quarta-feira, 17 de abril de 2019

“Coquetel” com 27 agrotóxicos foi achado na água de 1 em cada 4 municípios – consulte o seu

Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.

Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos e tratados em investigação conjunta da Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento.

Os números revelam que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017. Nesse ritmo, em alguns anos, pode ficar difícil encontrar água sem agrotóxico nas torneiras do país.

Embora se trate de informação pública, os testes não são divulgados de forma compreensível para a população, deixando os brasileiros no escuro sobre os riscos que correm ao beber um copo d’água. Em um esforço conjunto, a Repórter Brasil, a Agência Pública e a organização suíça Public Eye fizeram um mapa interativo com os agrotóxicos encontrados em cada cidade. O mapa revela ainda quais estão acima do limite de segurança de acordo com a lei do Brasil e pela regulação europeia, onde fica a Public Eye.






domingo, 14 de abril de 2019

Atividades ao ar livre, em contato com a natureza, trazem benefícios para saúde e bem-estar

O agito dos grandes centros urbanos prejudica a saúde física e mental. As poluições sonora, visual e atmosférica somadas ao enclausuramento do dia a dia contribuem com o desencadeamento de problemas pulmonares, cardíacos e emocionais. Diante deste contexto, a ciência vem mostrando que praticar atividades ao ar livre, em contato com a natureza, é o que precisa ser incorporado na rotina das pessoas como forma de tratamento preventivo.

Pesquisadores da Universidade de Chiba, no Japão, reuniram 168 voluntários e colocaram metade para passear em florestas e o grupo restante para andar nos centros urbanos. As pessoas que tiveram contato com a natureza mostraram em geral uma diminuição de 16% no cortisol (hormônio do estresse), 4% na frequência cardíaca e 2% na pressão arterial.

Para o neurologista e psicoterapeuta cognitivo Mário Negrão, é possível notar uma melhora significativa no aparelho digestivo, nas alergias e na resistência à bactérias e infecções, mas o mais importante é a sensação de bem-estar. “Quando você coloca um indivíduo em uma cidade sem muita natureza, você está colocando-o em um ecossistema hostil, onde tudo que o rodeia é artificial. É comprovado que isso gera um impacto imenso na saúde”, relata.

Na Austrália, um estudo produzido na Universidade Deakin mostra que a natureza oferece às pessoas momentos de liberdade e relaxamento, impactando positivamente o estado mental dos indivíduos e reduzindo sintomas de ansiedade e depressão. Na Holanda, pesquisadores do Centro Médico Universitário de Amsterdã constataram que pessoas que vivem próximas da natureza reduzem em 21% as chances de desenvolverem depressão. Os benefícios também envolvem uma melhora na qualidade do sono, no desenvolvimento cognitivo, na imunidade, nos problemas cardíacos e pulmonares, além de uma redução na ansiedade, na tensão muscular e na possibilidade de desenvolver doenças como obesidade e diabetes.

Para a doutora em Ciências Florestais e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Teresa Magro, a sensação de bem-estar está relacionada também ao que fazemos no ambiente natural. “Só o fato de olhar uma paisagem, fazer um passeio em um parque ou em uma área com menos barulho, já nos dá uma sensação de relaxamento”, afirma.

No país com a mais rica biodiversidade do mundo, o contato com a natureza pode ocorrer em diferentes espaços, como parques, praças, cachoeiras e ambientes costeiros e marinhos. “Os benefícios fornecidos pela natureza – como ar puro, água, regulação microclimática, redução de partículas poluentes, relaxamento mental e físico, entre outros – e sua conexão com a saúde das pessoas devem ser vistos pela sociedade e pelo poder público como uma prioridade. Ter espaços verdes acessíveis e bem cuidados próximos da população estimula a visitação e a prática de atividades, o que resulta em indivíduos mais relaxados e produtivos”, completa a gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Leide Takahashi.

Humanidade consome recursos da Terra a taxas insustentáveis

George Monbiot, correspondente do jornal britânico The Guardian e conhecido por seu ativismo ambiental e político, fez um apelo surpreendente para que as pessoas no Reino Unido reduzissem o uso de carros em 90% ao longo da próxima década.

Muitos indivíduos podem se mostrar avessos a essa ideia, mas talvez ela soe um pouco menos bizarra à luz de um novo relatório da ONU Meio Ambiente sobre a taxa com que estamos abocanhando os recursos do planeta Terra.

ONU

A indústria global do automóvel necessita de quantidades enormes de metais vindos da mineração, assim como de outros recursos naturais, como a borracha. E a transição para os veículos elétricos, embora necessária para conter a poluição do ar e as emissões de gases do efeito estufa, também tem consequências adversas para a natureza — a mineração em larga escala do lítio para as baterias usadas nos veículos elétricos poderia provocar novas dores de cabeça ambientais.

O Panorama Global sobre Recursos 2019, relatório da ONU Meio Ambiente preparado pelo Painel Internacional sobre Recursos, examina as tendências em recursos naturais e nos seus padrões correspondentes de consumo desde os anos 1970. Entre as principais descobertas da pesquisa, estão as seguintes conclusões:

A extração e o processamento de materiais, combustíveis e alimentos contribuem com metade do total de emissões globais de gases do efeito estufa e com mais de 90% da perda da biodiversidade e do estresse hídrico;
A extração de recursos mais do que triplicou desde 1970, incluindo um aumento de cinco vezes no uso de minerais não metálicos e um aumento de 45% no uso de combustíveis fósseis;
Até 2060, o uso global de materiais poderia dobrar para 190 bilhões de toneladas (a partir dos atuais 92 bilhões), enquanto as emissões de gases do efeito estufa poderiam aumentar 43%.
Além dos transportes, outro grande consumidor de recursos é o setor de construção, que cresce rapidamente.

O cimento, o insumo fundamental para a produção de concreto, o material de construção mais usado no mundo, é uma grande fonte de gases do efeito estufa e responde por algo em torno de 8% das emissões de dióxido de carbono, de acordo com um relatório recente da Chatham House.

Tanto a produção de concreto quanto a de argila (para tijolos) incluem processos que consomem muita energia para a extração de matéria-prima, além de etapas de transporte e uso de combustíveis para o aquecimento de fornos.

A areia de qualidade para uso na construção está sendo extraída atualmente a taxas insustentáveis.

“A extração de materiais é um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas e perda da biodiversidade — um desafio que só vai piorar a não ser que o mundo empreenda urgentemente uma reforma sistemática do uso de recursos”, afirma o especialista em mudanças climáticas da ONU Meio Ambiente, Niklas Hagelberg. “Tal reforma é tão necessária quanto possível.”

Transição energética

Dados de 2014 do Banco Mundial mostram que 66% da energia global é fornecida por combustíveis fósseis. A diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente, Joyce Msuya, pediu a aceleração da transição energética, dos combustíveis fósseis — carvão, petróleo e gás — para fontes renováveis de energia, como eólica e solar.

“Precisamos ver uma mudança quase total para as fontes renováveis de energia, que têm o poder de transformar vidas e economias ao mesmo tempo em que protegem o planeta”, afirmou a dirigente em uma carta para os participantes da Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, realizada recentemente em Nairóbi, no Quênia.

O chamado da chefe da ONU Meio Ambiente veio poucos dias após o fundo soberano da Noruega — o maior do mundo, de 1 trilhão de dólares — sinalizar que planeja vender algumas das suas ações em empresas de petróleo e gás. A manobra é um golpe simbólico na indústria dos combustíveis fósseis, que vai reverberar entre empresas de energia e seus investidores.

“Agora, mais do que nunca, uma ação urgente e sem precedentes é exigida de todas as nações” para reduzir o aquecimento global, afirma o Relatório de Lacuna de Emissões da ONU Meio Ambiente de 2018. “Para transpor a lacuna de emissões de 2030 e garantir uma descarbonização de longo prazo, os países também têm que aprimorar as suas ambições de mitigação”, acrescenta o documento.

O Painel Internacional sobre Recursos foi lançado pela ONU Meio Ambiente em 2007, para construir e compartilhar os conhecimentos necessários para melhorar o nosso uso de recursos no mundo todo. O painel é formado por cientistas eminentes, altamente qualificados em questões de gestão de recursos, tanto de países desenvolvidos quanto de países em desenvolvimento, além de integrantes da sociedade civil e de organizações industriais e internacionais.

Exposição a metais pesados e riscos de doenças cardiovasculares; Centro da Unesp alerta população vulnerável após rompimento da barragem em Brumadinho-MG

O rompimento da barragem ocorrido em Brumadinho/MG desencadeou gravíssimos prejuízos para diversas famílias. De acordo com uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, a área das populações afetadas abrange dezenas de quilômetros no raio do Rio Paraopeba. A possibilidade de um surto de doenças já foi levantada, incluindo febre amarela, dengue, leptospirose e esquistossomose.  Ademais, os efeitos em curto prazo da exposição aos metais pesados (alumínio, manganês, ferro, por exemplo) têm relação com sintomas como tontura, diarreia e vômito, devido ao impacto no sistema nervoso central.

Dentro desse contexto, o Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo, grupo de pesquisa cadastrado no CNPq vinculado à Unesp em Marília, levantou estudos que investigaram a relação da exposição aos metais pesados com riscos de doenças cardiovasculares. A intenção é alertar a população que foi e que está sendo exposta aos metais pesados oriundos do rompimento da barragem em Brumadinho-MG. É importante destacar que moradores, trabalhadores, sobreviventes, bombeiros e equipe de imprensa que se deslocaram para a região de Brumadinho se encontram nessa condição.

A exposição aos metais pesados pode ocorrer de duas maneiras: 1) Ingestão por via oral; 2) Exposição por via respiratória, pela cavidade nasal.

Por via oral, os metais pesados chegam até a corrente sanguínea após passar pelo trato gastrointestinal. Quando a exposição é por via respiratória, os metais pesados entram na corrente sanguínea por meio do contato dos alvéolos com os vasos sanguíneos, de modo que os metais pesados são depositados no sangue.

Dentro da corrente sanguínea, os metais pesados causam aumento do estresse oxidativo e peroxidação lipídica em nível celular. Deste modo, a exposição aos metais pesados afeta negativamente importantes órgãos do corpo humano.

Um grupo de pesquisadores do Japão já havia evidenciado que a exposição aos metais pesados é responsável por respostas fisiopatológicas maléficas para a célula. Dentre esses efeitos, foram observados comprometimentos da musculatura lisa dos vasos sanguíneos, facilitando o desenvolvimento de doenças vasculares.

Outra pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que os vasos sanguíneos são um alvo crítico da toxicidade da exposição ao metal pesado. Além disso, foi reforçado que as ações dos metais pesados sobre os vasos sanguíneos podem desempenhar funções importantes na mediação dos efeitos fisiopatológicos em diferentes órgãos, como rins, pulmões e fígado. Essa exposição compromete significativamente o funcionamento desses órgãos.

Em 2014, dados levantados pelo Houston Methodist Research Institute apontaram que existem evidências convincentes ligando a toxicidade do metal pesado à disfunção neuronal. Nesse sentido, o comprometimento dos neurônios influencia os reflexos cardiovasculares, colaborando para o desenvolvimento de doenças como hipertensão, arritmias e acidente vascular encefálico.

Por último, mais recentemente, pesquisadores da NC State University, também dos Estados Unidos, levantaram 36 estudos epidemiológicos e indicaram o impacto negativo da exposição aos metais pesados no desenvolvimento da síndrome metabólica, que abrange quadros como diabetes, dislipidemia, obesidade e hipertensão.

Em suma, as pesquisas levantadas indicam alto grau de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em indivíduos expostos aos metais pesados na região de Brumadinho e ao redor do Rio Paraopeba. Portanto, é muito importante que a saúde de pessoas nessas condições seja monitorada constantemente.

* Vitor Engrácia Valenti é coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo, cujo foco é o estudo dos aspectos fisiológicos envolvidos com a regulação do ritmo cardíaco. E-mail: vitor.valenti@unesp.br


domingo, 7 de abril de 2019

Grupos de médicos pedem impostos e regulamentos sobre o acesso das crianças a bebidas açucaradas

Os grupos de médicos há muito tempo tomam uma posição contra o alto consumo de bebidas açucaradas nos Estados Unidos – e agora eles estão pedindo várias políticas para limitar o acesso a bebidas açucaradas entre crianças e adolescentes.

A Academia Americana de Pediatria e a American Heart Association divulgaram recomendações de políticas na segunda-feira dirigidas a legisladores federais, estaduais e municipais, incentivando-os a implementar políticas que reduziriam o consumo infantil de bebidas açucaradas, como refrigerantes, bebidas esportivas e sucos.

A declaração de política é a primeira vez que a AAP recomenda impostos sobre bebidas açucaradas, disse.

Eu falo com meus pacientes e suas famílias o tempo todo sobre os danos à saúde das bebidas açucaradas e a vantagem de beber principalmente água e leite. Mas ainda assim, as bebidas açucaradas são a base da dieta de muitas crianças. Elas são baratas, fáceis de encontrar muito comercializado e com sabor doce, para que crianças gostem deles “, disse a médica Natalie Muth, pediatra e nutricionista em Carlsbad, Califórnia, que foi a principal autora da declaração de política, publicada na revista Pediatrics.

“Ao mesmo tempo, os pediatras estão diagnosticando diabetes tipo 2, doença hepática gordurosa e colesterol alto em nossos pacientes jovens. São problemas de saúde que raramente observamos em crianças no passado. São problemas de saúde associados à alta ingestão de açúcar”. Muth disse.

“Tentamos, e fracassamos, restringir a ingestão de bebidas açucaradas apenas por meio da educação e das escolhas individuais”, disse ela. “Assim como as mudanças políticas foram necessárias e eficazes na redução do consumo de tabaco e álcool, precisamos de mudanças políticas que ajudem a reduzir o consumo de bebidas açucaradas em crianças e adolescentes”.

A declaração de política exige especificamente:

•um imposto sobre consumo de bebidas açucaradas;

•governos federal e estaduais para apoiar uma diminuição na comercialização de bebidas açucaradas para crianças e adolescentes;

• programas federais de assistência nutricional para garantir o acesso a alimentos saudáveis ​​e desestimular o consumo de bebidas açucaradas;

• regulamentos que exigem que o conteúdo adicionado de açúcares seja incluído nos rótulos nutricionais, nos cardápios dos restaurantes e nas propagandas;
fazer bebidas saudáveis, como leite e água, o padrão dos menus infantis;

•e a implementação de políticas em hospitais para limitar ou desincentivar a compra de bebidas açucaradas.

De todas essas recomendações políticas, Muth disse que um imposto sobre consumo de bebidas açucaradas tem a maior “evidência e precedente” para ser mais impactante.

“Sabemos que um aumento no preço leva a uma diminuição no consumo”, disse ela. “Nós sabemos dos exemplos de comunidades onde um imposto açucarado já foi implementado”, como o México e Berkeley, na Califórnia.

Em resposta à declaração de política, “as empresas de bebidas americanas acreditam que há uma maneira melhor de ajudar a reduzir a quantidade de açúcar que os consumidores obtêm das bebidas e inclui colocar os pais no banco do motorista para decidir o que é melhor para seus filhos”, disse William Dermody para a American Beverage Association , que representa a indústria de bebidas não-alcoólicas, disse em um comunicado.

A associação argumenta que as bebidas não são condutores únicos de taxas de obesidade e doenças relacionadas à obesidade nos Estados Unidos, já que as taxas de obesidade vêm aumentando, enquanto as taxas de consumo de refrigerante vêm caindo.

“Estamos apoiando pais que querem menos açúcar nas dietas de seus filhos, criando mais bebidas do que nunca com menos ou nenhum açúcar, bem como tamanhos de porções menores e apoiando esforços para tornar a água, o leite ou o suco a 100 por cento das bebidas padrão que os restaurantes servem com refeições infantis “, acrescentou. “Hoje, 50% de todas as bebidas vendidas contêm zero de açúcar, à medida que buscamos reduzir as calorias de bebidas consumidas em 20% até 2025”.

Esforços para tornar a água ou o leite padrão bebidas servido em menus infantis estavam entre as recomendações políticas apresentadas na nova declaração de política da Academia Americana de Pediatria e American Heart Association.

A nova declaração política vem na esteira de um estudo separado, publicado na semana passada na revista Circulation , que encontrou uma associação positiva entre o consumo a longo prazo de bebidas açucaradas e morte prematura em adultos nos Estados Unidos.

“A maior parte do meu trabalho se concentrou em adultos e mostramos que, além do ganho de peso, o consumo regular de bebidas açucaradas está associado a um maior risco de diabetes tipo 2, doença cardíaca, acidente vascular cerebral, hipertensão, alguns tipos de câncer e morte prematura”. disse Vasanti Malik, cientista pesquisador do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública TH Chan de Harvard , que não esteve envolvido na nova declaração de política, mas conduziu esse estudo separado.

Ela também elogiou a nova declaração de política.

“Eu pensei que a declaração conjunta forneceu um bom resumo de algumas estratégias políticas fundamentais para apoiar uma redução na ingestão de bebidas açucaradas para crianças e adultos”, disse Malik sobre a declaração de política. “A razão para este apelo à ação é por causa da forte e consistente evidência que liga o consumo de bebidas açucaradas a resultados adversos à saúde”.

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Autor: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista em Goiânia e idealizador do EndoNews

Como o horário das refeições afeta seu peso

Beber uma garrafa de vinho por semana pode ser como fumar cinco a 10 cigarros no mesmo período de tempo, em termos de risco de câncer, de acordo com um novo estudo do Reino Unido.

O estudo, publicado hoje (28 de março) na revista BMC Public Health , é o primeiro a estimar o “equivalente de cigarro” do álcool, no que diz respeito ao risco de câncer.

Os pesquisadores descobriram que o aumento do risco de câncer ligado a beber uma garrafa de vinho por semana é equivalente a fumar cinco cigarros por semana para homens e 10 cigarros por semana para mulheres.

O objetivo da pesquisa é transmitir melhor os riscos de câncer que estão ligados ao consumo moderado de álcool, que geralmente é considerado menos prejudicial do que fumar cigarros.

De fato, estudos nos EUA e no Reino Unido descobriram que muitas pessoas não estão cientes da relação do álcool com o câncer.

Por exemplo, uma pesquisa de 2017 da Sociedade Americana de Oncologia Clínica descobriu que 70% dos americanos não sabiam que o consumo de álcool é um fator de risco para o câncer .

“Nossa estimativa de um equivalente de cigarro para álcool fornece uma medida útil para comunicar possíveis riscos de câncer que exploram mensagens históricas bem-sucedidas sobre o fumo”, disse a autora do estudo, Theresa Hydes, do Departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Universitário Southampton, disse em um comunicado . “Esperamos que, ao usar o cigarro como comparador, possamos comunicar essa mensagem de forma mais eficaz para ajudar os indivíduos a fazer escolhas de estilo de vida mais informadas.”

O Dr. Richard Saitz, especialista em medicina do vício e presidente do Departamento de Ciências da Saúde Comunitária da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, disse que a comparação do estudo faz sentido.

“Acho que é hora de comunicarmos os riscos de câncer do álcool – está realmente fora do radar [e] desta forma é uma boa maneira de fazê-lo”, disse Saitz, que não esteve envolvido no estudo.

Ainda assim, os pesquisadores ressaltam que o estudo não está dizendo que o consumo moderado de álcool é o mesmo que fumar. O estudo considerou apenas o risco de câncer, e não os riscos de outras condições de saúde, como doenças cardíacas. Além disso, o estudo analisou o risco de câncer ao longo da vida na população em geral, que pode diferir do risco de câncer de um indivíduo de fumar ou álcool, disseram os autores.

Álcool versus cigarros
Quando jovens começam a universidade, frequentemente ganham peso. Nos Estados Unidos, existe um nome para esse fenômeno: o “calouro 7”, referindo-se aos 7 quilos tipicamente ganhos durante o primeiro ano de vida dos alunos fora de casa.

Em parte, esse ganho de peso pode ser explicado pela substituição de refeições caseiras por comida pronta e fast food, combinada à redução da atividade física.

Cada vez mais, no entanto, os cientistas estão culpando um outro fator: a ruptura do círculo circadiano, provocada por uma cultura de comer tarde, beber e por padrões inconsistentes de sono.

Por décadas, nos foi dito que o ganho de peso, juntamente com as consequentes doenças, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, estavam relacionadas exclusivamente à quantidade e ao tipo de alimentos que consumimos, em consonância com o número de calorias que gastamos fazendo exercícios físicos.

Mas evidências crescentes sugerem que o horário também é importante: não é apenas o que você come, mas quando você come, que importa.

A ideia de que nossa resposta biológica aos alimentos varia ao longo do dia é antiga. Médicos chineses acreditavam que a energia fluía em torno do corpo em sintonia com o movimento solar, e que as nossas refeições deveriam ser realizadas de acordo: 7h-9h da manhã era a hora do estômago, momento em que a maior refeição do dia deveria ser feita; 9h-11h da manhã centrada no pâncreas e no baço; 11h-13h a hora do coração, e assim por diante. O jantar, eles acreditavam que deveria ser algo leve, consumido entre 17h e 19h, quando a função renal predominava.

Embora a explicação seja diferente, a ciência moderna sugere que há muita verdade nessa antiga sabedoria.

Vamos às dietas. A maioria delas gira em torno da redução do número total de calorias consumidas – mas e se o horário também determinasse seus benefícios?

Quando mulheres com sobrepeso e obesas foram submetidas a uma dieta para emagrecer por três meses, aquelas que consumiram a maior parte das calorias no café da manhã perderam duas vezes e meia mais peso do que as que tomaram um café da manhã leve e comeram a maior parte das calorias no jantar. Mesmo consumindo o mesmo número total de calorias.

Muitas pessoas pensam que a razão pela qual você ganha mais peso se comer tarde da noite é porque tem menos oportunidades de queimar essas calorias, mas essa é uma visão simplista.

“As pessoas às vezes supõem que nossos corpos param durante o sono, mas isso não é verdade”, diz Jonathan Johnston, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, que estuda como nossos relógios biológicos interagem com os alimentos.

Então, o que mais poderia estar acontecendo? Algumas evidências preliminares sugerem que uma quantidade maior de energia é usada para processar uma refeição pela manhã, em comparação com o final do dia.

Você queima, portanto, um pouco mais de calorias se comer mais cedo. No entanto, ainda não está claro o quanto isso faz diferença no seu peso total.

Outra possibilidade é que ao comer muito tarde nós ampliamos o período do dia durante o qual consumimos alimentos.

Isso dá ao nosso sistema digestivo menos tempo para se recuperar e reduz a oportunidade de nosso corpo queimar gordura – a queima de gordura só ocorre quando nossos órgãos percebem que não há mais comida chegando.

Antes da invenção da luz elétrica, os seres humanos acordavam com os primeiros raios de sol e dormiam logo após ele se pôr. Sendo assim, quase todos os alimentos eram consumidos diurnamente.

“A menos que tenhamos acesso à luz, temos dificuldade para ficar acordados e comer na hora errada”, diz Satchin Panda, biólogo circadiano do Instituto Salk, em La Jolla, Califórnia, nos Estados Unidos, e autor de The Circadian Code (O Código Circadiano, em tradução livre).

Sua pesquisa revelou que a maioria dos americanos come durante um período de 15 ou mais horas por dia, com mais de um terço das calorias diárias sendo consumidas após as 18h, o que é muito diferente de como nossos ancestrais provavelmente viviam.

Agora, considere esses universitários, comendo e bebendo até tarde da noite. “Um estudante universitário típico raramente dorme antes da meia-noite e também costuma comer até a meia-noite”, diz Panda.

No entanto, muitos estudantes ainda precisarão acordar cedo para as aulas no dia seguinte, o que – supondo que eles tomem o café da manhã – reduz a duração do jejum noturno ainda mais.

Isso também significa que eles estão diminuindo as horas de sono, e assim ficam mais propensos a ganhar peso. Uma noite de sono ruim dificulta a tomada de decisões e o autocontrole, levando potencialmente a más escolhas alimentares. Além disso, prejudica os níveis dos “hormônios da fome”, leptina e grelina, aumentando o apetite.

Está cada vez claro que nossos ritmos circadianos estão intimamente ligados à nossa digestão e metabolismo de muitas formas, como através dos complexos sistemas de sinalização do corpo – um novo entendimento que poderia explicar os efeitos a longo prazo do jetlag e do trabalho em turnos.

Dentro de cada célula do nosso corpo existe um relógio molecular que regula praticamente todos os processos e comportamentos fisiológicos, desde a liberação de hormônios e neurotransmissores, passando pela pressão sanguínea e pela atividade de nossas células imunológicas, até quando nos sentimos mais sonolentos, alertas ou deprimidos.

Esses relógios são mantidos em sincronia entre si e com a hora do dia por um grupo de neurônios do hipotálamo medial chamado núcleo supraquiasmático (NSQ). Sua interação como mundo exterior é feita através de um subconjunto de células sensíveis à luz na parte de trás do olho chamadas células ganglionares da retina intrinsicamente fotossensíveis (CGRif).

O objetivo de todos esses relógios “circadianos” é antecipar e preparar o corpo para eventos regulares em nosso ambiente, como quando vamos nos alimentar. Isso significa que diferentes reações bioquímicas são favorecidas em diferentes momentos do dia, permitindo que nossos órgãos internos mudem de tarefa e se recuperem.

Quando viajamos para o exterior, nosso tempo de exposição à luz muda e nossos relógios biológicos são empurrados na mesma direção – embora o relógio de cada órgão e tecido se adapte em ritmo diferente. O resultado é o jetlag, que não só nos deixa sonolentos ou acordados nos momentos errados, mas também pode desencadear problemas digestivos e mal-estar geral.

No entanto, a luz não é a única coisa que pode afetar nossos relógios biológicos. O horário em que comemos nossas refeições também modifica nossos relógios do fígado e sistema digestivo, mesmo que nosso relógio cerebral não seja afetado. Evidências recentes também sugerem que o horário das atividades físicas pode ajustar os relógios em nossas células musculares.

Quando voamos de um fuso horário para outro, ou comemos, dormimos e nos exercitamos em horários irregulares, os diferentes relógios em nossos órgãos e tecidos saem de sincronia. É improvável que isso seja um problema se você se deitar tarde uma única vez ou se tiver uma refeição tardia, mas se isso acontecer de forma regular, pode acarretar consequências para sua saúde no longo prazo.

Processos complexos, como o metabolismo de gorduras ou de carboidratos, exigem o trabalho conjunto de numerosos outros processos que ocorrem no intestino, fígado, pâncreas, músculo e tecido adiposo. Se o diálogo entre eles fica desregulado, se tornam menos eficientes, o que no longo prazo pode aumentar o risco de várias doenças.

Em um estudo recente, pesquisadores compararam os efeitos físicos de um sono de cinco horas por noite durante oito dias seguidos, com a mesma quantidade de sono, mas em momentos espaçados.

Em ambos os grupos, a sensibilidade das pessoas ao hormônio insulina diminuiu e a inflamação sistêmica aumentou, e com isso o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. No entanto, esses efeitos foram ainda maiores naqueles que estavam dormindo em horários irregulares (e cujos ritmos circadianos estavam, portanto, desalinhados): nos homens, a redução na sensibilidade à insulina e o aumento da inflamação dobraram.

Isso pode ser um problema para os passageiros aéreos frequentes, os estudantes que dormem de maneira não regular ou funcionários que trabalham em turnos.

De acordo com pesquisas na Europa e na América do Norte, cerca de 15% a 30% da população ativa está empregada em trabalhos divididos por turnos, o que muitas vezes equivale a comer ou estar ativo quando o corpo não está esperando. O trabalho por turno tem sido associado a uma série de condições, incluindo doenças cardíacas, diabetes tipo 2, obesidade e depressão. O distúrbio circadiano causado por essa irregularidade é um dos principais suspeitos.

No entanto, somos todos trabalhadores por turnos pelo menos em parte do tempo, diz Panda.

Estima-se que 87% da população mantêm um horário de sono diferente nos dias de semana, em comparação com os fins de semana, resultando em uma espécie de jetlag social. As pessoas também tendem a tomar o café da manhã pelo menos uma hora mais tarde nos fins de semana, o que pode resultar no chamado jetlag metabólico.

Não é apenas a consistência no horário das refeições, mas também a quantidade de comida que comemos em cada refeição que parece ser importante.

Gerda Pot é uma pesquisadora de nutrição da Universidade King’s College, em Londres, no Reino Unido. Ela pesquisa como a irregularidade cotidiana na ingestão de energia afeta nossa saúde a longo prazo.

Pot diz ter se inspirado em sua avó, Hammy Timmerman, que era rigorosa com a rotina. Todo dia, ela tomava café da manhã às 7h da manhã; almoçava às 12h30 e jantava às 18h00. Até mesmo o horário de seus lanches era rígido: café às 11h30; chá às 15h da tarde. Quando Pot foi visitá-la, logo descobriu que dormir até tarde era um erro: “Se eu acordasse às 10h, ela ainda insistiria que eu comesse o café da manhã, e tomasse café com biscoitos meia hora depois”, diz ela. Porém, está cada vez mais convencida de que a rotina rígida de sua avó ajudou a mantê-la em boa forma até quase seus 95 anos.

Existem algumas razões para isso. Nossa sensibilidade ao hormônio insulina, que permite que a glicose dos alimentos ingeridos entre em nossas células seja usada como combustível, é maior durante a manhã do que à noite.

Quando nos alimentamos tarde (como Hammy Timmerman nunca fez), a glicose permanece no sangue por mais tempo, o que no longo prazo pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2, quando o pâncreas não produz insulina suficiente.

Também pode danificar outros tipos de tecidos, como vasos sanguíneos ou nervos dos olhos e nos pés. Nos piores casos, pode causar cegueira ou até mesmo amputações.

Usando dados de uma pesquisa nacional do Reino Unido que rastreou a saúde de mais de 5 mil pessoas por mais de 70 anos, Pot descobriu que, apesar de consumirem menos calorias em geral, as pessoas que tinham uma rotina de refeições mais irregular tinham maior risco de desenvolver síndrome metabólica – um conjunto de condições, incluindo hipertensão arterial, níveis elevados de açúcar no sangue, excesso de gordura na cintura e níveis anormais de gordura e colesterol no sangue, que juntos aumentam o risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.

ENTÃO, O QUE DEVEMOS FAZER?

Esforçar-se por uma maior consistência no tempo de sono e refeições é um bom primeiro passo e, idealmente, todos os nossos relógios internos devem estar operando no mesmo fuso horário.

Quando abrimos as cortinas e vemos a luz forte de manhã, isso reinicia o relógio principal no nosso cérebro. Portanto, ao tomar o café da manhã logo em seguida, isso reforça a mensagem da manhã para os relógios do fígado e sistema digestivo. Comer um bom café da manhã pode, portanto, ser essencial para manter nossos relógios circadianos funcionando em sincronia.

Um estudo recente envolvendo 18 indivíduos saudáveis, e 18 com diabetes tipo 2, descobriu que pular o café da manhã ocasiona ritmos circadianos alterados em ambos os grupos, bem como picos maiores nos níveis de glicose no sangue quando eles finalmente se alimentavam.

No entanto, regular nossos horários internos não deve ser feito às custas de menos horas de sono. Apesar de ser improvável que dormir tarde ocasionalmente cause algum mal, geralmente devemos nos esforçar para ir para a cama em um horário que nos permita dormir o suficiente – a quantidade recomendada é de sete a oito horas para a maioria dos adultos – todos os dias da semana. Aqui, a exposição à luz poderia ajudar.

Diminuindo as luzes à noite e aumentando a exposição à luz intensa durante o dia mostrou que a hora do relógio principal no cérebro (o SQN) mudou várias horas antes, tornando as pessoas mais bem-humoradas.

Alguns defendem jejuar por pelo menos 12 horas, e possivelmente por até 14-16 horas durante a noite. Em um estudo histórico publicado em 2012, Panda e seus colegas compararam um grupo de ratos que tinha acesso a alimentos gordurosos e açucarados a qualquer hora do dia ou da noite, com outro grupo que só consumia esses alimentos em uma janela de oito a 12 horas durante o “dia”.

Mesmo consumindo o mesmo número de calorias, os camundongos cuja janela de alimentação era restrita pareciam estar completamente imunes às doenças que começaram a afligir o outro grupo: obesidade, diabetes, doenças cardíacas e problemas no fígado.

No entanto, ao serem colocados em um cronograma de restrição de tempo, os ratos com essas doenças ficaram bem novamente.

“Quase todos os animais, incluindo nós, evoluíram neste planeta com um ritmo muito forte de 24 horas, entre luz e escuridão, e os ritmos associados em comer e jejuar”, explica Panda.

“Achamos que uma das principais funções [desses ciclos] é permitir a recuperação e o rejuvenescimento a cada noite. Você não pode consertar uma rodovia quando o tráfego ainda está em movimento.”

Testes em humanos com restrição de tempo alimentar estão apenas começando, mas alguns dos primeiros resultados parecem promissores – pelo menos em alguns grupos. Por exemplo, quando oito homens com pré-diabetes foram induzidos a comer todas as suas refeições entre 8h e 15h, sua sensibilidade à insulina melhorou e sua pressão caiu em média 10 a 11 pontos, em comparação a quando eles consumiram as mesmas refeições em um intervalo de 12 horas.

O que tudo isso significa para o resto de nós ainda não está claro, mas o ditado de que você deveria tomar café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo nunca fez tanto sentido. E é quase certeza que vale a pena colocar um cadeado na geladeira durante a noite.

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Fonte: https://f5.folha.uol.com.br/viva-bem/2019/03/como-o-horario-das-refeicoes-afeta-a-sua-cintura.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa


Beber uma garrafa de vinho por semana pode ser como fumar cinco a 10 cigarro

Beber uma garrafa de vinho por semana pode ser como fumar cinco a 10 cigarros no mesmo período de tempo, em termos de risco de câncer, de acordo com um novo estudo do Reino Unido.

O estudo, publicado hoje (28 de março) na revista BMC Public Health , é o primeiro a estimar o “equivalente de cigarro” do álcool, no que diz respeito ao risco de câncer.

Os pesquisadores descobriram que o aumento do risco de câncer ligado a beber uma garrafa de vinho por semana é equivalente a fumar cinco cigarros por semana para homens e 10 cigarros por semana para mulheres.

O objetivo da pesquisa é transmitir melhor os riscos de câncer que estão ligados ao consumo moderado de álcool, que geralmente é considerado menos prejudicial do que fumar cigarros.

De fato, estudos nos EUA e no Reino Unido descobriram que muitas pessoas não estão cientes da relação do álcool com o câncer.

Por exemplo, uma pesquisa de 2017 da Sociedade Americana de Oncologia Clínica descobriu que 70% dos americanos não sabiam que o consumo de álcool é um fator de risco para o câncer .

“Nossa estimativa de um equivalente de cigarro para álcool fornece uma medida útil para comunicar possíveis riscos de câncer que exploram mensagens históricas bem-sucedidas sobre o fumo”, disse a autora do estudo, Theresa Hydes, do Departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Universitário Southampton, disse em um comunicado . “Esperamos que, ao usar o cigarro como comparador, possamos comunicar essa mensagem de forma mais eficaz para ajudar os indivíduos a fazer escolhas de estilo de vida mais informadas.”

O Dr. Richard Saitz, especialista em medicina do vício e presidente do Departamento de Ciências da Saúde Comunitária da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, disse que a comparação do estudo faz sentido.

“Acho que é hora de comunicarmos os riscos de câncer do álcool – está realmente fora do radar [e] desta forma é uma boa maneira de fazê-lo”, disse Saitz, que não esteve envolvido no estudo.

Ainda assim, os pesquisadores ressaltam que o estudo não está dizendo que o consumo moderado de álcool é o mesmo que fumar. O estudo considerou apenas o risco de câncer, e não os riscos de outras condições de saúde, como doenças cardíacas. Além disso, o estudo analisou o risco de câncer ao longo da vida na população em geral, que pode diferir do risco de câncer de um indivíduo de fumar ou álcool, disseram os autores.

Álcool versus cigarros

Para colocar os riscos de câncer de álcool em perspectiva, o estudo teve como objetivo responder à pergunta: Em termos de risco de câncer, quantos cigarros estão em uma garrafa de vinho ? Um frasco contém cerca de 80 gramas (2,5 onças) de álcool puro.

Os pesquisadores usaram dados nacionais do Reino Unido sobre o risco de câncer durante a vida na população em geral, bem como pesquisas publicadas anteriormente sobre a relação entre álcool, tabagismo e câncer.

Eles estimaram que, entre os não-fumantes, beber uma garrafa de vinho por semana está ligado a um aumento de 1,0% no risco de câncer ao longo da vida para os homens; e um aumento de 1,4 por cento no risco de câncer ao longo da vida para as mulheres. Em outras palavras, se 1.000 homens e 1.000 mulheres bebessem uma garrafa de vinho por semana, cerca de 10 homens extras e 14 mulheres extras desenvolveriam câncer em algum momento de suas vidas, disseram os pesquisadores. O maior risco entre as mulheres é principalmente devido à ligação entre o consumo de álcool e o câncer de mama .

Este risco foi comparável ao consumo de cinco cigarros por semana para homens e 10 para mulheres.

Um “carcinógeno conhecido”

“Todo mundo sabe que os cigarros causam câncer”, disse Saitz à Live Science. “Ouvir que uma certa quantidade de álcool é o equivalente a uma certa quantidade de cigarros” em termos de risco de câncer, é útil para o público em geral, disse ele.

Saitz observou que tem havido pouca discussão sobre os riscos de câncer associados ao álcool , embora o álcool seja um conhecido agente cancerígeno. Mesmo orientações dietéticas discutem o número recomendado de bebidas alcoólicas por dia .

“Se eu não chamasse de álcool ou vinho ou cerveja ou coquetéis, e eu chamasse isso de cancerígeno, ninguém estaria falando sobre quantos copos de um agente cancerígeno você poderia beber”, disse Saitz.

Os autores do estudo observaram que, como o estudo só considerou o risco de câncer, não levou em conta outras doenças ligadas ao tabagismo ou uso de álcool, como doenças respiratórias, cardiovasculares ou hepáticas .

Os autores também apontaram que os fumantes normalmente consomem muito mais do que cinco a 10 cigarros por semana – o fumante médio no Reino Unido consome cerca de 80 cigarros por semana, e o fumante médio nos EUA consome cerca de 100 cigarros por semana.

Ainda assim, “esses resultados destacam os níveis moderados de bebida como um importante problema de saúde pública”, concluíram os autores.

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Autor: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista em Goiânia e idealizador do EndoNews

Mamãe está certa quando ela diz para comer suas ervilhas.

Em um dos maiores levantamentos de dados sobre hábitos alimentares globais e longevidade, os pesquisadores descobriram que o consumo de vegetais, frutas, peixes e grãos integrais estava fortemente associado a uma vida mais longa – e que as pessoas que consumiam alimentos saudáveis ​​eram mais propensas a morrer antes do tempo.

O estudo , publicado na quarta-feira na revista britânica The Lancet, concluiu que um quinto das mortes em todo o mundo estava associado a dietas pobres – definidas como aquelas com pouco legumes frescos, sementes e nozes, mas pesadas em açúcar, sal e gorduras trans.

Em 2017, chegaram a 11 milhões de mortes que poderiam ter sido evitadas, disseram os pesquisadores. A maioria deles, cerca de 10 milhões, era de doença cardiovascular, descobriram os pesquisadores. Os próximos maiores assassinos relacionados à dieta foram o câncer, com 913.000 mortes, e o diabetes tipo 2, que custou 339.000 vidas.

“Esses números são realmente impressionantes”, disse Francesco Branca , nutricionista da Organização Mundial de Saúde, que não esteve envolvido no estudo. “Isso deveria ser um alerta para o mundo”.

O estudo, que foi financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates, cobriu hábitos alimentares globais de 1990 a 2017 e acompanhou o consumo em 15 categorias – incluindo leite, carne processada, frutos do mar, sódio e fibras.

Os pesquisadores analisaram dados de 195 países e descobriram que Papua Nova Guiné, Afeganistão e Ilhas Marshall tinham a maior proporção de mortes relacionadas à dieta, enquanto França, Espanha e Peru tinham algumas das taxas mais baixas. Os Estados Unidos ficaram em 43º lugar. A China estava entre as piores com 140.

O estudo encontrou uma diferença de dez vezes entre os países com as taxas mais altas e mais baixas de mortes relacionadas à dieta. Por exemplo, o Uzbequistão teve 892 mortes por 100.000 pessoas em comparação com 89 em Israel.

Além de sua conclusão preocupante, o estudo foi notável pelo que prescrevia: em vez de intimidar as pessoas para reduzir o consumo de gorduras e açúcares correlacionados com a doença e a morte prematura, os autores determinaram que acrescentar alimentos mais saudáveis ​​a dietas globais era a maneira mais eficaz de reduzir a mortalidade.

Ele e outros especialistas disseram que as descobertas ressaltaram a importância de políticas nacionais para aumentar a disponibilidade de frutas e vegetais, especialmente em países de baixa renda, onde os produtos frescos podem ser mais caros do que os alimentos processados. Grandes empresas alimentícias devem ser pressionadas a criar produtos mais saudáveis, disseram os especialistas, e os médicos devem ser encorajados a discutir a importância de uma boa dieta com seus pacientes.

“Não vamos nos concentrar apenas nas coisas que deveríamos eliminar da nossa dieta, porque, para ser honesto, tentamos isso por um tempo”, disse Nita Gandhi Forouhi , epidemiologista da Escola de Medicina Clínica da Universidade de Cambridge, que escreveu: um comentário que acompanhou o estudo.

Nem todos concordaram com as recomendações centrais do estudo. O Dr. Arun Gupta , um pediatra e ativista nutricional na Índia, disse acreditar que os autores deveriam ter dado mais ênfase ao papel que as empresas de alimentos desempenham na disseminação de alimentos não saudáveis. “Meu medo é que isso tire a pressão da indústria, que pode usar o relatório para dizer: ‘Não estamos fazendo nada errado’”, disse ele.

O estudo teve algumas limitações. Houve lacunas notáveis ​​nos dados relacionados à dieta das nações mais pobres e algumas das mortes, os autores notaram, poderiam ter sido atribuídas a mais de um fator dietético, levando a uma superestimação da carga de doenças atribuíveis à dieta.

Ainda assim, especialistas em nutrição e saúde que leram o relatório disseram que suas principais descobertas foram irrefutáveis. “Isso cria ainda mais a base de evidências em torno do fato de que a dieta está nos matando”, disse Corinna Hawkes , diretora do Centro de Política Alimentar da City, Universidade de Londres.

A Dra. Forouhi, a epidemiologista de Cambridge, disse que esperava que, no mínimo, o ranking nacional de mortalidade relacionada à dieta sacudisse alguns países, especialmente aqueles sem pesquisas dietéticas nacionais. “Talvez nomeando e envergonhando, alguns dos países na parte inferior da lista serão inspirados a fazer melhor”, disse ela. “No mínimo, eles podem aprender com países próximos ao topo”.

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Autor: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista em Goiânia e responsável pelo EndoNews

O que não estamos comendo está nos matando, conclui estudo global

Qual fator de risco é responsável por mais mortes no mundo do que qualquer outro? Não é o tabagismo. Nem mesmo pressão alta. É uma dieta pobre.

“Em muitos países, a dieta pobre agora causa mais mortes do que o tabagismo e a pressão alta”, disse Ashkan Afshin, professor assistente do Instituto de Medição da Saúde e Avaliação da Universidade de Washington.

E não é só que as pessoas estão escolhendo opções insalubres, como carne vermelha e refrigerantes açucarados.

Igualmente importante, disse Afshin, principal autor de uma análise de 27 anos da dieta global publicada na revista The Lancet , é a falta de alimentos saudáveis ​​em nossas dietas, juntamente com altos níveis de sal.

Enquanto tradicionalmente toda a conversa sobre dieta saudável tem se concentrado em reduzir a ingestão de alimentos não saudáveis, neste estudo, mostramos que, em nível populacional, uma baixa ingestão de alimentos saudáveis ​​é o fator mais importante, ao invés do alto ingestão de alimentos não saudáveis ​​”, disse ele.
Uma em cada cinco mortes no mundo – cerca de 11 milhões de pessoas – em 2017 ocorreu devido ao excesso de sódio e falta de grãos integrais, frutas, nozes e sementes, descobriu o estudo, em vez de dietas recheadas com gorduras trans, açúcar bebidas açucaradas e altos níveis de carnes vermelhas e processadas.

O grande tamanho do estudo significa que essas descobertas são relevantes para todos, não importa onde morem, disse Andrew Reynolds, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, que não esteve envolvido no estudo.

“As descobertas do documento vão informar as decisões políticas que determinam qual alimento está disponível nos países ocidentais, como ele é comercializado e potencialmente o que custa nos próximos anos”, disse Reynolds.

15 fatores de risco dietéticos

Na análise, financiada pela Fundação Bill & Melinda Gates, Afshin e seus colegas analisaram 15 fatores de risco dietéticos e seu impacto na morte e incapacidade.

Altos níveis de carnes vermelhas e processadas não saudáveis, bebidas adoçadas com açúcar, ácidos graxos trans e sal – todos conhecidos como riscos para a saúde – foram comparados com os efeitos de uma dieta baixa em muitos alimentos saudáveis.

Esses itens saudáveis ​​incluíam frutas, legumes, grãos integrais, leite, cálcio, nozes e sementes, fibras, legumes ou feijão, ácidos graxos ômega-3 de frutos do mar e gorduras polinsaturadas, as gorduras boas encontradas para salmão, óleos vegetais e algumas nozes e sementes.

Exceto o sal, que era um fator de risco chave na maioria dos países, o estudo encontrou carnes vermelhas e processadas, gorduras trans e bebidas açucaradas na parte inferior do gráfico de risco para a maioria dos países.

De fato, mais da metade de todas as mortes relacionadas à dieta global em 2017 foram devidas a apenas três fatores de risco: comer muito sal, não consumir grãos integrais suficientes e frutas não suficientes.

Esses riscos são verdadeiros, independentemente do nível socioeconômico da maioria das nações, disse Afshin.

O novo estudo faz parte do relatório anual Global Burden of Disease, preparado por um consórcio de milhares de pesquisadores que rastreiam a morte prematura e a incapacidade de mais de 350 doenças e ferimentos em 195 países.

Em janeiro, o consórcio lançou sua ” dieta para um planeta saudável ” , segundo a qual reduzir o consumo de carne vermelha e açúcar pela metade e aumentar a ingestão de frutas, vegetais e nozes pode prevenir até 11,6 milhões de mortes prematuras sem prejudicar o planeta.

Afshin disse que uma visão geral do estudo atual, mas poucos detalhes, foi publicada no relatório do ano passado, tornando a versão deste ano “a análise mais abrangente sobre os efeitos da dieta já realizada”, apesar de algumas falhas e lacunas metodológicas em dados de países subdesenvolvidos.

“Essa é uma boa reivindicação”, disse Reynolds. “Os estudos são publicados todos os anos sobre como comemos, no entanto, a quantidade de dados considerados e a representatividade global fazem com que este estudo mereça atenção.” Ele acrescentou que os rankings de risco fornecem aos formuladores de políticas públicas “informações valiosas sobre quais comportamentos alimentares devem ser atingidos primeiro”.

Mortes relacionadas com a dieta por país

Dez milhões de mortes relacionadas à dieta em 2017 foram de doenças cardiovasculares; o câncer foi responsável por 913.000 mortes e o diabetes tipo 2 foi responsável por 339.000 mortes.

Além disso, 66% das deficiências em 2017 de uma série de doenças crônicas foram devidas a esses três fatores.

Curiosamente, a obesidade não era um contribuinte de primeira linha, chegando em sexto lugar na lista de riscos globais de doenças, disse Afshin.

O Uzbequistão teve o maior número de mortes relacionadas à dieta, seguido pelo Afeganistão, Ilhas Marshall, Papua Nova Guiné e Vanuatu. Israel teve o menor número, seguido pela França, Espanha, Japão e Andorra, um minúsculo principado entre a França e a Espanha.

Em termos de taxas de mortalidade mais baixas, o Reino Unido ficou em 23º lugar, acima da Irlanda (24º) e Suécia (25º), enquanto os Estados Unidos ficaram em 43º lugar, após Ruanda e Nigéria (41º e 42º). A Índia ficou em 118º e a China ficou em 140º lugar.

Maiores fatores de risco

Para os Estados Unidos, Índia, Brasil, Paquistão, Nigéria, Rússia, Egito, Alemanha, Irã e Turquia, a falta de grãos integrais foi o maior fator de risco; para muitos outros países, que vieram em segundo ou terceiro lugar. Isso não significa que as pessoas nesses países não comiam grãos, mas sim que comiam grãos processados, com pouco valor nutricional e o potencial para altas contagens calóricas.

Reynolds, que publicou um estudo no The Lancet sobre o efeito dos grãos integrais este ano, adverte que muitos dos produtos vendidos aos consumidores hoje como “grãos integrais” muitas vezes não são.

Cereais integrais estão sendo incluídos em produtos ultraprocessados ​​que podem ser finamente moídos e adicionados de sódio, adição de açúcares livres e adição de gorduras saturadas”, disse Reynolds. “Acho que todos nós precisamos estar cientes disso e não confundir os benefícios dos grãos integrais minimamente processados ​​e intactos com o que é frequentemente anunciado como produtos de grãos integrais disponíveis hoje”.

Um grão inteiro é definido como o uso de toda a semente de uma planta: o farelo, o germe e o endosperma. O Whole Grains Council fornece um selo, disponível em 54 países , que os consumidores podem procurar certificando o grau de grãos integrais no produto.

Desafios Regionais

O maior fator de risco para a China, Japão, Indonésia e Tailândia foi a quantidade de sódio na dieta. Isso é provavelmente devido aos vinagres de arroz extremamente salgados, molhos e pastas usados ​​para cozinhar alimentos tradicionais asiáticos, disse Afshin.

Isso significa que essas culturas continuarão a viver com esse alto risco? Não necessariamente, disse Corinna Hawkes, que dirige o Centro de Política Alimentar da Universidade de Londres.

“Qualquer pessoa que estude a história da alimentação dirá que as preferências culturais mudam com o tempo”, disse Hawkes, que não participou do novo estudo. “Eles mudam. Mas sim, neste caso, isso provavelmente envolverá uma mudança cultural.”

No México, a falta de nozes e sementes foi o maior fator de risco, seguido pela falta de legumes, grãos integrais e frutas na dieta. E foi um dos poucos países onde as bebidas açucaradas doentias ficaram bem altas – no quinto lugar.

Isso não se deve apenas à preferência cultural por refrigerantes e bebidas açucaradas caseiras chamadas aguas frescas, diz Christian Razo , co-autor do estudo, falta de acesso a água limpa e até mesmo frutas e legumes.

“Não temos água limpa para beber”, disse Razo, que tem doutorado. em nutrição do Instituto Nacional de Saúde Pública do México.

“Então as pessoas têm que comprar água limpa para beber, e se vão ter que comprar alguma coisa, preferem o refrigerante”, disse ela. “Também é mais fácil obter alimentos processados ​​do que frutas e vegetais frescos”.

Razo diz que, embora o México seja um grande produtor de frutas e vegetais frescos, eles são comprados por distribuidores nos Estados Unidos e em outros países, deixando as pessoas nas cidades com pouco acesso a opções novas ou a capacidade de cultivar suas próprias.

“Encorajamos as pessoas a comprar nos mercados locais, mas elas são mais caras”, disse Razo. “É difícil competir com todas essas grandes marcas que compram os produtos. Então, sim, temos um grande desafio.”

Quanto a nozes e sementes, “as pessoas simplesmente não podem comprá-las porque são muito caras”, disse ela.

Apelo à ação

Os formuladores de políticas reagiram ao estudo com um apelo à ação.

A dieta pouco saudável é o principal fator de risco para o ônus global da doença. A importância relativa desse fator vem crescendo e requer atenção urgente”, disse Francesco Branca, diretora do Departamento de Nutrição para Saúde e Desenvolvimento da Organização Mundial da Saúde.

“O público precisa estar ciente das ligações críticas entre dieta e saúde e exigir ação pública para melhorar o acesso e a disponibilidade de alimentos que contribuem para dietas saudáveis”, disse Branca. “Considerando a necessidade de ação urgente, a Assembléia Geral da ONU declarou 2016-2025 a Década de Ação da Nutrição das Nações Unidas e está pedindo aos governos que façam tais compromissos”.

Isso vai exigir um esforço coordenado entre os formuladores de políticas públicas, produtores de alimentos, comerciantes e distribuidores, o que será um feito significativo, disse Hawkes.

Voltar para grãos integrais, por exemplo, vai exigir uma mudança completa na economia da produção e distribuição de alimentos, disse ela.

Refinar grãos é altamente lucrativo”, disse Hawkes. “Pegue o milho, por exemplo. Você pode refiná-lo em diferentes ingredientes: ração animal, farinhas refinadas e xarope de milho de alta frutose para citar três. Assim, os fabricantes estão gerando múltiplos fluxos de valor a partir desse processo de refino.

Se dissermos então: ‘Estou produzindo milho para fazer um produto’, precisamos ter diálogos com a indústria para perguntar onde o investimento público é necessário e como podemos mudar o sistema, porque será um grande investimento.” É uma grande e grande mudança “.

Mas Hawkes está esperançoso. Vinte anos atrás, ela disse, quando entrou em uma sala de formuladores de políticas globais de saúde e mencionou a importância da dieta, ela era vista como “uma espécie de pessoa marginal. Agora, quando entro em uma sala e digo isso, é levada a sério”.

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Autor: Dr. Alberto Dias Filho - Médico endocrinologista em Goiânia e responsável pelo EndoNews

Mudanças metabólicas induzidas pelo emagrecimento

Um dos principais efeitos da perda de peso, seja ela induzida por dieta, exercício ou cirurgia, é a redução do metabolismo basal ou taxa metabólica de repouso que representa a quantidade mínima de energia necessária para manutenção das atividades vitais do organismo em repouso.

O metabolismo basal corresponde a aproximadamente 2/3 do gasto calórico diário de um indivíduo e pode variar conforme a idade, existindo uma redução aproximada de 1% a cada década de vida, o sexo, sendo maior em homens do que em mulheres, e principalmente conforme a quantidade de massa muscular de um indivíduo.

Os demais componentes do nosso gasto calórico diário referem-se à energia gasta para a digestão dos alimentos, também conhecida como termogênese relacionada à dieta, e ao gasto calórico relacionado ao exercício, conforme didaticamente ilustrado na figura abaixo, com os percentuais correspondentes de cada componente.

Um estudo interessante demonstrou que a manutenção de um peso 10% abaixo do peso inicial resultou em uma redução de 8 kcal para cada kg perdido no metabolismo basal. Isto significa que um indivíduo que pesava inicialmente 100 kg e conseguiu reduzir o seu peso para 90 kg (redução de 10% do peso inicial) apresenta uma redução aproximada de 80 kcal no seu metabolismo basal.
Este declínio no metabolismo descrito em indivíduos submetidos a tratamentos para perda de peso favorece a recuperação do peso, sobretudo porque permanece suprimido no longo prazo, mesmo após o término da intervenção para perda de peso.

E porque este declínio ocorre? Bom, quando começamos a reduzir o peso, uma série de adaptações hormonais e metabólicas são ativadas numa tentativa de “proteger” o organismo de um estado de privação importante de comida. Mudanças na composição corporal, levando a perdas significativas da massa muscular, bem como reduções importantes dos níveis de leptina, hormônio produzido pelo tecido adiposo, responsável também por modular o gasto energético contribuem para esta queda. Dessa forma, a redução do metabolismo de repouso dificulta o emagrecimento à medida em que continuamos perdendo peso.

Outro estudo bastante interessante mostrou o impacto das diferentes intervenções para perda de peso (dieta x exercício x terapia farmacológica ou cirurgia) sobre o metabolismo de repouso.
Os resultados mostraram uma redução do metabolismo de aproximadamente 15 kcal para cada kg perdido, sem diferença entre homens e mulheres, quando todas as intervenções foram analisadas conjuntamente.

Conforme mostrado na figura a seguir, quando as intervenções foram avaliadas separadamente, a dieta resultou em maior queda do metabolismo basal, de 18 kcal para cada kg de peso perdido, quando comparada a todas as demais.

A combinação da restrição calórica associada a exercícios regulares resultou em menores reduções no metabolismo basal quando comparada à dieta isoladamente. Uma das explicações para esta diferença é a maior preservação da massa muscular induzida pelo exercício durante restrições calóricas impostas pela dieta.

Em síntese, embora o exercício isoladamente não seja uma estratégia eficaz para perda de peso, a combinação do exercício durante a perda de peso induzida pela dieta minimizará a redução do metabolismo basal, componente importante do gasto calórico total! O entendimento dessas alterações adaptativas desencadeadas pelo emagrecimento bem como o acompanhamento regular com uma equipe multidisciplinar, incluindo médico endocrinologista, nutricionista e educador físico, ajudará na obtenção de melhores resultados durante e após intervenções para a perda de peso!

Referências:

1. Relative changes in resting energy expenditure during weight loss: a systematic review. Obesity Reviews (2010) 11, 531–547.
2. Changes in energy expenditure resulting from altered body weight. N Engl J Med 1995; 332: 621–628.
Autora: Dra. Milene Moehlecke – Médica Endocrinologista – CREMERS 33.068 – RQE 25.181 – http://www.endocrinologistamilene.med.br

Fonte: https://blogdasbemrs.blogspot.com/2019/02/mudancas-no-metabolismo-induzidas-pela.html?fbclid=IwAR3xw_uqcFBjKtSAMHf7Dw7RZfv0XirvBSYnkeql331d5wgTp8IZ_VXxwts

Até mesmo uma bebida alcoólica por dia pode aumentar o risco de derrame, diz estudo

Beber um ou dois drinks de bebida alcoólica por dia pode aumentar as chances de ter um derrame, de acordo com um novo estudo genético publicado na quinta-feira.

Contradizendo alegações anteriores de que o consumo moderado poderia prevenir derrames e outras doenças e condições , este novo estudo publicado na revista The Lancet relaciona mesmo os níveis baixos de consumo de álcool com o aumento da pressão arterial que pode levar a derrames.

O estudo vem depois que as pesquisas publicadas no ano passado concluíram que não há níveis saudáveis ​​de consumo de bebida alcoólica.

No novo estudo, os pesquisadores descobriram que um a dois drinques por dia aumentaram o risco de AVC em 10% a 15% e que quatro drinques por dia aumentaram o risco de ter um AVC em 35%. Um drink foi definida como um copo pequeno de vinho, uma garrafa de cerveja ou uma única medida de bebida alcoólica.

“Não há efeitos protetores da ingestão moderada de álcool contra o derrame. Mesmo o consumo moderado de álcool aumenta as chances de um derrame”, disse o co-autor do estudo, Zhengming Chen, do Departamento de Saúde Populacional de Nuffield, da Universidade de Oxford. “As descobertas para ataque cardíaco foram menos claras, então planejamos coletar mais evidências.”

Os pesquisadores, da Universidade de Pequim, da Academia Chinesa de Ciências Médicas e da Universidade de Oxford, dizem que descobriram o impacto do álcool no derrame ao seguir 500 mil chineses por 10 anos.

Nas populações da Ásia Oriental, dizem os pesquisadores, existem variantes genéticas comuns que reduzem grandemente a tolerância ao álcool, porque causam uma reação extremamente desagradável de flushing após o consumo de álcool. Embora essas variantes genéticas reduzam bastante a quantidade de pessoas que bebem, elas não estão relacionadas a outros fatores relacionados ao estilo de vida, como o tabagismo.

Outros cientistas geralmente concordaram com as descobertas do estudo, mas alguns apontaram possíveis deficiências.

“Este estudo usa uma nova abordagem genética para tentar determinar o efeito do consumo de álcool no risco de doença cardiovascular”, disse Tim Chico, professor de medicina cardiovascular da Universidade de Sheffield.

“Embora tenha sido sugerido anteriormente a ingestão moderada de álcool pode reduzir o risco de acidente vascular cerebral ou doença cardíaca, este novo estudo acrescenta evidências recentes de que não encontra efeito protetor, mesmo em níveis baixos de ingestão”, acrescentou.

“Infelizmente, a esperança de que o álcool de alguma forma protege contra doenças cardiovasculares é provavelmente infundada”.

David Spiegelhalter, professor de compreensão de risco para o público na Universidade de Cambridge, disse que o estudo lhe deu dúvidas sobre suas teorias anteriores. “Eu sempre estive razoavelmente convencido de que o consumo moderado de álcool era protetor para doenças cardiovasculares, mas agora estou tendo minhas dúvidas”, disse ele.

O Dr. Stephen Burgess, da Universidade de Cambridge, destacou as limitações do estudo, dizendo que ele examinava apenas uma população chinesa e se concentrava em bebidas de dose e não em vinho. Mas ele admitiu ter sugerido que “não há benefício cardiovascular de beber leve e que o risco de derrame aumenta mesmo com o consumo moderado de álcool leve”.

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terça-feira, 26 de março de 2019

Alimentos ultraprocessados favorecem ganho de peso.

O cerco anda se fechando para os chamados alimentos ultraprocessados – aqueles que contêm vários ingredientes, levam pouco (ou nada) de origem natural e são feitos com um monte de aditivos “cosméticos”, como corantes e aromatizantes, além de substâncias só usadas na indústria. Não é de hoje que pesquisas indicam uma associação entre eles e problemas de saúde. Mas, por causa de diversas variáveis, os achados não permitiam cravar que se tratava de uma relação de causa e efeito. Até agora.

Um estudo liderado por Kevin Hall, pesquisador do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais, nos Estados Unidos, tem tudo para se tornar um divisor de águas nesse aspecto. Afinal, ele não se baseou naquilo que os voluntários relatavam ter comido – algo que depende da memória e da sinceridade das pessoas. No trabalho, a dieta dos participantes foi realmente controlada pelo cientista e sua equipe.

Os experts fizeram o seguinte: recrutaram 20 adultos com peso considerado saudável e os separaram em dois grupos. Enquanto um recebeu uma alimentação baseada em itens ultraprocessados (como congelados, salgadinhos, biscoitos, refrigerante e por aí vai), o outro se alimentou de comida in natura (sabe o prato de arroz, feijão, carne e salada? Entraria aqui).

Depois de duas semanas, os indivíduos trocaram de turma – assim, todo mundo experimentou os dois tipos de dieta. Vale dizer que a quantidade de alimento consumido ficava ao gosto de freguês.

Ao fim da intervenção, os investigadores notaram que, ao seguir a dieta ultraprocessada, os voluntários chegavam a consumir cerca de 500 calorias a mais por dia em relação ao grupo da comida de verdade. No fim das contas, isso resultou em uma ingestão de carboidratos e gorduras muito maior – mas não de proteínas.

Na balança, a diferença foi notória: o peso subiu mais ou menos um quilo. Lembre-se: falamos de apenas duas semanas de dieta.

Segundo o médico Carlos Monteiro, professor titular no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), os alimentos ultraprocessados são desenhados para serem consumidos sem moderação.

“Isso se consegue com o acréscimo de grande quantidade de açúcar ou sal e gordura, além do uso intensivo de aromatizantes, corantes e outros aditivos que têm o propósito de deixar os produtos irresistíveis”, diz. “Como no caso do cigarro, o consumo moderado desses produtos não é comum”, completa.

Para ele, essa história precisa ser conhecida, já que há outra teoria sendo contada por aí: a de que uma caloria é uma caloria, independentemente de onde venha, e que basta ‘ter força de vontade e comer tudo com moderação’.

Pois, nessa pesquisa, ficou claro que não é tão simples assim. Afinal, ambas as dietas ofertavam o mesmo número de calorias e nutrientes – embora o voluntário pudesse optar por repetir a refeição. E o resultado demonstrou que as pessoas tendem a exagerar quando se trata de uma dieta ultraprocessada.

Até porque, além de superpalatável, esse tipo de dieta tende a saciar menos. É que os produtos têm alta densidade energética — ou seja, reúnem um monte de calorias em pequenas porções. “Quanto mais densa a dieta em energia, menor a saciedade por caloria consumida”, esclarece o pesquisador da USP.

Tranqueiras e risco de morte

Recentemente, outro trabalho deu o que falar. Após avaliar a dieta de 44 551 cidadãos de 45 anos ou mais, e realizar um acompanhamento entre 2009 e 2017, experts da Universidade Paris 13, na França, notaram que acrescentar só 10% de itens ultraprocessados no dia a dia já dispararia 14% a possibilidade de morrer por qualquer motivo.

Apesar de o trabalho não estabelecer a tal da relação de causa e efeito, Monteiro lembra que existem evidências de que comer tranqueira aumenta o risco de obesidade, hipertensão, problemas cardiovasculares e câncer.

E, como apontado pelo trabalho de Kevin Hall, maneirar nesses itens extremamente palatáveis não é a coisa mais fácil do mundo…

O que são, afinal, os alimentos ultraprocessados

Tanto na pesquisa americana como na francesa, os cientistas usaram a classificação chamada de NOVA como base para definir o que é um item ultraprocessado. Ela foi criada por Monteiro e sua equipe em 2009.

Os produtos que se encaixam nesse grupo tipicamente levam cinco ou mais ingredientes em sua fórmula. Mas não só: eles carregam aditivos conhecidos como cosméticos, já que têm como função alterar aroma, cor etc.

Esse recurso faz com que uma bolacha vendida como de amêndoa, por exemplo, às vezes nem tenha a oleaginosa em sua fórmula.
Outra característica comum é que esses itens apresentam ingredientes que sequer estão disponíveis para usarmos na cozinha de casa – só aparecem na indústria mesmo. É o caso de isolado proteico de soja, maltodextrina, caseína, soro de leite e tantos outros.

Segundo a classificação, a fabricação dos produtos envolve ainda processos que não possuem equivalentes domésticos, como extrusão e moldagem e pré-processamento por fritura.

O documento que descreve essa classificação traz um parágrafo que nos ajuda a entender mais sobre o tema: “O principal propósito do ultraprocessamento é o de criar produtos industriais prontos para comer, para beber ou para aquecer que sejam capazes de substituir tanto alimentos não processados ou minimamente processados que são naturalmente prontos para consumo, como frutas e castanhas, leite e água, quanto pratos, bebidas, sobremesas e preparações culinárias em geral”.

Na lista de produtos que atendem a essas características estão refrigerantes, pós para refrescos, salgadinhos de pacote, sorvetes, chocolates, biscoitos, bebidas com sabor de frutas, caldos com sabor (carne, frango e legumes), maionese e outros molhos prontos, macarrão instantâneo, além de pães de forma, cachorro-quente e hambúrguer.

Congelados, como tortas, pizzas, massas, empanados e hambúrgueres, entram aqui também. Que tal rever a participação deles na rotina?

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Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/alimentos-ultraprocessados-engordam-mesmo-e-pior-e-dificil-resistir/?utm_source=whatsapp

Caminhada matinal e interrupção do tempo sentado podem reduzir a pressão arterial por horas

Adultos de meia-idade e idosos com excesso de peso ou obesidade podem melhorar a própria pressão arterial (PA) e, consequentemente, a saúde cardiovascular, fazendo apenas uma caminhada vigorosa de meia hora pela manhã, porque o benefício é mantido por várias horas, sugere um pequeno estudo.

E, além da caminhada matinal, interrupções regulares do tempo sentado (isto é, intervalos de três minutos de caminhada moderada a cada meia hora) resultou em pressão arterial sistólica média ainda mais baixa durante as oito horas do teste – apenas nas mulheres.

O estudo com 67 adultos sedentários de 55 a 80 anos de idade foi publicado on-line em 20 de fevereiro no periódico Hypertension .

"Tradicionalmente, os efeitos na saúde do exercício e do sedentarismo foram estudados separadamente", disse o primeiro autor do estudo, Michael Wheeler, doutorando da University of Western Australia, em Perth, que trabalha no Baker Heart and Diabetes Institute, em Melbourne, em um comunicado da American Heart Association (AHA).

"Realizamos este estudo porque queríamos saber se existe um efeito combinado desses comportamentos na pressão arterial."

"Combinar o exercício com intervalos regulares no tempo sentado pode ser mais benéfico para reduzir a pressão arterial nas mulheres do que nos homens", escreveram os pesquisadores.

"Embora estudos de longo prazo sejam necessários para corroborar nossos resultados", concluíram, "esta linha de evidência pode embasar discussões clínicas e de saúde pública em torno de estratégias personalizadas para otimizar os alvos da PA em idosos com risco aumentado de doença cardiovascular".

Convidada a comentar, a porta-voz da AHA, Dra. Gina Price Lundberg, médica, diretora clínica do Emory Women's Heart Center e professora associada da Emory University School of Medicine, em Atlanta, alertou que este era um estudo muito pequeno, feito em condições muito controladas, com refeições padronizadas e caminhada em esteira em uma velocidade fixa.

No entanto, "eu acho que é mais um estudo que prova que o exercício é muito importante", disse ao Medscape.

"A maioria dos infartos ocorre em mulheres com mais de 60 anos e homens com mais de 50 anos", observou a Dra. Gina, "e é um grupo importante para se reduzir o risco". Dar uma caminhada todas as manhãs e depois fazer pausas no tempo sentado é "tão simples".

Não é necessário usar uma esteira, ela acrescentou. "Você pode se exercitar em casa, fora de casa, em qualquer lugar, simplesmente caminhe".

Alguns pacientes buscam soluções rápidas, dietas especiais ou novos medicamentos, acrescentou a Dra. Gina, mas este estudo reforça "a importância do exercício feito de maneira consistente, ainda que pouco, para a saúde geral".

Três situações

Não se sabe se a redução aguda da PA, causada pelo exercício, é atenuada por ficar muito tempo sentado ou intensificada por interrupções subsequentes no tempo sentado, escreveram Michael e colaboradores.

Para esta pesquisa, eles avaliaram dados de um estudo projetado para medir o desempenho cognitivo de pacientes de meia-idade ou idosos com sobrepeso ou obesos.

O estudo recrutou 67 pacientes sedentários (incluindo 35 mulheres) com média de idade de 67 anos e índice de massa corporal (IMC) médio de 31 kg/m².

Os pacientes tinham pressão arterial sistólica média de 125 mmHg e pressão diastólica média de 74 mmHg e 37% tinham hipertensão, definida como PA sistólica de pelo menos 130 mmHg ou PA diastólica de pelo menos 80 mmHg, de acordo com as diretrizes norte-americanas mais recentes.

Os participantes completaram três situações de atividade física de oito horas no laboratório de testes, separadas por seis dias. As três situações, começando às oito da manhã, foram:

Ficar sentado de forma ininterrupta por oito horas (condição sedentária)

Uma hora sentado, seguida de 30 minutos de caminhada na esteira com intensidade moderada, seguidos de seis horas e meia sentado

Uma hora sentado, seguida de 30 minutos de caminhada na esteira com intensidade moderada, seguidos de seis horas e meia sentado com interrupções a cada 30 minutos com caminhadas de intensidade leve na esteira por três minutos

Em cada situação, os pacientes receberam jantar na noite anterior e café da manhã e almoço padronizados no dia do teste.

No geral, quando caminharam por meia hora pela manhã e ficaram sentados, as pressões sistólicas e diastólicas médias de oito horas foram menores em 3,4 mmHg e 0,8 mmHg, respectivamente, do que na condição sedentária. E quando também interromperam o tempo sentado com breves intervalos para caminhada, suas pressões arteriais sistólica e diastólica foram menores em 5,1 mmHg e 1,1 mmHg, respectivamente, do que na condição sedentária (P < 0,05 para todos).

Uma avaliação pormenorizada mostrou que o benefício adicional da diminuição da pressão arterial sistólica foi observado apenas em mulheres.

Os pesquisadores observaram que com a farmacoterapia, uma redução de 10 mmHg na PA sistólica e uma queda de 5 mmHg na PA diastólica estão associadas a risco 22% menor de morte por doença coronariana e 41% menor de morte por acidente vascular cerebral (AVC).

O estudo também mostrou que após o exercício a epinefrina aumentou nos homens, mas diminuiu nas mulheres. As razões para isso não são conhecidas.

Um estudo muito maior com 1.600 pacientes com cerca de 60 anos, publicado em agosto de 2018, observou Michael, mostrou que o exercício estava associado a mudanças positivas nos biomarcadores de proteína C-reativa, interleucina 6 e leptina, com maiores benefícios entre as mulheres.

A pesquisa foi financiada por uma doação do National Health and Medical Research Council of Australia e parcialmente apoiada pelo Victorian Government's Operational Infrastructure Support Program. Os autores informaram não ter relações financeiras relevantes.

Hypertension. Publicado on-line em 20 de fevereiro de 2019. Abstract

Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6503351?src=soc_fb_190326_mscpmrk_ptpost_neuro,tho_caminhada&faf=1

"A ciência não mata Deus', diz físico brasileiro Marcelo Gleiser

O prêmio Templeton, que recompensa a cada ano uma personalidade que explora "a dimensão espiritual da vida", foi concedido nesta terça-feira (19/3) ao físico teórico brasileiro Marcelo Gleiser, que se esforça para demonstrar que ciência e religião não são inimigas. 

O professor de Física e Astronomia, especializado em Cosmologia, nascido no Rio de Janeiro há 60 anos e que mora desde 1986 nos Estados Unidos, não acredita em Deus. Ele é agnóstico. 

"O ateísmo é inconsistente com o método científico", afirmou Gleiser à AFP na segunda-feira no Dartmouth College da Universidade de New Hampshire, onde é professor desde 1991. 

"O ateísmo é uma crença na não-crença. Então você nega categoricamente algo contra o qual você não tem provas", acrescentou."Mantenho a mente aberta, porque entendo que o conhecimento humano é limitado", completa o cientista. 

O prêmio Templeton é financiado pela fundação do falecido John Templeton, um americano presbiteriano que fez fortuna em Wall Street. Dotado com 1,1 milhão de libras esterlinas (quase 1,5 milhão de dólares, 50% a mais que o Nobel), já foi recebido desde 1973 por Desmond Tutu, o Dalai Lama, filósofos, outros astrofísicos, Alexander Solzhenitsyn, entre outros. 

Com cinco livros em inglês e centenas de artigos em blogs e na imprensa dos Estados Unidos e do Brasil, Gleiser explica de que maneira ciência e religião estão direcionadas para responder perguntas muito similares sobre a origem do universo e da vida. 

"A primeira coisa que você lê na Bíblia é uma história da criação", afirma. Judeus, cristãos, muçulmanos: independentemente da religião, "todos querem saber como o mundo surgiu". 

Esta curiosidade fundamental, científica ou religiosa, leva, sem dúvida, a respostas diferentes. O método científico é feito de hipóteses refutáveis, o que não acontece com as religiões. 

"A ciência pode dar respostas a certas questões, até um certo ponto". O que são o tempo, a matéria, a energia? As respostas científicas são válidas apenas em um âmbito teórico. 

"Este é um problema conhecido na filosofia por muito tempo, chamado de problema de primeira causa: ficamos presos", afirma Gleiser, pai de cinco filhos. "Devemos ter a humildade para aceitar que estamos cercados de mistério". 

"Arrogância" científica

Gleiser já escreveu sobre mudança climática, Einstein, furacões, buracos negros, a consciência... Seu credo é rastrear os vínculos entre a ciência e as humanidades, incluindo a filosofia. O que ele pensa dos que acreditam que a Terra foi criada em sete dias? 

"Eles consideram a ciência como o inimigo, porque têm um modo muito antiquado de pensar sobre ciência e religião, no qual todos os cientistas tentam matar Deus", disse. "A ciência não mata Deus", completa.

Gleiser lamenta que os "novos ateus" tenham ampliado a distância com a religião, especialmente o cientista britânico Richard Dawkins (que pediu a prisão do papa Bento XVI pelos casos de pedofilia na Igreja católica), ou o falecido jornalista Christopher Hitchens, que criticava a Madre Teresa (a primeira a receber o prêmio Templeton).

Para Gleiser, que cresceu na comunidade judaica do Rio de Janeiro, a religião não é apenas a crença em Deus: dá um senso de identidade e comunidade. "Ao menos metade da população do planeta é assim". 

"É extremamente arrogante para os cientistas descer de suas torres de marfim para fazer estas declarações sem compreender a importância social dos sistemas de crenças", opina. 

"Quando você ouve cientistas muito famosos fazendo declarações como ... a cosmologia explicou a origem do universo e de tudo, e nós não precisamos mais de Deus. Isso é um completo nonsense", acrescenta. "Porque nós não explicamos a origem do universo em absoluto", conclui.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2019/03/19/interna_ciencia_saude,743875/a-ciencia-nao-mata-deus-diz-fisico-brasileiro-marcelo-gleiser.shtml?fbclid=IwAR2y-XPc9xfmj29Wksxgq3jyWFyBSndFWQEl-_ZF0QBzGP-HcSD4U5cslik