terça-feira, 28 de junho de 2022

Compilado de textos sobre a temática: Modulação Hormonal, Implantes Hormonais

É crescente o número de pessoas que ligam aqui na clínica perguntando:

"Quanto custa o chip da beleza"
"Qual o valor do implante hormonal"
"Como faz para colocar chip hormonal"
"Quem indicamos para implantes hormonais em Goiânia"

Primeiramente, quero frisar pela milésima vez nesse blog, que eu abomino implantes hormonais. Atendo praticamente toda semana pacientes que tiveram complicações decorrente do uso do chip e com isso preciso encaminhar para amigos endocrinologistas e dermatologistas. Acne, queda de cabelo, virilização são os efeitos que mais tenho recebido no consultório.

Segundo, quero deixar claro, que a própria Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) em seu site, não recomenda terapias hormonais para fins estéticos, modulação hormonal, terapia antienvelhecimento. Ou seja, para as pessoas que pensam que isso faz parte da Nutrologia, a própria ABRAN deixa claro que não faz parte: https://abran.org.br/2018/03/14/rol-de-procedimentos/ e https://abran.org.br/2018/03/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/
E aqui na clínica exercemos Nutrologia e Nutrição baseado no que a ABRAN, CFM, CFN recomendam. Ou seja, não trabalhamos com implantes hormonais de gestrinona, nem indicamos quem o faça.

att

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13.192 - RQE 11915
Dr. Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da educação física. 




Desde a publicação do estudo Women's Health Initiative (WHI)[1], em 2002, muitos médicos passaram a ter receio em prescrever terapia hormonal para mulheres no climatério. Além disso, é comum que as próprias pacientes tenham medo do tratamento. Mas, segundo especialistas, quando bem indicada e individualizada, a reposição hormonal pode trazer grandes benefícios, principalmente com relação às queixas vasomotoras.

Isso difere do que acontece com o chamado “chip da beleza”, que embora esteja sendo cada vez mais utilizado, é contraindicado por várias entidades médicas, entre elas, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), alertaram especialistas durante colóquio do 39° Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), realizado de forma virtual em maio deste ano.

Na sessão científica intitulada “Terapia de reposição hormonal no homem e mulher – O que o cardiologista precisa saber?”, moderada pelo Dr. Luiz Antonio de Almeida Campos, médico cardiologista do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Hupe/Uerj) e do Hospital Pró-Cardíaco, um time multidisciplinar de debatedores abordou desde os riscos e benefícios da terapia hormonal (TH) na menopausa até temas ainda mais espinhosos, como o "chip da beleza" e efeitos do abuso da testosterona na mulher e no homem.

Terapia hormonal na menopausa: quando e para quem?

A TH é o tratamento ideal para os sintomas vasomotores característicos do climatério que, segundo a Dra. Clarissa Antunes Thiers, médica cardiologista do Instituto Nacional de Cardiologia e do Hospital Samaritano e professora da Universidade Estácio de Sá, são um indício de disfunção endotelial.

"Sabemos que a mulher que tem sintoma vasomotor precocemente tende a ter esses sintomas com mais frequência, mais intensidade e por mais tempo. Então, se ela não tiver nenhuma contraindicação à reposição hormonal, vai se beneficiar muito", corroborou a Dra. Flávia Lúcia Conceição, médica endocrinologista, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O ideal é iniciar a TH em mulheres até 60 anos de idade ou nos primeiros dez anos após a menopausa (janela de oportunidade). Segundo a Dra. Flávia, não é uma recomendação tratar menopausa para diminuir o risco cardiovascular, porém as mulheres que usam TH porque têm sintomas vasomotores talvez se beneficiem também com relação ao risco cardiovascular, além de se beneficiarem no aspecto ósseo, com redução do risco de fraturas.

A Dra. Clarissa disse que, em algumas situações, a TH é amplamente preconizada, por exemplo, nas mulheres com menopausa precoce (antes dos 45 anos) e com insuficiência ovariana prematura. “Se não fizermos a reposição hormonal, aumentamos o risco cardiovascular dessa mulher”, destacou.

A individualização do tratamento é algo importante. Os profissionais devem lançar mão de ferramentas de estratificação de risco cardiovascular e fazer uma anamnese ampla, reunindo informações desde a história gestacional. "Quanto mais alto o risco cardiovascular da mulher, menor a probabilidade de prescrever terapia combinada oral, por exemplo", disse a Dra. Clarissa, lembrando que, para aquelas que apresentam risco cardiovascular intermediário, é importante buscar marcadores de aterosclerose. Já, no caso daquelas com alto risco, isto é, que já tiveram algum evento, a TH é contraindicada.

Manter um protocolo de acompanhamento também é importante para a mulher que passa pelo processo do climatério. Segundo a Dra. Célia Regina Silva, médica ginecologista e obstetra, professora da UFRJ, segunda vice-presidente do Cremerj e vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro (SGORJ), esse protocolo envolve desde a avaliação do lipidograma e do hepatograma até o monitoramento com mamografia, principalmente se a mulher fizer uso de TH.

No caso de mamas densas, deve-se associar ultrassonografia mamária. Para pacientes com útero, também deve ser feito o controle endometrial anual. A densitometria óssea geralmente é iniciada a partir dos 65 anos, porém pode ser antecipada em situações especiais, por exemplo, nas mulheres que passaram por cirurgia bariátrica ou com fatores de risco para osteoporose.

Reposição hormonal com testosterona

Segundo o Dr. Paulo Roberto Magalhães Bastos, médico urologista, membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), não existe indicação, salvo em situações extremamente especiais, para reposição de testosterona em mulheres. "Essa febre de reposição de testosterona, ‘chip da beleza’, é uma falácia e, até certo ponto, criminoso", ressaltou. Isso porque o implante desse hormônio pode causar malefícios que, de acordo com a Dra. Clarissa, incluem aumento do risco de infarto, de insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC). Outro problema é a incerteza quanto à real composição desses implantes.

Os médicos lembraram que não se dosa testosterona na mulher. Na verdade, mesmo quando há indicação de TH na menopausa, não se deve dosar hormônios nas mulheres para ajustar doses. A adequação da dosagem da TH é orientada pelo alívio dos sintomas.

No caso dos homens, explicou o Dr. Paulo, as diretrizes e as sociedades médicas recomendam a reposição da testosterona apenas quando há sintomas claros de déficit desse hormônio, acompanhados de duas dosagens inferiores a 200 ng/dL, que tenham sido realizadas de forma adequada, pela manhã e com intervalos de 7 a 15 dias. A Dra. Flávia acrescentou que pacientes com hipogonadismo precisam de reposição.

Um aspecto que ainda causa dúvida em muitos profissionais é com relação ao risco de câncer de próstata. No entanto, o Dr. Paulo destacou que a reposição de testosterona não aumenta o risco desse tipo de câncer. “Hoje, o urologista está autorizado – todos os guidelines mostram isso – a repor testosterona em pacientes tratados e curados de câncer de próstata”, disse, explicando que é o caso daqueles que tem dois anos de prostatectomia radical ou de radioterapia e com antígeno prostático específico (PSA) normal. No entanto, vale lembrar que pacientes na faixa dos 50 anos de idade devem ser estratificados para risco de câncer de próstata antes de iniciar reposição com testosterona.




Nutrologia não inclui Modulação hormonal no rol de procedimentos

 
Praticamente todos os dias pelo menos 10 pessoas ligam aqui na clínica e perguntam se trabalho com modulação hormonal.

A resposta é em alto e bom som: N-Ã-O. Abomino esse tipo de prática e aqui dou alguns motivos bem simples. Mas antes é preciso entender o porquê das pessoas associarem a Nutrologia à prática de Modulação Hormonal.

Vamos lá ! A Nutrologia NÃO tem dentro do seu rol de procedimentos a Modulação hormonal. Os profissionais que praticam, fazem por conta própria. Pois não é ensinado nada disso nas residências de Nutrologia ou cursos de especialização, em especial o dado pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Em 2019 a própria ABRAN emitiu um comunicado deixando claro que algumas práticas não fazem parte do rol de procedimentos nutrológicos.
A ABRAN em comunicado também publicou no próprio site um posicionamento especificamente sobre Modulação Hormonal.

Ou seja, tal tipo de prática não tem respaldo da sociedade a qual sou membro titular. Para acessar: Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN): http://abran.org.br/2018/03/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/

A especialidade responsável por estudar mais a fundo os hormônios é a Endocrinologia e Metabologia e a própria Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) publicou ano passado um posicionamento sobre Modulação Hormomal: https://www.endocrino.org.br/alerta-sbem-nao-existe-especialista-em-modulacao-hormonal/

Os praticantes de Modulação hormonal argumentam que com o passar dos anos há quedas acentuadas de vários hormônios e devemos "modulá-los" deixando em valores ótimos. Mesmo o indivíduo não apresentando déficit. Ou seja, alguns defendem uma ação antienvelhecimento da reposição desses hormônios. 

A Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) se posicionou contra a prática de medicina anti-envelhecimento: http://www.abeso.org.br/pdf/Posicionamento%20SBEM%20-%20anti-aging2.pdf

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) tatambém se posicionou contra: http://portaldaurologia.org.br/medicos/destaque-sbu/nota-oficial/


Além de todas as sociedades médicas acima reprovarem a prática de Modulação Hormonal, o Conselho Federal de Medicina (CFM) que é a autarquia que regulamenta o exercício da Medicina no Brasil tem uma resolução no qual PROÍBE EXPRESSAMENTE a prática de modulação hormonal no Brasil. Podendo ser acessado em:

Abaixo, texto transcrito do site do CFM: 

Com a Resolução 1999/2012, os médicos que prescreverem métodos para deter o envelhecimento podem ser punidos até com a perda do registro profissional
Médicos brasileiros que prescreveram terapias com o objetivo específico de conter o envelhecimento, práticas conhecidas como antiaging, estarão sujeitos às penalidades previstas em processos ético-profissionais. No caso de condenação, após denúncia formal, eles poderão receber de uma advertência até a cassação do registro que lhes a autoriza o exercício da Medicina.

A Resolução 1999/2012, aprovada pelo plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM), determina a proibição da adoção destas práticas pelos médicos. O texto, que será publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (19), se baseia em extensa revisão de estudos científicos que concluiu pela inexistência de evidências científicas que justifiquem e validem a prescrição destas práticas.

A nova regra reforça limitação imposta pelo Código de Ética Médica, em vigor desde 2010, que também desautoriza o emprego de técnicas sem comprovação cientifica. A Resolução também dialoga com os conteúdos das Resoluções 1938/2010, que alerta para a ineficácia das práticas ortomoleculares com o intuito de combater processos como o antienvelhecimento, e mesmo a Resolução 1974/2011, que trata de publicidade médica. Esta regra proíbe os médicos de anunciarem e prometerem resultados aos pacientes e também de anunciarem o uso de métodos sem comprovação cientifica.

O Coordenador da Câmara Técnica de Geriatria do CFM, Gerson Zafalon Martins, que coordenou o trabalho que resultou na nova resolução, alerta para os riscos que tais métodos podem causar. Segundo ele, há possibilidade de que adoção destas terapias possam provocar danos permanentes, inclusive contribuindo para o aumento do risco de câncer em determinados pacientes. “Prescrever hormônio do crescimento para “rejuvenescer” um adulto que não tem deficiência desse hormônio é submetê-lo ao risco de desenvolver diabetes e até neoplasias”.

Mudança de comportamento - Na avaliação do plenário do CFM, o aumento da longevidade não decorre tratamentos específicos, mas de uma mudança de atitude, que inclui a adoção de hábitos saudáveis (melhor alimentação, prática de esportes, abandono do tabaco e uso limitado do álcool, entre outros pontos). “Estão vendendo ilusão de antienvelhecimento para a população sem nenhuma comprovação científica e que pode fazer mal à saúde. Com a idade, o metabolismo mais lento e a ingestão de algumas substâncias podem aumentar o risco de várias doenças”, alerta a geriatra Elisa Franco Costa, que auxiliou na pesquisa do CFM.

Entre as diferentes técnicas para deter o envelhecimento, a principal crítica do CFM se detém sobre a reposição hormonal e a suplementação com antioxidantes (vitaminas e sais minerais). De acordo com o CFM, a adoção destes métodos não gerou, até o momento, resultados confirmados por estudos científicos em grandes grupos populacionais ou de longa duração. Além disso, como eram empregados em pacientes com hipofunção glandular, podem provocar efeitos adversos que levem seus usuários ao desenvolvimento de outras disfunções.

Para os conselheiros, a prescrição e o emprego de tratamentos de forma inadequada colocam a saúde dos pacientes em risco. Este entendimento é o mesmo de outros órgãos de regulação, tanto nacionais quanto internacionais, se posicionam contra a manipulação hormonal em indivíduos saudáveis.
Penalidades possíveis - Em agosto passado, o CFM divulgou parecer produzido pela Câmara Técnica de Geriatria que propunha um parâmetro normativo sobre a questão. Apenas de seu caráter orientador, o documento não tinha função normatizadora. Com a nova Resolução, o médico fica o impedido de praticar a terapia, sob pena de ter seu registro profissional cassado.

Segundo dados da corregedoria do CFM, nos últimos quatro anos, a entidade já cassou o registro profissional de cinco médicos que praticavam os procedimentos sem comprovação científica. Outras dez punições (como suspensão e censura pública) também foram dadas a outros médicos. Os Conselhos Regionais de Medicina também apuram outros casos.

O ilícito destes médicos geralmente era agravado pela publicidade imoderada, sensacionalista e promocionais. Muitos deles garantiam resultados, o que contraria o Código de Ética Médica (CEM). “A medicina não é uma ciência de fim e sim de meios. O médico tem que fazer o possível em benefício do paciente, mas nem sempre o resultado é satisfatório”, destaca o corregedor do CFM, José Fernando Maia Vinagre.

SAIBA O QUE DIZ A RESOLUÇÃO CFM 1.999/2012

Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:
I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico- degenerativas;
II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados;
III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente comprovados;
De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios cientificamente comprovados:
IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA), estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para a utilização na prática clínica diária. 



Em 2018 a Justiça também corroborou com o CFM e proibiu a prática de Modulação Hormonal.

A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região - TRF5 negou, por unanimidade, a apelação contra a Resolução Nº1999/2012, do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A publicação do CFM tem por objetivo combater a prática de reposição hormonal sem comprovação científica, objetivando retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento.
Esta Resolução foi questionada judicialmente por uma Associação, que impetrou ação civil coletiva (no Juízo da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará - SJCE), com o intuito de que o CFM fosse determinado a se abster de aplicar a Resolução aos médicos filiados à associação, tanto no presente quanto no futuro.
A ação foi negada na primeira instância, motivando recurso à segunda instância, mas, no dia 28/08/18, também foi negada por unanimidade. Desta forma ficou reconhecido o direito de o CFM regular e impedir a prática, que vinha sendo intitulada por alguns de “modulação hormonal”, e que a SBEM sempre combateu e reprovou por falta de evidências científicas.
Posição do CFM e do Relator
De acordo com o relator da apelação, desembargador federal convocado Frederico Wildson, não tem sentido afirmar que as práticas estão em conformidade com a referida resolução do CFM, tendo em vista que a aplicação da norma não se faz em tese e, sim, diante de cada caso concreto.
De acordo com colocações publicadas no site do Conselho, “verifica-se que, segundo o Conselho Federal de Medicina a falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais, com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento”. Ainda no site, o magistrado explica que o CFM entendeu que a chamada “terapia antienvelhecimento” oferece risco à saúde da população, motivo pelo qual editou o ato normativo impugnado.
A Resolução
No site do CFM está detalhada a Resolução 1999/2012. Vejam alguns pontos de destaque, entre os pontos:
Médicos que prescreverem métodos para deter o envelhecimento podem ser punidos com até com a perda do registro profissional.
Médicos brasileiros que prescreverem terapias com objetivo específico de conter os envelhecimento, práticas conhecidas como antiaging, estarão sujeitos às penalidades precisas em processos éticos

Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:
I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico- degenerativas;
II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados;
III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente comprovados;
De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios cientificamente comprovados:
IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA), estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para a utilização na prática clínica diária.



TEXTO 3: http://www.ecologiamedica.net/2021/09/setembro-amarelo-anabolizantes-e-o.html

Setembro amarelo - Anabolizantes e o aumento do risco de suicídio

Os anabolizantes ou esteróides androgênicos anabólicos (EAA) são hormônios sintéticos derivados da testosterona que podem ser indicados para hipogonadismo masculino (deficiência na produção de testosterona).

Infelizmente há uma crescente comercialização de anabolizantes para fins estéticos, promoção de hipertrofia muscular e aumentar o rendimento esportivo. Em atletas é considerado doping. Em não atletas é considerado proibido, inapropriado e danoso à saúde. 

Isto também serve para as chamadas prescrições de “modulação hormonal” quando não se há hipogonadismo diagnosticado.
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E além das inúmeras consequências adversas à saúde física, devemos apontar as consequências adversas à saúde mental. 

É descrito na literatura uma maior prevalência de:
Quadros depressivos, 
Impulsividade suicida, 
Quadros de hipomania (forma de apresentação do transtorno bipolar do humor), 
Redução da necessidade de sono,
Insônia, 
Impulsividade agressiva e violenta, 
Problemas nas relações pessoais e no trabalho, 
Episódios psicóticos
Isso pode ocorrer durante o uso prolongado e inapropriado de anabolizantes ou na suspensão (durante sintomas típicos de abstinência). 

São publicações que apresentam dados que sugerem que sintomas psiquiátricos e conflitos decorrentes do uso prolongado de EAA podem contribuir para o suicídio em certos indivíduos predispostos; nem sempre contudo é possível prever esta predisposição, assumindo-se, portanto, o risco do uso inapropriado.
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Publicações que investigam a morte entre usuários de EAA, revelam que são homens jovens e as mortes ocorreram principalmente por intoxicação acidental, suicídio e homicídio. 

Em quase metade dos usuários, atrofia testicular foi observada como consequência adversa, assim como fibrose testicular e espermatogênese interrompida. 

Problemas na musculatura cardíaca e estreitamento moderado a grave das artérias coronárias também foram encontrados.
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Lembrando que você não está sozinho; precisando de ajuda, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida @cvvoficial no número 188, em todo Brasil.

Fonte: Dr. Alexandre Pinto de Azevedo - Médico Psiquiatra
https://www.instagram.com/p/CTuBXwHlwWz/

Publicado em: http://www.ecologiamedica.net/2021/09/setembro-amarelo-anabolizantes-e-o.html


Efeitos colaterais de anabolizantes -  quais são os riscos?

Quase que diariamente nos perguntam o porquê de sermos contra o uso de anabolizantes  e hormônios para fins estéticos. Tem inúmeros posts aqui no blog sobre o tema, mas resumindo:

  1. Falta de estudos: há pouquíssimos estudos na literatura sobre a utilização de hormônios para fins estéticos. Ou seja, a segurança em longo prazo não existe. Cada indivíduo tem um grau de responsividade a um estímulo hormonal. Alguns utilizam e não apresentam efeitos colaterais com as doses habituais. Outros utilizam e mesmo com doses baixas já apresentam efeitos colaterais graves. Diante disso, NENHUMA sociedade médica ligada ao Conselho Federal de Medicina (CFM)  e à Associação Médica Brasileira (AMB) dá o aval para a prescrição de hormônios para fins estéticos. Inclusive o CFM tem resolução proibindo esse tipo de prática.
  2. Corpos idealizados e inatingíveis para a maior parte da população. A psiquiatra e psicologia lutam há décadas pela aceitação da pluralidade de corpos. Todo corpo deve ser respeitado. Idealizar um corpo como o ideal, há séculos leva pessoas a sofrimento físico e psíquico, na tentativa de alcançar algo que na maioria das vezes é inatingível. A partir do momento que nós da área da saúde estimulamos essa "idealização" de corpo (ex. tenha abdômen definido, peitoral grande, seios volumosos, coxas sem celulite), imediatamente dicotomizamos as pessoas. Portanto, incentivar que as pessoas busquem ter esses corpos, na minha opinião é uma iatrogenia contra o ser humano, é desumano. É desprezar essa pluralidade de corpos. É não reconhecer que o mais importante é a pessoa ter saúde, um corpo funcional e com exames laboratoriais dentro de uma margem de normalidade. 
  3. Desequilíbrio físico, psíquico e moral: Alterar a fisiologia natural tão harmônica dos nossos hormônios correndo riscos de desenvolver efeitos colaterais/doenças para se encaixar em padrões de beleza demonstra o quanto o ser humano tem deixado de usar aquilo que o diferencia dos demais seres vivos : a consciência.
  4. Transtornos psiquiátricos: A grande maioria dos médicos durante a anamnese sequer se preocupam em questionar existência de sintomas psiquiátricos (medos, apreensões quanto ao futuro, ansiedade, insônia, irritabilidade, rebaixamento do humor, labilidade do humor). Na verdade a grande maior sabe sequer a propedêutica psiquiátrica, o entendimento da psicopatologia e com isso um provável diagnóstico de transtorno psiquiátrico passa despercebido. São incapazes de perceber alterações no discurso (fala) dos pacientes e que ali nitidamente pode existe um quadro de ansiedade ou bipolaridade. Agora imaginem se no paciente com déficit laboratorial do hormônio, a utilização das medicações (hormônios) já pode por si acentuar/agravar/desencadear/aliviar sintomas psiquiátricos, quem dirá quando se usa para fins estéticos. Com o abuso de prescrições de hormônios anabolizantes os distúrbios psiquiátricos decorrente desse abuso tem aumentado exponencialmente e isso é comprovado por qualquer psiquiatra ou psicólogo. Trabalhamos em parceria com vários e quase que diariamente ouvimos relatos, principalmente no sexo masculino. Homens que apresentavam transtorno de ansiedade generalizada e abriram quadro de psicose bipolar. Ou homens que o abuso de testosterona foi gatilho para esquizofrenia. Comumente, homens com sintomas depressivos ao final de ciclos de anabolizantes... insônia, irritabilidade, agressividade. O que nos assusta é a passividade da Associação Brasileira de Psiquiatria diante disso. Não vemos campanhas para orientar a população sobre isso, como vemos o Setembro amarelo. 
  5. Exacerbação da libido: Muitas vezes a prescrição começa não por fins estéticos, mas pela questão da libido e quando se fala no assunto, engloba inúmeros fatores. Libido não é somente déficit hormonal de testosterona. Mas a utilização da mesma pode exacerbar a libido tanto em homem quanto em mulheres, levando a comportamentos compulsivos e de risco. Prática de sexo desprotegido e infecção por doenças sexualmente transmissíveis, especialmente HIV, Sífilis, Gonorréia. 
Abaixo pareceres sobre o tema Modulação Hormonal

1) Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN): http://abran.org.br/2018/03/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/
2) Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): https://www.endocrino.org.br/alerta-sbem-nao-existe-especialista-em-modulacao-hormonal/
4) Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO): http://www.abeso.org.br/pdf/Posicionamento%20SBEM%20-%20anti-aging2.pdf
5) Sociedade Brasileira de Urologia (SBU): http://portaldaurologia.org.br/medicos/destaque-sbu/nota-oficial/
8) Conselho Federal de Medicina (CFM): O parecer do CFM que proíbe a prática de modulação hormonal no Brasil está disponível aqui: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf No link a seguir você encontrará inúmeros pareceres de sociedades médicas sérias sobre o tema, isso basta para que não estimulemos modulação hormonal e hormônios ditos bioidênticos http://www.drfredericolobo.com.br/2016/07/pareceres-de-sociedades-medicas-contra.html

Autores:
Frederico Lobo – Médico Nutrólogo
Natália Jatene – Médica Endocrinologista
Leandro Houat – Médico de família de comunidade
Rodrigo Lamonier – Nutricionista e profissional da Educação física
Márcio José de Souza – Profissional da Educação Física.




Os riscos do uso não médico (Handelsman, 2006) de esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) é um tema recorrente em artigos científicos, jornais e revistas especializadas. No momento está ganhando notoriedade na mídia pois alguns médicos "instituíram" por conta própria a prescrição para fins estéticos.

Esse consumo tem sido relacionado a homens e mulheres jovens de variadas camadas sociais e padrões econômicos, que buscam obter rapidamente a musculosidade (hipertrofia e definição muscular) e a melhora do desempenho físico (efeito ergogênico).

Indubitavelmente, com a forte demanda, a fiscalização frouxa e com altos lucros falando mais altos, médicos turbinam os resultados graças a uma roleta-russa química na qual se destaca o abuso dos EAA.


A insatisfação com a imagem corporal tem sido descrita como uma das causas do abuso de EAA, exercendo considerável influência na motivação de homens jovens, que buscam um ideal de musculosidade, tomando por base modelos de corpo masculino sugeridos pela mídia, particularmente em publicações especializadas. É claramente um transtorno psiquiátrico. Vemos uma ascensão dos transtornos alimentares (Bulimia, anorexia, transtorno da compulsão alimentar periódica, vigorexia, ortorexia). A crença de que corpo bonito é um corpo sarado ou bombado, na maioria das vezes irreais pelos métodos convencionais, ou seja, quase sempre "esculpido por EAA", acaba sendo gatilho para esses transtornos alimentares e uso de EAA (com seus efeitos adversos).



Os danos provocados pelo uso indiscriminado de EAA são apontados em vários estudos (Bispo et al., 2009; Samaha et al., 2008; McCabe et al., 2007; Graham et al., 2006;).

Complicações funcionais cardíacas e hepáticas, bem como diversos tipos de câncer que podem levar à morte estão entre os efeitos adversos mencionados com maior frequência, seguidos de alterações psíquicas e comportamentais de indivíduos que abusaram de doses de EAA, envolvendo, em alguns casos, episódios de agressão e violência interpessoal (Thiblin, Pärklo, 2002).



Portanto, sob esta ótica, o consumo de substâncias ergogênicas, seja no âmbito esportivo ou amador, não é recomendado, por não compensarem os danos que traz para os indivíduos saudáveis. O uso de EAA é reservados para casos específicos. A  indicação  mais  precisa  da  terapia com EAA é quando a função endócrina dos testículos está deficiente. As principais indicações são:
  1. Hipogonadismo
  2. Caquexia: seja por HIV, Câncer, Doença pulmonar obstrutiva crônica, Miastenia gravis, 
  3. Para o tratamento de anemias causadas pela produção deficiente de eritrócitos; anemia aplástica congênita, anemia aplástica adquirida, a mielofibrose e as anemias hipoplásticas;
  4. Insuficiência renal cursando com desnutrição, sarcopenia e caquexia
  5. Sarcopenia
  6. Angioedema hereditário
  7. Grandes queimados
  8. Puberdade tardia

De acordo com a portaria Nº 344 de 12 de maio de 1998(DOU de 1/2/99), atualizada  pela  resolução RDC  nº  18/2015 da  Agência Nacional de Vigilância Sanitária  - ANVISA,  os esteróides  anabolizantes  são os seguintes:



É importante salientar que NENHUM Nutrólogo, Endocrinologista, Médico do Esporte ou qualquer médico tem aval do Conselho Federal de Medicina e respectivas sociedades médicas para prescrever anabolizantes com finalidade estética ou efeito ergogênico. O uso deve ser reservado para doenças. Prescrição para outros fins não é ensinado nas residências ou pós-graduações de Nutrologia ou Endocrinologia. Portanto se o seu médico te prescreveu com essa finalidade, ele cometeu uma infração ética, podendo receber processo ético-profissional pelo Conselho Regional de Medicina.

#AnabolizantesSoParaDoentes
#AnabolizantesParaFinsEsteticos
#BombaTôFora

Vamos para as comprovações LEGAIS dessa proibição:
1) Antes de PROIBIÇÃO por parte do CFM, existe desde 2000 uma Lei federal na qual obriga as farmácias a reterem por 5 anos as receitas de anabolizantes. "A receita de que trata este artigo deverá conter a identificação do profissional, o número de registro no respectivo conselho profissional (CRM ou CRO), o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e telefone profissionais, além do nome, do endereço do paciente e do número do Código Internacional de Doenças (CID), devendo a mesma ficar retida no estabelecimento farmacêutico por cinco anos." Portanto se necessita de CID, subentende-se perante a justiça que a finalidade não é estética e sim em decorrência de alguma doença. Link para a lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9965.htm

A lei é confirmada na Cartilha para prescrição, elaborada pelo CFM: http://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/cartilhaprescrimed2012.pdf
Como nesse caso há uma quebra do sigilo médico (pois informará a doença do paciente através do número do CID 10) recomenda-se, embora seja dever legal, que o médico obtenha autorização por escrito do paciente para divulgar o diagnóstico.

2) Resolução CFM Nº 1.999/2012 que trata sobre a
 "A falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento."
"CONSIDERANDO que é vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda
não aceita pela comunidade científica;"
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária realizada em 27 de setembro de
2012,
"RESOLVE:
Art. 1º A reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada, de acordo com a existência de nexo causal entre a deficiência e o quadro clínicoou de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados."
Portanto, de acordo com o CFM, se não há déficit de um hormônio, com comprovação laboratorial e quadro clínico, esse hormônio não deve ser prescrito. Ou seja, finalidade estética é proibida pelo Conselho Federal de medicina. Link para a resolução: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

3) Parecer do CFM sobre Modulação hormonal bioidêntica e fisiologia do envelhecimento. Link para o parecer: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/2012/29_2012.pdf

4) Parecer do CFM sobre Prescrição de anabolizantes e hormônio de crescimento para
ganho de massa muscular em atletas. Link para o parecer: http://old.cremerj.org.br/anexos/ANEXO_PARECER_CFM_19.pdf


Autores:

Dr. Frederico Lobo (Nutrólogo de Goiânia - GO) @drfredericolobo
Dra. Natalia Jatene (Endocrinologista de Goiânia - GO) @dra.nataliajatene
Dr. Ricardo Martins Borges (Nutrólogo de Ribeirão Preto – SP, mestre em medicina pela FMRP – USP) @clinicaricardoborges,
Dra. Tatiana Abrão (Endocrinologista e Nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,
Dr. Daniella Costa (Nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,
Dr. Mateus Severo (Endocrinologista de Santa Maria – RS, Mestre em Ciências Médicas – Endocrinologia pela UFRGS e doutorando em Ciências médicas – Endocrinologia pela UFRGS) @drmateusendocrino,
Dr. Pedro Paulo Prudente (Médico do esporte  e Acupunturista em Goiânia - GO) @vivamelhorsemdor
Dra. Patrícia Salles (Endocrinologista de São Paulo – SP, mestre em Endocrinologia pela FMUSP), @endoclinicdoctors,
Dra. Camila Bandeira (Endocrinologista de Manaus – AM) @endoclinicdoctors,
Dra. Flávia Tortul (Endocrinologista de Campo Grande – MS) @flaviatortul,
Dr. Reinaldo Nunes (Endocrinologista e Nutrólogo de Campos – RJ, mestre em endocrinologia pela UFRJ) @drreinaldonunes.
Prof. Márcio José de Souza - Personal Trainer 


Bibliografia:







Bispo, M. et al. Anabolic steroid-induced cardiomyopathy underlying acute liver failure in a young bodybuilder. World J. Gastroenterol., v.15, n.23, p.2920-2, 2009.

Graham, M.R. et al. Homocysteine induced cardiovascular events: a consequence of long term anabolic androgenic steroid (AAS) abuse. Br. J. Sports Med., v.40, n.7, p.644-8, 2006.

Handelsman, D.J. Testosterone: use, misuse and abuse. Med. J. Aust., v.185, n.8, p.436-9, 2006.

McCabe, S.E. et al. Trends in non-medical use of anabolic steroids by U.S. college students: results from four national surveys. Drug Alcohol Depend., v.90, n.2-3, p.243- 51, 2007.

Samaha, A.A. et al. Multi-organ damage induced by anabolic steroid supplements: a case report and literature review. J. Med. Case Rep., v.2, n.340, 2008. Disponível em: www.jmedicalcasereports.com/content/2/1/340>

Thiblin, I.; Pärklo, T. Anabolic androgenic steroids and violence. Acta Psychiatr. Scand., v.106, suppl. 412, p.125-8, 2002.


Conclusão sobre Modulação Hormonal

O professor Mauro Cziepiekeski deu uma brilhante aula no III Update em Nutrição e Metabolismo em Hospital de Clínicas de Porto Alegre HCPA. esclarecendo sobre o uso inadequado de hormônios e a inaceitabilidade do uso de hormônios bioidênticos, que tem sido preconizado para a manutenção da jovialidade. Veja a sua conclusão.




Conselho Federal de Odontologia se posiciona sobre Modulação Hormonal

No dia 29/01/2019 o Conselho Federal de Odontologia (CFO) publicou uma resolução proibindo a realização de terapias hormonais por cirurgiões-dentistas fora da sua área de atuação.

O CFO se une às entidades médicas em prol da saúde da população e corrobora com aquilo que o Conselho Federal de Medicina (CFM) vem há quase uma década lutando contra. 
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
👉Link para o posicionamento do CFO:
Segundo as principais sociedades médicas brasileiras, em concordância com o CFM: não existe especialista em modulação hormonal. OU seja, não caia nessa! Não existe especialista em modulação hormonal e não há uma maneira segura de utilizar hormônio em quem não tem deficiência. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
👉 Para mais informações, consulte também os posicionamentos das entidades médicas sobre a “modulação hormonal” e a “medicina anti-aging”: ⠀

Conselho Federal de Medicina (CFM):
http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&id=23324)

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM):
https://www.endocrino.org.br/alerta-sbem-nao-existe-especialista-em-modulacao-hormonal/#.XC_dCrKMlik.facebook ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN):
http://abran.org.br/2018/07/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/ ⠀⠀

Sociedade Brasileira de Urologia (SBU):
http://portaldaurologia.org.br/medicos/destaque-sbu/nota-oficial/ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO):
https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/647-posicao-da-febrasgo-referente-ao-julgamento-da-segunda-turma-do-tribunal-regional-federal-da-5-regiao-sobre-o-tratamento-de-modulacao-hormonal-para-o-antienvelhecimento

Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBCO):
https://sboc.org.br/noticias/item/1461-posicionamento-da-sboc-sobre-o-nao-reconhecimento-de-especialista-em-modulacao-hormonal



Posicionamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica sobre o não reconhecimento de especialista em modulação hormonal 

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica - SBOC segue preocupada com a divulgação de mensagens sobre o câncer por profissional autodeclarado "especialista em modulação hormonal".

A afirmação de não existência de células malignas, a atribuição do surgimento do câncer à carência de hormônio e a divulgação da cura da doença por meio do uso de reposição de testosterona são um absurdo científico e não encontram amparo em qualquer publicação médica respeitável. Mais que isso, são um desrespeito aos doentes que, na natural busca por tratamentos para seus males, veem-se sensibilizados a aceitar informações de indivíduos que oferecem promessas de cura.

A SBOC se vê na obrigação de esclarecer que a reposição de testosterora não tem ação significativa contra tumores, pode ter efeito deletério sobre o paciente em tratamento oncológico e, em alguns casos, tem mesmo a capacidade de acelerar a progressão do câncer e de aumentar o risco de morte.

A SBOC apoia o alerta emitido pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - SBEM, em 4 de janeiro de 2019, sobre o não reconhecimento de especialista em modulação hormonal. O posicionamento da SBEM vem ao encontro da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1999/2012, que estipula que a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e com benefícios cientificamente comprovados.

Em face ao potencial dano da divulgação de supostos benefícios antitumorais da assim chamada modulação hormonal sobre pacientes com câncer, a SBOC acompanhará com atenção o desenrolar das denúncias já feitas junto aos órgãos criminais e de defesa profissional, com a expectativa de que tais afirmações sejam retiradas de circulação.

Dr. Sergio D. Simon
Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica - SBOC

Fonte: https://sboc.org.br/noticias/item/1461-posicionamento-da-sboc-sobre-o-nao-reconhecimento-de-especialista-em-modulacao-hormonal?fbclid=IwAR2jhAe0hxfQpOpruzZsF312jB882LDcFOI6Lt3IaX2vuN6uY0iBGt9rlSg



Alerta SBEM: Não Existe Especialista em Modulação Hormonal

Em 31/12/2018, a afiliada da TV Globo no Ceará (TV Verdes Mares) veiculou, no Bom Dia Ceará, entrevista com profissional não médico, que se declarou especialista em Reposição Hormonal. Tal entrevista afirmou pontos que não encontram respaldo na Medicina Baseada em Evidências ou nas principais recomendações, diretrizes ou Guidelines sobre o assunto, elaborados pelas mais respeitadas sociedades científicas.

Mais do que isso, apresentou um ponto de vista controverso, com informações que podem, inclusive, comprometer a saúde de pacientes.  

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por meio do seu Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia (DEFA), vem tornar públicos os seguintes esclarecimentos:

- Não existe Especialista em Reposição Hormonal e não é reconhecida, pelo Conselho Federal de Medicina, especialidade intitulada “Modulação Hormonal”.

- A reposição hormonal é um ato médico e somente pode ser feita por profissionais médicos. A especialidade que trata de alterações hormonais é a Endocrinologia e Metabologia.

- A reposição de qualquer hormônio deve ser feita baseada na deficiência do mesmo, com acompanhamento médico especializado, observando-se riscos e benefícios do uso; 

- Não há respaldo na literatura médica para uso de preparações hormonais com intuito de retardar o envelhecimento;

- O uso indiscriminado de hormônios sem deficiência comprovada está relacionado a diversos efeitos colaterais, os quais podem ser sérios e por vezes irreversíveis, colocando em risco a vida do paciente em curto prazo e complicações de longo prazo;

- Não há indicação da dosagem indiscriminada de testosterona na população masculina. O diagnóstico da deficiência de testosterona no homem deve ser baseado na junção de queixas clínicas associadas a níveis baixos de testosterona dosada pela manhã, em duas ocasiões. Tal diagnóstico não deve ser feito na vigência de doenças sistêmicas agudas ou graves. Portanto, para a reposição é necessária a presença de sintomas clínicos e deficiência laboratorial.

- Não há indicação da dosagem de testosterona na mulher, visto que não existem pontos de corte definidos para níveis baixos de testosterona no sexo feminino. A dosagem de testosterona na mulher só se presta para o diagnóstico de excesso de testosterona (hiperandrogenismo). Não há também preparações de testosterona para mulher disponíveis no mercado brasileiro e não é recomendado o uso de formulações masculinas para mulheres.

- O uso da reposição de testosterona para níveis supra-fisiológicos, isto é, acima das necessidades básicas do organismo humano, com objetivo de melhora de rendimento esportivo/aumento de massa muscular, é considerado doping em atletas profissionais e ilegal em amadores, estando dessa forma contraindicada a prescrição.

Após a divulgação de tal reportagem, a SBEM-Ceará rapidamente agiu e, no dia 03/01/2019, a presidente da Regional, Ana Karina de Melo Sodré (CRM-CE 9269 e Especialista em Endocrinologia e Metabologia com RQE - Registro de Qualificação de Especialidade no CFM 3600), foi convidada a participar do mesmo programa.

Desta vez, a entrevista pôde trazer informações válidas do ponto científico e ético, informando a população sobre o real papel dos hormônios no tratamento de condições clínicas específicas.

A entrevista completa da Dra. Ana Karina Sodré pode ser vista no link abaixo:

Entrevista da TV Verdes Mares
A SBEM, através de sua Comissão de Defesa de Assuntos Profissionais (CDAP), já ciente do caso, tomará as medidas que forem pertinentes para evitar que tal situação venha a se repetir.

Dra. Mônica de Oliveira
Presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da SBEM - Biênio 2019/2020.

Dr. Rodrigo O. Moreira
Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Biênio 2019/2020


Referências

1- Testosterone Therapy in Men with Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab 2018; 103 (5): 1715-1744.

2- Androgen Therapy in Women: a reappraisal- An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab 2014; 99 (10): 3489-3510.

3- The 2017 hormone therapy position statement of the North American Menopause Society. Menopause 2017; 24: 728-745



Posicionamento da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) sobre Modulação hormonal 




TRF5 reconhece a legalidade de resolução do CFM que trata sobre as terapias hormonais


A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5 negou provimento, por unanimidade, no último dia 28/08, à apelação da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (Sobraf), que tinha por objetivo impedir a aplicação da Resolução n.º 1.999/2012, emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), aos seus médicos filiados. A publicação do CFM visa combater a prática de reposição hormonal sem comprovação científica.

De acordo com o relator da apelação, desembargador federal convocado Frederico Wildson, não tem sentido afirmar que as práticas dos médicos associados da Sobraf estão em conformidade com a referida resolução do CFM, tendo em vista que a aplicação da norma não se faz em tese e, sim, diante de cada caso concreto. Sendo assim, para verificar se as práticas dos filiados da apelante se enquadram na moldura normativa da resolução seria necessário apreciar cada caso concreto, com suas circunstâncias.

“Com efeito, consultando a Resolução nº 1.999/2012, verifica-se que, segundo o Conselho Federal de Medicina "a falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento", ou seja, o CFM entendeu que a chamada "terapia antienvelhecimento" oferece risco à saúde da população, motivo pelo qual editou o ato normativo impugnado”, ressaltou o magistrado.

Terapia hormonal – A Sobraf ingressou com ação civil coletiva no Juízo da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará (SJCE), com o intuito de que o CFM, sob pena de multa a ser arbitrada por aquele Juízo, fosse determinado a se abster de aplicar a Resolução n.º 1999/2012 aos médicos filiados à associação, tanto no presente quanto no futuro. O documento emitido pelo CFM trata sobre o uso de terapias hormonais a fim de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento do corpo humano.

Ao julgar improcedente o pedido da Sobraf, o Juízo de Primeira Instância reconheceu a competência do CFM para fiscalizar o exercício profissional do médico. Diante disso, o órgão fiscalizador pode exigir a utilização de procedimentos cientificamente reconhecidos pela comunidade científica médica, na intenção de fornecer segurança à sociedade.

A publicação do CFM tem por objetivo combater a prática de reposição hormonal sem comprovação científica, objetivando retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento.

De acordo com o relator da apelação, desembargador federal convocado Frederico Wildson, não tem sentido afirmar que as práticas estão em conformidade com a referida resolução do CFM, tendo em vista que a aplicação da norma não se faz em tese e, sim, diante de cada caso concreto.

De acordo com colocações publicadas no site do Conselho, “verifica-se que, segundo o Conselho Federal de Medicina a falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais, com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento”. Ainda no site, o magistrado explica que o CFM entendeu que a chamada “terapia antienvelhecimento” oferece risco à saúde da população, motivo pelo qual editou o ato normativo impugnado.


No site do CFM está detalhada a Resolução 1999/2012. Vejam alguns pontos de destaque, entre os pontos:

Médicos que prescreverem métodos para deter o envelhecimento podem ser punidos com até com a perda do registro profissional.

Médicos brasileiros que prescreverem terapias com objetivo específico de conter os envelhecimento, práticas conhecidas como antiaging, estarão sujeitos às penalidades precisas em processos éticos.

Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:

I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico- degenerativas;

II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados;

III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente comprovados;

De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios cientificamente comprovados:

IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;

V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;

VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA), estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para a utilização na prática clínica diária.

Fontes:

  1. https://www.endocrino.org.br/terapias-hormonais-trf5-reconhece-resolucao-do-cfm/
  2. http://www.trf5.jus.br/index.php?option=com_noticia_rss&view=main&article-id=aHR0cDovL3d3dy50cmY1Lmp1cy5ici9ub3RpY2lhcy8zMjA1NjQ=
Publicado em: http://www.ecologiamedica.net/2018/09/trf5-reconhece-legalidade-de-resolucao.html?m=0

Parecer da ABRAN sobre alguns temas que não fazem parte do rol de procedimentos Nutrológicos



Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192, RQE 11915


Publicado em: http://www.ecologiamedica.net/2018/05/esclarecimentos-sobre-minha-pratica.html?m=0


Cremego alerta aos médicos e à sociedade sobre a proibição da prática da terapia antiaging e de outros procedimentos sem evidências científicas

Com a participação expressiva da classe médica, de diretores e conselheiros e de representantes de Sociedades Regionais de Dermatologia, Endocrinologia e Metabologia, Geriatria, Cirurgia Plástica, Urologia e Ginecologia e Obstetrícia, além de convidados de outros Estados, do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Vigilância Sanitária, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) realizou a plenária temática “A prática da terapia antiaging e de outros procedimentos sem evidências científicas”.

Após um grande debate com especialistas e a análise de resoluções do CFM, do Cremego, de demais Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e da literatura médica nacional e internacional sobre a prescrição de procedimentos sem comprovação científica, foi aprovada a divulgação desta nota técnica com orientações à classe médica e à sociedade sobre contraindicações destes procedimentos que podem não apenas não surtir o efeito esperado, como também colocar em risco a saúde do paciente.

Portando, o Cremego orienta a classe médica e a sociedade que as seguintes terapias, todas sem comprovação científica, não devem ser prescritas pelos médicos e que os pacientes devem ser orientados sobre seus riscos:

DIETA DO HCG E OUTRAS DIETAS DA MODA
O uso de hCG no tratamento da obesidade não é recomendado por não apresentar evidências científicas que corroborem a sua eficácia, bem como, tratar-se de terapêutica com malefícios.

TERAPIA ANTIENVELHECIMENTO
O CFM veda essa prática, sua indicação, uso e divulgação por ser destituída de comprovação científica suficiente quanto ao benefício para o ser humano sadio ou doente. Dentre as chamadas terapias antienvelhecimento vedadas estão:
  • Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico-degenerativas;
  • Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados;
  • Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável.
MEDICINA QUÂNTICA E NUTRIENDOCRINOLOGIA
O CFM não reconhece a medicina quântica e nutriendocrinologia como especialidades médicas. De acordo com o Parecer CFM número 04/00, “cursos alternativos de medicina não existem. Pessoas que se dizem formadas em cursos alternativos não exercem a medicina, enquadrando-se na categoria de curandeiros”.

SOLICITAÇÃO DE EXAME DE BIORRESONÂNCIA
Tal exame não conta com comprovação científica, sendo considerado pela maioria dos presentes na plenária como exercício de charlatanismo.

PRESCRIÇÃO DE HORMÔNIOS BIOIDÊNTICOS
Também destituída de comprovação científica com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável, a prescrição de hormônios bioidênticos (hormônios fabricados em laboratório) é vedada pelo CFM.
Tal prática tem sido contestada também por entidades científicas conceituadas, como a Endocrine Society, a American Medical Association, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Sociedades de Especialidades dos EUA, Canadá e Europa.

SOLICITAÇÃO DE EXAME DE ANÁLISE MINERAL CAPILAR
Prática de eficácia também sem comprovação suficiente quanto ao benefício para o ser humano sadio ou doente e, por essa razão, vedada pelo CFM, que proíbe a prescrição, uso e divulgação no exercício da medicina de procedimentos, diagnósticos ou terapêuticos, que empregam a análise do tecido capilar fora do contexto do diagnóstico de contaminação e/ou intoxicação por metais tóxicos.

USO DE HORMÔNIO DE CRESCIMENTO PARA FINS ESTÉTICOS
Prática condenada pelas Sociedades Brasileiras de Endocrinologia e de Geriatria e Gerontologia, além das Sociedades Americanas, Europeias e Asiáticas. O CFM já se manifestou, por meio da Resolução número 1999/2012 e Parecer CFM número 19/13, que “a utilização de anabolizantes e hormônios de crescimento em quem não tem indicação de seu uso não deve ser realizada com a finalidade de aumentar sua massa muscular ou seu porte físico”.

PRESCRIÇÃO DE ANABOLIZANTES PARA FINS ESTÉTICOS E PARA MULHERES COM ALEGADAS DISFUNÇÕES SEXUAIS
Parecer do Conselho Regional de Medicina de São Paulo número 5015/2012, ressalta que o uso de esteroides anabolizantes é contraindicado para melhorar a performance de atletas. Também são unânimes na condenação da prática denominada Modulação Hormonal, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Parecer do Conselho Regional de Medicina do Paraná ainda ressalta que “combater o envelhecimento com modulação hormonal, nos termos atuais, não está baseado em prática reconhecida cientificamente. Os processos de envelhecimento fisiológicos só são combatidos, pelo que se sabe do conhecimento atual, e só têm base científica, na reposição de hormônios que comprovadamente faltarem e com práticas de alimentação e de vida saudável”.

O Cremego ressalta que não há também respaldo científico na solicitação de número excessivo de exames laboratoriais e de imagens, na utilização de exames como biorresonância, assim como em tratamentos identificados por neologismos (como fadiga adrenal), práticas adotadas tão somente para justificar a prescrição de drogas manipuladas em consórcio com farmácias, laboratórios e clínicas de imagem.

Fonte: https://www.cremego.org.br/noticias/alerta-do-cremego-sobre-a-proibicao-da-pratica-da-terapia-antiaging-e-de-outros-procedimentos-sem-evidencias-cientificas-ja-teve-mais-de-113-mil-acessos/


Qual a diferença entre ferro heme e ferro não-heme?



O ferro é um mineral essencial para a saúde humana. Sua presença é fundamental para diversos processos biológicos, como o transporte de oxigênio, a respiração celular, a síntese de DNA, a defesa imunológica, entre outras funções.

A maior parte do ferro utilizado no organismo é proveniente do sistema de reciclagem de hemácias, enquanto uma outra parcela é proveniente da dieta. Esse ferro dietético é encontrado sob duas formas principais: o ferro heme (Fe 2+ = ferroso) e o ferro não-heme (Fe 3+ = férrico). Vamos entender as principais diferenças entre eles?

1. Fontes alimentares do Ferro heme ou ferro ferroso ou ferro orgânico
O ferro heme (Fe 2+), também chamado de ferro ferroso ou orgânico, é encontrado apenas em alimentos de origem animal, como carnes, aves, e frutos do mar, a partir da hemoglobina e da mioglobina provenientes desses produtos. As carnes vermelhas são as melhores fontes desse elemento, sendo que a carne bovina possui 50% do seu teor de ferro na forma heme.

2. Absorção e biodisponibilidade
Em sua conformação estrutural, o ferro heme está inserido em um anel porfirínico, que o deixa protegido do ambiente externo. Assim, antes de sua captação pela mucosa, ele pouco interage com fatores dietéticos inibidores, e por isso sua absorção quase não é afetada pela composição da refeição.

Além disso, um fator que beneficia a biodisponibilidade do ferro heme é a sua capacidade de formar complexos solúveis com outros componentes da dieta no intestino, facilitando a sua absorção. Ainda, o baixo pH do estômago, associado a enzimas proteolíticas do estômago e intestino delgado, auxiliam o processo de liberação do Fe 2+ nos enterócitos.

Apesar da falta de consenso, é aceito que o ferro heme tenha biodisponibilidade de 15% a 35%. Em casos de deficiência, pode chegar ao valor de 40%.

3.  Fatores inibidores de absorção
O cálcio é um dos únicos fatores inibidores da absorção do ferro heme. Para diminuir essa interferência, recomenda-se evitar a ingestão de alimentos ricos em cálcio (como leite e queijos) e alimentos ricos em ferro na mesma refeição.

Além disso, quando cozidos por altas temperaturas por muito tempo, o ferro heme dos alimentos podem ser convertidos em ferro não-heme, de biodisponibilidade mais baixa.

4. Riscos de excesso
Apesar da alta biodisponibilidade do ferro heme e sua importância para o organismo, o excesso de consumo deste micronutriente deve ser evitado. Ele pode ser prejudicial aos tecidos, por catalisar a conversão de peróxidos de hidrogênio em radicais livres, que atacam membranas celulares, proteínas e DNA.

Desse modo, alguns estudos associam a ingestão de ferro heme ao risco aumentado de câncer e doenças cardiovasculares.

1. Fontes alimentares do Ferro não-heme (Fe 3+) ou ferro férrico ou ferro inorgânico
O ferro não-heme (Fe 3+), também chamado de ferro férrico ou inorgânico, é encontrado tanto em alimentos de origem vegetal, quanto em alimentos de origem animal (uma vez que os animais consomem alimentos vegetais com ferro não-heme). Alimentos fortificados também são ricos neste nutriente. Portanto,  são exemplos de fontes de ferro não-heme: cereais, grãos, frutas, legumes, farinha de trigo fortificada, carnes, aves e peixes.

2. Absorção e biodisponibilidade
Para a sua absorção intestinal, o ferro férrico (Fe 3+) deve ser oxidado a ferro ferroso (Fe 2+). Na forma de Fe 2+, o ferro é então levado pelo transportador de metal divalente 1 (DMT1). Independentemente do tipo de ferro ingerido (heme ou não heme), após a absorção o uso corporal é o mesmo. Por não se inserir em um complexo porfirínico, o ferro não-heme sofre intensa influência de fatores antinutricionais no seu processo absortivo. Assim, sua biodisponibilidade é mais baixa, variando de 2 a 20%.

3. Fatores inibidores de absorção
Como dito anteriormente, a biodisponibilidade do ferro não-heme é altamente influenciada por alguns componentes da dieta, que podem formar complexos insolúveis com o elemento ou disputar pelo mesmo receptor, reduzindo sua absorção.

Os compostos, alimentos ou fatores que reduzem a absorção do ferro não-heme são:
  • Fitatos;
  • Oxalatos;
  • Taninos e outros compostos fenólicos que se ligam ao ferro (presentes em chás, café, cacau, vinhos tintos, certos vegetais e especiarias);
  • Cálcio;
  • Zinco;
  • Cobre;
  • Proteína isolada de soja;
  • Fosfopeptídeos de caseína (proteínas presentes em ovos, leite e queijos);
  • Redução da acidez gástrica;
  • Estado inflamatório aumentado.
  • Recomenda-se que o consumo destes inibidores aconteça apenas 1 ou 2 horas após refeições ricas em ferro não-heme.
4. Fatores que melhoram a absorção
Por outro lado, existem também alguns componentes facilitadores da absorção do ferro não-heme. São eles:
  • Ácido ascórbico ou vitamina C (o uso de 75 mg aumenta a absorção de ferro de 3 a 4 vezes);
  • Aminoácidos sulfurados (encontrados na carne e feijão);
  • Ácidos orgânicos (cítrico, málico e tartárico);
  • Fruto-oligossacarídeos
  • Tratamento térmico (cocção sob pressão, aquecimento de microondas);
  • Maltagem (processo de conversão dos grãos em malte)
  • Germinação (reduz a concentração de fitatos);
  • Alimentos fermentados, como o chucrute (reduzem a concentração de fitatos e favorecem a formação de ácidos orgânicos, formando ligantes solúveis com o ferro e tornando-o mais biodisponível);
  • Baixo estoque de ferro (aumenta a absorção de 10 a 15 vezes)
  • Como visto, o ferro heme e o ferro não-heme possuem algumas diferenças pontuais, principalmente quanto às suas fontes alimentares e à biodisponibilidade. Contudo, após a absorção, o uso corporal das duas formas é similar, exercendo funções importantes do metabolismo.
Apesar disso, é necessário cautela no consumo excessivo do ferro heme, devido ao seu potencial de risco para doenças. E, para indivíduos que não consomem produtos de origem animal, deve-se ficar atento ao consumo adequado de ferro não-heme, entendendo seus inibidores e facilitadores, de modo a evitar deficiências.


Referências

CARDOSO, Marly Augusto; SCAGLIUSI, Fernanda Baeza. Nutrição e Dietética. 2ª edição, Guanabara Koogan, 2019.

COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 6ª edição, Editora Manole, 2020.

Harvard T.H. Chan School of Public Health. Iron. The Nutrition Source.

Slywitch, Eric. Guia de Nutrição Vegana para Adultos da União Vegetariana Internacional (IVU). Departamento de Medicina e Nutrição. 1ª edição, IVU, 2022.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Consenso sobre Anemia Ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica! Rio de Janeiro (RJ): SBP, 2018.

Vitamin and mineral requirements in human nutrition: report of a joint FAO/WHO expert consultation, Bangkok, Thailand, 21–30 September 1998.

Ser enérgico ou preguiçoso pode ter influência das bactérias do seu intestino

Durante a manhã, você se encaixa mais no grupo de pessoas que acordam felizes e cheias de disposição, ou no grupo que preferia dormir um pouco mais? Saiba que ser enérgico ou preguiçoso pode ter a ver com as bactérias no seu intestino, segundo os cientistas.

Um estudo publicado pelo periódico Nutrients aponta que os traços de energia e de fadiga sentidos pelo corpo humano podem ser classificados como componentes mentais e físicos distintos.

Por isso, os pesquisadores resolveram investigar como a energia gasta e a sensação de fadiga teriam relação com a microbiota intestinal, que é o conjunto de microrganismos presentes no intestino e responsáveis por proteger o sistema imunológico, facilitar a digestão, entre outros benefícios.

Cerca de 40 pessoas participaram do estudo, no qual os cientistas analisaram fatores como a alimentação, o humor e os hábitos relacionados à saúde por meio de exames clínicos e laboratoriais, além de enquetes.

Como resultado, os pesquisadores notaram que bactérias mais frequentemente correlacionadas com sentimentos de energia eram capazes de desempenhar funções metabólicas importantes no corpo.

Ao mesmo tempo, as bactérias que estariam correlacionadas com sentimentos de fadiga poderiam ser associadas a inflamações no organismo. Portanto, eles concluíram que a alimentação e os microrganismos intestinais seriam capazes de definir se uma pessoa teria um perfil mais enérgico ou preguiçoso.

Na prática, isso significa que ter uma alimentação saudável e variável, além de fornecer inúmeros nutrientes importantes para manter a energia e disposição ao longo dia, ainda favorece o crescimento de bactérias intestinais que teriam o mesmo efeito benéfico para nossa saúde.

Mas vale ressaltar que são necessários mais estudos para entender melhor o papel da dieta no comportamento humano, especialmente de forma individual.

Acompanhe o Nutritotal – Para Todos no Instagram e para mais dicas sobre prevenção de doenças e alimentação saudável.

*Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.

Referência bibliográfica: Ali B. et al. Trait Energy and Fatigue May Be Connected to Gut Bacteria among Young Physically Active Adults: An Exploratory Study. Nutrients, 2022.

No diabetes tipo 2, “algo amigável ao cérebro” sobre os agonistas do receptor GLP-1

O diabetes aumenta independentemente o risco de declínio cognitivo, mas dados de vários grandes estudos sugerem que os agonistas do receptor GLP-1 são uma promessa significativa para mitigar o risco de eventos relacionados à demência, de acordo com um palestrante.

“Além da idade e outros fatores de risco, o diabetes é um fator de risco para o declínio cognitivo, assim como o grau de hiperglicemia”, Hertzel C. Gerstein, MD, MSc, FRCPC, professor e presidente do instituto de saúde populacional em pesquisa em diabetes na Universidade McMaster e Hamilton Health Sciences em Ontário, Canadá, disseram a Healio antes de falar na conferência Heart in Diabetes CME. “Não sabemos ao certo por que isso acontece, mas o diabetes é um fator de risco para muitas consequências graves para a saúde, muitas das quais estão relacionadas ao envelhecimento acelerado, por isso não é uma surpresa. O Santo Graal é tentar encontrar maneiras de mitigar esse risco.”

Vários estudos avaliaram o efeito da redução intensiva da glicose no risco de declínio cognitivo e não mostraram associações definitivas, disse Gerstein. Até recentemente, nenhum medicamento para diabetes mostrou qualquer benefício no declínio cognitivo em ensaios controlados randomizados.

No entanto, um olhar mais atento aos agonistas do receptor de GLP-1 mostra evidências “tentadoras” de que essa classe pode ter um efeito particularmente benéfico no cérebro, disse Gerstein.

• Avaliando os dados

Em uma meta-análise de ensaios de desfechos cardiovasculares que avaliaram os agonistas do receptor GLP-1 em pessoas com diabetes tipo 2 publicada em 2021, incluindo novos dados do AMPLITUDE-O, os pesquisadores descobriram um benefício particularmente grande de acidente vascular cerebral – acidente vascular cerebral fatal ou não fatal foi reduzido em 17% para os participantes atribuídos um agonista do receptor GLP-1 em comparação com placebo, com um HR de 0,83 (IC 95%, 0,76-0,92; P <0,001).

“Quando se olha para as meta-análises dos agonistas do receptor de GLP-1, o maior benefício parece estar em alta, um benefício ainda maior do que nos resultados CV, como morte CV ou infarto do miocárdio”, disse Gerstein. “Isso realmente levanta a questão, há algo amigável ao cérebro sobre os agonistas do receptor GLP-1?”

Gerstein e colegas do estudo REWIND avaliando o agonista do receptor GLP-1 dulaglutide (Trulicity, Eli Lilly), que incluiu mais de 9.900 participantes acompanhados por uma média de 5,5 anos, também avaliaram medidas de função cognitiva no início e após a randomização. Em um artigo publicado no The Lancet Neurology, Gerstein e colegas demonstraram que o medicamento reduziu os principais eventos CV adversos, incluindo um efeito maior no acidente vascular cerebral em comparação com outros componentes do desfecho composto. Análises cognitivas mostraram que a droga também reduziu o risco de comprometimento cognitivo substantivo na faixa de 15% a 20%, disse Gerstein.

Posteriormente, uma análise conjunta de três outros grandes estudos de desfechos CV com agonistas do receptor GLP-1 – LEADER, SUSTAIN-6 e PIONEER-6 – mostrou que 47 pessoas foram diagnosticadas com um evento adverso relacionado à demência e um risco 50% menor de demência.  eventos adversos relacionados entre os participantes atribuídos a um agonista do receptor de GLP-1 versus placebo. Uma análise de banco de dados de 120.000 pessoas incluídas em um registro dinamarquês também mostrou que os agonistas do receptor GLP-1 estavam associados a um risco reduzido de 11% de demência, disse Gerstein.

“Nenhuma dessas coisas é prova de que os agonistas do receptor GLP-1 protegem contra a demência, mas nossa descoberta no REWIND mais as outras descobertas certamente apoiam a hipótese”, disse Gerstein a Healio.

Mais evidências necessárias

Dois ensaios clínicos randomizados, EVOKE e EVOKE Plus, estão atualmente em andamento avaliando o efeito e a segurança da semaglutida oral 14 mg (Rybelsus, Novo Nordisk) em comparação com placebo em mais de 1.800 adultos com idade entre 55 e 85 anos com comprometimento cognitivo leve e evidência de placa amiloide  indicando doença de Alzheimer precoce.

O desfecho primário é a mudança na classificação clínica da demência.

“Outros estudos estão em andamento que podem mostrar que esta droga pode ter um lugar na prevenção do declínio cognitivo”, disse Gerstein.

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Começar a tratar precocemente os fatores de risco em 'pré-pré-diabetes', reduz as complicações

A resistência à insulina e a falha das células beta começam muito antes do diagnóstico de pré-diabetes e o tratamento agressivo deve começar o mais cedo possível para reduzir o risco de uma variedade de complicações, de acordo com um palestrante.

“Pré-pré-diabetes é um novo termo para enfatizar que o diabetes, assim como suas complicações como doenças cardiovasculares, começa muito antes do estágio pré-diabético definido pela American Diabetes Association de uma HbA1c entre 5,7% e 6,4%”, Ralph A. DeFronzo, MD, professor de medicina e chefe da divisão de diabetes do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas em San Antonio, disse a Healio.

“O tratamento para prevenir o diabetes e sua DCV acelerada associada precisa ser iniciado no estágio pré-pré-diabético/pré-diabético”.

Os dados agora mostram que a falha das células beta que é tipicamente vista no diabetes tipo 2 evidente na verdade ocorre muito mais cedo na história natural da doença e é mais grave do que se pensava anteriormente, disse DeFronzo durante a palestra Luminary in Cardiometabolic Medicine no Heart in  Conferência CME de Diabetes. Além disso, pessoas com pré-diabetes têm o mesmo risco aumentado de infarto agudo do miocárdio que pessoas com diabetes evidente, com dados sugerindo que a doença arterial coronariana “deve começar” antes do início do pré-diabetes.

"A hiperglicemia não pode explicar o aumento do risco de doença cardiovascular em indivíduos pré-diabéticos", disse DeFronzo.

DeFronzo disse que os elementos subjacentes da síndrome metabólica, ou o que ele chama de “síndrome de resistência à insulina”, é onde reside o verdadeiro problema.

Estes incluem obesidade, hipertensão, dislipidemia, inflamação e hiperinsulinemia, que DeFronzo disse que mostraram taxas de resistência à insulina semelhantes em comparação com diabetes em estudos de clamp de insulina.

A intervenção precoce será necessária para melhorar a resistência à insulina, prevenir a falha das células beta e a perda de massa das células beta, manter a normoglicemia e prevenir complicações microvasculares, “que não ocorrem se a HbA1c for inferior a 6,5%”, disse DeFronzo. Isso significa que ferramentas de diagnóstico aprimoradas serão necessárias para identificar indivíduos de alto risco para o desenvolvimento de diabetes e eventos CV no estágio pré-pré-diabético ou pré-diabético, disse ele.

“A pessoa que tem pré-diabetes tem todas as anormalidades metabólicas como a pessoa com diabetes tipo 2 completo”, disse DeFronzo. “Se realmente queremos parar a doença, precisamos começar quando a doença realmente começar. Precisamos retroceder ainda mais.”

DeFronzo disse que uma abordagem holística para o tratamento do diabetes tipo 2 requer terapia combinada precoce com medicamentos que corrigem múltiplas anormalidades fisiopatológicas e fornecem proteção cardiovascular e renal – ou seja, a tiazolidinediona pioglitazona, inibidores de SGLT2 e agonistas do receptor de GLP-1 prescritos juntos.

“Quem pensa que uma droga vai corrigir tudo o que falamos nesta reunião é insano”, disse DeFronzo durante sua apresentação. “Na hipertensão, usamos quatro medicamentos. No câncer, usamos vários medicamentos. No HIV/AIDS, usamos várias drogas.”

Vários métodos sofisticados podem medir a função das células beta; no entanto, a HbA1c pode servir como uma medida relativamente simples para o médico avaliar as concentrações de glicose persistentemente elevadas e, finalmente, decidir se uma pessoa está no regime de terapia correto.

“Temos um algoritmo para tratar essas pessoas – o algoritmo DeFronzo”, disse ele. “Metformina é o número 4 da lista. Eu amo metformina. É uma boa droga, mas não é melhor do que as outras drogas. Do meu ponto de vista, iniciamos todos os nossos pacientes em terapia tripla. Por quê?  Estes são os medicamentos que lhe darão proteção CV, renal e microvascular.”

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Diabetes e herpes-zóster: do controle da glicose à vacinação

Caso do cantor Justin Bieber chama atenção para essa doença infecciosa que causa muita dor - e que é mais comum e impactante em pessoas com diabetes.

Muitas pessoas entendem que, se os níveis de glicose não forem bem controlados, o diabetes podem provocar sequelas no longo prazo, como infarto do coração, derrame cerebral, insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca, cegueira etc. Mas você sabia que o diabetes favorece doenças infecciosas? 

Isso mesmo: o aumento crônico da glicose faz com que o sistema imunológico fique lento e as defesas
frágeis. Daí a maior ocorrência de gripe, pneumonia, infecções de pele… e também de herpes-zóster, uma doença que ganhou notoriedade recentemente por causa do cantor Justin Bieber.  

Estudos mostram que pessoas com diabetes acima de 65 anos têm um risco 3 vezes maior de ter zóster. 

Nos adultos abaixo dessa faixa etária, o risco fica em cerca de 1,5 a 2 vezes. 

Além disso, o diabetes eleva a probabilidade de a dor surgir nos locais das lesões por zóster, mesmo após elas desaparecerem (é a chamada neuralgia pós-herpética).  

Situações como estresse psicológico e traumas predispõem ao surgimento de herpes-zóster. Não à toa, a incidência cresceu durante a pandemia de Covid-19. 

Também vale destacar que só tem herpes-zóster quem já teve catapora, porque se trata de uma reativação do mesmo vírus. Pois é: depois de uma primeira infecção, ele fica “escondido” no sistema nervoso 
e, diante de um descuido do sistema imune, volta a provocar estragos.  

Por isso é fundamental a vacinação de catapora (varicela) na infância e a específica para herpes-zóster nos adultos. A mais recente vacina contra esse problema lançada no Brasil é composta por fragmentos do vírus e tem alta eficácia. 

Atualmente, a vacinação é indicada para adultos acima de 50 anos, ou a partir de 18 anos naqueles que estão com sistema imune debilitado e, portanto, com risco maior de ter a doença. São, por exemplo, as pessoas infectadas pelo HIV, ou as que passaram por quimioterapia e transplante de medula e de órgãos.

A vacina também é indicada para quem acabou de ter  o quadro de herpes-zóster, respeitando o intervalo de seis meses entre a infecção e a aplicação da dose.

Pessoas com diabetes, via de regra, devem se vacinar conforme a indicação de bula – ou seja, acima de 50 anos. Em outros cenários, o imunizante pode ser indicado, mas é necessário conversar com o médico.  

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Salada 3: Salada de inverno de rúcula com acelga

Continuando a série de saladas do para o inverno

O inverno chegou em algumas partes do Brasil e com isso vem sempre a mesma reclamação dos pacientes: “tá difícil comer salada com esse frio”

Mas porque os pacientes reclamam? A explicação está na temperatura das folhagens, nos ingredientes utilizados e até mesmo na textura dos ingredientes utilizados. Então vamos utilizar alguns ingredientes para “aquecerem” a nossa língua e com isso “suportarmos” as folhagens cruas.

Salada de rúcula com acelga

Ingredientes
  • 2 colheres (sopa) de azeite de oliva
  • 1 cebola cortada em rodelas finas
  • 150 gramas de tomate cereja cortado ao meio
  • 1 maço de rúcula
  • 4 folhas de acelga cortada fina
  • 25 gramas de castanha-do-pará picada
  • sal a gosto
  • pimenta-do-reino a gosto
  • vinagre balsâmico a gosto
Modo de Preparo

Em uma frigideira aqueça o azeite e doure a cebola. Não tem problema aquecer o azeite (isso é fake news em saúde). Retire a cebola e reserve. Eu gosto de cebola roxa, mas pode utilizar a branca, pois tem sabor mais neutro. 

Na mesma frigideira, sem lavar, grelhe o tomate e junte à cebola e misture a acelga até ela murchar, posteriormente  rúcula. 

Misture todos os ingredientes, tempere com o sal, a pimenta, o azeite e vinagre balsâmico. 

Por fim, quebre 4 castanhas do Pará e salpique quando a salada estiver finalizada. A castanha é fonte de selênio e dá uma crocância para a salada. Quanto mais estímulos sensoriais, melhor para você aprender a gostar de salada.

Alguns não gostam do gosto do vinagre Balsâmico, então sugiro utilizar limão tahiti (sumo).

Quando eu faço essa salada, crio um molho simples que bato 1/2 xícara de iogurte natural, com 3 colheres de sopa de azeite, sumo de 1 limão, lemon pepper (pitada) e um punhado de coentro. Bato e coloco na salada, no prato. Dá para utilizar por até 2 dias na geladeira.

Espero que gostem.

Quem fizer poste nas redes sociais e me marque (@drfredericolobo). 

Esse post faz parte de uma série que estou montando com alguns amigos. Os posts anteriores são:

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Atendimento como Nutrologo Joinville

Quem me acompanha aqui no blog e instagram sabe que desde o começo de 2021 comecei a fazer alguns mudanças pois mudarei para Joinville - SC.

Não deixarei de atender em Goiânia. Até final de 2023 continuarei no ambulatório de Nutrologia no SUS, depois pedirei licença por interesse particular já que sou concursado e a minha afilhada Dra. Adriely Cunha assumirá meu lugar.

Posteriormente ficarei 10 dias em Goiânia e os demais dias em Joinville e Florianópolis - SC. 

Na sexta-feira (24/06/22) estive no CRM-SC e tirei a minha inscrição secundária CRM-SC 32.949 e hoje saiu o meu número de registro de qualificação de especialista (RQE) 22.416. 

Em Agosto começo a atender inicialmente em Joinville na Clínica Wee - situada na Rua Mário Lobo esquina com Rua Blumenau, nº 64, 9º andar - Bairro América, Joinville - SC, CEP 89204-248. 
WhatsApp para agendamento (47) 99649-0628

Posteriormente em 2024 começarei em Florianópolis.

att

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 









Nutrologo Joinville
Nutrologo Joinville Unimed
Nutrologo Joinville Bradesco
Nutrologo Joinville Hapvida
Nutrólogo Joinville

sábado, 25 de junho de 2022

Consumo de glutamina e ganho de massa muscular

Por ser tão importante e também presente na musculatura, muitas pessoas acreditam que a suplementação de glutamina pode aumentar o ganho muscular.

Mas, será que isso realmente ocorre? 

Na grande maioria dos casos, NÃO! Em situações de práticas de exercícios intensos há uma redução fisiológica da glutamina no sangue, o que fez surgir a hipótese de que a suplementação seria uma boa estratégia. 

No entanto, os estudos bem controlados já demonstraram que essa redução não traz nenhum impacto significativo para os indivíduos e tende a voltar a níveis normais algumas horas após a finalização do treino.

E mesmo com a suplementação durante esses momentos de redução da glutamina no sangue (mencionado acima), é demonstrado que não há nenhum impacto no ganho muscular (comparado a quem utiliza placebo).

As condições em que há evidências (fracas) sobre benefícios da sua suplementação está em doenças intestinais e pacientes hospitalizados graves. .

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Onda de calor intensa atinge partes da Europa e EUA

Embora seja apenas meados de junho, as temperaturas são mais típicas das observadas em julho ou agosto. Em algumas partes da Espanha e da França, as temperaturas são mais de 10°C mais altas do que a média para esta época do ano. Isto é combinado com a seca em muitas partes da Europa.

No meio da semana, quase um terço da população americana estava sob alguma forma de alerta de calor. Os episódios em curso seguem uma  onda de calor prolongada na Índia e no Paquistão em março e abril .
Como resultado das mudanças climáticas, as ondas de calor estão começando mais cedo e estão se tornando mais frequentes e mais severas devido às concentrações recordes de gases de efeito estufa que retêm o calor. O que estamos testemunhando hoje é uma antecipação do futuro.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas projeta que, para 1,5°C de aquecimento global, haverá ondas de calor crescentes, estações quentes mais longas e estações frias mais curtas. Com 2°C de aquecimento global, os extremos de calor atingiriam com mais frequência limites críticos de tolerância para a agricultura e a saúde, mostra o relatório

Uma série de estudos de atribuição de eventos recentes de calor extremo (Índia e Paquistão 2022, Oeste da América do Norte junho de 2021, Sibéria 2020, Europa Ocidental 2019) destacaram o papel das mudanças climáticas induzidas pelo homem.

domingo, 19 de junho de 2022

[Conteúdo exclusivo para médicos] - Associação do tempo sentado com mortalidade e eventos cardiovasculares em países de alta, média e baixa renda

Pontos chave

Pergunta O tempo diário sentado está associado à mortalidade e doenças cardiovasculares (DCV) em países de diferentes níveis econômicos?

Achados Neste estudo de coorte, incluindo 105.677 participantes de 21 países, o maior tempo sentado foi associado a um risco aumentado de mortalidade por todas as causas e DCV maior, e a associação foi mais pronunciada em países de baixa renda e de renda média-baixa.  Atender às recomendações da Organização Mundial da Saúde para atividade física poderia efetivamente atenuar o risco de alto tempo sentado.

Significado Reduzir o tempo sedentário juntamente com o aumento da atividade física pode ser uma estratégia importante para aliviar a carga global de mortes prematuras e DCV.

Abstrato

Importância 

Grandes quantidades de tempo sentado estão associadas a maiores riscos de doenças cardiovasculares (DCV) e mortalidade em países de alta renda, mas não se sabe se os riscos também aumentam em países de baixa e média renda.

Objetivo 

Investigar a associação do tempo sentado com a mortalidade e as principais DCV em países de diferentes níveis econômicos usando dados do estudo Prospective Urban Rural Epidemiology.

Desenho, cenário e participantes 

Este estudo de coorte de base populacional incluiu participantes de 35 a 70 anos recrutados a partir de 1º de janeiro de 2003 e acompanhados até 31 de agosto de 2021, em 21 países de alta, média e baixa renda  com seguimento médio de 11,1 anos.

Exposições Tempo sentado diário medido usando o Questionário Internacional de Atividade Física.

Principais resultados e medidas O composto de mortalidade por todas as causas e DCV principal (definido como morte cardiovascular, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca).

Resultados Dos 105.677 participantes, 61.925 (58,6%) eram mulheres, e a idade média (DP) foi de 50,4 (9,6) anos.

Durante um acompanhamento médio de 11,1 (IQR, 8,6-12,2) anos, 6.233 mortes e 5.696 eventos cardiovasculares maiores (2.349 infartos do miocárdio, 2.966 acidentes vasculares cerebrais, 671 insuficiência cardíaca e 1.792 mortes cardiovasculares) foram documentados.

Comparado com o grupo de referência (<4 horas por dia sentado), maior tempo sentado (≥8 horas por dia) foi associado a um risco aumentado do desfecho composto (razão de risco [HR], 1,19; IC 95%, 1,11-  1,28; P para tendência < 0,001), mortalidade por todas as causas (HR, 1,20; IC 95%, 1,10-1,31; P para tendência < 0,001) e DCV maior (HR, 1,21; IC 95%, 1,10-1,34; P para  tendência <.001).

Quando estratificado por níveis de renda do país, a associação do tempo sentado com o resultado composto foi mais forte em países de baixa renda e renda média-baixa (≥8 horas por dia: HR, 1,29; IC 95%, 1,16-1,44) em comparação com  países de renda alta e média-alta (HR, 1,08; IC 95%, 0,98-1,19; P para interação = ,02).

Em comparação com aqueles que relataram tempo sentado inferior a 4 horas por dia e alto nível de atividade física, os participantes que se sentaram por 8 ou mais horas por dia tiveram um risco associado de 17% a 50% maior do resultado composto em todos os níveis de atividade física; e o risco foi atenuado com o aumento dos níveis de atividade física.

Conclusões e Relevância 

Grandes períodos de tempo sentado foram associados ao aumento do risco de mortalidade por todas as causas e DCV em ambientes economicamente diversos, especialmente em países de baixa renda e de renda média-baixa.  

Reduzir o tempo sedentário juntamente com o aumento da atividade física pode ser uma estratégia importante para aliviar a carga global de mortes prematuras e DCV.

Introdução

O aumento do tempo sentado tornou-se comum na sociedade moderna devido à popularização de produtos eletrônicos, aumento de ocupações sedentárias e mudanças nos padrões de transporte.

Análises em série relataram que o tempo total sentado aumentou substancialmente em quase 1 hora por dia entre os adultos na última década nos EUA.

A recente diretriz global de atividade física 2020 da Organização Mundial da Saúde (OMS) agora recomenda limitar o tempo sedentário e praticar altos níveis de atividade física para reduzir os efeitos prejudiciais do tempo sentado.

Até agora, a evidência atual tem sido quase exclusivamente em países de alta renda (HICs) e na China.  

Estudos anteriores sugeriram que os padrões contextuais em que o comportamento sedentário ocorre podem variar substancialmente de acordo com o status socioeconômico e a classe social.  

Os efeitos do comportamento sedentário na saúde não estão bem documentados para populações de países de baixa e média renda (LICs e MICs), onde os padrões de atividade são muito diferentes dos HICs e a prevalência de um estilo de vida sedentário aumentou dramaticamente junto com a rápida urbanização.

É nesses mesmos países que existe a maior parte da carga global de DCV.

Portanto, as associações entre tempo sentado e desfechos clínicos baseados em estudos predominantemente conduzidos em HICs não podem ser extrapoladas diretamente para populações residentes em LICs e MICs.

Na presente análise, nosso objetivo foi determinar as associações do tempo auto-relatado sentado com mortalidade por todas as causas e DCV em países com níveis de renda variados usando dados do estudo Prospective Urban Rural Epidemiology (PURE).

Além disso, também avaliamos a associação conjunta de tempo sentado e atividade física com desfechos clínicos

Discussão

Neste grande estudo de coorte prospectivo internacional, descobrimos que o tempo sentado diário foi significativamente associado à mortalidade por todas as causas e DCV principal.

Ao incluir diversas populações de países com diferentes níveis de renda, nosso estudo aumenta as evidências acumuladas sobre o risco do tempo sentado.

Nossos dados fornecem informações de MICs e LICs, onde o risco de aumento do tempo sentado é ainda mais acentuado.

Nossos achados apoiam as diretrizes globais da OMS 2020 para comportamento sedentário e indicam que a atividade física acima do nível recomendado pode atenuar o aumento do risco devido ao sedentarismo, e os indivíduos sedentários podem se beneficiar da substituição do tempo sentado por atividade física.

No geral, nosso estudo demonstra uma associação positiva do tempo auto-relatado sentado com mortalidade por todas as causas e DCV maior, o que está de acordo com meta-análises anteriores (incluindo estudos usando medidas autorreferidas de HICs) e coortes prospectivas recentes da China.  

Além disso, descobrimos que o risco de desfecho composto associado ao tempo sentado aumentou de forma linear, o que foi semelhante a uma coorte prospectiva entre 5.638 mulheres idosas dos EUA, demonstrando uma relação linear entre tempo sedentário medido objetivamente e DCV.

No entanto, algumas metanálises anteriores usando medidas subjetivas ou objetivas sugeriram uma associação não linear com um potencial limiar de tempo sentado, mas os valores de corte eram inconsistentes.

Meta-análises anteriores usando medições autorrelatadas geralmente estimavam que o limite era de 10 horas por dia para DCV incidente e 6 a 8 horas por dia para mortalidade, enquanto uma grande meta-análise incorporando dados medidos por dispositivo relatou que o risco de mortalidade aumentou significativamente em níveis  superior a 9,5 horas por dia.

Essa diferença pode estar relacionada à variabilidade nos métodos de medição.

O acelerômetro, geralmente utilizado em estudos existentes, poderia fornecer uma estimativa mais precisa do tempo sedentário do que os questionários autorreferidos, mas não consegue diferenciar entre a postura sentada e em pé e, portanto, superestima o tempo sedentário.

Portanto, embora as recomendações sobre a limitação do tempo sentado tenham surgido em diretrizes recentes de saúde pública, o limite quantitativo específico para o tempo sentado ainda merece mais estudos.

Quando estratificados por níveis de renda do país, observamos uma associação mais pronunciada em LMICs e LICs em comparação com HICs e UMICs.

A diferença na associação pode ser parcialmente explicada pelos diferentes domínios e padrões de comportamento sentado em diferentes níveis de renda; ou seja, o tempo de visualização de televisão é mais comum entre pessoas com posições socioeconômicas mais baixas e mostrou uma associação mais forte com os resultados em comparação com outros comportamentos sentados, talvez devido a hábitos alimentares ruins coincidentes e padrões sedentários prolongados e ininterruptos.

Por outro lado, passar mais tempo na posição sentada ocupacional é muitas vezes acompanhado de maior nível socioeconômico e estilos de vida mais saudáveis, o que pode modificar o risco de excesso de mortalidade relacionado ao tempo sentado.

Portanto, a associação do tempo total sentado pode ser menos pronunciada naqueles com níveis socioeconômicos elevados.

Por exemplo, o estudo Whitehall II, uma coorte ocupacional de trabalhadores de colarinho branco com altos níveis de atividade física, relatou uma associação nula entre o tempo total sentado e a mortalidade.

Essa hipótese foi apoiada por análises de subgrupo de que o tempo sentado mostrou uma associação modesta entre as pessoas com níveis mais elevados de educação, riqueza familiar e ocupação, mas isso requer mais investigação para comparar associações entre diferentes tipos/domínios de comportamento sedentário em participantes de um contexto diverso.

Uma importante questão de relevância para a saúde pública nessa área é a associação conjunta do tempo sentado e da atividade física.

Semelhante a estudos anteriores de atividade física recreativa em HICs, encontramos que a associação do tempo sentado com mortalidade mais DCV maior foi atenuada entre aqueles com níveis mais elevados de atividade física.

Entre os participantes fisicamente inativos, diminuir o tempo sentado foi associado a um risco reduzido do resultado composto substancialmente, mas o risco no grupo sentado baixo (<4 horas por dia) permaneceu significativamente maior em comparação com o grupo de referência.

Isso sugere que é improvável que a redução do tempo sentado sozinho alcance ótimos benefícios à saúde sem aumentar a atividade física.  

Nossas descobertas oferecem suporte para as diretrizes atuais que incentivam “sentar menos e se mover mais” para melhorar a saúde.  

Além disso, achados anteriores também sugeriram que o risco de mortalidade de um estilo de vida sedentário foi amplamente atenuado no grupo mais fisicamente ativo (60-75 minutos por dia em uma meta-análise harmonizando 13 coortes prospectivas; 300 minutos por semana em uma coorte prospectiva da Austrália).

A análise atual difere em que algum risco residual do resultado composto e mortalidade por todas as causas devido ao estilo de vida sedentário permaneceu mesmo entre os participantes que relataram mais de 750 minutos por semana de AFMV.

Essa diferença pode ser explicada por diferentes domínios de atividade física e comportamentos sedentários e seus efeitos variados na saúde em diferentes níveis econômicos.

Estudos anteriores usaram atividade física recreativa como variável de interesse, enquanto a maioria dos participantes do PURE alcançou altos níveis de atividade física por meio de atividade física não recreativa.

Correspondentemente, nossa análise isotemporal mostrou que a substituição do tempo sentado por atividade física recreativa pode trazer maiores benefícios à saúde do que a atividade física não recreativa, o que corrobora com uma grande coorte prospectiva envolvendo 154614 idosos nos EUA, indicando que o exercício intencional pode conferir proteção adicional à mortalidade contra  sedentarismo do que atividades sem exercício.

Nosso estudo mostrou que o tempo sentado excessivo (≥6 horas por dia) foi responsável por 3,7% dos PAFs para o desfecho composto, 4,6% para mortalidade por todas as causas e 3,5% para DCV maior.

É importante notar que, se a redução do tempo sentado e o aumento da atividade física pudessem ser alcançados simultaneamente, a proporção da carga de doenças prevenida é quase comparável ao tabagismo.

A recente diretriz da OMS afirma que os adultos devem limitar o tempo sedentário e se envolver em 150 a 300 minutos por semana de AFMV para reduzir os efeitos prejudiciais dos comportamentos sedentários.

Considerando que pode ser desafiador atingir altos níveis de AFMV para pessoas fisicamente inativas, especialmente para  idosos e pessoas com condições crônicas ou deficiências, reduzir o tempo sentado pode ser um primeiro passo importante para melhorar a saúde cardiovascular.

• Pontos fortes e limitações

Este estudo teve vários pontos fortes, que incluíram o uso de dados de 21 países em 5 continentes, altas taxas de acompanhamento, abordagens rigorosas para medir variáveis ​​basais, covariáveis ​​extensas para ajuste, eventos fatais e não fatais coletados prospectivamente e adjudicação padronizada de eventos clínicos.

No entanto, nosso estudo também teve algumas limitações potenciais.  

Primeiro, o erro de medição em variáveis ​​autorrelatadas é inevitável.  

Reconhecemos que o IPAQ pode ter comprometido a precisão na captura dos volumes absolutos do tempo sentado porque geralmente subestima o tempo sentado (2,5 horas por dia) e teve apenas concordância moderada a moderada (coeficiente de correlação, 0,35; IC 95%, 0,32-0,39) contra medições objetivas.  

Infelizmente, a medição objetiva da atividade física baseada em dispositivos provavelmente é muito cara para ser usada em um grande estudo de coorte, especialmente em ambientes com recursos limitados, como alguns LICs e MICs no PURE.  

A medição de autorrelato ainda pode ser útil para agrupar os participantes por seus níveis relativos, mas isso atenuaria as associações em direção ao nulo porque as informações sobre o tempo sentado foram coletadas prospectivamente, e o erro de medição da exposição provavelmente não seria diferencial em relação ao status da doença. 

Da mesma forma, considerando que o IPAQ autorreferido tende a superestimar os níveis de atividade física, o real efeito protetor da atividade física contra o risco associado a altos níveis sentados poderia ser mais pronunciado e ocorrer em nível inferior ao relatado neste estudo.

Além disso, embora o IPAQ tenha sido validado em uma ampla gama de países, a avaliação de autorrelato pode ser dependente da cultura, e diferenças entre países no relato do tempo sentado são possíveis.

No entanto, nossa análise de sensibilidade usando quintis específicos do país e agrupando estimativas específicas do país usando uma meta-análise de efeitos aleatórios produziu resultados semelhantes à nossa análise primária.

Uma parte dos participantes da Índia e Bangladesh foi excluída de nossa análise primária porque o tempo sentado medido pelo IPAQ não foi administrado no questionário inicial nesses dois países.

Nossas análises de sensibilidade mostraram resultados consistentes após a retenção de participantes de Bangladesh (usando o tempo sentado durante a semana como exposição) ou a realização de imputação múltipla para aqueles com dados de exposição ausentes.  

Além disso, uma relação causal não pode ser estabelecida devido à possibilidade de causalidade reversa e confusão residual inerentes aos estudos observacionais.

No entanto, uma ampla gama de análises de sensibilidade foi realizada para testar a robustez de nossos achados.

Além disso, as associações em nossas abordagens de modelagem isotemporal foram derivadas apenas da substituição estatística, mas não das mudanças reais nesses comportamentos.

• Conclusões

Os resultados de nosso estudo de coorte sugerem que o alto tempo sentado foi significativamente associado a um risco aumentado de mortalidade por todas as causas e DCV em ambientes economicamente diversos, especialmente em LMICs e LICs.  

Além disso, os riscos aumentados de alto tempo sentado podem ser efetivamente compensados ​​pela prática de atividade física acima dos níveis atualmente recomendados pela OMS.

Nossos achados enfatizam que a redução do tempo sedentário junto com o aumento da atividade física pode ser uma estratégia importante para aliviar a carga global de mortes prematuras e DCV.

“Compartilhar é se importar”
EndoNews: Lifelong Learning
Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho 
twitter: @albertodiasf

Impactos da contaminação por mercúrio dos garimpos por Carlos A. de Medeiros Filho

 Notícias de invasões de terras indígenas por garimpeiros incrementam antigas discussões sobre mineração e garimpagem em áreas preservadas da floresta amazônica e sobre danos ambientais de atividades de mineração artesanal ou garimpos em rios.

Entre os principais impactos gerados na maioria das atividades garimpeiras em aluviões destacam-se: desmatamento de mata ciliar imediatamente adjacente ao curso d’água; desmatamento da floresta para construção de acessos; turbidez, assoreamento dos rios e contaminações por metais tóxicos, especialmente por mercúrio nos solos, nos sedimentos, nas águas dos rios e no ar, com consequências danosas na saúde ocupacional, na biota e na flora.

O uso não controlado de mercúrio na recuperação do ouro, por amalgamação, é uma questão amplamente discutida, dispondo de rica e vasta literatura técnica-científica. Com a retomada do assunto, dentro de um cenário de grave crise ambiental, entende-se ser importante elaborar notas sintéticas sobre os fundamentos do uso e as consequências do mercúrio na mineração de ouro.

O mercúrio (Hg) é usado na mineração de ouro para extrair ouro do minério formando “amálgama” – uma mistura composta de partes aproximadamente iguais de mercúrio e ouro (1). O amálgama é normalmente isolado e depois aquecido – muitas vezes com uma tocha ou sobre um fogão – para destilar o mercúrio e isolar o ouro (3).

O mercúrio vaporizado é muito reativo e em contato com a atmosfera oxida e, nessa forma, ele retorna à terra por precipitação inorgânica. O mercúrio inorgânico nos sedimentos do fundo pode ser biometilado por bactérias em metilmercúrio CH3Hg+, que é um composto tóxico. Uma vez convertido, o metilmercúrio entra na cadeia alimentar e o teor de Hg aumenta simultaneamente nos tecidos adiposos (2).

No que diz respeito à poluição da água, parte do Hg metálico despejado em rios e cursos d’água é transformado em metil Hg, por microrganismos ingeridos por espécies aquáticas, que por sua vez são consumidos pelo homem. Assim como a bioacumulação de muitos contaminantes ambientais, a do Hg se acumula ao longo da cadeia alimentar dos organismos aquáticos (4). Peixes e outros animais selvagens de vários ecossistemas comumente atingem níveis de Hg de preocupação toxicológica quando diretamente afetados por emissões de Hg de atividades iniciadas pelo homem (5).

Trinta e sete por cento das emissões atmosféricas globais de Hg são produzidas pela mineração de ouro em pequena escala (1). A mineração artesanal de ouro e a combustão de carvão foram identificadas como as principais fontes de emissões antropogênicas de mercúrio para o ar e a água (2). A mineração de ouro artesanal e em pequena escala dependente de mercúrio é a maior fonte de poluição por mercúrio na Terra (3).

O mercúrio é um contaminante notoriamente perigoso devido à sua alta toxicidade, persistência e comportamento cumulativo no ambiente e na biota (6). Os efeitos sobre a saúde dos mineiros são graves, com o mercúrio inalado levando a danos neurológicos e outros problemas de saúde. As comunidades próximas a essas minas também são afetadas devido à contaminação da água e do solo por mercúrio e subsequente acúmulo em alimentos básicos, como peixes. Os riscos para as crianças também são substanciais, com as emissões de mercúrio resultando em deficiências físicas e mentais e comprometimento do desenvolvimento (3).

Foram identificados estudos relatando avaliações de saúde, disfunção renal, distúrbios e sintomas neurológicos e imunotoxicidade/disfunção autoimune em indivíduos que vivem em ou perto de uma comunidade garimpeira. Esses estudos, realizados em 19 países diferentes da América do Sul, Ásia e África, demonstraram que as concentrações de mercúrio em cabelo e urina estão bem acima dos valores de orientação de saúde da Organização Mundial da Saúde (1).

No médio rio Tapajós, no Pará, povos indígenas estão sofrendo com o impacto do mercúrio usado largamente em atividade de garimpo. Estudo realizado pela Fiocruz em parceria com o WWF-Brasil indica que a maioria dos participantes da pesquisa estão afetados por este contaminante. De cada 10 participantes, 6 apresentaram níveis de mercúrio acima de limites seguros: cerca de 57,9% dos participantes apresentaram níveis de mercúrio acima de 6 µg/g – que é o limite máximo de segurança estabelecido por agências de saúde. A contaminação é maior em áreas mais impactadas pelo garimpo, nas aldeias que ficam às margens dos rios afetados (7).

A Convenção de Minamata sobre Mercúrio – que recebeu o nome de uma cidade no Japão onde ocorreram sérios danos à saúde como resultado da poluição por mercúrio em meados do século XX – fornece controles e propostas de reduções em uma série de produtos, processos e indústrias onde o mercúrio é usado, liberado ou emitido. O objetivo da Convenção, de 2013, é proteger a saúde humana e o meio ambiente das emissões e liberações antropogênicas de mercúrio e compostos de mercúrio, estabelecendo um conjunto de medidas para atingir esse objetivo.

Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 35 anos em Geoquímica em Pesquisa Mineral e Ambiental.

Referências Bibliográficas

(1) Gibb H, O’Leary KG. 2014. Mercury exposure and health impacts among individuals in the artisanal and small-scale gold mining community: a comprehensive review. Environ Health Perspect 122:667–672.

(2) Voros, D.; DíazSomoano, M.; Gerslov, E.; Sýkorov, I.; Suarez-Ruiz, I. 2018. Mercury contamination of stream sediments in the North Bohemian Coal District (Czech Republic): Mercury speciation and the role of organic matter. Chemosphere 211 (2018) 664-673.

(3) Esdaile, L.J. & Chalker, J.M. 2018. The Mercury Problem in Artisanal and Small-Scale Gold Mining. Chem. Eur. J. 2018, 24, 6905 – 6916

(4) Veiga MM, Hinton J, Lilly C. 1999. Mercury in Amazon: A Comprehensive Review with Special Emphasis on Bioaccumulation and Bioindicators. Proceeding of National Institute for Minamata Disease Japan. 1999: 19–39.

(5) Limbong, D.; Kumampung, J.; Rimper, J.; Arai, T.; Miyazaki, N. 2003 Emissions and environmental implications of mercury from artisanal gold mining in north Sulawesi, Indonesia. The Science of the Total Environment 302 (2003) 227–236.

(6) Chiarantini, L.; Benvenuti, M.; Beutel, M.; Costagliola, P.; Covelli, S.; Gabbani, G.; Lattanzi, P.; Pandeli, E.; Paolieri, M.; Petranich, E.; Rimondi, V. 2016. Mercury and Arsenic in Stream Sediments and Surface Waters of the Orcia River Basin, Southern Tuscany, Italy. Water Air Soil Pollut (2016) 227:408.

(7) https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/contaminacao-mercurio-chega-aldeias-indigenas/2020

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Check-up nutrológico - O que é? Quem pode fazer? Quando fazer?

Conceito de check-up nutrológico

Denomina-se de check-up nutrológico a avalição médica que visa detectar se:
  • O paciente está ingerindo as necessidades energéticas básicas (se a alimentação está correta) para a manutenção da saúde;
  • Existe algum risco nutricional: risco de desnutrição;
  • Há algum déficit ou excesso de nutrientes (macro ou micro);
  • Há harmonia entre a a ingestão alimentar e a saúde mental do indivíduo;
  • Existe algum fator de risco para doenças e que o status nutricional possa influenciar (piorando a doença ou mudando o prognóstico).
Como se faz?

Não existe um único exame que determine, com certeza, qual o status nutrológico do paciente. Por isso, é utilizado mais de um método de avaliação com o objetivo de chegar a um dos dois diagnósticos nutricionais: eutrofia (nutrição adequada) e desnutrição (subnutrição ou supernutrição). Os métodos utilizados por mim são:

Inquérito alimentar: uma pesquisa sobre os hábitos de ingestão alimentar do paciente. No consultório coleto através de um recordatório alimentar de 7 dias, por mim desenvolvido, no qual levo alguns fatores em conta:
Horário das refeições
Número de refeições no dia
Quantidade ingerida
Qualidade do que foi ingerido
Nível de saciedade que a refeição proporciona
Nível de satisfação que a refeição proporciona
Se durante a ingesta o paciente apresentou algum sentimento e/ou sensação importante
Se após a ingestão o paciente teve algum sintoma intestinal ou extra-intestinal
+
Avaliação quantitativa : que consiste em estimar as necessidades energéticas básicas do paciente. No meu caso o meu nutricionista que aplica as fórmulas e compara com o inquérito alimentar. Quantas kcal o paciente precisa para sobreviver ou atingir o que deseja (emagrecer, ganhar peso); quantas kcal em média o paciente gasta por dia (gasto energético total)
Nessa avaliação fazemos cálculos a respeito da ingestão de nutrientes, para assim balancear a quantidade dos componentes dos alimentos ingeridos, como carboidratos, proteínas e gorduras.
Esse paciente consegue bater uma meta proteica para o seu caso? Esse paciente tem ingestão alta de gordura saturada? Ele consegue bater a meta de 35g de fibra por dia devido a sua doença de base (ex. constipação).
+
Exame físico nutrológico: nos permite detectar sinais de carências ou excessos nutricionais. Verificamos saturação, frequência cardíaca, pressão arterial, força de preensão palmar, peso, altura, índice de massa corporal,  circunferência abdominal, cintura, dobras cutâneas, circunferência da panturrilha. Cabelos, unhas, língua, pele, palpação da tireoide, ausculta pulmonar/cardíaca, exame do abdome, checagem de pulsos, verificamos presença de edemas, crepitações nas articulações.
+
Avaliação laboratorial: que deve levar em consideração os dados obtidos no inquérito alimentar, combinados com dados da anamnese, exame físico. Fazemos então a solicitação de exames complementares para confirmar nossas suspeitas.

Com qual frequência fazer?

Dependerá de cada caso. Tem paciente que faz duas vezes ao ano, outros fazem uma vez/ano. Outros voltam de 3 em 3 meses. Dependerá do quadro clínico. O paciente é portador de alguma doença? O paciente não tem queixas e nem foi detectada alguma alteração?

Quando fazer?

Em qualquer fase da vida:
  • Infância
  • Adolescência
  • Fase adulta
  • Gestantes e lactantes
  • Idosos
Todas as fases do ciclo da vida merecem atenção, já que cada uma dela tem particularidades.

Quem realiza? 

Pode ser realizado por qualquer médico, porém o médico especialista em nutrientes é o médico Nutrólogo. Ou seja, aquele que fez residência de Nutrologia ou tem o Registro de qualificação de especialista (RQE) em Nutrologia. 

O médico pode solicitar os exames previamente à consulta de check-up nutrológico?

Não, isso não existe. O exame é complementar à anamnese e avaliação física. Configurando uma infração ética. Já abordei esse tema aqui no blog em um texto que escrevi com uma amiga nutróloga e conselheira do CRM-ES. http://www.ecologiamedica.net/2020/05/por-que-e-errada-solicitacao-de-exames.html

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13192 - RQE 11915


Salada 2: Salada de inverno de abacate com frango cítrico

O inverno chegou em algumas partes do Brasil e com isso vem sempre a mesma reclamação dos pacientes: “tá difícil comer salada com esse frio”

Mas porque os pacientes reclamam? A explicação está na temperatura das folhagens, nos ingredientes utilizados e até mesmo na textura dos ingredientes utilizados. Então vamos utilizar alguns ingredientes para “aquecerem” a nossa língua e com isso “suportarmos” as folhagens cruas.

Salada de abacate com frango cítrico

Ingredientes
  • 2 filés de frango (grelhado e cortado em tiras)
  • Sal a gosto
  • Raspas de 1 limão tahiti ou 1 colher de chá de lemon pepper
  • 1 colher de sopa de gengibre ralado (se você não gosta tanto de picância promovida, coloque 1 colher de sobremesa)
  • Folhas variadas (rúcula e alfaces lisa, crespa e americana)
  • 1/2 abacate firme cortado em cubos pequenos
  • 8 tomates-cereja cortados ao meio
  • 1 colher de sobremesa de azeite
  • Vinagre balsâmico
  • 1 pitada de mix de pimentas.

Modo de Preparo
Corte o frango em tiras. Acrescente o sal, as raspas de limão e o gengibre e deixe descansar por 15 minutos. Grelhe em uma frigideira com o azeite e reserve (se quiser que continue quente, faça isso apenas após finalizar a montagem abaixo).

No prato, coloque as folhas, o abacate e os tomates. Tempere com o azeite, o vinagre e o sal. Pode acrescentar castanha de caju ou lâminas de amêndoa dourada no azeite com o objetivo de dar crocância.

Misture o frango em tiras à salada. Pronto, as folhas estarão semi-aquecidas quando entrarem em contato com o frango. Jogue o mix de pimenta em cima da salada.

Espero que gostem.

Quem fizer poste nas redes sociais e me marque (@drfredericolobo). 

Semana que vem tem nova receita para o inverno.

Esse post faz parte de uma série que estou montando com alguns amigos. Os posts anteriores são: