terça-feira, 24 de abril de 2018

Produtos orgânicos e naturais em Goiânia

O Guia Curta mais, fez uma reportagem listando lojas especializadas, feiras livres, empórios, restaurantes e serviços de delivery de orgânicos, produtos naturais em Goiânia. Confira abaixo:  
1. Empório Prime
Frutas, verduras e legumes orgânicos, produtos naturais dos mais variados tipos e origens nacionais e importadas, fazem do Empório Prime o mais novo point da turma natureba de Goiânia. No mix com pegada leve da loja, mais de 500 variedades de itens exclusivos e com preços bem mais acessíveis do que é cobrado no mercado.
Endereço: Avenida 85 com T-10, 2330, Setor Marista
Telefone: (62) 3240-9200
Funcionamento: de segunda a sábado de 7h30 às 22h, domingo de 7h30 às 14h
Instagram: @emporio_prime
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2. Mundo Verde – Unidade Bueno
A Mundo Verde é uma empresa líder na proposta de desenvolver o conceito de vida saudável e sustentabilidade no varejo brasileiro. Possui grande diversidade de produtos e oferece um conceito completo em alimentação e vida saudável. A loja do Setor Bueno, possui tudo que alguém com um ideal de vida saudável precisa para seu dia a dia. São produtos integrais, orgânicos, sem glúten, sem açúcar, sem lactose, suplementos para atletas, encapsulados em geral, alimentação Kosher, temperos sem sal.
Endereço: Av. T-10, 1160, Quadra 108, Lote 11, Setor Bueno
Telefone: (62) 3251-4307 
Funcionamento: de segunda a sábado das 8h às 19h30
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3. Mercadinho do Restaurante Panela Mágica
A feirinha só fica disponível na unidade da rua 13 do Setor Marista, de terça a sábado. Os alimentos chegam às terças (verduras e legumes) e às quartas (folhagem), mas durante toda a semana você encontra opções e outros produtos especiais e orgânicos do mercadinho como pães e ovos caipiras. Só não trabalham com frutas.
Endereço: Rua 13, 773, Setor Marista
Telefone: (62) 3223-6604
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4. Cerrado Alimentos Orgânicos
Além da feira, a loja também oferece almoço orgânico e saudável (R$ 42,90/kg) e possui um empório. A feira de produtos orgânicos acontece toda terça e quinta, das 15h às 18h, mas mesmo nos dias que não tem feira costumam ter orgânicos disponíveis. Endereço: Rua 10, 342, Setor Sul, próximo a Catedral
Telefone: (62) 3213-4388
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5. Natural Alimentos
Toda terça tem feirinha de produtos orgânicos, que fica disponível o dia todo. Além de mercadinho com produtos secos, como pães, farinhas, castanhas e etc.
Endereço: Rua 4, com Av. Tocantins, Centro
Telefone: (62) 3089-0999
Funcionamento: de segunda a sexta de 8h às 18h30, sábado de 8h às 13h30
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6. República da Saúde
Além do restaurante de comida saudável que funciona o dia todo, cafeteria, adega e padaria gourmet, um empório com produtos orgânicos e saudáveis também fica disponível no salão. Todos os sábados, das 8h30 às 14h30 tem feirinha de produtos orgânicos com frutas, legumes e folhagem.
Endereço: Rua 89, 655, Setor Sul
Telefone: (62) 3942-6575
Funcionamento: segunda de 8h às 20h, de terça a domingo de 8h às 23h
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7. Feira Agroecológica da Associação Goiana dos Agricultores Orgânicos
A feira de produtos orgânicos acontece dentro do Mercado da 74, no centro da cidade, todos os sábados, das 7h30 às 11h. E também disponibilizam serviço de delivery.
Endereço: Mercado Municipal da Rua 74, 329, Centro
Telefone: (62) 3524-1111

8. Alimentação Viva
Comercializa brotos e germinados orgânicos, alimentação viva, pão dos essênios, pão sem glúten, biscoitos sem glúten, mudas de capim de trigo, suco verde, bolos doces com ingredientes altamente selecionados. Os pães sem glúten, como são feitos somente sob encomenda são utilizados ingredientes selecionados a critério do freguês (ex. podem acrescentar amaranto, kinua, linhaça, gergelim, erva-doce, canela, féculas diversas).
Telefone: (62) 98168-6947 - Aparecida

9. Mercado da Vila Nova
Toda quarta, das 16h à 20h, tem feira de orgânicos com folhagem, frutas,  legumes , além de produtos saudáveis como pães, farinhas e etc.
Endereço: 5ª Avenida, esquina com a 4ª Avenida, Praça Boaventura, Vila Nova

10. Feira no Restaurante Arroz Integral
Além do restaurante com comida natural e orgânica, todas as sextas-feiras, das 16h às 19h, tem feira de orgânicos.
Endereço: Rua 93, 326, Setor Sul
Telefone: (62) 3624-6378

11. Seivas e aromas (Empório orgânico)
Há mais de 15 anos, na Chácara Shalon situada no município de Aragoiânia e a Chácara Nova Taverne situada no município de Brazabrantes são cultivados os orgânicos disponíveis no empório.
Endereço: Rua C-220 c/ C-149, Qd. 529, Lt. 10, Jardim América
Telefone: (62) 3086-3909 
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12. Casa de Gaia
Desde o ano passado que a casa não comercializa mais orgânicos frescos, mas ainda vendem produtos secos, castanhas, quitandas e pães saudáveis, naturais, congelados.
Endereço: Avenida T-9, 1967, qd. 552, lt. 19 – Jardim América
Funcionamento: de segunda a sexta de 9h às 18h, sábados e feriados de 9h às 12h30
Telefone: (62) 3642-3082
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13. Quintal Alimentos Saudáveis
O Quintal disponibiliza orgânicos como geleias, sucos, granolas, grãos, cereais, temperos – não trabalha com produtos frescos, como frutas e hortaliças.
Endereço:  Rua 7, esquina com Av. B, Galeria Via Maris, Setor Oeste (quarteirão do Castro's Park Hotel)
Telefone: (62) 3224-3945 | 9695-0333 (vendas pelo whatsapp)
Funcionamento: de segunda a sexta das 9h às 19h, sábado das 9h às 13h

14. Varanda Natural
Comercializam produtos saudáveis secos e industrializados.
Endereço: rua 9, 2323, Setor Marista
Telefone: (62) 3092-1999
Funcionamento: de segunda a sexta de 8h às 19h, sábado de 8h às 14h
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15. Knaterra
Comercializam produtos saudáveis secos, como farinhas, castanhas, e industrializados como vinhos, vinagres.
Endereço: Av. T-63, 1047, sl. 09, St. Bueno
Telefone: (62) 3412-7019 | e-mail: knaterra@hotmail.com 
Funcionamento: de segunda a sexta de 8h às 18h, sábado de 8h às 13h

16. Armazém Saúde
Comercializam produtos secos e industrializados orgânicos como: farinhas, castanhas, açúcar, azeite.
Endereço: Rua 12 c/ Av. Portugal, 280, Qd. K6, LT 7, Setor Oeste
Telefone: (62) 3541-6016 
Funcionamento: de segunda a sexta de 8h30 às 19h, sábado de 8h30 às 13h

Delivery
17. Jardim das Delícias
Pães sem glúten, bolos, e produtos a base de biomassa de banana verde, como a deliciosa veganese. Todos os produtos são veganos.
Endereço: Rua 93, 35, Setor Sul
Telefone: (62) 98233-9210 / 3924-4848

18. Humberto Barbosa
Faz entregas em domicílio de produtos de alta qualidade na cidade. O pedido é feito por email ou telefone. Fone: (62) 3095-4380 e 98183-0615

19. Pudica
Eles possuem serviço de entrega semanal, de quarta a sexta-feira até meio dia, para entrega aos sábados (com taxa de entrega). Também possuem algumas opções de pães.
Telefone: (62) 99227-6161

20. Fazenda Santa Helena
A Fazenda Santa Helena está situada a 25km de Goiânia na cidade de Teresópolis de Goiás. A fazenda apresenta um serviço de cestas orgânicas delivery (a domicílio).
Telefone: (62) 3086-4107
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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Depressão afeta o cérebro tanto quanto o Alzheimer

Quando não tratada e presente por mais de 10 anos, a doença pode causar inflamações equivalentes às dos males neurodegenerativos, mostra estudo canadense. Para especialistas, a descoberta reforça a necessidade de manter a condição sob controle.

Excelente reportagem publicada no Jornal Correio Braziliense:

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2018/04/18/interna_ciencia_saude,674448/depressao-afeta-o-cerebro-tanto-quanto-o-alzheimer.shtml

terça-feira, 10 de abril de 2018

Ortorexia Nervosa


1- Como definimos ortorexia nervosa?
Segundo o Dicionário Brasileiro de Nutrologia, “a ortorexia nervosa (ON) é um termo utilizado para descrever um quadro de recente aparição, caracterizado por uma obsessão por comer de forma saudável (ortho: correto; orexis: apetite). As pessoas com este quadro apresentam uma preocupação excessiva com a qualidade da alimentação – limitando a variedade – e acabam excluindo certos grupos como carnes, laticínios, gorduras e carboidratos, sem fazer a substituição adequada e podendo levar a quadros de carências nutricionais ou a um quadro completo de transtorno do comportamento alimentar. Não é classificada como doença autônoma, considera-se variante sintomática dos transtornos alimentares”. Pessoas com ON acabam se isolando e, dessa forma, prejudicam também as relações sociais e afetivas.

2- Desde quando a ortorexia nervosa é conhecida? Ela já é reconhecida como transtorno alimentar no manual de psiquiatria americano, DSM-V?
O termo ortorexia nervosa foi criado em 1997, pelo médico americano Steven Bratman, autor do livro Health Food Junkies (Viciados em comida saudável), que identificou o distúrbio. A partir de 2004 começaram a aparecer trabalhos científicos com a utilização de testes psicométricos, e que foram realizados a partir do teste de Bratman.

Embora tenham sido realizados vários estudos sobre a ON, ela não foi reconhecida como um transtorno alimentar distinto nos manuais de referência da Sociedade Americana de Psiquiatria, como da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5. Pacientes com quadros graves de ortorexia nervosa, no entanto, com perda importante de peso e que dependem de suplementação nutrológica podem ser incluídos como um novo transtorno alimentar – o transtorno alimentar restritivo/ evitativo (TARE) com critérios diagnósticos já bem definidos dentro DSM-5.

3- O que diferencia a ortorexia nervosa de outros transtornos alimentares, como anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN)?
Na Anorexia Nervosa e na Bulimia Nervosa, os dois transtornos alimentares mais conhecidos, o motivo para deixar de comer de forma adequada é o medo de engordar.  Na Ortorexia Nervosa não há medo de engordar. Pessoas com ON não apresentam distorção da autoimagem corporal.

4- Como é, no geral, a dieta das pessoas com ortorexia nervosa? Essas pessoas podem comer fora de casa?
É importante comentar que não existe um padrão único na dieta das pessoas com ON, e no início tudo parece um comportamento alimentar saudável normal.  Como no mundo existe um número importante de pessoas obesas e com sobrepeso, atualmente os guias alimentares para a população apresentam um conjunto de informações e recomendações que estimulam a comer de forma saudável.  Usar óleos, gorduras, sal e açúcar com moderação; fazer as compras de alimentos em locais que ofertem uma variedade de alimentos frescos; planejar as compras de alimentos e definir com antecedência o cardápio da semana e limitar os produtos prontos para consumo estão entre alguns dos passos para uma alimentação saudável dentro do Guia Alimentar para a População Brasileira. No caso da Ortorexia, a preocupação excessiva com a dieta para comer saudável se transforma em uma “fixação pela ingestão de alimentos saudáveis” e passa a dominar a vida das pessoas. Alguns com tendências ortoréxicas podem começar evitando aqueles alimentos considerados impuros, como corantes, conservantes, gorduras trans, açúcar, sal, agrotóxicos, pesticidas, alimentos transgênicos (OGM), entre outros. Também associam uma preocupação com a forma de preparo (verduras cortadas de determinada forma) e os utensílios utilizados na preparação dos alimentos (só de madeira ou de cerâmica). Com o tempo, essa preocupação se transforma em uma “obsessão com a dieta saudável”, e essa busca obsessiva os leva até a excluir grupos inteiros de alimentos considerados importantes para uma nutrição adequada, podendo levar a carências nutricionais ou quadros subclínicos.

Em muitos casos, a obsessão é baseada em uma série de informações obtidas através dos meios de comunicação e de mitos “alimentados” pela mídia, que propaga dietas de moda, especiais para garantir à saúde, retardar o envelhecimento, ou pelas celebridades que divulgam estranhas manias alimentares com restrições alimentares rigorosas.

Comer fora de casa é considerado um problema. Os ortoréxicos evitam reuniões sociais e jantares para não “cair na tentação” de ingerir outro tipo de produto, pesam os alimentos e sentem “grande culpa se quebram as regras”. Por outro lado, sentem uma sensação confortável ao fazer um prato elaborado exclusivamente com produtos orgânicos, ecológicos, ou com determinados certificados de salubridade. Dessa forma, acabam se isolando para conseguir se alimentar com tantas restrições ou com alimentos considerados “puros” em casa,  não aceitando comer em restaurantes, preocupados pela qualidade dos alimentos, deixando de sair com os familiares, amigos e/ou namoradas/os.

5- Que prejuízos sociais ou mesmo clínicos a ortorexia nervosa traz para a vida do portador?
A obsessão com uma alimentação saudável pode levar esse indivíduo a ter seus pensamentos ocupados somente com sua dieta, acarretando prejuízos profissionais, escolares e familiares.

Do ponto de vista social, as pessoas com ON tendem ao isolamento. Por outro lado, acabam causando desgaste nos relacionamentos ao se sentirem na obrigação de convencer e esclarecer as pessoas mais próximas sobre os prejuízos à saúde que uma alimentação impura pode acarretar. Essa obsessão acaba tomando conta da vida dessas pessoas, tirando-lhes até sua liberdade.

As escolhas dos portadores de ON, por condutas cada vez mais restritivas, também podem trazer prejuízos clínicos e sofrer carências nutrológicas (com déficit de nutrientes, como anemia, osteopenia, desnutrição) ou quadros subclínicos (fome oculta, insuficiência de vitaminas, proteínas). Os quadros severos de ON podem levar à desnutrição, hiponatremia, pancitopenia, bradicardia, acidose metabólica e deficiência de testosterona, segundo foram relatados em estudos mais recentes. A ortorexia acaba tornando-se similar com os quadros graves de outro transtorno alimentar, a anorexia nervosa.

6- O que um ortoréxico sente quando sai, ainda que por descuido, da sua dieta?
As pessoas com ON sentem “grande culpa” e “ansiedade” quando cedem às tentações e/ou “quebram as regras”; elas se estressam muito e precisam seguir, de forma urgente, uma “nova dieta”, criada por eles mesmos, e ainda de características mais rígidas. Caso não consigam comer corretamente apenas alimentos considerados saudáveis, realizam autopunições que podem variar entre jejuns, restrição alimentar ou excesso de exercícios físicos.

7- Como é possível reconhecer alguém que tem o distúrbio? Que sinais podem apresentar as pessoas com ortorexia nervosa?
A pessoa com Ortorexia Nervosa inicia uma busca obsessiva por normas ou regras de alimentação saudável e não percebe que a extrema preocupação com a dieta prejudica outras áreas da sua vida. São os familiares e amigos os primeiros a observar que o paciente está sendo muito rígido e inflexível com as escolhas alimentares.  Finalmente, quando a ingestão insuficiente de alimentos é importante, também aparece a magreza (o emagrecimento e os quadros de desnutrição). É neste momento que o familiar procura ajuda.

O problema é que a pessoa com ON não procura ajuda porque acredita que está fazendo a escolha certa. O ortoréxico acredita ter uma alimentação exemplar, tenta convencer quem está por perto e também critica os outros que não comem corretamente.

Alguns sinais de alerta em pessoas com ortorexia nervosa são: rigidez, comer sem prazer, isolamento (afastam-se socialmente e em função da sua dieta saudável), déficit de nutrientes (queda do cabelo, unhas quebradiças, déficit de memória e concentração, confusão, desmaios) e finalmente, emagrecimento.

8- Qual é a prevalência da ON? Quem está mais suscetível a desenvolver o transtorno: homens ou mulheres?
Ainda não sabemos qual a verdadeira prevalência da ON na população geral. Uma recente revisão estimou a prevalência na população geral em 6%, e os trabalhos científicos também identificaram grupos de risco (como os profissionais da área da saúde, artistas, esportistas e atletas). As cifras são altas – entre 35% a 57% aproximadamente – dependendo dos testes psicométricos utilizados, dos países e dos grupos estudados. As mulheres dos grupos de risco podem desenvolver o distúrbio, porém, para alguns especialistas, os homens seriam mais vulneráveis. Não existe consenso atualmente e a ON parece atualmente afetar os dois gêneros.

Com relação ao TARE a prevalência é maior em crianças e adolescentes, em ambos os gêneros.

9- Há casos de ortoréxicos (as) registrados no mundo? E no Brasil?
Sim, existem relatos de casos de pessoas com diagnóstico de ortorexia nervosa que até precisaram de internação pela gravidade do quadro, como acontece também em quadros graves de anorexia nervosa. Há outro caso de ON grave, que foi publicado em 2006, com uma restrição alimentar que provocou o início de um quadro psicótico, esquizofrênico.

No Brasil, também temos atendido pacientes com ortorexia nervosa, em forma ambulatorial, que foram trazidos pelos familiares.  Um exemplo é o caso de um paciente de 17 anos que foi trazido pela mãe que acreditava que existia algo de errado com sua alimentação. Neste caso, a partir de várias restrições alimentares para comer de forma saudável, o paciente chegou a um emagrecimento de 35 kg com vários déficits de nutrientes. Sua vida social era inexistente, ficava isolado em casa sem sair, sem estudar, sem namorar, apenas competindo para restringir alimentos com outros amigos virtuais na internet. Realizamos tratamento nutrológico com a suplementação adequada. Pra este caso foi indicada psicoterapia e medicação específica para o transtorno obsessivo compulsivo que também apresentava. Finalmente, se recuperou quando começou a incluir os alimentos em uma forma adequada a suas necessidades e condições, começou a estudar e a namorar, e a fazer também uma atividade física adequada. Neste caso relatado, foi fundamental a ajuda da família.

Na prática clínica observamos que algumas das pacientes  com um diagnóstico de anorexia nervosa ou bulimia nervosa no passado, também tiveram passagem por um quadro com características ortoréxicas antes da sua recuperação total.

10- Como é realizado o diagnóstico das pessoas com ortorexia nervosa?
O diagnóstico deve ser realizado pelo médico, que precisa avaliar os diagnósticos diferenciais e também se existem comorbidades físicas e/ou psiquiátricas (ansiedade social, transtorno obsessivo compulsivo, entre outros). Frente a suspeita de um paciente com ON, o médico nutrólogo deve fazer a avaliação do estado nutrológico e uma investigação laboratorial ou de imagens de acordo com o observado durante a consulta (problemas cognitivos devido a déficit de nutrientes que podem agravar a confusão com os alimentos e dores ósseas localizadas na região lombar, por exemplo).

Às vezes, como acontece com outros transtornos alimentares, pode ser necessário o encaminhamento urgente para a área de psiquiatria, devido ao diagnóstico de um quadro depressivo grave ou de uma comorbidade psiquiátrica que também precisa ser diagnosticada e tratada.

11-  Como é realizado o tratamento das pessoas com ortorexia nervosa?
Como em todos os transtornos alimentares, o ideal é que seja acionada uma equipe multidisciplinar especializada para avaliar, diagnosticar e tratar melhor todas as áreas (médicas, nutricionais, psicológicas, psiquiátricas), tendo em vista a abrangência de sintomas e prejuízos. O nutrólogo deve fazer o tratamento nutrológico e medicamentoso das complicações (anemia, osteopenia, déficit de nutrientes, vitaminas e minerais, intolerâncias alimentares). O psicólogo e o nutricionista devem intervir sempre após a correção dos distúrbios cognitivos provocados pelos déficits de nutrientes.  Terapia cognitivo-comportamental, reestruturação cognitiva e psicoeducação podem ser muito úteis e devem ser individualizadas para cada paciente. Às vezes o psiquiatra, ao tratar um paciente com depressão, pode chegar a interpretar que tudo começou um ano antes com uma dieta obsessiva para comer saudável e só nesse momento suspeita da ON.  Com relação à farmacoterapia, os inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRSs) e até os antipsicóticos atípicos podem ser necessários para o tratamento das comorbidades psiquiátricas. É importante realizar o diagnóstico precoce da ON, fazendo a prevenção de quadros graves, mais complexos e demorados para sua recuperação total.

12- Que fatores podem influenciar no surgimento de pessoas ortoréxicas?
Estigmatizar alimentos, a cybercondria, o cyberbullying, a pressão inadequada de algumas mídias sociais e finalmente os comportamentos alimentares de risco são os principais fatores.

a-Demonização dos alimentos:as revistas, programas de TV e internet, ao propagar matérias sobre dietas da moda, muitas vezes sem evidências científicas, levam as pessoas a buscar resultados rápidos e milagrosos de emagrecimento, condenando cada vez mais alguns alimentos e limitando seu uso moderado. E à medida que disseminam modismos e informações sobre a busca exagerada por uma vida mais saudável, também acabam demonizando ou glorificando determinados alimentos ou nutrientes.

A mídia considera os alimentos em forma dicotômica, ou são “ruins” ou são “bons“; a cada temporada alguns alimentos ou nutrientes são “demonizados” e outros são “idealizados” e considerados perfeitos.  Antigamente, por exemplo, nessa lista de vilões apareciam o ovo e a manteiga, e do lado dos alimentos mágicos já apareceram os pães, arroz branco, os cereais e os grãos na base da pirâmide americana dos alimentos, em 1992. Posteriormente, o ovo e a manteiga passaram para o lado dos mágicos, e pães, arroz branco, junto com macarrão, passaram a ser vilões. Mais recentemente, dentro dos vilões entraram os laticínios (com a lactose) e pães, pizzas e massas (pelo glúten) e os mágicos passaram a ser todos aqueles alimentos sem lactose e sem glúten. A classificação inadequada e a demonização dos alimentos e a divulgação inapropriada contribuem para criar confusão na população e até entre os próprios profissionais da área da saúde, principalmente aqueles que não são especializados na nutrologia e nos distúrbios alimentares. O terrorismo nutricional, realizado através da divulgação inapropriada de informações também contribui para o desenvolvimento de muitos distúrbios, como a Ortorexia.

b-Cyberchondria: (cyber: cibernétic da internet e chondria da hipocondria) o termo foi abordado no último Simpósio de Distúrbios Alimentares no Congresso Brasileiro de Nutrologia; são pessoas muito ansiosas que procuram informações médicas ou nutricionais pela internet sem consultar um médico ou especialista em alimentos. No mundo, são 6 milhões de pessoas/dia que procuram conselhos médicos através do Google. Essas pessoas acabam se automedicando e comprando de forma compulsiva produtos divulgados de forma inadequada pela internet.

c-Cyberbullying: (cyber: mídias digitais, bullying: intimidar ou humilhar uma pessoa) é a psicopatologia mais frequente, um tipo de violência praticada por um indivíduo ou um grupo, contra alguém através da internet ou de telefones celulares. O objetivo do assediador é envergonhar e fazer ameaças on-line a outros.

Acontece tanto na área da estética como da alimentação, pessoas criticando ou hostilizando cruelmente como as pessoas estão fisicamente ou como se alimentam.

d- Mídias sociais: as mídias sociais, quando disseminam informações sem evidências científicas, ou por pessoas leigas que criam versões distorcidas e exageradas sobre alimentação saudável, podem levar a mudança nos padrões alimentares e prejuízos à saúde dos grupos mais vulneráveis. Por exemplo, indivíduos com distúrbios alimentares, que ao divulgar seus medos e obsessões alimentares também acabam “contagiando” outras pessoas com esses comportamentos alimentares de risco.

Só para ilustrar melhor, em 2014, segundo o Google existiam 30 milhões de sites e blogs pró-bulimia ensinando as pessoas como realizar os comportamentos compensatórios inadequados (vômitos, uso excessivo de laxantes, exercícios físicos excessivos) e pró-anorexia nervosa com as dicas para ser anoréxico (dietas muito restritivas, jejuns e purgações).

Blogs sobre alimentação e redes sociais que disseminam informações sobre nutrição, atividade física excessiva e dietas, muitas vezes distorcidas e exageradas, podem também atrair indivíduos com comportamentos alimentares de risco ou com ortorexia nervosa. Muitos desses blogs divulgam produtos de forma inadequada e assim também geram negócios lucrativos com as vendas.

e- Comportamento alimentar de risco: pessoas que já tiveram um transtorno alimentar no passado ou um comportamento alimentar de risco na adolescência e que não se recuperaram totalmente são mais vulneráveis.

Finalmente, é importante lembrar aqui, que quando um paciente se recupera totalmente de anorexia nervosa, gosta de comentar que está feliz comendo de forma “normal” (sem alimentos proibidos, sentindo prazer, sendo mais flexível e conseguindo participar do lado social e cultural da alimentação).

Obs.: Ainda serão necessários muitos mais estudos sobre este novo e complexo distúrbio alimentar, a ortorexia nervosa.  Agradecemos as pessoas que escreveram sobre ortorexia nervosa no site da ABRAN. Muito obrigada a todos!

Autora: Dra. Maria Del Rosario Zariategui De Alonso
Médica Nutróloga especializada em Distúrbios do Comportamento Alimentar
Diretora do Departamento de Distúrbios Alimentares da Associação Brasileira de Nutrologia, ABRAN.
Professora do Curso Nacional de Pós-Graduação em Nutrologia Médica da ABRAN
Diretora e Representante oficial da ABRAN-SC

segunda-feira, 9 de abril de 2018

O que eu trato e o que eu não trato

Muitas pessoas agendam consulta pensando que trato de determinadas doenças. O objetivo deste post é deixar claro o que trato e o que não trato em meu consultório. Assim os pacientes evitam agendar consulta erroneamente.

O que eu não atendo em meu consultório?
  • Pacientes que desejam fazer uso de anabolizantes, hormônios com finalidade estética, uso de GH, dieta HCG, modulação hormonal, ozonioterapia, PRP, qualquer tipo de procedimento médico;Não trabalho com nada disso.
  • Pacientes oncológicos (com câncer); Encaminho para a Nutricionista Jordana Torres (Fone: 62 3212 4020) e para o Oncologista Clínico Dr. Danilo Araújo de Gusmão (Fone: 62 - 3226-0200)
  • Pacientes nefropatas: Encaminho para o meu amigo Dr. Rodrigo Costa que é Nefrologista e Nutrólogo (Fone: (62) 32425441) e para a Nutricionista Clara Sandra (Fone: 99322-9731)
  • Terapia de reposição hormonal. Posso até fazer o diagnóstico do déficit, mas não prescrevo hormônios. Ou seja, todas desordens hormonais que necessitam de tratamento encaminho para uma amiga, Dra. Natalia Jatene  (Fone: 3281-7799)
  • Pacientes portadores de esquizofrenia, dependência química ou de álcool: encaminho para o psiquiatra Dr. Murilo Caetano (Fone - 3245-2034) ou  Dr. Heisler Lima (Fone: 62 -  3246-8400 e 99646-8400) ou Dr. Thiago Cesar da Fonseca (Fone:  (62) 3639-1895 ou 99316-7575)
O que eu atendo em meu consultório?
  • Hipertrofia
  • Pacientes vegetarianos, veganos, ovolactovegetarianos, crudivoristas;
  • Fadiga, cansaço crônico, astenia, fraqueza, indisposição;
  • Obesidade em todos os seus graus: crianças acima dos 5 anos até idosos;
  • Acompanhamento pré e pós-cirurgia bariátrica; 
  • Transtorno da Compulsão  Alimentar Periódica (TCAP);
  • Bulimia e anorexia (aspectos nutricionais, a parte psiquiátrica encaminho para o Dr. Rodolfo Campos que é psiquiatra e especialista na área (Fone:3282-6849)
  • Aspectos nutricionais da ansiedade; depressão; insônia (ou seja, o psiquiatra faz a parte dele e eu busco déficits nutricionais ou intoxicação por  substâncias que possam estar interferindo no agravamento da doença);
  • Orientações nutrológicas na Intolerância à glicose, resistência insulínica e Diabetes mellitus tipo 2; 
  • Dislipidemias: hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia; 
  • Síndrome metabólica;
  • Esteatose hepática não-alcóolica (fígado gorduroso);
  • Alergias alimentares e Intolerâncias alimentares (lactose, frutose e sacarose);
  • Anemias carenciais (Ferropriva, por deficiência de B12, ácido fólico, cobre, zinco, complexo B, vitamina A); 
  • Intoxicação crônica por metais tóxicos: Alumínio, Chumbo, Mercúrio, Arsênico, Cádmio com posterior quelação; 
  • Orientações nutrológicas em Constipação intestinal (intestino preso) e Diarréia crônica; 
  • Dispepsias correlacionadas à ingestão de alimentos específicos (má digestão);
  • Alterações da Permeabilidade intestinal (leaky Gut), Disbiose intestinal e Síndrome de Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO) ;
  • Síndrome do intestino irritável;
  • Fibromialgia (aspectos nutrológicos);
  • Acompanhamento nutrológico pré-gestacional e gestacional (preparo pré-gravidez e pós-gravidez para retornar ao peso anterior e fazer suplementações necessárias);
  • Infertilidade (aspectos nutrológicos), a parte de investigação encaminho para Dra. Lorena Apolinário - Fone: 3638-3515; 
  • Orientações nutrológicas para cardiopatas (Insuficiência coronariana, Insuficiência cardíaca, Arritmias, Valvulopatias, Hipertensão arterial);
  • Orientações nutrológicas para pneumopatas (Enfisema, Asma, Fibrose cística);
  • Orientações nutrológicas em Hiperuricemia, Gota, Litíase renal;
  • Orientações nutrológicas em: Doença de Alzheimer;
  • Orientações nutrológicas em Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade;
  • Orientações nutrológicas em pacientes com sarcopenia e osteoporose; 
  • Orientações nutrológicas para portadores de doenças autoimunes (artrite reumatóide, lúpus, Hipotireoidismo/tireoidite de hashimoto, psoríase, vitiligo);
  • Orientações nutrológicas em portadores de HIV em tratamento com antiretrovirais;

sexta-feira, 30 de março de 2018

Obesidade pode afetar a memória

Além dos diversos problemas já conhecidos relacionados ao excesso de peso, novas descobertas o relacionam a danos no cérebro

O sobrepeso e a obesidade estão relacionados a uma série de problemas no organismo, como a hipertensão arterial, alterações do colesterol e aumento do risco de desenvolver uma série de doenças, entre elas o diabetes. De acordo com uma pesquisa do Centro de Neurociências Comportamentais da American University, em Washington, D.C., a condição também pode ser ruim para o cérebro.

A descoberta se deu enquanto o a equipe buscava informações sobre o hipocampo, uma parte do cérebro que está fortemente relacionada à memória. Ele tentava descobrir quais eram as atribuições das diferentes partes do hipocampo. Um dos estudos, realizado com ratos, verificava o que ocorria após danos específicos no hipocampo.

Nesta etapa, notou-se que os ratos com danos no hipocampo procuravam alimentos com mais frequência do que os demais, mas comiam um pouco e logo deixavam a comida de lado.

A conclusão foi de que esses ratos não sabiam se estavam satisfeitos. Os pesquisadores acreditam que o mesmo possa acontecer em cérebros humanos, quando as pessoas mantêm uma dieta rica em gordura e açúcar.

A partir daí, eles cruzaram os resultados de outros estudos sobre o tema, e chegaram à conclusão de que uma dieta rica em gorduras saturadas e açúcares pode, sim, afetar regiões do cérebro importantes para a memória.

Novos caminhos para o tratamento da obesidade

O entendimento de como a obesidade afeta o cérebro e a memória pode ser um grande caminho para evitar que as pessoas se tornem obesas.

Se a qualidade dos alimentos contidos na dieta das pessoas obesas pode causar prejuízos à memória e torná-las mais propensas a comer demais, então talvez fazer das refeições mais marcantes possa ajudar a comer menos coisas ruins. Assistir televisão durante o almoço, por exemplo, faz com que as pessoas se distraiam e acabem comendo mais. Também aumenta a probabilidade de ter fome na parte da tarde e novamente comer excessivamente no jantar.

Evitar assistir televisão durante as refeições, portanto, é uma pequena mudança, bastante simples, que não envolve muito autocontrole ou sacrifício, mas que pode fazer uma diferença significativa.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, que teve um dos estudos utilizados pela equipe de Washington, afirmam que o vínculo entre a obesidade e o cérebro vem crescendo como campo de pesquisa, e a ideia é que surjam novas formas de direcionar o tratamento da obesidade.

Os estudos analisados

O primeiro estudo utilizado pela equipe foi publicado em 2015 no Journal of Pediatrics e apontava para o fato de crianças obesas terem poiores resultados em tarefas de memória que testaram o hipocampo, em comparação com crianças que não tinham excesso de peso.

Em julho de 2016, o estudo Obesity associated with increased brain-age from mid-life, do Cambridge Center for Aging and Neuroscience, revelou que o volume de matéria branca cerebral no grupo com excesso de peso e obesidade estava associado a um maior grau de atrofia, com efeitos na idade média do órgão, sugerindo que a obesidade pode aumentar o risco de neurodegeneração.

Já no estudo Higher Body Mass Index is Associated with Episodic Memory Deficits in Young Adults, publicado no The Quarterly Journal of Experimental Psychology, em novembro daquele mesmo ano, reuniu pessoas obesas e magras para uma tarefa de memória. Em uma caça ao tesouro virtual, os participantes escondiam algo em uma cena, ao longo de várias sessões de computador. Mais tarde, foram perguntados sobre o que esconderam, onde e em que sessão. Os resultados das pessoas obesas foram 15% a 20% inferiores ao das pessoas com peso adequado em todos os aspectos da experiência.

A análise destes dados evidencia que o excesso de peso pode acarretar em prejuízo para diferentes tipos de memória, como a espacial ou a temporal, bem como à capacidade de integrá-las que, segundo a pesquisadora, é um dos aspectos mais fundamentais da memória. Ao final, o estudo concluiu que uma pessoa obesa pode ser até 20% mais propensa, por exemplo, a não lembrar onde colocou suas chaves.

No estudo mais recente analisado, pesquisadores da Universidade do Arizona reforçaram sua teoria ao identificar, em Body mass and cognitive decline are indirectly associated via inflammation among aging adults, que a combinação entre índice de massa corporal alto e processos inflamatórios pode levar ao declínio cognitivo.

Ao avaliar adultos idosos, cruzando informações sobre o funcionamento da memória, massa corporal e inflamação sistêmica, a maior massa corporal foi indiretamente associada a declínios na memória ao longo de seis anos, bem como a níveis relativamente mais altos de inflamação, medidos por meio de proteína C-reativa (PCR).

É importante lembrar que, assim como os alimentos, a obesidade também traz mudanças significativas ao organismo, aumentando os níveis de açúcar no sangue, causando prejuízos ao sistema cardiovascular, entre outros. Estas alterações também podem afetar o cérebro.

Cientistas dizem que, muito provavelmente, o efeito da obesidade no cérebro está relacionado a não apenas uma causa, mas a uma combinação de causas.

Após o estudo, ficou mais claro para a equipe que a dieta rica em gorduras saturadas e açúcares, além dos danos ao cérebro, torna as pessoas mais propensas a optar por alimentos não saudáveis em sua alimentação.

Há, segundo os autores, um ciclo vicioso envolvendo dietas não saudáveis e alterações no cérebro, tornando cada vez mais difícil evitar estes alimentos. Os prejuízos vão além da função cerebral, repercutindo, inclusive, na função cognitiva.

A ignorância e o preconceito com os portadores de obesidade por parte de profissionais da área da saúde



Constantemente médicos presenciam profissionais da área da saúde fazendo alegações falaciosas sobre obesidade. A bola da vez está sendo uma medicação muito prescrita para tratamento do Diabetes e da Obesidade: Liraglutida (Saxenda, Victoza).

Após discussões em um grupo de Nutrólogos e Endocrinologistas que coordeno, percebemos o quanto leigos e até mesmo alguns profissionais da área da saúde são ignorantes no que tange ao tema: Obesidade.

Com o conhecimento atual disponível sobre o assunto, é inadmissível essa postura preconceituosa e ignorante, partindo principalmente de profissionais ditos da área da saúde. 

A combinação Atividade física + dieta ou o clássico "feche a boca e se exercite mais" ao longo das últimas duas décadas tem se mostrado um modelo falido para o tratamento da maioria dos portadores de obesidade. Só nega isso: 1) quem acredita piamente que isso funcione ou 2) quem não tem vivência prática em obesidade.

Atualmente, atendo semanalmente quase 90 pacientes portadores de obesidade. Ao final de um mês totalizo quase 360 pacientes. E não pense que seja obesidade grau I ou II, geralmente atendo só obesidade grau III, principalmente no ambulatório, no qual conto com o suporte de duas nutricionistas para atender os casos de sobrepeso, obesidade grau I e obesidade grau II.  O trabalho no ambulatório me mostra que no tratamento da obesidade é fundamental uma interdisciplinaridade. As chances do tratamento ter êxito é maior a medida que mais profissionais participam do processo. Lá tenho uma psicóloga e duas nutricionistas, porém o ideal seria que tivesse um profissional da educação física associado. 

Ao longo desses 5 anos de ambulatório, atendi quase 5 mil pacientesportadores de obesidade, em todos os graus e posso afirmar categoricamente que uma minoria, menos de 10% perde peso somente com atividade física e dieta. Isso corrobora com estudos muito bem conduzidos, patrocinados pelo governo americano mostrando que apenas 10% dos indivíduos com obesidade perdem 10% do peso e assim o mantém após 2 anos, apenas com modificações de estilo de vida (dieta e atividade física) puramente.

É importante deixar claro que a utilização desse combo e o fato dele apresentar uma baixa taxa de sucesso terapêutico, não o invalida (é o pilar), mas nos mostra que precisamos urgentemente buscar outras opções. E é isso tem que impulsionado os pacientes a procurarem cada vez mais nutrólogos e endocrinologistas, deixando de lado Nutricionistas (figura essencial no tratamento). Ouço isso todo dia no consultório, pacientes cansados de procurarem profissionais com visão limitada sobre o tratamento do portador de obesidade. Trabalho com profissionais excelentes, que enxergam a doença como deve ser vista mas o que vejo é um grande número de profissionais ainda sem uma visão global do quadro.

Pessoas de visão simplista e muitas vezes ignorante que sequer enxergam que a Obesidade é uma doença CRÔNICA, RECIDIVANTE, ALTÍSSIMO COMPONENTE GENÉTICO, ESTIGMATIZADA E SUB-TRATADA. Pra piorar a situação, há muitos profissionais ignorantes que estigmatizam o tratamento farmacológico antiobesidade, que graças às suas influencias digitais, tiram a oportunidade de pessoas que poderiam se beneficiar de tratamentos potencialmente úteis (mas não milagrosos, pois não é isso que eles se propõe). Com isso a obesidade perpetua-se.

Se obesidade fosse uma doença de fácil manejo não teríamos uma pandemia. Nunca se falou tanto sobre dieta e atividade física e mesmo assim os números crescem em progressão geométrica. Vejo diariamente alguns nutricionistas e profissionais da educação física olhando uma doença, por uma ótica apenas estética. Isso é um absurdo. Obesidade não é estética, obesidade é doença e assim deve ser tratada, com muita seriedade. Poucas doenças levam a tantas comorbidades associadas quanto á obesidade e isso reflete em qualidade de vida, expectativa de vida, direcionamento de gastos em saúde pública.

Inúmeros fatores comportamentais, genéticos, ambientais, emocionais favorecem o surgimento da obesidade ou agravamento da mesma. Os medicamentos, sejam eles quais forem, servem para aumentar a porcentagem de perda de peso e de número de indivíduos respondedores a estratégias de mudança de estilo de vida, e nunca uma em substituição à outra. 

O que me parece é uma briga mercadológica, na qual alguns nutricionistas e profissionais da educação física, por não terem o direito de prescreverem medicações e por saberem da eficácia das mesmas, tentam desmerecer ou satanizar o tratamento farmacológico antiobesidade. Assim o fazem com algumas inverdades:

MENTIRA 1: - Parou de tomar engorda tudo novamente. 
R: é doença crônica, se é doença crônica o tratamento é para toda a vida. O diabético toma hipoglicemiante por toda a vida, o hipertenso por toda a vida. Porque com o portador de obesidade seria diferente, ainda mais se tratando de uma doença muito mais complexa que diabetes e hipertensão. O que eu particularmente tento fazer é utilizar a medicação na fase de emagrecimento, mantê-la na fase de manutenção e depois iniciar o desmame. Consigo muitas vezes, porém outras vezes não. E entre escolher deixar o meu paciente recuperar todo o peso perdido e aumentar o risco de desenvolver outras doenças que pioram em decorrência da obesidade, opto por deixar meu paciente medicado.
Assim como tenho inúmeros pacientes que utilizaram a medicação em duas fases (fase de perda do peso e fase de manutenção) e depois seguiram a vida apenas com dieta, atividade física e psicoterapia.

MENTIRA 2: - São medicações que viciam.
R: Mais uma falácia e que mostra a ignorância sobre a farmacologia antiobesidade. Esse tipo de afirmação surgiu na década de 60 e 70 com os anorexígenos noradrenérgicos (popularmente chamados de anfetaminas = Anfepramona, Femproporex, Mazindol). Tais medicações tem um "poder de adição", entretanto hoje o nosso arsenal terapêutico (on-label e off-label) conta com medicações seguras e com baixíssimo poder de adição, exemplo:
- Sibutramina
- Orlistate
- Bupropiona com naltrexona
- Topiramato 
- Locarserina
- Liraglutida
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (Fluoxetina, Sertralina)

MENTIRA 3: - São medicações caras, sai mais barato pagar nutricionista e personal
R: Será caro mesmo? Somemos o valor de uma consulta mensal com nutricionista e acompanhamento 3 vezes por semana com personal trainner. Sai muito mais caro. Fora que as medicações permanecem caras até a patente vencer. Depois o preço despenca: ex. Sibutramina, Topiramato, Naltrexona com bupropiona. 

MENTIRA 4: - As medicações são repletas de efeitos colaterais e podem até matar
R: Na atualidade, para uma medicação ser aprovada ela passa por inúmeros ensaios clínicos que duram anos. A indústria farmacêutica sabe do prejuízo que é liberar uma medicação e mais a frente serem reportados inúmeros efeitos colaterais que não estavam na bula. Portanto, na atualidade o FDA (agência reguladora americana) exige um maior nível de segurança de tais medicações. Por exemplo, alguns não-médicos afirmam que a Liraglutida pode causar pancreatite, alterações renais e hipoglicemia. Afirmam até que que esses efeitos adversos são comuns. Na prática e inclusive na bula, tais complicações não são descritas como comuns. Mostrando claramente que esse tipo de afirmação falaciosa visa "desestabilizar' pacientes que estão em uso da medicação, criando atrito com os profissionais prescritores, no caso os médicos. Pondo ate mesmo em jogo a competência do médico. Muitas vezes tais afirmações, coloca-nos como charlatões à serviço da indústria farmacêutica, dando a entender que ganhamos alguma coisa pela prescrição das mesmas. Nem amostra grátis ganhamos, quem dirá comissão rs. Piada !

MENTIRA 5: - A perda de peso proporcionada é pequena, visto que, é um paciente  portador de obesidade que precisa perder muito peso.
R: Vamos à parte científica. Pois esse tipo de afirmação mostra apenas a ignorância de quem desconhece farmacologia, em especial a farmacoterapia antiobesidade. Para uma medicação ser aprovada pelo FDA, além de demonstrar segurança, deve também, em estudos clínicos: Atingir uma perda de peso maior do que 5% em relação ao grupo placebo (ou seja, que não usa a medicação), ou que ao menos 35% dos pacientes atinjam uma perda mínima de 5% do peso (ou que seja o dobro do grupo placebo).

As vezes para um paciente a medicação não é eficaz, mas para outro é altamente eficaz. Percebe-se isso em especial com a Sibutramina e Bupropiona com naltrexona. Ou seja, a reposta é heterogênea. Mas a medicação quando aprovada pelo FDA, ela passou pelo crivo de ensaios clínicos, mostrando efetividade mínima. Nos estudos alguns pacientes perdem muito pouco ou nada, alguns perdem pouco, outros perdem dentro da média esperada e outros perdem acima da média. Isso é medicina. 

Para a maioria das pessoas que buscam perda de peso, perdas ao redor de 5-10% do peso são pequenas e podem decepcionar à primeira vista, mas devemos levar alguns pontos em consideração. 

As afirmações abaixo foram retiradas de um texto desabafo do Dr. Bruno Halpern em seu facebook, após o tal profissional da educação física alegar que a perda de peso promovida pela Liraglutida era ínfima, não justificando o seu uso pelo custo-benefício. Considerações importantes feitas pelo Dr. Bruno Halpern: 

1 – A média de perda de peso com dieta e exercício, em estudos bem feitos, em que houve um controle enorme por parte dos profissionais de saúde para garantir adesão é ao redor de 3 kgs. Entre os respondedores, apenas 10% das pessoas conseguem perder ao menos 10% do peso e manter no longo prazo. Portanto, simplesmente dizer "é fácil, é só fazer dieta e exercício e prontonão se baseia em nenhum estudo de evidência e todo mundo que trata pacientes portadores de obesidade sabe disso. As afirmações são baseadas em meta-análises feitas sobre eficácia de atividade física e dieta no tratamento da obesidade. Nada do que foi afirmado acima é achismo e sim evidências encontradas em estudos científicos bem conduzidos. 

2 – O tratamento não é "só" medicação - todos esses estudos, tanto o grupo que toma a medicação, como o grupo placebo, fazem modificação de estilo de vida, portanto não é medicação versus dieta e exercício e sim uma soma. Assim, o grupo placebo muitas vezes perde sim um pouco de peso, fazendo com que, embora a diferença possa ser na casa de 5%, o grupo que tomou remédio perdeu mais evidentemente. 

3 – A "média" é um conceito falho, pois engloba pacientes que:
Não perderam absolutamente nada, 
Com pacientes que usaram a medicação por poucos dias e pararam (seja por efeito colateral, ou porque simplesmente abandonaram o tratamento, que é comum em obesidade, infelizmente), 
Com aqueles que conseguiram perdas maiores, que são chamados os respondedores. Os que não perdem nada, param o uso da medicação e tentam outras opções, reservando o uso a longo prazo àqueles que conseguem mantê-la.

Aqui vemos uma individualidade do tratamento. O arsenal farmacológico para tratamento da obesidade possui medicações com mecanismos de ação diferentes e que podem se enquadrar no perfil do paciente. O que serve para um, não serve para outro. Isso é muito comum no ambulatório que atuo.  Outro ponto interessante nos estudos é justamente essa heterogeneidade de participantes dos estudos. No resultado final se aloca todos que participaram e quantifica-se uma média de perda de peso. Vários pacientes perdem mais que 30% do peso inicial, assim como vários perdem 20% e outros apenas 5%.  

3 – Perdas de peso na casa dos 5-7% já são suficientes para melhorar muitos fatores de risco associados à obesidade como hipertensão, apnéia do sono, hipercolesterolemia. Cada kg de peso reduz o risco de desenvolvimento de diabetes em 17%. Perdas acima de 10% podem estar associadas a redução de mortalidade e acima de 15% são suficientes para causar redução importante de inflamação, que é um fator de risco enorme para doenças cardíacas, segundo Dr. Bruno Halpern. Ou seja, analisando os bons respondedores, podemos ter pacientes que se beneficiam muito, mesmo com perda ponderal considerada por alguns como ínfima. Na prática o que se vê no retorno dos pacientes, é que mesmo com perdas de 5% eles mostram contentamento com os resultados e relatam melhora em sintomas inespecíficos, tais como: melhora do sono, mais disposição, menos sonolência diurna, maior tolerabilidade aos exercícios, melhora do humor, redução de dores articulares, melhora da autoestima. Ou seja, externalizam isso quando questionados: - O que mudou na sua vida após esses kilos perdidos?

4 – Para o Dr. Bruno Halpern, uma outra maneira de analisar a eficácia das medicações é observando qual a chance de um paciente atingir um determinado porcentual de perda de peso com a medicação e dieta versus só a dieta. Temos muitas medicações, mas um número que vemos em algumas (como a liraglutida, que nos estudos sempre faz essa análise) é ao redor de 3. Ou seja, uma pessoa, engajando em um programa de perda de peso completo tem 3 vezes mais chance de atingir um resultado significativo com o remédio do que sem ele. Isso garante 100% de certeza? Não, longe disso. Mas pode modificar a vida de muitas pessoas.

Ou seja, medicações não são milagres, com objetivo de "secar" as pessoas para o verão. São opções com limitações, mas que podem ajudar muito a vida de pacientes que sofrem com obesidade, que é tão difícil de tratar e tão estigmatizada na sociedade. Dr. Bruno Halpern também afirma que a escolha da medicação leva em conta diversas características do paciente, assim como contraindicações. Nem todos podem usar todas as medicações, e é função de um profissional médico sério escolher as opções baseado em tudo isso, e saber reavaliar o paciente para trocar, se assim for necessário. 

MENTIRA 6: - Os médicos prescrevem medicações caras porque ganham comissão da indústria farmacêutica.
R: A indústria farmacêutica visa lucro, mas isso não implica que médicos sérios prescrevam medicações com esse intuito. Nós prescrevemos aquilo que a ciência nos mostra ter evidências e bom nível de segurança. Há médicos que são "speakers" de laboratórios? Sim, mas todos que conheço são éticos e estudiosos e por essa razão os laboratórios os chamam para falar sobre um produto. Claro que há os que tentam barganhar benefícios com os laboratórios, mas acredito ser  uma minoria. No caso da Liraglutida, a medicação custa em torno de 600 reais para 1 mês, na dose de 3mg, além disso o paciente deve comprar a caixa com as agulhas. O laboratório então oferece um programa de descontos, no qual o paciente liga e informa o CRM do médico prescritor, com isso o paciente consegue um desconto de 30% e o tratamento se torna mais acessível ao paciente. Sendo assim, não recebemos nenhum tipo de comissão para prescrever qualquer medicação que seja. A Novo Nordisk (fabricante da Liraglutida ) sequer nos fornece amostra grátis, o que seria muito bem-vindo, visto que poderíamos verificar a tolerância do paciente à medicação.

Portanto, diante de todos os fatos expostos a cima, médicos nutrólogos e endocrinologistas pedem para os demais profissionais da área da saúde:
- PAREM DE ESTIGMATIZAR AINDA MAIS A OBESIDADE, SATANIZAR O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO. VENHAM SOMAR AO TRATAMENTO, NÃO DIFICULTAR ALGO QUE JÁ É MUITO DIFÍCIL.  POR FIM, ESTUDEM E SAIAM DA IGNORÂNCIA. 

Referências:
  1. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/oby.21975
  2. http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1411892
  3. http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1603827
  4. http://bmjopen.bmj.com/content/3/1/e001986
  5. https://www.nature.com/articles/ijo2013225
  6. https://www.hindawi.com/journals/ije/2018/2637418/

sábado, 17 de março de 2018

A ciência do tratamento da obesidade by George Bray e comentado pelo Dr. Bruno Halpern

Endocrine Society (Sociedade Americana de Endocrinologia) publicou um texto extenso, sobre "A ciência do tratamento da obesidade", escrito por diversos especialistas na área, entre eles o decano do estudo da obesidade no mundo, Dr. George Bray.

Pontos que merecem destaque, de acordo com o diretor da ABESO, Bruno Halpern:

1 - O texto comenta sobre estratégias de prevenção tentadas até hoje, e que muito poucas de fato se mostraram efetiva (muitas idéias que parecem óbvias não funcionam na prática).

2- A importância de perder peso para a saúde, com perdas de 5-10% atingindo melhora metabólica e provavelmente perdas acima de 10% sendo suficientes para reduzir a mortalidade de uma população com obesidade.

2 - Em uma comparação entre dietas, juntado inúmeros estudos publicados, o texto conclui, como eu sempre concluo, que o que define o sucesso de uma dieta sobre a outra é a adesão e não existe uma dieta claramente superior à outra. E que, do ponto de vista puramente da perda de peso, o que determina uma maior ou menor perda de peso é a restrição de calorias, mais do que a composição de macronutrientes.

3- A importância do exercício físico, mais como método eficaz em melhorar de composição corporal e manutenção de peso, do que como método para emagrecimento em si.

4- Como doença doença crônica, o tratamento deve ser crônico e esforços devem ser empreendidos na manutenção do peso perdido e não só na perda.

5- O papel das medicações anti-obesidade, ainda tão mal faladas e estigmatizadas. O texto comenta sobre medicações que foram proibidas no passado, mas ressalta que as medicações aprovadas hoje tem estudos de segurança e eficácia bons e sem dúvida são opções viáveis para o correto tratamento da obesidade em muitos casos. Importante ressaltar esse ponto, pois ainda vemos muitos médicos, na grande maioria das vezes como desconhecimento, criticando medicações, sem ao menos terem lido um único estudo a respeito do potencial das mesmas em otimizar o resultado de uma mudança de estilo de vida bem feita, aumentando o peso perdido e o número de respondedores. Nem todos respondem bem a todas as medicações e o perfil de colaterais também é bem individual. Termos várias opções aumenta a chance de encontrar a certa para cada um.

6 - A cirurgia bariátrica como estratégia eficaz e segura em pacientes com obesidade mais grave, com diversos estudos mostrando claramente redução de mortalidade e de doenças associadas, como câncer, infarto, apnéia do sono e melhora do diabetes. Os riscos cirúrgicos diminuíram muito nas últimas décadas, e a grande preocupação ainda é com o seguimento a longo prazo, pois muitos pacientes operados nunca mais vão ao médico. Melhorar esse seguimento é vital, assim como aumentar os centros de excelência para que se façam cirurgias cada vez mais seguras e beneficiarmos mais pacientes que dela necessitem.

quinta-feira, 15 de março de 2018

APROVADO NA PROVA DE TÍTULO DE NUTROLOGIA


Depoimento da Dra. Amanda Weberling, sobre o banco de questões e Flashcards. Médica Nutróloga com Residência pela USP. Aluna da Mentoria de 2018 e aprovada na prova de título de 2018.


Enfim, aprovado na prova de título de Nutrologia da Assoc. Bras. de Nutrologia (ABRAN).

Só é especialista na área quem fez Residência Médica ou tem Título de especialista.

Qualquer coisa fora disso é infração ética, além de estar usurpando de uma classe, algo que não é seu. É importante frisar isso, pois, inúmeros médicos ignoram o tempo árduo de estudos (além dos gastos) que outros tiveram, seja na residência, seja estudando para uma prova de título de especialista. Apropriam-se de títulos sem os possuírem. Criticam a corrupção em suas redes sociais mas são tão corruptos quanto alguns políticos.

Ao longo desses anos (desde 2013) sempre fui enfático em dizer: "não sou nutrólogo, posso até chefiar um Serviço de Nutrologia no SUS ou ter feito pós-graduação de Nutrologia pela ABRAN", mas isso não me dava o direito de sair propagando aos quatro cantos algo que eu não era.

Enfim, dia 12/03/2018: APROVADO NA PROVA DE TÍTULO DE NUTROLOGIA.  Caso queira saber mais sobre a prova de título acesse: https://www.provadetitulodenutrologia.com.br/a-prova-de-titulo/

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
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Em tempo, 2024

Como passar na prova de titulo e seguir um caminho ético dentro da Nutrologia

Muitos colegas afirmam que meus materiais são caros e reconheço que são mesmo. Levei quase 10 anos preparando alguns deles. Investi tempo e muito dinheiro para ter conhecimento técnico e elaborá-los. Ou seja, reconheço o real valor do meu material. 

A tendência é o preço sempre subir, a medida que eu e meus afilhados formos atualizando-os. E diariamente recebo feedback dos meus afilhados sobre o quanto o material transformou a vida deles. Ou seja, valorizo o meu material.  Para adquiri-los acesse: www.provadetitulodenutrologia.com.br

Meu nome é Frederico Lobo, sou natural de Goiânia - GO, atuo em Goiânia e Joinville. Desde antes da faculdade me interessei por Nutrição e metabolismo. Durante a faculdade estudei paralelamente Nutrologia Médica e já no quarto ano decidi que queria ser Nutrólogo. Atualmente sou Nutrólogo no SUS, em consultório particular e professor de Nutrologia. Ensino Nutrologia gratuitamente para acadêmicos de medicina através de um curso online, com duração de 2 horas e carga horária de 152h. Ensino médicos a trilharem um caminho ético na Nutrologia.

Sou idealizador do movimento Nutrologia Brasil (2014) e lutamos pela valorização da nossa especialidade. Nosso grupo é composto majoritariamente por quase 150 Nutrólogos titulados ou que fizeram residência médica de Nutrologia.

Minha história

Em 2014 fiz a pós-graduação de Nutrologia da ABRAN (na época chancelada pela Santa Casa de São Paulo – SP). Após o término negociei com a prefeitura de Aparecida de Goiânia o meu remanejamento (onde sou médico concursado) para o Ambulatório de Nutrologia. Serviço que já existia e estava há 2 anos sem médico. Isso gerava uma enorme sobrecarga do serviço de Endocrinologia e o de Nutrição. Criamos então o Serviço de Nutrição, Nutrologia e Endocrinologia da prefeitura de Aparecida de Goiânia. 

Atualmente estou a frente do ambulatório,  consultório particular em Goiânia e Joinville. Mentoria clínica para médicos que desejam seguir na Nutrologia e curso preparatório para a prova de título de 2025.

Aprovação na prova de título de 2017

Dediquei-me 3 anos (2014-2017) a me preparar para a prova de título de Nutrologia. A qual prestei em 13/12/2017 e fui aprovado com 74,7% (mesmo tendo 11 pontos a menos no currículo de 30 pontos) em um prova na qual a aprovação gira em torno de 20%. 

A prova de título da ABRAN não é uma prova fácil e geralmente só passa quem realmente estudou bastante e da forma correta. Assim como toda prova de título de especialista, o grau de dificuldade vem aumentando ao longo dos anos, provavelmente por que a matéria fica cada dia mais densa. Acompanhando as provas nos últimos 8 anos, o índice de aprovação gira em torno de 20%. Ou seja, até 80% é reprovado por não estudar corretamente, por materiais inadequados e por não acreditarem que para ser aprovado é necessário fazer uma verdadeira imersão no universo da Nutrologia.

Para adquirir e-books, mentoria ou ser apadrinhado acesse: www.provadetitulodenutrologia.com.br

Apadrinhamento

Nos últimos 5 anos tem sido constante e-mails/directs de médicos que começaram a cursar as pós-graduações de Nutrologia disponíveis no Brasil e se dizem totalmente insatisfeitos, com a sensação de dinheiro jogado no lixo. A maioria reclama da qualidade das aulas, da falta de lógica na distribuição do conteúdo dado nas principais pós-graduações de Nutrologia no Brasil. Quase sempre ficam perdidos e não sabem por onde começar a estudar.  Muito menos como começar um consultório ou uma EMTN.

Pensando nisso em 2018 comecei a apadrinhar alguns médicos que compraram meus materiais. Em especial os que adquiriram o E-book: Tô na Nutro e agora?  No mesmo ano iniciei uma mentoria preparatória para a prova de título de Nutrologia, que por 2 anos foi um sucesso, chegando a aprovar 90% dos mentorandos. No meu canal do YouTube há inúmeros depoimentos de afilhados, mentorandos e pessoas que foram aprovadas na prova de título graças aos meus materiais. 

Para tentar a vaga de afilhado clique aqui.











Para conhecer mais sobre o meu trabalho e sobre o que escrevo:
Blog: Ecologia médica – http://www.ecologiamedica.net
Facebook: Dr. Frederico Lobo
YouTube: Dr. Frederico Lobo

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Posicionamento Sobre Lugol pela SBEM

O Departamento de Tireoide da SBEM divulgou um posicionamento referente ao uso do lugol pela população. De acordo com o documento, a utilização do iodo ou de suas soluções é importante para a síntese dos hormônios tireoidianos. No entanto, são necessários cuidados na ingestão diária desta substância, pois o excesso pode ser prejudicial à saúde.

Um dos pontos abordados no posicionamento trata-se da quantidade recomendada de ingestão diária de iodo pela Organização Mundial de Saúde (OMS), principalmente em gestantes e lactantes. Abaixo um trecho sobre a questão.

“Em regiões ou países onde a suplementação de iodo é recomendada, tal medida deve objetivar atingir os níveis diários recomendados pela OMS, ou seja, 100-150 µg/dia para a população geral e 250 µg/dia para gestantes e lactantes.

A solução de Lugol não deve ser prescrita com o objetivo de suplementar iodo em nenhuma situação. A solução de Lugol 5%, que é composta por iodeto de potássio (10%), iodo elementar inorgânico (5%) e água destilada, contem 2500 µg de iodo em cada gota, ou seja, mais que 10 vezes a recomendação da OMS.

As únicas situações clínicas onde seu uso é recomendado refere-se ao preparo pré-operatório de pacientes com hipertireoidismo por doença de Graves e à crise tireotóxica. No caso do preparo pré-operatório é prescrito por 10-15 dias anteriores à cirurgia com objetivo de gerar uma redução importante da vascularização glandular e minimizar complicações hemorrágicas peri-operatória. Na crise tireotóxica o objetivo é bloquear a produção hormonal em situação de urgência médica, sendo porém recomendável que anteriormente à administração do Lugol o paciente tenha recebido uma droga antitireoidiana (de preferência o Propiltiuracil) para não haver nenhum risco do efeito inverso, ou seja, piora do hipertireoidismo por sobrecarga de iodo (efeito Jod-Basedow).”

O posicionamento completo do Departamento de Tireoide pode ser acessado no link abaixo.
http://www.tireoide.org.br/media/uploads/pdfs/parecer_sobre_o_uso_do_iodo_e_de_solu%C3%A7%C3%B5es_contendo_iodo.pdf

Parecer Sobre o Uso do Iodo e de Soluções Contendo Iodo
Departamento de Tireoide da SBEM
Dra. Patricia de Fátima S. Teixeira - Médica Endocrinologista do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho, Professora de Pós-graduação em
Endocrinologia e Metabologia da Faculdade de Medicina da UFRJ e membro da
diretoria do Departamento de Tireoide da SBEM
Dra. Gisah Amaral de Carvalho – Professora Associada de Endocrinologia e
Metabologia da UFPR, chefe da Unidade de Tireoide do Hospital de Clínicas da
UFPR e membro da diretoria do Departamento de Tireoide da SBEM

O Iodo é importante para a síntese de hormônios tireoidianos e a sua deficiência é causa de bócio endêmico e déficits intelectuais importantes em crianças nascidas de mães sem o aporte adequado desse micronutriente. Em contrapartida, o excesso de iodo, a longo prazo, tem sido associado ao maior risco para desenvolvimento de tireoidites autoimunes, como por exemplo a Tireoidite de Hashimoto. As tireoidites autoimunes são as causas atuais mais comuns de hipo e hipertireoidismo. Nas últimas décadas o aumento do aporte de iodo à população também tem sido associado à maior incidência mundial de carcinoma papilífero de tireoide. Estudos demonstram associações entre excesso de iodo e mutações BRAF, que são comumente relacionadas ao carcinoma papilífero de tireoide, apesar de não haver comprovação de uma relação “causa-efeito”.

Além desses possíveis efeitos crônicos do excesso de iodo, sabe-se que sobrecargas de iodo a curto prazo podem causar hipertireoidismo pelo efeito JodBasedow ou bloqueio de secreção hormonal pelo efeito Wolff-Chaikoff, com consequente hipotireoidismo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão diária de iodo seja de 100 -150 µg/dia, para a população geral. Na gestação, por conta das maiores demandas à glândula tireoide, e das necessidades fetais, esse aporte deve ser de 250 µg/dia. Tais níveis (250 µg/dia) também são necessários para a lactante. Ressalta-se porém que o excesso de iodo também traz risco à saúde, e por isso a ingestão não ultrapasse 500 µg/dia.

Políticas de saúde pública, em diferentes países do mundo, que garantem o acréscimo de iodo no sal de cozinha, contribuem para a redução da prevalência de formas graves de deficiência de iodo em populações específicas.

No Brasil, em 1999, foi criada a Comissão Interinstitucional para a Prevenção e o Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo (CIPCDDI). Segundo a Portaria Nº 520, de 06 de abril de 2005, a CIPCDDI objetiva fortalecer o acompanhamento e a avaliação do Programa Nacional de Prevenção e Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo (Pró-iodo), com foco nas mesmas metas recomendadas pela OMS.

Pela OMS, o monitoramento dos PROGRAMAS DE IODAÇÃO DO SAL é muito importante para avaliar a eficácia dos mesmos. Tal monitoramento é regulado por quatro indicadores:
 Iodação do sal, objetivando atingir um consumo efetivo em mais de 90% dos domicílios;
 Excreção urinária de iodo: objetivando avaliar se a excreção urinária de iodo se mantém em níveis aceitáveis;
 Volume da tireoide: objetivando constatar a presença de volume normal em mais de 95% de crianças entre 6 a 12 anos; e níveis de TSH neonatal, que devem estar adequados em 97% da população de recém-nascidos (3 a 7 dias).

Desde 1982, a população brasileira recebe uma quantidade mínima de iodo no sal, por conta de avanços na legislação. Em contrapartida, sabe-se que a recomendação de consumo máximo diário de sal, pela OMS, é de menos de cinco gramas por pessoa. Porém, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo médio do brasileiro está em 12 gramas diários, valor que ultrapassa o dobro do recomendado. Por conta disso, uma determinação, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Diário Oficial da União (DOU) de 25 de Abril de 2013, alterou a faixa de iodação do sal utilizado no Brasil. De acordo com a nova regra, a adição do iodo no sal de cozinha foi reduzida para 15 - 45 miligramas por quilo (mg/kg) de sal. O mesmo equivale a 150-450 mcg por cada 10 gramas de sal. Os produtos com menos iodo começaram a ser produzidos no Brasil aproximadamente 90 dias a partir dessa publicação. Anteriormente, a adição poderia variar entre 20 a 60 mg/kg. A nova faixa foi resultado de avaliação e monitoramentos realizados pela CIPCDDI, coordenada pelo Ministério da Saúde, e seguida de consulta pública.

Estudos que avaliaram o status iódico, e consequentemente a eficácia do programa de iodação nacional, entre 1985-2013, foram resumidos em uma metanálise publicada por Campos e cols em 2015. Dentre esses estudos, 13 avaliaram crianças escolares, 3 avaliaram gestantes, 3 recém nascidos e 4 estudaram indivíduos adultos. Dentre os estudos com escolares observou-se que 2 foram conduzidos antes de 1996, em diferentes cidades e estados brasileiros, e demonstraram níveis de insuficiência iódica em 30 e 33% da amostra. Posteriormente, um estudo conduzido em Minas Gerais (n=280) evidenciou que 67,4% das crianças em escolas públicas tinham insuficiência iódica, contra 7,8% entre aquelas em escolas particulares (Nimer e cols).

Em contrapartida, estudos conduzidos após a criação da CIPCDDI demonstram que o excesso é mais comum do que a falta de iodo nessa população infantil. Um desses estudos incluiu 1563 escolares de 8 estados nas 5 regiões brasileiras (Prettel e cols). Outros estudos incluíram aproximadamente 1000 escolares e foram conduzidos no Mato Grosso do Sul (Saab e cols) e em São Paulo (Duarte e cols; Carvalho e cols). Os únicos resultados discrepantes foram reportados por Macedo e cols, em 2012, demonstrando alta prevalência de insuficiência iódica em 475 crianças no estado de Minas Gerais, e por Pontes e cols na Paraíba, onde frequente consumo de alimentos bociogênicos foi detectado em inquérito alimentar. Estudos em adultos, na região de São Paulo e do Rio Grande do Sul não demonstraram insuficiência iódica, havendo inclusive demonstração de excesso iódico,  de acordo com os níveis de iodúria, no estudo conduzido em São Paulo, por Camargo e cols.

Em um dos estudos envolvendo 800 gestantes, referido na metanálise, e conduzido em São Paulo, por Barca e cols, evidenciou-se adequado status iódico. Porém mais recentemente, estudo conduzido em Ribeirão Preto, evidenciou que 57,1% das gestantes da região (n=109) apresentavam iodúria <150 19="" 2008.="" a="" apresentavam="" as="" cols="" concentra="" correla="" das="" demonstraram="" dica="" do="" e="" em="" entre="" es="" estudo="" gestantes="" grande="" hormonais="" houve="" i="" insufici="" iod="" n="" ncia="" no="" o="" p="" publicado="" que="" ria="" rio="" soares="" sul="" ug="">
Uma reanálise do status iódico em diferentes populações após a redução da concentração de iodo no sal ocorrida em 2013 é uma necessidade urgente. Em 2006, a American Thyroid Association (ATA) recomendou a suplementação de 150 μg/dia de iodo (em polivitamínicos ou iodeto de potássio) para toda gestante e lactante com o objetivo de se assegurar níveis de iodúria de 250 μg/ L. A partir de 2011, tal recomendação se estendeu para o período pré-conceptivo. Porém, até o presente momento não podemos estender tal recomendação para a população brasileira.

Ensaios clínicos que avaliaram o efeito da suplementação de iodo em gestantes demonstraram um aumento da iodúria, porém sem confirmação de uma relação direta dose-dependente, bem como não demonstraram impactos nos níveis de TSH e dos hormônios tireoidianos (20-24). Mais estudos  randomizados e controlados, com número expressivo de pacientes, são necessários para avaliar o impacto da suplementação de iodo em gestantes sobre a função tireoidiana, desfechos obstétricos e repercussões fetais. Tais considerações são especialmente importantes quando se considera insuficiências leves de iodo.

Em regiões ou países onde a suplementação de iodo é recomendada, tal medida deve objetivar atingir os níveis diários recomendados pela OMS, ou seja, 100-150 µg/dia, para a população geral e 250 µg/dia para gestantes e lactantes. A solução de Lugol não deve ser prescrita com o objetivo de suplementar iodo em nenhuma situação. A solução de Lugol 5%, que é composta por iodeto de potássio (10%), iodo elementar inorgânico (5%) e água destilada, contem 2500 µg de iodo em cada gota, ou seja, mais que 10 vezes a recomendação da OMS. As únicas situações clínicas onde seu uso é recomendado refere-se ao preparo pré-operatório de pacientes com hipertireoidismo por doença de Graves e à crise tireotóxica. No caso do preparo pré-operatório é prescrito por 10-15 dias anteriores à cirurgia com objetivo de gerar uma redução importante da vascularização glandular e minimizar complicações hemorrágicas peri-operatória. Na crise tireotóxica o objetivo é bloquear a produção hormonal em situação de urgência médica, sendo porém recomendável que anteriormente à administração do Lugol o paciente tenha recebido uma droga antitireoidiana (de preferência o Propiltiuracil) para não haver nenhum risco do efeito inverso, ou seja piora do hipertireoidismo por sobrecarga de iodo (efeito Jod-Basedow).

Por esses motivos, o Departamento de tireoide emite o seguinte parecer:
1 - É urgente a definição do status iódico na população brasileira, especialmente após a redução da concentração de iodo no sal em 2013.
2 - Tal necessidade é maior na população gestante onde há maiores necessidades de aporte ao iodo e onde o impacto da insuficiência iódica é altamente deletério.
3 - A insuficiência iódica traz malefícios à saúde humana, porém o excesso também está associado com complicações no funcionamento e desenvolvimento tireoidiano.
4 - Ainda não existem evidências suficientes para recomendação de reposição de iodo às gestantes brasileiras, como recomendado pela ATA, pela falta de definição do status iódico nas mesmas e pela falta de evidências de que a reposição trará benefícios em situações de insuficiência leve.
5 - A maioria dos suplementos vitamínicos oferecidos às gestantes contém pequenas quantidades de iodo que poderiam suplementar as necessidades das mesmas.
6 - Não se recomenda a prescrição de Lugol, que trata-se de solução contendo iodeto de potássio, com o objetivo de melhorar o funcionamento tireoidiano. A única recomendação para seu uso permanece no pré-operatório de pacientes com Doença de Graves, objetivando a redução da vascularização da glândula e consequentemente reduzindo sangramentos locais. Mesmo nessa situação, seu uso deve ser feito por curto período pelos riscos da sobrecarga do iodo sobre a glândula.
7 - Em áreas onde, sabidamente, há deficiência grave de iodo a suplementação de iodo deve ser oferecida a todas as gestantes, porém onde há uma insuficiência leve existem controvérsias quanto aos benefícios do início da suplementação depois de confirmada a gravidez .

REFERÊNCIAS:
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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Uso de adoçantes e refrigerantes sem calorias, Por Prof. Dr. Bruno Halpern

Hoje vou comentar um pouco a respeito de uma visão científica clínica sobre o uso de adoçantes e refrigerantes sem calorias, outro tema que sempre causa muita controvérsia. Não pretendo esgotar o assunto, mas simplesmente fornecer uma visão mais clara sobre a questão, e uso como referência um artigo recém-publicado, que estará na caixa de comentários. Focarei em questões relacionados a peso, principalmente, embora muitas outras discussões sejam possíveis e meu foco principal será na importância de retirar refrigerantes normais de nossa dieta e se, portanto, nesse caso, a substituição por refrigerantes dietéticos seria uma opção possível e eficaz.

Muitos torcem o nariz para adoçantes, baseados em estudos que vez por outra saem na imprensa, dizendo que estão associados a ganho e não a perda de peso, causam diabetes, mudam a microbiota, etc.

1 - Devemos tomar cuidado com estudos epidemiológicos, que não atribuem causa e efeito. Ou seja, se o consumo de adoçantes é maior em obesos, isso não significa que adoçantes engordam; podem apenas significar que quem luta contra a balança tem mais chances de usar adoçantes.

2 - Com certeza aprendemos muito com estudos em animais, mecanísticos, que sugerem efeitos os mais variados dos adoçantes (eu mesmo já escrevi um texto sobre um artigo excelente publicado na Nature que mostra, em animais, uma mudança da flora bacteriana em uso de alguns adoçantes). Porém, para a clínica do dia-a-dia é fundamental que nos fiemos em estudos randomizados, com pessoas. Quase a totalidade desses estudos demonstra que, em pessoas que consomem refrigerante com freqüência, a troca de refrigerantes normais por refrigerantes sem calorias leva a perda de peso e melhora de alguns fatores metabólicos.

Mas não seria melhor evitar todos os refrigerantes? Se você não liga para eles, sim. Mas, para quem gosta muito, uma troca radical por água poderia levar a duas situações desagradáveis:

1- não aderir a troca e manter o consumo de refrigerantes normais.
2- ao invés dos refrigerantes, consumir mais doces por outras vias.

ATENÇÃO: não estou dizendo que tomar refrigerante diet é melhor que água! Apenas que, naqueles que já consomem muito refrigerante, uma troca radical tem menos chance de ser efetiva.

Ainda ouvimos que adoçantes engordam por uma série de motivos, a maioria deles baseados em estudos em ratos.

Os três argumentos mais freqüentes são
1- adoçantes atrapalham o funcionamento cerebral, pois o nosso corpo acredita que, quando sentimos o gosto doce, haverá um excesso de energia chegando - quando esse estímulo não chega, haveria uma busca por outras formas de alimento
2 - o consumo de alimentos com gosto doce nos fazem querer consumir mais e mais alimentos doces (como um vício)
3- ao consumir adoçantes conscientemente, corremos o risco de comer outros alimentos calóricos por acharmos que estamos saudáveis.

Os dois primeiros argumentos caem por terra com uma série de experimentos já realizados (inclusive, ao contrário do que diz o número 2, muitos se satisfazem com o gosto doce dos adoçantes e optam menos por alimentos com açúcar). O terceiro pode, de fato ocorrer, mas não é uma atribuição somente dos adoçantes, mas de todos os alimentos que são rotulados como saudáveis (ao achar que estão consumindo algo saudável, as pessoas tendem a consumir uma quantidade maior).

Devemos lembrar, porém, que os adoçantes são muito diferentes entre si, e pode sim haver diferenças entre eles em relação à sinalização metabólica e outras questões. É possível que estudos mostrem que há opções melhores ou piores, e que algum efeito negativo possa de fato exsistir. Lembro sempre que a Ciência é mutável, pois se não não seria ciência e sim dogma. Os maiores estudos sobre o assunto tem 40 meses de duração (pouco mais que três anos), portanto, preocupações sobre efeitos a muito longo prazo não podem ser respondidas por esses estudos.

Porém, qualquer preocupação sobre o que não sabemos sobre os adoçantes deve ser menor do que o de fato sabemos sobre o açúcar: o consumo em excesso engorda, leva a piora metabólica e aumenta o risco de diabetes e gordura hepática (e secundariamente, portanto, a maior risco de doenças cardiovasculares e câncer). Ou seja, não há nenhuma razão para continuar consumindo açúcar em excesso por medo dos efeitos deletérios dos adoçantes.

Eu concluiria dizendo que não há espaço hoje em dia para refrigerantes normais para pessoas com problemas metabólicos e dificuldade com o peso. Nesse sentido, para aqueles que costumam consumir com freqüência, a troca do refrigerante normal pelo diet faz sentido como opção para reduzir o número de calorias. Quase todos (ou todos) os estudos que avaliaram essa troca encontraram resultados positivos, por pelo menos 40 meses. O mesmo vale para consumo de açúcar com café, suco, etc. A troca por adoçantes é melhor do que continuar a consumir açúcar em excesso.

Fonte: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/posts/1182101461920302