terça-feira, 27 de novembro de 2018

Principais produtos ficam de fora de acordo para redução de açúcar

O Ministério da Saúde e a indústria de alimentos assinaram um acordo na última segunda-feira (26) para reduzir a quantidade de açúcar em alimentos industrializados. Anunciado pelo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, o documento prevê reduzir em 144 mil toneladas a quantidade de açúcar consumida nos próximos quatro anos no país.

A redução equivale a cerca de 1,5% da ingestão de açúcar advinda de alimentos processados no país. O ministério estima que cada brasileiro consuma, em média, 80 gramas de açúcar por dia --36% dos quais, provenientes de alimentos industrializados.

Mas diversos dos produtos mais vendidos no país, inclusive os mais consumidos por crianças, devem passar ao largo do acordo. Refrigerantes da Coca-Cola, por exemplo, têm 10,5 gramas de açúcar para cada 100 mililitros. Ela já escapa hoje, por 0,10 grama, da meta estabelecida para refrigerantes em 2022, de 10,6 gramas. Outro exemplo de alimento que escapará é o Nescau, que tem 75 gramas de açúcar para cada 100 gramas do produto, abaixo do limite de 85 gramas estabelecido para 2022.

Alguns limites de açúcar em produtos industrializados previstos no acordo:

  1. Refrigerantes: 11 gramas por 100 mililitros até o fim de 2020 e 10,6 gramas por 100 mililitros até o fim de 2022
  2. Achocolatados: 90,3 gramas a cada 100 gramas até o fim de 2020 e 85 gramas por 100 gramas até o fim de 2022
  3. Biscoitos recheados: 36,4 gramas a cada 100 gramas até o fim de 2020;
  4. Iogurtes e outros leites fermentados: 14,5 gramas a cada 100 gramas até o fim de 2020 e 12,8 gramas a cada 100 gramas até o fim de 2022

Apesar das concentrações definidas, acompanhar essas metas é uma dificuldade. A declaração da quantidade de açúcares não é obrigatória. Hoje, por exemplo, boa parte dos biscoitos recheados e dos bolos não traz essa informação, tornando impossível saber como estão esses produtos agora, no começo do acordo, e como se caminhará para chegar ao patamar pactuado.

As metas pouco ambiciosas fazem com que o acordo tenha grandes chances de fracassar em seu objetivo de reduzir as doenças causadas pelo excesso de açúcar, diz Ana Paula Bortoletto, líder do Programa de Alimentação Saudável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). "Nossa expectativa é que ele não vá surtir muito efeito na prevenção de doenças crônicas", diz a nutricionista.

O Brasil já é o quarto país com a maior ingestão de açúcar no mundo, segundo dados da Sucden, líder global nesse mercado. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o consumo de açúcar não ultrapasse 10% do total de calorias ingeridas, o que dá em torno de 50 gramas no caso de um adulto, mas no país esse índice chega a 16%.

O Ministério da Saúde calcula que três em cada quatro mortes no Brasil sejam decorrentes de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e câncer. Os dados mais recentes mostram que 18,9% dos brasileiros estão obesos e que 54,9% apresentam sobrepeso.

Os alimentos ultraprocessados vêm ganhando cada vez mais espaço, como tem mostrado a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Refrigerantes, chocolates, bolos industrializados e biscoitos representam fatia cada vez maior da ingestão de açúcar.

Responsável pela elaboração do acordo, a indústria defende as metas que ela mesmo estipulou em meio a conversas com o Ministério da Saúde. "Fizemos bastante discussão, oficinas técnicas com o Ministério da Saúde para cada alimento. E chegamos a números que são possíveis de ser trabalhados", disse no mês passado João Dornellas, o presidente da principal associação do setor, a Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação).

O acordo foi costurado no momento em que a indústria sofre crescente pressão, no Brasil e no mundo. Vários países têm adotado mudanças na rotulagem, restrições na publicidade e taxação de bebidas adoçadas como tentativa de conter o crescimento dos índices de obesidade e a explosão na ocorrência de doenças crônicas. Por aqui, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia colocar alertas nas embalagens sobre o excesso de sal, açúcar e gorduras.

Acordo repete fórmula criticada
O acordo para a redução de açúcar foi feito nos mesmos moldes de um anterior, que buscava a redução de sódio nos alimentos processados. Assinado em 2007, no momento em que a Anvisa debatia restrições à publicidade desses produtos, tinha o objetivo de diminuir o sal em alimentos como pães, temperos, derivados de carne, macarrões instantâneos e outros produtos.

Para a indústria, o acordo funcionou tão bem que deveria ser replicado. "A avaliação não poderia ser melhor, pois, além dos excelentes resultados alcançados, o Plano de Redução de Sódio serviu como referência para o desenvolvimento do Plano de Redução de Açúcares", disse a Abia em nota enviada à reportagem. A Abia afirma que fez a "retirada de mais de 17.254 toneladas de sódio de 35 categorias de alimentos industrializados. A meta é alcançar 28.500 mil toneladas até 2020".

Partindo do número apresentado pela associação, de 17.254 toneladas, dividido pela população brasileira em 2007 (190 milhões), chega-se a uma redução anual de oito gramas por pessoa, ou 0,022 grama por dia. 

Longe do otimismo da Abia, estudos de fora da indústria reforçam a ideia de fracasso. Uma pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) projetava que a redução do consumo de sódio do brasileiro ao final de 2017 teria sido de somente 1,5%.

O Idec, por sua vez, critica a falta de ambição das metas. "A gente viu que a maior parte dos produtos já atendiam a meta muito antes do prazo final. Na prática, essa redução do sódio significou muito pouco para os produtos que já estavam no mercado", diz Ana Paula. Uma pesquisa do instituto, realizada em 2014, mostrava que quase metade dos produtos avaliados (49,5%) não seria afetada pelas metas definidas para 2017.

Os critérios foram estabelecidos pela própria indústria, que comandou o processo de elaboração. "O governo não tinha tanta informação e capacidade técnica quanto a indústria para pensar em todos os pontos em torno das metas", diz o cientista político e professor do Insper Marcello Fragano Baird, que publicou um estudo sobre a construção do acordo.

Baird diz que as negociações foram desequilibradas. Houve pouca participação da sociedade civil, e a própria Abia, que comandou o processo, não representa toda a indústria de alimentos. "No mínimo, houve uma falta de equilíbrio para estabelecer as regras desse jogo. Só tinha um lado na mesa ocupado", diz Baird.

O resultado da falta de participação foram metas fracas e que, além disso, não resultam em punição caso não sejam cumpridas. O governo adotou o modelo voluntário, em que as empresas se dispõem a cumprir as metas, em vez de uma regulação definida e monitorada pelo Estado.

"Se você chega ao final do acordo e as metas não tiverem sido atingidas, o que vai se fazer? Não se faz nada. E a população vai continuar tendo problemas de saúde, que só vão aumentar", diz Baird. Para ele, o governo não deveria insistir nesse modelo.

Os pesquisadores da UFRJ chegaram a uma conclusão semelhante. "Dificilmente será possível alcançar a redução necessária no consumo de sódio no Brasil a partir de acordos voluntários nos moldes dos que aconteceram até o momento", concluem no estudo.

Acordos são somente parte da solução
Mesmo se fossem bem-sucedidos, os acordos seriam somente parte da solução do problema do consumo excessivo de sal e açúcar no país. Segundo Ana Paula, cortar o sódio e o açúcar de alimentos ultraprocessados seria eficiente em países como os Estados Unidos, onde mais de 70% do sódio vem de alimentos industrializados. Como a parcela no Brasil é menor, de cerca de 30%, esses acordos têm um impacto limitado.

O próprio governo recomenda que esses produtos sejam evitados. O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, sugere que os alimentos in natura (frescos) sejam a base da alimentação e que se evite o consumo de ultraprocessados.

"A opção de reformular os produtos não tem a perspectiva de mudar os hábitos das pessoas, de favorecer escolhas mais saudáveis para a alimentação", diz a nutricionista do Idec. "Com os acordos, você só tira os excessos de sódio e açúcar de produtos que são ultraprocessados, que já não são recomendados como parte de uma alimentação adequada."

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Altos níveis de ômega-3 associados ao envelhecimento saudável

Altos níveis séricos de ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 (AGPI n-3) estão associados ao envelhecimento saudável em adultos – definido como sobrevida livre de doenças crônicas, tais como doença cardiovascular, câncer, doença pulmonar ou doença renal crônica grave –, segundo achados de um novo estudo.

Pesquisadores mensuraram os níveis cumulativos do fosfolipídio AGPI n-3 no plasma de 2.600 adultos por três vezes num período de 13 anos e encontraram uma associação entre maiores níveis de AGPI n-3 de cadeia longa e uma chance 18% menor de envelhecimento não-saudável.

Mais especificamente, os AGPI n-3 provenientes de frutos do mar, ácido eicosapentaenóico (EPA), ácido docosapentaenóico (DPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), estão associados ao envelhecimento saudável.

"Observamos que níveis mais altos de ômega-3 estavam associados a maior probabilidade de envelhecimento saudável. Também vimos que pessoas com os níveis séricos mais altos de ômega-3 reportaram maior consumo de peixe; cerca de duas porções por semana", disse a autora principal Dra. Heidi Lai, Ph.D., fellow de pós-doutorado, Friedman School of Nutrition Science and Policy, Tufts University, Boston, ao theheart.org/Medscape Cardiology.

"Este estudo confirma a indicação de maior consumo de frutos do mar, contida nas atuais diretrizes nacionais", disse a autora.

O estudo foi publicado on-line em 17 de outubro no BMJ.

Importância dos biomarcadores

"Estamos vivendo mais, mas não necessariamente de forma saudável e a qualidade de vida na terceira idade está se deteriorando", disse Dra. Heidi.

"Além das preocupações com a qualidade de vida, a longevidade sem saúde aumenta os custos do setor saúde. Como pesquisadores, queremos começar a concentrar na qualidade de vida em vez de na longevidade – um conceito que chamamos de envelhecimento saudável, que significa sobrevida livre de doenças crônicas e disfunções cognitivas ou físicas", explicou.

"Sabemos que os AGPI ômega-3 encontrados, principalmente, nos frutos do mar, trazem benefícios para a saúde do coração, mas pouco exploramos a influência dele em outras doenças crônicas e no envelhecimento saudável".

A maioria dos estudos prévios foi baseada em questionários sobre alimentação respondidos pelos pacientes, e poucos utilizaram biomarcadores para prover "uma medida complementar ao relato, com menor viés de memória e erros de estimação", segundo os autores.

Além disso, os biomarcadores facilitam muito a pesquisa sobre os efeitos de AGPI n-3 específicos, que incluem EPA de cadeia longa, DHA de frutos do mar e DPA metabolizado endogenamente (de forma menos importante, também derivada de frutos do mar). Ainda incluído nesta categoria, o ácido α-linoleico das plantas.

Importante ressaltar que todos os estudos prévios com biomarcadores utilizaram apenas uma medida de AGPI n-3 em seu início, e não acompanharam tendências ou mudanças ao longo do tempo.

Por isso, os pesquisadores utilizaram medidas em série de biomarcadores AGPI n-3 do estudo Cardiovascular Health, uma coorte prospectiva multicêntrica de idosos nos Estados Unidos, recrutados a partir de amostras aleatórias de indivíduos participantes do Medicare – seguro de saúde pago pelo governo dos EUA para pacientes idosos – para estudar a associação entre níveis de fosfolípides AGPI n-3 circulantes e a probabilidade de envelhecimento saudável.

O estudo Cardiovascular Health começou com 5.888 pacientes adultos ambulatoriais, recrutados em 1992 e 1993.

Para o presente estudo, após a exclusão de participantes que faleceram, tinham informações incompletas ou não participaram do acompanhamento, 2.522 participantes (média de idade de 74,4 com desvio padrão de 4,8, anos; 63,4% brancos; 10,8% não brancos) foram elegíveis para análise.

Os pesquisadores analisaram os níveis cumulativos de fosfolípides AGPI n-3 no plasma utilizando cromatografia gasosa em 1992 e 1993, em 1998 e 1999, e em 2005 e 2006, expressas na forma de porcentagem do total de ácidos graxos, incluindo o ácido α-linoleico de plantas, EPA, DPA e DHA de frutos do mar.

As informações sociodemográficas coletadas foram: idade, sexo, etnia, local de acompanhamento, educação e renda.

Os fatores adicionais foram: índice de massa corporal, atividade física (excluindo tarefas diárias), pressão arterial, lipídeos, tabagismo, autoavaliação de saúde, história familiar de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão, drogas para controle de lipídeos, depressão, osteoporose, consumo de álcool e hábitos alimentares.

Novo estudo
Os participantes com maiores níveis de AGPI n-3 de cadeia longa tinham mais chance de ser do sexo feminino, brancos, ter maior renda, maior nível educacional e seguir um estilo de vida mais saudável.

Os pacientes no grupo mais alto consumiram cerca de uma porção diária a mais de peixe quando comparados com o grupo mais baixo.

Ao início do estudo, os níveis de AGPI n-3 eram semelhantes entre os participantes com envelhecimento saudável e os não saudáveis (critério de exclusão).

Durante o acompanhamento de um total de 21.803 pessoas-ano, 89% dos participantes tiveram um envelhecimento não saudável e 11% envelheceram de forma saudável – um desvio positivo, segundo os autores.

Após ajuste de múltiplas variáveis demográficas, de estilo de vida, riscos cardiovasculares, hábitos alimentares e outros ácidos graxos fosfolípides, maiores níveis de AGPI n-3 de cadeia longa foram associados a menor probabilidade de envelhecimento não saudável, apesar do ácido α-linoleico não ter mostrado esta associação.

No geral, os participantes do grupo com o nível mais alto de AGPI n-3 de cadeia longa teve um risco 18% menor de envelhecimento não saudável (IC 95%, 3% a 30%; P = 0,001), comparado com os pacientes com menor nível de AGPI n-3 de cadeia longa.

Quando os AGPI n-3 foram analisados separadamente, observou-se que os grupos com níveis mais altos de EPA ou DPA – mas não de ácido α-linoleico ou DHA – tiveram risco de envelhecimento não saudável menor em 24% (IC de 95%, de 11% a 35%; P < 0,001) e 18% (IC 95%, de 6% a 29%; P = 0,003), respectivamente, em comparação com o grupo de menor nível.

Modelos lineares revelaram que os maiores níveis de AGPI n-3 de cadeia longa, mas não de ácido α-linoleico, estavam consistentemente associados a menor probabilidade de envelhecimento não saudável, com o risco de envelhecimento não saudável diminuindo em 15% (para cada quintil) para EPA (IC 95%, de 6% a 23%), 16%  para DPA (IC 95%, de 5% a 24%), e 18% para AGPI n-3 de cadeia longa total (IC 95%, de 7% a 28%).

Após mais ajustes para potenciais mediadores, o DHA mostrou estar associado com um risco 12% menor para envelhecimento não saudável (IC 95%, de 0% a 23%), enquanto os resultados para os outros AGPI n-3 de cadeia longa permaneceram inalterados.

"Estudos prévios concentraram na relação entre o ômega-3 e os componentes individuais do envelhecimento saudável, mas nenhum os considerou em combinação", explicou Dra. Heidi.

"Nosso estudo traz novas evidências, avançando a pesquisa no campo do envelhecimento", disse.

"A segunda novidade do estudo é o uso de exames de sangue em série, em três pontos do estudo, que capturam a mudança ao longo do tempo, comparado com pesquisas que utilizam apenas uma medida no início".

Nenhuma conclusão sobre suplementação

O Medscape convidou Yeyi Zhu, cientista da divisão de pesquisa da Kaiser Permanente Northern California e professor adjunto assistente do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da University of California, em San Francisco (EUA), para comentar o estudo. Ele não fez parte do grupo de pesquisa.

Yeyi disse que este estudo "dá uma pista sobre a relação dos ácidos graxos ômega-3 provenientes dos frutos do mar e a maior probabilidade de envelhecimento saudável".


O cientista e coautor de um editorial que acompanha a publicação, fez uma ressalva; "Nota-se que o estudo focou nos níveis de ácidos graxos ômega-3 fosfolípides circulantes no plasma; não se pode fazer nenhuma conexão direta em relação à quantidade de alimentos consumidos ou mesmo de suplementos".

Dra. Heidi relatou que pesquisas prévias mostraram que a suplementação com ômega-3 não reduz o risco de doenças cardiovasculares.

Contudo, disse que, "nosso estudo não foi sobre suplementos, em vez disso consideramos os níveis séricos de ômega-3 provenientes de frutos do mar. Descobrimos que altos níveis estão ligados a maior chance de uma vida longa e saudável".

Esta pesquisa recebeu subsídios do National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI). O estudo Cardiovascular Health recebeu subsídios do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, com apoio adicional do National Institute of Ageing (NIA).

A Dra. Heidi Lai e o cientista Yeyi Zhu declararam não ter conflitos de interesses relevantes. As declarações dos outros autores constam na publicação original.

BMJ. Publicado on-line em 17 de outubro de 2018

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Por que o risco de diabetes aumenta na gravidez? Que cuidados tomar? Por Cintia Cercato

Na semana do Dia Mundial de Diabetes, comemorado em 14 de novembro, acho importante falar sobre o diabetes gestacional. Trata-se de uma condição cada vez mais frequente, visto o aumento da obesidade entre as mulheres. O diabetes gestacional, como o próprio nome diz, é aquele que se inicia durante a gravidez. Mas por que na gestação aumenta o risco de diabetes?

Durante a gravidez, a placenta produz uma grande quantidade de hormônios que são importantes para o desenvolvimento fetal, mas que podem causar aumento na resistência à ação da insulina, principalmente nos dois últimos trimestres de gestação. O diabetes gestacional costuma aparecer por volta da 26ª semana de gravidez, quando a placenta começa a produzir maior quantidade desses hormônios

Algumas mulheres têm maior predisposição que outras para desenvolver o problema. De acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, são considerados importantes fatores de risco:

  1. Idade materna avançada;
  2. Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual;
  3. Deposição de gordura corporal na região abdominal;
  4. História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau;
  5. Crescimento fetal excessivo, aumento do liquido amniótico, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual;
  6. Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia (bebês nascidos com mais de 4 kg) ou diabetes gestacional;
  7. Síndrome de ovários policísticos;
  8. Baixa estatura (menos de 1,5 m de altura).

Como identificar?

É muito importante que as novas mamães saibam que já na primeira consulta pré-natal deve ser solicitado o exame de glicemia de jejum. Se o valor encontrado for maior ou igual a 126 mg/dl, será feito o diagnóstico de diabetes mellitus franco na gravidez. Se a glicemia em jejum for maior que 92 mg/dl e menor que 126 mg/dL, será feito o diagnóstico de diabetes gestacional. Mas se a glicemia for 92 mg/dL, a gestante deve ser reavaliada no segundo trimestre.

Por volta da 24ᵃ e 28ᵃ semanas, costuma-se realizar um teste de sobrecarga oral de glicose para as gestantes que tiveram seu exame inicial abaixo dos 92 mg/dl. Nesse teste é dosada a glicemia de jejum e depois a paciente toma líquido contendo 75 g de glicose (açúcar). Após uma e duas horas, a glicemia é analisada. Se um único resultado vier alterado, já é feito o diagnóstico do diabetes gestacional.

Que cuidados tomar?

Uma vez diagnosticado é fundamental iniciar o tratamento. A boa notícia é que a maioria das mulheres consegue controlar a doença com uma dieta adequada e atividade física regular. Deve-se dar preferência ao consumo de carboidratos complexos de baixo índice glicêmico, como alimentos integrais, ricos em fibra.

A melhor maneira de saber se tudo está correndo bem é monitorar a glicose no jejum e após as refeições. Isso é realmente muito importante. Se o controle estiver inadequado será necessário iniciar tratamento farmacológico.

No geral, as mamães são supercuidadosas nessa fase, afinal estão protegendo o seu maior tesouro. E vale a pena! O controle adequado do diabetes na gestação evita complicações obstétricas e fetais. E hoje em dia sabemos que o ambiente uterino interfere na saúde futura do bebê.


O que os brasileiros sabem (e não sabem) sobre diabetes

Vale a pena ler a reportagem sobre uma pesquisa realizada acerca do tema: https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-os-brasileiros-sabem-e-nao-sabem-sobre-diabetes/

Atividade física matutina mais comum entre adultos que mantêm a perda de peso

Adultos que mantêm a perda de peso têm padrões semanais mais consistentes de atividade física e são ativos no início do dia em comparação com outros grupos, de acordo com dados apresentados na reunião anual da ObesityWeek.

Os médicos devem estar promovendo a atividade física diária para quase todo mundo ”, disse Seth A. Creasy, PhD, um colega de pós-doutorado do Campus Médico da Universidade do Colorado em Anschutz, ao Endocrine Today. “A atividade física é particularmente importante para indivíduos que estão tentando gerenciar seu peso corporal. Os médicos podem usar essas informações para informar suas recomendações. ”

Creasy e seus colegas examinaram os padrões de atividade física de três grupos, concentrando-se em padrões diários e padrões temporais.

Na análise diária, os grupos foram compostos por mantenedores de perda de peso (n = 30; IMC médio de 23,7 kg / m²), que consistentemente mantiveram uma perda de pelo menos 13,6 kg por um ano ou mais; adultos com peso normal (n = 29; IMC médio de 22,7 kg / m²) e adultos com sobrepeso ou obesidade (n = 21; IMC médio de 32,9 kg / m²). A atividade física foi medida durante as horas de vigília por acelerômetro.

Diariamente, os participantes dos grupos mantenedor da perda de peso (P = 0,003) e peso normal (P = 0,002) tiveram menos tempo sedentário nos finais de semana em comparação com o grupo sobrepeso / obesidade. Os mantenedores de perda de peso também tiveram quantidades semelhantes de atividade física durante a semana e o fim de semana, enquanto os do grupo sobrepeso / obesidade tiveram um declínio na atividade física de dias úteis para dias de semana (P = 0,011).

Os pesquisadores também analisaram a atividade física por hora entre esses três grupos. Eles observaram que os mantenedores de perda de peso não apenas se envolviam em mais atividade física diária em comparação com os grupos de peso normal e sobrepeso / obesidade, mas também tinham um aumento significante na atividade dentro de 3 horas de acordar. Os mantenedores de perda de peso também estavam mais ativos no início da manhã e no início da tarde durante a semana e significativamente mais ativos durante a maioria de cada dia de final de semana.

Ficamos surpresos ao ver como os mantenedores ativos da perda de peso estavam no início da manhã. Embora especulativo, isso pode sugerir que o envolvimento na atividade pela manhã leva a níveis mais altos de atividade física diária ”, disse Creasy. “Você pode imaginar que uma pessoa que planeja fazer uma atividade à tarde pode ter barreiras que surgem e proibi-los de fazer sua atividade à tarde. Descobrimos também que os indivíduos que estão mantendo uma perda de peso significativa tomam quantidades semelhantes de passos nos dias úteis e fins de semana. Essa consistência no comportamento pode ser importante ”.

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Sim, exercício físico realmente desempenha um papel na perda de peso

"O exercício não é realmente importante para a perda de peso" tornou-se um sentimento popular na comunidade de perda de peso. "É tudo sobre dieta", dizem muitos. "Não se preocupe tanto com exercícios."

Essa idéia surgiu em meio a infinitas teorias sobre dietas e perda de peso, e rapidamente ganhou popularidade, com apenas um artigo citando 60 estudos para apoiar e disseminar essa noção como um incêndio.

A verdade é que você absolutamente pode - e deve - colocar o exercício no seu caminho para a perda de peso. Então, por que alguém está dizendo o contrário?

Há 10 anos venho estudando a epidemia de tentativas frustradas de perda de peso e pesquisando o fenômeno de centenas de milhões de pessoas que estão embarcando em tentativas de perda de peso - depois desistindo. Enquanto isso, o exercício continua sendo a prática mais comum entre pessoas de rastreamento nacional que são capazes de manter a perda de peso com o tempo. 

Noventa por cento das pessoas que perdem peso significativo e conseguem manter o peso alcançado fazem exercício pelo menos uma hora por dia, em média.

Existem algumas razões que o exercício para perda de peso pegam uma fama ruim.

Primeiro, o público está procurando, em grande parte, uma solução rápida - e a indústria de dieta e perda de peso explora esse desejo do consumidor por uma solução imediata.

Muitos estudos demonstraram que o exercício altera a composição do seu corpo, melhora o seu metabolismo em repouso e altera as suas preferências alimentares. Esses fatos simples e simples resistiram ao teste do tempo, mas passam amplamente despercebidos em comparação com a maioria dos produtos dietéticos sensacionalizados (a mudança através do exercício ao longo do tempo é uma venda muito mais difícil do que uma “limpeza” de cinco dias). Além disso, muitas pessoas consideram que uma hora por dia para o exercício não é razoável ou pode ser impraticável, e procuram uma solução mais fácil em outro lugar.

Em segundo lugar, o desconhecido. Médicos e nutricionistas fizeram um péssimo trabalho em explicar a ligação entre exercício e hábitos alimentares, talvez porque eles geralmente existam como campos separados.

O exercício altera diretamente os nossos hábitos alimentares, o que significa que, na verdade, temos mais facilidade em fazer escolhas mais saudáveis ​​quando nos exercitamos ao longo do tempo. Sem exercício, mudanças abruptas nos hábitos alimentares, especialmente se resultarem em restrições calóricas, são muito difíceis de sustentar. Além disso, quanto mais tempo fizermos essas escolhas saudáveis, mais provável será que se tornem hábito.

Por exemplo, quando uma mulher de 42 anos de idade, com 1m65cm e 110 kg, decide perder peso por conta própria, é provável que ela se esforce para mudar abruptamente suas escolhas alimentares para legumes e peixe assado, principalmente porque sentir dores de fome esmagadoras (mas também por outras razões, como fadiga, dor, depressão e irritabilidade, entre outras coisas). 

Mas se levarmos essa mesma pessoa e aumentarmos a capacidade de exercício dele para um ponto crítico, essas escolhas se tornarão muito mais fáceis de suportar.

Em terceiro lugar, capacidade limitada. 

Exercício originalmente foi rebaixado após uma série de estudos que envolveu pessoas com sobrepeso ou obesidade procurando perder peso que tinham capacidade limitada para exercitar. 

Pedir a alguém com capacidade limitada de se exercitar para perder peso usando exercícios é como dizer a alguém para esvaziar uma piscina cheia de água com um copo de plástico. Não pode ser realizado em qualquer quantidade razoável de tempo. Então, quando você mede quanto peso eles podem “queimar” ao longo do tempo, a resposta não é muito, porque a maioria dos pacientes sedentários pode queimar 500 ou menos calorias por semana. 

Como resultado, a conclusão instável de que o exercício era menos importante para a perda de peso surgiu e foi rapidamente sensacionalizada.

O que falta nessa lógica, no entanto, é que as pessoas podem mudar a capacidade de exercício. À medida que a capacidade de exercício aumenta para um indivíduo sedentário e se aproxima de uma pessoa magra, a capacidade de perder peso com o exercício muda drasticamente.

É como dar ao participante de nosso exemplo de esvaziamento da piscina um balde ou até mesmo uma mangueira. 

A capacidade de correr por 30 minutos ininterruptos, ou andar de bicicleta por 60 minutos, é o que separa tantos supostos dietistas de suas contrapartes magras e é responsável pelas tentativas de perda de peso mais experimentadas e que falharam. 

Além disso, uma vez que a pessoa atinge um ponto crítico de capacidade de exercício, a experiência do exercício se torna mais agradável, e a experiência pode até ser divertida.

Então, você pode exercer o seu caminho para a perda de peso? 

Absolutamente. É claro que restrições abruptas de calorias resultarão em perda de peso a curto prazo, mas é extremamente difícil para as pessoas manter essa restrição por longos períodos de tempo, e a maioria acaba desistindo ou recuperando o peso perdido. 

Exercício, no entanto, é uma maneira testada e verdadeira de tornar as mudanças na dieta mais toleráveis. 

Concentrar-se no exercício e mudar a capacidade de exercício primeiro torna mais fácil, em última análise, fazer melhores escolhas alimentares e desfrutar de uma vida limpa, o que significa perda de peso significativa que pode ser mantida ao longo do tempo.

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Gel pode auxiliar no processo de emagrecimento: Um Novo Hidrogel Oral Não-Sistêmico para Perda de Peso

Estudo Randomizado, Duplo-Cego, Controlado por Placebo de Gelesis100

Este estudo tem como objetivo avaliar a eficácia e segurança do Gelesis100, um novo hidrogel superabsorvente não sistêmico para tratar sobrepeso ou obesidade.

Métodos

O estudo de Perda de peso de Gelesis (GLOW) foi de 24 semanas, multicêntrico, randomizado, duplo-cego, placebo ‐ controlado em pacientes com IMC ≥ 27 e ≤ 40 kg / m2 e glicemia de jejum ≥ 90 e ≤ 145 mg / m2. dL. Os desfechos primários co-primários foram perda de peso ajustada por placebo (superioridade e superpotência de margem de 3%) e pelo menos 35% dos pacientes no grupo Gelesis100 atingiram ≥ 5% de perda de peso.

Resultados

O tratamento com Gelesis100 causou maior perda de peso em relação ao placebo (6,4% vs. 4,4%, P = 0,0007), alcançando 2,1% de superioridade, mas não 3% de super-superioridade. 

É importante ressaltar que 59% dos pacientes tratados com Gelesis100 obtiveram perda de peso ≥ 5% e 27% atingiram ≥ 10% versus 42% e 15% no grupo placebo, respectivamente. 

Os pacientes tratados com Gelesis100 tiveram duas vezes mais chances de atingir ≥ 5% e ≥ 10% de perda de peso versus placebo (OR ajustado: 2,0, P = 0,0008; OR: 2,1, P = 0,0107, respectivamente), com 5% respondedores com peso médio perda de 10,2%. 

Pacientes com pré-diabetes ou diabetes tipo 2 com ingesta de drogas tiveram seis vezes mais chances de atingir perda de peso ≥ 10%. 

O tratamento com Gelesis100 não apresentava riscos de segurança aparentes.

Conclusões

Gelesis100 é uma nova terapia não sistêmica promissora para sobrepeso e obesidade, com um perfil de segurança e tolerabilidade altamente desejável.

Introdução

A obesidade aumenta o risco de várias doenças potencialmente fatais.

É importante ressaltar que o aumento do risco de morte não se limita a obesidade grave ou de Classe II (IMC 35 a 40 kg / m2) e Classe III (IMC> 40 kg / m2), mas começa em pacientes com IMC de 25 kg / m2 e continua na obesidade de Classe I (IMC entre 30 e 35 kg / m2).

De fato, 40% das mortes relacionadas ao IMC e 37% dos anos de vida ajustados por incapacidade em 2015 ocorreram em pacientes com sobrepeso e Classe I a obesidade esteve associada à redução da expectativa de vida em 2 a 4 anos.

Apenas 2% dos pacientes com sobrepeso ou obesidade recebem terapia medicamentosa antiobesidade, apesar da esmagadora evidência da crescente carga de excesso de peso.

Em contraste, mais de 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) recebem prescrição de farmacoterapia antidiabetes.

Considerando que a obesidade é uma das principais causas de DM2, essas realidades são paradoxais. 

Múltiplos estudos documentaram que a inércia terapêutica é alta no manejo do peso, particularmente em pacientes com IMC mais baixo.

Os maiores índices de intervenções de controle de peso por médicos da atenção primária ocorrem para pacientes na categoria de obesidade Classe III e os mais baixos para pacientes com sobrepeso categoria; taxas também se correlacionaram com a presença de comorbidades.

Uma pesquisa de obesidade de 2016 entre profissionais de saúde relatou que 60% da farmacoterapia antiobesidade é desproporcionalmente prescrita para pacientes em obesidade de Classe II ou Classe III.

Os profissionais de saúde que lidam com questões de controle de peso são desafiados por numerosas barreiras, mas as preocupações com tolerabilidade e segurança das intervenções atualmente disponíveis provavelmente contribuem para essa resistência no tratamento da obesidade.

Há, portanto, uma necessidade urgente de terapias que aumentem as chances dos pacientes de alcançar uma perda de peso clinicamente significativa, com pouco ou nenhum risco adicional de segurança em comparação com as intervenções no estilo de vida. 

Essas terapias podem permitir que os médicos intervenham mais cedo no sobrepeso e na obesidade e evitem a progressão ou retardem as comorbidades associadas, ajudando a superar a inércia terapêutica atual.

Gelesis100 é um hidrogel superabsorvente não sistêmico desenvolvido para o tratamento de sobrepeso ou obesidade. 

É feito de dois blocos de construção naturalmente derivados, celulose modificada reticulada com ácido cítrico, que cria uma matriz tridimensional. 

Administrados por via oral em cápsulas com água antes de uma refeição, as partículas de Gelesis100 absorvem rapidamente a água no estômago e misturam-se homogeneamente com alimentos ingeridos. 

Quando hidratada, a dose recomendada de Gelesis100 ocupa cerca de um quarto do volume médio do estômago. 

Em vez de formar uma grande massa, ela cria milhares de pequenos pedaços individuais de gel com a elasticidade (firmeza) de alimentos sólidos ingeridos (por exemplo, vegetais) sem valor calórico.

O Gelesis100 mantém sua estrutura tridimensional e propriedades mecânicas durante o trânsito pelo intestino delgado.

Quando chega ao intestino grosso, o hidrogel é parcialmente decomposto pelas enzimas e perde sua estrutura tridimensional juntamente com a maior parte de sua capacidade de absorção. 

A água libertada é reabsorvida e o material celulósico restante é expelido nas fezes. 

Gelesis100 é considerado um dispositivo médico porque alcança sua finalidade principal pretendida através de modos mecânicos de ação consistentes com as construções de mecanobiologia.

Gelesis100 recebeu uma designação de Risco Não Significativo pela Food and Drug Administration.

Aqui, nós relatamos os resultados do estudo pivotal de perda de peso de Gelesis (GLOW) que avaliou a segurança e eficácia de Gelesis100 em pacientes com sobrepeso ou obesidade, com e sem DM2. 

Os resultados do estudo de extensão de 24 semanas do GLOW (GLOW-EX) também são apresentados.

Tradução: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista em Goiânia. Instagram: @dr.albertodiasfilho

Metas muito altas de perda de peso afastam obesos de médicos

Não é fácil ser gordo. No trabalho, as pessoas pensam que você não vai ser tão produtivo quanto elas, já que não consegue dar conta nem de gerenciar o próprio corpo; na academia, que você não se esforça o suficiente para perder o excesso de peso; amigos e familiares enxergam uma espécie de fraqueza psicológica que impede que você siga regras simples, como comer menos e se mexer mais. 

Esse estigma não ajuda a maioria dessas pessoas a obter tratamento. Ao contrário, provoca isolamento —e são raras as pessoas que oferecem ajuda. Barreiras como essa estão cada vez mais presentes em debates travados por especialistas durante eventos como a Obesity Week, que aconteceu em Nashville (EUA) na semana passada.

Contra a obesidade parece que a discriminação é aceitável e não há vergonha em agir dessa forma. Dizem que a pessoa é preguiçosa. Esse sentimento é internalizado e fica ainda mais difícil promover mudanças”, diz Olivia Cavalcanti, diretora da Federação Mundial de Obesidade.

O preconceito contra as pessoas com sobrepeso e obesidade, afirmam os especialistas, não se sustenta se considerada sua fisiologia.

Mesmo quando uma pessoa perde peso, a tendência é que organismo reduza o gasto calórico e que a fome aumente, uma força de reação a todo o esforço realizado. Alguns dos estudos mais longos de dietas já conduzidos apontam que, mesmo em casos de sucesso, quase todo peso perdido é recuperado após alguns anos.

Depois de emagrecer a pessoa que era obesa ainda tem alterações no organismo que não deixam a doença ser apagada, diz o endocrinologista Bruno Halpern, que participou da Obesity Week, da mesma forma que uma pessoa não deixa de ser hipertensa por estar controlando a pressão com medicamentos.

“As pessoas pensam que, quando alguém emagrece, resolveu o problema e, se engordar de novo, será como engordar pela primeira vez. Não é. A tendência fisiológica é sempre engordar”, diz Halpern.

Ou seja, simplesmente adotar uma alimentação com menos calorias —uma das primeiras sugestões que especialistas e leigos dão ao obeso— é apenas parte da resposta.

“O gordo não tem culpa de engordar. Pouquíssimas pessoas sustentam o peso perdido só mudando padrão dietético e fazendo exercício —a taxa de sucesso é perto de zero. A pessoa se esforça, gasta dinheiro, se lasca, passa fome, mas ela acaba comendo mais e engordando porque é alavancada pelo instinto”, afirma o endocrinologista Antonio Carlos Nascimento.

MEDICAMENTOS

Drogas antiobesidade também têm eficácia limitada, com efeitos que chegam a até 9% do peso nos melhores casos —em média, as pessoas desejam perder 20%. Mesmo assim, muitos benefícios são observados em quem perde 10% do peso, como redução de risco de doenças cardiovasculares, melhor qualidade de sono e melhor controle das taxas de açúcar no sangue.

Apesar dos benefícios, o tratamento medicamentoso é 15 vezes mais raro entre pessoas com obesidade do que nas com diabetes, mesmo sendo doença subdiagnosticada e subtratada, diz Halpern.

Ou seja, há também um estigma ligado a essas drogas. Aí cria-se a oportunidade para suplementos alimentares que alegam benefícios na perda de peso —embora estudos robustos não mostrem benefício nesse sentido. “Muitas vezes o paciente toma remédio e não conta para ninguém, nem para outro médico, que não é a favor desse tratamento”, diz Nascimento. 

“O congresso foi uma excelente oportunidade para ver como a regulação fisiológica é complexa. Esquecemos que a pessoa, quando come menos, tem mais fome —e esquece de tratar a fome”, diz Halpern.

O tratamento da fome e outros que têm como alvo mecanismos cerebrais que controlam o gasto energético estão na mira da indústria e, se funcionarem, podem ser lançados daqui alguns anos, diz Kevin Grove, chefe da área de pesquisa em obesidade da farmacêutica Novo Nordisk. Os estudos, porém, estão ainda em fase bastante incipiente.

Uma pesquisa patrocinada pela empresa (apelidado de Action - Awareness, Care and Treatment In Obesity maNagement) e conduzido nos EUA com 3.600 pessoas aponta que, embora 71% dos obesos tenham procurado ajuda médica nos cinco anos anteriores para tratar do peso, apenas pouco mais da metade recebeu um diagnóstico formal de obesidade. E, no fim, apenas um quarto marcou retorno para tratar do assunto.

“Às vezes o paciente vai no ortopedista, no cardiologista, e eles falam para perder 20 kg. Parte dos médicos acham que, se não der certo, a falha é do paciente —e ele não volta ao médico, já que não perdeu o peso. Não se deve julgar o paciente, e sim acolhê-lo e tratá-lo”, afirma Halpern.

No estudo Action, mesmo entre os profissionais de saúde, há quase 30% que não se consideram responsáveis por auxiliar o paciente na briga contra o excesso de peso.

Idealmente, diz Halpern, deveria haver um acompanhamento pelo profissional para tentar manter o paciente motivado. “Muitas pacientes vão por um, dois, três meses no consultório. Vão muito bem e depois desaparecem. Todo mundo se acha entendido de obesidade. Vem o amigo e diz que há um jeito melhor… As pessoas dão muito palpite.”

“Muitas vezes o paciente pensa que vai ser acompanhado pelo médico por três meses e depois ir embora. Está errado. Não tem jeito: se o caso for grave, ou vai para a cirurgia ou vai ser um big brother com o profissional da saúde”, diz Nascimento.

Para especialistas, a melhor maneira de acabar com o estigma é por meio da educação, ao mostrar, com base em conjuntos de estudos, para profissionais e para o público, que a obesidade é muito mais complicada do que parece. 

Cerca de um terço dos adultos no mundo, ou 2 bilhões de indivíduos, têm obesidade ou sobrepeso.  O sobrepeso se dá quando o índice de massa corpórea (massa, em kg, dividida pelo quadrado da altura, em metros) é igual ou maior que 25 kg/m²; e a obesidade se o índice é igual ou maior que 30.

FDA aprova a alegação de prevenção de doenças cardíacas para óleos com altos teores de ácido oleico

Azeite e alguns óleos vegetais e de sementes recebem alegação de saúde qualificada

O consumo de óleo com elevado teor de ácido oleico pode reduzir o risco de doença cardíaca coronária quando substitui a gordura saturada, anunciou a FDA.

A alegação de saúde qualificada, que não atingiu o nível de uma alegação de saúde autorizada devido a evidência científica limitada, será permitida em rótulos de embalagens de alimentos para óleos comestíveis contendo pelo menos 70% de ácido oleico, anunciou a agência em um comunicado da FDA, comissário Scott Gottlieb, MD.

A gordura monoinsaturada é encontrada no azeite de oliva, no óleo de girassol com alto teor de oleico, no óleo de cártamo com alto teor oleico, no óleo de canola rico em oleico e no óleo de alga oleico elevado.

A alegação especifica que "evidências científicas de apoio, mas não conclusivas, sugerem que o consumo diário de cerca de 1 1/2 colher de sopa (20 gramas) de óleos contendo altos níveis de ácido oléico, pode reduzir o risco de doença cardíaca coronária".

Também deve incluir o aviso de que o benefício advém da substituição de gorduras e óleos por gorduras saturadas, sem aumentar o número total de calorias consumidas.

A base para a alegação foi a constatação em seis dos sete pequenos estudos clínicos avaliados que o consumo de alto teor de óleo de ácido oleico baixou os níveis de colesterol se substituiu outros tipos de gorduras e óleos mais ricos em gorduras saturadas.

"Ao permitir tais alegações em rótulos de produtos alimentícios, nós da FDA também esperamos encorajar a indústria alimentícia a reformular produtos", disse Gottlieb em comunicado.

Os óleos com alto teor de ácido oleico não são relacionados ao Olestra, uma gordura artificial usada como aditivo alimentar que se tornou infame por causar diarréia intensa e vazamento anal.

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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Cansaço crônico


A reportagem abaixo foi publicada na FORBES Brasil e apesar de superficial engloba as principais causas de cansaço crônico. O motivo de eu repostar a reportagem aqui, é pq é uma queixa que ao longo dos últimos 10 anos, tem se tornado cada vez mais frequente no consultório. Principalmente na Nutrologia, já que no imaginário popular, cansaço está relacionado a algum tipo de déficit de nutriente.

Déficit de Nutrientes é apenas uma das causas de Cansaço crônico, mas a lista engloba mais de 50 doenças ou condições que podem levar o paciente a relatar para o seu médico: "- Doutor estou sentindo um cansaço, uma fadiga, um desânimo, uma indisposição". 

Tem um texto grande aqui no acervo do blog sobre o tema, mas prometo que em breve escreverei um mostrando o quão difícil é a investigação do sintoma: Cansaço.

Vale a pena ler a reportagem. Apesar do erro já no começo, no qual o autor caracteriza a anemia como exclusivamente por falta de ferro. Temos vários tipos de anemia, com várias etiologias. Falta de ferro pode causar anemia? Sim, anemia ferropriva. Falta de B12 pode também? Sim, anemia megaloblástica. Falta de ácido fólico? Também. Falta de zinco? Pode reduzir o tamanho das hemácias. Falta de cobre tb, bem como de vitamina A, intoxicação por metais tóxicos, déficit de B6.


Abraço

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 / RQE 11915

Descubra os principais motivos do cansaço constante

Em nosso agitado mundo moderno, uma queixa comum que os médicos ouvem é que seus pacientes estão frequentemente cansados. Se esse for o seu caso, o primeiro passo é observar seu estilo de vida. Uma alimentação saudável deve fornecer todos os nutrientes de que você necessita, mas, se você tem uma dieta pobre, a falta de nutrição pode fazer seu corpo lutar por fontes de energia.

Os exercícios podem tonificar e fortalecer os sistemas do seu corpo, além de liberarem hormônios do bem-estar, chamados endorfinas, que podem lhe dar um impulso. No entanto, se você é sedentário, está acima do peso ou é obeso, seu corpo pode estar com dificuldades para funcionar da maneira ideal. Por fim, um bom sono é fundamental para o seu corpo descansar e reparar-se – não dormir o suficiente pode deixá-lo esgotado.

Se você já abordou todos os fatores de estilo de vida que pode controlar e, mesmo assim, está enfrentando uma fadiga que parece não desaparecer, seu cansaço pode ter uma causa médica.

Anemia

A anemia é caracterizada pela falta de ferro no sangue, o que impede o funcionamento correto das hemácias e causa cansaço. As mulheres que menstruam – em especial se forem fluxos intensos – e as gestantes correm um risco particularmente alto, embora as mulheres na pós-menopausa e os homens também possam sofrer desse mal. Um simples exame de sangue é capaz de medir os níveis de ferro, e existem suplementos que podem ser comprados sem receita médica. Além disso, você pode aumentar sua ingestão de fontes naturais de ferro, como carne e verduras de folhas verdes escuras, para ajudar a corrigir o problema.

Doença da tireoide

Como a glândula tireoide controla o seu metabolismo, que, por sua vez, afeta seus níveis de energia, uma tireoide pouco ativa pode fazer com que você se sinta cansado. Chamada de hipotireoidismo, essa moléstia afeta principalmente mulheres e idosos e não tem cura. Felizmente, porém, ela é facilmente diagnosticada com um exame de sangue que mede o nível de hormônio da tireoide. Tomar um medicamento para a tireoide pode normalizar a função da glândula, embora seja necessário para o resto da vida.

Diabetes

Um dos primeiros sinais do diabetes pode ser o cansaço, porque você não está processando e absorvendo a glicose, que é o combustível do corpo. O diabetes é uma disfunção grave que pode prejudicar olhos, rins, nervos e coração, por isso é melhor que seja diagnosticado o quanto antes. Exames de sangue podem ajudar a identificar o diabetes, e você pode mantê-lo sob controle por meio de dieta, exercícios e, muitas vezes, medicamentos.

Depressão ou ansiedade

Os problemas de saúde mental estão intimamente ligados ao corpo e também podem gerar sintomas físicos. Para quem sofre de depressão ou ansiedade, pequenas tarefas podem ser esmagadoras e desgastantes, e essa falta de energia pode fazer com que você se sinta cansado. Medicamentos e aconselhamento ajudam. Porém, mesmo em pessoas sem problemas de saúde mental, o estresse pode levar à fadiga, já que o corpo fica em alerta máximo (a reação de “luta ou fuga”). Nesse caso, técnicas de relaxamento e controle do estresse, como meditação ou ioga, podem liberar a tensão que você sente e que destrói sua energia.

Apneia do sono

O sono costuma ser considerado um dos pilares da saúde, assim como a dieta e os exercícios. Mesmo que você pense que está tendo uma noite inteira de sono, um distúrbio denominado apneia obstrutiva do sono pode deixá-lo cansado, pois o bloqueio da respiração na garganta pode acordá-lo repetidas vezes durante a noite. Se você acha que pode ter apneia do sono (talvez porque seu parceiro ou sua parceira diz que você ronca), o próximo passo é um exame do sono para determinar se está sofrendo desse distúrbio. Mudanças no estilo de vida, como perda de peso, podem ajudar, da mesma maneira que aparelhos respiratórios como o CPAP (sigla em inglês para “pressão de ar positiva contínua”) ou uma cirurgia.

Doença autoimune

Existem mais de 80 tipos de doença autoimune, como artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla, síndrome de Sjögren e doença celíaca, nas quais o corpo ataca por engano suas próprias células. Infelizmente, as doenças autoimunes não são fáceis de diagnosticar. Além disso, a fibromialgia e a síndrome da fadiga crônica – que não se enquadram nas doenças autoimunes, mas muitas vezes atuam como elas – são outras patologias que seu médico pode cogitar ao efetuar um diagnóstico. Embora não esteja totalmente claro o motivo de o cansaço estar associado a essas enfermidades, medicamentos e ajustes no estilo de vida podem ajudar você a controlar o cansaço ao lidar com uma doença crônica.

Doenças cardíacas

Você pode não associar a fadiga a doenças cardíacas, mas ela pode ser um sinal desse mal, especialmente se você tiver outros sintomas, como falta de ar, tontura ou dor no peito. Seu coração está trabalhando demais, e seu sangue não está fluindo adequadamente para os órgãos e tecidos, o que causa cansaço. Se você acha que pode ter algum problema no coração, consulte seu médico imediatamente, pois essa doença pode ser fatal.

domingo, 4 de novembro de 2018

Por que a puberdade começa cada vez mais cedo

Louise Greenspan, pediatra e professora da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, se lembra da primeira vez que atendeu uma menina de sete anos com as mamas começando a se desenvolver;"Seus pais estavam muito preocupados e queriam entender o que estava acontecendo com a menina, que ainda brincava com bonecas", escreveu a médica em um artigo para o portal US News.

"Quando expliquei a eles que 15% das meninas começam a puberdade nessa idade, eles não podiam acreditar." No passado, o desenvolvimento da puberdade, com sinais como o crescimento da mama ou dos pelos pubianos, era considerado anormal antes dos oito anos de idade.

Mas, nos Estados Unidos, 15% das meninas estão iniciando o desenvolvimento das mamas aos sete anos e, aos oito anos, mais de 25% começam a passar por esse processo; E isso não acontece apenas nos Estados Unidos: segundo o médico e especialista em puberdade Frank Biro, do Centro de Medicina Adolescente do Hospital Infantil de Cincinnati, estamos diante de um fenômeno global.

MUDANÇAS COMEÇARAM A SER PERCEBIDAS NO INÍCIO DO SÉCULO 20

"Não há uma razão simples para explicar por que a puberdade tem ocorrido em uma idade mais precoce", explicou Biro em entrevista à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

O médico estima que a puberdade tenha sido adiantada pelo menos um ou dois anos desde o início do século 20, especialmente entre as meninas. "No início do século passado, a alimentação começou a melhorar e a saúde pública também. É nesse ponto que o começo da puberdade ficou mais precoce", explica o médico.

"Mas em meados do século 20, e especialmente nas últimas duas décadas, começamos a ver algo muito diferente".

Frank Biro e colegas conduziram uma pesquisa há alguns anos sobre a puberdade precoce em meninas. Estudos anteriores já haviam vinculado o Índice de Massa Corporal (IMC) a um início mais precoce da puberdade. Para Biro, sua pesquisa ratificou isto: o IMC talvez seja o fator mais importante na explicação deste fenômeno.

Isso ocorre porque as células de gordura participam da produção do estrogênio, um dos hormônios sexuais femininos. Assim, quanto mais tecido adiposo uma menina tiver, maior a probabilidade de que comece a puberdade mais cedo.

Os pesquisadores também apontam que a exposição a elementos químicos no ambiente pode estar alterando a idade em que a puberdade começa. Os fenóis, os ftalatos e os fitoestrógenos são substâncias químicas conhecidas como desreguladores endócrinos, já que interferem no sistema hormonal do organismo.

Eles são encontrados em diversos produtos manufaturados, como esmaltes, perfumes e xampus."O que descobrimos é que a exposição a esses produtos químicos está associada ao desenvolvimento mais precoce das mamas", explica Biro.  Uma puberdade mais precoce antecipa certos riscos. Para começar, as crianças com maior Índice de Massa Corporal são mais propensas a ter obesidade e diabetes tipo 2. E Biro aponta também que a menstruação precoce está associada a um risco aumentado de câncer de mama."Também temos que levar em conta os fatores sociais", alerta o médico. Sabemos que meninos e meninas que iniciam a puberdade mais cedo têm maior probabilidade de se engajar em comportamentos de risco, como fumar, beber ou usar drogas".

Segundo um estudo realizado em janeiro nos Estados Unidos, a puberdade precoce em meninas também está relacionada a uma maior probabilidade de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

Para Biro, isto também é tributário de uma questão social. "Como aparentam ser mais velhos, eles são tratados como se assim fossem", explica o especialista. "Se uma menina de 12 anos parece ter 15 anos, é muito provável que a tratem como se tivesse 15 anos, o que pode causar muitos problemas."

E quais são os alertas para os meninos que iniciam a puberdade mais cedo? "Os meninos passam por pressões diferentes das meninas", explica o médico.

"Os garotos que crescem antes tendem a ser vistos como líderes. Apesar de haver também a possibilidade que acabem adotando comportamentos mais arriscados, um início precoce da puberdade pode ser uma coisa positiva para alguns deles."

A boa notícia é que é improvável que a idade em que a puberdade começa continue a diminuir. "Há de existir um mínimo biológico", diz Biro. "E no que diz respeito às garotas, não acho que (a idade) possa continuar caindo muito mais."


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Probióticos para perda de peso: uma revisão sistemática e meta-análise

A microbiota intestinal tem sido relatada como um dos potenciais determinantes da obesidade em estudos recentes em humanos e animais. Os probióticos podem afetar a microbiota intestinal para modular a obesidade. 

Esta revisão sistemática tem como objetivo resumir e avaliar criticamente as evidências de ensaios clínicos que testaram a eficácia de probióticos ou alimentos contendo probióticos como um tratamento para perda de peso. 

Pesquisas de literatura em bases de dados eletrônicas, como PubMed, Cochrane Library e EMBASE, foram conduzidas. 

A qualidade metodológica foi avaliada usando o peso corporal e índice de massa corporal (IMC).  Pesquisas iniciais renderam 368 artigos. Destes, apenas 9 preencheram os critérios de seleção.  Por causa de dados insuficientes, apenas 4 dos estudos foram randomizados controlados (ECR), que comparou a eficácia terapêutica dos probióticos com placebo. 

A meta-análise destes dados não mostrou efeito significativo dos probióticos no peso corporal e IMC (peso corporal, n = 196; diferença média, -1,77; intervalo de confiança de 95%, -4,84 a 1,29; P = 0,26; IMC, n = 154; diferença média, 0,77; intervalo de confiança de 95%, −0,24 a 1,78; P =, 14). 

No entanto, o número total de ECRs incluídos na análise, o tamanho total da amostra e a qualidade metodológica dos estudos primários foram muito baixos para tirar conclusões definitivas. 

Assim, RCTs mais rigorosamente projetados são necessários para examinar o efeito dos probióticos no peso corporal em maior detalhe. 

Coletivamente, os ECRs examinados nesta meta-análise indicaram que os probióticos têm eficácia limitada em termos de diminuição do peso corporal e IMC e não foram eficazes para perda de peso.

Introdução

A prevalência da obesidade aumentou continuamente em todo o mundo nas últimas décadas. 

A obesidade é um problema não apenas em termos de aparência, mas também como um fator desencadeante para o desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, osteoartrite e certos tipos de câncer.

A obesidade está associada principalmente a um balanço de energia diferença entre consumo de energia e gasto de energia. 

No entanto, mudanças no balanço de energia por si só não podem explicar o aumento da incidência de obesidade.

Estudos recentes em humanos e animais mostraram que a microbiota intestinal é um potencial determinante da obesidade.

A microbiota intestinal desempenha um papel importante na regulação fisiológica das funções metabólicas no hospedeiro.

Alguns membros da microbiota intestinal afetam doenças metabólicas, incluindo a obesidade confirmada por estudos em animais e humanos.

A composição microbiana do intestino é fortemente influenciada pela dieta e, por sua vez, influencia a função intestinal.

A perda de peso induzida pela dieta e a cirurgia bariátrica resultam em mudanças significativas na composição microbiana do intestino e podem afetar o sucesso do controle de peso a longo prazo.

Recentemente, Le Chatelier et al relataram que indivíduos obesos exibiram mudanças qualitativas na microbiota intestinal, a saber, um aumento nos filos Proteobacteria e Bacteroidetes; diminuição da Akkermansia muciniphila (bactéria antiinflamatória); e um aumento de patógenos, como Campylobacter e Shigella.

Essas alterações na microbiota intestinal reduzem a produção de butirato para diminuir a integridade da barreira intestinal e aumentar a degradação do muco e o estresse oxidativo.

Os níveis aumentados de Bacteroides fragilis, Clostridium leptum e Bifidobacterium catenulatum e diminuição dos níveis de Clostridium coccoides, Lactobacillus e Bifidobacterium após intervenções alimentares estão fortemente associados a uma perda de peso significativa, independente da ingestão total de alimentos.

Assim, mudanças na microbiota desempenham um papel crucial na garantia da eficácia dos tratamentos da obesidade.

Os probióticos são definidos pela Organização Alimentar e Agrícola e pela Organização Mundial da Saúde como “microrganismos vivos, que quando administrados em quantidades adequadas, conferem um efeito benéfico à saúde do hospedeiro”. 

Os gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium têm sido reportados como exercendo múltiplos efeitos benéficos na síndrome metabólica, tais como perda de peso, gordura visceral reduzida e tolerância à glicose melhorada na maioria dos estudos em animais e alguns em humanos.

No entanto, alguns estudos relataram que os probióticos não exercem efeitos benéficos e que os prebióticos, “substâncias químicas que induzem o crescimento e / ou atividade de microorganismos comensais”, são mais úteis, pois o consumo de probióticos pode não alterar a microbiota intestinal em humanos.

Dois estudos sugeriram que espécies benéficas da microbiota intestinal têm efeitos importantes na modulação da adiposidade.

Embora esses estudos tenham sugerido um efeito potencialmente benéfico dos probióticos nas alterações do peso corporal e da adiposidade, os resultados estão longe de ser conclusivos. 

No entanto, os probióticos foram anunciados para reduzir o peso corporal. 

Portanto, uma revisão sistemática é necessária para examinar mais detalhadamente os efeitos clínicos dos probióticos no peso corporal e na adiposidade. 

Nenhuma revisão sistemática ou metanálise forneceu evidências críticas sobre os potenciais benefícios dos probióticos na perda de peso. 

Portanto, esta revisão sistemática tem como objetivo resumir e avaliar criticamente as evidências de ensaios clínicos que testaram a eficácia de probióticos ou alimentos contendo probióticos como um tratamento para perda de peso, isoladamente ou em combinação com outras intervenções de perda de peso, comparados com nenhum probiótico.

Discussão

A obesidade é uma das causas mais frequentes de problemas de saúde nos países industrializados. 

Além disso, pode levar ao 
desenvolvimento de outras doenças metabólicas graves como adultos. 

Essas tendências dependem de hábitos alimentares e estilo de vida.

Ensaios clínicos com agentes farmacológicos e outras intervenções terapêuticas, incluindo cirurgia, foram implementados.

No entanto, não existem terapêuticas eficazes e específicas para a obesidade no momento.

O papel dos micróbios intestinais na obesidade tem sido enfatizado nos últimos anos, e vários estudos abrangentes sugerem um papel crucial para a composição da microbiota intestinal no desenvolvimento da obesidade.

É bem reconhecido que a microbiota intestinal desempenha um papel na coleta, armazenamento e gasto de energia, e a composição da microbiota intestinal difere entre humanos magros e obesos.

A microbiota intestinal influencia as condições de inflamação de baixo grau, como obesidade e diabetes tipo 2, através da exposição de pequenas proteínas de junção de hiato ao lipopolissacarídeo (LPS), o que aumenta a permeabilidade intestinal.

Além disso, uma dieta que inclui alimentos ricos em açúcar e gorduras altera a flora bacteriana comensal e os produtos microbianos presentes no intestino.

Estudos recentes com probióticos e prebióticos revelaram que alterações na composição da microbiota intestinal contribuem para o desenvolvimento de várias doenças crônicas, e a aplicação de probióticos mostrou potencial para a manutenção da saúde e tratamento de doenças inflamatórias crônicas.

Portanto, seria interessante estudar o efeito dos probióticos no controle do peso por meio de estudos clínicos randomizados, com o objetivo final de determinar se os probióticos têm efeitos benéficos na perda de peso.

O controle de peso está mais associado aos hábitos alimentares e comportamentos alimentares dos indivíduos. 

Aqueles que aderiram aos comportamentos alimentares restritivos recomendados foram mais propensos a relatar perda de peso.

O consumo e os hábitos alimentares influenciaram o peso corporal e a resistência à insulina em um estudo com 15 anos de acompanhamento, e a associação entre hábitos alimentares rápidos e estilo de vida com ganho de peso foi mais forte para brancos do que adultos negros.

Além disso, o corpo humano metaboliza nutrientes como proteínas, carboidratos e lipídios para fornecer energia, e a taxa metabólica depende do tipo de ingestão de nutrientes e energia.

Os estudos selecionados para esta meta-análise não examinaram o comportamento alimentar padrões alimentares dos participantes, então a falta de efeitos benéficos significativos dos probióticos no controle do peso foi possivelmente devido à ausência de controle restritivo dos hábitos alimentares. 

Embora os probióticos não sejam, eles próprios, prejudiciais à saúde, a meta-análise de 4 ensaios clínicos randomizados descritos neste artigo indica que o uso de probióticos não é eficaz para alcançar a perda de peso. 

No entanto, dois ECR não incluídos na meta-análise devido à baixa qualidade mostraram efeitos positivos sobre o peso corporal e gorduras viscerais, especialmente em mulheres. 

Notavelmente, esses dois ECRs recrutaram um número relativamente maior de indivíduos e tiveram estudos mais longos do que os estudos incluídos nesta meta-análise. 

Portanto, estudos futuros que são adequadamente controlados, suficientemente energizados e adequadamente longos podem ser necessários para examinar mais definitivamente o efeito dos probióticos no controle de peso.
Zarrati et al [15] relataram diferenças significativas entre os 3 grupos; no entanto, essas diferenças foram devidas a uma dieta de baixa energia e dieta regular, e não aos probióticos. 

Tratamento probiótico resultou em nenhuma diferença em IMC, gordura corporal e relação cintura-quadril (RCQ) em comparação com o grupo controle. 

A maioria dos 5 estudos de longo prazo (12-24 semanas) relataram alterações no peso corporal ou na gordura corporal como escores z, e alguns não relataram DSs; portanto, eles não poderiam ser incluídos na meta-análise. 

No entanto, Kadooka et al [14] conduziram um estudo grande e bem projetado que encontrou reduções significativas no IMC, gordura visceral, gordura subcutânea e circunferência da cintura no grupo de tratamento (leite fermentado com Lactobacillus) em 2 doses (2 × 109 UFC). / de 2 × 108 UFC / d), e Sanchez et al [26] demonstraram que o tratamento com Lactobacillus cápsulas causou uma diminuição significativa no peso corporal e gordura corporal apenas em mulheres. 

Assim, o tratamento a longo prazo com Lactobacillus pode facilitar a redução do peso corporal e da gordura corporal.

O exercício diário e os níveis de estresse também são fatores importantes associados ao excesso de peso.

O nível de atividade e a ingestão de energia afetam significativamente o balanço energético no desenvolvimento da obesidade.

O estresse tem sido relatado como indutor de glicocorticóides, que estimulam a ingestão de alimentos e a insulina, que promove a obesidade. 

Os efeitos do estresse e fatores emocionais promovem comportamentos alimentares que podem levar à obesidade.

Uma limitação metodológica dos estudos identificados para esta metanálise foi a falta de atenção à restrição dietética e ao exercício na determinação do efeito dos probióticos no controle do peso. 

Nossa análise não encontrou diferenças significativas entre os braços probióticos versus placebo dos ECRs, sugerindo que não houve efeito porque os probióticos não causam perda de peso.

A falta de tamanho da amostra e o controle dos níveis de estresse dos participantes também causam ambigüidade na interpretação dos efeitos dos probióticos na obesidade. 

O estado de saúde mental atual do participante também é importante para o controle da obesidade. 

Pessoas obesas apresentaram comportamentos alimentares desordenados, como bulimia ou anorexia, bem como aumento da psicopatologia, indicando que a obesidade per se é afetada não apenas pelo desequilíbrio energético, mas também pela autoestima.

Os estudos incluídos nesta meta-análise consideraram apenas doenças metabólicas, como diabetes ou hiperlipidemia, e não consideraram o papel do diagnóstico psiquiátrico nos critérios de exclusão para seus estudos de RCT. A forma, o tamanho e a composição do corpo do indivíduo são influenciados por fatores genéticos e ambientais, bem como pela microbiota intestinal.  O microbioma intestinal influencia aumentando a capacidade de colheita de energia.

No entanto, a taxa de sobrevivência dos probióticos é afetada pela acidez, bem como pela presença de prebióticos, como oligossacarídeos, que servem como nutrientes. Portanto, amostras fecais antes e após as intervenções probióticas deveriam ter sido examinadas para investigar os efeitos dos probióticos vivos. 

Além disso, os estudos incluídos nesta meta-análise envolveram a ingestão de diferentes quantidades de probióticos, bem como diferentes durações de tratamento (Tabela 1), o que poderia ter levado a resultados contraditórios.  Devido a uma variedade de fatores, foi difícil determinar os efeitos dos probióticos no controle de peso usando apenas esses resultados.

Sabe-se que a maior parte da microbiota intestinal humana pertence a 4 grandes filos: 

  • Firmicutes, 
  • Actinobacteria, 
  • Proteobacteria, 
  • Bacteroidetes;
  • Mudanças na proporção de Bacteroidetes e Firmicutes estão associadas à obesidade.


Estudos em animais nos quais a composição da microbiota intestinal foi alterada com tratamentos probióticos revelaram os mecanismos de como os probióticos ou prebióticos podem afetar o metabolismo energético do hospedeiro e a obesidade.

Deizenne et al descobriram que ácidos graxos de cadeia curta, como propionato e butirato, produzidos pela fermentação de carboidratos ligam o receptor 41 acoplado à proteína G no intestino e promovem a expressão do peptídeo YY, que retarda o trânsito intestinal, aumentando assim o absorção de nutrientes. 

Eles também descobriram que alguns ácidos graxos de cadeia curta ativam o receptor acoplado à proteína G 43, o que aumenta a diferenciação relacionada ao receptor ativado por proliferador de peroxissomo e, portanto, a adiposidade. 

Outros estudos revelaram que a microbiota intestinal embotou a expressão da proteína 4 relacionada à angiopoietina no intestino e aumentou o armazenamento de ácidos graxos controlados pela lipoproteína lipase no tecido adiposo.

Em camundongos obesos, o LPS derivado de bactérias Gram-negativas alterou a localização da oclusão da proteína da junção estreita e aumentou a permeabilidade do intestino.

O tratamento com probióticos diminuiu o LPS plasmático e a massa gorda em ratos obesos, sugerindo um mecanismo relacionado ao aumento do LPS com o peso corporal e a adiposidade.

Com base nos mecanismos acima, o efeito dos probióticos no controle de peso pode não ser apenas devido a um efeito direto, mas também um efeito indireto contra bactérias nocivas no intestino. 

O envolvimento de múltiplos mecanismos pode explicar porque o uso a curto prazo de probióticos nesta meta-análise não causou uma mudança significativa no peso corporal.

Em conclusão, os resultados desta meta-análise indicam que os probióticos não são eficazes na diminuição do peso corporal e IMC. 

No entanto, esta meta-análise é limitada em sua capacidade de avaliar definitivamente o efeito dos probióticos na perda de peso porque a duração do tratamento, dosagem de probióticos e tipo de alimentação variaram entre os estudos. 

O tipo de probióticos administrados também não estava claro, pois eles podem ter sido administrados na forma de uma cápsula revestida de amido ou comprimido revestido quimicamente. 

Mais pesquisas com ECRs mais rigorosamente desenhados são necessárias para avaliar mais adequadamente o impacto dos probióticos na perda de peso.

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Autor: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista em Goiânia

Consumo de orgânicos pode reduzir o risco de câncer


Mais de 68.000 adultos franceses participaram do estudo. Aqueles que comiam mais alimentos orgânicos tinham 25% menos chances de desenvolver câncer. Você pode se proteger do câncer comendo alimentos orgânicos, sugere um novo estudo. 

Aqueles que freqüentemente comem alimentos orgânicos diminuíram seu risco geral de desenvolver câncer, segundo um estudo publicado na revista JAMA Internal Medicine. 

Especificamente, aqueles que basicamente comem alimentos orgânicos têm maior probabilidade de afastar o linfoma não-Hodgkin e o câncer de mama na pós-menopausa, em comparação àqueles que raramente ou nunca ingeriram alimentos orgânicos.

Liderada por Julia Baudry, epidemiologista do Institut National de la Sante e de la Recherche Medicale, na França, uma equipe de pesquisadores analisou as dietas de 68.946 adultos franceses. 

Mais de três quartos dos voluntários eram mulheres, com idade média de 40 anos. 

Esses voluntários foram categorizados em quatro grupos, dependendo de quantas vezes relataram comer 16 produtos orgânicos, incluindo frutas e legumes, carne e peixe, refeições prontas, óleos e condimentos vegetais, suplementos alimentares e outros produtos.

O tempo de seguimento variou para cada participante, mas durou pouco mais de quatro anos e meio, e durante esse período, os voluntários do estudo desenvolveram um total de 1.340 casos de câncer. 

O mais prevalente foi o câncer de mama (459) seguido pelo câncer de próstata (180), câncer de pele (135), câncer colorretal (99) e linfomas não Hodgkin (47).

Os autores calcularam o risco de câncer

Comparando os escores de alimentos orgânicos dos participantes com os casos de câncer, os pesquisadores calcularam uma relação negativa entre as pontuações mais altas (comer a maior parte dos alimentos orgânicos) e o risco geral de câncer. 

Aqueles que comiam mais alimentos orgânicos tinham 25% menos chances de desenvolver câncer. 

Especificamente, eles tinham 73% menos probabilidade de desenvolver linfoma não-Hodgkin e 21% menos probabilidade de desenvolver câncer de mama após a menopausa.

Mesmo os participantes que ingeriram dietas de baixa a média qualidade, mas ainda assim aderiram à alimentação orgânica, tiveram um risco reduzido de câncer, descobriram os autores.

Os autores teorizam que uma "possível explicação" para a relação negativa entre alimentos orgânicos e risco de câncer decorre da redução "significativa" da contaminação que ocorre quando alimentos convencionais são substituídos por alimentos orgânicos.

"Se as descobertas forem confirmadas, promover o consumo de alimentos orgânicos na população em geral pode ser uma estratégia preventiva promissora contra o câncer", concluíram Baudry e seus colegas.

Dr. Jorge E. Chavarro, professor associado do Departamento de Nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health, disse em um podcast que o novo estudo é "incrivelmente importante". 

Ele é co-autor de um comentário publicado no estudo.

A maioria das pessoas que não trabalha na agricultura está exposta a resíduos de pesticidas através dos alimentos, disse Chavarro, que não esteve envolvido no estudo.

As novas descobertas são consistentes com as da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, que descobriu que os pesticidas são cancerígenos em humanos, observou Chavarro. 

Eles também se alinham com os de outro estudo que mostrou uma relação negativa entre comer alimentos orgânicos e linfoma não-Hodgkin, disse ele.

No entanto, Chavarro acrescentou que os pesquisadores que planejam estudos futuros devem estar cientes de certas limitações neste novo estudo.

Desvantagens do estudo

"Avaliar a ingestão de dieta é difícil, avaliando a ingestão de alimentos orgânicos é notoriamente difícil", disse Chavarro. “Isso porque decidir comer alimentos orgânicos ou não é uma decisão que tem determinantes sociais e econômicos muito fortes. 

Mesmo que os autores tenham acesso a informações de por que as pessoas estão optando por não comer alimentos orgânicos, eles consideram todos os não-consumidores de comidas orgânicas iguais. "

Por exemplo, as pessoas que optam por não comer alimentos orgânicos, apesar de poderem fazê-lo, podem ter uma atitude inadequada em relação à sua saúde em geral e isso provavelmente influenciaria os resultados.

Chavarro também disse que não está claro se a quantificação do consumo de alimentos orgânicos está realmente calculando o que os autores do estudo querem medir - reduzindo a exposição a resíduos de pesticidas através da dieta.

É verdade que pesquisas anteriores, incluindo um dos próprios estudos de Chavarro, mostraram uma correlação entre o consumo de alimentos orgânicos e os níveis de pesticidas na urina, portanto a suposição não está incorreta. 

Ainda assim, os autores precisam mostrar isso, ele disse no podcast sobre o estudo. 

E, diferentes alimentos convencionais são mais "sujos" (contaminados com pesticidas) do que outros, ele disse, então comer certos alimentos orgânicos faz um trabalho melhor em nos proteger contra a ingestão de pesticidas do que outros. 

No entanto, o estudo não faz um bom trabalho de classificação e avaliação dessas diferenças, observou ele.

“No atual estágio da pesquisa, a relação entre o consumo de alimentos orgânicos e o risco de câncer ainda não está clara ", escreveram Chavarro e seus coautores no comentário.

No final, a conclusão do estudo, de acordo com Chavarro, é que todos nós deveríamos estar prestando mais atenção à quantidade de alimentos orgânicos que comemos e "provavelmente deveríamos estar estudando isso mais".

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Autor: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista de Goiânia