quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

E-book com receitas de fim de ano - Nutritotal

Já decidiu o que servir na noite de Natal? E na de Ano Novo? Talvez a mesa fique um pouco mais vazia este ano, já que ainda enfrentamos a pandemia do novo coronavírus e o ideal é continuar evitando aglomerações. Contudo, mesmo com um número reduzido de convidados, a fartura de nutrientes continua sendo bem-vinda e perfeitamente possível para o seu jantar. E para planejar aquele cardápio caprichado, nossas nutricionistas compartilharam suas melhores receitas de fim de ano em um e-book exclusivo para você, leitor!

Tem pratos para todos os gostos, de preparos de carnes clássicas da época até opções para vegetarianos e veganos. Sobremesa para quem não pode ou não quer abusar do açúcar? Tem também! Tudo explicado de forma prática e com muito carinho para deixar sua noite ainda mais especial.

O seu exemplar está disponível neste link. Baixe agora e faça da alimentação nutritiva e equilibrada a sua escolha para o final, início e todo decorrer do novo ano que se aproxima. Boas festas e saúde!

Fonte: https://nutritotal.com.br/publico-geral/material/e-book-receitas-de-fim-de-ano/

As bebidas da moda: Cerveja zero álcool, hard seltzer e kombuchá: o que está por trás delas

O mercado de bebidas está sempre lançando novidades. Constantemente há novas opções para aqueles que desejam maneirar no álcool ou se aventurar entre os fermentados. Mas é preciso cuidado. Por trás das novas queridinhas cervejas sem álcool e dos populares hard seltzers (refrigerantes gaseificados com teor alcoólico adicionado), por exemplo, podem estar escondidos ingredientes ricos em açúcar e até mesmo, em alguns casos, pequenas doses de álcool.

Para não cair nas armadilhas da indústria alimentícia, confira a seguir alguns mitos e verdades sobre as bebidas da moda, baseados em estudos científicos:

4 mitos e verdades sobre as bebidas da moda

A cerveja sem álcool não traz riscos à saúde das gestantes

Mito. Por mais que levem o nome de cerveja sem álcool, essas bebidas podem conter teor alcóolico. O Inmetro assegura que esse tipo de produto tenha no máximo 0,5% da substância. Contudo, como não há um nível seguro conhecido de ingestão alcoólica na gravidez, a abstinência dessas bebidas eliminaria qualquer risco de transtorno fetal. Além disso, embora seja provável que a ingestão moderada de bebidas não alcoólicas não seja prejudicial aos bebês amamentados, adiar brevemente a amamentação após o consumo dessas bebidas garantiria que o bebê não fosse exposto ao álcool.

Hard seltzers são mais saudáveis que bebidas alcoólicas puras

Mito. Os hard seltzers misturam refrigerantes com bebidas alcoólicas, e além de manterem os riscos que o álcool pode causar à saúde, também levam a outro problema: o açúcar presente nos refrigerantes. Estudos indicam que o consumo geral de refrigerantes contendo açúcar e cafeína está aumentando drasticamente em todo o mundo, especialmente entre os adultos jovens, e que é preciso diminuir o consumo para melhorar a qualidade de vida global, evitando o risco de doenças como obesidade e diabetes.

O kombuchá pode trazer benefícios à saúde, se consumido com moderação

Verdade. O kombuchá é uma bebida rica em compostos fenólicos e atividades antioxidantes. Segundo os pesquisadores, a maior atividade antioxidante foi obtida na mistura da bebida fermentada com chá preto.

Diabéticos não podem consumir as bebidas alcoólicas da moda

Parcialmente verdade. Por mais que existam riscos no consumo de bebida alcoólica para pacientes diabéticos, quantidades moderadas, como uma dose ao dia para mulheres e duas aos homens, podem ser toleradas. A dica está também na escolha da bebida: prefira vinhos secos e cervejas leves, evite licores açucarados, vinhos muito doces e drinks misturados com adoçantes, como a piña colada.

Referências bibliográficas:
  • John P. et al. Consuming non-alcoholic beer and other beverages during pregnancy and breastfeeding. Can Fam Physician., 2014
  • Ibrar A. et al. Sugar Beverages and Dietary Sodas Impact on Brain Health: A Mini Literature Review. Cureus. 2018
  • Mixing Alcohol with Your Diabetes. John Hopkins Medicine, 2019.

Fonte: https://nutritotal.com.br/publico-geral/material/cerveja-sem-alcool-o-que-esta-por-tras-dela/

sábado, 19 de dezembro de 2020

Para emagrecer: planeje pelo menos 300 minutos de exercícios por semana

Homens e mulheres com sobrepeso que se exercitaram seis dias por semana perderam peso; aqueles que exercitavam duas vezes por semana, não.

O exercício pode nos ajudar a perder peso? Um novo estudo interessante envolvendo homens e mulheres com sobrepeso descobriu que malhar pode nos ajudar a perder peso, em parte remodelando os hormônios do apetite.  Mas, para nos beneficiarmos, sugere o estudo, provavelmente precisamos nos exercitar muito - queimando pelo menos 3.000 calorias por semana. No estudo, isso significava exercitar seis dias por semana por até uma hora, ou cerca de 300 minutos por semana.

A relação entre malhar e nossas cinturas é famosa. O processo parece ser simples: fazemos exercícios, gastamos calorias e, se a vida e o metabolismo fossem justos, desenvolvemos um déficit de energia. Nesse ponto, começaríamos a usar a gordura armazenada para alimentar as operações contínuas de nossos corpos, deixando-nos mais magros.

Mas nossos corpos nem sempre cooperam. Preparados pela evolução para manter os estoques de energia em caso de fome, nossos corpos tendem a minar nossas tentativas de perder peso.  Comece a malhar e seu apetite aumenta, assim você consome mais calorias, compensando as perdas.

O resultado, de acordo com muitos estudos anteriores sobre exercícios e perda de peso, é que a maioria das pessoas que inicia um novo programa de exercícios sem monitorar estritamente o que comem não perde tanto peso quanto esperam - e algumas ganham quilos.

Mas Kyle Flack, professor assistente de nutrição da Universidade de Kentucky, começou a se perguntar há alguns anos se esse resultado era inevitável. Talvez, ele especulou, houvesse um teto para as compensações calóricas das pessoas após o exercício, o que significa que, se aumentassem suas horas de exercícios, compensariam por menos calorias perdidas e perderiam peso.

Para um estudo publicado em 2018, ele e seus colegas exploraram essa ideia, pedindo a homens e mulheres sedentários e com excesso de peso que comecem a se exercitar o suficiente para queimar 1.500 ou 3.000 calorias por semana durante os treinos. Depois de três meses, os pesquisadores verificaram a perda de peso de todos, se houvesse, e usaram cálculos metabólicos para determinar quantas calorias os voluntários haviam consumido em compensação por seus esforços.

O total, descobriu-se, era uma média de cerca de 1.000 calorias por semana de alimentação compensatória, não importa o quanto as pessoas tivessem treinado.  Por essa matemática, os homens e mulheres que queimaram 1.500 calorias por semana com exercícios haviam recuperado quase 500 calorias por semana de seus gastos, enquanto aqueles que queimavam 3.000 calorias com exercícios acabaram com um déficit líquido semanal de cerca de 2.000 calorias. (A taxa metabólica geral de ninguém mudou muito.)

Não é novidade que o grupo que faz mais exercícios emagrece;  os outros não.

Mas esse estudo deixou muitas perguntas sem resposta, sentiu o Dr. Flack.  Os participantes realizaram exercícios supervisionados semelhantes, caminhando moderadamente por 30 ou 60 minutos, cinco vezes por semana.  Os comprimentos ou frequências variadas de exercícios seriam importantes para a compensação calórica das pessoas?  E o que estava levando as pessoas a comer? As diferentes quantidades de exercícios afetaram os hormônios do apetite das pessoas de forma diferente?

Para descobrir, ele e seus colegas decidiram repetir grande parte da experiência anterior, mas desta vez com novos programas de exercícios.  Então, para o novo estudo, que foi publicado em novembro na Medicine & Science in Sports & Exercise, eles reuniram outro grupo de 44 homens e mulheres sedentários e acima do peso, verificaram suas composições corporais e pediram a metade deles para começar a se exercitar duas vezes por semana, por pelo menos 90 minutos, até queimar cerca de 750 calorias por sessão, ou 1.500 durante a semana. Eles podiam se exercitar da maneira que desejassem - muitos optaram por caminhar, mas alguns escolheram outras atividades - e usaram um monitor de frequência cardíaca para monitorar seus esforços.

O restante dos voluntários começou a se exercitar seis vezes por semana por cerca de 40 a 60 minutos, queimando cerca de 500 calorias por sessão, para um total semanal de cerca de 3.000 por semana. Os pesquisadores também coletaram sangue para verificar os níveis de certos hormônios que podem afetar o apetite das pessoas.

Após 12 semanas, todos voltaram ao laboratório, onde os pesquisadores reconfiguraram as composições corporais, repetiram as coletas de sangue e começaram a calcular as compensações.

E, novamente, eles encontraram um limite compensatório de cerca de 1.000 calorias. Como consequência, apenas os homens e mulheres do grupo que mais se exercitou - seis dias por semana, para um total de 3.000 calorias - perderam muito peso, perdendo cerca de dois quilos de gordura corporal.

Curiosamente, os pesquisadores descobriram uma diferença inesperada entre os grupos. Aqueles que queimam cerca de 3.000 calorias por semana mostraram mudanças agora nos níveis de leptina em seus corpos, um hormônio do apetite que pode reduzir o apetite.  Essas alterações sugeriram que o exercício aumentou a sensibilidade dos praticantes ao hormônio, permitindo-lhes regular melhor o desejo de comer.  Não houve mudanças hormonais comparáveis ​​em homens e mulheres que malharam menos.

Em essência, diz Flack, o novo experimento “reforça a descoberta anterior” de que a maioria de nós comerá mais se fizer exercícios, mas apenas até o ponto de inflexão de 1.000 calorias por semana. Se de alguma forma conseguirmos queimar mais do que essa quantidade com exercícios, provavelmente podemos perder peso.

Mas, é claro, queimar milhares de calorias por semana com exercícios é assustador, diz Flack. Além disso, este estudo durou apenas alguns meses e não pode nos dizer se mudanças posteriores em nossos apetites ou metabolismo aumentariam ou reduziriam qualquer declínio subsequente de gordura.

Ainda assim, para aqueles de nós que esperam que o exercício possa nos ajudar a cortar nossa cintura durante as próximas férias, quanto mais pudermos nos mover, ao que parece, melhor.

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Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde

Como os alimentos podem afetar nosso sono?

 Um crescente número de pesquisas sugere que os alimentos que você ingere podem afetar o seu sono, e seus padrões de sono podem afetar suas escolhas alimentares.

Este não foi um ano muito bom para dormir.

Com a pandemia do coronavírus, interrupções na escola e no trabalho e uma temporada eleitoral polêmica contribuindo para inúmeras noites sem dormir, os especialistas em sono incentivaram as pessoas a adotar uma variedade de medidas para superar a insônia relacionada ao estresse. Entre suas recomendações: praticar exercícios regularmente, estabelecer uma rotina noturna para dormir e reduzir o tempo de tela e as redes sociais.

Mas muitas pessoas podem estar negligenciando outro fator importante na má qualidade do sono: a dieta. Um crescente número de pesquisas sugere que os alimentos que você ingere podem afetar o seu sono, e seus padrões de sono podem afetar suas escolhas alimentares.

Os pesquisadores descobriram que comer uma dieta rica em açúcar, gordura saturada e carboidratos processados ​​pode atrapalhar o sono, enquanto comer mais plantas, fibras e alimentos ricos em gordura insaturada - como nozes, azeite, peixe e abacate - parece ter o efeito oposto, ajudando a promover um sono profundo.

Muito do que sabemos sobre sono e dieta vem de grandes estudos epidemiológicos que, ao longo dos anos, descobriram que pessoas que sofrem de sono ruim de forma consistente tendem a ter dietas de pior qualidade, com menos proteínas, menos frutas e vegetais e uma maior ingestão de açúcar adicionado de alimentos como bebidas açucaradas, sobremesas e alimentos ultraprocessados. Mas, por sua natureza, os estudos epidemiológicos podem mostrar apenas correlações, não causa e efeito. Eles não podem explicar, por exemplo, se uma dieta pobre precede e leva a um sono ruim, ou o contrário.

Para obter uma melhor compreensão da relação entre dieta e sono, alguns pesquisadores recorreram a ensaios clínicos randomizados nos quais dizem aos participantes o que comer e, em seguida, procuram mudanças em seu sono. Vários estudos examinaram o impacto de uma ampla variedade de alimentos individuais, desde leite quente a suco de frutas. Mas esses estudos geralmente são pequenos e não muito rigorosos.

Alguns desses testes também foram financiados pela indústria de alimentos, o que pode influenciar os resultados.  Um estudo financiado pela Zespri International, o maior comerciante mundial de kiwis, por exemplo, descobriu que as pessoas designadas a comer dois kiwis uma hora antes de dormir todas as noites durante quatro semanas tiveram melhorias no início do sono, duração e eficiência. Os autores do estudo atribuíram suas descobertas em parte à “abundância” de antioxidantes no kiwi. Mas, o que é mais importante, o estudo carecia de um grupo de controle, então é possível que quaisquer benefícios pudessem ter resultado do efeito placebo.

Outros estudos financiados pela indústria da cereja descobriram que beber suco de cereja azedo pode melhorar modestamente o sono em pessoas com insônia, supostamente promovendo o triptofano, um dos blocos de construção do hormônio melatonina que regula o sono. O triptofano é um aminoácido encontrado em muitos alimentos, incluindo laticínios e peru, que é uma das razões comumente dadas para que tantos de nós nos sintamos tão sonolentos após as festas de Ação de Graças. Mas o triptofano tem que cruzar a barreira hematoencefálica para ter qualquer efeito soporífero e, na presença de outros aminoácidos encontrados nos alimentos, acaba competindo, em grande parte sem sucesso, pela absorção. Estudos mostram que comer alimentos ricos em proteínas, como leite e peru por conta própria, diminui a capacidade do triptofano de cruzar a barreira hematoencefálica.

Uma maneira de aumentar a absorção de triptofano é emparelhar alimentos que o contenham com carboidratos.  Essa combinação estimula a liberação de insulina, que faz com que os aminoácidos concorrentes sejam absorvidos pelos músculos, tornando mais fácil para o triptofano passar para o cérebro, disse Marie-Pierre St-Onge, professora associada de medicina nutricional da Universidade de Columbia Irving  Medical Center e diretor do Sleep Center of Excellence em Columbia.

A Dra. St-Onge passou anos estudando a relação entre dieta e sono. Seu trabalho sugere que, em vez de enfatizar um ou dois alimentos específicos com propriedades supostamente indutoras do sono, é melhor se concentrar na qualidade geral de sua dieta. Em um ensaio clínico randomizado, ela e seus colegas recrutaram 26 adultos saudáveis ​​e controlaram o que comiam por quatro dias, fornecendo-lhes refeições regulares preparadas por nutricionistas enquanto monitoravam como eles dormiam à noite. No quinto dia, os sujeitos foram autorizados a comer o que quisessem.

Os pesquisadores descobriram que comer mais gordura saturada e menos fibras de alimentos como vegetais, frutas e grãos inteiros levou a reduções no sono de ondas lentas, que é o tipo profundo e restaurador. Em geral, os ensaios clínicos também descobriram que os carboidratos têm um impacto significativo no sono: as pessoas tendem a adormecer muito mais rápido à noite quando consomem uma dieta rica em carboidratos em comparação com quando consomem uma dieta rica em gorduras ou proteínas. Isso pode ter algo a ver com os carboidratos ajudando o triptofano a entrar no cérebro com mais facilidade.

Mas a qualidade dos carboidratos é importante. Na verdade, eles podem ser uma faca de dois gumes quando se trata de dormir. A Dra. St-Onge descobriu em sua pesquisa que quando as pessoas comem mais açúcar e carboidratos simples - como pão branco, bagels, doces e massas - elas acordam com mais frequência durante a noite. Em outras palavras, comer carboidratos pode ajudá-lo a adormecer mais rápido, mas é melhor consumir carboidratos “complexos” que contêm fibras, que podem ajudá-lo a obter um sono mais profundo e restaurador.

“Os carboidratos complexos fornecem um nível de açúcar no sangue mais estável”, disse a Dra. St-Onge.  “Portanto, se os níveis de açúcar no sangue são mais estáveis ​​à noite, esse pode ser o motivo pelo qual os carboidratos complexos estão associados a um sono melhor”.

Um exemplo de padrão alimentar que pode ser ideal para dormir melhor é a dieta mediterrânea, que enfatiza alimentos como vegetais, frutas, nozes, sementes, legumes, grãos inteiros, frutos do mar, aves, iogurte, ervas e especiarias e azeite de oliva. Grandes estudos observacionais descobriram que as pessoas que seguem esse tipo de padrão alimentar têm menos probabilidade de sofrer de insônia e sono curto, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar a correlação.

Mas a relação entre dieta pobre e sono ruim é uma via de mão dupla: os cientistas descobriram que, à medida que as pessoas perdem o sono, passam por mudanças fisiológicas que podem levá-las a procurar junk food. Em estudos clínicos, adultos saudáveis ​​que podem dormir apenas quatro ou cinco horas por noite acabam consumindo mais calorias e fazendo lanches com mais frequência ao longo do dia. Eles experimentam significativamente mais fome e sua preferência por alimentos doces aumenta.

Nos homens, a privação de sono estimula o aumento dos níveis de grelina, o chamado hormônio da fome, enquanto nas mulheres, restringir o sono leva a níveis mais baixos de GLP-1, um hormônio que sinaliza saciedade.

“Portanto, nos homens, o sono curto promove maior apetite e desejo de comer, e nas mulheres há menos sinais que fazem você parar de comer”, disse a Dra. St-Onge.

Mudanças também ocorrem no cérebro.  

A Dra. St-Onge descobriu que quando homens e mulheres ficavam restritos a quatro horas de sono noturno por cinco noites consecutivas, eles tinham maior ativação nos centros de recompensa do cérebro em resposta à pizza de pepperoni, donuts e doces em comparação com alimentos saudáveis ​​como cenoura, iogurte, aveia e frutas.  Após cinco noites de sono normal, no entanto, esse padrão de respostas cerebrais mais fortes à junk food desapareceu.

Outro estudo, liderado por pesquisadores do King’s College London, também demonstrou como um sono adequado pode aumentar sua força de vontade para evitar alimentos não saudáveis. Ele descobriu que pessoas com sono normalmente curto que passaram por um programa para ajudá-los a dormir mais - resultando em uma hora de sono adicional a cada noite - tiveram melhorias em sua dieta.

A mudança mais surpreendente foi que eles cortaram cerca de 10 gramas de açúcar adicionado de suas dietas a cada dia, o equivalente a cerca de duas colheres e meia de chá.

A conclusão é que dieta e sono estão interligados. Melhorar um pode ajudar a melhorar o outro e vice-versa, criando um ciclo positivo onde eles se perpetuam, disse a Dra. Susan Redline, médica sênior do Brigham and Women's Hospital e professora de medicina do sono na Harvard Medical School que estuda dieta  e distúrbios do sono.

 “A melhor maneira de abordar a saúde é enfatizar uma dieta saudável e um sono saudável”, acrescentou ela. “Esses são  dois comportamentos de saúde muito importantes que podem se reforçar mutuamente”.

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Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde

Cachorros e donos podem compartilhar semelhanças no risco de desenvolver o diabetes

A pesquisa mostra que as pessoas que têm um cachorro com diabetes tipo 2 correm 38% mais risco de ter a doença

Diz-se que os cães se parecem com seus donos, mas as semelhanças também podem se estender ao risco de diabetes, sugerem as pesquisas. O mesmo não pode ser dito dos donos de gatos e seus companheiros, entretanto.

Estudos anteriores haviam sugerido que proprietários com excesso de peso tendem a ter animais de estimação mais gordos, possivelmente por causa de comportamentos de saúde compartilhados, como comer demais ou não praticar exercícios regularmente. Para investigar se isso se estendia a um risco compartilhado de diabetes tipo 2, Beatrice Kennedy, da Universidade de Uppsala, na Suécia, e colegas recorreram a dados de seguros da maior seguradora de animais de estimação da Suécia, usando números de identificação nacional de 10 dígitos dos proprietários para obter seus registros de saúde anônima.

Comparando dados de 208.980 pares proprietário / cão e 123.566 proprietário / gato, eles descobriram que possuir um cão com diabetes estava associado a um risco 38% maior de ter diabetes tipo 2 em comparação com possuir um cão saudável. As circunstâncias pessoais e socioeconômicas dos donos dos cães não explicam esta ligação. No entanto, nenhum risco compartilhado de diabetes foi encontrado entre os donos de gatos e seus animais de estimação. A pesquisa foi publicada no British Medical Journal.

Como em humanos, a dieta e a obesidade podem influenciar o risco de diabetes tipo 2 em ambos os tipos de animais. Também como os humanos, a prevalência de diabetes em cães e gatos parece estar aumentando.

“Dada a pesquisa anterior sobre o risco compartilhado de [estar acima do peso] entre donos de cães e seus animais, acreditamos que hábitos alimentares compartilhados e também níveis de atividade física podem estar envolvidos”, disse Kennedy.

A ausência de um risco compartilhado entre gatos e seus donos também pode apontar para a atividade física ser um fator importante. “Os gatos geralmente preferem mais independência de seus donos quando se trata de seus movimentos”, disse Kennedy.

A exposição ambiental compartilhada a coisas como poluentes ou produtos químicos entre cães e seus donos pode ser outro caminho que vale a pena explorar, acrescentou ela. Por se tratar de um estudo observacional, os pesquisadores não puderam confirmar a causa subjacente da associação.

No entanto, uma vez que existe, o diagnóstico de diabetes em qualquer membro da família - incluindo companheiros caninos - pode sinalizar a necessidade de reavaliar os comportamentos de saúde de toda a unidade familiar. “O diabetes do cão pode ser um marcador de algo importante acontecendo”, disse Kennedy. “Nós sabemos que existem laços emocionais bastante fortes entre os donos de cães e seus cães. Talvez esse vínculo se estenda a outros comportamentos e riscos à saúde ”.


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Divulgação de especialidade sem ser especialista


 

Telhados verdes e mais árvores podem auxiliar a reduzir o efeito da ilha de calor urbana

Uma ilha de calor urbana é uma área urbana significativamente mais quente do que as áreas rurais circundantes. A diferença de temperatura normalmente é maior à noite do que durante o dia.

Com o governo do Reino Unido se comprometendo a construir 300.000 novas casas todos os anos, teme-se que muitas das cidades e vilas do país experimentarão um aumento na temperatura causado por mais veículos e atividades de construção.

Em um artigo publicado pela Environmental Pollution , especialistas do Centro Global para Pesquisa do Ar Limpo (GCARE ) de Surrey modelaram como uma cidade do Reino Unido seria afetada se sua paisagem urbana incluísse diferentes tipos de IG.

O estudo se concentrou na simulação de aumentos de temperatura na cidade de Guildford, no Reino Unido, sob diferentes coberturas de IG (árvores, pastagens e telhados verdes). A equipe adotou sistemas de modelagem de computador amplamente usados que descobriram que 78 por cento de Guildford estava coberto por pastagens e árvores.

A equipe de pesquisa decidiu investigar cinco cenários:

Qual é o status quo com a infraestrutura verde (IG) atual?

O que aconteceria se a cidade não tivesse infraestrutura verde (IG)?

O que aconteceria se você substituísse a infraestrutura verde (IG) atual apenas por árvores?

O que aconteceria se você substituísse a infraestrutura verde (IG) atual apenas por telhados verdes?

O que aconteceria se você substituísse a infraestrutura verde (IG) atual apenas por pastagens?

A equipe do GCARE descobriu que as árvores são a forma mais eficaz de infraestrutura verde (IG) e os resultados mostraram que Guildford seria 0,128 o C mais frio se as árvores substituíssem todas as formas de IG na cidade.

A equipe também descobriu que as árvores são a melhor solução para a redução dos picos de temperatura porque podem sombrear melhor as superfícies e influenciar a mistura aerodinâmica do ar na atmosfera causada pela turbulência intensificada.

O professor Prashant Kumar , diretor do GCARE da Universidade de Surrey, disse: “À medida que os formuladores de políticas e líderes políticos procuram resolver a crise habitacional do país, é de vital importância que considerem como esse influxo de nova infraestrutura urbana impactará nosso meio ambiente planeta.

“Espero que nosso estudo forneça aos tomadores de decisão as informações de que precisam quando estão decidindo qual infraestrutura verde estabelecer em nossas comunidades. Nossos resultados sugerem que, dada a escolha, as árvores são as mais eficazes na redução do efeito de ilha de calor urbana que muitas de nossas cidades enfrentam. ”

Referência: Tiwari, A., Kumar, P., Kalaiarasan, G., Ottosen, T.B., 2020. The impacts of existing and hypothetical green infrastructure scenarios on urban heat island formation. Environmental Pollution, 115898.

https://doi.org/10.1016/j.envpol.2020.115898

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/11/20/arvores-e-telhados-verdes-podem-ajudar-a-reduzir-o-efeito-da-ilha-de-calor-urbana/

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Agricultura urbana e periurbana em São Paulo pode alimentar 20 milhões de pessoas

A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) possui quase 22 milhões de habitantes, cerca de 10% do total da população brasileira. Para alimentar essa quantidade enorme de pessoas, todos os dias chegam à metrópole toneladas de insumos, de diferentes partes do país. Porém, novo estudo do Instituto Escolhas mostra que, com algumas medidas, é possível abastecer toda essa população com legumes e verduras produzidos localmente -o que diminui as perdas com o transporte e deixa a metrópole de São Paulo menos sujeita a problemas de oferta, como aconteceu durante a greve dos caminhoneiros de 2018 ou cogitou-se no início da pandemia de Covid-19.

Lançado nesta terça-feira  (24/11), o estudo “Mais perto do que se imagina: os desafios da produção de alimentos na metrópole de São Paulo” traz dados de consumo, distribuição e comercialização de alimentos na RMSP hoje e, por meio de análises de caso, identifica entraves e traz recomendações do que pode ser feito para avançarmos nesse potencial de produção e abastecimento por meio da produção local. O estudo do Instituto Escolhas é realizado em parceria com o Urbem e tem o apoio da Porticus.

Entenda o estudo

Atualmente, a agricultura urbana e periurbana (dentro e nos arredores da cidade) já ocupa um lugar de relevância na região metropolitana de São Paulo. São mais de 5 mil estabelecimentos agropecuários ou 15,5% da área total da RMSP, sendo que os 39 municípios dessa região produzem 52% dos cogumelos e espinafre e cerca de 10% do repolho e alface de todo o país. O município com a maior participação é o de Mogi das Cruzes, com 35% do valor bruto da produção da região.

Em toda RMSP, mais de 1 milhão de pessoas, ou 13% da população local, estão diretamente ocupadas com alimentação, seja na produção, indústria e, principalmente, no comércio e serviços alimentares. O estudo partiu da análise desses dados secundários, que caracterizam o sistema alimentar da RMSP, para então analisar o potencial que essa produção local de alimentos tem para tornar esse sistema mais resiliente e sustentável.

Foram identificados diferentes tipos de agricultura existentes na metrópole, desde agriculturas comerciais (que têm maior capacidade de investimento e operam em pequena, média e grande escala), agriculturas multifuncionais (que, além da comercialização, também estão voltadas para o sustento da família), até mesmo iniciativas não voltadas à comercialização, como hortas institucionais, comunitárias e quintais produtivos. Em seguida, foi realizada uma avaliação da viabilidade econômico-financeira de alguns desses casos e uma simulação do seu potencial de abastecimento da metrópole.

Resultados

Os estudos de caso evidenciaram que o agricultor comercial de médio e grande porte na RMSP tem enfrentado altos custos de produção e baixos preços nos circuitos de comercialização convencional, com mais de um atravessador. Já o agricultor familiar que opta pela produção orgânica precisa garantir preços mais altos na comercialização, geralmente obtido por meio de circuitos curtos (venda direta ou com até um atravessador) e do acesso garantido à terra para se viabilizar economicamente.

Nas simulações realizadas pelo estudo, 200 hectares de áreas cultivadas por propriedades modelo em áreas urbanas da metrópole teriam o potencial de prover verduras e legumes para cerca de 80 mil pessoas e ocupar 1 mil trabalhadores. Essa extensão equivale à área de terrenos vagos no distrito de Sapopemba, no município de São Paulo, e o número de famílias que poderiam consumir os alimentos, 24 mil, corresponde a 1,5x o número de famílias beneficiárias do Bolsa Família naquele distrito. De forma mais expressiva, 60 mil hectares cultivados em propriedades modelo na área periurbana da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) teriam o potencial de abastecer com verduras e legumes 20 milhões de pessoas por ano e criar 180 mil novos postos de trabalho na metrópole. As duas simulações foram realizadas considerando a produção orgânica de alimentos.

“As simulações do estudo destacam o potencial da produção local de alimentos de abastecer a metrópole com alimentos saudáveis, como verduras e legumes, e de gerar emprego e renda para os seus moradores. Os números reforçam a importância dos gestores públicos passarem a considerar a agricultura no planejamento e políticas urbanas”, comenta Jaqueline Ferreira, Gerente do Instituto Escolhas e Coordenadora do estudo.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/11/25/agricultura-urbana-e-periurbana-em-sao-paulo-pode-alimentar-20-milhoes-de-pessoas/

domingo, 29 de novembro de 2020

Nutrição cerebral: Os idosos cujo sangue apresenta maiores teores de certas vitaminas e ácidos graxos ômega 3 mantêm a capacidade mental e de memória por mais tempo

 Os idosos cujo sangue apresenta maiores teores de certas vitaminas e ácidos graxos ômega 3 mantêm a capacidade mental e de memória por mais tempo, revela um estudo. 

O trabalho concluiu que os idosos que consomem estas vitaminas e ácidos graxos ômega 3 não experimentam uma redução do volume de seu cérebro, um fenômeno tipicamente observado nas pessoas que sofrem do mal de Alzheimer. 

Publicado na edição de 28 de novembro da revista "Neurology", o estudo determina que os altos níveis de vitamina B, C, D e E, assim como de ômega 3, encontrado principalmente nos peixes, têm efeitos positivos na saúde mental e no restante do organismo. 

"Este enfoque mostra claramente os efeitos neurológicos e biológicos, bons e maus, ligados aos níveis de diferentes nutrientes no sangue", explica Maret Traber, do Instituto Linus Pauling da Universidade do Oregon, no noroeste dos Estados Unidos. 

"As vitaminas e os nutrientes que se obtêm comendo uma grande variedade de frutas, legumes e peixes podem ser medidas com o auxílio de biomarcadores sanguíneos. Estou convencida de que estes nutrientes têm um grande potencial para proteger o cérebro e fazê-lo funcionar melhor", afirma Traber. 

A pesquisa também revela que os participantes do estudo com alimentação rica em ácidos e gorduras trans, abundantes em produtos lácteos e frituras, obtiveram resultados piores no teste cognitivo e apresentaram redução do cérebro considerável. 

Os pesquisadores analisaram 104 indivíduos com idade média de 87 anos, submetidos a testes com 30 biomarcadores de nutrientes no sangue. Deste total, 42 também passaram por exames de ressonância magnética para medir o volume de seus cérebros.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1027664-alimentos-tem-influencia-na-capacidade-mental-de-idosos.shtml

Hortaliça não é só salada. Congelador + economia e menos desperdício.

Congelador um aliado na redução do desperdício. Congelador: grande aliado, nas não para todas as hortaliças. Prepare o produto que será congelado. Método e tempo de branqueamento de cada hortaliça. Quanto tempo dura o produto congelado. Como descongelar. Vale a pena considerar.

Para baixar: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/142306/1/folder-congelador.pdf

Novembro Azul: As consequências do medo masculino de ir ao médico

Sete em cada dez homens só vão ao médico por influência da mulher ou dos filhos, segundo dados do Ministério da Saúde. Enquanto 80% das mulheres faz acompanhamento frequente com o ginecologista, mais de 50% dos homens jamais consultou um urologista, segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Estudo realizado por pesquisadores do Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz, com homens com vários níveis de escolaridade mostrou que, além de amarras culturais, como o preconceito com práticas de autocuidado, o medo de descobrir uma doença grave e a vergonha de expor o corpo são fatores que mantém os homens longe dos consultórios.

Medo de ir ao médico atrasa diagnóstico de câncer de próstata e outras doenças

“O diagnóstico tardio muitas vezes nos impossibilita de oferecer um tratamento adequado porque os sintomas da doença são mais difíceis de manejar do que alguns efeitos colaterais de tratamentos. Então é preciso haver conscientização para tentar diminuir o medo do homem e fazer com que ele entenda que a terapia hoje é adaptada para a pessoa e temos como fazer isso ficar mais tolerável sem perder a sua eficácia ou a qualidade de vida”, diz a médica oncologista Danielle Laperche.

Segundo estimativas do Inca, em 2020 serão mais de 65 mil casos de câncer de próstata no Brasil e o Novembro Azul busca incentivar a prevenção. Um a cada seis homens irão desenvolver câncer de próstata ao longo da vida e o diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura da doença. Hoje, a prescrição do tratamento depende do estágio, do histórico, do tipo e agressividade do tumor.

Novos tratamentos mantém qualidade de vida

O câncer de próstata é um dos tipos de tumor para os quais houve maior desenvolvimento de novas drogas e novas terapias nos últimos anos. “É importante a população saber dessas possiblidades até para não ter tanto medo de enfrentar o diagnóstico e o tratamento da doença porque conseguimos boa manutenção da qualidade de vida”, afirma a oncologista.

“Dependendo do estágio, avaliamos caso a caso e adequamos a melhor opção de cada tratamento de acordo com cada histórico, tipo e agressividade do tumor e extensão da doença; se está localizado na próstata ou se já saiu da próstata. Isso vai ser adequado de acordo com cada tipo de paciente, levando em conta suas crenças e medos em relação à cada terapia. Mas a verdade é que temos como fazer muitos ajustes e adaptações para o tratamento se tornar o mais adequado possível porque tratamos o paciente não a doença somente”, explica Laperche.

Além da necessidade de abordagem cirúrgica que será avaliada em cada caso, o médico pode avaliar também a necessidade de radioterapia localizada na próstata ou lançar mão de tratamentos que cada vez menos envolvem quimioterapia. As terapias hormonais com medicações orais têm apresentado resultados excelentes em função das novas drogas já aprovadas pela Anvisa.

Fatores de riscos

Os fatores de risco são os mesmos para outros tipos de tumores: sedentarismo, obesidade, alimentação inadequada, dietas ricas em gordura, carnes vermelhas e carboidratos. Além disso, idade acima de 60 anos, histórico familiar e homens negros tem mais chances de desenvolver a doença mais agressiva.

“O ideal é fazer exames de rastreamento, como o toque retal, feito pelo urologista, e o exame de sangue do marcador PSA. Em casos suspeitos é realizada a biópsia. Sintomas como a piora da força do jato urinário, dificuldade para urinar, necessidade de urinar muitas vezes em um período de tempo curto, acordar a noite para urinar, sangramento ou obstrução do canal aparecem quando a doença está avançada”, finaliza Laperche.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/11/19/as-consequencias-do-medo-masculino-de-ir-ao-medico/

A Sustentabilidade de Marketing Agora é Tendência

Para que uma marca cresça com vigor no longo prazo, empresas que adotam a sustentabilidade de marketing devem desempenhar uma série de atividades de marketing interconectadas e planejadas com cuidado, além de satisfazer um conjunto cada vez mais amplo de componentes e objetivos. Também devem considerar uma vasta gama de efeitos causados por suas ações. Sustentabilidade e responsabilidade social corporativa viraram prioridade para muitas organizações (KOTLER; KELLER, 2018; RODRIGUES, 2020).

Marcas como Ben & Jerry” s, Stonyfield Farm, Whole Foods e Seventh Generation adotaram filosofias de práticas semelhantes (KOTLER; KELLER, 2018).

O mercado sustentável está aqui para ficar e vai crescer e amadurecer muito, desenvolvendo regras de comprometimento ainda maiores.

Aprender a atender aos consumidores sustentáveis de hoje de maneira melhor trará importantes oportunidades de aumentar as vendas e os lucros responsáveis, tornando maior a participação de mercado entre o crescente número de consumidores sustentáveis, além de economizar dinheiro, melhorar a confiança dos funcionários e recrutar e manter os melhores ((OTTMAN, 2012; RODRIGUES; 2020).

Contudo, a sustentabilidade de marketing se tornou tendência porque mais pessoas estão preocupadas com os assuntos relacionados à sustentabilidade, mais do que nunca. Desta forma, refletindo uma consciência que tem se tornado mais sólida nos últimos vinte anos, o público geral está começando compreender o impacto que esses assuntos em suas vidas agora e nos próximos anos, e está começando a agir (OTTMAN, 2012).

No passado, os profissionais de marketing verde acreditavam que as pessoas se preocupavam com o meio ambiente porque sentiam que o planeta estava sendo prejudicado, e suas comunicações refletiam isso (OTTMAN, 2012; RODRIGUES, 2017; RODRIGUES, 2020). Mas os profissionais de marketing sustentável de hoje estão percebendo, cada vez mais, que os consumidores temem que o planeta esteja perdendo sua capacidade de manter a vida humana; eles se preocupam com sua saúde e com a saúde de seus filhos. É por isso que os problemas relacionados à saúde, como qualidade da água, lixo nocivo e poluição do ar, disponibilidade de água, aquecimento global e superpopulação estão no topo das preocupações ambientais que os consumidores mais temem (OTTMAN, 2012; RODRIGUES, 2020).

Todavia, o comportamento de uma pessoa reflete seus valores e a sustentabilidade de marketing (econômica, social, ambiental, cidadania ecológica e tecnologia de informação), cuidar da natureza, do planeta e das pessoas que vivem aqui agora e das que viverão no futuro, é um valor essencial de todas as gerações vivas, começando com os Baby Boomers, que lideram a carga verde de meados ao fim dos anos 1960. Por mais importantes que os Baby Boomers sejam para o ativismo ambiental como os maiores consumidores da nação e líderes da sociedade, o possível impacto a ser provocado pelas Gerações X, Y e Z, usuários da internet, pode ser mais importantes ainda (OTTMAN, 2012; RODRIGUES, 2020).

Contudo, a demanda do consumidor por produtos e serviços sustentáveis cria oportunidades para a promoção de ofertas mais sustentáveis, além de apresentar novas oportunidades lucrativas responsáveis, enquanto as vendas aumentam, melhorando a imagem e levantando o moral de funcionários que estão comprometidos com um propósito maior (OTTMAN, 2012; RODRIGUES, 2020).

José Austerliano Rodrigues. Especialista Sênior em Sustentabilidade de Marketing e Doutor em Marketing Sustentável pela UFRJ, com ênfase em Sustentabilidade e Marketing, com interesse em pesquisa em Marketing Sustentável, Sustentabilidade de Marketing, Responsabilidade Social e Comportamento do Consumidor. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/11/26/a-sustentabilidade-de-marketing-agora-e-tendencia/

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Faça terapia - Um investimento que você faz em você

Anteontem estava comentando com o Rodrigo Lamonier (o nutricionista que atende os pacientes comigo) sobre a quantidade de pacientes com transtornos emocionais que temos recebido durante a pandemia. Não que a gente não recebesse esse tipo de paciente, mas a pandemia intensificou. Tem sido muito raro algum paciente que eu não encaminho para a terapia (inclusive tenho uma vasta lista de excelentes profissionais que indico em Goiânia – Psicólogos e Psiquiatras): https://www.nutrologogoiania.com.br/profissionais-que-indico/ ).

A pergunta que fica é: Esses transtornos vem aumentando a prevalência na população brasileira ou foi apenas uma exacerbação decorrente da pandemia ?

Acredito que a prevalência tem aumentado consideravelmente devido as mídias digitais, combinado com o surgimento da pandemia.

Por um período da minha vida profissional eu me recusei a atender no consultório pacientes com alguns transtornos psiquiátricos, por trauma de ter perdido meu pai decorrente de um tratamento errôneo de transtorno bipolar. Então apesar de gostar muito de psiquiatria (quase fiz residência de Psiquiatria) eu não me sentia seguro em receber esses pacientes. Tinha uma falsa crença que eu tinha que trazer resolutividade pros casos, mesmo naqueles que não queriam fazer acompanhamento com Psiquiatra e Psicólogos.

E por ironia do destino, o que mais tenho recebido no consultório, além dos clássicos pacientes com transtornos do aparelho digestivo e intolerâncias alimentares, veio uma leva grande de pacientes com sintomas ansiosos, depressivos, síndrome do pânico, transtorno bipolar e Burnout (principalmente em profissionais da área da saúde e área de segurança).

Vários fatores tem contribuído para surgimento principalmente de transtornos ansiosos e depressivos. Ninguém fica ansioso ou deprimido de um momento para outro, sem um motivo. Na verdade é uma soma de motivos e muitas vezes combinadas com fatores nutricionais e do estilo de vida. Algumas doenças podem ter como manifestação aumento da ansiedade (como no hipertireoidismo) ou rebaixamento de humor (hipotireoidismo, Alzheimer, Parkinson).

Há comprovação científica de que diversos genes podem predispor ao surgimento de transtornos mentais como ansiedade e depressão. E eles são passados de pais para filhos, independente da criação. Estudos com gêmeos mostram isso. Existe uma correlação entre genética e transtorno bipolar, transtorno de déficit de atenção depressão.

Traumas precoces: eventos como abusos sexuais, abusos morais, negligência, violência física ou psicológica podem deixar marcas principalmente quando o0corridos na infância e adolescência, sendo decisivos para o surgimento de transtornos mentais na vida adulta.

Estresse crônico: O ritmo acelerado de trabalho, estudos, exposição a informação através de redes sociais, cobranças e responsabilidade geram uma carga alta de estresse e exaustão mental. Essa exaustão pode reduzir nossa capacidade de manejar esse estresse e com isso deflagrar alguns transtornos mentais. Por isso a terapia é tão importante, pois somente quando se fala do problema e arrumamos soluções para lidar com eles é que ele pode não ser tão deletério. Falar é terapêutico.

Estresse agudo: Não estamos imunes a sofrer, teremos perdas a qualquer momento, seja a morte de ente querido, uma desilusão amorosa, uma separação, um desemprego, queda do padrão de vida. Esses eventos podem ser mais ou menos traumáticos, dependendo da personalidade de cada indivíduo. E esses eventos estressantes agudos, também podem ser gatilhos para transtornos mentais. Mais uma vez saliento: falar é terapêutica. Descobrir ferramentas de como lidar com esse estresse agudo pode minimizar a intensidade dos transtornos ou até evitar o surgimento.

Essa confluência de fatores podem então favorecer o surgimento de tais transtornos psiquiátricos. Combinado a isso ainda temos déficit de nutrientes que podem interferir na formação (síntese) de neurotransmissores como serotonina, dopamina, gaba, noradrenalina.

Associe a isso, alterações na microbiota intestinal, exposição crônica a diversos poluentes, excesso de exposição à luz artificial, privação de sono, excesso de estímulos visuais e sonoros.

Não gosto de ser pessimista, mas o cenário é sombrio e talvez aquela frase que há algum tempo alguns médicos diziam: “depressão é o mal do século”, pode se tornar verdade.

Então, mais do que dicas nutricionais, se eu pudesse dar uma dica para você que está lendo esse texto: FAÇA TERAPIA ! A nossa saúde mental é muito valiosa.



sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Evidência indicam que comer mais durante o período noturno pode favorecer obesidade, diabetes e outras doenças metabólicas

O texto abaixo foi escrito pelo Endocrinologista Dr. Bruno Halpern. Achei interessante repostar pois durante muitas décadas, principalmente nutricionistas, defendem que quando se trata de emagrecimento, o que importa é o volume calórico ingerido ao longo de todo dia.

Errada a informação não está, mas deve-se levar em conta o horário em que ingerimos os alimentos. Surgiu há algum tempo um ramo da Nutrição chamado Crononutrição. Nesse ramo estuda-se o papel dos alimentos no ciclo circadiano e vice-versa. Ou seja, o horário em que ingerimos determinados nutrientes importa. O ciclo circadiano pode alterar a forma que esses nutrientes são assimilados, metabolizados. Assim como os nutrientes podem alterar de forma indireta o ciclo circadiano. 

Assunto novo esse? Nem tanto. Antes de fazer Nutrologia, fiz pós em Medicina Tradicional Chinesa (2009-2011) e isso é algo que a Medicina Tradicional Chinesa há 5 mil anos fala. Não só a Medicina Chinesa como a Medicina Ayurvédica. As vezes, nós ocidentais, nos consideramos detentores da ciência e ignoramos o que práticas milenares pregam, por acharmos que são sem evidências. 

Com o passar das décadas, alguns dogmas caem por terra e nos levam a olhar com mais atenção para essas práticas milenares.

Na prática clínica, o que eu e meu nutricionista percebemos, é que a maioria dos pacientes com sobrepeso, sentem mais fome no período da tarde e noturno. Alguns com episódios de compulsão em um período crítico: 16h às 18h. E a predileção é principalmente por alimentos ricos em carboidratos simples e gorduras. Raramente por fontes de proteínas. 

O ajuste do plano alimentar, baseado em um recordatório alimentar de 24h e respeitando o ciclo circadiano, pode auxiliar no processo de emagrecimento. Redistribuir as calorias totais ao longo de 3 etapas, colocando uma quantidade menor no período noturno, pode potencializar resultados de alguns pacientes. É o que temos visto na nossa prática clínica. Mas nem todos os organismos funcionam da mesma maneira. Alguns precisa de um pouco mais de carboidrato no período noturno e isso é uma tentativa de erro e acerto. O nutrólogo e o nutricionista devem ser capacitados para saber manejar essas tentativas. 

Enfim, vale a pena a leitura do texto, pois as evidências da crononutrição sugerem que no período noturno o gasto energético para digerir os alimentos é menor. Além disso, alguns poucos trabalhos mostram que a sensibilidade à insulina é menor no período noturno. E além disso, na prática percebemos que a "fome emocional" é maior no período noturno. Mas isso é assunto para um longo post...




Há vários estudos que mostram que pessoas que concentram suas calorias à noite tem maior risco de obesidade, diabetes e outras doenças metabólicas, mas é sempre difícil saber se isto é uma relação de causa e efeito, isto é, comer à noite leva a essas doenças, ou é um fator de confusão, ou seja, quem come mais à noite pode também ter uma vida menos regrada, beber mais álcool, dormir pior, etc, e essa é a causa real da relação.
Muitos estudos tentam elucidar a essa questão avaliando parâmetros metabólicos em situações controladas e mostram que pode sim haver uma relação direta entre esses fatores.
Por exemplo, um estudo demonstrou que a mesma refeição, quando feita às 22:30, levava a um gasto energético de digestão (o chamado “efeito térmico da comida” ) 4% menor do que se feita às 18:30. Ou seja, comer mais tarde fez o corpo gastar menos energia para digerir a refeição. 4% parece pouco, mas pode ser significativo no longo prazo!

Além disso, muitos estudos em animais e alguns poucos em humanos também sugerem que quando comemos fora do nosso período ativo, o excesso de calorias não é corretamente armazenado como gordura e tende a se depositar em órgãos como fígado, músculo e coração, aumentando os riscos de diabetes e doenças cardíacas. É como se, à noite, o nosso aparato normal de armazenamento estivesse descansando, e assim, ao chegar comida, não há enzimas, hormônios e proteínas suficientes para levar essa gordura para o lugar certo!

Ainda há muito o que se estudar e aprender sobre o assunto em humanos, mas recomendar redução do consumo alimentar noturno a longo prazo é uma forma de promover saúde. Lembrando que excesso de calorias noturnas tb atrapalham o sono e sono ruim também está associado a ganho de peso é doenças metabólicas!

Referência:  McHill. Later circadian timing of food intake is associated with increased body fat. AJCN 2017.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5657289/

Autor: Dr. Bruno Halpern - Médico Endocrinologista e Metabologista. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Como fazer compostagem em ambiente doméstico, comunitário e institucional

Os orgânicos representam cerca de 50% dos resíduos urbanos gerados no Brasil. Apesar disso, apenas 1% desse total é destinado a compostagem. Para popularizar a prática e disseminar conhecimento sobre a reprodução do ciclo dos resíduos orgânicos, está disponível gratuitamente na Internet a publicação Compostagem Doméstica, Comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos: Manual de Orientação.

O manual é o primeiro resultado do Acordo de Cooperação Técnica firmado em 2015 entre a Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Social do Comércio de Santa Catarina (Sesc/SC) e o Centro de Estudo e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro). A parceria tem por objetivo estabelecer intercâmbio de experiências, informações, material técnico, metodologias e tecnologias referentes à gestão comunitária e institucional de resíduos orgânicos, associada à agricultura urbana e à educação ambiental.

Com linguagem acessível e ilustrações lúdicas, o manual traz técnicas de compostagem doméstica, comunitária e institucional de resíduos orgânicos e aborda o “Método UFSC” (em referência à Universidade Federal de Santa Catarina, onde foi mais estudado e adaptado às condições brasileiras), que consiste em uma estratégia segura e de baixo custo.

Segundo a diretora do Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos do MMA, Zilda Veloso, a publicação contribui para o debate em curso no país sobre novas formas de enxergar e lidar com resíduos orgânicos. “Temos uma resolução sobre compostagem sendo debatida no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Então, há um grande interesse sobre o tema neste momento”, afirma.

“O material reúne um conjunto de soluções em compostagem (doméstica, comunitária e institucional) capaz de mudar a realidade da destinação de resíduos orgânicos no Brasil, hoje desperdiçados em aterros sanitários e lixões”, diz Marcos José de Abreu, autor do texto e ex-coordenador de Projetos Urbanos do Cepagro.

Para ele, os modelos apresentados se tratados de forma integrada representam uma inovação ainda inexplorada pelos municípios brasileiros.

Cidades saudáveis

A compostagem tem o potencial de promover a reciclagem dos resíduos orgânicos, gerar adubo e devolver à matéria orgânica seu papel natural de fertilizar os solos.

De acordo com a obra, destinar resíduos orgânicos para aterros sanitários gera desperdício econômico e é uma prática em desacordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), que prevê que somente rejeitos devem seguir para disposição final.

Apesar de se degradar rapidamente em ambientes naturais equilibrados, os resíduos orgânicos representam um problema ambiental nas cidades ao gerar chorume, emitir gases do efeito estufa e favorecer a proliferação de animais transmissores de doenças.

A reintrodução da compostagem no dia a dia busca resgatar uma alternativa de destinação dos resíduos orgânicos ambientalmente adequada, de baixo custo e facilmente assimilada pela população. Assim como promover a criação de composto orgânico de alta qualidade, que serve para adubar hortas e jardins urbanos, o que contribui para a ampliação de áreas verdes, para o aumento da biodiversidade e da segurança alimentar e do surgimento de cidades mais saudáveis e resilientes.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/11/11/como-fazer-compostagem-em-ambiente-domestico-comunitario-e-institucional/

Link para baixar o manual: http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80058/Compostagem-ManualOrientacao_MMA_2017-06-20.pdf

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Por que a Nutrologia é tão mal falada no meio médico ?

Nas últimas semanas tenho vivenciado algumas situações no consultório que merecem comentários. Vários pacientes contando que seus outros médicos criticam descaradamente condutas de Nutrólogos e desestimulam os pacientes a irem consultar com Nutrólogos. 

Mas por que isso ocorre? 

Primeiramente quero deixar claro que em partes, não tiro a razão de alguns médicos, mesmo os considerando ignorantes. Principalmente aqueles que vivenciaram ou vivenciam condutas absurdas adotadas por alguns ditos "Nutrólogos". 

A Nutrologia não é uma especialidade nova. Desde 1978 é uma especialidade médica reconhecida pela Associação Médica Brasileira. No Brasil só há duas formas de um profissional se tornar Nutrólogo, ou faz a residência de Nutrologia ou presta a prova de título da Associação Brasileira de Nutrologia.

A grande maioria dos profissionais que se dizem Nutrólogos (principalmente em redes sociais como instagram e facebook) na verdade não são Nutrólogos. Ou seja, propaganda enganosa e infração ética. Para saber se o profissional é Nutrólogo, basta digitar o nome dele aqui: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos

Caso o médico seja realmente Nutrólogo, ele terá a especialidade registrada no Conselho Federal de Medicina e terá um número de registro de qualificação de especialista (RQE).

Sendo assim, como a grande maioria desses profissionais fingem ser Nutrólogos, vários médicos acreditam que o profissional X ou Y que diz ser Nutrólogo é realmente Nutrólogo. Não buscam saber da formação dos mesmos.

Mas além de usurparem um título que não lhes pertencem, tais profissionais muitas vezes praticam atos que não fazem parte do roll de procedimentos em Nutrologia. Como por exemplo: Modulação hormonal, prescrição de anabolizantes para fins estéticos ou em quem não tem déficit. E vários médicos por puro desconhecimento pensam que isso faz parte da Nutrologia. Isso não é Nutrologia.

O prato está feito para receber críticas. Os bons Nutrólogos então "pagam o pato" pelos que fingem ser Nutrólogos e algumas vezes até pelos que são Nutrólogos realmente. Sim, existem Nutrólogos que maculam a imagem da especialidade cometendo um festival de infrações éticas, tais como:

  1. Indicando farmácia de manipulação
  2. Prescrevendo anabolizantes para fins estéticos
  3. Solicitando exames sem validação científica ou que o Conselho Federal de Medicina não autoriza
  4. Vendendo produtos em seus consultórios

Ou seja, diante de tal cenário é até compreensível que os colegas desinformados julguem o todo pela parte. O caminho na busca pela moralização da Nutrologia é árduo, mas o movimento Nutrologia Brasil (que criei em 2014) lutará incansavelmente pela divulgação/propagação da verdadeira Nutrologia. Afinal, ignorância se combate com conhecimento. 

A Nutrologia é uma especialidade linda, que transforma vidas e que merece ser respeitada. 

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Só feia ou está estragada? Como reconhecer o estado da hortaliça

 


O manuseio correto preserva a qualidade e mantém as hortaliças próprias para consumo por mais tempo: ponto contra o desperdício!

Após vencer a barreira de inserir mais hortaliças na dieta para manter uma alimentação mais saudável, o consumidor precisa ficar atento em preservar a qualidade das hortaliças para que elas conservem por mais tempo os nutrientes e o sabor. Afinal, mesmo quem não é cozinheiro sabe que o segredo para uma receita gostosa reside em utilizar bons ingredientes e, no caso das hortaliças, a qualidade está diretamente relacionada às propriedades organoléticas, ou seja, as propriedades que podem ser percebidas pelos órgãos do sentido, como sabor e textura (paladar), cor e brilho (visão) e aroma (olfato).

A hortaliça começa a perder qualidade a partir da colheita por causa de diferentes processos metabólicos como perda de água, mudança de coloração e degradação de compostos químicos. Alguns processos são desejáveis, como o amadurecimento de frutos – por exemplo, o tomate – e outros processos são reversíveis, como as folhas parcialmente murchas de alface e rúcula, mas no geral o metabolismo das hortaliças trava uma batalha contra o tempo pela qualidade.

As etapas que sucedem a colheita vão ser determinantes para manter a qualidade sensorial das hortaliças até o momento do preparo, principalmente o manuseio e o acondicionamento. “Quando as hortaliças não são manuseadas com cuidado, os processos que degradam os atributos de qualidade são acelerados e quem mais perde é o consumidor porque hortaliças de má qualidade são menos saborosas e nutritivas”, assinala a pesquisadora da Embrapa Milza Moreira Lana, especialista em pós-colheita de hortaliças.

O manuseio incorreto ou excessivo pode causar injúrias nas hortaliças e ocasionar alterações físico-químicas como oxidação e podridões. Logo, o produto machucado estraga mais rápido, fica impróprio para o consumo e entra para a estatística do desperdício.

Na lista do que não fazer durante as compras no mercado estão hábitos comuns de muitos consumidores como apertar ou apalpar as hortaliças e colocá-las no fundo do carrinho com outros itens pesados por cima. “Para a textura e o sabor estarem bons, a hortaliça precisa estar intacta.

Por isso, é essencial ter cuidado com o manuseio no momento da compra e estender esse cuidado durante o armazenamento e o preparo”, sugere Milza, ao defender a ideia de que o consumidor deve treinar o olhar para reconhecer a qualidade e o ponto ideal das hortaliças: “Muitas vezes, o brilho, o formato e a cor já são suficientes para indicar o frescor e o amadurecimento do produto”.

A refrigeração contribui para aumentar a durabilidade das hortaliças e colabora com a redução do desperdício

Depois de passar na prova do manuseio, o consumidor deve prestar atenção no modo correto de acondicionar as hortaliças em casa porque algumas espécies exigem refrigeração e outras não. Milza esclarece que a temperatura e a umidade são fatores-chave para o armazenamento adequado, apesar de não haver uma única regra aplicável a todas as hortaliças: “Temperaturas elevadas aceleram o amadurecimento de frutos e o amarelecimento das folhas, enquanto temperaturas muito baixas podem causar lesões pelo frio, principalmente em espécies de hortaliças de origem tropical como jiló e quiabo”.

Para evitar o desperdício e garantir a qualidade, o consumidor deve saber quais hortaliças podem, ou não, ser conservadas em geladeiras e congeladores. Segundo a pesquisadora, a cebola e o alho, por exemplo, preferem locais frescos e bem arejados, sempre na temperatura ambiente. Entretanto, a geladeira é o melhor lugar para armazenar hortaliças folhosas e outras como cenoura, nabo e repolho. Por ser um ambiente seco, de baixa umidade, a geladeira causa a perda de água nas hortaliças – em muitas delas, a água corresponde a mais de 90% da composição mineral. Sendo assim, para evitar que elas murchem muito rápido, o acondicionamento deve ser feito em sacos plásticos ou vasilhas tampadas.

Para aquelas hortaliças que pedem refrigeração, o consumidor deve considerar o tempo de armazenamento em geladeira porque, ainda que o frio preserve a aparência, não significa que mantém o sabor. “O frio inibe alguns processos, por exemplo, a degradação de clorofila, mas não impede que compostos relacionados ao sabor sejam perdidos. 

É possível que, após ficar além do tempo na geladeira, a hortaliça ainda se conserve bonita, apesar de insossa”, adverte Milza. Além disso, as baixas temperaturas são capazes de retardar, mas não inibir, outros processos como a conversão do açúcar em amido após um tempo. Esse é o caso da ervilha que, mesmo quando mantida em geladeira, apesar de permanecer verde e túrgida, perde o sabor adocicado e fica farinhenta e sem gosto.

A lição é que a hortaliça, mesmo refrigerada, tem, sim, prazo de validade – que, nas condições brasileiras, não ultrapassa uma semana após a compra para as maiorias das hortaliças. 

Se não for possível cumprir esse tempo, o consumidor pode recorrer ao congelamento, que estende a durabilidade das hortaliças por até 12 meses sem perda considerável do valor nutritivo e do sabor. “Em um país como o Brasil, onde há ofertas de hortaliças frescas durante todo o ano, a preferência deve sempre recair sobre o produto fresco. 

Contudo, com o congelamento, a pessoa ganha mais tempo para consumir a hortaliça que comprou, mas não teve como preparar”, orienta a pesquisadora, ao destacar que quase todas as hortaliças podem ser congeladas, com poucas exceções como as folhas consumidas cruas. Logo, recorrer ao congelador e à geladeira para manter a qualidade das hortaliças é atuar contra o desperdício de alimento.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/11/10/como-reconhecer-se-a-hortalica-esta-estragada-ou-so-e-feia/

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Restrições alimentares desnecessárias e iatrogênicas

 Quando chamei o Rodrigo Lamonier (nutricionista) pra trabalhar comigo, fui incisivo ao dizer: eu quero paciente meu comendo a maior variedade de coisas. E esse sempre foi nosso lema na clínica. O mínimo possível de restrição e se feita, só quando realmente necessária. 

Por que esse assunto ?

Porque tornou-se rotineiro pacientes chegarem apavorados, vindo de gastroenterologistas ou de outros nutricionistas, alegando que teste de "frutose no sangue" ou de lactose deu positivo. 

Muitos profissionais não tem cuidado ao repassar diagnósticos para pacientes e o pior: diagnósticos feitos erroneamente com testes com baixíssima especificidade e sensibilidade.

Vamos lá...

O teste no sangue para pesquisa de intolerância à frutose ou lactose não tem boa acurácia. O paciente pode ter um exame altamente positivo e não ter sintomas. Ou ter um exame negativo e ter sintomas. Nesses dois casos o exame mais indicado é o teste de hidrogênio expirado. 

Alguns gastroenterologistas j[a estão pedindo o exame, mas como a maioria dos planos não dão cobertura, acabam solicitando o sanguíneo. Resultado: um monte de dieta com restrição de frutose/lactose e com isso vários déficits nutricionais. 

Com relação à lactose: na nossa prática percebemos que a grande maioria dos pacientes vão tolerar alguns lácteos e isso sofrerá interferência de vários fatores, como temperatura do alimento, se foi antes ou após uma grande refeição. Também dependerá da quantidade de lactose ali presente. 

Por que não excluir alimentos com lactose? 

Porque a lactose é um açúcar que favorece a absorção do cálcio. O cálcio é importante para inúmeros sistemas no nosso corpo. E restrições desnecessárias configuram iatrogenia. Ou seja, até que se prove o contrário, se a pessoa não tem sintomas com lácteos, eles não devem ser retirados da dieta. 

Por que não excluir alimentos ricos em frutose?

As principais fontes de frutose são as frutas e elas são ricas em: vitaminas, em especial C e A, minerais, fibras e muitos antioxidantes. Ou seja, são essenciais em uma alimentação saudável e balanceada. Retirar as fontes de frutose sem que o paciente apresente intolerância real à frutose é uma iatrogenia. Gera assim como a lactose, isolamento social. 

E para aqueles que apresentam sintomas com um dos acima ou ambos?

Primeiramente tem que se fazer o exame para diagnosticar. Posteriormente iniciamos uma dieta de exclusão com duração de 8 semanas e depois um esquema de reintrodução com observação. Tudo anotado em um caderno de sintomas. 

Experiência nossa: a maioria dos pacientes voltam a consumir alimentos lácteos ou ricos em frutose. A intolerância à frutose quase nunca se confirma no teste de hidrogênio expirado e com isso o paciente não precisa fazer as restrições. E quando se manifesta é apenas transitória, até mudarmos a dieta, utilizarmos probióticos específicos e fibras. 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Pela 1ª vez na história da humanidade filhos têm QI inferior ao dos pais - Geração digital

A Fábrica de Cretinos Digitais. Este é o título do último livro do neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, em que apresenta, com dados concretos e de forma conclusiva, como os dispositivos digitais estão afetando seriamente — e para o mal — o desenvolvimento neural de crianças e jovens.

"Simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento", alerta o especialista em entrevista à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.

As evidências são palpáveis: já há um tempo que o testes de QI têm apontado que as novas gerações são menos inteligentes que anteriores.

Desmurget acumula vasta publicação científica e já passou por centros de pesquisa renomados como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Seu livro se tornou um best-seller gigantesco na França. Veja abaixo trechos da entrevista com ele.

BBC News Mundo: Os jovens de hoje são a primeira geração da história com um QI (Quociente de Inteligência) mais baixo do que a última?

Michel Desmurget: Sim. O QI é medido por um teste padrão. No entanto, não é um teste "estático", sendo frequentemente revisado. Meus pais não fizeram o mesmo teste que eu, por exemplo, mas um grupo de pessoas pode ser submetido a uma versão antiga do teste.


E, ao fazer isso, os pesquisadores observaram em muitas partes do mundo que o QI aumentou de geração em geração. Isso foi chamado de 'efeito Flynn', em referência ao psicólogo americano que descreveu esse fenômeno. Mas recentemente, essa tendência começou a se reverter em vários países.


É verdade que o QI é fortemente afetado por fatores como o sistema de saúde, o sistema escolar, a nutrição, etc. Mas se considerarmos os países onde os fatores socioeconômicos têm sido bastante estáveis por décadas, o 'efeito Flynn' começa a diminuir.

Nesses países, os "nativos digitais" são os primeiros filhos a ter QI inferior ao dos pais. É uma tendência que foi documentada na Noruega, Dinamarca, Finlândia, Holanda, França, etc.

BBC News Mundo: E o que está causando essa diminuição no QI?

Desmurget: Infelizmente, ainda não é possível determinar o papel específico de cada fator, incluindo por exemplo a poluição (especialmente a exposição precoce a pesticidas) ou a exposição a telas. O que sabemos com certeza é que, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um efeito significativo em seu QI. Vários estudos têm mostrado que quando o uso de televisão ou videogame aumenta, o QI e o desenvolvimento cognitivo diminuem.

Os principais alicerces da nossa inteligência são afetados: linguagem, concentração, memória, cultura (definida como um corpo de conhecimento que nos ajuda a organizar e compreender o mundo). Em última análise, esses impactos levam a uma queda significativa no desempenho acadêmico.

BBC News Mundo: E por que o uso de dispositivos digitais causa tudo isso?

Desmurget: As causas também são claramente identificadas: diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc.); perturbação do sono, que é quantitativamente reduzida e qualitativamente degradada; superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral.

BBC News Mundo: Que dano exatamente as telas causam ao sistema neurológico?

Desmurget: O cérebro não é um órgão "estável". Suas características 'finais' dependem da nossa experiência. O mundo em que vivemos, os desafios que enfrentamos, modificam tanto a estrutura quanto o seu funcionamento, e algumas regiões do cérebro se especializam, algumas redes são criadas e fortalecidas, outras se perdem, algumas se tornam mais densas e outras mais finas.

Observou-se que o tempo gasto em frente a uma tela para fins recreativos atrasa a maturação anatômica e funcional do cérebro em várias redes cognitivas relacionadas à linguagem e à atenção.

Deve-se ressaltar que nem todas as atividades alimentam a construção do cérebro com a mesma eficiência.


BBC News Mundo: O que isso quer dizer?

Desmurget: Atividades relacionadas à escola, trabalho intelectual, leitura, música, arte, esportes… todas têm um poder de estruturação e nutrição muito maior para o cérebro do que as telas.

Mas nada dura para sempre. O potencial para a plasticidade cerebral é extremo durante a infância e adolescência. Depois, ele começa a desaparecer. Ele não vai embora, mas se torna muito menos eficiente.

O cérebro pode ser comparado a uma massa de modelar. No início, é úmida e fácil de esculpir. Mas, com o tempo, fica mais seca e muito mais difícil de modelar. O problema com as telas é que elas alteram o desenvolvimento do cérebro de nossos filhos e o empobrecem.

BBC News Mundo: Todas as telas são igualmente prejudiciais?

Desmurget: Ninguém diz que a "revolução digital" é ruim e deve ser interrompida. Eu próprio passo boa parte do meu dia de trabalho com ferramentas digitais. E quando minha filha entrou na escola primária, comecei a ensiná-la a usar alguns softwares de escritório e a pesquisar informações na internet.

Os alunos devem aprender habilidades e ferramentas básicas de informática? Claro. Da mesma forma, pode a tecnologia digital ser uma ferramenta relevante no arsenal pedagógico dos professores? Claro, se faz parte de um projeto educacional estruturado e se o uso de um determinado software promove efetivamente a transmissão do conhecimento.

Porém, quando uma tela é colocada nas mãos de uma criança ou adolescente, quase sempre prevalecem os usos recreativos mais empobrecedores. Isso inclui, em ordem de importância: televisão, que continua sendo a tela número um de todas as idades (filmes, séries, clipes, etc.); depois os videogames (principalmente de ação e violentos) e, finalmente, na adolescência, um frenesi de autoexposição inútil nas redes sociais.

BBC News Mundo: Quanto tempo as crianças e os jovens costumam passar em frente às telas?

Desmurget: Em média, quase três horas por dia para crianças de 2 anos, cerca de cinco horas para crianças de 8 anos e mais de sete horas para adolescentes.

Isso significa que antes de completar 18 anos, nossos filhos terão passado o equivalente a 30 anos letivos em frente às telas ou, se preferir, 16 anos trabalhando em tempo integral!

É simplesmente insano e irresponsável.

BBC News Mundo: Quanto tempo as crianças devem passar em frente a telas?

Desmurget: Envolver as crianças é importante. Eles precisam ser informados de que as telas danificam o cérebro, prejudicam o sono, interferem na aquisição da linguagem, enfraquecem o desempenho acadêmico, prejudicam a concentração, aumentam o risco de obesidade, etc.

Alguns estudos mostram que é mais fácil para crianças e adolescentes seguirem as regras sobre telas quando sua razão de ser é explicada e discutida com eles. A partir daí, a ideia geral é simples: em qualquer idade, o mínimo é o melhor.

Além dessa regra geral, diretrizes mais específicas podem ser fornecidas com base na idade da criança. Antes dos seis anos, o ideal é não ter telas (o que não significa que de vez em quando você não possa assistir a desenhos com seus filhos).

Quanto mais cedo forem expostos, maiores serão os impactos negativos e o risco de consumo excessivo subsequente.

A partir dos seis anos, se os conteúdos forem adaptados e o sono preservado, o tempo em frente a tela pode chegar até meia hora ou até uma hora por dia, sem uma influência negativa apreciável.

Outras regras relevantes: sem telas pela manhã antes de ir para a escola, nada à noite antes de ir para a cama ou quando estiver com outras pessoas. E, acima de tudo, sem telas no quarto.

Mas é difícil dizer aos nossos filhos que as telas são um problema quando nós, como pais, estamos constantemente conectados aos nossos smartphones ou consoles de jogos.

BBC News Mundo: Por que muitos pais desconhecem os perigos das telas?

Desmurget: Porque a informação dada aos pais é parcial e tendenciosa. A grande mídia está repleta de afirmações infundadas, propaganda enganosa e informações imprecisas. A discrepância entre o conteúdo da mídia e a realidade científica costuma ser perturbadora, se não enfurecedora. Não quero dizer que a mídia seja desonesta: separar o joio do trigo não é fácil, mesmo para jornalistas honestos e conscienciosos.

Mas não é surpreendente. A indústria digital gera bilhões de dólares em lucros a cada ano. E, obviamente, crianças e adolescentes são um recurso muito lucrativo. E para empresas que valem bilhões de dólares, é fácil encontrar cientistas complacentes e lobistas dedicados.

Recentemente, uma psicóloga, supostamente especialista em videogames, explicou em vários meios de comunicação que esses jogos têm efeitos positivos, que não devem ser demonizados, que não jogá-los pode ser até uma desvantagem para o futuro de uma criança, que os jogos mais violentos podem ter ações terapêuticas e ser capaz de aplacar a raiva dos jogadores, etc.

O problema é que nenhum dos jornalistas que entrevistaram esse "especialista" mencionou que ela trabalhava para a indústria de videogames. E este é apenas um exemplo entre muitos descritos em meu livro.

Isso não é algo novo: já aconteceu no passado com o tabaco, aquecimento global, pesticidas, açúcar, etc.

Mas acho que há espaço para esperança. Com o tempo, a realidade se torna cada vez mais difícil de negar.

BBC News Mundo:Há estudos que afirmam, por exemplo, que os videogames ajudam a obter melhores resultados acadêmicos…

Desmurget: Digo com franqueza: isso é um absurdo.

Essa ideia é uma verdadeira obra-prima de propaganda. Baseia-se principalmente em alguns estudos isolados com dados imprecisos, que são publicados em periódicos secundários, pois muitas vezes se contradizem.

Em uma interessante pesquisa experimental, consoles de jogos foram dados a crianças que iam bem na escola. Depois de quatro meses, elas passaram mais tempo jogando e menos fazendo o dever de casa. Suas notas caíram cerca de 5% (o que é muito em apenas quatro meses!).

Em outro estudo, as crianças tiveram que aprender uma lista de palavras. Uma hora depois, algumas puderam jogar um jogo de corrida de carros. Duas horas depois, foram para a cama.

Na manhã seguinte, as crianças que não jogaram lembravam cerca de 80% da aula em comparação com 50% das que jogaram.

Os autores descobriram que brincar interferia no sono e na memorização.

BBC News Mundo: Como o Sr. acha que os membros dessa geração digital serão quando se tornarem adultos?

Desmurget: Costumo ouvir que os nativos digitais sabem "de maneira diferente". A ideia é que embora apresentem déficits linguísticos, de atenção e de conhecimento, são muito bons em "outras coisas". A questão está na definição dessas "outras coisas".

Vários estudos indicam que, ao contrário das crenças comuns, eles não são muito bons com computadores. Um relatório da União Europeia explica que a baixa competência digital impede a adoção de tecnologias educacionais nas escolas.

Outros estudos também indicam que eles não são muito eficientes no processamento e entendimento da vasta quantidade de informações disponíveis na internet.

Então, o que resta? Eles são obviamente bons para usar aplicativos digitais básicos, comprar produtos online, baixar músicas e filmes, etc.

Para mim, essas crianças se assemelham às descritas por Aldous Huxley em seu famoso romance distópico Admirável Mundo Novo: atordoadas por entretenimento bobo, privadas de linguagem, incapazes de refletir sobre o mundo, mas felizes com sua sina.

BBC News Mundo: Alguns países estão começando a legislar contra o uso de telas?

Desmurget: Sim, especialmente na Ásia. Taiwan, por exemplo, considera o uso excessivo de telas uma forma de abuso infantil e aprovou uma lei que estabelece multas pesadas para pais que expõem crianças menores de 24 meses a qualquer aplicativo digital e que não limita o tempo de tela de meninos entre 2 e 18 anos.

Na China, as autoridades tomaram medidas drásticas para regulamentar o consumo de videogames por menores: crianças e adolescentes não podem mais brincar à noite (entre 22h e 8h) ou ultrapassar 90 minutos de exposição diária durante a semana (180 minutos nos finais de semana e férias escolares).

BBC News Mundo: O Sr. acredita que é bom que existam leis que protegem as crianças das telas?

Desmurget: Não gosto de proibições e não quero que ninguém me diga como criar minha filha. No entanto, é claro que as escolhas educacionais só podem ser exercidas livremente quando as informações fornecidas aos pais são honestas e abrangentes.

Acho que uma campanha de informação justa sobre o impacto das telas no desenvolvimento com diretrizes claras seria um bom começo: nada de telas para crianças de até seis anos de idade e não mais do que 30-60 minutos por dia.

BBC News Mundo: Se essa orgia digital, como você a define, não para, o que podemos esperar?

Desmurget: Um aumento das desigualdades sociais e uma divisão progressiva da nossa sociedade entre uma minoria de crianças preservadas desta "orgia digital" — os chamados alfas do livro de Huxley —, que possuirão, através da cultura e da linguagem, todas as ferramentas necessárias pensar e refletir sobre o mundo, e uma maioria de crianças com ferramentas cognitivas e culturais limitadas — os chamados gamas na mesma obra —, incapazes de compreender o mundo e agir como cidadãos cultos.

Os alfas frequentarão escolas particulares caras com professores humanos "reais". Já os gamas irão para escolas públicas virtuais com suporte humano limitado, onde serão alimentados com uma pseudo-linguagem semelhante à "novilíngua" de (George) Orwell (em 1984) e aprenderão as habilidades básicas de técnicos de médio ou baixo nível (projeções econômicas dizem que este tipo de empregos serão super-representados na força de trabalho de amanhã).

Um mundo triste em que, como disse o sociólogo Neil Postman, eles vão se divertir até a morte. Um mundo no qual, através do acesso constante e debilitante ao entretenimento, eles aprenderão a amar sua servidão. Desculpe por não ser mais otimista.

Talvez (e espero que sim) eu esteja errado. Mas simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento.

Reposição de testosterona em mulheres - Por Dr. Bruno Halpern

É muito comum receber pacientes mulheres jovens em uso de reposição de testosterona, após algum médico dizer-lhe que seus níveis estavam muito baixos. No entanto, precisamos questionar essa indicação, por vários motivos.

Em primeiro lugar, os ensaios laboratoriais para dosagem de testosterona foram aprimorados ao longo dos anos para medir níveis altos (masculinos). Assim, esses ensaios tendem a ser falhos quando dosam níveis baixos e não existe um valor inferior do método bem definido, abaixo do qual poderíamos fazer um diagnóstico de deficiência de testosterona em mulheres. Além disso, é preciso se questionar: qual seria a causa da testosterona baixa? Em mulheres com ciclos menstruais preservados, sem alterações no ovário, é improvável que haja alguma que justifique. Na verdade, há sim uma causa: uso de anticoncepcionais com poder anti-androgênico maior (isto é, q iniba mais a testosterona). Nesse caso, porém, se a mulher tiver alguma queixa específica, a melhor solução seria a troca de anticoncepcional e não a reposição de testosterona.

Nesse caso, portanto, a reposição de testosterona antes da menopausa não costuma ser indicada e há riscos de excesso de virilização. Dosar testosterona em mulheres serve para quando suspeitamos de níveis altos e não baixos, pelas razões citadas.

Após a menopausa, o uso pode ser recomendado para mulheres com síndrome do desejo sexual hipoativo (q tem critérios diagnósticos que não incluem a dosagem de testosterona), mas atualmente vemos que o uso está exagerado, sem uma indicação clara, e também com riscos de doses excessivas.

Uma diretriz global conclui que não temos estudos para recomendar o uso de testosterona em mulheres antes da menopausa.

O assunto é longo, mas a mensagem principal que quero deixar é: não existe diagnóstico de “testosterona baixa” em mulheres baseados em exames, em nenhuma faixa etária! 

Ref: Davis. Global consensus position statement on the use of testosterone therapy for women. JCEM 2019 #testosterona #reposicaohormonal #menopausa #libidofeminina Ver menos

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