segunda-feira, 24 de maio de 2021

Prescrição de esteróides anabolizantes para fins estéticos - Uma prática condenada pelo Conselho Federal de Medicina


Os riscos do uso não médico (Handelsman, 2006) de esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) é um tema recorrente em artigos científicos, jornais e revistas especializadas. No momento está ganhando notoriedade na mídia pois alguns médicos "instituíram" por conta própria a prescrição para fins estéticos.

Esse consumo tem sido relacionado a homens e mulheres jovens de variadas camadas sociais e padrões econômicos, que buscam obter rapidamente a musculosidade (hipertrofia e definição muscular) e a melhora do desempenho físico (efeito ergogênico).

Indubitavelmente, com a forte demanda, a fiscalização frouxa e com altos lucros falando mais altos, médicos turbinam os resultados graças a uma roleta-russa química na qual se destaca o abuso dos EAA.


A insatisfação com a imagem corporal tem sido descrita como uma das causas do abuso de EAA, exercendo considerável influência na motivação de homens jovens, que buscam um ideal de musculosidade, tomando por base modelos de corpo masculino sugeridos pela mídia, particularmente em publicações especializadas. É claramente um transtorno psiquiátrico. Vemos uma ascensão dos transtornos alimentares (Bulimia, anorexia, transtorno da compulsão alimentar periódica, vigorexia, ortorexia). A crença de que corpo bonito é um corpo sarado ou bombado, na maioria das vezes irreais pelos métodos convencionais, ou seja, quase sempre "esculpido por EAA", acaba sendo gatilho para esses transtornos alimentares e uso de EAA (com seus efeitos adversos).




Os danos provocados pelo uso indiscriminado de EAA são apontados em vários estudos (Bispo et al., 2009; Samaha et al., 2008; McCabe et al., 2007; Graham et al., 2006;).

Complicações funcionais cardíacas e hepáticas, bem como diversos tipos de câncer que podem levar à morte estão entre os efeitos adversos mencionados com maior frequência, seguidos de alterações psíquicas e comportamentais de indivíduos que abusaram de doses de EAA, envolvendo, em alguns casos, episódios de agressão e violência interpessoal (Thiblin, Pärklo, 2002).



Portanto, sob esta ótica, o consumo de substâncias ergogênicas, seja no âmbito esportivo ou amador, não é recomendado, por não compensarem os danos que traz para os indivíduos saudáveis. O uso de EAA é reservados para casos específicos. A  indicação  mais  precisa  da  terapia com EAA é quando a função endócrina dos testículos está deficiente. As principais indicações são:
  1. Hipogonadismo
  2. Caquexia: seja por HIV, Câncer, Doença pulmonar obstrutiva crônica, Miastenia gravis, 
  3. Para o tratamento de anemias causadas pela produção deficiente de eritrócitos; anemia aplástica congênita, anemia aplástica adquirida, a mielofibrose e as anemias hipoplásticas;
  4. Insuficiência renal cursando com desnutrição, sarcopenia e caquexia
  5. Sarcopenia
  6. Angioedema hereditário
  7. Grandes queimados
  8. Puberdade tardia

De acordo com a portaria Nº 344 de 12 de maio de 1998(DOU de 1/2/99), atualizada  pela  resolução RDC  nº  18/2015 da  Agência Nacional de Vigilância Sanitária  - ANVISA,  os esteróides  anabolizantes  são os seguintes:



É importante salientar que NENHUM Nutrólogo, Endocrinologista, Médico do Esporte ou qualquer médico tem aval do Conselho Federal de Medicina e respectivas sociedades médicas para prescrever anabolizantes com finalidade estética ou efeito ergogênico. O uso deve ser reservado para doenças. Prescrição para outros fins não é ensinado nas residências ou pós-graduações de Nutrologia ou Endocrinologia. Portanto se o seu médico te prescreveu com essa finalidade, ele cometeu uma infração ética, podendo receber processo ético-profissional pelo Conselho Regional de Medicina.

#AnabolizantesSoParaDoentes
#AnabolizantesParaFinsEsteticos
#BombaTôFora

Vamos para as comprovações LEGAIS dessa proibição:
1) Antes de PROIBIÇÃO por parte do CFM, existe desde 2000 uma Lei federal na qual obriga as farmácias a reterem por 5 anos as receitas de anabolizantes. "A receita de que trata este artigo deverá conter a identificação do profissional, o número de registro no respectivo conselho profissional (CRM ou CRO), o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e telefone profissionais, além do nome, do endereço do paciente e do número do Código Internacional de Doenças (CID), devendo a mesma ficar retida no estabelecimento farmacêutico por cinco anos." Portanto se necessita de CID, subentende-se perante a justiça que a finalidade não é estética e sim em decorrência de alguma doença. Link para a lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9965.htm

A lei é confirmada na Cartilha para prescrição, elaborada pelo CFM: http://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/cartilhaprescrimed2012.pdf
Como nesse caso há uma quebra do sigilo médico (pois informará a doença do paciente através do número do CID 10) recomenda-se, embora seja dever legal, que o médico obtenha autorização por escrito do paciente para divulgar o diagnóstico.

2) Resolução CFM Nº 1.999/2012 que trata sobre a
 "A falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento."
"CONSIDERANDO que é vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda
não aceita pela comunidade científica;"
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária realizada em 27 de setembro de
2012,
"RESOLVE:
Art. 1º A reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada, de acordo com a existência de nexo causal entre a deficiência e o quadro clínicoou de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados."
Portanto, de acordo com o CFM, se não há déficit de um hormônio, com comprovação laboratorial e quadro clínico, esse hormônio não deve ser prescrito. Ou seja, finalidade estética é proibida pelo Conselho Federal de medicina. Link para a resolução: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

3) Parecer do CFM sobre Modulação hormonal bioidêntica e fisiologia do envelhecimento. Link para o parecer: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/2012/29_2012.pdf

4) Parecer do CFM sobre Prescrição de anabolizantes e hormônio de crescimento para
ganho de massa muscular em atletas. Link para o parecer: http://old.cremerj.org.br/anexos/ANEXO_PARECER_CFM_19.pdf


Autores:

Dr. Frederico Lobo (Nutrólogo de Goiânia - GO) @drfredericolobo
Dra. Natalia Jatene (Endocrinologista de Goiânia - GO) @dra.nataliajatene
Dr. Ricardo Martins Borges (Nutrólogo de Ribeirão Preto – SP, mestre em medicina pela FMRP – USP) @clinicaricardoborges,
Dra. Tatiana Abrão (Endocrinologista e Nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,
Dr. Daniella Costa (Nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,
Dr. Mateus Severo (Endocrinologista de Santa Maria – RS, Mestre em Ciências Médicas – Endocrinologia pela UFRGS e doutorando em Ciências médicas – Endocrinologia pela UFRGS) @drmateusendocrino,
Dr. Pedro Paulo Prudente (Médico do esporte  e Acupunturista em Goiânia - GO) @vivamelhorsemdor
Dra. Patrícia Salles (Endocrinologista de São Paulo – SP, mestre em Endocrinologia pela FMUSP), @endoclinicdoctors,
Dra. Camila Bandeira (Endocrinologista de Manaus – AM) @endoclinicdoctors,
Dra. Flávia Tortul (Endocrinologista de Campo Grande – MS) @flaviatortul,
Dr. Reinaldo Nunes (Endocrinologista e Nutrólogo de Campos – RJ, mestre em endocrinologia pela UFRJ) @drreinaldonunes.
Prof. Márcio José de Souza - Personal Trainer 


Bibliografia:







Bispo, M. et al. Anabolic steroid-induced cardiomyopathy underlying acute liver failure in a young bodybuilder. World J. Gastroenterol., v.15, n.23, p.2920-2, 2009.

Graham, M.R. et al. Homocysteine induced cardiovascular events: a consequence of long term anabolic androgenic steroid (AAS) abuse. Br. J. Sports Med., v.40, n.7, p.644-8, 2006.

Handelsman, D.J. Testosterone: use, misuse and abuse. Med. J. Aust., v.185, n.8, p.436-9, 2006.

McCabe, S.E. et al. Trends in non-medical use of anabolic steroids by U.S. college students: results from four national surveys. Drug Alcohol Depend., v.90, n.2-3, p.243- 51, 2007.

Samaha, A.A. et al. Multi-organ damage induced by anabolic steroid supplements: a case report and literature review. J. Med. Case Rep., v.2, n.340, 2008. Disponível em: www.jmedicalcasereports.com/content/2/1/340>

Thiblin, I.; Pärklo, T. Anabolic androgenic steroids and violence. Acta Psychiatr. Scand., v.106, suppl. 412, p.125-8, 2002.

Ingerir qualquer quantidade de álcool não é seguro para a saúde cerebral e pode causar danos ao cérebro



Segundo um novo estudo: Não há um nível seguro de consumo de álcool. O aumento do consumo de álcool foi associado a uma pior saúde cerebral. 

O estudo observacional, que ainda não foi revisado por pares, pesquisadores da Universidade de Oxford estudaram a relação entre o consumo auto-relatado de álcool de cerca de 25.000 pessoas no Reino Unido e suas ferramentas de varredura cerebrais.

Os pesquisadores notaram que beber tinha um efeito na massa cinzenta do cérebro - regiões do cérebro que resultaram "partes importantes onde a informação é processada", de acordo com a autora principal Anya Topiwala, pesquisadora clínica sênior de Oxford.

"Quanto mais as pessoas bebiam, menor era o volume de sua massa cinzenta", disse Topiwala por e-mail.

“O volume do cérebro diminui com a idade e mais severamente com a demência. O volume do cérebro menor também prediz um pior desempenho nos testes de memória”, explicou ela.

Embora o álcool tenha contribuído apenas com uma pequena contribuição para isso (0,8%), foi uma contribuição maior do que outros fatores de risco 'modificáveis'", disse ela, explicando que os fatores de risco modificáveis ​​são "aqueles pelos quais você pode fazer algo, em contraste com o envelhecimento."

O tipo de álcool não importa

A equipe também investigou se certos padrões de consumo de álcool, tipos de bebida e outras condições de saúde fizeram diferença no impacto do álcool na saúde do cérebro.

Eles descobriram que não havia um nível "seguro" de bebida - o que significa que consumir qualquer quantidade de álcool era pior do que não beber. Eles também não encontraram evidências de que o tipo de bebida - como vinho, destilados ou cerveja - afetou os danos ao cérebro.

No entanto, certas características, como pressão alta, obesidade ou consumo excessivo de álcool, podem colocar as pessoas em maior risco, acrescentaram os pesquisadores.

“Tantas pessoas bebem 'moderadamente' e pensam que isso é inofensivo ou mesmo protetor”, disse Topiwala à CNN por e-mail.

“Como ainda não encontramos uma 'cura' para doenças neurodegenerativas como a demência, conhecer os fatores que podem prevenir danos cerebrais é importante para a saúde pública”, acrescentou.

Sem limite seguro

Os riscos do álcool são conhecidos há muito tempo: estudos anteriores descobriram que não há quantidade de licor, vinho ou cerveja que seja segura para sua saúde geral.

O álcool foi o principal fator de risco para doenças e morte prematura em homens e mulheres com idades entre 15 e 49 anos em todo o mundo em 2016, sendo responsável por quase uma em cada 10 mortes, de acordo com um estudo publicado no The Lancet em 2018.

"Embora ainda não possamos dizer com certeza se não há 'nenhum nível seguro' de álcool em relação à saúde do cérebro no momento, já se sabe há décadas que beber muito faz mal à saúde do cérebro", Sadie Boniface, chefe de pesquisa da o Instituto de Estudos do Álcool do Reino Unido, disse à CNN por e-mail.

"Também não devemos esquecer que o álcool afeta todas as partes do corpo e há vários riscos à saúde", disse Boniface, que não participou do estudo da Universidade de Oxford.

Tony Rao, pesquisador clínico visitante de Psiquiatria para Idosos do King's College London, disse à CNN que, dado o grande tamanho da amostra, é improvável que as descobertas do estudo tenham surgido por acaso.

Rao disse que o estudo replica pesquisas anteriores que mostraram não haver limite seguro no nível de consumo de álcool por seu papel nos danos à estrutura e função do cérebro humano.

"Pesquisas anteriores descobriram que mudanças sutis que demonstram danos ao cérebro podem se apresentar de maneiras que não são imediatamente detectáveis ​​em testes de rotina da função intelectual e podem progredir sem verificação até que se apresentem com mudanças mais perceptíveis na memória", disse ele.

"Mesmo em níveis de consumo de baixo risco", disse ele, "há evidências de que o consumo de álcool desempenha um papel maior nos danos ao cérebro do que se pensava anteriormente. O estudo (Oxford) descobriu que esse papel era maior do que muitos outros fatores de riscos modificáveis, como fumar."

"A interação com a hipertensão e a obesidade no aumento dos danos causados ​​pelo álcool ao cérebro enfatiza o papel mais amplo da dieta e do estilo de vida na manutenção da saúde do cérebro", acrescentou.

“Compartilhar é se importar”

Instagram:@dr.albertodiasfilho

EndoNews: Lifelong Learning

Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde

sexta-feira, 14 de maio de 2021

A personalização do tratamento médico



Virou moda falar que o médico exerce uma Medicina Personalizada. Mas afinal, o que é essa Medicina personalizada? Será que é real ou fake ? 

A razão desse post não é diminuir o trabalho de ninguém, mas sim alertar meus seguidores sobre o que acredito deveria ser o correto na Medicina/Nutrição/Fisioterapia/Odontologia/Enfermagem/Psicologia. 

Por que o exercício de uma Medicina personalizada é tão difícil e muitas vezes pode ser utópica, dependendo do contexto em que tentamos praticar ?

Com o decorrer do tempo e ao longo dos meus estudos de diversos temas dentro da Medicina estou percebendo que por mais que eu me apegasse a uma teoria, a uma ideia, a uma modalidade terapêutica, o que de real existe é O PACIENTE. 

E o que quero dizer com isso? Que cada paciente é único. Ou seja, infelizmente um tipo de terapia não servirá para todos. 

 - Não ?
Não, a dieta da vizinha pode ser que sirva ou não para você. 
Não, o treino que serve para o seu primo, talvez não promova os mesmos benefícios para você.
Não, a adoção de um respectivo hábito de vida pode ser que seja ótima para a sua mães, mas para você será uma catástrofe. 
Não, uma suplementação ou medicação que deu certo com seu amigo (a) pode ser que nem faça efeito no seu caso. 
Não, os exames que foram solicitados para seu familiar não são os mesmos que aos quais você precisa ser submetido.

E isso ocorre por que?  Porque somos diferentes. Simplesmente isso. Temos demandas diferentes, reações diferentes e consequentemente desfechos diferentes.

Ou seja, precisamos personalizar o tratamento do paciente. Isso faz parte da boa prática médica, afinal temos que olhar o paciente como um todo.
Olhar:
  • Sua história de vida
  • Sua genética (história patológica familiar)
  • Sua história patológica pregressa
  • Suas preferências alimentares
  • Sua dinâmica ao longo do dia, desde quando acorda até hora de dormir
  • O contexto social em que ele está inserido.
  • O ambiente em que ele está vivendo
  • As relações interpessoais
  • Suas fontes de prazer
  • Suas alergias
  • Os tratamentos que já foram feitos e não deram certo
  • Mudanças que já foram feitas e deram resultado
  • Seu(s) propósito(s) de vida

Com base nisso enxergar a infinidade de tratamentos que podem ser utilizados. Isso é personalização. 

Mas o que tenho visto no consultório são inúmeros pacientes sendo submetidos a protocolos que não respeitam a própria natureza do paciente. Condutas impostas, como se fossem verdades absolutas e que não condizem com a natureza daquele paciente. Tudo isso denominado de uma medicina personalizada. 

Ou seja, uma personalização Fake !

Cada um é cada um. 

Não é porque terapia cognitivo comportamental (uma linha da psicologia) funciona para um paciente obeso, que irá funcionar para todos. Por essas e outras quando atendo um indivíduo acima do peso, tento enxergar todo o contexto por trás do peso e com isso indicar um profissional específico em meio a uma gama de colegas que me dão suporte.

Ex. um paciente que tem dificuldade de se conectar com o próprio corpo, uma pessoa extremamente racional, na qual a racionalidade é até deletéria por atrapalharem as próprias emoções. Eu vou indicar psicanálise para essa pessoa? Não. Prefiro indicar Psicologia corporal. 

Ex 2: um paciente desorganizado, que fica refém das próprias emoções, confuso. Eu vou indicar uma abordagem Y, sendo que sei que ele poderá ter benefícios com a terapia cognitivo comportamental? Claro que indicarei a terapia cognitivo comportamental naquele momento e posteriormente ele pode escolher um outro tipo de terapia que se sinta mais confortável. 

A mesma coisa funciona quando se trata de dietas. Quando comecei a treinar o Rodrigo Lamonier (o nutricionista que trabalha comigo e me acompanha em todos atendimentos), bati em duas teclas:
  1. Inicialmente o paciente que escolhe o tipo de dieta que ele quer seguir.
  2. Se ele não tivesse experiência com aquela dieta, encaminharíamos o paciente para um outro nutricionista.
Resultado: ele se dedicou a estudar inúmeros tipos de dieta, mas teve algumas que ele não ficou tão bom. Por um simples motivo: aquele tipo de dieta é como se fosse um estilo de vida e ele não vive aquele estilo de vida. 
Ex. veganos. Eu sei conduzir a investigação déficits? Sei. Ele sabe montar um plano alimentar para um vegano, escolher as suplementações? Sim. Mas ele não é e nem nunca será tão bom quanto a Karla Escoda (uma nutricionista que vive isso 24h por dia). Não temos problema algum em encaminhar esse paciente para o profissional. 
  • Isso é personalizar o tratamento.
  • Isso é reconhecer a real demanda do paciente. 
  • Isso é respeitar a necessidade do paciente.
  • Isso é cuidar. 
A mesma coisa vale para o tipo de dieta. A gente deixa o paciente escolher o tipo de dieta que ele acha menos chato fazer. Mostrando obviamente aspectos científicos prós e contras a escolha dele. Quer seguir? Tudo bem. Até quando o paciente consegue ? E como os exames laboratoriais responderão à aquele novo padrão dietético? Ele estará feliz? Ou seja, pode ser que precisemos mudar. Muitas vezes aquela estratégia não foi a melhor. Isso é aceitar que aquilo falhou e temos que mudar a estratégia. Isso é personalizar. 

Uma Medicina personalizada deveria ser a regra, mas na atualidade é a exceção. Mas é a exceção porque demanda:
  1. Escuta
  2. Tempo
  3. Estudo
  4. Raciocínio clínico em cima de cada caso
  5. Paciência e perspicácia para aguardar e avaliar os desfechos.
Quando profissionais da área da saúde passarem a exercer suas funções dessa forma, acredito que os pacientes serão melhor acolhidos e ficarão mais satisfeitos com os tratamentos.

#FicaAdica 


quinta-feira, 13 de maio de 2021

Pão de fermentação natural x fermentação química

 


Entre o pão de fermentação natural e o de fermentação química, você sabe qual é a melhor opção? 
Bom, em se tratando da composição nutricional geral (calorias, por exemplo), NÃO há diferenças significativas entre eles.

Porém, em outros aspectos, o pão de fermentação natural é bem melhor, pois, normalmente:
  • Gera uma resposta glicêmica melhor;
  • Possui digestibilidade e absorção mais facilitada, o que é muito positivo, principalmente em pacientes com intolerâncias alimentares;
  • Resulta em menor produção de gases intestinais;
  • Sabor mais marcante do que o de fermentação química;
  • Alguns pacientes também relatam ter menos sintomas gastroesofágicos (refluxo) e mais saciedade.
  • Logo, caso você tenha acesso ao pão de fermentação natural, ele pode sim ser uma ótima opção para seu cardápio.
Obs: isso não significa que o pão de fermentação química seja ruim

Autores:
Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Prof. Educação física
Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo

Medicina integrativa, será que estão integrando verdadeiramente o paciente ?


É muito comum que nos questionem, se nós como Nutrólogos, trabalhamos com Medicina integrativa. A resposta é: Não! 

Não com essa Medicina integrativa que propagam por aí. A verdadeira medicina integrativa não deveria sequer ser chamada de Medicina, pois, consiste em preceitos básicos que deveriam ser adotados por todos os médicos. Entretanto, alguns "portadores" de diplomas se intitulam médicos integrativos pelo Hype do termo. Como se, ser integrativo, fosse um diferencial. 

A partir do momento que um médico se diz especialista em Medicina integrativa ele está cometendo uma infração ética, pois, não é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.  Baseado na Resolução 1.974/11. "É vedado ao médico, na relação com a imprensa, na participação em eventos e no uso das redes sociais: d) divulgar especialidade ou área de atuação não reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina ou pela Comissão Mista de Especialidades; assim como e) anunciar títulos científicos que não possa  comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina".

Uma prática integrativa deveria ser a regra e não a exceção. Tornar esse tipo de prática uma especialidade médica ou mesmo área de atuação não tem fundamento, pois, são princípios norteadores de uma boa prática médica.


O objetivo é simplesmente integrar os vários sistemas do corpo humano e olhar o paciente de forma global (holística), considerando aspectos não só orgânicos, mas também os emocionais, espirituais,  sociais e ambientais. 

O ser humano não é dissociado da sociedade e muito menos da natureza. Logo, uma visão dissociada não é o que preza a boa prática médica. Deixar de agregar à prática clínica, novas técnicas que demostram evidência em ensaios clínicos  além de certificado de "obsolescência" por parte do médico, pode ser considerado, na nossa visão, negligência. A ciência vem evoluindo. A Medicina acompanha essa evolução.

Toda a nossa medicina ocidental é baseada na tradição hipocrática do pensamento médico. O exame clínico foi todo moldado nos princípios do método hipocrático. Ou seja, resume-se a  “observar, estudar o paciente e não somente a doença, avaliar honestamente e ajudar a natureza”. A visão integradora de Hipócrates permeia toda a sua obra. Logo, a tradição hipocrática em sua essência é totalmente integrativa e acima de tudo ética. 

Achamos um artigo bem interessante que fez um quadro com inúmeros conceitos do que alguns autores acreditam ser Medicina Integrativa.



Mas antes de falarmos o que é realmente a Medicina chamada integrativa, precisamos falar quando e onde surgiu esse conceito. 

O início

No anos 60, intensificou-se a procura mundial por novas modalidades terapêuticas ditas “alternativas”. Isso ocorreu, principalmente, pelo aumento da incidência das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, combinado com e a insatisfação com o modelo vigente de saúde. 

Desde 1978, a OMS incentivou em nível mundial os cuidados de saúde primários e a integração de “práticas médicas tradicionais” eficazes para promover a saúde global – sendo essa a primeira “tentativa de integração” da medicina dita "integrativa" nos sistemas públicos de saúde.  

Mas a primeira utilização do termo, data de 1994, por Andrew Weil, médico americano da Universidade do Arizona, na qual se definia medicina integrativa como uma “medicina” orientada à saúde, que tinha como foco um olhar global do paciente, olhando não só aspectos relacionados às doenças, mas também o seu estilo de vida. Em 1980, EUA e Inglaterra adotaram a denominação “medicina complementar” e hoje muitos preferem. 

Na teoria a ideia parece bem interessante. Uma área que amplia os olhares da Medicina convencional e faz a Medicina evoluir. Mas não é isso que temos visto nos consultórios médicos brasileiros. A verdadeira Medicina Integrativa “Integrative Medicine” está presente em mais de 60 (sessenta) centros universitários acadêmicos americanos como: Harvard, Arizona, Massachusetts, Mayo Clinic, Cleveland Clinic, Califórnia, entre outras. 

Infelizmente, no Brasil ela foi deturpada, apesar dos esforços de alguns profissionais sérios da área, como é o caso do pioneiro na "Medicina integrativa" no Brasil.

O Dr. Paulo de Tarso Lima, médico cirurgião de São Paulo, foi até a Universidade do Arizona beber da fonte e conhecer mais de perto o berço  do movimento. A ideia do Dr. Paulo é excelente. Criou inclusive um pós-graduação na área (a pioneira no Brasil). É o idealizador e cofundador do serviço de Medicina Integrativa do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo - SP.

O que aconteceu no Brasil?

Os princípios da chamada  "Medicina integrativa" foram corrompidos por alguns profissionais, que viram nessa "nova especialidade" uma forma de:
  1. Lucrarem, 
  2. Venderem produtos, 
  3. Criarem doenças inexistentes, 
  4. Defenderem valores de referência supra-ótimos,
  5. Agregarem práticas que são proibidas pelo Conselho Federal de Medicina.  Resolução Nº1999/2012.
        "De acordo com Andrew Weil, existem princípios definitivos da medicina integrativa a serem respeitados, como consta a seguir.
        • Paciente e praticante são parceiros no processo de cura.
        • Todos os fatores que influenciam a saúde, bem-estar e doença são levados em consideração, incluindo mente, espírito e comunidade, bem como o corpo
        • O uso apropriado de métodos convencionais e alternativos facilita a resposta de cura inata do corpo.
        • Intervenções eficazes, naturais e menos invasivas devem ser usadas sempre que possível. A medicina integrativa não rejeita a medicina convencional nem aceita terapias alternativas sem crítica.
        • O bom “remédio” é baseado em boa ciência. É orientado pela investigação e aberto a novos paradigmas. Juntamente com o conceito de tratamento, os conceitos mais amplos de promoção da saúde e prevenção de doenças são primordiais.
        • Praticantes da "medicina integrativa" devem exemplificar seus princípios e comprometer-se com a autoexploração e o autodesenvolvimento. Desse modo, pode-se clarificar a importância da relação terapêutica, a abordagem do paciente como um todo, a orientação para a “cura/melhoria” e a participação ativa do paciente no tratamento.
          A medicina integrativa pode ser entendida como a “combinação” da medicina convencional com a medicina complementar, com base em evidências científicas e com a finalidade de oferecer maior variedade de opções terapêuticas aos pacientes."

        Resumindo: na teoria a "Medicina integrativa' é bonita e o modelo ideal no exercício da Medicina, na minha concepção. Porém o que se vê são médicos e profissionais da área da saúde que usurpam o termo e propagam teorias como se elas fizessem parte da grade do que é estudado na Medicina integrativa. Médicos que criam suas próprias teorias e saem por aí afirmando que aquilo faz parte da "Medicina Integrativa". 

        Exemplo bem simples: prescrição de anabolizantes para quem não tem indicação. Indo mais além, prescrição de anabolizantes para fins estéticos. Prescrição de medicações que ainda têm pouca ou nenhuma evidência da eficácia ou segurança. Restrições alimentares infundadas. Utilização de exames não reconhecidos pelas sociedades médicas. Demonização da indústria farmacêutica e prescrição exagerada de formulações manipuladas, elaboradas de forma irracional. 

        Integração é acima de tudo:

        • Respeitar o paciente, 
        • Enxergá-lo de forma global, 
        • Não ignorar a ciência, 
        • Não aceitar estudos fajutos como evidência de algo. 

        O programa de pós-graduação do Einstein contempla terapias de toque, técnicas que trabalham a conexão mente/corpo e as medicinas chinesa e indiana. Mas deixa claro a necessidade de a todo momento se fazer uma análise crítica e realizarem ensaios clínicos para a ciência evidenciar o que realmente funciona e merece ser incorporado à prática clínica cotidiana. A universidade de Harvard tem em seu site, uma parte que trata de Medicina complementar: https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2 Na qual visa mostrar quais evidências existem em diversas práticas. 


        Alguma das áreas estudas e defendidas pelo "Medicina integrativa":

        "Acupuntura: A prática milenar de origem chinesa vira e mexe é colocada à prova pela ciência. Nos últimos anos, pesquisadores queriam saber se a ação das agulhadas em pontos específicos não era algo apenas deflagrado pela mente (o tal efeito placebo) e decifrar como ela interfere no organismo. No final de 2012, um dos maiores estudos na área, financiado pelo Centro Nacional de Medicina Complementar e Alternativa dos EUA, jogou evidências sobre a discussão: depois de revisar 29 pesquisas, totalizando quase 18 mil participantes, o trabalho mostra que a acupuntura tradicional ajuda a combater dores crônicas nas costas, na cabeça e ligadas à artrite. “Essa é a maior análise já feita para verificar se há diferenças entre a terapia de verdade e a baseada em pontos falsos, o placebo. Ela resolve a questão de que a acupuntura não se restringe a um mero efeito da mente”, diz o epidemiologista Andrew Vickers, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, líder da investigação. Estudos já identificaram áreas do cérebro acionadas pelas agulhas, entre elas nosso centro de controle da dor. “A acupuntura promove a liberação de substâncias analgésicas, as endorfinas, mas precisamos entender agora como se dá essa ação permanente na dor crônica”, diz Vickers. É uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.
        Origem: China Antiga
        Principais indicações: dor nas costas, dor de cabeça, problemas nas articulações, pressão alta, sintomas indesejados da menopausa e da gravidez, ansiedade, depressão, insônia, efeitos adversos de tratamento contra o câncer, distúrbios cognitivos.
        Contraindicações: pessoas com alergia intensa ou lesões na pele, muita sensibilidade a agulhas, fobia de ser picada e imunidade baixa.
        Onde faltam evidências: enxaqueca crônica, tratamento de alguns tipos de câncer, doenças cardíacas agudas."

        "Musicoterapia: Assim como um sambão instiga o corpo a se mexer e uma sonata nos deixa contemplativos, a capacidade que a música tem de alterar o ânimo é utilizada com fins terapêuticos. “As melodias interferem no sistema límbico, nosso centro das emoções, alteram o padrão de ondas cerebrais e propiciam a liberação de substâncias relaxantes e analgésicas”, diz Eliseth Leão, cujo mestrado e doutorado tratam de musicoterapia. Um experimento da Universidade do Kentucky, nos EUA, mostrou que pessoas submetidas a cirurgia e expostas a uma seleção musical durante e após a operação se recuperaram mais rápido que aquelas que só ouviram os médicos conversando. A hipótese é que sons plácidos aliviem o estresse e tirem o foco da situação a ser enfrentada. As sessões de musicoterapia duram, em geral, 20 minutos e podem ser em grupo ou individuais. “A escolha do repertório respeita o objetivo do tratamento e o perfil do paciente”, diz Eliseth. E a terapia continua até fora do consultório, já que é possível escutar um playlist em casa.  
        Origem: embora o uso da música em rituais terapêuticos remonte à Antiguidade, sua entrada pra valer na medicina moderna se deu na década de 1960.
        Principais indicações: controle do estresse, dores agudas e crônicas, ansiedade, depressão, distúrbios cognitivos, autismo, recuperação no câncer.
        Contraindicações: vítimas recentes de derrame e portadores de epilepsia musicogênica (condição rara em que os estímulos sonoros provocam convulsões).
        Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas que geram estados de excitação e alucinação."
         
        "Homeopatia: Quem é que nunca fez (ou pelo menos já ouviu falar em alguém que fez) um tratamento com gotinhas ou comprimidos homeopáticos? Desde que a Associação Médica Brasileira a reconheceu como uma especialidade em 1980, a homeopatia se tornou bastante popular no país. Tal avanço não eliminou, contudo, a desconfiança de uma extensa parcela dos próprios médicos, que acreditam na falta de evidências capazes de legitimar seu uso. “A medicina hoje é muito atrelada ao mercado e a indústria farmacêutica teme a homeopatia pelo fato de que ela é simples, mais barata e contraria o filão dos laboratórios, que é a doença em si”, opina o pediatra e homeopata Renan Marino, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Marino desenvolveu uma experiência pioneira com um remédio homeopático frente à epidemia de dengue que assolava essa cidade no interior paulista. Cerca de 20 mil doses foram distribuídas entre a população e houve uma queda de 80% no número de casos da infecção registrados — e nenhuma pessoa evoluiu para a forma hemorrágica e mais grave da doença. Hoje, o especialista investiga o potencial da homeopatia em crianças com hiperatividade. “Em 80% dos casos, podemos tirar a droga normalmente receitada e só o homeopático já consegue equilibrar a agitação”, conta. Apesar desses resultados, há pesquisadores que questionam sua eficácia e modo de ação. O médico alemão Edzard Ernst, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, afirma, depois de inúmeras investigações no campo das terapias alternativas, que seu efeito não passa de placebo. “Um remédio homeopático costuma ser tão diluído que não chega a ter qualquer molécula ativa. Há quem defenda que algum tipo de energia é transferido ao produto no processo de diluição, mas essa hipótese é implausível”, diz. Com base nisso, Ernst salienta que a homeopatia não deveria substituir intervenções convencionais diante de um problema de saúde mais grave.
        Origem: criada pelo alemão Samuel Hahnemann no século 19 com base em princípios descritos pelo grego Hipócrates no século 4 a.C.
        Indicações: pode ser usada sozinha ou junto a um tratamento convencional em diferentes problemas, como resfriados, bronquite e sinusite, doenças que geram dor crônica e queimaduras.
        Contraindicações: não há, a menos que existam reações adversas a compostos específicos.
        Onde faltam evidências: Infecções severas, alergias e dermatites intensas, quadros que cobram internação."

        "Fitoterápicos: Um dos hábitos mais antigos da humanidade é recorrer à natureza para abrandar males do corpo e da alma. E não é à toa que uma porção de remédios, hoje fabricados por farmacêuticas, tem seu princípio ativo baseado em substâncias encontradas originalmente em plantas. A fitoterapia se apoia justamente no princípio de usar o que o reino vegetal oferece para tratar doenças e isso pode ser feito por meio de extratos, infusões, cápsulas, pomadas... Sua força no Brasil parece vir das nossas heranças históricas — basta pensar na cultura indígena — e da diversidade da nossa flora. Acontece que, a exemplo de outras práticas, o uso de plantas carece do carimbo científico, ainda mais porque dosagens e combinações equivocadas são capazes de derrubar o organismo. Felizmente, muitas instituições, como a Universidade Estadual de Campinas e a Federal de Santa Catarina, investem na pesquisa de fitoterápicos. E, antenado à tendência, o próprio SUS oferece 12 extratos de plantas em sua rede. “São fitoterápicos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em critérios de eficácia e segurança”, diz Carlos Gadelha, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (confira no esquema ao lado).
        Origem: plantas são usadas como remédios em todo o mundo desde a pré-história.
        Principais indicações: dores, processos inflamatórios, problemas gastrointestinais e do aparelho respiratório e colesterol alto
        Contraindicações: em tese, todos os fitoterápicos podem apresentar riscos e efeitos adversos, daí a necessidade de uma indicação médica.
        Adendo: Salientamos que mais ensaios clínicos devam ser feitos com fitoterápicos, já que apesar da imensa gama de produtos no mercado, uma minoria tem realmente evidência científica que justifique a sua prescrição. Exemplo: fitoterápicos para obesidade. Os estudos até o momento não nos convence, justificando a sua prescrição. "

        "Aromaterapia: O químico francês René Gattefossé descobriu quase sem querer, nos anos 1920, o poder dos óleos essenciais: depois de queimar a mão, ele percebeu que o aroma da lavanda acalmava a dor. De lá pra cá, essa estratégia foi estendida para uma legião de plantas e virou abordagem terapêutica, a aromaterapia. Hoje, em países como Inglaterra e França, ela deixou spas para ser incorporada ao ambiente hospitalar. O óleo de lavanda, um dos mais famosos, já é usado em alas de queimados devido ao seu efeito calmante e analgésico. O potencial do método se deve à alta concentração do princípio ativo presente no óleo: o efeito de uma gota equivaleria ao de 25 xícaras do chá. “No tratamento, levamos em conta as queixas do paciente e suas preferências aromáticas. O uso pode ser feito por meio de cremes, sabonete líquido, massagem com o óleo ou através de um vaporizador”, explica Sandra Spiri, presidente da Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia. Hoje a principal ação dos óleos essenciais é o combate ao estresse e à ansiedade, o que justificaria, segundo novos trabalhos, seu benefício cardiovascular. Na Universidade Médica Taipei, em Taiwan, notou-se que uma curta exposição ao óleo de tangerina, por exemplo, ajuda a baixar a pressão arterial.
        Origem: há relatos de que, na Antiguidade, egípcios, romanos, hindus e chineses já usavam óleos essenciais. Mas a terapia entrou na era científica com o químico francês René Gattefossé, no início do século 20.
        Principais indicações: controle de estresse, ansiedade e dores.
        Contraindicações: idosos ou pessoas que tomam muitos medicamentos, indivíduos com alergia e gestantes.
        Onde faltam evidências: quadros de náusea e vômito intensos; o uso terapêutico isolado é, muitas vezes, pouco efetivo."

        "Hipnose: Quando chegamos em casa e não lembramos o percurso das últimas quadras é porque estávamos numa espécie de transe — o inconsciente se manifesta enquanto é mantida uma reserva de vigilância. A hipnose nos induz a um estado semelhante e isso já é explorado no tratamento de depressão, fobias, distúrbios sexuais e alimentares. Até condições com sintomas mais físicos são enfrentadas — e convém esclarecer que o paciente é submetido a um treinamento até poder passar pelo tratamento. Um estudo publicado pelas universidades de Baylor, Texas e Indiana, nos EUA, com 187 mulheres com calorões motivados pela menopausa, mostrou que aquelas submetidas à hipnose tiveram uma redução de 74% na frequência desse incômodo contra 13% do grupo de controle.
        Origem: o termo e seus precursores, Jean-Martin Charcot, Josef Beurer e Sigmund Freud, vêm do final do século 19.
        Principais indicações: distúrbios psicológicos, transtornos sexuais e alimentares, controle da dor, de vícios e manias, insônia.
        Contraindicações: não há, mas é ineficaz em pessoas não-suscetíveis.
        Onde faltam evidências: como anestésico em cirurgias de grande porte, dores agudas e doenças nervosas."

        "Técnicas de respiração: Uma ação simples e até obrigatória para o organismo vem sendo explorada como coadjuvante no tratamento de distúrbios psicológicos. Trabalhar o ritmo da respiração, utilizando mais o diafragma (o músculo que impulsiona o inspirar e o expirar) e controlando a entrada e a saída de ar, é uma tática bem-sucedida para subjugar e afastar ataques de pânico e ansiedade, como indicam estudos do psiquiatra Antonio Egidio Nardi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Isso ajuda a complementar o tratamento com remédios", diz. Há diversos treinos de respiração e um dos mais famosos é o método Sudarshan Krya, do ioga, tema de trabalhos na Universidade Harvard que demonstraram sua eficácia no controle do estresse, colesterol e insônia. Num experimento do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), os médicos observaram que exercícios respiratórios melhoraram os níveis de pressão arterial de idosos. “O ritmo de respiração mais lento ativa o lado calmo do sistema nervoso autônomo, estimulando o relaxamento dos vasos”, justifica o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho. Esta e outras técnicas ainda colaboram para controlar a asma e minorar a dor no parto.
        Origem: algumas técnicas, como a do ioga, têm registros milenares
        Principais indicações: controle do estresse, de crises de ansiedade, ataques de pânico, dores agudas e da pressão arterial.
        Contraindicações: a princípio, não há.
        Onde faltam evidências: até agora, não há evidências contrárias, mas o uso terapêutico isolado não controla totalmente doenças crônicas."
         
        "Meditação: Pessoas que dedicam um espaço da agenda a essa desconexão com o mundo — e olha que existem diversas formas de meditação — não só viveriam menos abatidas pelo estresse como estariam mais blindadas contra doenças. Um trabalho da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, acaba de demonstrar, depois de um teste com 154 voluntários, que indivíduos que meditam meia hora por dia correm menor risco de sofrer com gripes e resfriados e perder dias de trabalho por isso. “É provável que, interferindo no sistema nervoso, a prática ajude a regular a imunidade”, diz o autor, Bruce Barrett. Além da verve preventiva, a meditação também tem passado nas provas que avaliam sua capacidade de melhorar sintomas e dar qualidade de vida: há estudos com resultados positivos em hipertensão, esclerose múltipla e doença de Parkinson. “Estamos avaliando, com exames de ressonância magnética, o impacto da meditação tibetana em pessoas que sofreram danos cognitivos por causa da quimioterapia”, conta Paulo de Tarso Lima, do Hospital Albert Einstein.
        Origem: depende do tipo (budista, cristã, transcendental...). A prática está ligada a religiões e culturas orientais desde a Antiguidade
        Principais indicações: gerenciamento do estresse, controle da dor, ansiedade e depressão, distúrbios nervosos, controle de efeitos colaterais de terapias agressivas.
        Contraindicações: a princípio, não existem, mas a prática tem de ser devidamente orientada.
        Onde faltam evidências: doenças psiquiátricas em crise, tratamento do câncer em si."
         
        "Massagem: Ninguém duvida do poder relaxante de uma boa massagem, mas os profissionais da área ainda lutam para diferenciar uma simples sessão antiestresse (feita até no shopping) de uma intervenção capaz de fazer o corpo reagir a algum desconforto ou problema de saúde. Embora a base seja a mesma — manipular tecidos moles do corpo —, existem várias categorias de massagem: sueca, chinesa, shiatsu, clínica... A exemplo de outras terapias, essa abordagem deve seus louros a minimizar a tensão e toda a cascata de irregularidades desencadeada por ela, como cansaço constante, dores musculares e pressão alta. Isso porque o estado de relaxamento propiciado em uma sessão baixa a concentração de cortisol, o hormônio do estresse, e melhora a qualidade do sono, imprescindível para manter o sistema nervoso sob equilíbrio. Mas a técnica pode se prestar também a efeitos mais localizados. Um estudo capitaneado pela Universidade Duke, nos EUA, aponta que, quando aplicada uma hora por dia toda semana, a massagem sueca, marcada por manipulações mais intensas focadas na musculatura, é eficaz no controle da dor em pessoas com artrose no joelho, problema que não raro resiste a tratamentos convencionais. Hoje, aliás, se busca distinguir os conceitos de massagem terapêutica e clínica. “A primeira é mais de caráter preventivo, enquanto a segunda visa intervir para ajudar a corrigir um problema”, diz Rogério Pires, presidente da Associação Brasileira de Massoterapia Clínica.
        Origem: é uma prática milenar que faz parte, desde a Antiguidade, da cultura indiana, chinesa, tailandesa, romana e egípcia.
        Principais indicações: controle do estresse, melhoria da qualidade do sono, gerenciamento da dor, constipação intestinal e recuperação de problemas musculares.
        Contraindicações: pessoas em tratamento contra alguns tipos de câncer, indivíduos com varizes acentuadas ou diante de um processo inflamatório acentuado na pele ou nas articulações.
        Onde faltam evidências: dores agudas e intensas, alguns tipos de câncer, lesões ortopédicas."

        "Quiropraxia: Quem já ouviu falar nesse método, bastante popular nos Estados Unidos, tende a pensar que ele é uma espécie de massagem com estalos nas costas. Mas a proposta vai além disso. “Por meio de movimentos precisos na coluna, que por vezes geram estalidos, a quiropraxia visa melhorar o alinhamento das vértebras para que a comunicação do sistema nervoso com a periferia se dê de forma mais harmoniosa”, explica Ana Paula Facchinato, coordenadora do curso de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. O principal alvo da técnica é, de fato, toda a extensão da coluna vertebral, e há situações em que seu potencial supera o de remédios. Um estudo da Universidade de Ciências da Saúde Northwestern, nos EUA, revelou recentemente que técnicas de manipulação como a quiropraxia são mais eficazes em controlar dores na região do pescoço que medicamentos e exercícios caseiros. Só vale lembrar que, antes de recorrer ao método, é preciso fazer uma avaliação detalhada da origem do incômodo, até porque em alguns quadros de hérnia de disco e osteoporose ela é contraindicada.
        Origem: Estados Unidos, pelo estudioso de fisiologia e biomecânica humana canadense Daniel Palmer, em 1895.
        Principais indicações: dor na lombar, dor no pescoço, problemas decorrentes de postura e de alterações no corpo (como gestantes).
        Contraindicações: osteoporose grave, hérnia de disco e doenças reumatológicas em crise, vítimas de derrame e algumas pessoas com histórico de câncer.
        Onde faltam evidências: tratamento de dores agudas ligadas à hérnia de disco ou reumatismos."

        Autores:
        Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
        Dra. Karoline Calfa - Médica Nutróloga e Conselheira do CRM-ES.

        Referência bibliográfica:
        1. https://www.health.harvard.edu/topics/alternative-and-complementary-medicine?page=2
        2. https://revistamedicinaintegrativa.com/estado-da-arte-da-medicina-integrativa-no-mundo/
        3. http://medintegrativa.com.br/medicina-integrativa/
        4. http://medintegrativa.com.br/sobre/
        5. https://www.einstein.br/especialidades/hematologia/atendimento-consultas/medicina-integrativa
        6. http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnpic.php
        7. https://www.scielo.br/pdf/csc/v16n3/16.pdf

        sexta-feira, 7 de maio de 2021

        Como melhorar o controle glicêmico?

        Controlar o diabetes: A alimentação se torna uma das grandes preocupações das pessoas quando elas são diagnosticadas com diabetes.

        E a recomendação para esses pacientes de seguirem uma dieta específica não é à toa, pois, em pessoas diabéticas a produção de insulina é baixa ou mal utilizada. Por isso, ao comer certos alimentos- como carboidratos, ou aqueles ricos em açúcar e frutose- em excesso, a pessoa pode elevar muito os níveis glicêmicos no sangue, e agravar seu quadro diabético.

        Além disso, quando a causa do diabetes é a obesidade, a dieta e alimentação adequada é ainda mais fundamental. Uma vez que a pessoa com um quadro dessas duas doenças associadas – obesidade e diabetes- perde gordura visceral através de uma boa dieta, o organismo dela se torna também menos intolerante à insulina e, por consequência, os níveis de glicemia diminuem.

        Outro ponto a se destacar é que quando falamos em “dieta”, não é o mesmo que regimes da moda, mas sim um modo de comer planejado, que deve ser orientado profissionalmente, a fim de controlar a diabetes.

        Mas e quando você faz várias restrições na dieta, tira todos os doces, e mesmo assim não consegue controlar a doença?

        Algumas dicas para melhorar o controle glicêmico
         
        1 – Um plano de alimentação, no caso dos diabéticos, é uma necessidade primordial para o controle e tratamento da condição.

        Por isso, essas pessoas devem contar com a ajuda de um nutricionista, que poderá passar uma dieta individualizada para elas, que esteja de acordo com seu peso, sexo e idade. Sempre com o objetivo de evitar ou minimizar as flutuações extremas de glicemia, mas incluindo todos os nutrientes que essa pessoa precisa ter em sua alimentação. 

        Dessa forma, apesar das restrições necessárias, ela não deixará de ter uma dieta prazerosa. E, com devida orientação, poderá até mesmo, eventualmente e na quantidade correta, consumir alimentos doces e com açúcar.

        2 – Medir a glicemia antes e após as refeições é outra atitude que pode ajudar muito a controlar o diabetes através da dieta. Mas essa medição só deve ser feita com indicação de seu médico, por isso, converse com ele antes para confirmar se você pode e deve realizar esse controle glicêmico.

        Os períodos anterior e posterior às refeições são chamados de pré e pós-prandial. Medir a glicemia nesses períodos ajuda a perceber como determinados alimentos consumidos a cada refeição podem interferir no seu nível glicêmico. Dessa forma, o paciente terá uma melhor consciência sobre o que deve mais evitar para manter o controle do diabetes.
        Essa técnica também vai ajudar na recomendação da dosagem de insulina que o médico irá recomendar.

        3 – Para um melhor controle do diabetes através da dieta, é ideal que os pacientes também também associem a alimentação adequada com a prática regular a de atividade físicas.
        Estudos referenciados nas Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes apontam que exercícios físicos que aliam treinamento de resistência e aeróbicos são capazes de diminuir o nível de glicose no organismo em cerca de 0,77% após 12 semanas.

        Mas é necessário que, antes de iniciar a prática, o diabético consulte o médico que poderá avaliar qual é o melhor exercício para ele, de acordo com as particularidades do seu quadro clínico.
        Além de tudo isso, é necessário lembrar que o diabetes é uma doença crônica e progressiva. Por isso, o uso de remédios recomendados pelo médico pode ser necessário e é algo que vai auxiliar o controle da doença, a fim de evitar complicações.

        Vale lembrar também que restrições por conta própria, especialmente no caso dos diabéticos, não são recomendáveis. O paciente não tem o conhecimento necessário para restringir sua dieta, podendo até mesmo entrar em prejuízo nutricional por conta disso.

        Autor: Dr. Leônidas Tavares Silveira - Médico Nutrólogo e Endocrinologista. 

        Comer doces em excesso podem causar diabetes mellitus ?

        O texto abaixo é de autoria de um grande amigo Nutrólogo, Dr. Leônidas Tavares.

        Doces em excesso causa diabetes? Muitas pessoas compartilham a crença de que comer muitos doces- ou consumir muito açúcar- causa o diabetes. Mas isso não é bem verdade.

        Bom, o diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou pela incapacidade do nosso corpo de utilizar a insulina, hormônio que controla os níveis de açúcar em nosso organismo. Por isso, quando a insulina não está atuando de maneira adequada no corpo, elevam-se os níveis de açúcar no sangue.
        O excesso de açúcar no sangue, que é uma consequência da causa do diabetes, leva muitas pessoas a pensarem que consumir muitos doces vai resultar na doença. Mas, como disse, isso é mito. As causas do diabetes são outras.

        O principal fator que leva ao desenvolvimento da doença, no caso do diabetes tipo 1, são a destruição autoimune das células do pâncreas que produzem a insulina. Portanto, sua causa não está em nada associada ao consumo de doces.

        Já o diabetes tipo 2 é, na maioria da vezes, causado por uma série de fatores como sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão. E hábitos alimentares inadequados, que, com o passar do tempo, geram uma resistência do corpo à insulina produzida. Ou seja, o organismo não consegue mais utilizar a insulina que produz, os níveis de açúcar no sangue ficam elevados e a pessoa desenvolve um quadro de diabetes.

        Por isso, no caso do diabetes tipo 2, podemos até visualizar o excesso no consumo de doces como causa indireta da doença. Porque, se uma pessoa abusa do açúcar e dos doces, a tendência é que ela vá desenvolver sobrepeso ou agravar um quadro de obesidade. E assim terá fatores de risco que contribuem para o surgimento do diabetes.

        Doces em excesso causam Diabetes? E quem ja é diabético, pode comer doces?

        Essa é outra grande questão que surge quando a pessoa recebe o diagnóstico de diabetes e começa a se perguntar: ” será que não poderei mais comer doces?”

        O que ocorre é que, como a produção de insulina em diabéticos é baixa ou mal utilizada, ao comer doces a pessoa pode elevar muito e subitamente os níveis de açúcar no sangue. Com isso, ela pode ter tanto complicações imediatas (crises hiperglicêmicas), quanto complicações crônicas causadas por hiperglicemia.

        Por isso, é ideal que o diabético, não consuma doces. Dentro de uma dieta recomendada por um especialista, que irá eventualmente permitir que ele consuma esses alimentos sem comprometer o controle da diabetes.

        É importante também estar atento às fontes de açúcar que não são tão óbvias. Muitos alimentos e bebidas, que não parecem tão doces ao serem consumidos, possuem altos níveis de açúcar em sua composição. Converse com um nutricionista para saber como identificá-los e evitá-los.

        Se você tem algum fator de risco para o desenvolvimentos de diabetes, faça um acompanhamento preventivo e adeque sua alimentação para um estilo mais saudável como um todo, evitando não só doces em excesso, como também alimentos gordurosos e ultra processados.

        E para um melhor controle e tratamento da diabetes, não deixe também de praticar atividades físicas com regularidade, evitar o cigarro e bebidas de álcool e fazer consultas regulares com seu endocrinologista.

        Autor: Dr. Leônidas Tavares Silveira - Médico Nutrólogo e Endocrinologista. 
        Fone: https://drleonidassilveira.com.br/comer-doces-em-excesso-causa-diabetes/




        segunda-feira, 3 de maio de 2021

        Mortes por doenças cardiovasculares estão diretamente relacionadas a pressão alta

        A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é responsável por 80% dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil.

        “A hipertensão é o principal fator de risco para desencadear o AVC. Na pandemia, houve um aumento dos casos de AVC. Está escalada está relacionada às consequências do isolamento social que levaram ao aumento da ansiedade, sedentarismo, obesidade e ingestão de comidas com altas taxas de gordura e sal. Assim, consequentemente há o aumento da incidência e descontrole da hipertensão arterial”, alerta o cardiologista do Hospital Brasília Edson D’Ávila.

        De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a HAS é a principal causa de morte por doenças cardiovasculares no Brasil e no mundo. No país, anualmente cerca 350 mil pessoas morrem em decorrência de doenças no coração e a maioria desencadeada pela HAS. A entidade também alerta que a pressão alta agrava quadros de infarto, aneurisma arterial e até insuficiência renal.

        Edson D’ávila explica que a HAS é mais comum em pessoas acima dos 50 anos de idade, aumentando os riscos todos os anos. “A pressão arterial é considerada normal quando está entre 120/80. Acima disso, a pessoa deve ficar de olho, sobretudo quando chegar a idade de risco. Se a pressão for maior ou igual a 140/90, está alta e um médico deve ser procurado para mais orientações”, alerta. O cardiologista ainda revela que os principais sinais do AVC são perda de força e sensibilidade, alteração na fala, alterações de equilíbrio, dores de cabeça súbitas e intensas.

        Para prevenir a HAS, o médico recomenda a mudança total do estilo de vida. “Reeducação alimentar, redução de peso e atividade física. O controle da pressão reduz em 47% as taxas de AVC. Para o tratamento, além da mudança de hábitos, é necessária a terapia medicamentosa”, finaliza.

        Como evitar a hipertensão arterial

        Na campanha da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) de 2021, a instituição traz um folder com dicas para reduzir os casos de HAS:

        1. Pare de fumar! O tabagismo aumenta o risco de doenças cardiovasculares e é apontado como fator negativo no controle de hipertensos;
        2. Tenha uma alimentação saudável! Os alimentos frescos devem ser priorizados e as refeições congeladas, embutidas e enlatadas devem ser limitadas;
        3. Limite o consumo de bebidas alcoólicas! O limite o consumo diário de álcool deve ser 1 dose (mulheres) e 2 doses (homens);
        4. Mantenha seu peso adequado para a sua altura! O excesso de peso pode aumentar a pressão em 30% além de dificultar o controle dos hipertensos;
        5. Tenha uma vida menos estressante! Uma melhor qualidade de vida ajuda;
        6. Tenha uma vida mais ativa! 30 minutos de atividade física por dia, que pode ser dividido em 2 períodos de 15 min ou 3 de 10 min fazem toda a diferença. Seu corpo foi feito para se movimentar;

        Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/04/28/mortes-por-doencas-cardiovasculares-estao-diretamente-relacionadas-a-pressao-alta/

        domingo, 2 de maio de 2021

        Como reconhecer e como são tratados os sintomas da perimenopausa e menopausa

        Muitas mulheres não sabem o que esperar durante a perimenopausa, que é o período de tempo - muitas vezes marcado por mudanças angustiantes no corpo - que leva à menopausa, ou ao fim do ciclo menstrual da mulher e anos férteis.  Essas mudanças podem ser um choque, por isso analisamos os sinais, as causas e as opções de tratamento para cinco sintomas comuns.

        Ondas de calor

        O que elas sentem: “A maioria das mulheres relatará uma sensação de calor que começa na cabeça e desce pelo corpo”, disse a Dra. Nanette Santoro, professora de obstetrícia e ginecologia da Universidade do Colorado que pesquisa sintomas de perimenopausa e menopausa. Isso geralmente é seguido por uma sensação de frio, disse ela, conforme os vasos sanguíneos do corpo se dilatam e, em seguida, perdem calor rapidamente. As ondas de calor geralmente duram de um a cinco minutos e podem surgir tanto na perimenopausa quanto na menopausa.
        Há uma variedade de sintomas associados às ondas de calor, disse a Dra. Holly Thacker, especialista em saúde feminina da Clínica Cleveland. Algumas mulheres têm alucinações táteis e sentem que sua pele está formigando; algumas têm palpitações cardíacas. As ondas de calor também estão associadas à insônia e perturbações do sono.

        O que os causa: Não está totalmente claro o que causa uma onda de calor, disse Santoro, mas as flutuações nos níveis de estrogênio que ocorrem durante a perimenopausa podem levar a mudanças de temperatura.  Embora a transição da menopausa seja marcada pela redução dos níveis de estrogênio ao longo do tempo, esses níveis flutuam substancialmente até o período menstrual final. “Os hormônios não diminuem lentamente até se transformar em nada”, disse ela.  “Eles estão em uma espécie de montanha-russa.”

        Como tratá-los: A terapia hormonal, que envolve a suplementação de estrogênio ou progesterona junto com o estrogênio, é considerada o tratamento mais eficaz disponível para ondas de calor após a menopausa.  O F.D.A. também aprovou a paroxetina, um antidepressivo mais comumente conhecido como Paxil, para tratar ondas de calor moderadas a graves.
        Alguns médicos não recomendam a terapia hormonal durante a perimenopausa e, em vez disso, prescrevem um método de controle de natalidade hormonal de baixa dosagem. Os regimes de terapia hormonal geralmente contêm um quarto da quantidade de hormônio na pílula anticoncepcional de menor dose, disse Adams, mas não é suficiente para fornecer anticoncepcionais e controlar o sangramento irregular.

        Depressão e ansiedade

        Como se manifestam: “Depressão e ansiedade realmente se tornam uma coisa na perimenopausa”, disse a Dra. Karen Adams, professora de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon. Pode parecer um caso constante de síndrome pré-menstrual ou TPM.  “Você não está imaginando coisas”, disse Adams.
        As mulheres que sentem ansiedade se sentem irritadas e nervosas e podem ter palpitações cardíacas. A depressão é tipicamente marcada por um baixo-astral, falta de motivação, dormir e comer mais ou menos do que o normal e não desfrutar de atividades que normalmente são uma fonte de conforto.

        O que os causa: “Quando perdemos estrogênio, ficamos mais vulneráveis ​​em termos de humor”, disse a Dra. Stephanie Faubion, diretora médica da Sociedade Norte-Americana de Menopausa e diretora do Mayo Clinic Center for Women’s Health.
        Mulheres que sofreram de depressão perinatal ou distúrbio disfórico pré-menstrual, uma forma grave de TPM, têm maior risco de desenvolver depressão perto da menopausa. As ondas de calor também estão associadas à ansiedade.

        Como tratá-los: A depressão que ocorre em torno da transição da menopausa responde bem ao estrogênio, disse o Dr. Faubion. Se uma mulher não está respondendo aos hormônios, os antidepressivos podem ser úteis, disse o Dr. Adams. Mindfulness, terapia cognitivo-comportamental, técnicas de relaxamento e ioga também podem melhorar o humor.

        Sintomas genitais e urinários

        Como se manifestam: As mulheres podem apresentar secura vaginal intermitente, perda urinária e bexiga hiperativa durante e após a perimenopausa. Elas às vezes relatam uma sensação de coceira ou queimação na vagina ou durante a micção: “Alguns a descrevem como lâminas de barbear ou cacos de vidro”, disse a Dra. Faubion. Sexo pode ser doloroso; assim como limpar com papel higiênico ou usar jeans.

        O que os causa: Os baixos níveis de estrogênio podem causar sintomas genitais. “O estrogênio ajuda a manter a saúde  desses tecidos com elasticidade, fluxo sanguíneo e umidade”, disse o Dr. Faubion. "Você perde tudo isso quando perde estrogênio."

        Como tratá-los: Ao contrário das ondas de calor, os sintomas genitais não desaparecem sem tratamento, disse Santoro. O tratamento prescrito no. 1 é o estrogênio vaginal ou local, que está disponível em anéis, cremes e inserções vaginais. Muitas mulheres também podem aliviar os sintomas usando hidratantes e lubrificantes vaginais de venda livre.

        Brain Fog / Confusão mental

        Qual é a sensação:  As mulheres podem sentir que seus pensamentos não são tão claros como antes e podem ter dificuldade para lembrar as palavras.

        O que causa isso: Pode haver uma série de causas, disse Faubion. “Pode ser basicamente a retirada de um esteroide, o estrogênio”, disse ela. Mas ondas de calor, suores noturnos e outros sintomas da menopausa podem interromper o sono, e o repouso reduzido e fragmentado pode causar danos. A depressão e outros transtornos do humor também afetam a cognição.

        Como tratar: A névoa do cérebro tende a ser mais um problema na perimenopausa, disse Adams, e estabiliza após a menopausa. “Saber disso pode ser um alívio”, disse ela. Identificar e abordar os problemas do sono também pode atenuar a névoa do cérebro. Suores noturnos e ondas de calor podem ser aliviados com suplementação de estrogênio. Evitar cafeína, álcool e nicotina antes de dormir pode ajudar a melhorar o sono. Comer mais cedo também pode ser benéfico: certifique-se de que sua última refeição seja pelo menos duas horas antes de dormir.

        Problemas de pele e cabelo

        Como eles se manifestam: Mulheres relatam perda de cabelo, crescimento de novos pelos faciais e pele mais fina ou mais seca.

        O que os causa: As mulheres perdem cerca de um terço do colágeno da pele durante a transição da menopausa, disse Faubion. A espessura do cabelo tem um componente hormonal, disse o Dr. Adams; algumas mulheres notam mudanças em seus cabelos durante a gravidez e também no pós-parto.  A perda de cabelo também pode estar relacionada a anormalidades da tireoide e deficiências de vitaminas, que não estão necessariamente relacionadas à menopausa, mas podem surgir com a idade.

        Como tratá-los: Tomar uma fórmula multivitamínica diária para mulheres, bem como estrogênio, pode ajudar na prevenção da queda de cabelo.  Rogaine, um produto para engrossar o cabelo que vem em uma espuma tópica, também demonstrou funcionar para mulheres. A ingestão de estrogênio também pode aumentar a espessura, a umidade e a flexibilidade da pele. Consulte um médico para verificar seus níveis de hormônio tireoidiano, pois a queda de cabelo pode estar relacionada a anormalidades da tireoide. E consulte seu médico sobre quaisquer novos problemas de saúde que você acha que podem estar relacionados à perimenopausa ou menopausa.

        Embora esses sintomas possam ser irritantes e perturbadores, "todas essas coisas podem ser tratadas", disse o Dr. Adams. Os sintomas da perimenopausa e da menopausa não durarão para sempre. "Não é o seu novo normal", disse ela.


        Fome emocional: 52% dos brasileiros engordaram na quarentena

        Várias famosas assumiram publicamente que ganharam peso durante a pandemia. Provavelmente elas não estão sozinhas.

        Pesquisa online feito pelo Instituto IPSOS mostrou que o isolamento social favoreceu o ganho de peso em mais de 30 países.

        O levantamento mostrou que 31% dos entrevistados engordaram desde o começo da pandemia. E no Brasil, o índice é de 52% dos entrevistados.

        O aumento de peso médio foi de 6,1kg, enquanto no Brasil a media foi de 6,5kg. A pessoa entrevistou 22 mil pessoas de 16-74 anos, de 6/11/2020 a Janeiro de 2021.

        Para ler mais, acesse: https://f5.folha.uol.com.br/viva-bem/2021/05/fome-emocional-52-dos-brasileiros-engordaram-na-quarentena.shtml

        Por aqui as coisas não estão diferentes. O número de pacientes que ganharam peso durante a pandemia é muito maior que os que emagreceram (sim, vários emagreceram). Nunca trabalhei tanto em um Janeiro. O ambulatório de Nutrologia está repleto que pacientes que ganharam muito peso durante a pandemia e principalmente pós-COVID. 

        As consequências da pandemia permanecerão ainda por um bom tempo. 

        sexta-feira, 30 de abril de 2021

        Integridade dos ecossistemas é determinante na redução das doenças infecciosas emergentes

        Você sabia que cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas, ou seja, transmitidas através de animais?

        Alguns exemplos que surgiram recentemente são o Ebola, a gripe aviária, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), o Vírus Nipah, a Febre do Vale Rift, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), a Febre do Nilo Ocidental, o Zikavírus e, agora, o coronavírus – todos ligados à atividade humana.

        O surto de Ebola na África Ocidental é resultado de perdas florestais que levaram a vida selvagem a se aproximar dos assentamentos humanos; a gripe aviária está relacionada à criação intensiva de aves e o Vírus Nipah surgiu devido à intensificação da suinocultura e à produção de frutas na Malásia.

        Cientistas e especialistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estão reunindo os dados científicos mais recentes sobre o COVID-19 – tanto o que se sabe quanto o que não se sabe.

        Embora a origem da pandemia e seu caminho de disseminação ainda não estejam claros, listamos seis pontos importantes que vale a pena conhecer:

        A interação de seres humanos ou rebanhos com animais selvagens pode expor-nos à disseminação de possíveis patógenos. Para muitas zoonoses, os rebanhos servem de ponte epidemiológica entre a vida selvagem e as doenças humanas.

        Os fatores determinantes do surgimento de zoonoses são as transformações do meio ambiente – geralmente resultado das atividades humanas, que vão desde a alteração no uso da terra até a mudança climática; das mudanças nos hospedeiros animais e humanos aos patógenos em constante evolução para explorar novos hospedeiros.

        As doenças associadas aos morcegos surgiram devido à perda de habitat por conta do desmatamento e da expansão agrícola. Esses mamíferos desempenham papéis importantes nos ecossistemas, sendo polinizadores noturnos e predadores de insetos.

        A integridade do ecossistema evidencia a saúde e o desenvolvimento humano. As mudanças ambientais induzidas pelo homem modificam a estrutura populacional da vida selvagem e reduzem a biodiversidade, resultando em condições ambientais que favorecem determinados hospedeiros, vetores e/ou patógenos.

        A integridade do ecossistema também ajuda a controlar as doenças, apoiando a diversidade biológica e dificultando a disseminação, a ampliação e a dominação dos patógenos.

        É impossível prever de onde ou quando virá o próximo surto. Temos cada vez mais evidências sugerindo que esses surtos ou epidemias podem se tornar mais frequentes à medida que o clima continua a mudar.



        “Nunca tivemos tantas oportunidades para as doenças passarem de animais selvagens e domésticos para pessoas”, disse a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen. “A perda contínua dos espaços naturais nos aproximou demasiadamente de animais e plantas que abrigam doenças que podem ser transmitidas para os seres humanos”.

        A equipe do PNUMA está trabalhando continuamente nessas questões importantes. As informações compartilhadas pela Divisão de Ciência estão disponíveis online com informações adicionais, incluindo uma lista de perguntas ainda não respondidas.

        A natureza está em crise, ameaçada pela perda de biodiversidade e de habitat, pelo aquecimento global e pela poluição tóxica. Falhar em agir é falhar com a humanidade. Enfrentar a nova pandemia de coronavírus (COVID-19) e nos proteger das futuras ameaças globais requer o gerenciamento correto de resíduos médicos e químicos perigosos, a administração consistente e global da natureza e da biodiversidade e o comprometimento com a reconstrução da sociedade, criando empregos verdes e facilitando a transição para uma economia neutra em carbono. A humanidade depende de ação agora para um futuro resiliente e sustentável.

        Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/04/28/integridade-dos-ecossistemas-e-determinante-na-reducao-das-doencas-infecciosas-emergentes/

        Amazônia: Queimadas aumentam problemas respiratórios

        Estudo da Fiocruz e do WWF-Brasil aponta que as queimadas na Amazônia foram responsáveis pela elevação dos percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios nos últimos 10 anos (2010-2020) nos estados com maiores números de focos de calor: Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre. Estas internações custaram quase 1 bilhão aos cofres públicos. O levantamento aponta ainda que a associação da situação da pandemia com as queimadas florestais na Amazônia pode ter agravado a situação de saúde da população da Amazônia legal, pois os poluentes oriundos das queimadas podem causar uma resposta inflamatória persistente e, assim, aumentar o risco de infecção por vírus que atingem o trato respiratório.

        O estudo mostra que mesmo com a possível subnotificação, por conta de inconsistências na base de dados do DataSUS, os valores diários de poluentes são extremamente elevados e contribuíram para aumentar em até duas vezes o risco de hospitalização por doenças respiratórias atribuíveis à concentração de partículas respiráveis e  inaláveis finas (fumaça) nos estados analisados.

        No Amazonas, 87% das internações hospitalares no período analisado estão relacionadas às altas concentrações de fumaça (partículas respiráveis e inaláveis). O percentual foi de 68% no Pará, de 70% em Mato Grosso e de 70% em Rondônia.  Já as doenças respiratórias associadas às altas concentrações de partículas de poluentes emitidas pelas queimadas respondem por 70% das internações hospitalares registradas no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.

        A pesquisadora Sandra Hacon, da Ensp/Fiocruz, afirma que embora os percentuais de internação hospitalar por doenças respiratórias na região tenham se mantido estáveis entre 2010 e 2020, uma parte considerável dessas internações podem ser atribuídas às concentrações de partículas respiráveis finas e inaláveis emitidas por incêndios florestais. “As micropartículas que compõem a fumaça ficam depositadas nas cavidades dos pulmões, agravando os problemas respiratórios. Elas são um fator de risco para pessoas que já possuem comorbidades.

        Vemos, portanto, um impacto à saúde e perda da qualidade de bem-estar das pessoas, além do elevado custo econômico das doenças respiratórias para o SUS”, explica. “A fragilização do sistema respiratório é extremamente preocupante no atual cenário de uma pandemia que também causa problemas respiratórios.  Essa sobreposição sugere que a região da Amazônia legal tenderá a ter seu sistema de saúde pressionado, já que as queimadas são mais intensas nos meses de seca, que se iniciam dentro de poucas semanas”, alerta.Importante salientar que no ano de 2020 o Brasil alcançou o maior número de queimadas na década. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a floresta amazônica registrou 103.161 focos ante 89.171 em 2019, um aumento de 15,7%. Essa tendência contínua de destruição impacta diretamente não só na saúde das pessoas, mas em todo o ecossistema, que sofre todos os anos durante o ciclo das queimadas intensificado no período de seca, ressalta Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil. Ele  aponta que “as queimadas fazem parte da dinâmica de destruição da Amazônia. As áreas desmatadas são posteriormente queimadas para “limpar” o terreno, abrindo espaço para a pastagem, a agricultura, ou a simples especulação fundiária. A associação entre o desmatamento, queimadas e degradação da floresta traz um custo muito alto para todos nós, especialmente para os povos da floresta, e para o clima do planeta”, afirma.O Estudo traz algumas recomendações para o poder público:

        – Os sistemas oficiais de vigilância e monitoramento em saúde precisam de evolução e melhorias sistemáticas, especialmente aqueles direcionados às populações indígenas da Amazônia;

        – Políticas consistentes de redução do desmatamento e queimadas na Amazônia são críticas e imediatas, pois o combate ao desmatamento e à degradação do bioma amazônico é fundamental para a garantia de direitos básicos das populações locais, como acesso à saúde e um ambiente saudável e sustentável;

        – Desenvolvimento e implementação de programas de vigilância epidemiológica e ambiental efetivos, direcionados à população amazônica exposta aos incêndios florestais, principalmente os grupos mais vulneráveis, como gestantes, crianças, idosos, e aquelas pessoas que apresentam comorbidades precisam de atenção dedicada;

        – Necessidade iminente de esforço preventivo no controle de zoonoses, pois os custos associados aos esforços preventivos são substancialmente menores, comparados com os custos econômicos, sociais e de saúde no controle de potenciais epidemias e ou pandemias.

        Metodologia do estudo

        Foi analisada a relação das tendências da morbidade hospitalar (a taxa de internações registradas em hospitais) por doenças do aparelho respiratório no período de 2010 a 2020 e as concentrações estimadas de emissões de partículas respiráveis finas (PM2,5), presentes na fumaça de incêndios florestais no mesmo período, investigando os potenciais impactos à saúde nos estados com os maiores registros de focos de calor provenientes das queimadas na Amazônia Brasileira, segundo o INPE – Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre, que apresentaram  maior número de focos de queimadas registrados no período analisado – 2010-2020.

        O estudo observou as séries temporais diárias de morbidade hospitalar por doenças do aparelho respiratório obtidas no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), pelo Sistema de Informação sobre internação hospitalar (SIH) e analisados por dia, mês e ano no período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de outubro de 2020, segundo a unidade de federação de residência. As internações hospitalares por doenças respiratórias relacionadas ao COVID-19 para cálculo da tendência retrospectiva foram excluídas. Portanto, as internações hospitalares derivadas do COVID-19, não entraram no conjunto das causas de hospitalizações.

        Os pesquisadores selecionaram informações referentes ao valor em reais (R$) gasto com as hospitalizações de baixa e alta complexidade (Unidades de Terapia Intensiva – UTI) por doenças do aparelho respiratório para estimativa do custo econômico em saúde dessas hospitalizações que pudesse ser atribuível à poluição decorrente das queimadas.

        As estimativas de concentração do material particulado (PM2,5) foram obtidas por meio de dados de satélite da NASA, com as informações de profundidade óptica de aerossóis (Aerosol Optical Depth – AOD) convertidas por modelagem matemática em estimativas de concentração de PM2,5 e disponibilizadas para acesso público pelo Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS), que é o mais recente conjunto de dados de reanálise global de composição atmosférica produzida pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF).

        Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/04/29/queimadas-na-amazonia-aumentam-problemas-respiratorios/