porém sem tratamento com DAEs (n=389), e filhos de mulheres sem diagnóstico da doença, que funcionaram como grupo controle (n=104.222).
A monoterapia com DAEs incluiu lamotrigina, carbamazepina, valproato de sódio, levetiracetam, topiramato, oxcarbazepina, clonazepam, fenitoína ou fenitoína sódica, fenobarbital, gabapentina, primidona e clobazam. Valproato foi incluído em 19 combinações politerapêuticas.
A administração "periconcepcional" foi definida como "suplementação de ácido fólico desde quatro semanas antes até 12 semanas após a concepção."
Dentre as mães com epilepsia em tratamento com DAEs, 139 reportaram a dose, e, destas, 84 (60,4%) relataram o uso de alta dose de ácido fólico (>0,4 mg/d).
Amostras de sangue materno foram obtidas entre a 17a e 19a semanas gestacionais, e o sangue do cordão umbilical imediatamente após o parto em mulheres com epilepsia em tratamento com DAEs, e, nestas, foram analisados o metabólitos ativo 5-metiltetrahidrofolato (mTHF), os produtos de degradação 4-α-hidroxi-mTHF, p-aminobenzoilglutamato, p-acetamidobenzoilglutamato e ácido fólico não metabolizado. Foram analisadas também em ambas amostras as concentrações de DAEs.
Para medir os traços autistas nas crianças, foram utilizadas as escalas Modified Checklist for Autism in Toddlers e o Social Communication Questionnaire (SCQ) aos 18 e 36 meses, respectivamente.
As variáveis incluídas na análise de regressão logística foram idade materna, condição sócio-econômica, baixa renda familiar, paridade, tabagismo, uso de álcool, sintomas depressivos na mãe e politerapia com DAEs.
Os pesquisadores concluíram que a odds ratio ajustada (ORA) para traços autistas entre crianças de 18 meses cujas mães foram tratadas com DAEs sem suplementação de ácido fólico foi de 5,9 (IC de 95%, 2,2-15,8), comparada com aquelas cujas mães foram suplementadas. Em crianças de 36 meses de idade, a ORA correspondente foi 7,9 (IC de 95%, 2,5-24,9).
As ORAs correspondentes em filhos de mulheres sem epilepsia aos 18 e 36 meses de idade foram 1,3 IC de 95%, 1,2-1,4) e 1,7 (IC de 95%, 1,5-1,9), respectivamente.
Não foi observado aumento significativo de traços autistas aos 18 e 36 meses de idade em filhos de mulheres com epilepsia não tratada com DAEs, independente de suplementação.
Foi observada uma associação inversa em crianças expostas a DAEs entre escore médio de SCQ e concentração de folato no plasma materno entre a 17a e 19a semanas gestacionais. O quartil com as menores concentrações de folato apresentaram um escore de SCQ mais alto do que o quartil com as concentrações mais altas, onde escore alto significa mais traços autistas.
Da mesma forma, as análises ad hoc ajustadas para fatores de confusão mostraram uma associação inversa linear entre escore médio de SCQ e dose de ácido fólico em qualquer semana gestacional, mas a associação foi mais pronunciada para suplementação no primeiro trimestre (β = -0,45; P<0 p="">
O tempo médio para início da suplementação foi idade gestacional de 6,5 semanas para mães de crianças com traços autistas aos 18 meses, e de 12,5 semanas para aquelas cujos filhos apresentaram os mesmos traços aos 36 meses.
Mães de crianças sem traços autistas mais frequentemente iniciaram suplementação com ácido fólico antes da gravidez em comparação com aquelas que tiveram filhos com traços autistas aos 18 e 36 meses (mediana 6,5 semanas, P=0,007, e 12,5 semanas P=0,01, respectivamente).
A associação entre suplementação com ácido fólico periconcepcional e traços autistas em crianças expostas a DAEs parece existir com todas as DAEs.
A análise post hoc revelou uma interação "altamente significativa" de tratamento com DAEs acrescida de suplementação com ácido fólico e número de traços autistas (B = -3,1; erro padrão = 1,1; β = -0,42; P = 0,004).
A Dra. Marte reconhece que apesar da "direção dos achados" ter sido esperada, ela foi surpreendida pela "magnitude do efeito."
"Nossos resultados se mantiveram mesmo após o ajuste para fatores de confusão relevantes", acrescenta ela.
"Mistério sem solução"
Comentando os achados com o Medscape, Darrell Wiens, PhD e professor de biologia da University of Northern Iowa, em Cedar Falls (Estados Unidos), que não participou do estudo, considerou esta "uma importante contribuição pois, até o momento, havíamos estudado muito pouco a questão das DAEs durante a gestação e a possibilidade de o ácido fólico oferecer alguma proteção nestes casos."
Ele salienta alguns pontos fortes do estudo: a quantidade de mulheres estudadas, o fato de ter sido realizado em longo prazo, testando para autismo em duas idades diferentes, e o controle de múltiplas variáveis.
Disto isto, porém, ele observa que não ficou claro se a suplementação foi de ácido fólico puro ou como componente de um multivitamínico.
"Isso faria diferença, pois o multivitamínico garantiria a ingesta de várias vitaminas, fazendo com que a correlação possa ser entre nutrição completa versus incompleta."
E mais, as diferentes DAEs "podem provavelmente ter mecanismos de ação diferentes, mas foram todas incluídas no estudo como uma categoria na maioria das análises."
Embora os dados suplementares que acompanham o estudo tenham acrescentado uma análise mais detalhada, "os autores concluíram simplesmente que a associação entre traços autistas e DAEs estava presente para todos."
Sua própria pesquisa mostrou que o ácido fólico é um fator de risco para transtorno do espectro autista, e que "existem fortes razões para se ter cuidado com altas doses de ácido fólico em grávidas, especialmente durante a época perinatal e no decorrer da gestação," adverte ele.
No editorial de acompanhamento, o Dr. Kimford J. Meador, professor de neurologia e neurociência da Stanford University, e diretor clínico do Stanford Comprehensive Epilepsy Center, na California (Estados Unidos), recomenda que as "mulheres com possibilidade de engravidar", especialmente aquelas sendo tratadas com DAEs, "tomem suplementos de folato continuamente."
Não está claro, porém, que dose deve ser utilizada, já que "alguns estudos na população geral sugerem risco adverso com folato em altas doses," observa ele, acrescentando que as doses mais seguras e eficazes "podem ser diferentes entre mulheres na população geral e aquelas tomando DAEs."
A Dra. Marte concorda que a dose ideal ainda requer mais estudo. "Apesar de termos visto o efeito de altas doses de suplementos de ácido fólico, a dose correta para os vários tipos de DAEs ainda é uma questão não resolvida que deve ser estudada em pesquisas futuras."
Este estudo foi financiado pela Norwegian Epilepsy Association. O Norwegian Mother and Child Cohort Study é financiado pelos ministérios da saúde e educação noruegueses, National Institute of Environmental Health Science, National Institute of Neurological Disorders and Stroke, e o Norwegian Research Council/Functional Genomics. A Dra. Marte informa ter recebido honorários como palestrante e consultora da Novartis. Nenhum outro conflito de interesse da autora. O Dr Wiens não informou relações financeiras relevantes. O Dr. Meador informou ter recebido financiamento para pesquisa dos National Institutes of Health, e de Sunovion Pharmaceuticals, e pagamentos para a Stanford University do Epilepsy Study Consortium por consultorias prestadas a Eisai, GW Pharmaceuticals, Neuro-Pace, Novartis, Supernus, Upsher-SmithLaboratories, UCB Pharma e Vivus Pharmaceuticals.
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501940#vp_30>
Pesquisadores noruegueses estudaram o risco de características autistas na prole de quase 105.000 mulheres com epilepsia e descobriram que aquelas que foram tratadas com DAEs durante a gestação tinham risco de cinco a oito vezes maior de dar à luz uma criança autista se não receberam ácido fólico durante o período de concepção.
Um terço das crianças cujas mães não haviam sido tratadas com suplementação de ácido fólico durante o período periconcepcional tinha traços autistas aos 18 e 36 meses. Maiores concentrações de folato no plasma materno entre a 17a e 19a semanas gestacionais foram associadas a menos traços autistas aos 36 meses.
"Filhos de mulheres que usaram drogas antiepiléticas acompanhadas de suplementos de ácido fólico antes da gestação, ou no primeiro trimestre, tiveram um risco bastante reduzido de traços autistas comparados aos filhos de mulheres que não usaram tais suplementos," relatou ao Medscape a Dra. Marte Bjørk, principal pesquisadora e neurologista do Departamento de Medicina Clínica do Haukeland University Hospital, em Bergen (Noruega).
Mulheres que estejam em tratamento com DAEs, e que tenham possibilidade de engravidar, devem ser suplementadas com baixas doses de ácido fólico ou, como alternativa, ter o folato sérico checado regularmente, aconselha ela.
O estudo foi publicado on-line em 26 de dezembro no JAMA Neurology.
"Magnitude surpreendente"
Crianças expostas a DAEs durante a gestação têm risco aumentado de traços autistas, provavelmente devido a "mecanismos embriotóxicos e interações genético-ambientais", escrevem os autores.
"A exposição intra-uterina às DAEs tem sido associada a traços de autismo e de transtorno do espectro autista (TEA), e estas drogas interferem com o metabolismo do folato, ou seja, mulheres portadoras de epilepsia têm maior risco de baixo folato durante a gravidez," explica a Dra. Marte.
A administração adequada de ácido fólico reduz levemente o risco de TEA na população geral, mas estudos anteriores ainda não haviam examinado se a redução de risco com tal suplementação também se aplicaria a mulheres em tratamento com DAEs, observa ela.
"Nós então pensamos em investigar se o nível de folato materno e a suplementação de ácido fólico reduziriam o risco de traços autistas em crianças expostas a DAEs na gestação."
Para explorar a questão, os pesquisadores analisaram mulheres (n=104.946; idade média de 29,8; desvio-padrão de 4,6 anos) que participavam do registro Norwegian Mother and Child Cohort Study.
As mães receberam questionários para serem preenchidos entre a 17a e 19a semanas gestacionais (Q1), e aos 18 e 36 meses de idade da criança (Q3 e Q4, respectivamente).
O estudo incluiu filhos de mulheres com epilepsia tratadas com DAEs durante a gestação (n=335), filhos de mulheres com epilepsia porém sem tratamento com DAEs (n=389), e filhos de mulheres sem diagnóstico da doença, que funcionaram como grupo controle (n=104.222).
A monoterapia com DAEs incluiu lamotrigina, carbamazepina, valproato de sódio, levetiracetam, topiramato, oxcarbazepina, clonazepam, fenitoína ou fenitoína sódica, fenobarbital, gabapentina, primidona e clobazam. Valproato foi incluído em 19 combinações politerapêuticas.
A administração "periconcepcional" foi definida como "suplementação de ácido fólico desde quatro semanas antes até 12 semanas após a concepção."
Dentre as mães com epilepsia em tratamento com DAEs, 139 reportaram a dose, e, destas, 84 (60,4%) relataram o uso de alta dose de ácido fólico (>0,4 mg/d).
Amostras de sangue materno foram obtidas entre a 17a e 19a semanas gestacionais, e o sangue do cordão umbilical imediatamente após o parto em mulheres com epilepsia em tratamento com DAEs, e, nestas, foram analisados o metabólitos ativo 5-metiltetrahidrofolato (mTHF), os produtos de degradação 4-α-hidroxi-mTHF, p-aminobenzoilglutamato, p-acetamidobenzoilglutamato e ácido fólico não metabolizado. Foram analisadas também em ambas amostras as concentrações de DAEs.
Para medir os traços autistas nas crianças, foram utilizadas as escalas Modified Checklist for Autism in Toddlers e o Social Communication Questionnaire (SCQ) aos 18 e 36 meses, respectivamente.
As variáveis incluídas na análise de regressão logística foram idade materna, condição sócio-econômica, baixa renda familiar, paridade, tabagismo, uso de álcool, sintomas depressivos na mãe e politerapia com DAEs.
Os pesquisadores concluíram que a odds ratio ajustada (ORA) para traços autistas entre crianças de 18 meses cujas mães foram tratadas com DAEs sem suplementação de ácido fólico foi de 5,9 (IC de 95%, 2,2-15,8), comparada com aquelas cujas mães foram suplementadas. Em crianças de 36 meses de idade, a ORA correspondente foi 7,9 (IC de 95%, 2,5-24,9).
As ORAs correspondentes em filhos de mulheres sem epilepsia aos 18 e 36 meses de idade foram 1,3 IC de 95%, 1,2-1,4) e 1,7 (IC de 95%, 1,5-1,9), respectivamente.
Não foi observado aumento significativo de traços autistas aos 18 e 36 meses de idade em filhos de mulheres com epilepsia não tratada com DAEs, independente de suplementação.
Foi observada uma associação inversa em crianças expostas a DAEs entre escore médio de SCQ e concentração de folato no plasma materno entre a 17a e 19a semanas gestacionais. O quartil com as menores concentrações de folato apresentaram um escore de SCQ mais alto do que o quartil com as concentrações mais altas, onde escore alto significa mais traços autistas.
Da mesma forma, as análises ad hoc ajustadas para fatores de confusão mostraram uma associação inversa linear entre escore médio de SCQ e dose de ácido fólico em qualquer semana gestacional, mas a associação foi mais pronunciada para suplementação no primeiro trimestre (β = -0,45; P<0 p="">
O tempo médio para início da suplementação foi idade gestacional de 6,5 semanas para mães de crianças com traços autistas aos 18 meses, e de 12,5 semanas para aquelas cujos filhos apresentaram os mesmos traços aos 36 meses.
Mães de crianças sem traços autistas mais frequentemente iniciaram suplementação com ácido fólico antes da gravidez em comparação com aquelas que tiveram filhos com traços autistas aos 18 e 36 meses (mediana 6,5 semanas, P=0,007, e 12,5 semanas P=0,01, respectivamente).
A associação entre suplementação com ácido fólico periconcepcional e traços autistas em crianças expostas a DAEs parece existir com todas as DAEs.
A análise post hoc revelou uma interação "altamente significativa" de tratamento com DAEs acrescida de suplementação com ácido fólico e número de traços autistas (B = -3,1; erro padrão = 1,1; β = -0,42; P = 0,004).
A Dra. Marte reconhece que apesar da "direção dos achados" ter sido esperada, ela foi surpreendida pela "magnitude do efeito."
"Nossos resultados se mantiveram mesmo após o ajuste para fatores de confusão relevantes", acrescenta ela.
"Mistério sem solução"
Comentando os achados com o Medscape, Darrell Wiens, PhD e professor de biologia da University of Northern Iowa, em Cedar Falls (Estados Unidos), que não participou do estudo, considerou esta "uma importante contribuição pois, até o momento, havíamos estudado muito pouco a questão das DAEs durante a gestação e a possibilidade de o ácido fólico oferecer alguma proteção nestes casos."
Ele salienta alguns pontos fortes do estudo: a quantidade de mulheres estudadas, o fato de ter sido realizado em longo prazo, testando para autismo em duas idades diferentes, e o controle de múltiplas variáveis.
Disto isto, porém, ele observa que não ficou claro se a suplementação foi de ácido fólico puro ou como componente de um multivitamínico.
"Isso faria diferença, pois o multivitamínico garantiria a ingesta de várias vitaminas, fazendo com que a correlação possa ser entre nutrição completa versus incompleta."
E mais, as diferentes DAEs "podem provavelmente ter mecanismos de ação diferentes, mas foram todas incluídas no estudo como uma categoria na maioria das análises."
Embora os dados suplementares que acompanham o estudo tenham acrescentado uma análise mais detalhada, "os autores concluíram simplesmente que a associação entre traços autistas e DAEs estava presente para todos."
Sua própria pesquisa mostrou que o ácido fólico é um fator de risco para transtorno do espectro autista, e que "existem fortes razões para se ter cuidado com altas doses de ácido fólico em grávidas, especialmente durante a época perinatal e no decorrer da gestação," adverte ele.
No editorial de acompanhamento, o Dr. Kimford J. Meador, professor de neurologia e neurociência da Stanford University, e diretor clínico do Stanford Comprehensive Epilepsy Center, na California (Estados Unidos), recomenda que as "mulheres com possibilidade de engravidar", especialmente aquelas sendo tratadas com DAEs, "tomem suplementos de folato continuamente."
Não está claro, porém, que dose deve ser utilizada, já que "alguns estudos na população geral sugerem risco adverso com folato em altas doses," observa ele, acrescentando que as doses mais seguras e eficazes "podem ser diferentes entre mulheres na população geral e aquelas tomando DAEs."
A Dra. Marte concorda que a dose ideal ainda requer mais estudo. "Apesar de termos visto o efeito de altas doses de suplementos de ácido fólico, a dose correta para os vários tipos de DAEs ainda é uma questão não resolvida que deve ser estudada em pesquisas futuras."
Este estudo foi financiado pela Norwegian Epilepsy Association. O Norwegian Mother and Child Cohort Study é financiado pelos ministérios da saúde e educação noruegueses, National Institute of Environmental Health Science, National Institute of Neurological Disorders and Stroke, e o Norwegian Research Council/Functional Genomics. A Dra. Marte informa ter recebido honorários como palestrante e consultora da Novartis. Nenhum outro conflito de interesse da autora. O Dr Wiens não informou relações financeiras relevantes. O Dr. Meador informou ter recebido financiamento para pesquisa dos National Institutes of Health, e de Sunovion Pharmaceuticals, e pagamentos para a Stanford University do Epilepsy Study Consortium por consultorias prestadas a Eisai, GW Pharmaceuticals, Neuro-Pace, Novartis, Supernus, Upsher-SmithLaboratories, UCB Pharma e Vivus Pharmaceuticals.
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501940#vp_30>
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Dr. Frederico Lobo
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terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Nova proposta de rótulo nos alimentos
Após anos de discussão, os rótulos dos alimentos irão mudar. Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou as iniciativas regulatórias para atualização da rotulagem de alergênicos e para a revisão das regras para rotulagem nutricional de alimentos. De acordo com a agência, a forma como os nutrientes são apresentados atualmente é pouco útil para que as pessoas possam fazer escolhas mais saudáveis na hora de ir às compras.
A agência já vem estudando o tema e deve apresentar uma proposta de nova rotulagem com base em uma série de avaliações que vêm sendo feitas em parceria com entidades de defesa do consumidor, universidades e a própria indústria. Até o momento, as principais propostas de novos modelos foram apresentadas pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No entanto, a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) defende uma terceira proposta que será apresentada à Anvisa o mais breve possível. Chama de Nutri-score, o modelo defendido pela associação, foi desenvolvido pela Universidade Paris XIII e passou a ser utilizado na França este ano. Basicamente, ele avalia cada alimento de acordo com sua densidade nutricional, ou seja, qualidade nutricional como um todo, incluindo os ingredientes bons e ruins para a saúde.
“Vamos propor à Anvisa o Nutri-score da maneira como ele foi concebido, que avalia o que há de positivo e negativo no mesmo produto e é oposto da rotulagem restritiva, que não nos agrada.”, diz Carlos Alberto Nogueira de Almeida, diretor do Departamento de Nutrologia Pediátrica da Associação Brasileira de Nutrologia.
Como funciona?
As classificações são assinaladas por letras e cores diferentes, que variam do verde (classificação A), para alimentos com a melhor qualidade nutricional, ao laranja escuro (classificação E), para aqueles com a pior qualidade. No estudo desenvolvido na França para decidir qual seria o melhor rótulo nutricional, quatro opções foram comparadas, e o Nutri-score foi considerado o melhor esquema para o consumidor.
O modelo proposto pelo Idec é chamado método de advertência. Baseado no modelo já utilizado no Chile, que utiliza hexágonos pretos como alerta, o projeto consiste em indicar, por meio de triângulos pretos, o alto teor de determinadas substâncias, como açúcar, sódio, gordura saturada, gordura trans e adoçante nos produtos.
“Na nutrologia batalhamos para que a nutrição deixe de ser de proibições e seja de orientações. Por exemplo, uma barra de cereal é boa ou ruim? Depende da hora, da barra e do consumo. E é isso o que o Nutri-score propõe. Tem produtos lácteos e biscoitos, por exemplo, em todas as categorias, de acordo com a composição nutricional de cada um como um todo.”, explica Almeida.
Outros modelos
A proposta desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) foi desenvolvida em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consiste na ilustração de um selo de advertência na parte da frente da embalagem de alimentos processados e ultraprocessados (como sopas instantâneas, refrigerantes, biscoitos, etc.) para indicar quando há excesso dos nutrientes potencialmente danosos, como açúcar, sódio, gorduras totais, saturadas e trans, e adoçante.
O modelo foi inspirado na rotulagem já utilizada no Chile, que usa um símbolo no formato de octógono preto como alerta.
Já a proposta da Abia e da CNI baseia-se no modelo utilizado no Reino Unido e no Equador que usa as cores do semáforo – verde, amarelo e vermelho – para alertar sobre quantidades de elementos possivelmente nocivas à saúde. Funciona assim: substâncias ilustradas na cor amarela sinalizam que o consumo acima da porção recomendada pode prejudicar o equilíbrio alimentar. Já a cor vermelha demonstra que os níveis do nutriente são considerados altos e a verde, que os níveis do nutriente são baixos ou adequados para o consumo do alimento na porção mostrada.
Além disso, em cada componente é ilustrado a quantidade por porção e em porcentagem em relação a uma dieta de 2.000 calorias diárias.
“Independente do modelo escolhido, queremos que a Anvisa avalie essa nova opção. A proposta final, de repente, pode ser uma adaptação de dois modelos diferentes, quem sabe? O importante é a sociedade se manifestar de forma independente, afinal, a população será a principal impactada”, finaliza Almeida.
Fonte: https://veja.abril.com.br/saude/associacao-de-medicos-propoe-um-novo-rotulo-nos-alimentos/
A agência já vem estudando o tema e deve apresentar uma proposta de nova rotulagem com base em uma série de avaliações que vêm sendo feitas em parceria com entidades de defesa do consumidor, universidades e a própria indústria. Até o momento, as principais propostas de novos modelos foram apresentadas pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No entanto, a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) defende uma terceira proposta que será apresentada à Anvisa o mais breve possível. Chama de Nutri-score, o modelo defendido pela associação, foi desenvolvido pela Universidade Paris XIII e passou a ser utilizado na França este ano. Basicamente, ele avalia cada alimento de acordo com sua densidade nutricional, ou seja, qualidade nutricional como um todo, incluindo os ingredientes bons e ruins para a saúde.
“Vamos propor à Anvisa o Nutri-score da maneira como ele foi concebido, que avalia o que há de positivo e negativo no mesmo produto e é oposto da rotulagem restritiva, que não nos agrada.”, diz Carlos Alberto Nogueira de Almeida, diretor do Departamento de Nutrologia Pediátrica da Associação Brasileira de Nutrologia.
Como funciona?
As classificações são assinaladas por letras e cores diferentes, que variam do verde (classificação A), para alimentos com a melhor qualidade nutricional, ao laranja escuro (classificação E), para aqueles com a pior qualidade. No estudo desenvolvido na França para decidir qual seria o melhor rótulo nutricional, quatro opções foram comparadas, e o Nutri-score foi considerado o melhor esquema para o consumidor.
O modelo proposto pelo Idec é chamado método de advertência. Baseado no modelo já utilizado no Chile, que utiliza hexágonos pretos como alerta, o projeto consiste em indicar, por meio de triângulos pretos, o alto teor de determinadas substâncias, como açúcar, sódio, gordura saturada, gordura trans e adoçante nos produtos.
“Na nutrologia batalhamos para que a nutrição deixe de ser de proibições e seja de orientações. Por exemplo, uma barra de cereal é boa ou ruim? Depende da hora, da barra e do consumo. E é isso o que o Nutri-score propõe. Tem produtos lácteos e biscoitos, por exemplo, em todas as categorias, de acordo com a composição nutricional de cada um como um todo.”, explica Almeida.
Outros modelos
A proposta desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) foi desenvolvida em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consiste na ilustração de um selo de advertência na parte da frente da embalagem de alimentos processados e ultraprocessados (como sopas instantâneas, refrigerantes, biscoitos, etc.) para indicar quando há excesso dos nutrientes potencialmente danosos, como açúcar, sódio, gorduras totais, saturadas e trans, e adoçante.
O modelo foi inspirado na rotulagem já utilizada no Chile, que usa um símbolo no formato de octógono preto como alerta.
Já a proposta da Abia e da CNI baseia-se no modelo utilizado no Reino Unido e no Equador que usa as cores do semáforo – verde, amarelo e vermelho – para alertar sobre quantidades de elementos possivelmente nocivas à saúde. Funciona assim: substâncias ilustradas na cor amarela sinalizam que o consumo acima da porção recomendada pode prejudicar o equilíbrio alimentar. Já a cor vermelha demonstra que os níveis do nutriente são considerados altos e a verde, que os níveis do nutriente são baixos ou adequados para o consumo do alimento na porção mostrada.
Além disso, em cada componente é ilustrado a quantidade por porção e em porcentagem em relação a uma dieta de 2.000 calorias diárias.
“Independente do modelo escolhido, queremos que a Anvisa avalie essa nova opção. A proposta final, de repente, pode ser uma adaptação de dois modelos diferentes, quem sabe? O importante é a sociedade se manifestar de forma independente, afinal, a população será a principal impactada”, finaliza Almeida.
Fonte: https://veja.abril.com.br/saude/associacao-de-medicos-propoe-um-novo-rotulo-nos-alimentos/
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Dr. Frederico Lobo
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Foods trends: as tendências para alimentação em 2018 - As novas modinhas
O consumidor brasileiro está mais consciente do que nunca sobre suas escolhas. A conexão alimentar e cerebral está sendo discutida e à medida que a ciência descobre ligações claras e convincentes entre nutrição, saúde intestinal, imunidade, fadiga e até depressão, intensificam-se os olhares para a alimentação.
Anualmente, a Whole Foods Market* publica uma lista sobre as tendências para alimentação do ano. A lista traz sugestões de produtos, conceitos ou ingredientes que ganharão a atenção dos consumidores. Outras publicações internacionais também fizeram suas apostas, reunimos 5 tendências adaptadas ao mercado brasileiro, que incorpora rapidamente os movimentos mundiais.
1. Aumento do interesse do consumidor pelas origens: Os consumidores querem conhecer a verdadeira história por trás da comida, o que está e de onde veio. Passaram a entender melhor a lista de ingredientes e em 2018 cresce o interesse e a procura por certificações de segurança e selos de procedência nas embalagens.
2. Plant Based Diet: Dietas e pratos à base de plantas parece ser o destaque de 2018. O público vegano e vegetariano vêm ganhando cada vez mais a atenção das marcas. O que se prevê para este ano é uma união da tecnologia com a ciência para manipular ingredientes e proteínas baseadas em plantas. Essas novas técnicas de produção devem trazer variedades de leites e iogurtes feitos de nozes, amêndoas, ervilhas, bananas e macadâmia. Opções para dar água na boca em não-vegans também.
3. Alimentos que contribuem para a saúde intestinal: Assunto que tomou conta dos congressos de nutrição nos dois últimos anos, a saúde intestinal continua como grande tendência para 2018 e a alimentação assume um papel importante. Menos conservantes artificiais e mais fermentação. Isso inclui probióticos como kimchi, miso, kefir e também os prebióticos.
4. Super Powders: Por serem facilmente incorporados e levar mais nutrição às refeições e àqueles lanches rápidos, os “super powders” – proteínas, cúrcuma, espirulina, matcha... - encontraram caminho nos iogurtes, shakes, sucos, sopas e nas mais variadas receitas. Seja para dar mais energia, adicionar fibras, ganhar uma dose extra de vitaminas ou dar aquele toque proteico, os fãs de Smoothie seguem incluindo suplementos em pó para melhorar a saúde ou aprimorar sua performance.
5. Snack Saudáveis: Os salgadinhos ou chips são preferencia nacional, saudáveis então, são imbatíveis. A tecnologia está revolucionando o mercado com opções deliciosas que combinam os mais variados ingredientes: mandioca, algas marinhas, arroz e couve de Bruxelas, por exemplo, entram na lista de opções que pipocam nas prateleiras.
* maior rede de supermercados do gênero, que comercializa produtos naturais, orgânicos e sem ingredientes artificiais.
Fontes:
http://media.wholefoodsmarket.com/news/whole-foods-market-reveals-top-food-trends-for-2018
https://www.forbes.com/sites/phillempert/2017/12/13/10-food-trends-that-will-shape-2018/#1cc250a84104
https://www.bbcgoodfood.com/howto/guide/10-food-trends-2018
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Dr. Frederico Lobo
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Manual de Obesidade da ANS
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou, no Hotel Vila Galé, na Lapa/Rio de Janeiro, o Manual de Diretrizes para o Enfrentamento da Obesidade na Saúde Suplementar Brasileira. O material foi divulgado no Seminário de Enfrentamento do Excesso de Peso e da Obesidade na Saúde Suplementar, promovido pela ANS.
A Dra. Maria Edna de Melo, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), que responde pelo Departamento de Obesidade da SBEM, foi uma das palestrantes do Seminário.
A endocrinologista participou da mesa que destacou as propostas práticas de abordagem do excesso de peso na saúde suplementar. Durante a apresentação foram discutidas a regulação do balanço energético, a importância do diagnóstico nutricional e a abordagem do paciente com obesidade.
Dra. Maria Edna explicou que a obesidade é uma doença crônica, como diabetes e hipertensão, e não tem cura, nem mesmo com a cirurgia bariátrica. Por isso, a especialista enfatiza a importância do diagnóstico nutricional. “Esse diagnóstico do paciente é tão simples de ser feito. Basta a verificação do IMC. Uma das primeiras recomendações da OMS é a obrigatoriedade da verificação do estado nutricional da criança abaixo de cinco anos. Essa orientação deve ser estendida para todas as faixas etárias. Recomenda-se que o cálculo do IMC seja feito em todos os pacientes que procuram assistência médica.”
De acordo com o documento, a verificação do IMC do paciente é uma das ferramentas mais importantes na prevenção e tratamento precoce da obesidade. A partir dos dados do IMC é possível desenvolver estratégias para prevenir a doença. “A ideia é intervir precocemente no surgimento da doença, o que ajuda a reduzir a morbimortalidade, os custos e melhorar a qualidade de vida do paciente. Não é necessário deixar chegar ao IMC 40 para tentar a cirurgia. O paciente precisa ser monitorado desde jovem porque a tendência do IMC é subir até os 65 anos.”
Outro ponto em debate no Seminário foi a criação de Centros de Referências. Segundo a especialista, o Manual destaca a importância da formação destes locais para que o paciente possa receber uma abordagem especializada e dentro das recomendações científicas.
Acesse no link abaixo o manual completo:
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Dr. Frederico Lobo
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Obesidade infantil aumenta com o uso de dispositivos eletrônicos com telas, alertam médicos europeus
A cintura das crianças vem aumentando de tamanho proporcionalmente ao tempo que passam assistindo televisão ou usando computadores, smartphones e tablets, de acordo com médicos europeus.
Nos últimos 25 anos, a incidência da obesidade aumentou rapidamente entre as crianças e os adolescentes europeus, segundo a declaração de consenso realizada pela European Academy of Pediatrics e pelo European Childhood Obesity Group, e publicada on-line em 22 de novembro na Acta Paediatrica.
Praticamente uma em cada cinco crianças e adolescentes na Europa é obesa ou encontra-se acima do peso, de acordo com um estudo feito em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), observaram os autores.
Atualmente, 97% das famílias europeias têm televisão em casa, 72% têm computador, 68% contam com acesso à internet e 91% têm telefones celulares, revela a declaração.
Isso estimulou o aumento do tempo em frente às telas dos dispositivos eletrônicos, o que contribui para noites mal dormidas, piores hábitos alimentares e sedentarismo – tudo isto pode facilitar o ganho de peso das crianças, afirmaram os autores.
"O efeito da comunicação de massa se mostrou grande sobre a saúde das crianças; pode afetá-las fisiologicamente, além de ter repercussões sobre o desempenho sociocultural e o bem-estar psicológico", disse o autor principal da declaração, Dr. Adamos Hadjipanayis, pesquisador na European University Cyprus, em Nicósia, e secretário geral da European Academy of Pediatrics.
"Há evidências de fortes vínculos entre os níveis de obesidade nos países europeus e a exposição aos meios de comunicação eletrônicos na infância", afirmou o Dr. Hadjipanayis por e-mail.
Os pais são parte do problema, ponderaram o Dr. Hadjipanayis e equipe.
Apesar de as crianças passarem cada vez mais tempo em frente às telas, os pais demonstram pouca preocupação com o que seus filhos fazem na internet, ou com o tempo que gastam usando tablets, smartphones e computadores, destaca a declaração.
Outro problema é a publicidade de alimentos, que consegue fazer a cabeça das crianças para querer e exigir mais junk food, o que as torna mais resistentes a comer frutas e vegetais, segundo a declaração. As crianças tendem a ingerir grande parte das suas calorias diárias enquanto assistem televisão, momento no qual as propagandas exercem maior influência sobre as preferências alimentares delas.
A solução é aumentar a vigilância, dizem os autores.
"Quando o tempo que passam em frente à televisão diminuir, os respectivos pesos também o farão", afirmou Dr. David Hill, presidente do American Academy of Pediatrics (AAP) Council on Communications and Media, e pesquisador da University of North Carolina School of Medicine, em Chapel Hill.
"A publicidade de alimentos parece dominar essa relação, em contraste com a redução das atividades físicas. O sono também é uma grande preocupação", disse Dr. Hill, que não participou da declaração, por e-mail.
"A exposição às telas antes de dormir interfere na duração e na qualidade do sono; noites mal dormidas favorecem a obesidade."
A American Academy of Pediatrics tem dicas para os pais lidarem com o acesso às mídias on-line, indicou o Dr. Hill.
O bom-senso deve prevalecer, afirmou Dra. Jennifer Emond, pesquisadora da Geisel School of Medicine no Dartmouth College, em Lebanon, New Hampshire, que não participou da elaboração e da redação da declaração.
"Restrinja o tempo de acesso diário às mídias, proíba o uso no quarto, e se certifique da qualidade das mídias com as quais as crianças têm contato", orientou a Dra. Jennifer por e-mail.
"Sobre as mídias sociais, os pais devem ter acesso às contas dos filhos nos sites de redes sociais, a fim de monitorar a interação das crianças neste espaço – o retorno destas medidas é maior do que apenas o de promover um peso saudável".
Pais de crianças que passam muitas horas on-line e em frente a diferentes tipos de telas devem preferir reduzir o uso dessas mídias gradativamente, para que as mudanças sejam mais eficazes, disse Erica Kenney, pesquisadora na Harvard T.H. Chan School of Public Health, em Boston, que não esteve envolvida na declaração.
"Se os pais concluem que os filhos passam algo em torno de sete horas diárias em frente às telas, algo bastante comum hoje em dia, e de repente tentam reduzir este tempo para duas horas, há muitas chances de isso dar errado", afirmou Erica por e-mail.
"É possível que a introdução gradativa de regras que colaborem para esta redução funcione melhor".
Acta Paediatrica 2017.
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501893#vp_1
Nos últimos 25 anos, a incidência da obesidade aumentou rapidamente entre as crianças e os adolescentes europeus, segundo a declaração de consenso realizada pela European Academy of Pediatrics e pelo European Childhood Obesity Group, e publicada on-line em 22 de novembro na Acta Paediatrica.
Praticamente uma em cada cinco crianças e adolescentes na Europa é obesa ou encontra-se acima do peso, de acordo com um estudo feito em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), observaram os autores.
Atualmente, 97% das famílias europeias têm televisão em casa, 72% têm computador, 68% contam com acesso à internet e 91% têm telefones celulares, revela a declaração.
Isso estimulou o aumento do tempo em frente às telas dos dispositivos eletrônicos, o que contribui para noites mal dormidas, piores hábitos alimentares e sedentarismo – tudo isto pode facilitar o ganho de peso das crianças, afirmaram os autores.
"O efeito da comunicação de massa se mostrou grande sobre a saúde das crianças; pode afetá-las fisiologicamente, além de ter repercussões sobre o desempenho sociocultural e o bem-estar psicológico", disse o autor principal da declaração, Dr. Adamos Hadjipanayis, pesquisador na European University Cyprus, em Nicósia, e secretário geral da European Academy of Pediatrics.
"Há evidências de fortes vínculos entre os níveis de obesidade nos países europeus e a exposição aos meios de comunicação eletrônicos na infância", afirmou o Dr. Hadjipanayis por e-mail.
Os pais são parte do problema, ponderaram o Dr. Hadjipanayis e equipe.
Apesar de as crianças passarem cada vez mais tempo em frente às telas, os pais demonstram pouca preocupação com o que seus filhos fazem na internet, ou com o tempo que gastam usando tablets, smartphones e computadores, destaca a declaração.
Outro problema é a publicidade de alimentos, que consegue fazer a cabeça das crianças para querer e exigir mais junk food, o que as torna mais resistentes a comer frutas e vegetais, segundo a declaração. As crianças tendem a ingerir grande parte das suas calorias diárias enquanto assistem televisão, momento no qual as propagandas exercem maior influência sobre as preferências alimentares delas.
A solução é aumentar a vigilância, dizem os autores.
"Quando o tempo que passam em frente à televisão diminuir, os respectivos pesos também o farão", afirmou Dr. David Hill, presidente do American Academy of Pediatrics (AAP) Council on Communications and Media, e pesquisador da University of North Carolina School of Medicine, em Chapel Hill.
"A publicidade de alimentos parece dominar essa relação, em contraste com a redução das atividades físicas. O sono também é uma grande preocupação", disse Dr. Hill, que não participou da declaração, por e-mail.
"A exposição às telas antes de dormir interfere na duração e na qualidade do sono; noites mal dormidas favorecem a obesidade."
A American Academy of Pediatrics tem dicas para os pais lidarem com o acesso às mídias on-line, indicou o Dr. Hill.
O bom-senso deve prevalecer, afirmou Dra. Jennifer Emond, pesquisadora da Geisel School of Medicine no Dartmouth College, em Lebanon, New Hampshire, que não participou da elaboração e da redação da declaração.
"Restrinja o tempo de acesso diário às mídias, proíba o uso no quarto, e se certifique da qualidade das mídias com as quais as crianças têm contato", orientou a Dra. Jennifer por e-mail.
"Sobre as mídias sociais, os pais devem ter acesso às contas dos filhos nos sites de redes sociais, a fim de monitorar a interação das crianças neste espaço – o retorno destas medidas é maior do que apenas o de promover um peso saudável".
Pais de crianças que passam muitas horas on-line e em frente a diferentes tipos de telas devem preferir reduzir o uso dessas mídias gradativamente, para que as mudanças sejam mais eficazes, disse Erica Kenney, pesquisadora na Harvard T.H. Chan School of Public Health, em Boston, que não esteve envolvida na declaração.
"Se os pais concluem que os filhos passam algo em torno de sete horas diárias em frente às telas, algo bastante comum hoje em dia, e de repente tentam reduzir este tempo para duas horas, há muitas chances de isso dar errado", afirmou Erica por e-mail.
"É possível que a introdução gradativa de regras que colaborem para esta redução funcione melhor".
Acta Paediatrica 2017.
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501893#vp_1
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O paradoxo da obesidade é uma ilusão na doença cardiovascular?
A obesidade não parece estar associada a uma melhor sobrevida em pessoas com doença cardiovascular incidente, argumentando contra a existência de um “paradoxo da obesidade” para doença cardiovascular (DCV) em tais casos, mostrou um grande estudo de coorte longitudinal dos EUA que começou em 1992.[1]
Por outro lado, houve um efeito protetor “forte e significativo” da obesidade em pessoas com DCV estabelecida – que é insuficiência cardíaca, doença cardíaca isquêmica ou acidente vascular cerebral (AVC) – quando entraram no estudo. Isso pode sugerir que a aparência de um paradoxo da obesidade é limitada à doença prevalente, afirmam os pesquisadores.
Juntos, os resultados sugerem que as afirmações de um paradoxo da obesidade na DCV podem, em grande parte, ser resultado de viés estatístico, de acordo com o artigo publicado em 29 de novembro de 2017 no periódico PLOS One.
“A perda de um paradoxo da obesidade ao mudar de casos prevalentes para incidentes, e o peso antes do diagnóstico no mesmo conjunto de dados, sugerem que os modelos de prevalência apresentam vieses por fatores como perda de peso relacionada à doença e sobrevida seletiva”, disse a autora principal, Virginia W. Chang (NYU College of Global Public Health, Nova York, NY), ao Medscape.
“Há uma literatura provocativa e interessante sugerindo que a obesidade pode ser protetora, ou reduzir o risco de morte em comparação com o peso normal em pessoas com doença cardiovascular”, explicou a Dra. Virginia, “embora a obesidade seja, antes de tudo, um fator de risco importante para se ter DCV”.
O assunto é difícil de estudar “porque, uma vez que você tem doença cardiovascular, as pessoas mais doentes tendem a perder peso, o que pode artificialmente fazer com que a obesidade pareça protetora. A relação torna-se confusa neste cenário”, disse a pesquisadora.
“Você também pode ter a situação na qual pessoas obesas com doença mais grave morrem mais cedo, restando uma população de obesos mais selecionada, que é mais saudável. Isso significa que se pode observar um benefício de sobrevida por ser obeso, mas nada disso aponta para obesidade como fator causal oferecendo qualquer tipo de proteção”, disse ela.
“Dado que muitas doenças resultam em perda de peso no final da vida, a ideia de que a reserva catabólica extra possa prolongar a sobrevida faz sentido intuitivo. Existem também explicações relacionadas a vários processos inflamatórios e neuro-hormonais”, ressaltou.
“No entanto, apesar da plausibilidade dessas hipóteses, não encontramos evidências de um paradoxo da obesidade ao usar métodos menos susceptíveis a vieses”.
O estudo analisou a associação entre obesidade e mortalidade em pessoas com DCV, comparando casos de doença incidente e prevalente no mesmo conjunto de dados.
Eles usaram dados do Health and Retirement Study, uma pesquisa longitudinal em curso, e nacionalmente representativa de adultos dos EUA com 50 anos ou mais. Iniciado em 1992, o estudo envolve questionários de mais de 30 mil pessoas para solicitações ao Medicare, seguro de saúde pago pelo governo dos Estados Unidos a pacientes idosos.
Ao avaliar a DCV prevalente, Virginia e equipe usaram os pesos atuais dos pacientes; ao estudar a doença incidente, eles usaram pesos dos pacientes antes do diagnóstico.
Um paradoxo forte e significativo da obesidade foi observado em pacientes com doença cardiovascular existente. O risco de morte foi 18% a 36% menor para pessoas com índice de massa corporal (IMC) de 30 a 34,9 em comparação com as de peso normal.
No entanto, em modelos de doença incidentes das mesmas condições dentro do mesmo conjunto de dados, não houve indicação de benefício de sobrevida para a obesidade.
“Se a obesidade é protetora e, ainda assim, nós pedimos aos pacientes que percam peso, podemos involuntariamente provocar um efeito negativo. Mas não encontramos evidências que embasem isso”, disse ela.
“Nossos resultados não justificam reavaliação de diretrizes em busca de um potencial paradoxo da obesidade”.
O estudo foi financiado por Clinical Translational Research Award da American Diabetes Association e do National Institute on Aging. Os autores declararam não ter relações financeiras relevantes.
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501858?src=soc_fb_171229_mscpmrk_portpost_6501858_obesidadeilusaocardio
Por outro lado, houve um efeito protetor “forte e significativo” da obesidade em pessoas com DCV estabelecida – que é insuficiência cardíaca, doença cardíaca isquêmica ou acidente vascular cerebral (AVC) – quando entraram no estudo. Isso pode sugerir que a aparência de um paradoxo da obesidade é limitada à doença prevalente, afirmam os pesquisadores.
Juntos, os resultados sugerem que as afirmações de um paradoxo da obesidade na DCV podem, em grande parte, ser resultado de viés estatístico, de acordo com o artigo publicado em 29 de novembro de 2017 no periódico PLOS One.
“A perda de um paradoxo da obesidade ao mudar de casos prevalentes para incidentes, e o peso antes do diagnóstico no mesmo conjunto de dados, sugerem que os modelos de prevalência apresentam vieses por fatores como perda de peso relacionada à doença e sobrevida seletiva”, disse a autora principal, Virginia W. Chang (NYU College of Global Public Health, Nova York, NY), ao Medscape.
“Há uma literatura provocativa e interessante sugerindo que a obesidade pode ser protetora, ou reduzir o risco de morte em comparação com o peso normal em pessoas com doença cardiovascular”, explicou a Dra. Virginia, “embora a obesidade seja, antes de tudo, um fator de risco importante para se ter DCV”.
O assunto é difícil de estudar “porque, uma vez que você tem doença cardiovascular, as pessoas mais doentes tendem a perder peso, o que pode artificialmente fazer com que a obesidade pareça protetora. A relação torna-se confusa neste cenário”, disse a pesquisadora.
“Você também pode ter a situação na qual pessoas obesas com doença mais grave morrem mais cedo, restando uma população de obesos mais selecionada, que é mais saudável. Isso significa que se pode observar um benefício de sobrevida por ser obeso, mas nada disso aponta para obesidade como fator causal oferecendo qualquer tipo de proteção”, disse ela.
“Dado que muitas doenças resultam em perda de peso no final da vida, a ideia de que a reserva catabólica extra possa prolongar a sobrevida faz sentido intuitivo. Existem também explicações relacionadas a vários processos inflamatórios e neuro-hormonais”, ressaltou.
“No entanto, apesar da plausibilidade dessas hipóteses, não encontramos evidências de um paradoxo da obesidade ao usar métodos menos susceptíveis a vieses”.
O estudo analisou a associação entre obesidade e mortalidade em pessoas com DCV, comparando casos de doença incidente e prevalente no mesmo conjunto de dados.
Eles usaram dados do Health and Retirement Study, uma pesquisa longitudinal em curso, e nacionalmente representativa de adultos dos EUA com 50 anos ou mais. Iniciado em 1992, o estudo envolve questionários de mais de 30 mil pessoas para solicitações ao Medicare, seguro de saúde pago pelo governo dos Estados Unidos a pacientes idosos.
Ao avaliar a DCV prevalente, Virginia e equipe usaram os pesos atuais dos pacientes; ao estudar a doença incidente, eles usaram pesos dos pacientes antes do diagnóstico.
Um paradoxo forte e significativo da obesidade foi observado em pacientes com doença cardiovascular existente. O risco de morte foi 18% a 36% menor para pessoas com índice de massa corporal (IMC) de 30 a 34,9 em comparação com as de peso normal.
No entanto, em modelos de doença incidentes das mesmas condições dentro do mesmo conjunto de dados, não houve indicação de benefício de sobrevida para a obesidade.
“Se a obesidade é protetora e, ainda assim, nós pedimos aos pacientes que percam peso, podemos involuntariamente provocar um efeito negativo. Mas não encontramos evidências que embasem isso”, disse ela.
“Nossos resultados não justificam reavaliação de diretrizes em busca de um potencial paradoxo da obesidade”.
O estudo foi financiado por Clinical Translational Research Award da American Diabetes Association e do National Institute on Aging. Os autores declararam não ter relações financeiras relevantes.
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6501858?src=soc_fb_171229_mscpmrk_portpost_6501858_obesidadeilusaocardio
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Clube de Revista: Lactentes com alergia à proteína do leite de vaca apresentam níveis inadequados de vitamina D?
Lactentes com alergia à proteína do leite de vaca apresentam níveis inadequados de vitamina D?
Este estudo transversal envolveu 120 crianças de até dois anos, sendo um grupo de 59 lactentes com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), e outro grupo de controle composto por 61 lactentes saudáveis, atendidos em ambulatórios de um hospital universitário da Universidade Federal de Pernambuco (UFP).
Os autores aplicaram um questionário e aferiram os níveis de vitamina D por meio do teste 25(OH)D, considerando inadequados os níveis menores que 30 ng/ml. Foi considerada deficiência quando o resultado foi inferior a 20 ng/ml, insuficiência quando entre 21-29 ng/ml e suficiência quando igual ou superior a 30 ng/ml.
Os lactentes com APLV, quando comparados com os saudáveis, apresentaram uma menor média do nível de vitamina D (30,93 X 35,29 ng/ml; p = 0041) e maior frequência de deficiência (20,3% X 8,2%; p = 0,049). Maior frequência de níveis inadequados de vitamina foi observada em crianças com APLV que estavam em aleitamento materno exclusivo/predominante (p = 0,002). A frequência de um status inadequado de deficiência de vitamina D foi semelhante entre os grupos (p = 0,972).
Os autores concluíram que menores níveis de vitamina D foram observados em lactentes com APLV, especialmente naqueles em aleitamento materno exclusivo/predominante, que configura esse como como um possível grupo de risco para deficiência dessa vitamina.
Destaque-se que nenhuma das crianças do estudo fazia uso de suplementação vitamínica, e apenas nove mães de crianças com APLV (15,3%) e quatro mães de crianças saudáveis (6,6%) relataram ter feito suplementação de vitamina D durante o período gestacional.
Ao analisar a relação da exposição solar com os níveis de vitamina D nessa pesquisa foi verificado que a exposição solar adequada não assegurou níveis suficientes de vitamina D.
Concluem também os autores que mesmo em regiões ensolaradas , principalmente em bebês em aleitamento materno exclusivo, se avalie a suplementação vitamínica de rotina.
O desenho do estudo não permitiu estabelecer a existência de uma relação causal entre deficiência de vitamina D e o surgimento da alergia.
O fato de as mães das crianças com APLV em aleitamento materno exclusivo fazerem dieta de exclusão de leite de vaca e derivados, sem suplementação de vitamina D, pode estar relacionado à deficiência.
As principais causas da deficiência de vitamina D são a ingestão usual abaixo dos níveis recomendados; exposição solar limitada; deficiência da conversão renal da vitamina D para a forma ativa, ou má absorção induzida por medicamentos como fenobarbital, hidantoína, carbamazepina, valproato, rifampicina, isoniazida e corticosteroides.
A APLV está entre os fatores de risco para alterações na mineralização óssea, que incluem também dietas deficientes em vitamina D, hábitos de vida inadequados, baixo peso, uso de corticosteroides, e vegetarianismo puro, entre outros.
Alguns estudos, como o presente, sugerem uma maior frequência de hipovitaminose D em crianças com APLV, apesar desse grupo não estar relacionado na recomendação de rastreioi para deficiência de vitamina D, o que valoriza ainda mais o trabalho apresentado.
Referência
Silva, C.M.; Silva, S.A.; Antunes, M.M.C.; Silva, G.A.P.; Sarinho, E.S.C.; Brandt, K.G. J Pediatr (Rio J). 2017;93(6):632-638.
Fonte: Medscape Brasil
Este estudo transversal envolveu 120 crianças de até dois anos, sendo um grupo de 59 lactentes com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), e outro grupo de controle composto por 61 lactentes saudáveis, atendidos em ambulatórios de um hospital universitário da Universidade Federal de Pernambuco (UFP).
Os autores aplicaram um questionário e aferiram os níveis de vitamina D por meio do teste 25(OH)D, considerando inadequados os níveis menores que 30 ng/ml. Foi considerada deficiência quando o resultado foi inferior a 20 ng/ml, insuficiência quando entre 21-29 ng/ml e suficiência quando igual ou superior a 30 ng/ml.
Os lactentes com APLV, quando comparados com os saudáveis, apresentaram uma menor média do nível de vitamina D (30,93 X 35,29 ng/ml; p = 0041) e maior frequência de deficiência (20,3% X 8,2%; p = 0,049). Maior frequência de níveis inadequados de vitamina foi observada em crianças com APLV que estavam em aleitamento materno exclusivo/predominante (p = 0,002). A frequência de um status inadequado de deficiência de vitamina D foi semelhante entre os grupos (p = 0,972).
Os autores concluíram que menores níveis de vitamina D foram observados em lactentes com APLV, especialmente naqueles em aleitamento materno exclusivo/predominante, que configura esse como como um possível grupo de risco para deficiência dessa vitamina.
Destaque-se que nenhuma das crianças do estudo fazia uso de suplementação vitamínica, e apenas nove mães de crianças com APLV (15,3%) e quatro mães de crianças saudáveis (6,6%) relataram ter feito suplementação de vitamina D durante o período gestacional.
Ao analisar a relação da exposição solar com os níveis de vitamina D nessa pesquisa foi verificado que a exposição solar adequada não assegurou níveis suficientes de vitamina D.
Concluem também os autores que mesmo em regiões ensolaradas , principalmente em bebês em aleitamento materno exclusivo, se avalie a suplementação vitamínica de rotina.
O desenho do estudo não permitiu estabelecer a existência de uma relação causal entre deficiência de vitamina D e o surgimento da alergia.
O fato de as mães das crianças com APLV em aleitamento materno exclusivo fazerem dieta de exclusão de leite de vaca e derivados, sem suplementação de vitamina D, pode estar relacionado à deficiência.
As principais causas da deficiência de vitamina D são a ingestão usual abaixo dos níveis recomendados; exposição solar limitada; deficiência da conversão renal da vitamina D para a forma ativa, ou má absorção induzida por medicamentos como fenobarbital, hidantoína, carbamazepina, valproato, rifampicina, isoniazida e corticosteroides.
A APLV está entre os fatores de risco para alterações na mineralização óssea, que incluem também dietas deficientes em vitamina D, hábitos de vida inadequados, baixo peso, uso de corticosteroides, e vegetarianismo puro, entre outros.
Alguns estudos, como o presente, sugerem uma maior frequência de hipovitaminose D em crianças com APLV, apesar desse grupo não estar relacionado na recomendação de rastreioi para deficiência de vitamina D, o que valoriza ainda mais o trabalho apresentado.
Referência
Silva, C.M.; Silva, S.A.; Antunes, M.M.C.; Silva, G.A.P.; Sarinho, E.S.C.; Brandt, K.G. J Pediatr (Rio J). 2017;93(6):632-638.
Fonte: Medscape Brasil
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Microbioma intestinal e o desenvolvimento cognitivo infantil: o que dizem as evidências
Adoro esse tema e ele me faz rir, já que há pouco tempo atrás muitos profissionais que falavam sobrem microbioma eram ridicularizados. Talvez seja uma das áreas dentro da Nutrição com mais estudos sendo publicado.
Estudos realizados com roedores indicam que os microrganismos que habitam o intestino influenciam o desenvolvimento neurológico. Um novo artigo publicado na revista Biological Psychiatry investigou essa associação em bebês.
Para esse estudo, o primeiro feito com humanos, pesquisadores testaram se a composição microbiana está associada a desfechos cognitivos usando as Escalas de Aprendizagem Precoce de Mullen ao 1 ano de idade, e a volumes cerebrais reduzidos usando ressonância magnética estrutural aos 1 e 2 anos de idade. Foram coletadas 89 amostras fecais de 89 bebês de 1 ano.
A análise identificou três grupos de lactentes definidos por sua composição bacteriana; os escores de Mullen aos 2 anos diferiram significativamente entre eles. Uma maior diversidade alfa foi associada a menores escores na escala geral, na de recepção visual e na de linguagem expressiva aos 2 anos.
As análises de neuroimagens, feitas com ressonância magnética estrutural, mostraram efeitos mínimos do microbioma intestinal nos volumes cerebrais aos 1 e 2 anos.
Pelos achados, os pesquisadores concluíram que o microbioma intestinal pode influenciar o desenvolvimento cognitivo infantil. Mais estudos em humanos devem ser realizado para confirmar e entender esses resultados.
Artigo original: Infant Gut Microbiome Associated With Cognitive Development. Alexander L. Carlson, Kai Xia, M. Andrea Azcarate-Peril, Barbara D. Goldman, Mihye Ahn, Martin A. Styner, Amanda L. Thompson, Xiujuan Geng, John H. Gilmore, Rebecca C. Knickmeyer. Biol Psychiatry. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.biopsych.2017.06.021
Fonte: https://pebmed.com.br/microbioma-intestinal-e-o-desenvolvimento-cognitivo-infantil-o-que-dizem-as-evidencias/amp/?utm_source=facebook&utm_medium=postsmm&utm_conten+t=post&utm_campaign=dizem
Estudos realizados com roedores indicam que os microrganismos que habitam o intestino influenciam o desenvolvimento neurológico. Um novo artigo publicado na revista Biological Psychiatry investigou essa associação em bebês.
Para esse estudo, o primeiro feito com humanos, pesquisadores testaram se a composição microbiana está associada a desfechos cognitivos usando as Escalas de Aprendizagem Precoce de Mullen ao 1 ano de idade, e a volumes cerebrais reduzidos usando ressonância magnética estrutural aos 1 e 2 anos de idade. Foram coletadas 89 amostras fecais de 89 bebês de 1 ano.
A análise identificou três grupos de lactentes definidos por sua composição bacteriana; os escores de Mullen aos 2 anos diferiram significativamente entre eles. Uma maior diversidade alfa foi associada a menores escores na escala geral, na de recepção visual e na de linguagem expressiva aos 2 anos.
As análises de neuroimagens, feitas com ressonância magnética estrutural, mostraram efeitos mínimos do microbioma intestinal nos volumes cerebrais aos 1 e 2 anos.
Pelos achados, os pesquisadores concluíram que o microbioma intestinal pode influenciar o desenvolvimento cognitivo infantil. Mais estudos em humanos devem ser realizado para confirmar e entender esses resultados.
Artigo original: Infant Gut Microbiome Associated With Cognitive Development. Alexander L. Carlson, Kai Xia, M. Andrea Azcarate-Peril, Barbara D. Goldman, Mihye Ahn, Martin A. Styner, Amanda L. Thompson, Xiujuan Geng, John H. Gilmore, Rebecca C. Knickmeyer. Biol Psychiatry. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.biopsych.2017.06.021
Fonte: https://pebmed.com.br/microbioma-intestinal-e-o-desenvolvimento-cognitivo-infantil-o-que-dizem-as-evidencias/amp/?utm_source=facebook&utm_medium=postsmm&utm_conten+t=post&utm_campaign=dizem
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Ficar sem dormir e sua relação com a sensibilidade à insulina
A privação do sono pode aumentar o risco de adoecimento e morte. Um novo estudo investigou a diminuição da sensibilidade à insulina observada após a restrição do sono e se ela é acompanhada por mudanças na expressão de proteína-quinase B (PKB) no músculo esquelético.
Dez jovens saudáveis participaram desse estudo randomizado, que submeteu os indivíduos a duas etapas: duas noites de sono habitual e duas noites de sono restrito a 50% da duração habitual no ambiente doméstico. A tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina foram avaliadas por um teste oral após a segunda noite de cada etapa. Amostras de tecido muscular esquelético foram obtidas para determinar a atividade PKB.
Os achados mostraram uma diminuição da sensibilidade à insulina em homens jovens saudáveis após apenas duas noites de privação de sono (p = 0,013), aumentando as chances de diabetes. Alterações na atividade PKB no músculo esquelético observadas foram inconclusivas. Para os autores, mais estudos devem ser realizados para examinar quaisquer mudanças potenciais.
Você sabia? ‘60% dos brasileiros dormem entre 4 e 6 horas por dia’
Artigo original: Skeletal muscle insulin signaling and whole-body glucose metabolism following acute sleep restriction in healthy males. Physiol Rep, 5 (23), 2017, e13498 || https://doi.org/10.14814/phy2.13498
Fonte: https://pebmed.com.br/privacao-do-sono-e-sua-relacao-com-a-sensibilidade-a-insulina/amp/?utm_source=facebook&utm_medium=adssmm&utm_conten+t=post&utm_campaign=sono
Dez jovens saudáveis participaram desse estudo randomizado, que submeteu os indivíduos a duas etapas: duas noites de sono habitual e duas noites de sono restrito a 50% da duração habitual no ambiente doméstico. A tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina foram avaliadas por um teste oral após a segunda noite de cada etapa. Amostras de tecido muscular esquelético foram obtidas para determinar a atividade PKB.
Os achados mostraram uma diminuição da sensibilidade à insulina em homens jovens saudáveis após apenas duas noites de privação de sono (p = 0,013), aumentando as chances de diabetes. Alterações na atividade PKB no músculo esquelético observadas foram inconclusivas. Para os autores, mais estudos devem ser realizados para examinar quaisquer mudanças potenciais.
Você sabia? ‘60% dos brasileiros dormem entre 4 e 6 horas por dia’
Artigo original: Skeletal muscle insulin signaling and whole-body glucose metabolism following acute sleep restriction in healthy males. Physiol Rep, 5 (23), 2017, e13498 || https://doi.org/10.14814/phy2.13498
Fonte: https://pebmed.com.br/privacao-do-sono-e-sua-relacao-com-a-sensibilidade-a-insulina/amp/?utm_source=facebook&utm_medium=adssmm&utm_conten+t=post&utm_campaign=sono
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Razões para a epidemia de obesidade por Dr. Bruno Halpern
Na edição recém publicada de um importante jornal médico da área de obesidade, o "Obesity", há três artigos que tentam colocar sob perspectiva as razões para a epidemia de obesidade. Um fala sobre a alimentação, um foca em exercício, e um foca em razões não óbvias (sono ruim, poluição, termoneutralidade, uso de medicações, parada do cigarro, entre outras, que vou discutir em outra postagem).
Mas gostaria de focar agora no artigo sobre alimentação, não por acaso do Kevin Hall, que acho um dos mais geniais pesquisadores na área de obesidade. Hall discute que, embora adoramos achar culpados únicos (antigamente era a gordura, agora é carboidrato), o real culpado é o excesso de calorias como um todo. Vou fazer um pequeno resumo do artigo dele.
Quem é o culpado?
1 -É a proteína (ou a falta dela)?
Alguns pesquisadores acreditavam que nossa fome tivesse a ver com o quanto de proteína comemos. Se comemos pouca, o organismo continuaria procurando fontes de energia até repor a necessidade básica. Portanto, poderíamos engordar por ter dieta hipoprotéica. Porém, alguns estudos com dieta hipoprotéica não demonstraram um aumento óbvio no consumo. Além do mais, a quantidade de proteína na dieta não diminuiu em paralelo com o aumento da obesidade (figura A).
2 - É a gordura?
Existem sim modelos experimentais sugiram que a gordura possa ser culpada pelo ganho de peso por: 1- ter densidade energética maior (isso é, mais calorias para o mesmo número de gramas que outros nutrientes) 2 - dar muito pouca saciedade 3- gerar menos gasto energético para ser digerida 4- o corpo não ser bom em usar a gordura que comemos como fonte imediata de energia; além do mais, estudos de superalimentação com excesso de gorduras mostra um ganho de peso desproporcional. E epidemiologicamente, o consumo de gorduras aumentou nas últimas décadas (figura B).
Porém, recomendações para reduzir o consumo de gorduras não foram efetivas em reduzir o ganho de peso na população e dietas muito baixas em gorduras não levam a perdas de peso maiores comparadas com outras dietas.
3 - É o carboidrato?
Nos últimos anos, entrou na moda culpar o carboidrato, baseado no modelo "insulina-carboidrato", muito divulgado na mídia pelo jornalista Gary Taubes, principalmente, que sugere que o excesso de carboidratos aumenta a secreção de insulina e que isso leva o excesso calórico a ser armazenado como gordura, enquanto o cérebro não recebe nutrientes e mantém os sinais de fome constantes e reduza o gasto energético.
Esse modelo é facilmente refutado por diversos modelos experimentais supercontrolados em humanos, que não encontram diferenças significativas em perda de massa gorda e gasto energético com dietas com diferentes nívies de carboidratos e secreção de insulina.
Porém, é bastante plausível que o aumento no consumo de carboidratos refinados (como o açúcar) contribua para a epidemia de obesidade, por aumentar o excesso de calorias consumidos.
4- É o excesso de calorias?
Modelos experimentais mostram que, quanto maior a disponibilidade de alimentos em um meio, maior o consumo calórico. A disponibilidade de alimentos nos EUA aumentou de 2 a 3 vezes mais que o suficiente para explicar o ganho de peso da população. Inclusive, esse excesso de disponibilidade é o responsável pelo grande aumento no desperdício alimentar, que também aumentou 50% per capita (figura C - é interessante esse modelo, que mostra que o excesso de disponibilidade aumenta o consumo, mas que este "extravasa" e leva a mais desperdício também).
Fora dos EUA, o aumento da disponibilidade é suficiente também para explicar o ganho de peso populacional, em ao menos 80% das nações.
Portanto, sim, o excesso de calorias é provavelmente o maior responsável pelo aumento da obesidade.
5- É a qualidade da alimentação?
Somente focar nas calorias pode mascarar uma complexidade muito maior referente à alimentação e ganho de peso.
O aumento da disponibilidade de alimentos tem muito a ver com questões econômicas de maximização de matérias-primas baratas (milho, soja) para uma indústria de produtos baratos, convenientes, altamente processados. Esses produtos possuem sal, açúcar, gordura e aditivos feitos para terem propriedades "supernormais", que aumentam o consumo pela palatabilidade.
Ter acesso contínuo a comida em cafés, restaurantes, coffee-breaks, etc, também aumenta o consumo, pela disponibilidade e redução do trabalho de cozinhar em casa.
Portanto, o que essa revisão mostra é que não podemos encontrar um único macronutriente culpado, como muitos gostam de fazer e entender que todo o ambiente que vivemos é muito propenso ao ganho de peso.
Como já disse em outras postagens, não podemos modificar o ambiente em que vivemos, mas podemos modificar nossos ambientes próprios, tendo menor disponibilidade de alimentos pouco saudáveis dentro de casa e evitar que toda atividade de lazer seja vinculada à comida.
Fica uma dica: evitar comer ultraprocessados e alimentos pouco saudáveis no dia-a-dia dão muito mais liberdade e menos culpa para que possamos ter um maior prazer alimentar em momentos que realmente importam (um bom restaurante, uma confraternização, um almoço/jantar de família), etc. Comer bem não significa não ter prazer, muito pelo contrário.
Autor: Dr Bruno Halpern
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2018
Caros seguidores,
2018 começa com algumas boas notícias e vários projetos. A primeira novidade é que estou aguardando o resultado da prova de título de Nutrologia, realizada no dia 13/12/2017 em São Paulo. Caso eu seja aprovado poderei me intitular Especialista em Nutrologia. O resultado só sairá com 60 dias úteis após a data da prova, ou seja, 10/03/2018. Dos 60 pontos necessários fiz 74,5, portanto espero ser aprovado. Após a aprovação ainda não poderei me intitular nutrólogo. Deverei esperar o Certificado da Associação Médica Brasileira, o que dura em média 3 meses. Aí então levo o mesmo ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás e adquiro um número de Registro de Qualificação de Especialista (RQE), só ai então posso me intitular nutrólogo.
Vocês veem que é toda uma burocracia para se conseguir um título. Portanto quando forem consultar com um profissional, procurem investigar no site do conselho se o mesmo é realmente especialista. Só é especialista quem tem esse RQE.
Ser pós-graduado sem título não confere ao profissional o título de especialista. Não se deixe enganar por profissionais que usurpam títulos alheios. Isso é anti-ético, é vergonhoso. Ao longo de 3 anos estudei muito para prestar a prova. Resolvi mais de 500 questões e as cataloguei. Fiz mais de 600 páginas de resumos, sendo 312 em powerpoint na forma de flashcards. Tirei quase 2 meses parar estudar das 05:30 às 23:00. Utilizei suplementos para melhorar a memória. Adotei uma alimentação específica para potencializar a memorização. Abri mão de muita coisa. E o que vejo é, a maioria dos profissionais titulados em Nutrologia, que passaram nos últimos 4 anos passaram por um processo semelhante, de muita dedicação.
Torçam por mim !
A segunda novidade é que criei no blog uma parte destinada a profissionais da saúde, no caso médicos e estudantes de medicina. Nessa parte há mais de 40 resumos de Nutrologia, que já estão publicados dentro do blog, mas só forneço acesso mediante comprovação que é estudante de medicina ou médico.
A terceira novidade é que estou criando um site que será um Portal de Nutrologia, com uma vasta biblioteca desde o ciclo básico ao ciclo clínico. Destinada principalmente ao estudantes de Medicina que querem aprender mais sobre Nutrologia Médica. Afinal poucas universidades possuem a cadeira de Nutrologia, o que é uma vergonha. Mas mudaremos esse cenário.
Quarta novidade é que agora o Ambulatório de Nutrologia do Centro de Atendimento Ambulatorial de Aparecida de Goiânia tornou-se Serviço de Nutrição e Nutrologia. Temos agora duas nutricionistas atendendo diariamente, os meus pacientes, com isso fico restrito apenas a parte médica, promovendo assim atendimento compartilhado. Sendo o nosso serviço o único do Centro-oeste.
Desejo a todos um Excelente 2018, cheio de saúde, vitalidade, bem-estar. Continuem visitando o blog e mandando sugestões de temas.
Abraço
Dr. Frederico Lobo - Médico, clínico geral (por enquanto rs) - CRM-GO 13.192
2018 começa com algumas boas notícias e vários projetos. A primeira novidade é que estou aguardando o resultado da prova de título de Nutrologia, realizada no dia 13/12/2017 em São Paulo. Caso eu seja aprovado poderei me intitular Especialista em Nutrologia. O resultado só sairá com 60 dias úteis após a data da prova, ou seja, 10/03/2018. Dos 60 pontos necessários fiz 74,5, portanto espero ser aprovado. Após a aprovação ainda não poderei me intitular nutrólogo. Deverei esperar o Certificado da Associação Médica Brasileira, o que dura em média 3 meses. Aí então levo o mesmo ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás e adquiro um número de Registro de Qualificação de Especialista (RQE), só ai então posso me intitular nutrólogo.
Vocês veem que é toda uma burocracia para se conseguir um título. Portanto quando forem consultar com um profissional, procurem investigar no site do conselho se o mesmo é realmente especialista. Só é especialista quem tem esse RQE.
Ser pós-graduado sem título não confere ao profissional o título de especialista. Não se deixe enganar por profissionais que usurpam títulos alheios. Isso é anti-ético, é vergonhoso. Ao longo de 3 anos estudei muito para prestar a prova. Resolvi mais de 500 questões e as cataloguei. Fiz mais de 600 páginas de resumos, sendo 312 em powerpoint na forma de flashcards. Tirei quase 2 meses parar estudar das 05:30 às 23:00. Utilizei suplementos para melhorar a memória. Adotei uma alimentação específica para potencializar a memorização. Abri mão de muita coisa. E o que vejo é, a maioria dos profissionais titulados em Nutrologia, que passaram nos últimos 4 anos passaram por um processo semelhante, de muita dedicação.
Torçam por mim !
A segunda novidade é que criei no blog uma parte destinada a profissionais da saúde, no caso médicos e estudantes de medicina. Nessa parte há mais de 40 resumos de Nutrologia, que já estão publicados dentro do blog, mas só forneço acesso mediante comprovação que é estudante de medicina ou médico.
A terceira novidade é que estou criando um site que será um Portal de Nutrologia, com uma vasta biblioteca desde o ciclo básico ao ciclo clínico. Destinada principalmente ao estudantes de Medicina que querem aprender mais sobre Nutrologia Médica. Afinal poucas universidades possuem a cadeira de Nutrologia, o que é uma vergonha. Mas mudaremos esse cenário.
Quarta novidade é que agora o Ambulatório de Nutrologia do Centro de Atendimento Ambulatorial de Aparecida de Goiânia tornou-se Serviço de Nutrição e Nutrologia. Temos agora duas nutricionistas atendendo diariamente, os meus pacientes, com isso fico restrito apenas a parte médica, promovendo assim atendimento compartilhado. Sendo o nosso serviço o único do Centro-oeste.
Desejo a todos um Excelente 2018, cheio de saúde, vitalidade, bem-estar. Continuem visitando o blog e mandando sugestões de temas.
Abraço
Dr. Frederico Lobo - Médico, clínico geral (por enquanto rs) - CRM-GO 13.192
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Feliz Natal e Boas festas
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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
“Não ganho massa muscular ou estou com a libido bem baixa – posso repor testosterona?”
É crescente o número de mulheres em nossos consultórios se queixando da dificuldade em ganhar massa muscular ou com diminuição da libido e culpam a falta de testosterona por esses problemas.
Muitas vezes, chegam na consulta solicitando a dosagem da testosterona ou já com o resultado em mãos demonstrando nível baixo ou indetectável, e, nesses casos, querem discutir como será feita a reposição do hormônio (gel, implante subcutâneo ou injetável).
O que essas pacientes precisam saber é que vários fatores podem estar associados a essas queixas, como: genética, alimentação, atividade física, sono, medicações, doenças associadas, estresse…
Além disso, o método atual de dosagem de testosterona é destinado para homens, pois eles possuem níveis 3-10x maiores que o das mulheres. Por isso, em mulheres, a testosterona baixa não é confiável e só é recomendada a sua dosagem em casos suspeitos de excesso desse hormônio (exemplo Síndrome dos Ovários Policísticos – SOP).
Devemos alertar que reposição de testosterona pode acarretar sérios riscos à saúde (irreversíveis ou não): acne; excesso de pelos (hirsurtismo); queda de cabelo; engrossamento da voz; aumento do clitóris; dislipidemia; aumento da gordura visceral; aumento do risco de hipertensão arterial, diabetes e câncer (mama e endométrio).
Os consensos das sociedades Americana e Europeia de endocrinologia se posicionam contrários à dosagem rotineira de testosterona em mulheres e contra-indicam o uso de testosterona com finalidades estéticas.
Por isso, não arrisque sua saúde com tratamentos não aprovados e comprometedores. A avaliação do endocrinologista é importante na busca de patologias que possam estar agravando suas queixas, assim como orientar para uma qualidade de vida adequada.
Autora: Dra. Taciana Borges, Endocrinologista, CRM 16820
Fonte: http://endocrinologiape.com.br/?p=3602
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