- Hipogonadismo
- Caquexia: seja por HIV, Câncer, Doença pulmonar obstrutiva crônica, Miastenia gravis,
- Para o tratamento de anemias causadas pela produção deficiente de eritrócitos; anemia aplástica congênita, anemia aplástica adquirida, a mielofibrose e as anemias hipoplásticas;
- Insuficiência renal cursando com desnutrição, sarcopenia e caquexia
- Sarcopenia
- Angioedema hereditário
- Grandes queimados
- Puberdade tardia
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Prescrição de esteróides anabolizantes para fins estéticos - Uma prática condenada pelo Conselho Federal de Medicina
Ingerir qualquer quantidade de álcool não é seguro para a saúde cerebral e pode causar danos ao cérebro
Segundo um novo estudo: Não há um nível seguro de consumo de álcool. O aumento do consumo de álcool foi associado a uma pior saúde cerebral.
O estudo observacional, que ainda não foi revisado por pares, pesquisadores da Universidade de Oxford estudaram a relação entre o consumo auto-relatado de álcool de cerca de 25.000 pessoas no Reino Unido e suas ferramentas de varredura cerebrais.
Os pesquisadores notaram que beber tinha um efeito na massa cinzenta do cérebro - regiões do cérebro que resultaram "partes importantes onde a informação é processada", de acordo com a autora principal Anya Topiwala, pesquisadora clínica sênior de Oxford.
"Quanto mais as pessoas bebiam, menor era o volume de sua massa cinzenta", disse Topiwala por e-mail.
“O volume do cérebro diminui com a idade e mais severamente com a demência. O volume do cérebro menor também prediz um pior desempenho nos testes de memória”, explicou ela.
Embora o álcool tenha contribuído apenas com uma pequena contribuição para isso (0,8%), foi uma contribuição maior do que outros fatores de risco 'modificáveis'", disse ela, explicando que os fatores de risco modificáveis são "aqueles pelos quais você pode fazer algo, em contraste com o envelhecimento."
O tipo de álcool não importa
A equipe também investigou se certos padrões de consumo de álcool, tipos de bebida e outras condições de saúde fizeram diferença no impacto do álcool na saúde do cérebro.
Eles descobriram que não havia um nível "seguro" de bebida - o que significa que consumir qualquer quantidade de álcool era pior do que não beber. Eles também não encontraram evidências de que o tipo de bebida - como vinho, destilados ou cerveja - afetou os danos ao cérebro.
No entanto, certas características, como pressão alta, obesidade ou consumo excessivo de álcool, podem colocar as pessoas em maior risco, acrescentaram os pesquisadores.
“Tantas pessoas bebem 'moderadamente' e pensam que isso é inofensivo ou mesmo protetor”, disse Topiwala à CNN por e-mail.
“Como ainda não encontramos uma 'cura' para doenças neurodegenerativas como a demência, conhecer os fatores que podem prevenir danos cerebrais é importante para a saúde pública”, acrescentou.
Sem limite seguro
Os riscos do álcool são conhecidos há muito tempo: estudos anteriores descobriram que não há quantidade de licor, vinho ou cerveja que seja segura para sua saúde geral.
O álcool foi o principal fator de risco para doenças e morte prematura em homens e mulheres com idades entre 15 e 49 anos em todo o mundo em 2016, sendo responsável por quase uma em cada 10 mortes, de acordo com um estudo publicado no The Lancet em 2018.
"Embora ainda não possamos dizer com certeza se não há 'nenhum nível seguro' de álcool em relação à saúde do cérebro no momento, já se sabe há décadas que beber muito faz mal à saúde do cérebro", Sadie Boniface, chefe de pesquisa da o Instituto de Estudos do Álcool do Reino Unido, disse à CNN por e-mail.
"Também não devemos esquecer que o álcool afeta todas as partes do corpo e há vários riscos à saúde", disse Boniface, que não participou do estudo da Universidade de Oxford.
Tony Rao, pesquisador clínico visitante de Psiquiatria para Idosos do King's College London, disse à CNN que, dado o grande tamanho da amostra, é improvável que as descobertas do estudo tenham surgido por acaso.
Rao disse que o estudo replica pesquisas anteriores que mostraram não haver limite seguro no nível de consumo de álcool por seu papel nos danos à estrutura e função do cérebro humano.
"Pesquisas anteriores descobriram que mudanças sutis que demonstram danos ao cérebro podem se apresentar de maneiras que não são imediatamente detectáveis em testes de rotina da função intelectual e podem progredir sem verificação até que se apresentem com mudanças mais perceptíveis na memória", disse ele.
"Mesmo em níveis de consumo de baixo risco", disse ele, "há evidências de que o consumo de álcool desempenha um papel maior nos danos ao cérebro do que se pensava anteriormente. O estudo (Oxford) descobriu que esse papel era maior do que muitos outros fatores de riscos modificáveis, como fumar."
"A interação com a hipertensão e a obesidade no aumento dos danos causados pelo álcool ao cérebro enfatiza o papel mais amplo da dieta e do estilo de vida na manutenção da saúde do cérebro", acrescentou.
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EndoNews: Lifelong Learning
sexta-feira, 14 de maio de 2021
A personalização do tratamento médico
- Sua história de vida
- Sua genética (história patológica familiar)
- Sua história patológica pregressa
- Suas preferências alimentares
- Sua dinâmica ao longo do dia, desde quando acorda até hora de dormir
- O contexto social em que ele está inserido.
- O ambiente em que ele está vivendo
- As relações interpessoais
- Suas fontes de prazer
- Suas alergias
- Os tratamentos que já foram feitos e não deram certo
- Mudanças que já foram feitas e deram resultado
- Seu(s) propósito(s) de vida
- Inicialmente o paciente que escolhe o tipo de dieta que ele quer seguir.
- Se ele não tivesse experiência com aquela dieta, encaminharíamos o paciente para um outro nutricionista.
- Isso é personalizar o tratamento.
- Isso é reconhecer a real demanda do paciente.
- Isso é respeitar a necessidade do paciente.
- Isso é cuidar.
- Escuta
- Tempo
- Estudo
- Raciocínio clínico em cima de cada caso
- Paciência e perspicácia para aguardar e avaliar os desfechos.
quinta-feira, 13 de maio de 2021
Pão de fermentação natural x fermentação química
- Gera uma resposta glicêmica melhor;
- Possui digestibilidade e absorção mais facilitada, o que é muito positivo, principalmente em pacientes com intolerâncias alimentares;
- Resulta em menor produção de gases intestinais;
- Sabor mais marcante do que o de fermentação química;
- Alguns pacientes também relatam ter menos sintomas gastroesofágicos (refluxo) e mais saciedade.
- Logo, caso você tenha acesso ao pão de fermentação natural, ele pode sim ser uma ótima opção para seu cardápio.
Medicina integrativa, será que estão integrando verdadeiramente o paciente ?
Toda a nossa medicina ocidental é baseada na tradição hipocrática do pensamento médico. O exame clínico foi todo moldado nos princípios do método hipocrático. Ou seja, resume-se a “observar, estudar o paciente e não somente a doença, avaliar honestamente e ajudar a natureza”. A visão integradora de Hipócrates permeia toda a sua obra. Logo, a tradição hipocrática em sua essência é totalmente integrativa e acima de tudo ética.
O Dr. Paulo de Tarso Lima, médico cirurgião de São Paulo, foi até a Universidade do Arizona beber da fonte e conhecer mais de perto o berço do movimento. A ideia do Dr. Paulo é excelente. Criou inclusive um pós-graduação na área (a pioneira no Brasil). É o idealizador e cofundador do serviço de Medicina Integrativa do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo - SP.
Os princípios da chamada "Medicina integrativa" foram corrompidos por alguns profissionais, que viram nessa "nova especialidade" uma forma de:
- Lucrarem,
- Venderem produtos,
- Criarem doenças inexistentes,
- Defenderem valores de referência supra-ótimos,
- Agregarem práticas que são proibidas pelo Conselho Federal de Medicina. Resolução Nº1999/2012.
- Paciente e praticante são parceiros no processo de cura.
- Todos os fatores que influenciam a saúde, bem-estar e doença são levados em consideração, incluindo mente, espírito e comunidade, bem como o corpo
- O uso apropriado de métodos convencionais e alternativos facilita a resposta de cura inata do corpo.
- Intervenções eficazes, naturais e menos invasivas devem ser usadas sempre que possível. A medicina integrativa não rejeita a medicina convencional nem aceita terapias alternativas sem crítica.
- O bom “remédio” é baseado em boa ciência. É orientado pela investigação e aberto a novos paradigmas. Juntamente com o conceito de tratamento, os conceitos mais amplos de promoção da saúde e prevenção de doenças são primordiais.
- Praticantes da "medicina integrativa" devem exemplificar seus princípios e comprometer-se com a autoexploração e o autodesenvolvimento. Desse modo, pode-se clarificar a importância da relação terapêutica, a abordagem do paciente como um todo, a orientação para a “cura/melhoria” e a participação ativa do paciente no tratamento.
A medicina integrativa pode ser entendida como a “combinação” da medicina convencional com a medicina complementar, com base em evidências científicas e com a finalidade de oferecer maior variedade de opções terapêuticas aos pacientes."
Resumindo: na teoria a "Medicina integrativa' é bonita e o modelo ideal no exercício da Medicina, na minha concepção. Porém o que se vê são médicos e profissionais da área da saúde que usurpam o termo e propagam teorias como se elas fizessem parte da grade do que é estudado na Medicina integrativa. Médicos que criam suas próprias teorias e saem por aí afirmando que aquilo faz parte da "Medicina Integrativa".
Exemplo bem simples: prescrição de anabolizantes para quem não tem indicação. Indo mais além, prescrição de anabolizantes para fins estéticos. Prescrição de medicações que ainda têm pouca ou nenhuma evidência da eficácia ou segurança. Restrições alimentares infundadas. Utilização de exames não reconhecidos pelas sociedades médicas. Demonização da indústria farmacêutica e prescrição exagerada de formulações manipuladas, elaboradas de forma irracional.
Integração é acima de tudo:
- Respeitar o paciente,
- Enxergá-lo de forma global,
- Não ignorar a ciência,
- Não aceitar estudos fajutos como evidência de algo.
O programa de pós-graduação do Einstein contempla terapias de toque, técnicas que trabalham a conexão mente/corpo e as medicinas chinesa e indiana. Mas deixa claro a necessidade de a todo momento se fazer uma análise crítica e realizarem ensaios clínicos para a ciência evidenciar o que realmente funciona e merece ser incorporado à prática clínica cotidiana. A universidade de Harvard tem em seu site, uma parte que trata de Medicina complementar: https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2 Na qual visa mostrar quais evidências existem em diversas práticas.
Alguma das áreas estudas e defendidas pelo "Medicina integrativa":
Origem: China Antiga
Principais indicações: dor nas costas, dor de cabeça, problemas nas articulações, pressão alta, sintomas indesejados da menopausa e da gravidez, ansiedade, depressão, insônia, efeitos adversos de tratamento contra o câncer, distúrbios cognitivos.
Contraindicações: pessoas com alergia intensa ou lesões na pele, muita sensibilidade a agulhas, fobia de ser picada e imunidade baixa.
Onde faltam evidências: enxaqueca crônica, tratamento de alguns tipos de câncer, doenças cardíacas agudas."
Origem: embora o uso da música em rituais terapêuticos remonte à Antiguidade, sua entrada pra valer na medicina moderna se deu na década de 1960.
Principais indicações: controle do estresse, dores agudas e crônicas, ansiedade, depressão, distúrbios cognitivos, autismo, recuperação no câncer.
Contraindicações: vítimas recentes de derrame e portadores de epilepsia musicogênica (condição rara em que os estímulos sonoros provocam convulsões).
Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas que geram estados de excitação e alucinação."
"Homeopatia: Quem é que nunca fez (ou pelo menos já ouviu falar em alguém que fez) um tratamento com gotinhas ou comprimidos homeopáticos? Desde que a Associação Médica Brasileira a reconheceu como uma especialidade em 1980, a homeopatia se tornou bastante popular no país. Tal avanço não eliminou, contudo, a desconfiança de uma extensa parcela dos próprios médicos, que acreditam na falta de evidências capazes de legitimar seu uso. “A medicina hoje é muito atrelada ao mercado e a indústria farmacêutica teme a homeopatia pelo fato de que ela é simples, mais barata e contraria o filão dos laboratórios, que é a doença em si”, opina o pediatra e homeopata Renan Marino, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Marino desenvolveu uma experiência pioneira com um remédio homeopático frente à epidemia de dengue que assolava essa cidade no interior paulista. Cerca de 20 mil doses foram distribuídas entre a população e houve uma queda de 80% no número de casos da infecção registrados — e nenhuma pessoa evoluiu para a forma hemorrágica e mais grave da doença. Hoje, o especialista investiga o potencial da homeopatia em crianças com hiperatividade. “Em 80% dos casos, podemos tirar a droga normalmente receitada e só o homeopático já consegue equilibrar a agitação”, conta. Apesar desses resultados, há pesquisadores que questionam sua eficácia e modo de ação. O médico alemão Edzard Ernst, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, afirma, depois de inúmeras investigações no campo das terapias alternativas, que seu efeito não passa de placebo. “Um remédio homeopático costuma ser tão diluído que não chega a ter qualquer molécula ativa. Há quem defenda que algum tipo de energia é transferido ao produto no processo de diluição, mas essa hipótese é implausível”, diz. Com base nisso, Ernst salienta que a homeopatia não deveria substituir intervenções convencionais diante de um problema de saúde mais grave.
Origem: criada pelo alemão Samuel Hahnemann no século 19 com base em princípios descritos pelo grego Hipócrates no século 4 a.C.
Indicações: pode ser usada sozinha ou junto a um tratamento convencional em diferentes problemas, como resfriados, bronquite e sinusite, doenças que geram dor crônica e queimaduras.
Contraindicações: não há, a menos que existam reações adversas a compostos específicos.
Onde faltam evidências: Infecções severas, alergias e dermatites intensas, quadros que cobram internação."
"Fitoterápicos: Um dos hábitos mais antigos da humanidade é recorrer à natureza para abrandar males do corpo e da alma. E não é à toa que uma porção de remédios, hoje fabricados por farmacêuticas, tem seu princípio ativo baseado em substâncias encontradas originalmente em plantas. A fitoterapia se apoia justamente no princípio de usar o que o reino vegetal oferece para tratar doenças e isso pode ser feito por meio de extratos, infusões, cápsulas, pomadas... Sua força no Brasil parece vir das nossas heranças históricas — basta pensar na cultura indígena — e da diversidade da nossa flora. Acontece que, a exemplo de outras práticas, o uso de plantas carece do carimbo científico, ainda mais porque dosagens e combinações equivocadas são capazes de derrubar o organismo. Felizmente, muitas instituições, como a Universidade Estadual de Campinas e a Federal de Santa Catarina, investem na pesquisa de fitoterápicos. E, antenado à tendência, o próprio SUS oferece 12 extratos de plantas em sua rede. “São fitoterápicos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em critérios de eficácia e segurança”, diz Carlos Gadelha, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (confira no esquema ao lado).
Origem: plantas são usadas como remédios em todo o mundo desde a pré-história.
Principais indicações: dores, processos inflamatórios, problemas gastrointestinais e do aparelho respiratório e colesterol alto
Contraindicações: em tese, todos os fitoterápicos podem apresentar riscos e efeitos adversos, daí a necessidade de uma indicação médica.
"Aromaterapia: O químico francês René Gattefossé descobriu quase sem querer, nos anos 1920, o poder dos óleos essenciais: depois de queimar a mão, ele percebeu que o aroma da lavanda acalmava a dor. De lá pra cá, essa estratégia foi estendida para uma legião de plantas e virou abordagem terapêutica, a aromaterapia. Hoje, em países como Inglaterra e França, ela deixou spas para ser incorporada ao ambiente hospitalar. O óleo de lavanda, um dos mais famosos, já é usado em alas de queimados devido ao seu efeito calmante e analgésico. O potencial do método se deve à alta concentração do princípio ativo presente no óleo: o efeito de uma gota equivaleria ao de 25 xícaras do chá. “No tratamento, levamos em conta as queixas do paciente e suas preferências aromáticas. O uso pode ser feito por meio de cremes, sabonete líquido, massagem com o óleo ou através de um vaporizador”, explica Sandra Spiri, presidente da Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia. Hoje a principal ação dos óleos essenciais é o combate ao estresse e à ansiedade, o que justificaria, segundo novos trabalhos, seu benefício cardiovascular. Na Universidade Médica Taipei, em Taiwan, notou-se que uma curta exposição ao óleo de tangerina, por exemplo, ajuda a baixar a pressão arterial.
Origem: há relatos de que, na Antiguidade, egípcios, romanos, hindus e chineses já usavam óleos essenciais. Mas a terapia entrou na era científica com o químico francês René Gattefossé, no início do século 20.
Principais indicações: controle de estresse, ansiedade e dores.
Contraindicações: idosos ou pessoas que tomam muitos medicamentos, indivíduos com alergia e gestantes.
Onde faltam evidências: quadros de náusea e vômito intensos; o uso terapêutico isolado é, muitas vezes, pouco efetivo."
Origem: o termo e seus precursores, Jean-Martin Charcot, Josef Beurer e Sigmund Freud, vêm do final do século 19.
Principais indicações: distúrbios psicológicos, transtornos sexuais e alimentares, controle da dor, de vícios e manias, insônia.
Contraindicações: não há, mas é ineficaz em pessoas não-suscetíveis.
Onde faltam evidências: como anestésico em cirurgias de grande porte, dores agudas e doenças nervosas."
"Técnicas de respiração: Uma ação simples e até obrigatória para o organismo vem sendo explorada como coadjuvante no tratamento de distúrbios psicológicos. Trabalhar o ritmo da respiração, utilizando mais o diafragma (o músculo que impulsiona o inspirar e o expirar) e controlando a entrada e a saída de ar, é uma tática bem-sucedida para subjugar e afastar ataques de pânico e ansiedade, como indicam estudos do psiquiatra Antonio Egidio Nardi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Isso ajuda a complementar o tratamento com remédios", diz. Há diversos treinos de respiração e um dos mais famosos é o método Sudarshan Krya, do ioga, tema de trabalhos na Universidade Harvard que demonstraram sua eficácia no controle do estresse, colesterol e insônia. Num experimento do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), os médicos observaram que exercícios respiratórios melhoraram os níveis de pressão arterial de idosos. “O ritmo de respiração mais lento ativa o lado calmo do sistema nervoso autônomo, estimulando o relaxamento dos vasos”, justifica o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho. Esta e outras técnicas ainda colaboram para controlar a asma e minorar a dor no parto.
Origem: algumas técnicas, como a do ioga, têm registros milenares
Principais indicações: controle do estresse, de crises de ansiedade, ataques de pânico, dores agudas e da pressão arterial.
Contraindicações: a princípio, não há.
Onde faltam evidências: até agora, não há evidências contrárias, mas o uso terapêutico isolado não controla totalmente doenças crônicas."
"Meditação: Pessoas que dedicam um espaço da agenda a essa desconexão com o mundo — e olha que existem diversas formas de meditação — não só viveriam menos abatidas pelo estresse como estariam mais blindadas contra doenças. Um trabalho da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, acaba de demonstrar, depois de um teste com 154 voluntários, que indivíduos que meditam meia hora por dia correm menor risco de sofrer com gripes e resfriados e perder dias de trabalho por isso. “É provável que, interferindo no sistema nervoso, a prática ajude a regular a imunidade”, diz o autor, Bruce Barrett. Além da verve preventiva, a meditação também tem passado nas provas que avaliam sua capacidade de melhorar sintomas e dar qualidade de vida: há estudos com resultados positivos em hipertensão, esclerose múltipla e doença de Parkinson. “Estamos avaliando, com exames de ressonância magnética, o impacto da meditação tibetana em pessoas que sofreram danos cognitivos por causa da quimioterapia”, conta Paulo de Tarso Lima, do Hospital Albert Einstein.
Origem: depende do tipo (budista, cristã, transcendental...). A prática está ligada a religiões e culturas orientais desde a Antiguidade
Principais indicações: gerenciamento do estresse, controle da dor, ansiedade e depressão, distúrbios nervosos, controle de efeitos colaterais de terapias agressivas.
Contraindicações: a princípio, não existem, mas a prática tem de ser devidamente orientada.
Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas em crise, tratamento do câncer em si."
"Massagem: Ninguém duvida do poder relaxante de uma boa massagem, mas os profissionais da área ainda lutam para diferenciar uma simples sessão antiestresse (feita até no shopping) de uma intervenção capaz de fazer o corpo reagir a algum desconforto ou problema de saúde. Embora a base seja a mesma — manipular tecidos moles do corpo —, existem várias categorias de massagem: sueca, chinesa, shiatsu, clínica... A exemplo de outras terapias, essa abordagem deve seus louros a minimizar a tensão e toda a cascata de irregularidades desencadeada por ela, como cansaço constante, dores musculares e pressão alta. Isso porque o estado de relaxamento propiciado em uma sessão baixa a concentração de cortisol, o hormônio do estresse, e melhora a qualidade do sono, imprescindível para manter o sistema nervoso sob equilíbrio. Mas a técnica pode se prestar também a efeitos mais localizados. Um estudo capitaneado pela Universidade Duke, nos EUA, aponta que, quando aplicada uma hora por dia toda semana, a massagem sueca, marcada por manipulações mais intensas focadas na musculatura, é eficaz no controle da dor em pessoas com artrose no joelho, problema que não raro resiste a tratamentos convencionais. Hoje, aliás, se busca distinguir os conceitos de massagem terapêutica e clínica. “A primeira é mais de caráter preventivo, enquanto a segunda visa intervir para ajudar a corrigir um problema”, diz Rogério Pires, presidente da Associação Brasileira de Massoterapia Clínica.
Origem: é uma prática milenar que faz parte, desde a Antiguidade, da cultura indiana, chinesa, tailandesa, romana e egípcia.
Principais indicações: controle do estresse, melhoria da qualidade do sono, gerenciamento da dor, constipação intestinal e recuperação de problemas musculares.
Contraindicações: pessoas em tratamento contra alguns tipos de câncer, indivíduos com varizes acentuadas ou diante de um processo inflamatório acentuado na pele ou nas articulações.
Onde faltam evidências: dores agudas e intensas, alguns tipos de câncer, lesões ortopédicas."
"Quiropraxia: Quem já ouviu falar nesse método, bastante popular nos Estados Unidos, tende a pensar que ele é uma espécie de massagem com estalos nas costas. Mas a proposta vai além disso. “Por meio de movimentos precisos na coluna, que por vezes geram estalidos, a quiropraxia visa melhorar o alinhamento das vértebras para que a comunicação do sistema nervoso com a periferia se dê de forma mais harmoniosa”, explica Ana Paula Facchinato, coordenadora do curso de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. O principal alvo da técnica é, de fato, toda a extensão da coluna vertebral, e há situações em que seu potencial supera o de remédios. Um estudo da Universidade de Ciências da Saúde Northwestern, nos EUA, revelou recentemente que técnicas de manipulação como a quiropraxia são mais eficazes em controlar dores na região do pescoço que medicamentos e exercícios caseiros. Só vale lembrar que, antes de recorrer ao método, é preciso fazer uma avaliação detalhada da origem do incômodo, até porque em alguns quadros de hérnia de disco e osteoporose ela é contraindicada.
Principais indicações: dor na lombar, dor no pescoço, problemas decorrentes de postura e de alterações no corpo (como gestantes).
Contraindicações: osteoporose grave, hérnia de disco e doenças reumatológicas em crise, vítimas de derrame e algumas pessoas com histórico de câncer.
Onde faltam evidências: tratamento de dores agudas ligadas à hérnia de disco ou reumatismos."
- https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2
- https://revistamedicinaintegrativa.com/estado-da-arte-da-medicina-integrativa-no-mundo/
- http://medintegrativa.com.br/medicina-integrativa/
- http://medintegrativa.com.br/sobre/
- https://www.einstein.br/especialidades/hematologia/atendimento-consultas/medicina-integrativa
- http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnpic.php
- https://www.scielo.br/pdf/csc/v16n3/16.pdf
sexta-feira, 7 de maio de 2021
Como melhorar o controle glicêmico?
Comer doces em excesso podem causar diabetes mellitus ?
Doces em excesso causa diabetes? Muitas pessoas compartilham a crença de que comer muitos doces- ou consumir muito açúcar- causa o diabetes. Mas isso não é bem verdade.
Bom, o diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou pela incapacidade do nosso corpo de utilizar a insulina, hormônio que controla os níveis de açúcar em nosso organismo. Por isso, quando a insulina não está atuando de maneira adequada no corpo, elevam-se os níveis de açúcar no sangue.
O excesso de açúcar no sangue, que é uma consequência da causa do diabetes, leva muitas pessoas a pensarem que consumir muitos doces vai resultar na doença. Mas, como disse, isso é mito. As causas do diabetes são outras.
O principal fator que leva ao desenvolvimento da doença, no caso do diabetes tipo 1, são a destruição autoimune das células do pâncreas que produzem a insulina. Portanto, sua causa não está em nada associada ao consumo de doces.
Já o diabetes tipo 2 é, na maioria da vezes, causado por uma série de fatores como sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão. E hábitos alimentares inadequados, que, com o passar do tempo, geram uma resistência do corpo à insulina produzida. Ou seja, o organismo não consegue mais utilizar a insulina que produz, os níveis de açúcar no sangue ficam elevados e a pessoa desenvolve um quadro de diabetes.
Por isso, no caso do diabetes tipo 2, podemos até visualizar o excesso no consumo de doces como causa indireta da doença. Porque, se uma pessoa abusa do açúcar e dos doces, a tendência é que ela vá desenvolver sobrepeso ou agravar um quadro de obesidade. E assim terá fatores de risco que contribuem para o surgimento do diabetes.
Doces em excesso causam Diabetes? E quem ja é diabético, pode comer doces?
Essa é outra grande questão que surge quando a pessoa recebe o diagnóstico de diabetes e começa a se perguntar: ” será que não poderei mais comer doces?”
O que ocorre é que, como a produção de insulina em diabéticos é baixa ou mal utilizada, ao comer doces a pessoa pode elevar muito e subitamente os níveis de açúcar no sangue. Com isso, ela pode ter tanto complicações imediatas (crises hiperglicêmicas), quanto complicações crônicas causadas por hiperglicemia.
Por isso, é ideal que o diabético, não consuma doces. Dentro de uma dieta recomendada por um especialista, que irá eventualmente permitir que ele consuma esses alimentos sem comprometer o controle da diabetes.
É importante também estar atento às fontes de açúcar que não são tão óbvias. Muitos alimentos e bebidas, que não parecem tão doces ao serem consumidos, possuem altos níveis de açúcar em sua composição. Converse com um nutricionista para saber como identificá-los e evitá-los.
Se você tem algum fator de risco para o desenvolvimentos de diabetes, faça um acompanhamento preventivo e adeque sua alimentação para um estilo mais saudável como um todo, evitando não só doces em excesso, como também alimentos gordurosos e ultra processados.
E para um melhor controle e tratamento da diabetes, não deixe também de praticar atividades físicas com regularidade, evitar o cigarro e bebidas de álcool e fazer consultas regulares com seu endocrinologista.
Autor: Dr. Leônidas Tavares Silveira - Médico Nutrólogo e Endocrinologista.
Fone: https://drleonidassilveira.com.br/comer-doces-em-excesso-causa-diabetes/
segunda-feira, 3 de maio de 2021
Mortes por doenças cardiovasculares estão diretamente relacionadas a pressão alta
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é responsável por 80% dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil.
“A hipertensão é o principal fator de risco para desencadear o AVC. Na pandemia, houve um aumento dos casos de AVC. Está escalada está relacionada às consequências do isolamento social que levaram ao aumento da ansiedade, sedentarismo, obesidade e ingestão de comidas com altas taxas de gordura e sal. Assim, consequentemente há o aumento da incidência e descontrole da hipertensão arterial”, alerta o cardiologista do Hospital Brasília Edson D’Ávila.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a HAS é a principal causa de morte por doenças cardiovasculares no Brasil e no mundo. No país, anualmente cerca 350 mil pessoas morrem em decorrência de doenças no coração e a maioria desencadeada pela HAS. A entidade também alerta que a pressão alta agrava quadros de infarto, aneurisma arterial e até insuficiência renal.
Edson D’ávila explica que a HAS é mais comum em pessoas acima dos 50 anos de idade, aumentando os riscos todos os anos. “A pressão arterial é considerada normal quando está entre 120/80. Acima disso, a pessoa deve ficar de olho, sobretudo quando chegar a idade de risco. Se a pressão for maior ou igual a 140/90, está alta e um médico deve ser procurado para mais orientações”, alerta. O cardiologista ainda revela que os principais sinais do AVC são perda de força e sensibilidade, alteração na fala, alterações de equilíbrio, dores de cabeça súbitas e intensas.
Para prevenir a HAS, o médico recomenda a mudança total do estilo de vida. “Reeducação alimentar, redução de peso e atividade física. O controle da pressão reduz em 47% as taxas de AVC. Para o tratamento, além da mudança de hábitos, é necessária a terapia medicamentosa”, finaliza.
Como evitar a hipertensão arterial
Na campanha da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) de 2021, a instituição traz um folder com dicas para reduzir os casos de HAS:
- Pare de fumar! O tabagismo aumenta o risco de doenças cardiovasculares e é apontado como fator negativo no controle de hipertensos;
- Tenha uma alimentação saudável! Os alimentos frescos devem ser priorizados e as refeições congeladas, embutidas e enlatadas devem ser limitadas;
- Limite o consumo de bebidas alcoólicas! O limite o consumo diário de álcool deve ser 1 dose (mulheres) e 2 doses (homens);
- Mantenha seu peso adequado para a sua altura! O excesso de peso pode aumentar a pressão em 30% além de dificultar o controle dos hipertensos;
- Tenha uma vida menos estressante! Uma melhor qualidade de vida ajuda;
- Tenha uma vida mais ativa! 30 minutos de atividade física por dia, que pode ser dividido em 2 períodos de 15 min ou 3 de 10 min fazem toda a diferença. Seu corpo foi feito para se movimentar;
domingo, 2 de maio de 2021
Como reconhecer e como são tratados os sintomas da perimenopausa e menopausa
Fome emocional: 52% dos brasileiros engordaram na quarentena
Várias famosas assumiram publicamente que ganharam peso durante a pandemia. Provavelmente elas não estão sozinhas.
Pesquisa online feito pelo Instituto IPSOS mostrou que o isolamento social favoreceu o ganho de peso em mais de 30 países.
O levantamento mostrou que 31% dos entrevistados engordaram desde o começo da pandemia. E no Brasil, o índice é de 52% dos entrevistados.
O aumento de peso médio foi de 6,1kg, enquanto no Brasil a media foi de 6,5kg. A pessoa entrevistou 22 mil pessoas de 16-74 anos, de 6/11/2020 a Janeiro de 2021.
Para ler mais, acesse: https://f5.folha.uol.com.br/viva-bem/2021/05/fome-emocional-52-dos-brasileiros-engordaram-na-quarentena.shtml
Por aqui as coisas não estão diferentes. O número de pacientes que ganharam peso durante a pandemia é muito maior que os que emagreceram (sim, vários emagreceram). Nunca trabalhei tanto em um Janeiro. O ambulatório de Nutrologia está repleto que pacientes que ganharam muito peso durante a pandemia e principalmente pós-COVID.
As consequências da pandemia permanecerão ainda por um bom tempo.
sexta-feira, 30 de abril de 2021
Integridade dos ecossistemas é determinante na redução das doenças infecciosas emergentes
Você sabia que cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas, ou seja, transmitidas através de animais?
Alguns exemplos que surgiram recentemente são o Ebola, a gripe aviária, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), o Vírus Nipah, a Febre do Vale Rift, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), a Febre do Nilo Ocidental, o Zikavírus e, agora, o coronavírus – todos ligados à atividade humana.
O surto de Ebola na África Ocidental é resultado de perdas florestais que levaram a vida selvagem a se aproximar dos assentamentos humanos; a gripe aviária está relacionada à criação intensiva de aves e o Vírus Nipah surgiu devido à intensificação da suinocultura e à produção de frutas na Malásia.
Cientistas e especialistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estão reunindo os dados científicos mais recentes sobre o COVID-19 – tanto o que se sabe quanto o que não se sabe.
Embora a origem da pandemia e seu caminho de disseminação ainda não estejam claros, listamos seis pontos importantes que vale a pena conhecer:
A interação de seres humanos ou rebanhos com animais selvagens pode expor-nos à disseminação de possíveis patógenos. Para muitas zoonoses, os rebanhos servem de ponte epidemiológica entre a vida selvagem e as doenças humanas.
Os fatores determinantes do surgimento de zoonoses são as transformações do meio ambiente – geralmente resultado das atividades humanas, que vão desde a alteração no uso da terra até a mudança climática; das mudanças nos hospedeiros animais e humanos aos patógenos em constante evolução para explorar novos hospedeiros.
As doenças associadas aos morcegos surgiram devido à perda de habitat por conta do desmatamento e da expansão agrícola. Esses mamíferos desempenham papéis importantes nos ecossistemas, sendo polinizadores noturnos e predadores de insetos.
A integridade do ecossistema evidencia a saúde e o desenvolvimento humano. As mudanças ambientais induzidas pelo homem modificam a estrutura populacional da vida selvagem e reduzem a biodiversidade, resultando em condições ambientais que favorecem determinados hospedeiros, vetores e/ou patógenos.
A integridade do ecossistema também ajuda a controlar as doenças, apoiando a diversidade biológica e dificultando a disseminação, a ampliação e a dominação dos patógenos.
É impossível prever de onde ou quando virá o próximo surto. Temos cada vez mais evidências sugerindo que esses surtos ou epidemias podem se tornar mais frequentes à medida que o clima continua a mudar.
“Nunca tivemos tantas oportunidades para as doenças passarem de animais selvagens e domésticos para pessoas”, disse a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen. “A perda contínua dos espaços naturais nos aproximou demasiadamente de animais e plantas que abrigam doenças que podem ser transmitidas para os seres humanos”.
A equipe do PNUMA está trabalhando continuamente nessas questões importantes. As informações compartilhadas pela Divisão de Ciência estão disponíveis online com informações adicionais, incluindo uma lista de perguntas ainda não respondidas.
A natureza está em crise, ameaçada pela perda de biodiversidade e de habitat, pelo aquecimento global e pela poluição tóxica. Falhar em agir é falhar com a humanidade. Enfrentar a nova pandemia de coronavírus (COVID-19) e nos proteger das futuras ameaças globais requer o gerenciamento correto de resíduos médicos e químicos perigosos, a administração consistente e global da natureza e da biodiversidade e o comprometimento com a reconstrução da sociedade, criando empregos verdes e facilitando a transição para uma economia neutra em carbono. A humanidade depende de ação agora para um futuro resiliente e sustentável.
Amazônia: Queimadas aumentam problemas respiratórios
Estudo da Fiocruz e do WWF-Brasil aponta que as queimadas na Amazônia foram responsáveis pela elevação dos percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios nos últimos 10 anos (2010-2020) nos estados com maiores números de focos de calor: Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre. Estas internações custaram quase 1 bilhão aos cofres públicos. O levantamento aponta ainda que a associação da situação da pandemia com as queimadas florestais na Amazônia pode ter agravado a situação de saúde da população da Amazônia legal, pois os poluentes oriundos das queimadas podem causar uma resposta inflamatória persistente e, assim, aumentar o risco de infecção por vírus que atingem o trato respiratório.
O estudo mostra que mesmo com a possível subnotificação, por conta de inconsistências na base de dados do DataSUS, os valores diários de poluentes são extremamente elevados e contribuíram para aumentar em até duas vezes o risco de hospitalização por doenças respiratórias atribuíveis à concentração de partículas respiráveis e inaláveis finas (fumaça) nos estados analisados.
No Amazonas, 87% das internações hospitalares no período analisado estão relacionadas às altas concentrações de fumaça (partículas respiráveis e inaláveis). O percentual foi de 68% no Pará, de 70% em Mato Grosso e de 70% em Rondônia. Já as doenças respiratórias associadas às altas concentrações de partículas de poluentes emitidas pelas queimadas respondem por 70% das internações hospitalares registradas no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.
A pesquisadora Sandra Hacon, da Ensp/Fiocruz, afirma que embora os percentuais de internação hospitalar por doenças respiratórias na região tenham se mantido estáveis entre 2010 e 2020, uma parte considerável dessas internações podem ser atribuídas às concentrações de partículas respiráveis finas e inaláveis emitidas por incêndios florestais. “As micropartículas que compõem a fumaça ficam depositadas nas cavidades dos pulmões, agravando os problemas respiratórios. Elas são um fator de risco para pessoas que já possuem comorbidades.
Vemos, portanto, um impacto à saúde e perda da qualidade de bem-estar das pessoas, além do elevado custo econômico das doenças respiratórias para o SUS”, explica. “A fragilização do sistema respiratório é extremamente preocupante no atual cenário de uma pandemia que também causa problemas respiratórios. Essa sobreposição sugere que a região da Amazônia legal tenderá a ter seu sistema de saúde pressionado, já que as queimadas são mais intensas nos meses de seca, que se iniciam dentro de poucas semanas”, alerta.Importante salientar que no ano de 2020 o Brasil alcançou o maior número de queimadas na década. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a floresta amazônica registrou 103.161 focos ante 89.171 em 2019, um aumento de 15,7%. Essa tendência contínua de destruição impacta diretamente não só na saúde das pessoas, mas em todo o ecossistema, que sofre todos os anos durante o ciclo das queimadas intensificado no período de seca, ressalta Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil. Ele aponta que “as queimadas fazem parte da dinâmica de destruição da Amazônia. As áreas desmatadas são posteriormente queimadas para “limpar” o terreno, abrindo espaço para a pastagem, a agricultura, ou a simples especulação fundiária. A associação entre o desmatamento, queimadas e degradação da floresta traz um custo muito alto para todos nós, especialmente para os povos da floresta, e para o clima do planeta”, afirma.O Estudo traz algumas recomendações para o poder público:
– Os sistemas oficiais de vigilância e monitoramento em saúde precisam de evolução e melhorias sistemáticas, especialmente aqueles direcionados às populações indígenas da Amazônia;
– Políticas consistentes de redução do desmatamento e queimadas na Amazônia são críticas e imediatas, pois o combate ao desmatamento e à degradação do bioma amazônico é fundamental para a garantia de direitos básicos das populações locais, como acesso à saúde e um ambiente saudável e sustentável;
– Desenvolvimento e implementação de programas de vigilância epidemiológica e ambiental efetivos, direcionados à população amazônica exposta aos incêndios florestais, principalmente os grupos mais vulneráveis, como gestantes, crianças, idosos, e aquelas pessoas que apresentam comorbidades precisam de atenção dedicada;
– Necessidade iminente de esforço preventivo no controle de zoonoses, pois os custos associados aos esforços preventivos são substancialmente menores, comparados com os custos econômicos, sociais e de saúde no controle de potenciais epidemias e ou pandemias.
Metodologia do estudo
Foi analisada a relação das tendências da morbidade hospitalar (a taxa de internações registradas em hospitais) por doenças do aparelho respiratório no período de 2010 a 2020 e as concentrações estimadas de emissões de partículas respiráveis finas (PM2,5), presentes na fumaça de incêndios florestais no mesmo período, investigando os potenciais impactos à saúde nos estados com os maiores registros de focos de calor provenientes das queimadas na Amazônia Brasileira, segundo o INPE – Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre, que apresentaram maior número de focos de queimadas registrados no período analisado – 2010-2020.
O estudo observou as séries temporais diárias de morbidade hospitalar por doenças do aparelho respiratório obtidas no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), pelo Sistema de Informação sobre internação hospitalar (SIH) e analisados por dia, mês e ano no período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de outubro de 2020, segundo a unidade de federação de residência. As internações hospitalares por doenças respiratórias relacionadas ao COVID-19 para cálculo da tendência retrospectiva foram excluídas. Portanto, as internações hospitalares derivadas do COVID-19, não entraram no conjunto das causas de hospitalizações.
Os pesquisadores selecionaram informações referentes ao valor em reais (R$) gasto com as hospitalizações de baixa e alta complexidade (Unidades de Terapia Intensiva – UTI) por doenças do aparelho respiratório para estimativa do custo econômico em saúde dessas hospitalizações que pudesse ser atribuível à poluição decorrente das queimadas.
As estimativas de concentração do material particulado (PM2,5) foram obtidas por meio de dados de satélite da NASA, com as informações de profundidade óptica de aerossóis (Aerosol Optical Depth – AOD) convertidas por modelagem matemática em estimativas de concentração de PM2,5 e disponibilizadas para acesso público pelo Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS), que é o mais recente conjunto de dados de reanálise global de composição atmosférica produzida pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF).
Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/04/29/queimadas-na-amazonia-aumentam-problemas-respiratorios/