quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Por que abomino Modulação Hormonal?


Praticamente todos os dias pelo menos 10 pessoas ligam aqui na clínica e perguntam se trabalho com modulação hormonal.

A resposta é em alto e bom som: N-Ã-O. Abomino esse tipo de prática e aqui dou alguns motivos bem simples. Mas antes é preciso entender o porquê das pessoas associarem a Nutrologia à prática de Modulação Hormonal.

Vamos lá ! A Nutrologia NÃO tem dentro do seu rol de procedimentos a Modulação hormonal. Os profissionais que praticam, fazem por conta própria. Pois não é ensinado nada disso nas residências de Nutrologia ou cursos de especialização, em especial o dado pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Em 2019 a própria ABRAN emitiu um comunicado deixando claro que algumas práticas não fazem parte do rol de procedimentos nutrológicos.
Rol de procedimentos Nutrológicos:
https://abran.org.br/2018/03/14/rol-de-procedimentos/
A ABRAN em comunicado também publicou no próprio site um posicionamento especificamente sobre Modulação Hormonal.

Ou seja, tal tipo de prática não tem respaldo da sociedade a qual sou membro titular. Para acessar: Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN): http://abran.org.br/2018/03/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/

A especialidade responsável por estudar mais a fundo os hormônios é a Endocrinologia e Metabologia e a própria Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) publicou ano passado um posicionamento sobre Modulação Hormomal: https://www.endocrino.org.br/alerta-sbem-nao-existe-especialista-em-modulacao-hormonal/

Os praticantes de Modulação hormonal argumentam que com o passar dos anos há quedas acentuadas de vários hormônios e devemos "modulá-los" deixando em valores ótimos. Mesmo o indivíduo não apresentando déficit. Ou seja, alguns defendem uma ação antienvelhecimento da reposição desses hormônios. 

A Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) se posicionou contra a prática de medicina anti-envelhecimento: http://www.abeso.org.br/pdf/Posicionamento%20SBEM%20-%20anti-aging2.pdf

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) tatambém se posicionou contra: http://portaldaurologia.org.br/medicos/destaque-sbu/nota-oficial/


Além de todas as sociedades médicas acima reprovarem a prática de Modulação Hormonal, o Conselho Federal de Medicina (CFM) que é a autarquia que regulamenta o exercício da Medicina no Brasil tem uma resolução no qual PROÍBE EXPRESSAMENTE a prática de modulação hormonal no Brasil. Podendo ser acessado em:

Abaixo, texto transcrito do site do CFM: 

Com a Resolução 1999/2012, os médicos que prescreverem métodos para deter o envelhecimento podem ser punidos até com a perda do registro profissional
Médicos brasileiros que prescreveram terapias com o objetivo específico de conter o envelhecimento, práticas conhecidas como antiaging, estarão sujeitos às penalidades previstas em processos ético-profissionais. No caso de condenação, após denúncia formal, eles poderão receber de uma advertência até a cassação do registro que lhes a autoriza o exercício da Medicina.

A Resolução 1999/2012, aprovada pelo plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM), determina a proibição da adoção destas práticas pelos médicos. O texto, que será publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (19), se baseia em extensa revisão de estudos científicos que concluiu pela inexistência de evidências científicas que justifiquem e validem a prescrição destas práticas.

A nova regra reforça limitação imposta pelo Código de Ética Médica, em vigor desde 2010, que também desautoriza o emprego de técnicas sem comprovação cientifica. A Resolução também dialoga com os conteúdos das Resoluções 1938/2010, que alerta para a ineficácia das práticas ortomoleculares com o intuito de combater processos como o antienvelhecimento, e mesmo a Resolução 1974/2011, que trata de publicidade médica. Esta regra proíbe os médicos de anunciarem e prometerem resultados aos pacientes e também de anunciarem o uso de métodos sem comprovação cientifica.

O Coordenador da Câmara Técnica de Geriatria do CFM, Gerson Zafalon Martins, que coordenou o trabalho que resultou na nova resolução, alerta para os riscos que tais métodos podem causar. Segundo ele, há possibilidade de que adoção destas terapias possam provocar danos permanentes, inclusive contribuindo para o aumento do risco de câncer em determinados pacientes. “Prescrever hormônio do crescimento para “rejuvenescer” um adulto que não tem deficiência desse hormônio é submetê-lo ao risco de desenvolver diabetes e até neoplasias”.

Mudança de comportamento - Na avaliação do plenário do CFM, o aumento da longevidade não decorre tratamentos específicos, mas de uma mudança de atitude, que inclui a adoção de hábitos saudáveis (melhor alimentação, prática de esportes, abandono do tabaco e uso limitado do álcool, entre outros pontos). “Estão vendendo ilusão de antienvelhecimento para a população sem nenhuma comprovação científica e que pode fazer mal à saúde. Com a idade, o metabolismo mais lento e a ingestão de algumas substâncias podem aumentar o risco de várias doenças”, alerta a geriatra Elisa Franco Costa, que auxiliou na pesquisa do CFM.

Entre as diferentes técnicas para deter o envelhecimento, a principal crítica do CFM se detém sobre a reposição hormonal e a suplementação com antioxidantes (vitaminas e sais minerais). De acordo com o CFM, a adoção destes métodos não gerou, até o momento, resultados confirmados por estudos científicos em grandes grupos populacionais ou de longa duração. Além disso, como eram empregados em pacientes com hipofunção glandular, podem provocar efeitos adversos que levem seus usuários ao desenvolvimento de outras disfunções.

Para os conselheiros, a prescrição e o emprego de tratamentos de forma inadequada colocam a saúde dos pacientes em risco. Este entendimento é o mesmo de outros órgãos de regulação, tanto nacionais quanto internacionais, se posicionam contra a manipulação hormonal em indivíduos saudáveis.
Penalidades possíveis - Em agosto passado, o CFM divulgou parecer produzido pela Câmara Técnica de Geriatria que propunha um parâmetro normativo sobre a questão. Apenas de seu caráter orientador, o documento não tinha função normatizadora. Com a nova Resolução, o médico fica o impedido de praticar a terapia, sob pena de ter seu registro profissional cassado.

Segundo dados da corregedoria do CFM, nos últimos quatro anos, a entidade já cassou o registro profissional de cinco médicos que praticavam os procedimentos sem comprovação científica. Outras dez punições (como suspensão e censura pública) também foram dadas a outros médicos. Os Conselhos Regionais de Medicina também apuram outros casos.

O ilícito destes médicos geralmente era agravado pela publicidade imoderada, sensacionalista e promocionais. Muitos deles garantiam resultados, o que contraria o Código de Ética Médica (CEM). “A medicina não é uma ciência de fim e sim de meios. O médico tem que fazer o possível em benefício do paciente, mas nem sempre o resultado é satisfatório”, destaca o corregedor do CFM, José Fernando Maia Vinagre.

SAIBA O QUE DIZ A RESOLUÇÃO CFM 1.999/2012
Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:
I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico- degenerativas;
II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados;
III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente comprovados;
De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios cientificamente comprovados:
IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA), estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para a utilização na prática clínica diária. 



Em 2018 a Justiça também corroborou com o CFM e proibiu a prática de Modulação Hormonal.


A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região - TRF5 negou, por unanimidade, a apelação contra a Resolução Nº1999/2012, do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A publicação do CFM tem por objetivo combater a prática de reposição hormonal sem comprovação científica, objetivando retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento.
Esta Resolução foi questionada judicialmente por uma Associação, que impetrou ação civil coletiva (no Juízo da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará - SJCE), com o intuito de que o CFM fosse determinado a se abster de aplicar a Resolução aos médicos filiados à associação, tanto no presente quanto no futuro.
A ação foi negada na primeira instância, motivando recurso à segunda instância, mas, no dia 28/08/18, também foi negada por unanimidade. Desta forma ficou reconhecido o direito de o CFM regular e impedir a prática, que vinha sendo intitulada por alguns de “modulação hormonal”, e que a SBEM sempre combateu e reprovou por falta de evidências científicas.
Posição do CFM e do Relator
De acordo com o relator da apelação, desembargador federal convocado Frederico Wildson, não tem sentido afirmar que as práticas estão em conformidade com a referida resolução do CFM, tendo em vista que a aplicação da norma não se faz em tese e, sim, diante de cada caso concreto.
De acordo com colocações publicadas no site do Conselho, “verifica-se que, segundo o Conselho Federal de Medicina a falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais, com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento”. Ainda no site, o magistrado explica que o CFM entendeu que a chamada “terapia antienvelhecimento” oferece risco à saúde da população, motivo pelo qual editou o ato normativo impugnado.
A Resolução
No site do CFM está detalhada a Resolução 1999/2012. Vejam alguns pontos de destaque, entre os pontos:
Médicos que prescreverem métodos para deter o envelhecimento podem ser punidos com até com a perda do registro profissional.
Médicos brasileiros que prescreverem terapias com objetivo específico de conter os envelhecimento, práticas conhecidas como antiaging, estarão sujeitos às penalidades precisas em processos éticos

Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:
I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico- degenerativas;
II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados;
III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente comprovados;
De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios cientificamente comprovados:
IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA), estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para a utilização na prática clínica diária.


Cansaço crônico - Um dos sintomas que mais aparecem no consultório



Ao longo desses 12 anos de formado tenho visto que a cada dia essa queixa se torna cada vez mais frequente na minha prática clínica. O #cansaço excessivo, a #fadiga e a #indisposição para se realizar as tarefas básicas e programações do #dia a dia são algumas das queixas mais comuns que parecem estar aumentando a prevalência, chegando a quadros mais graves, com importante limitação das atividades de vida diária. 

Contudo, esse sintoma pode ser decorrente de uma série de fatores específicos ou da junção deles, sendo necessário uma investigação minuciosa e holística, para que seja possível voltar a normalidade (ter novamente disposição para a realização das atividades diárias).
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Caso os sintomas citados acima te acompanham, esse post é para você! 

Veja alguns dos fatores que podem favorecer a indisposição física e mental:

🔷Sono insuficiente e/ou inadequado, cujo problema é comum devido a uma má #higiene do sono. Não é tão simples quanto parece fazer uma avaliação do sono. Na maioria das vezes solicitamos exames que mostram os estágios do sono e aplicamos escalas para verificar se o paciente está tendo ou não um sono reparador. 

🔷Realização de dietas e estratégias alimentares com restrição alimentar excessiva: aqui a máxima " saco vazio não pára em pé" se faz verdadeiríssima. Está existindo um equilíbrio entre os macronutrientes? A ingestão de água está adequada? Um recordatório alimentar funcional minucioso se faz necessário e é isso que fazemos na Clínica (eu e o meu nutricionista, Rodrigo Lamonier);

🔷Consumo #alimentar nutricionalmente pobre, resultando em déficits nutricionais de #vitaminas (principalmente vitaminas do complexo B pois entram no ciclo de Krebs, que gera energia para nosso corpo) e #minerais (ferro, zinco, magnésio, cobre, fósforo, cálcio) que são importantes na produção de energia e outras reações essenciais;

🔷Excesso de atividades diárias, estresse, ansiedade, depressão, insegurança e outras inúmeras condições que caracterizam algum problema com a saúde mental, que invariavelmente podem levar a redução do nível de energia do paciente;

🔷Uso de determinados medicamentos: principalmente ansiolíticos, antidepressivos, beta-bloqueadores entre outros;

🔷Doenças que estejam mal controladas, como por exemplo: hipotireoidismo, diabetes mellitus, doença renal, doenças pulmonares, problemas cardíacos, dentre outras.

Por isso é muito importante você sempre buscar o acompanhamento #profissional para uma investigação aprofundada! 

Evite utilizar estratégias para burlar o #cansaço como uso de #estimulantes e outros adaptógenos (principalmente por conta própria), busque tratar os fatores causais do problema! 

Autores: 
Dr. Frederico Lobo - CRM-GO 13.192  , RQE 11915 - Médico Nutrólogo
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e profissional da Educação física. Pós-graduado em Nutrição Clínica e Esportiva. 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O Efeito do Consumo de Óleo de Coco nos Fatores de Risco Cardiovascular


O Efeito do Consumo de Óleo de Coco nos Fatores de Risco Cardiovascular: Uma Revisão Sistemática e Meta-Análise de Ensaios Clínicos

Abstrato

Antecedentes: O óleo de coco é rico em gordura saturada e pode, portanto, aumentar as concentrações séricas de colesterol, mas efeitos benéficos em outros fatores de risco cardiovascular também foram sugeridos. Portanto, realizamos uma revisão sistemática do efeito do consumo de óleo de coco nos lipídios no sangue e outros fatores de risco cardiovascular em comparação com outros óleos de cozinha, usando dados de ensaios clínicos.

Métodos: Pesquisamos PubMed, SCOPUS, Cochrane Registry e Web of Science até junho de 2019. Selecionamos estudos que compararam os efeitos do consumo de óleo de coco com outras gorduras que duraram pelo menos 2 semanas. Dois revisores selecionaram independentemente os artigos, extraíram os dados e avaliaram a qualidade do estudo de acordo com as diretrizes do PRISMA (itens de relatório preferenciais para revisões sistemáticas e meta-análises). Os principais desfechos incluíram colesterol de lipoproteína de baixa densidade (colesterol LDL), colesterol de lipoproteína de alta densidade (colesterol HDL), colesterol total, triglicerídeos, medidas de gordura corporal, marcadores de inflamação e glicemia. Os dados foram agrupados usando meta-análise de efeitos aleatórios.

Resultados: 16 artigos foram incluídos na metanálise. Os resultados estavam disponíveis em todos os ensaios com lipídios no sangue, 8 ensaios com peso corporal, 5 ensaios com porcentagem de gordura corporal, 4 ensaios com circunferência da cintura, 4 ensaios com glicemia plasmática em jejum e 5 ensaios com proteína C reativa. O consumo de óleo de coco aumentou significativamente o colesterol LDL em 10,47 mg / dL (IC 95%: 3,01, 17,94; I 2 = 84%, N = 16) e o colesterol HDL em 4,00 mg / dL (IC 95%: 2,26, 5,73; I 2= 72%, N = 16) em comparação com os óleos vegetais não tropicais. Esses efeitos permaneceram significativos após a exclusão de ensaios não randomizados ou de baixa qualidade (escore de Jadad <3 adiposidade="" afetou="" coco="" com="" compara="" consumo="" de="" e="" em="" glicemia="" inflama="" leo="" leos="" marcadores="" n="" o="" os="" p="" significativamente="" tropicais.="" vegetais="">

Conclusões: O consumo de óleo de coco resulta em colesterol LDL significativamente mais alto que os óleos vegetais não tropicais. Isso deve informar as escolhas sobre o consumo de óleo de coco.

INTRODUÇÃO

Dietas ricas em ácidos graxos saturados aumentam as concentrações plasmáticas de colesterol lipoproteína de baixa densidade (LDL-colesterol) e podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares (DCVs) em comparação com os ácidos graxos poliinsaturados.

A popularidade do óleo de coco aumentou nos últimos anos devido aos seus supostos efeitos à saúde, embora a gordura de coco contenha cerca de 90% de gordura saturada e as diretrizes alimentares geralmente recomendem a restrição  ingestão de gordura saturada.

Um argumento comum a favor do consumo de gordura de coco é que ele é composto por ácidos graxos de cadeia média (MCFAs).

Os MCFAs são rapidamente absorvidos pela veia porta e, portanto, podem desempenhar um papel mais importante como fonte de energia via oxidação beta do que na síntese do colesterol.

No entanto, o ácido láurico (12: 0), que compreende cerca de metade  dos ácidos graxos totais do óleo de coco e é quimicamente classificado como um AGCM, pode não atuar biologicamente como outro AGCM.

O ácido láurico é amplamente absorvido e transportado pelos quilomícrons, semelhante aos ácidos graxos de cadeia longa.

Além disso, cerca de 25% da gordura de coco consiste no ácido graxo saturado de cadeia longa.

2 ácidos ácido mirístico (14: 0) e ácido palmítico (16: 0). 

Resultados de ensaios clínicos sobre os efeitos do consumo de óleo de coco no perfil lipídico foram misturados com alguns resultados de estudos de 6 a 8, mas não todos, 9 a 21, sugerindo que o consumo de gordura de coco reduz os níveis séricos de colesterol em comparação com os óleos vegetais não tropicais.

Além das concentrações lipídicas, o óleo de coco tem sido sugerido para aliviar a inflamação, melhorar a homeostase da glicose e reduzir a gordura corporal.

Em uma meta-análise de rede sobre o consumo de diferentes gorduras e lipídios no sangue, o óleo de coco não alterou significativamente o colesterol LDL em comparação com os óleos vegetais não tropicais, mas essa análise incluiu apenas 6 ensaios com óleo de coco.

Além disso, a meta-análise de rede  não avaliaram o impacto de diferentes gorduras em outros fatores de risco para DCV. 

Portanto, realizamos uma revisão sistemática e atualizamos meta-análises de ensaios clínicos para avaliar os efeitos do consumo de óleo de coco em comparação com os óleos vegetais com baixo teor de gordura saturada e gorduras trans (óleos vegetais não tropicais) e outras gorduras para cozinhar sobre fatores de risco cardiovascular.

DISCUSSÃO

Em nossa meta-análise de ensaios clínicos, o consumo de óleo de coco aumentou significativamente as concentrações de colesterol total, LDL-colesterol e HDL-colesterol em comparação com os óleos vegetais não tropicais.

Óleo de coco também aumentou significativamente as concentrações de colesterol total e LDL-colesterol em comparação com o óleo de palma (outro óleo tropical com ≈50% de gordura saturada vs ≈90% de gordura saturada no óleo de coco).

O consumo de óleo de coco não alterou significativamente a proteína C-reativa, as concentrações de glicose em jejum ou as medidas de gordura corporal em comparação com os óleos vegetais não tropicais.

O efeito hipercolesterolêmico da ingestão de óleo de coco é provavelmente atribuído ao seu alto teor de gordura saturada.

Em uma recente análise de meta-regressão, o ácido láurico, o ácido mirístico e o ácido palmítico, que juntos constituem cerca de 70% do óleo de coco, aumento do colesterol LDL significativamente comparado com a ingestão de carboidratos.

O aumento de 10,47 mg / dL no colesterol LDL resultante da substituição de óleos vegetais não tropicais por óleo de coco pode resultar em um aumento de 6% no risco de eventos vasculares principais e um aumento de 5,4% no risco de mortalidade por doença coronariana (CC ).

Da mesma forma, a substituição de 5% da ingestão de energia da gordura saturada por gordura poliinsaturada (a gordura predominante na maioria dos óleos vegetais não tropicais) tem sido associada a 13% e 10% a menos de risco  de CHD em estudos epidemiológicos e ensaios clínicos, respectivamente.

Nossos resultados sobre os efeitos adversos do óleo de coco, em comparação com os óleos de cozinha alternativos, nas concentrações de LDL-colesterol, estão alinhadas com recomendações alimentares para substituir gordura saturada com gordura poliinsaturada. 

De acordo com nossos achados, autores de uma revisão sistemática anterior de 8 estudos que não incluíram uma meta-análise concluíram que o óleo de coco aumentou o colesterol LDL em comparação com os óleos vegetais não tropicais e que não havia evidências convincentes para apoiar o consumo.  de óleo de coco sobre óleos vegetais não tropicais para redução do risco de DCV.

Em uma meta-análise de rede comparando múltiplas gorduras de cozinha, o óleo de coco não aumentou significativamente o colesterol LDL em comparação com os óleos vegetais não tropicais.

A meta-análise de rede pode teoricamente fortalecer a base de evidências como resultado da combinação de comparações diretas e indiretas, embora essa abordagem não esteja isenta de possíveis vieses.

No entanto, os autores da metanálise da rede incluíram apenas 6 ensaios com óleo de coco em comparação com a nossa análise que incluiu 16 ensaios que compararam o óleo de coco com óleos vegetais não tropicais e 4 ensaios com óleo de palma.

A busca pela metanálise da rede foi realizada até março de 2018 e três novos ensaios foram publicados desde então.

Além disso, os autores excluíram ensaios de alimentação seqüencial não-dominados e ensaios de suplementos de óleo encapsulados.

O menor número de ensaios em óleo de coco incluídos na metanálise da rede pode, portanto, ter reduzido seu poder estatístico.

O consumo de óleo de coco aumentou as concentrações de HDL-colesterol em comparação com os óleos vegetais não tropicais em nossa meta-análise.

Esse resultado é consistente com a constatação de que a ingestão de gordura saturada, particularmente o ácido láurico, que é o principal ácido graxo do óleo de coco, aumenta o colesterol HDL mais do que a gordura poliinsaturada, a gordura monossaturada e os carboidratos.

Maior HDL-col  - as concentrações de colesterol têm sido consistentemente associadas a um menor risco de doença coronariana em estudos epidemiológicos.

No entanto, descobertas recentes de pesquisas colocam dúvidas sobre a causalidade dessa associação.

Nas análises aleatórias mendelianas, o HDL-colesterol circulante mais alto como resultado do polimorfismo de nucleotídeo único no gene da lipase endotelial ou um escore genético combinando polimorfismos de nucleotídeo único em diferentes alelos que aumentam o colesterol HDL não foram associados ao risco de infarto do miocárdio.

Além disso, tratamentos farmacológicos que aumentam o colesterol HDL, como niacina ou fibratos, não diminuíram o risco de mortalidade por doença coronariana, infarto do miocárdio ou derrame.

Esses resultados desafiam a noção de que o aumento do colesterol HDL necessariamente se traduzirá em  uma redução de risco em eventos cardiovasculares.

Em contraste com o HDL, o papel do LDL na promoção das DCV ateroscleróticas tem sido consistentemente demonstrado com base em achados de estudos randomizados mendelianos e em diferentes tratamentos para redução do colesterol LDL.

A aparente falta de causalidade para as concentrações de HDL-colesterol na DCC levou à hipótese de que a composição heterogênea de apolipoproteínas do HDL possa afetar o transporte reverso de colesterol de maneira diferente.

Um mecanismo cardioprotetor potencial da gordura não saturada da dieta em comparação com a gordura saturada é o aumento  em subespécies de HDL contendo apolipoproteína E, que demonstrou facilitar todas as etapas do transporte reverso de colesterol.

Portanto, embora a ingestão de gordura saturada aumente mais as concentrações de HDL do que a gordura não saturada, concentrações médias de HDL podem não ser eficazes  em refletir a função HDL ou risco de doença coronariana.

Os defensores do consumo de óleo de coco argumentam que a DCV é incomum entre as populações que consomem coco como alimento básico, como as populações de Pukapukans e Tokeelauan, que obtêm 34% e 63%, respectivamente, da ingestão diária de energia do coco.

Indivíduos toquelauanos  os que migraram para a Nova Zelândia apresentaram níveis mais altos de colesterol total, colesterol LDL e colesterol HDL do que aqueles que permaneceram em Tokelau, apesar de terem uma menor ingestão de gordura saturada.

No entanto, esses achados devem ser tratados com cautela, pois  da natureza observacional e ecológica dos estudos com alto potencial de confusão pelas dietas tradicionais dessas populações, geralmente contendo grandes quantidades de peixe e baixa quantidade de alimentos processados.

A substituição do óleo de palma pelo óleo de coco também aumentou significativamente as concentrações de LDL-colesterol, o que pode refletir o maior teor de gordura saturada no óleo de coco do que o óleo de palma.

O contraste no colesterol LDL entre o óleo de coco e o óleo de palma era pelo menos tão grande quanto ao óleo de coco versus óleos vegetais não tropicais.

Isso foi inesperado porque o óleo de palma aumenta significativamente as concentrações de colesterol LDL em comparação com os óleos vegetais não tropicais.

No entanto, devido às diferenças nas características dos desenhos e populações do estudo, os efeitos da substituição do óleo de coco por diferentes óleos de controle não podem  ser facilmente comparado.

Identificamos apenas 1 estudo elegível que comparou manteiga com óleo de coco.

Neste estudo, o óleo de coco reduziu significativamente o colesterol LDL e aumentou o colesterol HDL em comparação com a manteiga, apesar da maior proporção de gordura saturada no óleo de coco.

No entanto, esse resultado deve ser tratado com cautela, pois foi baseado em um único estudo  e apenas gorduras para cozinhar foram fornecidas aos participantes, em vez de refeições preparadas, o que pode ter reduzido a adesão.

Foi sugerido que os polifenóis no óleo de coco não refinado podem ser benéficos para melhorar a inflamação e a homeostase da glicose.

A maioria dos estudos incluídos em nossa metanálise não relatou os tipos de óleo de coco usados.

No entanto, 2 estudos usaram óleo de coco extra-virgem orgânico, 2 estudos usaram óleo refinado, branqueado e desodorizado, 1 estudo utilizou óleo de coco fracionado, e 1 estudo utilizou óleo de coco filtrado obtido pressionando  polpa de coco desidratada.

Devido às informações limitadas, não conseguimos realizar análises estratificadas pelos tipos de óleo de coco utilizados.

Em nossa meta-análise, as estimativas para estudos que utilizaram um delineamento cruzado randomizado ou estudos realizados em populações ocidentais eram relativamente homogêneas.

Os ensaios cruzados não são afetados por características imperfeitamente equilibradas dos participantes no braço de intervenção e controle.

Além disso, os outros tipos de testes tiveram maior probabilidade de ter tamanhos menores de estudo, doses mais baixas de óleo de coco e fornecimento de cápsulas ou óleos de cozinha apenas em vez de todas as refeições.

Essas características do estudo pode ter contribuído para uma maior heterogeneidade nos resultados de estudos que utilizam ensaios de alimentação paralelos e sequenciais ou estudos realizados em populações não ocidentais.

Os resultados de nossa meta-análise não apoiam as alegações de benefícios do consumo de óleo de coco para aliviar a inflamação, melhorias na homeostase da glicose ou redução da adiposidade.

Em um estudo cruzado randomizado em 45 adultos saudáveis ​​da Malásia, o óleo de coco aumentou significativamente o leucotrieno B4 pró-inflamatório em comparação com o azeite e não afetou os índices de trombogenicidade.

Em 9 homens indianos saudáveis, os níveis da molécula-1 de adesão intercelular solúvel em pró-inflamatória e nos níveis de metaloproteinase da ma- trix foram significativamente reduzidos.  após uma intervenção com óleo de coco, mas não após uma intervenção com óleo de amendoim.

No entanto, o pequeno tamanho da amostra, o desenho sequencial não randomizado e o status não cego dos participantes limitam as interpretações desses resultados.

Comparados aos triglicerídeos de cadeia longa, os triglicerídeos de cadeia média podem reduzir o peso e a gordura corporal como resultado do aumento da oxidação gordurosa e do gasto energético aumentado pela ativação do sistema nervoso simpático.

No entanto, os triglicerídeos de cadeia média utilizados nesses estudos  consistem principalmente em ácidos graxos caprílico (8: 0) ou caprico (10: 0), que constituem apenas ~ 7% e ~ 5% respectivamente no óleo de coco, em vez de ácido láurico, o principal ácido graxo do óleo de coco.

Várias limitações potenciais de nossa meta-análise precisam ser consideradas.

Primeiro, vários dos ensaios clínicos incluídos tiveram um desenho, conduta e apresentação de dados ruins, e esses ensaios de baixa qualidade podem ter introduzido vieses em nossos resultados.

No entanto, restringir a análise a estudos randomizados, estudos com cegamento ou estudos de maior qualidade com base no escore de Jadad não alterou substancialmente os achados do nosso estudo.

Observamos uma sugestão de viés de publicação para os efeitos do óleo de coco no HDL-colesterol, mas não para os efeitos de outros lipídios no sangue.  Isso pode ser atribuído ao acaso ou a outras características do estudo relacionadas ao tamanho da amostra, mas não podemos excluir completamente a possibilidade de que o viés de publicação tenha afetado nossos resultados.

Nossa meta-análise concentrou-se em fatores de risco intermediários da doença e não nos pontos finais da doença.

No entanto, até onde sabemos, nenhum estudo prospectivo ou ensaio clínico avaliou o consumo de óleo de coco em relação à incidência de DCV. 

O pequeno número de estudos em vários estratos nas análises de subgrupos pode ter contribuído para estimativas imprecisas e uma falta de poder estatístico para detectar a modificação do efeito.

Da mesma forma, o número modesto de ensaios e o fato de nem todos garantirem a conformidade, fornecendo todas as refeições, pode ter reduzido nosso poder estatístico para uma análise dose-resposta.

Mais evidências de estudos de coorte e ensaios clínicos sobre o efeito do consumo de óleo de coco em eventos cardiovasculares são, portanto, desejáveis.

Nossos resultados levantam preocupações sobre o alto consumo de óleo de coco, porque aumentou significativamente LDL-colesterol em comparação com óleos vegetais não tropicais. 

Enquanto a ingestão de óleo de coco também aumentou as concentrações de HDL-colesterol, os esforços para reduzir o risco de DCV, aumentando o HDL-colesterol, não foram bem-sucedidos.  

Também não houve evidência de benefícios do óleo de coco em relação aos óleos vegetais não tropicais para adiposidade ou marcadores glicêmicos e inflamatórios.

Portanto, o óleo de coco não deve ser visto como um óleo saudável para reduzir o risco de DCV e limitar o consumo de óleo de coco devido ao seu alto teor de gordura saturada é necessário.

“Compartilhar é se importar”
Instagram:@dr.albertodiasfilho
EndoNews: Lifelong Learning

Perspectiva clínica O que há de novo?

 • Em uma meta-análise de 16 ensaios, o consumo de óleo de coco aumentou significativamente as concentrações de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL) em comparação com os óleos vegetais não tropicais.

 • Embora o consumo de óleo de coco também tenha aumentado as concentrações de colesterol das lipoproteínas de alta densidade (HDL), os esforços para reduzir o risco de doenças cardiovasculares ao aumentar o colesterol HDL não foram bem-sucedidos.

 • Não houve evidência de benefícios do óleo de coco em relação aos óleos vegetais não tropicais para adiposidade ou marcadores glicêmicos e inflamatórios.

 Quais são as implicações clínicas?

 • Apesar da crescente popularidade do óleo de coco por causa de seus supostos benefícios à saúde, nossos resultados levantam preocupações sobre o alto consumo de óleo de coco.

 • O óleo de coco não deve ser visto como um óleo saudável para reduzir o risco de doenças cardiovasculares e limitar o consumo de óleo de coco devido ao seu alto teor de gordura saturada é necessário.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Consistência é mais importante que perfeição

Começo de ano o consultório lota de pacientes querendo mudar de vida. A grande maioria tem empolgação pra dar e vender, transbordam força de vontade até antes da páscoa. 

Entretanto, a maioria perde o ritmo e acabam fraquejando. 

Fraquejar em mudanças de hábitos é normal, aceitável. Não é crime e nem sinal de fraqueza. E em partes, um dos principais fatores que atrapalham esse engajamento, talvez seja a busca por uma perfeição.

Quando se trata de mudança de hábitos, a Constância é muito mais importante que a perfeição. 

Melhor um "feito" que um perfeito. 

Final do ano o Dr. Bruno Halpern, um endocrinologista que admiro muito, postou as seguintes palavras na sua página do facebook.


Termino meus atendimentos no consultório em 2019 com mais uma reflexão a respeito do final de ano e desejando a todos um excelente final de ano. 

👉Falei em outra postagem que “todo ano tem final de ano” e não podemos deixar que esse período arruíne nossos esforços do resto do ano. Porém é necessário também entender que comemorações são algo positivo e pequenas escapadas, sem perder totalmente o controle, não podem ser fonte de arrependimento. 

👉Recebi muitos pacientes que se frustram com essas escapadas nessa época do ano com perdas de peso “menores do que queriam”, como se precisássemos ser sempre perfeitos, ou que não pudéssemos aproveitar festas e confraternizações! 

👉Num bom programa de perda de peso, muito mais importante do que nunca sair da linha é seguir uma direção: há pessoas que querem fazer tudo perfeito e logo se cansam e largam tudo. Mais importante é se permitir algumas saídas e excessos, mas manter um ritmo. Melhor sempre perder de forma consistente, consulta após consulta, que perder muito de início e logo desacelerar pois perdeu o pique. 

👉Porém, não vejam essa postagem como uma “carta branca”, apenas como um ajuste de expectativas: lembrem que a maioria das pessoas ganha bastante peso essa época do ano (e tem dificuldade de perder depois) e, portanto manter o peso já é um excelente resultado

Óleo de coco elevando colesterol LDL quando comparado aos outros óleos vegetais


Uma meta-analise (compilação de dados) de 16 estudos randomizados (o melhor tipo de evidência), recém-publicada na prestigiada revista Circulation, aumenta o grau de evidência que já tínhamos que o uso de óleo de coco (rico em gordura saturada, principalmente o ácido láurico) como substituto de óleos vegetais comuns (como oliva, soja, linhaça, canola, que contém mais gorduras insaturadas) está associado a um aumento médio de 10,5 mg/dL do LDL, o colesterol ruim, sabidamente associado a maior risco de doenças cardiovasculares (apesar de alguns “gurus” dizerem o contrário por aí). 

👉Sim, é verdade que o óleo de coco também aumenta em 4mg/dL o HDL, o colesterol bom, mas ainda não temos evidências de nenhum estudo que aumentar o HDL reduza o risco de doenças cardiovasculares, provavelmente pois não é apenas a quantidade e sim a qualidade desse colesterol que seja importante (e há evidências que gorduras saturadas poderiam piorar a qualidade destes). 

👉Esse aumento de LDL pode não ser tão significativo, a princípio, mas o importante aqui é discutir que essa meta-análise não mostra nenhum outro dos alegados benefícios do óleo de coco (ex: glicemia, peso, inflamação) e portanto trocar óleos vegetais por ele por questões de saúde não faz o menor sentido, o que não significa que, em pratos específicos em que ele seja gostoso, não possa ser consumido! No estudo, o óleo de coco se comportou pior inclusive que o óleo de palma (dendê) conhecido por sua alta carga de gordura saturada. 

👉Lembro também que outras meta-análises já mostraram que substituir gorduras saturadas (como a do coco, mas também de animais) por insaturadas está associada a menor risco de doenças cardiovasculares; no entanto, trocar gorduras saturadas por carboidratos não traz benefícios. 

Isso é importante pois não estou aqui condenando gorduras em geral e incentivando excesso de carboidratos , mas sim mostrando que há gorduras melhores que outras, e que a evidência ligando excesso de colesterol a risco cardiovascular é fortíssima, ao contrário do que alguns extremos low-carb, ou até defensores de dietas carnívoras, advogam! 

Ref: Neelakantan, Circulation 2020

Fonte: https://www.facebook.com/DrBrunoHalpern/photos/a.614298932033894/1770073666456409/?type=3&theater

Ar condicionado e obesidade - Causas não-óbvias - Por Dr. Bruno Halpern


Nesse calorão dos últimos dias, em que não conseguimos ficar longe de um ar-condicionado, me lembrei de um artigo que citava causas não óbvias do aumento da obesidade no mundo, e uma dessas causas seria o uso de ar-condicionado.

👉Como o ar-condicionado poderia “engordar”? Na verdade existem evidências que ficarmos em ambientes com pouca variação de temperatura possa reduzir nosso gasto energético, visto que não precisamos nos ajustar nosso corpo às diferentes temperaturas. Porém, o ponto principal que se discute é que o calor reduz bastante o apetite, e aí ficarmos em temperaturas confortáveis tendemos a comer mais. Um recente estudo comprovou essa teoria ao mostrar que pessoas ao redor dos 26-27graus comiam 357 kcal a menos que pessoas a 19-20 graus.
👉Por outro lado, ficar em ambientes mais frios, principalmente ao dormir, poderia também ativar nosso tecido adiposo marrom e aumentar o gasto energético, mas o grande problema é q o frio aumenta o apetite!
👉Claro que essa influência, individualmente pode ser pequena, mas é mais uma prova que o aumento da obesidade no mundo tem várias causas complexas, algumas mais importantes que outras, e o que o ambiente engordativo vai muito além do excesso de oferta de comida e redução do exercício, mas passa também pelo nosso conforto térmico!

Ref: Richardson, et al. Effects of indoor thermal environment on human food intake... Obesity 2018; Keith, et al. Putative contributors to the secular obesity epidemics:exploring the road less travelled. Int J Obes 2006

'É normal fracassar na dieta': quem são e o que pregam as nutricionistas que se opõem a dietas restritivas

Vale a pena ler a reportagem na íntegra: https://www.bbc.com/portuguese/geral-50690775?fbclid=IwAR37K3nubXvvQfO1ZX21OjLOoCpox7tSSV7q2ElzbKOR9ISN-hyeKNPBvG0#

Janeiro Branco


Tenho observado nos últimos 8 anos um aumento absurdo no consultório de pacientes com diagnóstico de algum transtorno psiquiátrico. E muitos me perguntam se a Nutrologia/Nutrição poderiam auxiliar nesses casos. Sim, pode, mas sempre como adjuvante ao tratamento psicoterápico e psiquiátrico.

No meu site na parte Profissionais que indico tem uma lista de Psicólogos e Psiquiatras que indico de olhos fechados. Excelentes profissionais. Portanto se você está procurando auxílio profissional, dê uma olhada na lista. https://www.nutrologogoiania.com.br/profissionais-que-indico/

Por que eu estar repassando essa lista? Por conta do Janeiro Branco. A campanha Janeiro Branco consiste em uma campanha dedicada a convidar as pessoas a pensarem sobre suas vidas, o sentido e o propósito das suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas, suas emoções, seus pensamentos e sobre os seus comportamentos. Dedica-se também a colocar os temas da Saúde Mental em máxima evidência no mundo em nome da prevenção ao adoecimento emocional da humanidade.

A campanha também visa sensibilizar as mídias, as instituições sociais, públicas e privadas, e os poderes constituídos, públicos e privados, em relação à importância de projetos estratégicos, políticas públicas, recursos financeiros, espaços sociais e iniciativas socioculturais empenhadas(os) em valorizar e em atender as demandas individuais e coletivas , direta ou indiretamente, relacionadas aos universos da Saúde Mental.

#PorUmaCulturaDaSaúdeMental

Uma campanha dedicada a mostrar às pessoas – e à sociedade – que os seres humanos são seres de conteúdos psicológicos e subjetivos, que suas vidas, necessariamente, são estruturadas em torno de questões mentais, sentimentais, emocionais, relacionais e comportamentais, sendo, portanto, imperioso e necessário, que a subjetividade humana possua lugar de destaque em nossa cultura e em nossos cotidianos, sob pena de sermos vítimas de nós mesmos e de quem despreza as próprias necessidades psicológicas e as necessidades psicológicas alheias.

Uma Campanha pensada, planejada e projetada para a promoção de Saúde Emocional nas vidas de todos os indivíduos que compõe a humanidade, buscando estratégias políticas, sociais e culturais para que o adoecimento emocional seja prevenido, conhecido e combatido em todos os campos, esferas, dimensões e espaços em que o humano se faz presente.

Uma Campanha que está dando certo.

Uma Campanha que, por meio dela em todo o Brasil e em outros países, cidadãos, psicólogos e demais profissionais (da saúde ou não), estão se mobilizando para levar mensagens e reflexões aos indivíduos e às instituições às quais esses mesmos indivíduos encontram-se entrelaçados: “quem cuida da mente, cuida da vida”; “quem cuida das emoções, cuida da humanidade”; “quem cuida de si, já cuida do outro”; “sem psicoeducação não haverá solução”; “autoconhecimento: isso também tem a ver com a sua saúde mental”; “o que você não resolve em sua mente, o corpo transforma em doença”; “saúde mental pressupõe políticas públicas” e várias outras orientações, dicas e reflexões que têm o poder de chamar a atenção de todos para os cuidados consigo, com os outros e, também, para a importância das lutas por políticas públicas em defesa da Saúde Mental de todos.

O mundo tem pedido isso e nós, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e demais cidadãos brasileiros envolvidos pelo Janeiro Branco, nos propusemos a atender a esse chamado e a esse pedido de ajuda por parte da humanidade.

Sim – ações, orientações e reflexões a respeito das condições e características emocionais dos seres humanos mudam e salvam vidas.

Isso se chama Psicoeducação e o Janeiro Branco nasceu para isso, por amor à humanidade, senso de responsabilidade social, senso de dever profissional e pura solidariedade humanística.

Porque há sofrimentos que podem ser prevenidos. Dores que podem ser evitadas. Violências que podem ser impedidas, cuidadas ou reparadas. Exemplos que podem ser partilhados. Ensinamentos que podem ser difundidos em nome de povos mais saudáveis e mais bem resolvidos em termos emocionais. Por um mundo melhor e uma humanidade com mais amor e mais responsabilidade em relação a si mesma e em relação a cada uma das suas partes.

Os 5 objetivos da Campanha Janeiro Branco:

1 – Fazer do mês de Janeiro o marco temporal estratégico para que todas as pessoas e instituições sociais do mundo reflitam, debatam, conheçam, planejem e efetivem ações em prol da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos e das próprias instituições;

2 – Chamar a atenção de todo o mundo para os temas da Saúde Mental e da Saúde Emocional nas vidas das pessoas;

3 – Aproveitar a simbologia do início de todo ano para incentivar as pessoas a pensarem a respeito das suas vidas, dos seus relacionamentos e do que andam fazendo para investirem e garantirem Saúde Mental e Saúde Emocional em suas vidas e nas vidas de todos ao seu redor;

4 – Chamar a atenção das mídias e das instituições sociais, públicas e privadas, para a importância da promoção da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos;

5 – Contribuir, decisivamente, para a construção, o fortalecimento e a disseminação de uma “cultura da Saúde Mental” que favoreça, estimule e garanta a efetiva elaboração de políticas públicas em benefício da Saúde Mental dos indivíduos e das instituições.

Como o Janeiro Branco pode ajudar as pessoas?

1 – Colocando os temas da Saúde Mental e da Saúde Emocional em máxima evidência na sociedade.

2 – Construindo, fortalecendo e disseminando uma “cultura da Saúde Mental” na humanidade.

3 – Contribuindo para a valorização da subjetividade humana e o combate ao adoecimento emocional das pessoas.

4 – Contribuindo para o desenvolvimento e a disseminação do conceito de ‘psicoeducação’ entre as pessoas e as instituições sociais.

5 – Contribuindo para o desenvolvimento e a valorização de políticas públicas relativas aos universos da Saúde Mental em todo o mundo.

Princípios básicos da Campanha Janeiro Branco

1 – As ações em nome da Campanha e no contexto da Campanha serão todas de forma gratuita, totalmente sem fins lucrativos.

2 – Não serão cobrados, nem será feita publicidade, de valores simbólicos, “valores sociais”, nenhum tipo de cobrança para os participantes das ações em nome da Campanha.

3 – Para confecção de materiais de divulgação, as pessoas envolvidas poderão conseguir ajuda de gráficas e pessoas interessadas a doar os materiais para a Campanha.

4 – O que tem sido feito todo ano é uma “vaquinha” solidária e voluntária entre os profissionais para a compra dos materiais de divulgação (ou busca de ‘apoios’ e ‘patrocínios’ como ocorre em Congressos): balões brancos com tema da campanha, laços brancos com alfinetes, banners, panfletos etc. e cada profissional comprou sua camiseta da campanha.

5 – Custo de deslocamento, alojamento e alimentação para as palestras e demais ações é de responsabilidade dos palestrantes ou das instituições que os convidam, por isso, antes de se disponibilizar para dar palestras em nome do Janeiro Branco e no contexto da Campanha, observar se o deslocamento e todos os custos serão possíveis dentro da gratuidade da colaboração prestada à Campanha.

6 – O Janeiro Branco é uma Campanha dedicada a promover a psicoeducação das pessoas e das instituições, promovendo a Saúde Mental e combatendo o adoecimento emocional dos indivíduos e instituições por meio de debates, reflexões, mini palestras, palestras relâmpago, rodas de conversa, oficinas, caminhadas, corridas, piqueniques, cineclubes, entrevistas à mídia, murais de poesias, distribuição de balões brancos, panfletos, fitas brancas e várias outras formas de ações e intervenções urbanas que tenham como tema central a Saúde Mental, a Saúde Emocional, a valorização da subjetividade humana, a criação de uma cultura da Saúde Mental entre os seres humanos (a nível individual, institucional, social e coletivo), a valorização de políticas públicas em nome da Saúde Mental, a valorização da Saúde Mental no SUS e nas redes públicas e privadas de saúde no Brasil e no mundo.

7 – A Campanha Janeiro Branco é uma Campanha gratuita, democrática, horizontal, espontânea, desburocratizada, descentralizada, social, solidária, voluntária, inclusiva, laica, humanista, apartidária, multidisciplinar, transdisciplinar, colaborativa e caracterizada pela pluralidade e diversidade de temas, direta ou indiretamente, ligados aos universos da Saúde Mental e Emocional dos seres humanos e suas instituições.

8 – O Janeiro Branco respeita, aplaude e reverencia todas as lutas e conquistas dos movimentos passados e atuais relativos ao universo da Saúde Mental – seu papel é ampliar e aprofundar as estratégias de comunicação com a humanidade a respeito desses temas, conforme o Outubro Rosa o fez com a temática da “prevenção ao câncer de mama”, por exemplo.

9 – A Campanha Janeiro Branco nasceu em Minas Gerais e a metáfora do TREM a identifica: psicólogos(as) são a locomotiva da Campanha que, em sua integralidade e por seu caráter multidisciplinar e transdisciplinar, também possui inúmeros vagões a constituí-la com a necessária e oportuna participação de outros cidadãos e profissionais capazes de enriquecer as suas potencialidades e possibilidades em relação ao universo da Saúde Mental e Emocional dos indivíduos e instituições.

10 – A Campanha Janeiro Branco está sempre em construção. Toda colaboração ao seu crescimento, desenvolvimento, amadurecimento e enriquecimento é extremamente bem-vinda. Manifeste-se e engate novos vagões temáticos ao TREM DA SAÚDE MENTAL que partiu de Minas Gerais com destino ao mundo.

Fonte: http://janeirobranco.com.br/projeto-janeiro-branco/

Ministério da Agricultura libera o registro de mais 36 agrotóxicos genéricos

O Ministério da Agricultura aprovou hoje o registro de 36 defensivos agrícolas genéricos, conforme consta no Diário Oficial da União (DOU), no ato 91, do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária. 

Destes, quatro são biológicos ou orgânicos. Assim, desde janeiro, o Ministério da Agricultura liberou o registro de 474 agrotóxicos, sendo 94,5% genéricos. 

A pasta explica em seu site que os defensivos genéricos contêm ingredientes ativos que já estavam presentes em outros produtos existentes no mercado, mas cuja patente expirou. 

Depois que uma patente expira, "outras empresas podem registrar novos produtos à base do princípio ativo". 

Felicitações Nutrológicas para 2020


quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

5 dias pro Natal e já tem paciente se martirizando...

5 dias pro Natal e já tem paciente se martirizando... Aproveitem as festas. Divirtam-se e comam de forma consciente.

Felicitações


Minha gratidão a todos vocês que acompanham esse blog desde 2010. Que sempre comentam, mandam mensagens via comentários ou redes sociais. Vocês que me motivam a continuar escrevendo e compartilhando informações de qualidade.

Desejo a todos um Feliz Natal e um excelente 2020.

Abraço

Dr. Frederico Lobo


quinta-feira, 14 de novembro de 2019

14 de Novembro - Dia Mundial do Diabetes

O Brasil tem 17 milhões de adultos (entre 20 e 79 anos) convivendo com o diabetes, o equivalente a 11,4% da população nessa faixa etária. Os dados são 9º Atlas de Diabetes, produzido pela IDF (Federação Internacional de Diabetes).

Desde o último levantamento da entidade, feito em 2017, o aumento de casos no Brasil foi de 31%. Isso coloca o país na lista das dez nações que apresentaram maior elevação de casos da doença no mundo todo —estamos em quinto lugar, atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.

Globalmente, a estimativa do documento é que 463 milhões de adultos sejam diabéticos, com cerca de 32 milhões de casos na América Central e do Sul. A diabetes tipo 2, em que há uma resistência à insulina (diferente da tipo 1, em que o corpo deixa de produzir o hormônio por perder as células beta do pâncreas), é responsável por até 90% dos casos.

O mapeamento ainda identificou que existem 38 milhões a mais de pessoas vivendo com diabetes em todo o mundo em comparação com o último Atlas. Para os estudiosos, é um indício importante do crescimento de casos da doença.

A pesquisa ainda estima que 95.800 crianças e adolescentes menores de 20 anos conviviam com a diabetes tipo 1 no Brasil —índice que coloca o país em terceiro lugar no ranking mundial, depois de EUA e Índia.

Custos da doença e mortalidade

Quando não tratado ou controlado, o diabetes pode causar diversas complicações à saúde, especialmente para o sistema cardiovascular, com comprometimento tanto de pequenos vasos (microvascularização) como dos grandes (macrovascularização).

Os cuidados com a saúde de quem convive com a doença, claro, impactam na economia das famílias e do país. A despesa médica anual com esses pacientes ficou em US$ 3.117, a mais alta na América do Sul. A entidade estima que, até 2030, o gasto com diabetes na região aumente em 15,3%.

No quesito mortalidade, o Brasil novamente assume a liderança com 135.200 mortes causadas por complicações da diabetes —o número corresponde a 55,6% dos óbitos registrados na América do Sul, um total de 243.200 adultos entre idades de 20 a 79 anos.

Os dados ainda dão conta de que a mortalidade é maior entre homens (122.200) do que em mulheres (121.000), e que os números são maiores em países de renda média em comparação às nações consideradas de alta renda.

Obesidade como fator de risco

De acordo com o Manual MSD, a obesidade e o aumento de peso são fatores importantes para o desenvolvimento de resistência à insulina, provocando a diabetes tipo 2.

Nesse quesito, o Brasil já havia demonstrado dados igualmente preocupantes. A pesquisa Vigitel 2018, preparada pelo Ministério da Saúde, mostrou que entre 2006 e 2018 o número de obesos no Brasil aumentou em 67,8%.

O crescimento do índice foi maior justamente entre os adultos, nas faixas de 25 a 34 anos (84,2%) e 35 a 44 anos (81,1%).

Mas nem todos os números são desanimadores. A pesquisa revelou ainda um aumento de 15,5% no consumo de frutas e hortaliças entre 2008 e 2018; e um crescimento de 25,7% na prática de exercícios físicos. Houve ainda uma queda de 54,4% no consumo de bebidas açucaradas e refrigerantes entre adultos.

A população também aumentou sua consciência em relação à própria saúde. Os cerca de 40% de entrevistados que receberam o diagnóstico de diabetes demonstraram ter maior conhecimento sobre suas necessidades e sentiram-se estimulados a procurar o serviço de saúde para iniciar o tratamento o quanto antes.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Alimentação e prevenção de Alzheimer

Enquanto algumas pessoas herdam genes que aumentam a probabilidade de desenvolver algum tipo de demência, muitas têm a oportunidade de reduzir substancialmente seus riscos adotando um estilo de vida saudável, sugere a Organização Mundial de Saúde (OMS), em relatório divulgado neste ano. E, tão importante quanto manter corpo e mente ativos, a alimentação tem papel fundamental na prevenção do Alzheimer.

Em todo o mundo, cerca de 50 milhões de pessoas têm demência e, com um novo caso surgindo a cada três segundos, esse número, com o envelhecimento da população, tende a triplicar até 2050. O Alzheimer, tipo mais comum, representa entre 60% e 70% dos casos. Causa e cura ainda são desconhecidas, e os principais avanços científicos são no sentido de mapear comportamentos e intervenções para retardar ou prevenir o declínio cognitivo.

Se, por um lado, a idade é o fator de risco mais forte, por outro, a demência não é uma consequência natural ou inevitável do envelhecimento. Na verdade, estudos recentes demonstraram, segundo a OMS, uma relação entre o comprometimento cognitivo e hábitos como inatividade física, uso de álcool e tabaco e dietas não saudáveis, assim como certas condições médicas, como colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade.

“Hoje sabemos que o estilo de vida pode proteger ou aumentar o risco de ter demências e que em torno de um terço dos casos podem ser preveníveis”, afirma Celene Queiroz Pinheiro de Oliveira, geriatra e diretora da Associação Brasileira de Alzheimer - Regional São Paulo (ABRAz-SP). “Nesse quesito, a nutrição tem um papel central”, ressalta.

Nelson Iucif Junior, diretor do Departamento de Geriatria da Associação Brasileira de Nutrologia, não só corrobora com a importância da boa alimentação como mostrará evidências científicas que sugerem uma forte relação entre flora intestinal e saúde do cérebro na palestra "Microbiota e Doença de Alzheimer", no 23º Congresso Brasileiro de Nutrologia, de 26 a 28 de setembro, em São Paulo.

Ele explica que, conforme envelhecemos, naturalmente aumenta o grau de inflamação (“inflammaging”) orgânica, que é agravado com doenças como aterosclerose (formação de placas de gordura na parede das artérias do coração), disbiose (intestino preso) e isquemia (diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea): “Isso aumenta a permeabilidade intestinal de tal forma que substâncias agressivas passam para a corrente sanguínea e vão atingir o cérebro, facilitando o desencadeamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer”.

Qual a melhor dieta para a prevenção do Alzheimer?

Muitos estudos tratam do assunto, pontua a geriatra. O mais importante deles, o WW Fingers, conduzido na Finlândia em 2013 e agora com desdobramentos para vários países, mostra que a dieta mediterrânea, a prática de exercícios regulares e o controle rigoroso de diabetes, colesterol alto e hipertensão arterial reduziram em 31% a manifestação de demências num grupo de 1.200 pessoas de 60 a 77 anos de idade, seguidas por dois anos.

Há pesquisas que mostram que a dieta dash (para hipertensão) é forte aliada também na prevenção de Alzheimer, assim como a dieta mind, que une as duas (dash e mediterrânea) e incorpora ao cardápio substâncias neuroprotetoras e antioxidantes para combater o declínio cognitivo. “O fato é que não existe um alimento mágico e um alimento matador”, lembra o nutrólogo. “É o conjunto da alimentação que faz toda a diferença.”

Coloque no seu cardápio para prevenir o Alzheimer:

  • Vegetais, com ênfase nos folhosos e verdes;
  • Fibras e cereais integrais;
  • Frutas;
  • Gorduras boas, como as presentes no azeite, nos óleos vegetais e nas oleaginosas, mas não abuse, já que são calóricos;
  • Peixes, aves e carnes magras (limitada a 2 vezes por semana);
  • Azeite de oliva;
  • Leite e derivados, para quem não tem intolerância.

Use com moderação:

  • Carnes vermelhas gordurosas e embutidos;
  • Álcool, “o uso constante em doses altas é extremamente tóxico para o organismo, incluindo o cérebro”; o consumo elevado, segundo a ABRAz (≥38 g/dia ou 23 drinques/semana), aumenta em 10% o risco de desenvolver demência.

Tire do seu cardápio para a prevenção do Alzheimer:

  1. Comidas industrializadas;
  2. Fast foods e frituras;
  3. Embutidos;
  4. Bolos, bolachas recheadas e produtos que contém gorduras trans.


Fonte: https://institutomongeralaegon.org/longevidade-e-saude/saude-fisica/prevencao-do-alzheimer?fbclid=IwAR0DHpfig0CDkYUQK8sRLdJ0vlYBn9QFf8AUyISPe_gRQZsnW8c-6TlKmPg

Alimentar-se fora de casa pode favorecer obesidade

Um estudo inédito feito em cinco países, incluindo o Brasil, analisou o conteúdo energético das refeições servidas em restaurantes fast food com os restaurantes de serviço à La Carte e o comparou com os índices dos Estados Unidos. 

Segundo uma das pesquisadoras envolvidas, Professora Dra. Vivian Suen Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e médica nutróloga da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia), 94% das refeições de serviço completo e 72% das refeições de fast food continham 600 quilocalorias ou mais. 

O estudo não é uma defesa aos restaurantes fast food, mas a pesquisadora destaca que o tamanho das porções mesmo quando se trata de comida saudável, deve ser levado em consideração como um alerta no combate à obesidade.

“Consumir as porções atuais de um restaurante tradicional e uma refeição de fast food diariamente forneceria entre 70% e 120% da energia diária que um indivíduo precisa. Isso é o aporte energético suficiente para uma mulher sedentária, sem refeições adicionais como bebidas, lanches, aperitivos ou sobremesas”, declara.

O alto conteúdo energético da alimentação consumida fora de casa tanto nas refeições de serviço completo quanto nos fast foods é um fenômeno generalizado que provavelmente está aumentando a epidemia global de obesidade – considerado maior problema de saúde pública do mundo.

Os resultados dos dados da investigação apontaram que a quantidade de calorias medida em refeições em restaurantes no Brasil, Gana, Índia e Finlândia não foi significativamente diferente dos valores altos relatados anteriormente para os EUA. Apenas a China teve os valores inferiores aos dos EUA. As refeições de fast food continham significativamente menos energia do que as refeições dos restaurantes de serviço completo.

Vivian pondera: “A consistência dos resultados obtidos na pesquisa nos países analisados sugere que o alto conteúdo energético de refeições preparadas fora de casa, em geral, e não apenas nas redes de fast food, pode ser um importante contribuinte para a epidemia global da obesidade e uma meta potencialmente impactante para as intervenções de saúde pública”.

O estudo intitulado, “Measured energy content of frequently purchased restaurant meals: multi-country cross sectional study” (Mensuração do conteúdo energético das refeições mais pedidas em restaurantes: um estudo comparativo entre países), financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), analisou 223 refeições selecionadas aleatoriamente, 111 menus completos e restaurantes de fast food populares no Brasil, China, Finlândia, Gana e Índia. 10 refeições de cinco cantinas foram estudadas na Finlândia. Para elaborar esta pesquisa estiveram envolvidos pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Instituto de Saúde Pública e Nutrição Clínica da Finlândia, Departamento de Alimentação e Nutrição da Universidade da Georgia, Escola de Ciência e Nutrição da Universidade de Boston; Laboratório de Biologia Molecular do Instituto de Genética e Desenvolvimento da Academia Chinesa de Pequim, Instituto de Biologia e Desenvolvimento Científico da Inglaterra, Departamento de Medicina, Endocrinologia e Nutrição Clínica da Finlândia e do Centro de Excelência em Evolução Animal e Genética da Academia Chinesa de Ciências.

O estudo: https://www.bmj.com/content/bmj/363/bmj.k4864.full.pdf

Fonte: http://abran.org.br/2019/01/16/estudo-aponta-que-refeicoes-fora-de-casa-contribuem-com-aumento-da-obesidade/

Benefícios dos queijos brancos: Queijo minas, cottage e ricota:

Os queijos brancos são ótimas opções para quem deseja manter uma alimentação equilibrada.

Versáteis, podem aparecer no café da manhã, no lanche e nas saladas. E ainda são cheios de nutrientes: proteína, cálcio, vitaminas e minerais, por exemplo.

O médico Durval Ribas Filho, nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), explica que todas as versões desse alimento podem ser interessantes para a saúde. “Mas vale lembrar que os queijos brancos têm menos gordura que os amarelos, portanto, são mais indicados para quem tem o objetivo de emagrecer”, diz. 

Esse é o caso do queijo minas, do cottage e da ricota. Abaixo, você descobre as características de cada um desses queijos brancos.

Cottage 

Esse queijo se parece com uma pasta em pedaços, sendo mais macio e de sabor mais marcante.

É bastante indicado para quem quer seguir uma dieta mais light. “Ele possui uma quantidade menor de calorias em comparação com o queijo minas e a ricota e também menos gorduras”, afirma Durval. 

Por conter menos leite em sua composição, apresenta menor quantidade de cálcio. Também ajuda a equilibrar a flora intestinal.

Uma fatia e meia (50 g) de queijo cottage tem, em média:

  • 46 calorias
  • 2,15 g de gorduras
  • 186 mg de sódio 
  • 41,3 mg de cálcio

Queijo minas frescal

De consistência mais mole e úmida que os outros, é o mais calórico das três opções, mas você encontra no mercado versões com menor teor de gordura. Apesar de apresentar um número maior de calorias, o queijo minas pode fazer parte de uma dieta balanceada porque não deixa de ser uma boa fonte de proteínas e cálcio.

É importante destacar que o queijo minas frescal não é a mesma coisa que o queijo minas padrão (queijo minas curado ou pasteurizado). O frescal, mais branquinho e macio, forma soro. Já o minas padrão é seco e firme.

Em uma porção de 50 g de queijo minas frescal você encontra:

  • 132 calorias
  • 10,1 g de gorduras
  • 150 mg de sódio 
  • 289 mg de cálcio

Ricota

Essa é a opção que contém menos sódio, além de teor de gordura e colesterol mais baixo.  “A ricota é feita com o soro do queijo e não diretamente do leite. É uma excelente fonte de cálcio e vitaminas A, B, D e E. Ajuda a fortalecer os ossos, prevenindo a osteoporose”, detalha Durval.

Uma porção de 50 g de ricota apresenta:

  • 70 calorias
  • 4,0 g de gorduras
  • 141 mg de sódio 
  • 126 mg de cálcio


Fonte: https://cuidai.com.br/queijo-minas-cottage-ricota-queijos-brancos/

Consumo de carne vermelha e risco cardiovascular

Estudos observacionais sugerem que a ingestão de carne vermelha está associada ao aumento do risco de doença cardiovascular (DCV), enquanto que essa associação não foi observada com o consumo regular de aves. 

Por outro lado, fontes de proteínas vegetais e padrões alimentares vegetarianos parecem ser cardioprotetores, um achado apoiado por uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados que mostram diminuição do colesterol LDL (0,16 mmol/L), colesterol não HDL (0,18 mmol/L) e apolipoproteína B (apoB) (0,05g/L) quando a proteína animal é substituída pela proteína da planta.

Como é sabido que os ácidos graxos saturados da dieta (AGSs) aumentam as concentrações plasmáticas de colesterol LDL, geralmente se supõe que o conteúdo de AGS da carne vermelha contribui para sua associação com o risco de DCV. Essa suposição é apoiada pela falta de diferenças significativas no colesterol total, no colesterol LDL e no colesterol HDL em ensaios clínicos randomizados, em que a carne vermelha magra (carne bovina, suína ou cordeiro) em comparação com frango/ave magra foi consumida como parte de um dieta com baixo AGS (7 a 11% da energia total [E]).

Efeitos equivalentes da carne vermelha comparada à carne branca nos lipídios e lipoproteínas plasmáticos também foram relatados em metanálises de ensaios clínicos randomizados, embora esses resultados não tenham sido avaliados em relação ao teor de AGS das dietas.

Em resumo, até o momento não houve avaliação sistemática da interação potencial da fonte de proteína na dieta e do conteúdo de AGS nas concentrações de colesterol LDL e nas medidas aterogênicas relacionadas às lipoproteínas, incluindo níveis de partículas de lipoproteínas.

OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo principal do presente ensaio clínico (Animal and Plant Protein and Cardiovascular Health: APPROACH) foi testar as diferenças nos efeitos das lipoproteínas de dietas nas quais a principal fonte de proteína é a carne vermelha, em comparação com dietas com conteúdo total de proteína semelhante de carne branca (aves) ou fontes de proteínas vegetais, e para determinar se esses efeitos foram modificados comparando a alta com a baixa ingestão de AGS.

MÉTODOS

Homens e mulheres geralmente saudáveis, 21 a 65 anos, índice de massa corporal de 20 a 35 kg/m2, foram aleatoriamente designados para 1 de 2 grupos paralelos (alto ou baixo AGS) e, em cada um, alocados em carne vermelha, carne branca, e dietas proteicas sem carnes consumidas por 4 semanas cada uma em ordem aleatória. Os desfechos primários foram LDL-colesterol, apolipoproteína B (apoB), partículas pequenas + médias de LDL e colesterol total / alta densidade de lipoproteínas.

RESULTADOS

A análise incluiu participantes que completaram todas as três atribuições de proteína na dieta (61 para alto AGS; 52 para baixo AGS). O colesterol LDL e a apoB foram maiores com carne vermelha e branca do que com dieta sem carne, independentemente do teor de AGS (P <0 0="" a="" afetados="" ags="" alta="" ao="" apob:="" apob="" aumento="" aumentou="" baixo="" branca.="" carne="" colesterol="" com="" compara="" culas="" da="" de="" densidade="" devido="" diferiram="" dio="" e="" em="" enquanto="" entre="" exceto="" fonte="" foram="" grande="" grandes="" independente="" isso="" ldl="" lipoprote="" m="" n="" na="" nas="" o="" ocorreu="" os="" p="" para="" part="" pela="" pequeno="" prim="" principalmente="" prote="" respectivamente="" resultados="" rios="" sem="" significativamente="" todos="" total="" vermelha="">

CONCLUSÕES

Os resultados estão de acordo com as recomendações que promovem dietas com alta proporção de alimentos à base de plantas, mas, com base nos efeitos de lipídios e lipoproteínas, não fornecem evidências para a escolha de carne branca em vez de vermelha para reduzir o risco de DCV.

Este estudo foi registrado no Clinicaltrials.gov como NCT01427855. Am J Clin Nutr 2019; 110: 24–33.

Estudo: http://abran.org.br/new/wp-content/uploads/2019/09/abran_artigo_20092019.pdf

Fonte: http://abran.org.br/2019/09/20/efeitos-da-ingestao-de-carne-vermelha-branca-ou-proteinas-vegetais-no-risco-de-doenca-cardiovascular/