sexta-feira, 30 de setembro de 2022

[Conteúdo exclusivo para médicos] - Analisando o impacto dos fatores de risco modificáveis ​​na mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil.

Objetivos

Examinamos o impacto das mudanças nos fatores de risco modificáveis ​​na mortalidade por DCV em 26 estados brasileiros de 2005 a 2017.

Métodos

Os dados foram adquiridos do estudo Global Burden of Diseases (GBD) e de fontes oficiais do governo brasileiro, totalizando 312 observações estaduais-ano. As frações atribuíveis à população (PAFs) foram calculadas para determinar o número de óbitos atribuídos a alterações em cada fator de risco. Modelos de regressão linear multivariada de efeitos fixos foram realizados, ajustando para renda, desigualdade de renda, pobreza e acesso à saúde.

Resultados

Entre 2005 e 2017, as mortes por DCV diminuíram 21,42%, acompanhadas por uma diminuição do tabagismo (-33%) e aumento da hiperglicemia (+9,5%), obesidade (+31%) e dislipidemia (+5,2%).

A redução do tabagismo preveniu ou adiou quase 20.000 mortes por DCV nesse período, enquanto o aumento da exposição à hiperglicemia resultou em mais de 6.000 mortes por DCV.

A associação entre hiperglicemia e mortalidade por DCV foi 5 a 10 vezes maior do que a encontrada para outros fatores de risco, especialmente em mulheres (11; IC 95% 7 a 14, mortes por aumento de 1 ponto na exposição à hiperglicemia).

É importante ressaltar que a associação entre hiperglicemia e mortalidade por DCV foi independente do nível socioeconômico e acesso aos cuidados de saúde, enquanto associações para outros fatores de risco após os mesmos ajustes.

 Conclusão

A redução do tabagismo foi o fator de risco que levou ao maior número de mortes por DCV prevenidas ou adiadas, enquanto a hiperglicemia apresentou a associação mais deletéria com a mortalidade por DCV. As políticas de saúde devem ter como objetivo reduzir diretamente a prevalência de hiperglicemia para mitigar a carga populacional de DCV no Brasil no futuro.

Introdução

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte na maioria dos países de baixa e média renda (PBMRs), como o Brasil, apesar da tendência de diminuição da mortalidade nos últimos anos.

Dentre os diferentes tipos de DCV, eventos isquêmicos, como acidente vascular cerebral isquêmico e cardiopatia isquêmica, têm maior impacto na saúde da população brasileira.

A probabilidade de desenvolver DCV ou morrer de um evento cardiovascular isquêmico é dramaticamente aumentada pela presença de fatores de risco comportamentais e metabólicos comuns, como hiperglicemia, obesidade, dislipidemia, hipertensão e tabagismo.

Dentre estes, um recente estudo prospectivo mostrou que diabetes e hipertensão foram os fatores de risco que levaram ao maior número de mortes por eventos cardiovasculares em países de baixa renda (LICs).

No entanto, não está claro como os diferentes fatores de risco estão associados à mortalidade por DCV em países de baixa e média renda, especialmente em países com um sistema de saúde universal, uma vez que a atenção primária demonstrou diminuir a carga populacional de DCV.

Além dos fatores de risco metabólicos e comportamentais, reconhece-se que a carga de DCV difere entre homens e mulheres.  

Por um lado, os homens apresentam uma maior carga de mortalidade por DCV quando comparados às mulheres na pré-menopausa.

Esta tendência é principalmente igualada entre homens idosos e mulheres na pós-menopausa.

Paralelamente, foi demonstrado que as mulheres são mais propensas do que os homens a apresentar vários fatores de risco concomitantes (por exemplo, as mulheres diabéticas tendem a viver mais com obesidade e dislipidemia do que os homens.

Apesar disso, as mulheres eram menos propensas a serem tratadas adequadamente para essas condições.

Ao todo, tem-se reconhecido que existem disparidades entre os sexos no que diz respeito à prevalência de fatores de risco e mortalidade por DCV, mas ainda não está claro em que medida a tendência de fatores de risco comuns está associada à diminuição da mortalidade por DCV em países de baixa e média renda, como  Brasil.

É importante ressaltar que pode haver algum tipo de hierarquia entre os fatores de risco em que alguns são mais relevantes do que outros para explicar a tendência das DCV em nível populacional.

Portanto, investigamos a associação entre vários fatores de risco comportamentais e metabólicos comuns (hiperglicemia, obesidade, dislipidemia, obesidade e tabagismo) e DCV usando informações estaduais de 2005 a 2017 no Brasil.

Além disso, quantificamos o quanto da diminuição da mortalidade por DCV entre 2005 e 2017 pode ser explicada por mudanças nas prevalências estaduais desses fatores de risco.

No geral, nossas descobertas podem ajudar os formuladores de políticas a implementar estratégias mais eficazes para direcionar esses fatores de risco e, portanto, reduzir a carga de DCV no Brasil. 

• Discussão

Este estudo fornece uma análise completa do impacto dos fatores de risco modificáveis ​​na tendência decrescente da mortalidade por DCV no Brasil.

A redução do tabagismo levou ao maior número de mortes evitadas ou adiadas, enquanto a hiperglicemia foi o único fator de risco com uma forte e impactante associação com a mortalidade por DCV, principalmente para as mulheres.

A associação entre hiperglicemia e mortalidade por DCV foi estável após verificações abrangentes de robustez e foi independente de variáveis ​​socioeconômicas e acesso aos cuidados de saúde.

Em conjunto, os dados aqui coletados sugerem que a hiperglicemia está associada à mortalidade por DCV na população brasileira, que essa associação é independente do acesso à saúde e que existem diferenças específicas por sexo.

Nossos resultados também mostraram que a redução do tabagismo pode explicar parcialmente a tendência de diminuição da mortalidade por DCV observada no Brasil entre 2005 e 2017. 

Esses achados podem ajudar os formuladores de políticas a construir melhores políticas para prevenir ou adiar a mortalidade por DCV.

De modo geral, a mortalidade por DCV padronizada por idade vem diminuindo no Brasil nas últimas décadas.

Isso pode ser devido a fatores socioeconômicos, como aumento do PIB per capita, níveis educacionais e cobertura de atenção primária à saúde, todos associados à diminuição da mortalidade por DCV.

Além disso, calculamos que a redução acentuada do tabagismo na população brasileira evitou ou adiou cerca de 17.000 mortes em ambos os sexos combinados.

Apesar da redução anual das mortes por DCV observadas até agora, é provável que, à medida que o Brasil transite para uma sociedade de alta renda, essa tendência possa desacelerar ou mesmo reverter, como observado para vários países de alta renda.

Diante da necessidade de encontrar estratégias mais eficazes para reduzir a mortalidade por DCV, exploramos as associações da exposição da população a fatores de risco metabólicos e comportamentais comuns com eventos de DCV.

Após verificações abrangentes de robustez, ficou evidente que a hiperglicemia era o fator de risco com a associação mais robusta e estável com a mortalidade por DCV.  

Paralelamente, a hipertensão, mas não a hiperglicemia, foi associada à incidência de DCV.

Isso está de acordo com um estudo de coorte recente que mostrou que a magnitude da associação de diabetes e hipertensão com mortalidade por DCV foi maior do que a encontrada para outros fatores de risco metabólicos em LICs.

No entanto, não encontramos associações estáveis ​​entre hipertensão e mortalidade por DCV na população brasileira.

É possível que, devido a um sistema de saúde universal e um aumento significativo na cobertura de atenção primária, a hipertensão tenha um efeito menor na mortalidade por DCV em comparação com os PBMRs sem um sistema de saúde universal.

De fato, a saúde universal efetiva pode reduzir significativamente as mortes por DCV, enquanto um estudo global mostrou que o Brasil tem uma alta proporção de taxa de controle da hipertensão quando comparado a outros países da América Latina e LMICs.

O controle eficaz da hipertensão demonstrou reduzir drasticamente o risco de desenvolver eventos cardiovasculares.

Em contraste, ainda não está claro se o tratamento do diabetes com medicamentos hipoglicemiantes pode reduzir as mortes por DCV, como exemplificado por estudos de metformina amplamente utilizada e o novo medicamento dapagliflozina.

Encontramos algumas disparidades sexuais na forma como a hiperglicemia está associada à mortalidade por DCV.

Por exemplo, hiperglicemia e diabetes foram consistentemente associados à mortalidade por acidente vascular cerebral isquêmico em mulheres, mas não em homens.

Isso é consistente com estudos anteriores que mostram que diabetes/hiperglicemia é um fator de risco mais forte para acidente vascular cerebral em mulheres do que em homens.

Essas diferenças específicas do sexo podem ser devidas a fenômenos sociais, psicológicos ou biológicos, embora os determinantes sociais subjacentes das disparidades sexuais sejam amplamente pouco estudados.

Biologicamente, foi demonstrado que as mulheres tendem a ter maiores taxas de obesidade, hipertensão e dislipidemia e são menos propensas a receber tratamento adequado para essas condições.

Ao todo, nossos dados concordam com observações anteriores de que a hiperglicemia/diabetes está mais fortemente associada à mortalidade por DCV em mulheres do que em homens (este tópico foi resumido por uma declaração da American Heart Association), enquanto não encontramos associação com a incidência  de CVD.

Nosso estudo tem algumas implicações para a política de saúde.

Em primeiro lugar, os dados sugerem que as políticas de saúde devem ter como objetivo reduzir diretamente a prevalência e a exposição à hiperglicemia no Brasil.  

Em segundo lugar, o amortecimento proporcionado pela saúde universal e as melhorias na atenção primária podem não ser suficientes para mitigar os efeitos deletérios da hiperglicemia na mortalidade por DCV.

Essas suposições são corroboradas pela associação de alta magnitude entre hiperglicemia e mortalidade por DCV, que se manteve estável mesmo após ajuste para acesso aos cuidados de saúde.

Portanto, o aumento da prevalência de diabetes pode eventualmente ser acompanhado por aumentos na mortalidade por DCV se diferentes estratégias não forem implementadas.

Esses achados levantam a necessidade de um debate urgente sobre políticas mais efetivas para diminuir a hiperglicemia e o diabetes, como: melhorias na alimentação escolar, políticas de preços para reduzir o consumo de bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados ​​e coibir a comercialização e disponibilidade desses produtos (todos os quais foram revisados ​​recentemente em [27, 28]).

No entanto, o debate sobre a necessidade de tais políticas e as evidências de seu impacto ainda é incipiente, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil.

Reconhecemos várias limitações em nosso estudo.

Usamos estimativas de exposição a fatores de risco, que são baseadas em estudos observacionais de pesquisadores independentes e pesquisas nacionais conduzidas por entidades governamentais.  

Portanto, é possível que a exposição a fatores de risco tenha incluído indivíduos com condição cardiovascular preexistente, o que poderia influenciar nossos achados.  

Apesar do erro de medição de exposições e desfechos que precisam ser contabilizados, os dados coletados do IHME e do estudo GBD são o maior banco de dados desse tipo e foram consistentes com um grande estudo prospectivo ligando fatores de risco modificáveis ​​e mortalidade por DCV em 21 países.

As medidas de mortalidade podem ter sido sub-representadas no Brasil, especialmente em estados mais pobres.

No entanto, os dados utilizados ainda foram considerados de alta qualidade.

Os dados do IHME foram suavizados pelo IHME, o que poderia mascarar mudanças sutis ao longo do tempo.

Para superar tais limitações, efeitos fixos para estado e tempo foram usados ​​para reduzir a probabilidade de mudanças não observadas na notificação de mortalidade serem associadas a mudanças na desigualdade de renda.

Os dados foram agregados aos estados, portanto, mais estudos são necessários para testar as associações observadas neste estudo no nível individual.

Além disso, não conseguimos fazer interpretações causais dos modelos ajustados, apesar do uso de efeitos fixos e variáveis ​​de controle relevantes.

Nossos resultados apoiam uma associação forte e estável entre hiperglicemia e mortalidade por DCV no Brasil, que parece ser mais robusta em mulheres do que em homens.

A associação entre hiperglicemia e mortalidade por DCV pode durar até 10 anos e pode ser independente do acesso aos cuidados de saúde.

De fato, as mudanças na exposição da população à hiperglicemia levaram ao maior número de mortes entre 2005 e 2017 em homens e mulheres, enquanto a redução do tabagismo levou ao maior número de mortes evitadas ou adiadas.

As disparidades sexuais reiteram que o diabetes e a hiperglicemia são fatores de risco mais fortes para DCV em mulheres do que em homens.

Em conjunto, nossos achados fornecem evidências de que as estratégias para reduzir o tabagismo foram fundamentais para a redução da mortalidade por DCV observada no Brasil nas últimas décadas, enquanto há uma necessidade urgente de políticas que visem diminuir a hiperglicemia na população brasileira a fim de mitigar a carga de mortalidade por DCV.

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Inciativa premiada no Prêmio Euro - Inovação na Saúde
By Alberto Dias Filho - Digital Opinion Leader
twitter: @albertodiasf

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Misturar whey com leite reduz os seus benefícios ?

Muitas pessoas afirmam, ERRONEAMENTE, que misturar o Whey Protein (WP) com leite reduz os seus benefícios e que isso seria um desperdício de dinheiro. Normalmente, a justificativa dessa afirmação é: "você paga caro em um produto que é industrialmente separado do soro do leite e acaba misturando novamente...".

No entanto, os benefícios e o intuito do WP não tem NADA a ver com ele estar ou não estar acompanhado do leite. Tomar leite com WP, com água ou com qualquer outro líquido NÃO o torna mais ou menos benéfico à sua saúde. Trata-se apenas de um suplemento alimentar que é utilizado como complemento e com o intuito de FACILITAR a vida daqueles pacientes que não conseguem atingir a meta de proteínas diária através da alimentação.

O WP se torna uma opção interessante pelo fato de apresentar uma grande quantidade de proteínas em uma porção pequena de produto, além de ser transportado facilmente para qualquer lugar. Por exemplo, se você fosse ingerir 30g de proteínas através do leite líquido, teria de beber cerca de 1 litro de uma vez só, sem contar que a densidade calórica seria bem maior pela presença de maiores quantidades de lactose.

Então, se prescrito pelo Nutricionista, tome seu WP da forma que preferir! Eu mesmo acho que o sabor fica bem melhor com leite e ainda mais nutritivo (pelos nutrientes a mais presentes no leite).

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Posicionamento sobre uso de Anabolizantes - SBEM


A SBEM Nacional vem se posicionando há muito tempo em relação ao uso inadequado dos esteroides anabolizantes. São inúmeras preocupações dos especialistas em relação à segurança do seu uso a longo prazo para fins de ganho de desempenho no esporte amador, estéticos ou como agentes anti-envelhecimento, justificando a proibição de seu uso pelo Conselho Federal de Medicina, através da Resolução no 1999/2012.  Ou seja, a prescrição para fins estéticos configura infração ética. 

O uso dos EAS por atletas de competição, por exemplo, é proibido pelo Comitê Olímpico Internacional desde a década de 1970.

Nesse novo posicionamento da SBEM Nacional estão alertas importantes em relação a efeitos colaterais, dosagens e reforça a importância de ter cuidado com publicações nas redes sociais, sem nenhuma comprovação científica.

A Sociedade, diante de tantas evidências científicas e do grave problema de saúde pública, vem cobrar, através deste posicionamento, atitudes urgentes das autoridades competentes, com a adoção de medidas mais efetivas no intuito de coibir e vedar o uso anti-ético, off label e ilegal de EAS.

Os especialistas reforçam a necessidade de regulamentação e controle da prescrição médica dessas substâncias, preservando os tratamentos previstos para as indicações que são amplamente estabelecidos na literatura médica.


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Reflexões sobre o Congresso Brasileiro de Nutrologia


Voltei!

Após quase uma semana em São Paulo, retornei pra Goiânia e já estou de partida para Joinville essa semana rs. Fui ao Congresso Brasileiro de Nutrologia, (CBN) prestigiar amigos e levar meus afilhados. Voltei com o coração abastecido e o cérebro repleto de ideias. 

Sempre fui comunicativo, desde muito pequeno sempre tive muitos amigos, colegas. Em 2014 quando fundei o movimento Nutrologia Brasil, comecei algo despretensioso, na verdade jamais imaginei as proporções que o movimento tomaria e como ele impactaria na Nutrologia. Éramos apenas um grupo de médicos da pós-graduação de Nutrologia (CNNUTRO) da ABRAN. Hoje somos 192 médicos que lutam pela especialidade. Dentro do movimento temos personalidades famosas na Nutrologia como Dr. Dan Waitzberg, Dr. Andrea Bottoni. Nossas decisões em conjunto são levadas a quem representa a especialidade (ABRAN) e esse final de semana pude perceber a grandiosidade no movimento. Conseguimos voucher de desconto para todos os membros em vários eventos da área. Ajudamos na organização de eventos indicando colegas para ministrarem palestras. Criamos o Curso de Nutrologia para acadêmicos de Medicina, no qual 44 membros do Movimento dão aula voluntariamente em um curso gratuito de quase 160 horas ao longo de dois anos.

Desde o momento em que pisei no congresso não parei. Fui reencontrando amigos, conhecendo pessoas que só tinha contato através do movimento. A cada passo que eu dava, alguém me parava para pedir foto. Eu me senti uma sub-celebridade. Gente que auxiliei na vida mas eu nem lembrava. 

É muito gratificante ouvir que você ajudou a alavancar a carreira de um colega. Que você abriu portas. Indicou a pessoa para dar aula em alguma instituição de ensino. Que você tirou a pessoa de um caminho tortuoso. Centenas de fotos, abraços, muito carinho e palavras de reconhecimento pelo nosso árduo trabalho na Nutrologia. Muito bom conhecer pessoalmente pessoas que criei verdadeiros laços de amizade ao longo de quase  uma década.

Encontrei o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Dr. Durval Ribas Filho) e ele me agradeceu por tudo que temos feito pela especialidade. É muito bom esse tipo de reconhecimento. Falou que moro no coração dos membros da ABRAN. E após esse turbilhão de emoções, percebo que nada no mundo paga esse tipo de fala. 

Tão importante quanto a admiração pelos pacientes, é ser admirado por seus pares (profissionais que foram meus mestres e que me auxiliaram a chegar até aqui). Nada é capaz de pagar cenas que vivi, do tipo mal conseguir andar em um Congresso sem ser parado e ouvir: "Posso tirar uma foto com vc"?. Centenas de mensagem no grupo Nutrologia Brasil, de colegas falando: "Eu também quero uma foto com o Fred" e depois enviando aquilo como um troféu. Isso é muito, mas muito gratificante mesmo.

Dr. Dan Waitzberg é um dos papas da Nutrologia. Estava no Congresso ministrando uma aula maravilhosa sobre Microbioma intestinal, quando me avisam: Dr. Dan está atrás de você querendo tirar foto. Tive que sair do auditório para encontrá-lo, afinal não é todos os dias que um dos maiores pesquisadores do mundo da Nutrologia fala: Dr. Fred eu quero uma foto contigo também. 

Presidi uma mesa relacionada ao Ensino da Nutrologia nas faculdades de Medicina. Recepcionei os alunos do Curso para acadêmicos de Medicina. Saí com amigos para comemorar o sucesso do evento. Ouvi vários relatos de alunos, de como o Curso de Nutrologia para acadêmicos de Medicina estava mudando a vida deles durante a graduação e mais importante que isso, dando um norteamento na escolha profissional. Saber que sou responsável por isso é extremamente gratificante. 

Sensação de dever cumprido e mais motivação para continuar nessa luta árdua em prol da especialidade.

Juntos somos mais fortes e já estamos ajudando a preparar o CBN 2023, que promete ser melhor que o inesquecível CBN 2022.

Grato a todos meus alunos que compareceram (2023 lutarei para conseguir novamente a inscrição de vocês), afilhados médicos, colegas e aos meus grandes amigos que a Nutrologia me deu. 

Autor: Dr. Frederico Lobo - - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 


quinta-feira, 22 de setembro de 2022

O que é "melhor": gin ou cerveja ?

Muitas pessoas utilizam o gin como substituto da cerveja por acreditarem se tratar de uma bebida menos "problemática" quando o assunto é composição corporal e saúde.

Mas, o que será que é melhor, o GIN ou a CERVEJA?

A melhor opção entre as duas é aquela que você consiga ingerir a menor quantidade possível e se sentir satisfeito (a)!

Por exemplo, uma cerveja longneck comum (330mL) possui entre 120 e 150 kcal por unidade, sendo que cerca de 5% desse volume é de álcool. O gin puro possui entre 60-90 kcal por dose de 30~40 mL, sendo que cerca de + de 35% desse volume é álcool. O gin tônico (dose de gin + limão e água tônica) que é o mais comum, possui cerca de 110-150kcal por dose de 150mL.

Então, é possível observar que tanto o gin quanto a cerveja possuem quantidades significativas de calorias e precisam ter seu consumo MUITO moderado. 

Caso você consuma o mesmo volume de gin que de cerveja (o que normalmente é bem difícil devido ao volume de álcool), o gin acaba sendo bem mais calórico. Porém, na prática, é comum que as pessoas consumam 5~10 longnecks sem muito sofrimento, o que representaria 750 a 1500kcal. 

Mas, no gin tendem a consumir entre 1 e 3 doses de 150mL, o que representaria 150 a 450kcal.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Suplementar vitamina C, preciso ?

A suplementação de vitamina C efervescente, sem orientação profissional, é algo extremamente comum entre os novos pacientes no consultório. E as justificativas mais frequentes para esse uso são: melhora da imunidade, pele, cabelo e unhas, acelerar a recuperação de gripes e resfriados, dentre outros.

Mas, será que é mesmo necessário suplementar vitamina C?

Para pessoas saudáveis, NORMALMENTE, a resposta é: NÃO!

Alcançar as recomendações diárias de vitamina C é algo MUITO fácil, basta ingerir entre 2-3 frutas por dia e adicionar um limãozinho na salada ingerida nas grandes refeições. Com esse simples hábito seu corpo terá vitamina C disponível para realizar todas as reações essenciais do organismo em que esse nutriente participa (lembrando que em pessoas saudáveis).

Além disso, caso o paciente exagere na ingestão de vitamina C através da suplementação, poderá haver uma alteração no metabolismo do oxalato de cálcio com consequente acúmulo nos rins, resultando em pedras (litíase renal - pedra nos rins). 

E mesmo que haja algum benefício com a suplementação em alguns casos, é preciso orientação profissional nas doses, já que há limites máximos que nosso corpo absorve de vitamina C por vez. Doses acima de 300mg não são absorvidas geralmente. 

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Novo instagram: @nutrologojoinville

Criei um novo instagram. Sigam lá para acompanhar as postagens @nutrologojoinville 

E esse ano tirei férias de forma diferente do habitual. Metade de Agosto dei aula no curso que criei (Nutrologia para acadêmicos de Medicina) e a outra metade vim para Santa Catarina (mais precisamente para a Guarda do Embaú - SC) escrever meu novo site: Nutrólogo Joinville.

Assim como o site Nutrólogo Goiânia, preparei um roteiro com mais de 50 temas para escrever e desde a semana passada estou na beira mar buscando inspiração para dissertar sobre diversos temas. Ao todo quero colocar cerca de 150 textos no site.

Missão: ter o site mais completo de Nutrologia de toda a internet, já que o que mais temos por aí são fake news em saúde. 

O resultado vocês podem ver clicando aqui: https://nutrologojoinville.com.br/
  1. Criei um espaço para contar minha história e explicar como vim parar em Santa Catarina. 
  2. Elaborei uma parte bem completa para explicar toda a história da Nutrologia mas também:
    1) o que é a Nutrologia,
    2) os âmbitos de atuação do Nutrólogo,
    3) o que compõem o rol de procedimentos em Nutrologia,
    4) o que não faz parte da Nutrologia,
    5) como deve ser uma consulta de um médico nutrólogo,
    6) diferença entre nutrólogo e nutricionista,
    7) diferença entre nutrólogo e endocrinologista e/ou médico do esporte,
    8) métodos diagnósticos em Nutrologia,
    9) como é um check up nutrológico
  3. Listei as doenças/situações que trato e as que não trato.
  4. Dissertei sobre como é a minha prática clínica, o que concordo ou não concordo e o porquê de não concordar.
  5. Informei sobre como o agendamento de consultas comigo e as principais dúvidas que os pacientes possuem antes de marcar uma consulta.
  6. Preparei uma lista com situações/doenças que a Nutrologia pode te auxiliar e ao longo de 2022 postarei um texto por semana, com as evidências científicas de como a Nutrologia pode auxiliar.
    1) Um mega texto sobre: Obesidade e sobrepeso, o nutrólogo pode me auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/sobrepeso-e-obesidade/
    2) Síndrome metabólica e Nutrologia, como o médico nutrólogo pode ajudar nesse caso: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-sindrome-metabolica/
    3) Tenho pressão alta, como o nutrólogo pode te auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-hipertensao-arterial-sistemica/
    4) Diabetes de Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-diabetes-mellitus/
    5) Diabetes gestacional e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-diabetes-gestacional/
    6) Colesterol alto e triglicérides alto x Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-dislipidemias/
    7) Deu gordura no fígado na ultrassom e agora? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/esteatose-hepatica-x-nutrologia/
    8) Gota e hiperuricemia a Nutrologia ajuda? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-acido-urico/
    9) Doença pulmonar obstrutiva crônica como o Nutrólogo pode ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-doenca-pulmonar/
    10) Nutrologia e Sarcopenia, como o nutrólogo pode te ajudar a recuperar os músculos? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-sarcopenia/
    11) Intolerâncias alimentares: lactose, frutose, rafinose, sacarose, histaminérgica - O nutrólogo pode ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/intolerancias-alimentares/
    12) Intestino irritável, o que a Nutrologia pode fazer por você ?
    13) Supercrescimento bacteriano e supercrescimento fúngico, o Nutrólogo pode atuar? 
    14) Doença de Crohn e Retocolite, o papel da nutroterapia nas doenças inflamatórias intestinais
    15) Candidíase de repetição e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/candidiase-de-repeticao-x-nutrologia/
    16) Vertigem e zumbido, como o Nutrólogo pode te auxiliar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-vertigem-zumbido/
    17) Alzheimer e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-alzheimer/
    18) Transtorno de déficit de atenção x Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-deficit-de-atencao/
    19) Fibromialgia aspectos nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-fibromialgia/
    20) Lúpus eritematoso sistêmico e nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-lupus/
    21) Tenho hipotireoidismo de Hashimoto, será que o Nutrólogo poderá me ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-hipotireoidismo/
    22) Deu osteoporose/osteopenia na densitometria, preciso passar por um Nutrólogo? https://nutrologojoinville.com.br/doencas-e-a-nutrologia/nutrologia-e-osteoporose/
    23) Hepatopatias e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/hepatopatias-x-nutrologia/
    24) Sou vegetariano/vegano preciso passar em consulta com um Nutrólogo? https://nutrologojoinville.com.br/vegetarianismo-x-nutrologia/
    25) Queda de cabelo e aspectos nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/queda-de-cabelo-x-nutrologia/
    26) Unhas quebradiças e outras alterações - Aspectos Nutrológicos: https://nutrologojoinville.com.br/unhas-quebradicas-x-nutrologia/
    27) Acne: como a Nutrologia pode te ajudar? https://nutrologojoinville.com.br/acne-x-nutrologia/
    28) Artrose e Nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/artrose-x-nutrologia/
    29) Anemias carenciais e nutrologia: https://nutrologojoinville.com.br/anemias-carenciais-x-nutrologia/
    30) Ansiedade, depressão, bipolaridades - Aspectos nutricionais: https://nutrologojoinville.com.br/ansiedade-depressao-bipolaridade-x-nutrologia/
    31) Gestação e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/gravidez-x-nutrologia/
    32) Lactação e a atuação do Nutrólogo: https://nutrologojoinville.com.br/lactacao-x-nutrologia/
  7. Linkei o meu blog no site.
  8. Elaborei uma lista com os profissionais que indico em Joinville.
  9. Enumerei meus cursos/e-books/sites e contatos.
  10. BiblioNutro: Uma verdadeira biblioteca de Nutrologia: 
    1) Água
    2) Macronutrientes: carboidratos, lipídios e proteínas
    3) Fibras
    4) Probióticos e prebióticos
    5) Vitaminas lipossúveis
    6) Vitaminas Hidrossolúveis
    7) Minerais
    8) Suplementos: Whey, Creatina, Cafeína, Bicarbonato, Glutamina, Hipercalóricos
    9) Fitoterápicos

Espero que gostem e como de costume enviem mensagem/e-mail/direct dando sugestão de temas. Aproveitem que o mar aqui da Guarda do Embaú está me inspirando, mesmo com todo esse frio do inverno catarinense.

Guarda do Embaú - SC

Guarda do Embaú - SC

O agendamento de consultas pode ser feito clicando aqui.
Att

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo Joinville - CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 



domingo, 18 de setembro de 2022

Pastéis de carne (Airfryer)


1 grama de gordura fornece 9 calorias. Ou seja, é por isso que alimentos feitos em imersão no óleo são bem mais calóricos que as versões assadas ou na airfryer. 

Antes que venham me criticar pelo uso de Airfryer, ainda não temos estudos robustos mostrando malefício do uso do aparelho. Os alimentos são preparados, como o próprio nome do aparelho diz, por uma circulação muito quente de ar, a circulação e a alta temperatura do ar permitem que o alimento cozinhe muito rapidamente. Os alimentos são cozidos ao extremo, por isso mudam de cor, formam uma crosta seca e ficam crocantes.

Qual o problema da airfryer então ? Postula-se que seja decorrente da formação de AGEs. Na verdade, independente se for na AirFryer ou no forno, os alimentos sofrem um grande processo de glicação, formando produtos tóxicos como AGEs (Advanced Glycation End- Products) e acrilamina, que são substâncias relacionadas ao desenvolvimento de doenças como as cardiovasculares, renais, diabetes, câncer. Mas há formas de se reduzir os AGEs, como acrescentar após a preparação, alimentos ricos em antioxidantes, como frutas cítricas, oleaginosas, vegetais, especiarias, temperos.

E os pasteis feitos na airfryer por não levarem óleo, são bem menos calóricos que a versão frita. 

É importante salientar, que toda vez que fazemos alguma receita na Airfryer é natural compararmos o resultado com o método tradicional de fritura por imersão em óleo. O fato é que dá pra deixar as preparações mais saudáveis sem abrir mão do sabor e eu vou te contar alguns segredos.
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Receita:
✔️Para o recheio usei o que já tinha pronto em casa, carne moída refogada com alho e cebola e molho de tomate;
✔️Para os pasteis ficarem sequinhos é preciso usar a massa de tamanho pequeno, assim inflam mais facilmente;
✔️Coloco um pouquinho de recheio e um pedaço pequeno de queijo fresco no centro da massa;
✔️Passo um pouco de água em toda borda da massa e viro formando uma meia lua:
✔️Aperto com um garfo para fechar bem;
✔️Pincelo azeite sobre a massa e levo para Airfryer por aproximadamente 08 minutos ou até ficarem dourados (viro eles na metade do tempo);
✔️Além do tamanho da massa, outra dica importante é colocar os pasteis de pouco a pouco na Airfryer (no máximo 05 unidades).
✔️Dá para variar o recheio colocando frango refogado desfiado, só queijo, tomate, lagarto desfiado...

Existe dieta anti-inflamatória ?


Quase que diariamente recebo pacientes encaminhados por outros colegas, para que eu ou meus nutricionistas prescrevam um dieta anti-inflamatória. Percebam que até médicos acham que existe essa dieta, quem dirá os leigos. Para piorar, vários profissionais da área da saúde propagam por aí a existência desse tipo de dieta. Mas afinal, existe ou não uma dieta anti-inflamatória? A dieta pode ser um antídoto para um processo inflamatório? É correto profissionais venderem essa ilusão? Esse post foi inspirado na postagem de um colega nutricionista (Felipe Almeida).

Vem comigo que desvendaremos este mistério.

Mas antes de explicar, sugiro que você me siga no instagram: @drfredericolobo para mais informações de qualidade em Nutrologia e Medicina. Lá, posto principalmente nos stories, informação de qualidade e no feed, junto com meus afilhados postamos sobre vários temas.

Primeiramente, o que vem a ser inflamação ?

A inflamação é uma resposta à infecção ou lesão de algum tecido (presente em órgãos) que ocorre para erradicar microrganismos ou agentes irritantes e para potenciar a reparação tecidual. 

Quando ativada de forma excessiva ou persistente, a inflamação pode causar o comprometimento de órgãos e sistemas, levando à descompensação, disfunção orgânica e morte. 

Atualmente, é reconhecido que a inflamação está implicada em diversas doenças, infecciosas ou não, destacando doenças causadas por protozoários e bactérias, a obesidade, a osteoartrose, doenças do sistema cardiovascular, neuropatias, doenças pulmonares, esclerose múltipla, cânceres e várias outras doenças.

Quem participa da inflamação ?

Aqui faço uma analogia com as forças armadas. No Brasil temos 3 forças armadas:
  • Marinha: que defende mares e rios
  • Exército: que defende a parte terrestre
  • Aeronáutica: que defende o nosso espaço aéreo.
Se temos algum agente agressor, que pode burlar a nossa segurança, as forças armadas entram em ação com seus integrantes. A mesma coisa é nosso sistema imunológico. Temos vários tipos de leucócitos (células brancas = exército): granulócitos: neutrófilos, eosinófilos, basófilos. E temos os agranulócitos mononucleares: linfócitos e monócitos. Temos ainda plaquetas e uma infinidade de substâncias que amplificam a inflamação, que são as citocinas inflamatórias (mediadores químicos = armas das forças armadas).

Esse agente agressor pode desencadear uma guerra curta (inflamação aguda), mas a guerra também pode durar anos (inflamação crônica)


Se a guerra for curta, geralmente ela gera menos estragos, mas se ela persiste por vários anos, os prejuízos são maiores. E percebam que o prejuízo ocorre em decorrência da guerra. Ou seja, os próprios guerrilheiros (nossas células de defesa) produzem substâncias mortais e que amplificam essa resposta inflamatória. Por exemplo, se o exército não está dando conta, ele manda sinais para chamar a Marinha pra ajudar. Se exército e marinha não dão conta, chamam a aeronáutica.

No vídeo abaixo o Dr. Drauzio Varella explica de forma didática a inflamação e a dieta.


E onde entra os anti-inflamatórios? Quem são os anti-inflamatórios? Por que precisamos de anti-inflamatórios?

Bem, como já dito, toda guerra tem repercussões e nosso corpo vive uma dualidade. Precisamos da inflamação para vencer o agente agressor. Mas também precisamos de substâncias que minimizem os estragos deixados pela guerra (inflamação). 

É aqui que entraria a dieta anti-inflamatória. Além disso, a guerra produz radicais livres (estresse oxidativo) e precisamos de substâncias que reduzam esse estresse, aqui entraria os alimentos ricos em antioxidantes ou uma dieta antioxidante.

Os anti-inflamatórios podem ser uma medicação: corticóide, anti-inflamatórios não-esteroidais. Mas vários alimentos possuem substâncias que agem nas células inflamatórias ou diminuindo as proteínas inflamatórias (citocinas). Outros alimentos possuem substâncias com ação não só anti-inflamatória mas também antioxidantes, ou seja, minimizando o estresse oxidativo.

Mas é preciso deixar claro, que cada substância com ação anti-inflamatória terá uma seletividade para um grupo de citocinas inflamatórias (mediadores inflamatórios) ou marcadores inflamatórios. Ou ainda, cada antioxidante, terá uma seletividade para um tipo de radical livre. 

E como saberemos se o corpo está com inflamação e precisa de substâncias anti-inflamatórias? Não existe uma única substância que mostra isso, mas sim uma combinação de várias.
 
Os marcadores inflamatórios são proteínas de baixo peso molecular com funções metabólicas  endócrinas, que participam  dos mecanismos de inflamação e da resposta imunológica do organismo para garantir a homeostase. Estes podem ser divididos em: citocinas pró e anti-inflamatórias; adipocinas; quimiocinas; marcadores de inflamação derivados de hepatócitos; marcadores de consequência da inflamação e enzimas. Por exemplo, temos algumas marcadores inflamatórios: 
  • Fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), 
  • Interleucina-6 (IL-6,) 
  • Proteína-C reativa (PCR), 
  • Interleucina 1-beta (IL-1-b), 
  • Fator nuclear kappa B (NF-κB),
  • Ferritina,
  • Velocidade de hemossedimentação (VHS),
  • Mucoproteínas,
  • Fibrinogênio,
  • inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1 (PAI-1)
  • Interleucina 8 (IL-8)
E como a gente quantifica? Alguns a gente consegue dosar comumente em laboratórios, mas mesmo na vigência de um processo inflamatório algumas dessas substâncias podem estar normais. Entendem a complexidade? Outros só se solicitam em pesquisas. Além disso há uma infinidade de marcadores inflamatórios, citei apenas alguns.

Alguns trabalhos objetivam avaliar o consumo de alimentos interferindo em marcadores inflamatórios. Por exemplo, tem trabalho mostrando que alguns tipos de peixes aumentam substâncias pró-inflamatórias, ou seja, aumentam a inflamação. Ao passo que o consumo de pizza e de cerveja diminui a quantidade desses marcadores. E isso quem está falando não sou eu, é o trabalho. Foi um achado do estudo. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4958288/


Já outros trabalhos mostram que alguns compostos bioativos podem in vitro ter ação sobre a resposta inflamatória, diminuindo mediadores químicos (marcadores inflamatórios).


Outros trabalhos analisam a ação de compostos bioativos na melhora de sintomas em doenças (ex. curcumina na osteoartrose promovendo redução da dor). Enquanto outros trabalhos mostram uma ação anti-inflamatória de determinados polifenóis, reduzindo os marcadores inflamatórios em determinados pacientes. 

Sendo assim, a primeira coisa que devemos fazer como médico ou nutricionista é avaliar essa inflamação. 
  • Quais substâncias estão aumentadas? Dá para quantificar isso em exames laboratoriais?
  • Qual a intensidade desse aumento? É uma inflamação significativa ou uma inflamação crônica de baixo grau?
  • O que pode ser o agente agressor que está levando ao aumento destes marcadores? 
  • O agente agressor é algum alimento (no caso de alergias ou intolerâncias alimentares) ou é alguma disfunção no corpo (exemplo diabetes, obesidade, artrose, doença ateromatosa)? 
  • Dá para confiar que esse aumento é decorrente dos fatores identificados ou há outros interferentes?
  • Todos esses marcadores tem o mesmo peso ou alguns são mais importantes?
  • Qual o custo dessas dosagens? O Custo x benefício da dosagem? Quantificar o grau da inflamação mudará o desfecho?
  • Terei o mesmo benefício em todas as doenças ao diminuir esses marcadores, ou algumas doenças se diminuo 10% de uma PCR será a mesma coisa que diminuir 10% de TNF-alfa em outra doença?
  • A diminuição desses marcadores inflamatórios, citocinas e células inflamatórias vão realmente significar que o paciente melhorou a saúde?
  • Nosso metabolismo se reduz a substâncias inflamatórias e anti-inflamatórias?
  • Qual impacto da mudança no estilo de vida sobre os marcadores inflamatórios? Quem garante que a diminuição do marcador foi oriunda do uso de um composto bioativo e não da mudança do estilo de vida?
  • Estamos olhando a dosagem de substâncias no plasma, mas a inflamação pode estar acontecendo dentro da célula. Como quantificar isso?
  • Se for comprovado que um composto bioativo reduz um marcador inflamatório em ensaios clínicos, qual a dose a ser utilizada? 
  • E se quisermos utilizarmos alimentos in natura ao invés de suplementos sintéticos, qual a equivalência? 
  • Existirá superioridade de um alimento in natura (rico em um composto com "potencial anti-inflamatório" quando comparado à versão sintética (suplemento)?
Sendo assim, a função desse texto é mostrar que:
  • Não existe uma dieta anti-inflamatória bem estabelecida AINDA, pois, não há consenso científico sobre quais alimentos são realmente anti-inflamatórios e em quais marcadores inflamatórios eles agirão. A maioria dos estudos são in vitro. Obviamente temos trabalhos em humanos, como por exemplo as ações da curcumina e de outros polifenóis. Isso não quer dizer que uma alimentação rica em compostos bioativos com potencial anti-inflamatório não tenha aplicabilidade. O que quero deixar claro é que à luz da ciência atual, AINDA não se pode denominar uma dieta de anti-inflamatória. Motivo? Não existe consenso na literatura. Hoje a nutrição e a nutrologia consegue definir uma dieta low carb, uma dieta cetogênica, uma dieta high carb, dieta mediterrânea, dieta DASH, dieta low fodmap. E para a dieta anti-inflamatória? Qual o conceito? Dieta mediterrânea tem potencial antiinflamatório, dieta nórdica também, dieta de Okinawa também apresenta esse potencial. São dietas diferentes na sua composição, porém parecidas quando se trata do que não consumir. Ou seja, alimentos ricos em gordura saturada,carboidrato refinado, baixa ingestão de fibras. 
  • Há quem argumente que é uma "dieta composta por alimentos saudáveis". Mas o que são alimentos saudáveis? Quais são eles? Qual a quantidade deles? Toda dieta nutricionalmente equilibrada obrigatoriamente deveria ter esse tipo de alimento. Outros dirão que é uma dieta constituída por "alimentos que desinflamam". Desinflamam o que? Reduz quais marcadores? Por ação de quais compostos bioativos? Qual a quantidade mínima esses compostos para "desinflamar". Como quantificar que esse "desinflamar" veio da dieta e não da mudança de estilo de vida? Já outros falarão que é uma "dieta rica em curcumina, ômega 3 e outros compostos fenólicos". Mais uma vez, quanto de cada? Qual o desfecho disso? Terei menos risco ou melhor prognóstico com o acréscimo dessas substâncias? 
  • É importante pensar na importância de cada um desses marcadores, quais alimentos tem ação direta sobre eles e como eles se inter-relacionam com diversas doenças. Ou seja, é importante desvendarmos a fisiopatologia das doenças. 
  • As evidências de que incluir própolis, curcumina na dieta são baixíssimas. Há situações (ensaios clínicos) que mostram por exemplo melhora da dor em pacientes com artrose e que utilizam curcumina por um um período curto. Dá para utilizar? Sim, mas o efeito se perde. Então ortopedistas e reumatologistas trocam (rotacionam) por outras substâncias como colágeno UC-II, Harpagophytum procumbens entre outros. Já o própolis há poucos trabalhos na literatura mostrando capacidade de atuar como antiinflamatório. O Melhor trabalho que vi nos últimos tempos foi um publicado por nefrologistas mostrando a redução da albuminúria em pacientes diabéticos com doença renal. Qual a necessidade de acrescentar algo com potencial irritante gástrico na dieta de um paciente, logo no café da manhã? Tem evidência? Não vejo na literatura.  Ou seja, não sabemos a repercussão disso nos desfechos. Suplementar esses dois compostos bioativos seria a solução? Há trabalhos favoráveis e outros não. 
  • Na maioria das vezes uma dieta não é um antídoto para uma inflamação. Exceto em situação em que o agende agressor é um alimento (ex. doença celíaca, alergias específicas, intolerância histaminérgica, dieta low fodmap). Para redução dessa inflamação existe todo um arsenal terapêutico e que não necessariamente engloba somente a alimentação. 
Muitas vezes o paciente começa um tratamento, adota uma série de novos hábitos alimentares, passa a praticar atividade física, reduz a gordura visceral, passa a dormir melhor, tem maior ingestão de água, reduz exposição a toxinas (tabaco, álcool, drogas, poluição). E aí o nutricionista ou nutrólogo cai na cilada de acreditar que a redução de marcadores inflamatórios foi devido ao uso de algum suplementos ou inclusão de alimentos com "potencial" anti-inflamatório. Quando na verdade as mudanças por si só já promoveriam essa redução da inflamação. A própria perda de peso já favorece isso.

Dica prática para profissionais: médicos e nutricionistas:
  • Estudem antes de tudo a fisiopatologia das doenças e lembre que não é porque in vitro um fitoquímico reduziu algum marcador inflamatório, que nos ensaios clínicos isso ocorrerá.
  • Estudem imunologia antes de saírem por aí propagando mentiras. 
  • Estudem os nutrientes: macro, micro, fibras e alimentos funcionais. Pode ser que no futuro surjam mais evidências das ações "medicamentosas ou anti-inflamatórias" de uma série de substâncias e precisamos estar antenados com isso. Como por exemplo, a  excreção urinária de polifenóis tem despertado interesse como um biomarcador da ingestão de uma dieta com potencial ação anti-inflamatória. Estudos mostram que fatores de risco como tabagismo, consumo excessivo de álcool, estilo de vida sedentário e uma dieta não saudável podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares e processos inflamatórios. No entanto, adotar uma alimentação saudável, rica em polifenóis encontrados em alimentos à base de plantas, pode contribuir para a prevenção dessas doenças. Nesse contexto, o Índice Inflamatório da Dieta (IID) foi proposto como uma forma de avaliar o potencial inflamatório da alimentação, classificando alimentos e nutrientes como pró ou anti-inflamatórios.

Este estudo buscou analisar a relação entre as concentrações de polifenóis excretados na urina e as mudanças no escore do IID, com a hipótese de que o potencial inflamatório da dieta está inversamente relacionado às concentrações de polifenóis. Acontece que existem inúmeros compostos bioativos com "potencial ação" anti-inflamatória in vitro e que não são polifenóis.

Investigou-se a associação entre as concentrações de polifenóis na urina e as mudanças na Síndrome Metabólica, sugerindo uma possível melhoria dessa condição com o aumento da ingestão de polifenóis. Porém, existe o viés de uma dieta com menos ultraprocessados, mais rica em alimentos in natura ou minimamente processados, maior ingestão de fibras, alterações na microbiota, além de perda de peso que obviamente promoverá melhora dos parâmetros relacionados à síndrome metabólica.

Avaliando os efeitos da Dieta Mediterrânea na prevenção primária de doenças cardiovasculares.

O estudo PREDIMED, foi realizado em forma de ensaio clínico randomizado, multicêntrico, controlado e em grupo, na Espanha, de 2003 a 2010, com o objetivo de avaliar os efeitos da Dieta Mediterrânea na prevenção primária de doenças cardiovasculares (DCVs).

A população do estudo incluiu 7.447 homens e mulheres, com fatores de risco para DCVs, como diabetes tipo 2, tabagismo, hipertensão, colesterol de lipoproteína de baixa densidade alto, colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL) baixo, sobrepeso ou obesidade e história familiar de DCV prematura.

O acompanhamento foi realizado por 5 anos, e os participantes foram avaliados por excreção total de polifenóis, questionário de frequência alimentar (QFA), medidas antropométricas e exames de pressão arterial, glicose e perfil lipídico.
  • Avaliação dietética: QFA semiquantitativo e um questionário sobre adesão à dieta tradicional do Mediterrâneo e ingestão de energia e nutrientes (estimada por tabelas de composição de alimentos espanholas).
  • Avaliação do estilo de vida: questionário geral sobre estilo de vida, educação, histórico de doenças e uso de medicamentos e atividade física (avaliada por Questionário de Atividade Física de Lazer do Minnesota).
  • Avaliação antropométrica e clínica: peso, altura, IMC, pressão arterial sistólica e diastólica, amostras biológicas de plasma e urina (coletadas no início do estudo após um jejum de 12 horas), glicose no sangue, colesterol total, triglicerídeos e colesterol HDL.
  • Avaliação da excreção total de polifenóis: amostras de urina espontânea. A excreção total de polifenóis foi determinada utilizando o método de Folin-Ciocalteu com uma extração em fase sólida, removendo interferências urinárias (a PTE é expressa em mg de equivalente de ácido gálico – EAG – por grama de creatinina).
Índice Inflamatório da Dieta (IID)

O Índice Inflamatório da Dieta (IID) foi desenvolvido com base em dados da literatura sobre o efeito de 45 parâmetros dietéticos em 6 biomarcadores de inflamação, onde cada parâmetro recebeu uma pontuação de acordo com seu efeito: 
  • pró-inflamatório (+1), anti-inflamatório (1) ou nulo (0) nos biomarcadores.
A ingestão diária média global de cada parâmetro foi estimada a partir de um banco de dados, e a ingestão individual foi comparada com essa média para calcular um escore z. Os escores, por sua vez, foram centralizados e multiplicados pelo efeito inflamatório geral do alimento.

As variáveis dietéticas avaliadas incluíram energia total, macronutrientes, ácidos graxos, vitaminas, minerais e outros componentes alimentares.

Síndrome Metabólica (SM)

Participantes que preenchiam 3 ou mais dos seguintes critérios receberam o diagnóstico de SM:

  • Circunferência da cintura aumentada: Homens = >102cm | Mulheres = >88cm.
  • Concentrações elevadas de triglicerídeos: >150mg/dL | Tratamento medicamentoso para triglicerídeos elevados.
  • Baixo colesterol HDL: Homens = <40mg/dL | Mulheres = <50mg/dL.
  • Pressão arterial alta: Sistólica = >130mmHg | Diastólica = >85mmHg | Tratamento medicamentoso anti-hipertensivo.
  • Concentrações elevadas de glicose em jejum: >100mg/dL | Tratamento medicamentoso para glicose elevada.
Características gerais dos participantes

Dados demográficos e de saúde foram coletados para a realização do estudo. As principais condições de saúde observadas foram hipertensão e hipercolesterolemia, com tratamentos medicamentosos.

Além disso, cerca de 20% dos participantes eram fumantes, e observou-se uma maior prevalência de prática de atividade física em homens.

Em relação às concentrações de polifenóis na urina, foi constatado que as mulheres apresentaram uma excreção maior (média de 18,3mg EAG/g de creatinina), enquanto os homens apresentaram uma média de 5,7mg EAG/g de creatinina. As mudanças na excreção de polifenóis (PTE) foram semelhantes para homens e mulheres, com média de 7,9mg EAG/g de creatinina para mulheres e 7,7mg EAG/g de creatinina para homens.

Mudanças na ingestão dietética – Após 5 anos

Os resultados do estudo mostraram que na dieta menos inflamatória houve uma menor ingestão de proteínas, especialmente entre as mulheres e um maior consumo de gordura poli-insaturada, incluindo azeite extra virgem, vegetais, frutas, nozes e peixes.

As variáveis dietéticas analisadas diferiram significativamente tanto no início do estudo quanto após 5 anos de acompanhamento, embora não tenham sido encontradas diferenças significativas nas variáveis relacionadas a ácidos graxos monoinsaturados (MUFAs), consumo de álcool e chá entre os participantes.

Principais achados
  • Mulheres: aumento no potencial inflamatório da dieta inversamente associado às mudanças na PTE urinária; dietas mais inflamatórias apresentaram uma PTE menor em comparação com as menos inflamatórias, e a relação foi linear.
  • Homens: nenhuma relação significativa observada entre os grupos de mudança no escore IID e as mudanças na PTE urinária quando comparados os níveis de inflamação nas dietas.
Após 5 anos: aumento na PTE inversamente associado à reversão da SM, em todos os participantes.
Dieta rica em polifenóis como estratégia benéfica na promoção da saúde cardiovascular e metabólica
O estudo revelou uma relação positiva entre a dieta anti-inflamatória e os níveis de polifenóis na urina em mulheres, além de constatar que altos níveis de polifenóis podem estar associados a uma melhora na Síndrome Metabólica em adultos mais velhos com risco de doenças cardiovasculares.

A Dieta Mediterrânea, utilizada no estudo, rica em cereais, vegetais, frutas, nozes e azeite de oliva extravirgem, é conhecida por seu potencial anti-inflamatório devido aos polifenóis presentes em seus alimentos. Os polifenóis têm a capacidade de inibir enzimas pró-inflamatórias e estimular enzimas antioxidantes, contribuindo para seus efeitos benéficos.

No estudo, foi observada uma correlação significativa entre a ingestão de polifenóis e os níveis excretados na urina, e embora homens e mulheres tenham mostrado tendências semelhantes nas mudanças dietéticas ao longo do tempo, apenas as mulheres apresentaram uma associação entre uma dieta anti-inflamatória e níveis de polifenóis urinários.

Os achados ainda mostram os múltiplos benefícios para a saúde associados aos polifenóis, como a redução do risco de desenvolvimento de Síndrome Metabólica e melhora do dismetabolismo pós-prandial.

Em conclusão, o uso do PTE urinário como biomarcador da ingestão de polifenóis mostrou-se preciso e objetivo, ou seja, PTE urinário pode ser um indicador do consumo de uma dieta anti-inflamatória.

Mas eu quero fazer uma dieta antiinflamatória, posso? Qual a melhor?

Sim, se mesmo após todos os argumentos acima, você deseja fazer uma dieta com ação antiinflamatória você tem algumas opções para discutir com o seu nutricionista:
  1. Dieta DASH
  2. Dieta Mediterrânea
  3. Dieta Nórdica
  4. Dieta de Okinawa
Qualquer uma dessas dietas terão alimentos integrais, gorduras com ação mais antiinflamatória, ricas em vegetais. 

Fonte: Riveros, C. A.; Lopez, I. D.; Rimbau, A. T.; et al. Total urinary polyphenol excretion: a biomarker of an anti-inflammatory diet and metabolic syndrome status. The American Journal of Clinical Nutrition, vol. 117, Issue 4, 2023.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416

Cozinha, o coração da casa.

Quem é Carol Morais? 

É minha ex-sócia, amiga, confidente. Alguém que por 2 anos confiei os meus pacientes. Nos conhecemos via twitter em 2009 e rapidamente dividimos o mesmo consultório. Eu fazia a parte médica (nutrológica) e ela a parte nutricional. 

O que me espantava (e aos pacientes também) era a sagacidade e poder de transformar processos dolorosos em experiências saborosas. Não a toa, ganhou a fama de melhor nutricionista de Goiânia na época. Um misto de conhecimento nutricional atrelado à capacidade de ensinar um paciente a se permitir degustar novos sabores. Esse era o seu grande diferencial. 

Na mão da Carol, um café da manhã se tornava uma experiência gastronômica. Descoberta de alimentos, sabores, aromas, texturas. Pronto, um processo de reeducação alimentar deixava de ser monótono para se transformar em uma rotina de autocuidado, auto-amor. Então hoje, apesar da relutância inicial, vejo que a troca do jaleco pelo avental fez muito sentido no cumprimento de um propósito. Por isso, indico de olhos fechados o curso. 

Link para o curso Juntar na cozinha: https://carolmoraiscozinha.com.br/

Este curso é para quem:
  • Não consegue ter uma rotina
  • Quer uma alimentação mais saudável
  • Tem dificuldade de criar cardápios
  • Tá cansada de comer sempre o mesmo

O que você irá aprender:
  • Juntas da Cozinha é um treinamento sobre os princípios básicos da cozinha. Foi desenvolvido para você que deseja estruturar uma rotina de alimentação saudável adaptada ao seu estilo de vida de forma leve e eficiente.
  • No curso você vai desenvolver as habilidades necessárias para você economizar tempo, economizar dinheiro e comer gostoso de forma saudável todos os dias.
  • ESSENCIAL – MENOS É MAIS NA COZINHA: Utensílios, equipamentos e dispensa. Aprenda o que você realmente precisa ou não ter para a sua cozinha funcionar: Aqui você vai ver quais utensílios, equipamentos e ingredientes são essenciais e também o que é mito e o que é verdade do que você já ouviu por aí sobre cozinha e nutrição.
  • CARDÁPIO – COMO CONSTRUIR UM CARDÁPIO INTELIGENTE, FUNCIONAL, ECONÔMICO, FELIZ E GOSTOSO: Chega de sofrer na hora de decidir o que cozinhar. Aprenda a criar o seu próprio cardápio de forma inteligente, levando em conta os seus gostos e as suas necessidades.
  • ROTINA E PLANEJAMENTO: Pare de só se alimentar bem quando tem tempo. Aprenda como se organizar na cozinha e fora dela para que uma alimentação gostosa e saudável faça parte do seu dia a dia.
  • MÃO NA MASSA: RECEITAS E DICAS: Huuuuum! Essa é a hora mais gostosa. Vou dividir com você algumas das minhas receitas favoritas e te dar dicas valiosas na hora de mexer as panelas.

sábado, 17 de setembro de 2022

Sorbet refrescante


O sorbet é uma sobremesa refrescante, sem açúcar, sem conservantes, sem produtos químicos, sem lácteos e muito fácil de fazer. Basta bater a fruta congelada, exigindo um pouco de paciência.

Receita:
✔️Para todos os sabores vc vai precisar de banana. É ela que garante essa textura de sorvete;
✔️Corte a banana (pode ser qualquer uma) em rodelas e congele; Uma dica bacana é congelar os pedaços de banana separados em uma forma para que não grudem uns nos outros e facilite hora de bater.
✔️Faça o mesmo com as outras frutas (usei morangos, manga e amora). Você também pode usar polpa de açaí, maracujá, cajá manga, caqui, abacaxi, framboesa...
✔️Retire as frutas do congelador e aguarde uns 5 minutinhos em temperatura ambiente para amolecer um pouco;
✔️Coloque as rodelas de banana e as frutas de sua preferência e bata com ajuda de um mixer ou processador;
✔️Não tem uma proporção exata, depende de cada fruta. Utilizo uma banana para 5 morangos. Uma banana para duas fatias de manga...;
✔️Se ficar muito duro, é melhor esperar amolecer mais a fruta que colocar água;
✔️Assim que ficar homogêneo está pronto, consuma em seguida ou deixe no congelador. Ideal consumir no mesmo dia. Não precisa adoçar, quanto mais doce a fruta, melhor o resultado.

O que não é especialidade médica de acordo com o Conselho Federal de Medicina

Quase que diariamente alguém me pergunta sobre algumas "novas" especialidades médicas, tais como antiaging, age management, modulador hormonal, medicina antienvelhecimento, medicina funcional, medicina integrativa, medicina ortomolecular. A resposta é sempre a mesma: Isso não é especialidade médica, muito menos área de atuação. 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) não reconhece nada disso como especialidade médica e inclusive a divulgação disso como especialidade médica consiste em infração ética, podendo o médico ser punido por isso, conforme a Resolução do CFM Nº 1.974/2011: Art. 3º É vedado ao médico:

a)  Anunciar, quando não especialista, que trata de sistemas orgânicos, órgãos ou doenças específicas, por induzir a confusão com divulgação de especialidade;

l) Fica expressamente vetado o anúncio de pós-graduação realizada para a capacitação pedagógica em especialidades médicas e suas áreas de atuação, mesmo que em instituições oficiais ou por estas credenciadas, exceto quando estiver relacionado à especialidade e área de atuação registrada no Conselho de Medicina.

Para saber se o médico é ou não especialista numa área basta entrar no seguinte link e digitar o nome do médico: https://portal.cfm.org.br/busca-medicos/

Se ele não possui possui registro no conselho federal de medicina, ele NÃO é especialista. Pode ter feito mil pós-graduações mas ele NÃO é especialista.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Pele in forma - Ciência na prática

 

Divulgando o curso do meu amigo Dr. Felipe Savioli. 
https://peleinforma.com.br/

Medicina esportiva e prática dermatológica: efeitos dos suplementos na pele

Para quem é o evento?
  • Para dermatologistas que não sabem tão bem como lidar com a procedência do uso de suplementos esportivos por parte do paciente – e desejam aprimorar seus diagnósticos;
  • Para nutrólogos ou médicos do esporte que querem dominar essa área tão pouco discutida entre os profissionais do meio, tornando-se atuantes diferenciados e mais completos.
Quem é Dr.ª Tatiana Gabbi?
Tatiana Gabbi é médica dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e chefe do ambulatório de Doenças das Unhas do HCFMUSP. É pós-graduada em Nutrologia pela Abran e formada em Medicina pela Universidade de São Paulo. Fez residência médica em Dermatologia no HCFMUSP. É também médica assistente do departamento de Dermatologia do HCFMUSP.

Quem é Dr. Fellipe Savioli?
Fellipe Savioli é nutrólogo e especialista em medicina esportiva, ortopedia e traumatologia – com subespecialidade em joelho. Possui grande experiência no manejo de perda de peso e na prescrição de dietas e suplementação nos diferentes esportes. Oferece um planejamento individualizado, com diferentes estratégias para o avanço contínuo do processo de mudança física do paciente. É professor de pós-graduação, lecionando nutrologia no Hospital Albert Einstein, também nutrologia no IPEMED e medicina do esporte na Univ. Phorte.

15 de Setembro - Dia do Nutrólogo




Parabéns a todos os Nutrólogos de verdade.

A todos os Nutrólogos éticos, transparentes com seus pacientes e que exercem a Medicina de forma digna e responsável.

A todos os Nutrólogos que não enxergam paciente como troféu e nem o expõem em redes sociais. Afinal, todo médico está cansado de saber que isso é infração ética. 

A todos os Nutrólogos que enxergam o paciente em sua totalidade mas nem por isso invadem outras especialidades. Querendo ser Endocrinologista, Ginecologista ou Urologista.

A todos os Nutrólogos que mesmo diante de uma campanha difamatória por parte de alguns profissionais da área da saúde lutam pela moralização da Nutrologia e buscam a cada dia mostrar a importância da especialidade.

Parabéns a todos que honram o título ou residência e vestem a camisa da especialidade. 

A todos que se orgulham de praticar essa especialidade linda.

Autor: Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915 / CRM-SC 32.949 | RQE 22.416 

terça-feira, 13 de setembro de 2022

O que é o movimento Nutrologia Brasil ?


Criação do movimento Nutrologia Brasil (MNB) e nossos ideais

Fundado em 24/10/2014 pelo médico Nutrólogo Dr. Frederico Lobo, inicialmente era apenas um grupo de whatsApp que visava reunir alunos do Curso Nacional de Nutrologia (CNNUTRO) da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Com o passar dos anos o movimento vem crescendo e reunindo cada vez mais médicos com ideais parecidos:
  • Luta árdua e intensa pela moralização da especialidade, pois,  infelizmente nos deparamos com o preconceito que os demais médicos possuem com relação à Nutrologia;
  • Esclarecimento sobre práticas não reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela ABRAN, práticas estas que muitos médicos utilizam e induzem os pacientes a acreditarem que fazem parte da Nutrologia;
  • Divulgação da especialidade para profissionais da área da saúde e para leigos, com a finalidade de esclarecer o que é a real Nutrologia ensinada pela ABRAN;
  • Educação continuada através de aulas online, ministradas pelos próprios membros do movimento, a fim de trocar experiência clínica;
  • Necessidade de levar aos acadêmicos de Medicina a verdadeira Nutrologia, visto que a maioria das faculdades ainda não possuem o ensino da Nutrologia na grade;
  • Auxílio mútuo entre os membros, com o objetivo de fortalecer a especialidade;
  • Suporte às ligas acadêmicas de Nutrologia de todo o território Nacional.
Composição

No momento o movimento conta com 192 profissionais médicos, a maioria médicos titulados em Nutrologia, coordenadores de residências de Nutrologia, pós-graduações, professores e speakers, além de residentes de Nutrologia. 

Frentes de atuação

Contamos com 5 frentes de atuação:
  • Grupo Nutrologia Brasil (WhatsApp)
  • Grupo Nutrologia Brasil acad (WhatsApp)
  • Grupo NUTRO PDFs  (Telegram), para compartilhamento de artigos
  • Curso de Nutrologia para acadêmicos de Medicina - Online e com duração de 2 anos. 100% gratuito
  • Instagram: @nutrologiabrasil e @cursodenutrologia
  • Site: Movimento Nutrologia Brasil, no qual fazemos divulgação de eventos da área e listamos profissionais titulados que atuam em todo o território nacional.
O que defendemos

O que nós médicos do movimento Nutrologia Brasil defendemos:
1) O combate a práticas proibidas pelo Conselho Federal de Medicina: Exemplo Terapia antienvelhecimento, modulação hormonal;
2) A não prescrição de Dieta HCG para fins de emagrecimento, bem como de métodos sem validação científica. Entendemos que a obesidade deve ser tratada com respeito;
3) A não aprovação da prescrição de hormônios para fins estéticos ou para situações em que não há respaldo na literatura. O uso de hormônios deve ser feito somente quando há real déficit laboratorial;
4) A não prescrição de Implantes hormonais, assim como de soroterapia fora do contexto da terapia nutricional enteral e parenteral;
5) A não publicação de antes e depois de pacientes em redes sociais, já que na nossa visão o paciente não é troféu;
6) A solicitação racional e bem indicada de exames laboratoriais. Sem conchavos com laboratórios;
7) Manutenção dos princípios éticos e morais ensinados pelos pioneiros da Nutrologia no Brasil;
8) Que a responsável pela especialidade no Brasil é a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), é ela que nos representa e é a ela que levamos nossas demandas.

O que não endossamos

E considerando que, 

1) Segundo parecer recente da ABRAN: a prática de modulação hormonal não faz parte do rol de procedimentos Nutrológicos. http://abran.org.br/2018/03/04/posicionamento-sobre-a-modulacao-hormonal/
2) A própria ABRAN já se posicionou que algumas práticas não fazem parte do rol de procedimentos Nutrológicos: https://abran.org.br/2018/03/14/rol-de-procedimentos/
3) Segundo decisão recente do Tribunal Regional Federal 5: a justiça reconhece a resolução do Conselho Federal de Medicina que proíbe a Prática de Modulação hormonal: https://www.endocrino.org.br/terapias-hormonais-trf5-reconhece-resolucao-do-cfm/

Decidimos que:

1) Tais práticas não são endossadas pelo movimento Nutrologia Brasil e nem devem ser atreladas à prática nutrológica.

Filiação

Para o médico adentrar ao movimento Nutrologia Brasil ele deve:
1) Preferencialmente ser titulado ou ter feito residência de Nutrologia
2) Concordar com os ideais defendidos pelo movimento e não endossar as práticas que não concordamos
3) Ser indicado por no mínimo 5 profissionais que sejam membros do movimento.

Att

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo e presidente do Movimento Nutrologia Brasil
CRM-GO 13.192 | RQE 11.915
CRM-SC 32.949 | RQE 22.416