sábado, 28 de janeiro de 2023

Estudo identifica resíduos de agrotóxicos em papinhas infantis

Estudo conduzido por cientistas do Brasil e da Espanha rastreou a presença de 21 agrotóxicos (incluindo fungicidas, inseticidas e herbicidas) e quatro toxinas produzidas por fungos do gênero Aspergillus (aflatoxinas) em 50 amostras de alimentos industrializados para bebês comercializados em supermercados no Estado de São Paulo.

A boa notícia é que não foram encontradas nas amostras selecionadas as temidas aflatoxinas, que são tóxicas ao organismo humano e de animais e podem surgir em cereais, grãos e outros cultivos. A aflatoxina B1, por exemplo, é comprovadamente carcinogênica.

A pesquisa foi conduzida pela engenheira de alimentos Rafaela Prata, com apoio da Fapesp, e divulgada na revista Food Control.

Quanto aos agrotóxicos, o estudo revelou inicialmente a presença de sete dos 21 compostos rastreados. “Encontramos resíduos de pesticidas em 68% das amostras analisadas de alimentos infantis. No recorte por composição e sabor, 47% das papinhas com frutas apresentaram pelo menos um resíduo de agrotóxico, índice que foi de 85% para as comidas de bebês à base de carne e vegetais”, descreve a pesquisadora.

As concentrações dos agrotóxicos identificados ficaram abaixo dos limites máximos de resíduos estabelecidos pela legislação europeia desde 2006, que foi usada como padrão no estudo. De modo geral, na União Europeia, o limite é de 10 microgramas por quilo de alimento para diferentes agrotóxicos. Limites ainda mais baixos foram determinados para agrotóxicos específicos, como fipronil (4 microgramas por quilo). “Não existe, no Brasil, uma legislação própria para limitar a concentração de resíduos de agrotóxicos em alimentos infantis”, diz Prata. “O que existe são monografias sobre agrotóxicos no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa], que consultamos para ver em quais cultivos o uso de determinado produto é autorizado, bem como os limites máximos em alimentos, mas nada sobre as papinhas”, diz Prata.

Para a pesquisadora, falta uma regulamentação específica para esses produtos. “Os bebês são um grupo populacional sensível e vulnerável porque ingerem mais alimentos por quilograma de peso corporal do que os adultos e seus sistemas de desintoxicação e vias metabólicas não estão totalmente desenvolvidos. É importante conhecer a composição dos alimentos oferecidos a eles”, justifica a pesquisadora.

“Ainda que estejam dentro dos limites preconizados pela legislação europeia, o ideal é que essas substâncias não sejam encontradas em alimentos infantis”, afirma o pesquisador espanhol Roberto Romero-González. Referência internacional no estudo de contaminantes e supervisor deste projeto de pesquisa no exterior, González é um dos líderes do Laboratório de Química Analítica e Contaminantes do Research Centre for Mediterranean Intensive Agrosystems and Agri-Food Biotechnology (Ciaimbital), na Universidade de Almeria, na Espanha, onde foi realizada parte das análises das papinhas brasileiras, com financiamento da Fapesp.

Faltam estudos

A presença de pesticidas e de toxinas produzidas por fungos em alimentos infantis ainda é pouco estudada no Brasil, embora avance em países europeus. “Somos um dos maiores consumidores dessas substâncias do mundo. Precisamos investir nesse tipo de pesquisa”, defende Prata. “Até onde sabemos, foi a primeira análise feita com uma metodologia desenvolvida para identificar pesticidas de classes diferentes e micotoxinas em alimentos infantis à base de carnes e vegetais.”

Parte da investigação foi conduzida no Laboratório de Análises de Alimentos I da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob a coordenação da professora Helena Godoy, que estuda contaminantes em alimentos infantis e validação de métodos com apoio da Fapesp. Anteriormente, o país dispunha apenas de dados sobre a contaminação por agrotóxicos em papinhas feitas com frutas.

Logo depois dessa análise, o grupo submeteu as mesmas amostras a uma nova triagem para rastrear a presença de 2.424 contaminantes não abordados a princípio, entre eles outros pesticidas, hormônios, medicamentos veterinários e seus metabólitos (substâncias derivadas da metabolização desses compostos químicos pelo organismo humano).

“Encontramos mais dez agrotóxicos e um metabólito, demonstrando que o método que desenvolvemos é sensível e eficaz”, diz Prata. Ela se refere ao processo de inovação, com uso de novos materiais, para adaptar metodologias usadas para identificar um único composto à detecção simultânea de um conjunto de resíduos de agrotóxicos e micotoxinas. “Nós conseguimos desenvolver um método analítico multirresíduos confiável e validá-lo totalmente. Pode ser uma ferramenta útil para programas de vigilância de alimentos”, afirma.

Segundo a pesquisadora, o metabólito sulfóxido de aldicarbe foi encontrado em três sabores de papinhas: caldo de feijão, arroz e carne; legumes e carne; e abóbora, feijão preto e peito de frango. O teste não mediu a quantidade de resíduos.

O aldicarbe é um pesticida proibido no Brasil desde 2012. Por sua alta toxicidade, era usado ilegalmente como raticida (o popular “chumbinho”). Segundo o toxicologista Daniel Junqueira Dorta, professor de química forense na USP de Ribeirão Preto, trata-se de pesticida que se degrada rapidamente no solo, em cerca de duas ou três semanas. A presença de resíduos no alimento sugere, portanto, o uso irregular nas lavouras. Da mesma forma, o composto se degrada rapidamente no organismo e é eliminado.

“O efeito pior do aldicarbe é agudo, por concentração mais alta”, diz o toxicologista. “De todo modo, não deveria haver resíduo desse tipo de jeito nenhum”, diz o toxicologista. Para a professora Helenice de Souza Spinosa, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, que analisou a toxicidade do composto em cães e gatos, o achado é relevante e precisa ser mais bem investigado e detalhado. Ela lembra ainda que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além das próprias empresas, faz o monitoramento da presença de contaminantes nos alimentos por amostragem regularmente.

“Se você pensar que a criança vai se alimentar com pequena quantidade e nesse estudo nem está quantificado, ou seja, podem ser apenas traços, isso não vai causar intoxicação aguda. Mas o achado é importante: embora proibido, pode ser que estejam usando e não sabemos”, diz Spinosa.

Procurada pela reportagem, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) sugeriu, por meio de sua assessoria de imprensa, que a Agência Fapesp entrasse em contato com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins e Congêneres (Abiad). Em nota, a Abiad afirmou que as empresas a ela associadas seguem todas as normas e legislações nacionais vigentes e que têm restritas políticas para garantir a qualidade dos produtos aos consumidores.

“Os alimentos passam por diversos e rígidos processos de controle de vigilância sanitária, sendo aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e só então liberados para o consumo do público. A Abiad também reforça que nenhuma das empresas associadas foi informada por órgãos que regulamentam a qualidade dos produtos no Brasil sobre substâncias irregulares encontradas em alimentos infantis.”

Jejum intermitente funciona?



O jejum intermitente é uma daquelas estratégias que boa parte dos pacientes que já tentaram emagrecer por conta própria possui um histórico, mas que após avaliar de perto, quase sempre é feito de forma sem rotina, desregrada, nutricionalmente ruim e sem medidas para auxiliar na melhora do comportamento alimentar.

As promessas dos benefícios do jejum intermitente na saúde, que são encontradas na internet, são infinitas: afirmam um efeito antienvelhecimento (antiaging), aumento da autofagia (capacidade das células de se "reciclarem" e eliminarem componentes danificados), emagrecimento, melhora cognitiva, redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis e muito mais...

Mas, será que o jejum intermitente é mesmo tudo isso e possui todo esse potencial miraculoso para a saúde?

Bom, da forma que é amplamente divulgada por aí, com certeza não. E todos os efeitos possíveis relatados em artigos acerca do jejum acontecem também na vigência de um déficit calórico controlado (ou seja, talvez o efeito não seja do jejum, mas apenas da restrição calórica que pode ou não acontecer no jejum). Mas vamos lá: o jejum intermitente, se prescrito de forma correta, individualizada e sob orientação do nutricionista, pode SIM ser uma ótima estratégia e funcionar bem para algumas pessoas.

No entanto, fazer o jejum intermitente sem considerar as particularidades e os aspectos nutricionais do indivíduo, acreditando que trará resultados superiores do que outras estratégias que sejam NUTRICIONALMENTE EQUIVALENTES, é apenas uma MODA/MITO e pode ser um grande tiro no pé. Alguns trabalhos, por exemplo, já demonstraram que o jejum traz resultados semelhantes com relação ao processo de emagrecimento de estratégias mais tradicionais, desde que a ingestão de calorias e proteínas sejam iguais. 

Então, o que vai ditar a melhor estratégia a ser escolhida pelo nutricionista e paciente é a soma de todos os fatores que são observados durante a consulta (que se considera parâmetros bioquímicos, comportamentais, rotina, etc).

E na minha opinião: se o jejum não for melhorar a relação do paciente com a comida (o que não é comum entre pacientes que fazem o jejum por conta própria), não mudar suas escolhas alimentares, não agir na redução de calorias e não resultar em ADESÃO, NÃO existe o porquê de seguir essa estratégia. E mais, alguns trabalhos associam o hábito de pular o café da manhã (estratégia comum no jejum intermitente) ao maior risco de ganho de peso (claro que com muitas ressalvas).

Portanto, não fique mudando de estratégia por conta própria e agende um horário para iniciar uma estratégia individualizada.

Autor: Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Janeiro Branco

 

Tenho percebido nos últimos 12 anos um aumento absurdo no consultório de pacientes com diagnóstico de algum transtorno psiquiátrico. E muitos me perguntam se a Nutrologia/Nutrição poderiam auxiliar nesses casos. Sim, pode, mas sempre como adjuvante ao tratamento psicoterápico e psiquiátrico.

No meu site na parte Profissionais que indico tem uma lista de Psicólogos e Psiquiatras que indico de olhos fechados. Excelentes profissionais. Portanto se você está procurando auxílio profissional, dê uma olhada na lista. https://www.nutrologogoiania.com.br/profissionais-que-indico/

Por que eu estar repassando essa lista? Por conta do Janeiro Branco. A campanha Janeiro Branco consiste em uma campanha dedicada a convidar as pessoas a pensarem sobre suas vidas, o sentido e o propósito das suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas, suas emoções, seus pensamentos e sobre os seus comportamentos. Dedica-se também a colocar os temas da Saúde Mental em máxima evidência no mundo em nome da prevenção ao adoecimento emocional da humanidade.

A campanha também visa sensibilizar as mídias, as instituições sociais, públicas e privadas, e os poderes constituídos, públicos e privados, em relação à importância de projetos estratégicos, políticas públicas, recursos financeiros, espaços sociais e iniciativas socioculturais empenhadas(os) em valorizar e em atender as demandas individuais e coletivas , direta ou indiretamente, relacionadas aos universos da Saúde Mental.

#PorUmaCulturaDaSaúdeMental

Uma campanha dedicada a mostrar às pessoas – e à sociedade – que os seres humanos são seres de conteúdos psicológicos e subjetivos, que suas vidas, necessariamente, são estruturadas em torno de questões mentais, sentimentais, emocionais, relacionais e comportamentais, sendo, portanto, imperioso e necessário, que a subjetividade humana possua lugar de destaque em nossa cultura e em nossos cotidianos, sob pena de sermos vítimas de nós mesmos e de quem despreza as próprias necessidades psicológicas e as necessidades psicológicas alheias.

Uma Campanha pensada, planejada e projetada para a promoção de Saúde Emocional nas vidas de todos os indivíduos que compõe a humanidade, buscando estratégias políticas, sociais e culturais para que o adoecimento emocional seja prevenido, conhecido e combatido em todos os campos, esferas, dimensões e espaços em que o humano se faz presente.

Uma Campanha que está dando certo.

Uma Campanha que, por meio dela em todo o Brasil e em outros países, cidadãos, psicólogos e demais profissionais (da saúde ou não), estão se mobilizando para levar mensagens e reflexões aos indivíduos e às instituições às quais esses mesmos indivíduos encontram-se entrelaçados: “quem cuida da mente, cuida da vida”; “quem cuida das emoções, cuida da humanidade”; “quem cuida de si, já cuida do outro”; “sem psicoeducação não haverá solução”; “autoconhecimento: isso também tem a ver com a sua saúde mental”; “o que você não resolve em sua mente, o corpo transforma em doença”; “saúde mental pressupõe políticas públicas” e várias outras orientações, dicas e reflexões que têm o poder de chamar a atenção de todos para os cuidados consigo, com os outros e, também, para a importância das lutas por políticas públicas em defesa da Saúde Mental de todos.

O mundo tem pedido isso e nós, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e demais cidadãos brasileiros envolvidos pelo Janeiro Branco, nos propusemos a atender a esse chamado e a esse pedido de ajuda por parte da humanidade.

Sim – ações, orientações e reflexões a respeito das condições e características emocionais dos seres humanos mudam e salvam vidas.

Isso se chama Psicoeducação e o Janeiro Branco nasceu para isso, por amor à humanidade, senso de responsabilidade social, senso de dever profissional e pura solidariedade humanística.

Porque há sofrimentos que podem ser prevenidos. Dores que podem ser evitadas. Violências que podem ser impedidas, cuidadas ou reparadas. Exemplos que podem ser partilhados. Ensinamentos que podem ser difundidos em nome de povos mais saudáveis e mais bem resolvidos em termos emocionais. Por um mundo melhor e uma humanidade com mais amor e mais responsabilidade em relação a si mesma e em relação a cada uma das suas partes.

Os 5 objetivos da Campanha Janeiro Branco:

1 – Fazer do mês de Janeiro o marco temporal estratégico para que todas as pessoas e instituições sociais do mundo reflitam, debatam, conheçam, planejem e efetivem ações em prol da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos e das próprias instituições;

2 – Chamar a atenção de todo o mundo para os temas da Saúde Mental e da Saúde Emocional nas vidas das pessoas;

3 – Aproveitar a simbologia do início de todo ano para incentivar as pessoas a pensarem a respeito das suas vidas, dos seus relacionamentos e do que andam fazendo para investirem e garantirem Saúde Mental e Saúde Emocional em suas vidas e nas vidas de todos ao seu redor;

4 – Chamar a atenção das mídias e das instituições sociais, públicas e privadas, para a importância da promoção da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos;

5 – Contribuir, decisivamente, para a construção, o fortalecimento e a disseminação de uma “cultura da Saúde Mental” que favoreça, estimule e garanta a efetiva elaboração de políticas públicas em benefício da Saúde Mental dos indivíduos e das instituições.

Como o Janeiro Branco pode ajudar as pessoas?

1 – Colocando os temas da Saúde Mental e da Saúde Emocional em máxima evidência na sociedade.

2 – Construindo, fortalecendo e disseminando uma “cultura da Saúde Mental” na humanidade.

3 – Contribuindo para a valorização da subjetividade humana e o combate ao adoecimento emocional das pessoas.

4 – Contribuindo para o desenvolvimento e a disseminação do conceito de ‘psicoeducação’ entre as pessoas e as instituições sociais.

5 – Contribuindo para o desenvolvimento e a valorização de políticas públicas relativas aos universos da Saúde Mental em todo o mundo.

Princípios básicos da Campanha Janeiro Branco

1 – As ações em nome da Campanha e no contexto da Campanha serão todas de forma gratuita, totalmente sem fins lucrativos.

2 – Não serão cobrados, nem será feita publicidade, de valores simbólicos, “valores sociais”, nenhum tipo de cobrança para os participantes das ações em nome da Campanha.

3 – Para confecção de materiais de divulgação, as pessoas envolvidas poderão conseguir ajuda de gráficas e pessoas interessadas a doar os materiais para a Campanha.

4 – O que tem sido feito todo ano é uma “vaquinha” solidária e voluntária entre os profissionais para a compra dos materiais de divulgação (ou busca de ‘apoios’ e ‘patrocínios’ como ocorre em Congressos): balões brancos com tema da campanha, laços brancos com alfinetes, banners, panfletos etc. e cada profissional comprou sua camiseta da campanha.

5 – Custo de deslocamento, alojamento e alimentação para as palestras e demais ações é de responsabilidade dos palestrantes ou das instituições que os convidam, por isso, antes de se disponibilizar para dar palestras em nome do Janeiro Branco e no contexto da Campanha, observar se o deslocamento e todos os custos serão possíveis dentro da gratuidade da colaboração prestada à Campanha.

6 – O Janeiro Branco é uma Campanha dedicada a promover a psicoeducação das pessoas e das instituições, promovendo a Saúde Mental e combatendo o adoecimento emocional dos indivíduos e instituições por meio de debates, reflexões, mini palestras, palestras relâmpago, rodas de conversa, oficinas, caminhadas, corridas, piqueniques, cineclubes, entrevistas à mídia, murais de poesias, distribuição de balões brancos, panfletos, fitas brancas e várias outras formas de ações e intervenções urbanas que tenham como tema central a Saúde Mental, a Saúde Emocional, a valorização da subjetividade humana, a criação de uma cultura da Saúde Mental entre os seres humanos (a nível individual, institucional, social e coletivo), a valorização de políticas públicas em nome da Saúde Mental, a valorização da Saúde Mental no SUS e nas redes públicas e privadas de saúde no Brasil e no mundo.

7 – A Campanha Janeiro Branco é uma Campanha gratuita, democrática, horizontal, espontânea, desburocratizada, descentralizada, social, solidária, voluntária, inclusiva, laica, humanista, apartidária, multidisciplinar, transdisciplinar, colaborativa e caracterizada pela pluralidade e diversidade de temas, direta ou indiretamente, ligados aos universos da Saúde Mental e Emocional dos seres humanos e suas instituições.

8 – O Janeiro Branco respeita, aplaude e reverencia todas as lutas e conquistas dos movimentos passados e atuais relativos ao universo da Saúde Mental – seu papel é ampliar e aprofundar as estratégias de comunicação com a humanidade a respeito desses temas, conforme o Outubro Rosa o fez com a temática da “prevenção ao câncer de mama”, por exemplo.

9 – A Campanha Janeiro Branco nasceu em Minas Gerais e a metáfora do TREM a identifica: psicólogos(as) são a locomotiva da Campanha que, em sua integralidade e por seu caráter multidisciplinar e transdisciplinar, também possui inúmeros vagões a constituí-la com a necessária e oportuna participação de outros cidadãos e profissionais capazes de enriquecer as suas potencialidades e possibilidades em relação ao universo da Saúde Mental e Emocional dos indivíduos e instituições.

10 – A Campanha Janeiro Branco está sempre em construção. Toda colaboração ao seu crescimento, desenvolvimento, amadurecimento e enriquecimento é extremamente bem-vinda. Manifeste-se e engate novos vagões temáticos ao TREM DA SAÚDE MENTAL que partiu de Minas Gerais com destino ao mundo.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Módulo 3 do Curso de Nutrologia para acadêmicos de medicina

No próximo final de semana teremos o Módulo 3 do Curso de Nutrologia para acadêmicos de medicina. Darei aula com duas grandes amigas. 

Na sexta a Professora e Dra. Simone Silvestre, preceptora da especialização de Nutrologia do Hospital Felício Rocho (BH-MG) falará sobre triagem nutricional, risco nutricional e a fisiopatologia do paciente crítico.

Falarei das 09:00 às 11:00 sobre Deficiências nutricionais: sinais e sintomas de macronutrientes, vitaminas e minerais.

No Sábado a tarde, será a vez da minha afilhada, Dra. Edite Melo Magalhães, especialista em Clínica Médica. Ela falará sobre Comunicação médica, técnicas para melhor acolhimento.

Sobre o curso

Partindo do pressuposto que a grande maioria das faculdades não ensinam praticamente nada sobre Nutrologia e que o conhecimento sobre a especialidade transforma vidas, muda desfechos, previne doenças, nós, membros do MNB resolvemos criar o primeiro curso de Nutrologia para acadêmicos de medicina. O objetivo do curso é preencher essa lacuna da graduação. Sendo assim, em reunião com da diretoria do MNB, decidimos que:

  1. O responsável técnico (RT) pelo curso serei eu, Dr. Frederico Lobo (CRM-SC 32949, RQE 22416 e CRM-GO 13192, RQE 11915)
  2. O curso terá sempre duração de dois anos de duração
  3. O público alvo serão os acadêmicos de todo o país, do 5º ao 10º período
  4. Sempre será 100% gratuito e 100% online, para facilitar ao acesso dos acadêmicos de forma democrática e abrangendo todo território nacional. Apesar do curso ser gratuito, estimulamos os alunos a fazerem doações de leite integral para o Grupo Filantrópico Filhos do Sr. ou para a Sociedade Eis me aqui.
  5. Terá 500 vagas (400 para acadêmicos e 100 para membros do MNB)
  6. O certificado será emitido pelo movimento Nutrologia Brasil para aqueles que tiverem 75% de presença em todas as aulas e permanecendo 75% do tempo dentro da sala do google meet.
  7. As aulas serão 100% on-line, ao vivo, via google meet e não ficarão gravadas. 
  8. Após realizar a inscrição, o aluno interessado deverá enviar cópia da declaração de matrícula no semestre vigente para menutrologia@gmail.com (a inscrição não é efetivada se o aluno não enviar o comprovante de matrícula)

Programação completa do nosso curso está em Movimento Nutrologia Brasil 

As inscrições para o curso de 2024 já estão abertas, interessados me mandem um direct no instagram @drfredericolobo informando: Em qual período da graduação de medicina estará no começo de 2024. 

Aula: Semaglutida 2,4mg no tratamento da obesidade

 


Médicos interessados enviem direct no instagram: @drfredericolobo 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Dieta mediterrânea é eleita a melhor dieta, pelo sexto ano consecutivo

Pelo sexto ano consecutivo a dieta mediterrânea foi eleita a melhor dieta. Mas será que ele a serve para todos?

A melhor dieta é a aquela elaborada para atender as suas necessidades, particularidades. Isso não quer dizer que a dieta mediterrânea não é boa, mas se você for uma pessoa que tem Gota ou hiperuricemia (aumento de ácido úrico), ela pode não ser boa para você, devido a inserção de peixes que podem elevar o ácido urico. Além disso ela inclui vinho, ou seja, o álcool pode precipitar crises de gota. 

Se você é portador de intolerância à histamina, ela talvez não seja a dieta mais adequada para o seu caso, já que contém alto teor de histamina. 

Resumindo: saiba quais são as suas particularidades, aquilo que você gosta de ingerir, os alimentos que seu corpo aceita bem e não reage. Conte para o profissional quais patologias você possui (caso possua alguma comorbidade). Personalize o seu plano alimentar, você merece o melhor.

Quer saber mais sobre as dietas consideradas melhores? https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2023/01/06/dieta-mediterranea-e-eleita-a-melhor-para-o-ano-pela-6-vez.htm

Cursos, eventos e encontros do Movimento Nutrologia Brasil

Criei no site do movimento Nutrologia Brasil, uma parte só para divulgar os cursos (ministrados pelos membros), eventos e encontros. 

O cursos dados pelos membros são exclusivos para médicos e acadêmicos de medicina: http://movimentonutrologiabrasil.com.br/?page_id=48

Como parte dos leitores do blog são médicos e acadêmicos decidi divulgar aqui.


Calorias do vinho e ganho de peso




Após os posts (post 1, post 2) das calorias das cervejas, alguns pacientes me pediram para falar sobre as calorias dos vinhos.

Como já dito nos outros posts, 1 grama de álcool possui 7 kcal. Ou seja, são calorias vazias, que vão atrapalhar de forma indireta o emagrecimento, reduzir alguns nutrientes do corpo e diminuir os níveis de testosterona. Mas aí pergunto para vocês: será que a grande maioria conseguirá se abster de algo que é cultural, que favorece a socialização? Eu não ingiro álcool, não estimulo o consumo, mas sou bem realista com relação à nossa realidade. 

As pessoas não vão parar de beber, sejamos realistas. Alguns sim, enxergam malefícios do álcool, mas a grande maioria não. Ou seja, devemos focar na política de redução de danos. Existe uma diferença gritante entre o mundo ideal da Medicina e o nosso mundo real. Sempre friso isso para os pacientes no consultório, pois isso é causa de muito sofrimento psíquico para alguns indivíduos com personalidade mais rígida.

Alguns leitores falarão que há pesquisas mostrando os benefícios do álcool. Sim, há trabalhos mostrando que o consumo moderado de álcool pode ter impacto positivo na saúde. Eu acredito que há bastante vieses nesses estudos. Alguns trabalhos afirmam que o álcool tem:
  • Efeito na prevenção de Infarto agudo do miocárdio (IAM): por atuar no metabolismo das lipoproteínas, aumentando o percentual de HDL. 
  • Ação antitrombótica: inibindo a agregação de plaquetas, reduzindo o fibrinogênio e melhorando a fibrinólise.
  • Ação no mecanismo de ação da insulina: melhorando o metabolismo de carboidratos.
  • Aumento do estradiol o que de forma indireta eleva o HDL
Mas o que seria consumo moderado de álcool:
  • 30 a 40g de álcool por dia para Homens
  • 15 a 20g de álcool por dia para Mulheres
  • Em média 0,102g/kg/hora (variando de 0,070-0,185)
  • Traduzindo: 1 long Neck/dia para Mulheres e 2 Long Necks/dia para Homens.
Mas e no caso do vinho? 

Primeiramente falaremos sobre propriedades nutricionais do vinho. Eles possuem na sua composição, um tipo de fitoquímico chamado polifenol. Um "veneno" que a planta produz para se adaptar ao ambiente. Está presente nas sementes e cascas das uvas e no vinho. O principal polifenol do vinho é o resveratrol. É o mais estudo e tem estudos mostrando que ele pode auxiliar na redução do risco cardiovascular, reduzir o colesterol. Mas e as calorias do vinho? A recomendação é que utilize-se no máximo 1 taça por dia. 

Para calcularmos as calorias do vinho levamos em conta:
  • O teor alcoólico de determinado
  • Quantidade de açúcar presente no vinho
  • A quantidade (volume) de vinho ingerida.
Uma garrafa de vinho tem 750 ml, considerando que equivalem a quatro taças (187,5 ml cada), as referências são as seguintes: 

Vinho Branco Suave até 9% de teor alcoólico
Quantidade de calorias: entre 134 a 171 kcal por taça.
Exemplos de vinhos: Riesling, Moscato d’Asti, Grüner Veltliner, Müller-Thurgau, Chenin Blanc, Spätlese.
 
Vinho Branco Suave de 9% a 12% de teor alcoólico
Quantidade de calorias: entre 200 e 240 kcal por taça.
Exemplos de vinhos: Gewürztraminer, Tokaji, Silvaner, Malvasia.

Vinho Branco Seco de 9% a 12% de teor alcoólico
Quantidade de calorias: entre 138 e 169 kcal por taça.
Exemplos de vinhos: Pinot Grigio, Albariño, Trebbiano, Vermentino, Torrontes, Pinot Blanc, Grenache Blanc, Verdejo, Muscadet.

Vinho Branco Seco de 12% a 14% de teor alcoólico
Quantidade de calorias: entre 170 a 200 kcal por taça.
Exemplos de vinhos: Chardonnay, Sauvingnon Blanc, Viognier, Marsanne, Roussane.
 
Vinho Tinto de 11% a 13,5% de teor alcoólico
Quantidade de calorias: entre 157 a 187 kcal por taça.
Exemplos de vinhos: de Pinot Noir a Cabernet Sauvignon e Shiraz.

Vinho Tinto de 13,5% a 16% de teor alcoólico
Quantidade de calorias: entre 187 a 225 kcal por taça.
Exemplos de vinhos: de Pinot Noir a Cabernet Sauvignon e Shiraz.

Vinho Espumante Seco (Brut)
Quantidade de calorias: 184 kcal por taça.
Exemplos de vinhos: Brut Champagne, Brut Prosecco, Brut Cavas e todos os espumantes classificados como “Brut”.
 
Vinho de Sobremesa
Quantidade de calorias: entre 203 a 290 kcal por taça. Nesse caso específico, a taça é de 90 ml, já que os hábitos de consumo desses vinhos são diferentes.
Exemplos de vinhos: Porto, Sherry, Sauternes, Passito, Madeira.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

[Conteúdo exclusivo para médicos] Azeite de oliva e risco cardiovascular: o que o médico precisa saber?

 O Azeite de oliva tem sido tradicionalmente usado como um importante ingrediente culinário, principalmente nos países mediterrâneos e é o componente principal da dieta desta região. Seu efeito benéfico já é bem conhecido e isto o tornou mais popular mundialmente nas últimas décadas. 

Ele possui alta concentração de ácidos graxos monoinsaturados, especialmente ácido oleico e outros em menor proporção como vitamina E e polifenóis, contribuindo para efeitos anti-inflamatórios e propriedades antioxidantes. Estudos sugerem redução de risco cardiovascular com o aumento da ingestão deste alimento. 

Lembrando dos diferentes tipos de gorduras e de suas recomendações na dieta:


Um novo trabalho examinou a associação entre consumo de azeite de oliva e mortalidade total e causa-específica na população dos Estados Unidos, onde a média de consumo de azeite é consideravelmente menor do que nos países mediterrâneos. 

Esta análise foi conduzida em dois estudos de coorte prospectivos. Durante 28 anos de seguimento, foram avaliadas 36.856 mortes. A média de consumo de azeite de oliva aumentou 1.6 g/d em 1990 para aproximadamente 4 g/d em 2010. Homens e mulheres com alto consumo de azeite de oliva eram mais fisicamente ativos, tinham ascendência do sul da Europa ou Mediterrâneo e fumavam menos. O consumo de azeite de oliva também foi associado com maior ingestão calórica e melhor consumo de frutas e vegetais.

Após ajustes estatísticos, foi observada uma associação inversa, consistente e significativa entre o consumo de azeite de oliva e mortalidade total e causa-específica. Essa associação também foi observada para cada 5 g adicionais de azeite de oliva consumidos, como uma variável contínua. 

Em comparação com aqueles que nunca ou raramente consomem azeite de oliva, os indivíduos na categoria de elevado consumo (> 7g/d) tiveram redução de 19% na mortalidade total e cardiovascular, 17% de redução na mortalidade por câncer, 29% redução no risco de mortalidade neurodegenerativa e 18% redução no risco de mortalidade respiratória.

O trabalho ainda refere que a substituição de 10 g/d de outros tipos de gordura, incluindo margarina, manteiga, maionese e gordura do leite, por azeite de oliva, foi associado com redução no risco de mortalidade total e causa-específica. Entretanto, essa associação não foi observada quando outros óleos vegetais foram substituídos por azeite. 

Os autores acreditam que esses resultados se devem aos efeitos anti-inflamatórios, antiaterogênicos, efeitos na redução do stress oxidativo, melhora na função endotelial, melhora do perfil lipídico, biomarcadores inflamatórios, sensibilidade à insulina e redução da pressão arterial, que o azeite de oliva possui. 

Os autores concluem que o consumo mais alto de azeite de oliva está associado com diminuição de risco de mortalidade total e e redução do risco cardiovascular. Referem ainda que substituir outros tipos de gordura por azeite de oliva foi associado com diminuição do risco de mortalidade e que,as atuais recomendações nutricionais para aumentar a ingestão de azeite de oliva e outros óleos vegetais insaturados no lugar outras gorduras, melhoraram a saúde e longevidade. 

Nota do editor (Eduardo Lapa): este, como muitos estudos de nutrição, é um artigo que tem suas limitações. Ele se baseia em estudos observacionais. Sabemos que nestes estudos os pacientes variam em uma série de pontos e não apenas na questão estudada (neste caso: consumo de azeite de oliva). É citado, por exemplo, que as pessoas que consumiam mais azeite de oliva eram mais fisicamente ativos e consumiam menos cigarro. Será que não há outros fatores associados a risco cardiovascular que os pesquisadores não avaliaram? Talvez até fatores que atualmente nós não conheçamos! Isto pode influenciar os resultados.

Outro ponto: o próprio consumo de azeite de oliva foi medido por questionários alimentares feitos a cada 4 anos. Bem, você já preencheu algum questionário alimentar? Outro dia destes fui fazer um auto questionário mental de quantas porções de carne vermelha consumia por semana. Para a minha surpresa, quando de fato passei a contar as porções consumidas diariamente, o número foi bem diferente do que estimei mentalmente. Isso é uma limitação do método.

Por fim, devemos lembrar que estudos assim permitem inferir associação entre os fatores mas não possibilitam confirmar causalidade.

Referência: Consumption of Olive Oil and Risk of Total and Cause-Specific Mortality Among U.S. Adults Marta Guasch-Ferré, PHD,a,b Yanping Li, PHD,a Walter C. Willett, MD, DRPH,a,b,c Qi Sun, MD, SCD,a,b,c,d Laura Sampson, RD,a Jordi Salas-Salvadó, MD,e,f Miguel A. Martínez-González, MD,a,e,g Meir J. Stampfer, MD, DRPH,a,b,c Frank B. Hu, MD, PHDa,b , JACC VOL. 79, NO. 2, 2022

Autor: Dr. Thiago Midlej 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Semaglutida 2,4mg - 9 fatos que você precisa saber sobre o mais novo fármaco antiobesidade do mercado

No dia 02/01/2023 a ANVISA liberou a venda de uma "nova" droga para obesidade. Ela se chama Semaglutida. Faz parte da classe dos análogos de GLP-1, classe desenvolvida para tratar diabetes mas que em doses maiores promove perda de peso. 

Recebemos inúmeras mensagens então resolvemos preparar esse texto que explica 9 fatos essenciais sobre "a nova" droga.

1 - Mecanismo de ação

Mas afinal, o que é a Semaglutida? O que ela faz? Por que é tão cara? Realmente emagrece? Essas são algumas das perguntas que me fizeram. Então, vamos por partes. Antes de explicar o que é a droga e o seu mecanismo de ação, precisamos saber sobre o GLP-1. 

Em nosso corpo, temos um órgão chamado pâncreas (que fica próximo ao Duodeno ( a primeira porção do intestino delgado). 

O pâncreas é uma glândula mista, ou seja, tem uma função secretora endócrina (produz hormônios) e uma função exócrina (digestão de gordura). Sua porção endócrina é formada por um conjunto de células, denominadas ilhotas de Langerhans. 

Essas ilhotas tem 2 tipos de células, as células betas, responsáveis pela produção de insulina e outra  células alfas, produtoras de glucagon, ambos são lançados no sangue. E é importante saber que esses dois hormônios possuem efeitos antagônicos, ou seja, atividade fisiológica inversa.

A insulina tem sua atuação favorecendo a entrada das glicose nas células. Com isso, nosso corpo não fica em hiperglicemia (muita glicose no sangue), pois, a insulina favorece a entrada de glicose nas células do fígado, músculos esqueléticos e tecido adiposo. 

Já o glucagon, tem atividade estimulante oposta, faz aumentar o concentração de glicose na corrente sanguínea a partir da quebra do glicogênio (substância de reserva energética) e com isso evita que tenhamos hipoglicemia (pouca glicose no sangue)

No nosso intestino, temos células chamadas de células L (localizadas em sua maioria no íleo e no cólon), que são células epiteliais com função enteroendócrina, ou seja, que produzem substâncias (petídeos) que tem ação parecida com o Glucagon produzido pelo pâncreas. São os peptídeos semelhantes ao glucagon, (GLP)s.

A secreção de GLP-1  por células enteroendócrinas do íleo depende da presença de nutrientes no intestino delgado. Os secretagogos (agentes  que causam ou estimulam alguma secreção) desse hormônio incluem nutrientes como carboidratos, proteínas e lipídeos. 

Porém, nosso corpo destrói rapidamente o GLP-1 logo que ele é liberado pelas células L. Uma vez na circulação, o GLP-1 possui uma meia vida de menos que 2 minutos, devido à rápida degradação pela enzima dipeptidil peptidase 4 (DPP-IV). Com isso o GLP-1 não consegue fazer todos os efeitos benéficos que ele tem. 

Então, por anos, a indústria farmacêutica buscou a elaboração de duas estratégias terapêuticas: a criação de análogos (substância que imitam) de GLP-1 que sejam resistentes à enzima (DPP-IV) e sintetização de peptídeos inibidores da enzima, que elevam o nível de GLP-1 endógeno intacto. Estas abordagens potencializam as vantagens terapêuticas do uso de GLP-1 no controle do diabetes e mantêm o risco de hipoglicemia baixo, já que a ação da GLP-1 é glicose-dependente. Ou seja, se a glicose está equilibrada, a droga não estimulará mais tanta insulina e nem reduzirá tanto a liberação de glucagon. 

Mas afinal, o que o GLP-1 faz?

Ele é um potente hormônio anti-hiperglicêmico (reduz a glicose no sangue, evitando a hiperglicemia), induzindo estimulação dependente de glicose da secreção de insulina, enquanto suprimindo a secreção de glucagon. Tal ação dependente de glicose é particularmente atraente por que, quando os níveis de glicose plasmática estão na faixa normal de jejum, o GLP-1 não estimula mais a insulina, não levando à hipoglicemia. 

Os principais mecanismos de ação do GLP-1 são:
  1. Melhora a produção de insulina pelas células β do pâncreas
  2. Diminui a liberação de glucagon pelo pâncreas, por ação nas células α
  3. Inibição da secreção gástrica (que favorece a digestão)
  4. Diminuição da motilidade do trato gastrintestinal (em especial o retardo do esvaziamento gástrico), o que retarda a absorção de carboidratos e contribui para um efeito de saciação.
Para o GLP-1 agir, ele precisa se ligar ao seu receptor, podendo este ser encontrado nas
células α e β das ilhotas pancreáticas, no sistema nervoso central (em especial no hipotálamo), no pulmão, no coração, nos rins, estômago e no intestino. 

No cérebro existe uma região chamada Hipotálamo e nele há uma região chamada tuberal. Dentro dessa região há 2 núcleos importantes: Núcleo da Fome e o Núcleo da Saciedade. Ambos possuem receptores para o GLP-1. Ou seja, o GLP-1 estimula o núcleo da saciedade e inibe o núcleo da fome. Ou seja, inibe o apetite e estimula a saciedade. O que é potencializado pela ação do GLP1 na redução do esvaziamento do estômago. Resultado: come-se menos. 

Então, pesquisadores desenvolveram os análogos de GLP-1:  liraglutida, a albiglutida, a dulaglutida, a semaglutida, exenatida e a lixisenatida

A semaglutida é um análogo do GLP-1 94% igual ao GLP-1 humano, ou seja, se liga bem (seletivamente) ao receptor de GLP1. Nos casos do paciente fazer hipoglicemia, ela diminui a liberação de insulina e não inviabiliza a liberação do glucagon. Ou seja, é uma droga segura, não favorecendo hipoglicemia. 

A droga foi originalmente desenvolvida para tratar o diabetes tipo 2, porém, viram que os pacientes apresentavam perda de peso por inibição da fome e por maior saciedade, sendo dose dependente. Ou seja, quanto maior a dose, maior o efeito na perda de peso.

2 - Apresentação

A droga tem apresentação injetável, de uso semanal (é importante frisar isso, pois, há profissionais que por conta própria prescrevem uso diário e o próprio laboratório contraindica essa prática) e a apresentação oral (comprimido). 

A de uso injetável é aplicada na região subcutânea, com auxílio de uma agulha de 4 ou 6mm. Já a de uso oral, é utilizada diariamente. 

Como a dose deve ser escalonada, há apresentação com 0,25mg e 1mg. Agora teremos a apresentação de 2,4mg.

A droga não é uma nova droga para obesidade. Desde 2018 a Semaglutida é comercializada para tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2. Mas muitos já prescreviam para perda de peso. Ou seja, ela não tinha recomendação em bula para o tratamento da obesidade. Dia 02/01/2023 a ANVISA oficialmente reconheceu que a droga, na dose de 2,4mg de uso semanal, pode ser utilizada para tratar obesidade. 

3 - Estudos mostrando a eficácia

Em 2021, foram divulgados os ensaios clínicos Semaglutide Treatment Effect in People with obesity (STEP). E os resultados foram recebidos com entusiasmo pela comunidade médica. Na Tabela abaixo é possível ver o resumo dos resultados.




Os estudos foram divulgados em três dos principais periódicos médicos da atualidade. The New England Journal of Medicine, The Lancet e Nature Medicine.

O STEP 1 foi um randomized clinical trial (RCT) duplo-cego envolveu 16 países. Detalhes sobre os participantes do estudo:
  • Pacientes adultos não portadores de diabetes mellitus (ou seja, apesar da droga ter sido desenvolvida para pacientes com diabetes mellitus tipo 2, no STEP 1 os pacientes não eram diabéticos, apenas com IMC ≥27 kg/m2). É importante salientar isso, pois muitos dos críticos da droga, sequer leram os estudos e afirma que é uma droga para tratar apenas diabetes. 
  • Pacientes com IMC ≥30 kg/m2 ou ≥27 kg/m2
  • Pelo menos uma comorbidade associada. Hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular
  • Registo de falha de uma ou mais tentativas de perda ponderal com dieta
Foram excluídos pacientes com:
  1. Diabetes mellitus
  2. Hemoglobina glicada ≥6,5%
  3. Antecedente de pancreatite
  4. Tratamento cirúrgico de obesidade prévio
  5. Uso de medicações para perda de peso nos últimos 90 dias 
Desenho do estudo: os pacientes foram randomizados na proporção 2:1. Para um tratamento de 68 semanas com uma injeção subcutânea semanal de 2,4mg de semaglutida ou placebo. Associado a intervenções no estilo de vida (dieta e atividade física). 

O tratamento com semaglutida foi iniciado em uma dose semanal de 0,25mg por quatro semanas. Aumentada mensalmente até atingir a dose de 2,4mg na semana 16.

As mudanças de estilo de vida incluíram uma redução de 500kcal em relação à ingestão diária habitual. E pelo menos 150 minutos de atividade física semanal.

Os pacientes também receberam aconselhamento individual mensal. Para ajudar na adesão às intervenções e receber orientações a registrar os hábitos diários. O seguimento dos pacientes foi mantido até sete semanas após o final do tratamento.

Resultados do estudo: Os desfechos primários foram o percentual de mudança do peso corporal. E a ocorrência de redução de, pelo menos, 5% do peso. O que é considerada clinicamente relevante, de acordo com a literatura.

Os secundários mostram uma redução de mínima de 10% ou 15% do peso. E mudanças na circunferência abdominal e na pressão arterial. Escore da capacidade funcional. 

Com relação à segurança, foram avaliados o número de eventos adversos durante o período do tratamento. E a ocorrência de eventos adversos graves entre o início do estudo e a semana 75.

Os eventos cardiovasculares, pancreatites e óbitos foram revisados por um comitê externo.

Os resultados mostraram:
  1. Redução de 14,9% do peso corporal no grupo que usou a semaglutida. Comparado a -2,4% com o placebo. Diferença gritante. Lembre-se: o grupo placebo também fez dieta e atividade física, ou seja, as intervenções para mudança de estilo de vida aconteceu em ambos os grupos. 
  2. Diferença de -12,4% entre os grupos
  3. Maior redução da circunferência abdominal (–13,54 cm vs. –4.13 cm com placebo; diferença de –9,42 cm).
  4. IMC: –5,54 vs. –0,92 com placebo; diferença de –4,61.
  5. Os pacientes tratados com semaglutida tiveram uma melhora dos escores de capacidade funcional
  6. Os efeitos da droga sobre a perda ponderal são decorrentes da diminuição do apetite e, consequentemente, menor ingestão calórica.
Uma perda ponderal de 15% tem uma grande importância clínica. Uma perda moderada, de 5 a 10% do peso, já está associada a uma melhora de alguns fatores:
  • Níveis glicêmicos,
  • Fatores de risco cardiovascular (pressão arterial, lipidemia),
  • Bem-estar referido pelos pacientes e dos seus aspectos funcionais. 
  • Perdas maiores que 10% levam a uma melhora continuada destes parâmetros. Além de melhorar sintomas de apneia obstrutiva do sono e escores de esteatohepatite não-alcoólica.
Para a remissão de diabetes e redução dos eventos cardiovasculares, é necessária uma perda ponderal maior ou igual a 15%.

Os críticos (e ignorantes de plantão) falam que consegue-se perder peso somente com atividade física e dieta. Estão errados? Não. Mas, vale salientar que o estudo mais intensivo feito até hoje, foi o DIRECT (2018). Nele os participantes fizeram dieta, atividade física e mudanças comportamentais. Perderam em média 9% do peso em 12 meses. Porém, em 24 meses, devido o reganho de peso, esse efeito já caiu para 5%. Teve quem perdeu mais? Sim. Teve quem perdeu menos de 9% ? Também teve. 

Nos últimos dias cansei de ver nutricionistas e profissionais da educação física criticando a droga. Invalidando o processo de quem utiliza a droga. Briga por mercado? Medo de perder o paciente pra droga? Ignorância? Desconhecimento do mecanismo de ação da droga? Ausência de mínimas noções sobre a fisiopatologia da obesidade? Ou apenas, má fé? Um misto de tudo e nós médicos que tratamentos de pacientes portadores de obesidade entendemos. Os resultados são realmente muito bons e vários pacientes tem benefício com a utilização. Isso é inegável e por isso o medo de alguns. 

Um ponto a ser analisado nos estudos: "A semaglutida foi prescrita junto com dieta, atividade física, portanto só funcionou porque houve mudança no estilo de vida". Será? Será que se não tivessem feito exercício e dieta não adiantaria de nada?

Como disse o nutricionista Igor Eckert em um post: 

"Mudança no estilo de vida faz parte do cuidado usual e precisa ser prescrito para ambos os grupos. Não orientar essa mudança seria uma intervenção anti-ética e o estudo perderia validade externa, afinal na vida real se orienta a mudança de estilo de vida. E esse é o ponto chave para entender o efeito da semaglutida". 

Como a dieta e atividade física foi prescrita para os 2 grupos, a diferença na perda de peso entre os 2 grupos foi atribuida à semaglutida.
  • Grupo Semaglutida perdeu 14,9%. 
  • Grupo placebo (atividade física e dieta) perdeu 2,4%.
A única diferença entre os 2 grupos foi o uso da Semaglutida. Logo, -12,4% de perda  foi causada pelo uso da droga. Ou seja, a princípio, esse é o efeito da droga, independentemente da mudança de estilo de vida. É a perda de peso que a semaglutida causa comparado a quem já faz dieta e exercício fisico. Mas será que o efeito da Semglutida não pode ter sido potencializado pela recomendação de mudanças de estilo de vida? Talvez. E se isso for real, o efeito isolado da droga na realidade seria inferior a -12,4%. 

Assumindo então que existe essa interação, o resultado visto seria um efeito sinérgico entre as 2 intervenções. Nesse caso, daria para dizer que parte do benefício depende da mudança de estilo de vida? Não dá para saber. A boa notícia é que a gente não precisa desse dado. Não mudaria a conduta. Por que? Porque a mudança de estilo de vida é padrão e precisa ser prescrita, sempre."

Vale ressaltar que o grupo placebo também apresentou resultados interessantes.

O que reforça a importância e o impacto das mudanças de estilo de vida. 31% dos pacientes perderam 5% do peso, 12% perderam pelo menos 10% e 5% perderam pelo menos 15%. O que corrobora com o que vemos na prática. Por um tempo, vários pacientes conseguem perder peso em um primeiro momento, porém, essa perda vai se diluindo com o passar dos anos. 

4 - Efeito se utilizada de forma isolada (sem dieta e atividade física)

Como relatado acima, pode ser que a droga por si só gere a perda de peso. Mas é anti-ético um médico não prescrever a mudança de estilo de vida. Geralmente, quando o paciente pára de utilizar a droga, ocorre reganho parcial do peso. É o que chamam de efeito rebote. Quer dizer que a droga induz isso? Não. A droga ela tem a sua eficácia e quando está sendo utilizada ela alcança o que "promete". 

Sendo assim, esse "rebote" é minimizado quando se combina o uso da droga com dieta, atividade física e mudanças permanentes no estilo de vida. Por isso é importante o acompanhamento contínuo. Uma vez portador de sobrepeso/obesidade, o indivíduo terá que se policiar por toda a vida. E isso é algo que todo paciente deve receber de recomendação, desde a primeira consulta. Jamais criar falsas esperanças com relação ao tratamento. 

5 - Efeitos colaterais e adversos

Os principais eventos adversos associados ao tratamento foram a ocorrência de náuseas, vômitos e diarreia. Esses efeitos já conhecidos dos análogos de GLP-'. Por isso, a recomendação de escalonar a dose. 

Em acréscimo, houve uma maior ocorrência de colelitíase no grupo semaglutida (2,6% vs. 1,2% no grupo placebo). Mas uma investigação dos efeitos adversos gastrointestinais. O que pode ter levado a um maior diagnóstico dessa condição em relação ao grupo placebo. 

Os efeitos mais preocupantes são a rara ocorrência de pancreatite e a contraindicação. No segundo caso, ocorre em pacientes com história pessoal ou familiar de neoplasia endócrina múltipla ou carcinoma medular da tireoide. 

A semaglutida já é amplamente utilizada para tratamento de diabetes. Ela faz parte de uma classe de medicamentos com um perfil de segurança conhecido. O que traz uma tranquilidade ao uso desta medicação para o tratamento da obesidade. 

O que tem-se visto na prática é que alguns pacientes após meses de uso podem apresentar Supercrescimento bacteriano do intestino delgado, talvez pela estase gástrica e intestinal. 



6 - Custo

Infelizmente ainda é uma droga cara, mas acreditamos que com o passar dos anos o valor reduzirá. A semaglutida de 1mg gira em torno de R$930. O valor da de 2,4mg ainda não sabemos.

7 - Pacientes não respondedores

Existem pacientes que não vão responder bem ao tratamento, não porque a medicação seja ruim, mas apenas por uma característica de alguns pacientes em não ter o efeito esperado com o uso daquela determinada droga ou efeitos colaterais mais expressivos que o normal (o que dificulta a adesão ao tratamento), assim como ocorre em diversas outras medicações. Uma área da medicina que tenta explicar essa diferença de efeitos é a Farmacogenômica. Além disso, não é incomum alguns pacientes responderem bem ao uso diário da Liraglutida e não responderem à Semaglutida semanal.

8 - Associação com outros fármacos antiobesidade

Por se tratar de um análgo de GLP-1, a Semaglutida 2,4mg não deve ser utilizada junto de outras drogas da mesma classe, como Liraglutida, Dulaglutidam, Exenatida e a própria Semaglutida 1mg. Devido a diferença de mecanismo de ação, a Semaglutida 2.4mg pode ser associada à outros fármacos antiobesidade em terapia combinada quando necessário e sempre prescrito por um médico especialista na área. 

Pacientes diabéticos usando medicações para controle da glicemia da classe dos inibidores de dipeptidil peptidase 4 (gliptinas) também não devem usar a medicação devido interação entre as duas classes e risco de reações adversas.

Alguns pacientes redução dos efeitos da Semaglutida e para isso podemos utilizar uma associação com outras medicações antiobesidade, O médico especialista na área saberá orientar bem o paciente sobre quais podem ser combinadas com a Semaglutida. 

9 - Automedicação

Infelizmente a automedicação é muito comum no Brasil e com medicações voltadas para o tratamento da obesidade não é diferente, principalmente se a medicação puder ser adquirida sem receita ou por “outros meios”. 

Toda medicação por mais segura que seja apresenta riscos mesmo quando bem indicada, o grande problema é que esses riscos aumentam muito quando o uso da droga é feito de forma errada e por pacientes que nem deveriam estar usando a medicação. Além de colocar em risco a própria saúde, quem usa a droga sem precisar e por conta própria também prejudica outros pacientes por aumentar a demanda nas farmácias gerando a falta da medicação para quem realmente precisa do tratamento. 

A obesidade é uma doença crônica, redicivante, com forte componente genético e ambiental, ou seja, bastante complexa. Nós médicos estudamos por muitos anos para entender qual o melhor tratamento e como faze-lo com segurança, procure sempre seu médico e de preferencia um especialista na área antes de iniciar um tratamento, tire suas dúvidas e faça da maneira correta.

Bibliografia: 

Wilding et al. Once-Weekly Semaglutide in Adults with Overweight or Obesity. N Engl J Med, 2021. Disponível em: www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2032183.

Ingelfinger JR e Rosen CJ. STEP 1 for Effective Weight Control — Another First Step?. N Engl J Med, 2021. Disponível em: www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMe2101705

Adler AI. The STEP 1 trial for weight loss: a step change in treating obesity? Nat Med, 2021. Disponível em: www.nature.com/articles/s41591-021-01319-4

Ryan DH. Semaglutide for obesity: four STEPs forward, but more to come. Lancet Diabetes Endocrinol, 2021. Disponível em: www.thelancet.com/journals/landia/article/PIIS2213-8587(21)00081-4/fulltext

Autores:

Dr. Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM-GO 13.192 - RQE 11.915
Dr. Limiro Silveira - Médico Nutrólogo - CRM-DF  28172  - RQE 19162
Dra. Edite Melo Magalhães - Médica especialista em Clínica médica e Nutróloga - CRM-PE 23994 - RQE 9351 


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Afinal, açúcar ou adoçante?

Na verdade essa é uma resposta que deve ser bem individualizada e avaliada através de uma consulta. Porém, a melhor escolha dependerá de fatores relacionados ao quadro clínico/objetivos do paciente.

Por exemplo, pacientes de pós-bariátrica, com intolerância à glicose (pré-diabetes) ou diabetes (com consumo de alimentos/bebidas açucaradas ao longo do dia - café, por exemplo) ou então naqueles casos em que o consumo de açúcar diário represente uma quantidade significativa das calorias totais ingeridas, o adoçante é a melhor opção para se trabalhar a reeducação alimentar.

Já para pessoas saudáveis, que o consumo de açúcar não seja excessivo e/ou considerado um problema por questões clínicas, o açúcar poderá ser mantido dentro das recomendações (~25g/dia).

E com relação a preocupação a segurança em se consumir os adoçantes, não há estudos demonstrando riscos em humanos quando a quantidade ingerida seja dentro da faixa de segurança (que é bem elevada). Além disso, há opções mais "naturais" disponíveis no mercado, basta conversar com o nutricionista para saber a melhor opção para você.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Vegetariano e com anemia, será que realmente precisa comer carne ?

A resposta é: NÃO!

Mesmo a carne sendo a melhor e mais biodisponível fonte de ferro, você NÃO é obrigado (a) a comer esse alimento caso não queira, seja qual for o motivo da sua escolha! O Médico e o Nutricionista que devem se adequar à escolha do paciente e não o contrário. 

Caso a anemia evidenciada seja mesmo a do tipo ferropriva (por déficit de ferro constatada através de exames laboratoriais), o correto é que procure um Médico Nutrólogo para a correção da anemia, através da suplementação de ferro e posteriormente o Nutrólogo te encaminhará para o nutricionista elaborar um plano alimentar com fontes de ferro.

Uma dica que sempre damos para os inúmeros vegetarianos que atendemos aqui na clínica, mantenha um bom aporte de leguminosas no cardápio. Então, aumente seu consumo de:

✅Grão-de-bico;
✅Feijão;
✅Ervilha;
✅Lentilha;
✅Soja;
✅Sementes e oleaginosas.

Para aumentar ainda mais a absorção do ferro de origem vegetal ("não heme"), deixe as leguminosas de remolho por pelo menos 12-16 horas e adicione frutas ou suco de frutas cítricas na refeição, por exemplo: limão, laranja, acerola. E evite consumir lácteos junto das grandes refeições pois o cálcio presente nos lácteos é um competidor do ferro. 

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Quero virar vegetariano mas não quero ficar desnutrido e nem sentir fome...

O  vegetarianismo não tem nada a ver com FOME e DESNUTRIÇÃO!

No vegetarianismo, caso você siga bem as orientações do seu Nutrólogo e Nutricionista, é improvável que você apresente algum déficit nutricional (inclusive proteínas e ferro) e muito menos  sinta fome!

A sua maior atenção deverá ser com os seus níveis de vitamina B12 em médio e longo prazo, porém, isso é algo que é facilmente ajustado pelo profissional que te acompanhar. Recomendamos a dosagem dessa vitamina de duas a três vezes ao ano.

E tudo isso dito acima é demonstrado por inúmeros estudos publicados nos últimos anos, que acompanharam o estado nutricional e a qualidade de vida de pessoas que optam por essa escolha. 

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Será que existem alimentos que melhoram a memória?

Tema mais buscado da semana no Medscape foi: Alimentos que melhoram a memória

O final do ano e a chegada das férias costumam estar ligados a comida. Talvez isso explique por que o aumento do interesse nos recentes achados relacionados com a nutrição tenham se tornado o tema mais buscado da semana. Um estudo recente acrescentou a um crescente corpo de evidências sobre o impacto dos flavonóis na memória e na saúde do cérebro.




Os flavonóis são uma subclasse de flavonoides, que podem ser encontrados nos vegetais (como cebolas, couve, alface, tomate) e nas frutas (como maçãs, uvas, frutas do bosque), bem como em alguns chás e vinhos. Evidências já demonstraram que alguns componentes dos flavonóis reverteram marcas histológicas características da doença de Alzheimer em camundongos. Esta nova pesquisa mostra seu potencial benefício também para humanos. O estudo foi feito com cerca de 960 participantes (média de idade de 81 anos). A maioria era do sexo feminino (75%) e branca (98%). Ao longo de uma média de sete anos de acompanhamento, os participantes responderam a um questionário nutricional anual e fizeram testes cognitivos e de memória.

Para determinar o declínio cognitivo, os pesquisadores usaram uma pontuação global de cognição que resume 19 testes cognitivos. Após o ajuste por vários fatores, os pesquisadores encontraram uma diferença significativa no declínio cognitivo entre os que consumiam mais ou menos flavonol. 

O grupo com menor consumo de flavonol ingeriu cerca de 5 mg/dia, enquanto o grupo com maior consumo ingeriu uma média de 15 mg/dia. A quantidade média da ingestão de flavonol entre os adultos dos Estados Unidos é de cerca de 16 a 20 mg/dia. Os participantes com maior ingestão de kaempferol tiveram um declínio cognitivo 32% mais lento do que os participantes com menor ingestão. Aqueles com maior ingestão de quercetina tiveram uma taxa 30% mais lenta. Aqueles com maior ingestão de miricetina apresentaram uma taxa 31% mais lenta.

No lado oposto da conexão entre os alimentos e o cérebro, um estudo recente descobriu que uma alimentação rica em alimentos ultraprocessados aumenta o risco de demência. Os pesquisadores analisaram o consumo de alimentos ultraprocessados em mais de 70 mil pessoas sem demência ao início do estudo (média de idade de 61,6 anos). Em mais de 10 anos de acompanhamento, houve evolução para as seguintes doenças:
  • Demência: 518 participantes
  • Doença de Alzheimer: 287 participantes
  • Demência vascular: 119 participantes
  • Demência não especificada: 112 participantes

No grupo de menor consumo, os alimentos ultraprocessados representaram 9% da alimentação diária (média de 225 g/dia). No grupo de maior consumo, os produtos ultraprocessados representaram 28% da alimentação diária (814 g/dia). Em comparação aos que consumiram a menor quantidade de alimentos ultraprocessados, o risco de demência entre os que consumiram mais aumentou 50% (razão de risco de 1,51; intervalo de confiança, IC, de 95%, de 1,16 a 1,96; p < 0,001). O risco de ter demência vascular mais que dobrou (razão de risco de 2,19; IC 95%, de 1,21 a 3,96; p < 0,01).

As bebidas foram os principais fatores de contribuição para o consumo de alimentos ultraprocessados, representando 34%, seguidas de produtos adoçados (21%), laticínios (17%) e salgadinhos (11%). Os pesquisadores determinaram que se uma pessoa substituir 10% dos alimentos ultraprocessados que habitualmente consome por alimentos não processados ou muito pouco processados, isso resultaria em um risco 19% menor de demência por qualquer causa (razão de risco de 0,81; IC 95%, de 0,74 a 0,89; p < 0,001) e em um risco 22% menor de demência vascular (razão de risco de 0,78; IC 95%, de 0,65 a 0,94; p < 0,01).

Talvez os oxicocos sejam bons substitutos, já que um estudo recente revelou que podem melhorar a memória e a função cerebral em adultos saudáveis de meia-idade e idosos, além de reduzir a lipoproteína de baixa densidade do colesterol.  

Os resultados de um estudo randomizado controlado por placebo com adultos entre 50 e 80 anos de idade mostraram que o consumo de oxicocos liofilizados e congelados — equivalente a uma xícara de oxicocos frescos — por 12 semanas foi associado à melhora da memória episódica. 

O aumento da perfusão regional foi observado no córtex entorrinal direito, na área dos núcleos accumbens e caudado dos pacientes que consumiram oxicoco. Isso foi acompanhado por uma melhora significativa da memória visual. 

No entanto, a intervenção com oxicocos não melhorou outros domínios neurocognitivos, como a memória de trabalho e o funcionamento executivo.

Mesmo algumas gorduras alimentares podem melhorar a função cognitiva dos idosos. Um estudo do início de 2022 descobriu que a ingestão alimentar de ácidos graxos poli-insaturados, particularmente o ômega 6, pode ser benéfica. A análise utilizou dados combinados dos ciclos de 2011-2012 e 2013-2014 da National Health and Nutrition Examination Survey dos EUA. 

Para avaliar a função cognitiva, os pesquisadores usaram a pontuação total e tardia do Consortium to Establish a Registry for Alzheimer's Disease, o teste de fluência animal e o teste de substituição de dígitos por símbolos.

O estudo foi feito com 2.253 adultos com 60 anos de idade ou mais (média de idade de 69,4 anos) e 51% brancos não hispânicos. Após o ajuste por vários fatores, a ingestão alimentar de ácidos graxos poli-insaturados e ácido graxo ômega 6 foi positivamente associada com o teste de substituição de dígitos por símbolos. 

A pontuação do teste de substituição de dígitos por símbolos aumentou cerca de 0,06 desvios padrão (cerca de 1 ponto) para cada desvio padrão de aumento dos ácidos graxos (8,8 g/dia para os ácidos graxos poli-insaturados e 7,9 g/dia para o ômega 6; os valores de p foram 0,02 para os ácidos graxos poli-insaturados e 0,01 para o ômega 6). A pontuação de fluência animal aumentou cerca de 0,05 desvio padrão (cerca de 0,3 pontos) a cada aumento de um desvio padrão (1,1 g/dia) da ingestão alimentar de ômega 3. Embora sejam necessárias mais pesquisas, os especialistas enfatizaram a importância de equilibrar a ingestão de gordura.

Com oxicocos, alimentos contendo flavonol e certas gorduras alimentares potencialmente ajudando, e alimentos ultraprocessados possivelmente prejudicando, o impacto da alimentação na cognição é de interesse para quem tenta retardar o declínio da cognição. À medida que mais evidências se tornarem disponíveis, quase certamente serão "ingeridas" rapidamente, como o foram essa semana.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Dietas restritivas funcionam ?

As dietas restritivas fazem parte da vida de uma boa parte das pessoas que, há anos, lutam contra a balança, principalmente daquelas que NÃO buscam o acompanhamento profissional por não entenderem ainda a complexidade do processo de emagrecimento.

Mas será que as dietas restritivas realmente funcionam?

Para a maioria das pessoas, NÃO! E isso fica ainda mais nítido na prática clínica, em que é visível que os pacientes que procuram estratégias altamente restritivas por conta própria, emagrecem em um primeiro momento, mas reganham todo o peso e um pouco mais depois de um certo período.

No entanto, o que poucos sabem e não dão a real importância, é que cada vez que esse efeito sanfona ocorre com uma dieta restritiva, o indivíduo perde GORDURA e MASSA MUSCULAR. Mas ao recuperar o peso, o reganho vem quase que na totalidade na forma de GORDURA CORPORAL, fazendo com que a próxima tentativa de emagrecimento seja ainda mais difícil!

Sendo assim, o ideal é que você NÃO tenha pressa e saiba que da mesma forma que levou muito tempo para ganhar peso, você NÃO conseguirá perder tudo do dia para a noite.

A adesão a estratégia nutricional e a manutenção dos resultados alcançados são os pontos mais importantes do emagrecimento. Por isso, não hesite em agendar uma consulta com um nutricionista para te auxiliar.

Autor: 
Rodrigo Lamonier - Nutricionista e Profissional da Educação física
Revisores: 
Dr, Frederico Lobo - Médico Nutrólogo - CRM 13192 - RQE 11915
Márcio José de Souza - Profissional de Educação física e Graduando em Nutrição. 

sábado, 10 de dezembro de 2022

Dicas para não perder a linha no fim de ano


O texto abaixo, foi postado pelo Dr. Bruno Halpern em seu instagram na semana passada. Como final de ano é uma época “problemática” para alguns, resolvi compartilhar aqui as dicas por ele dadas. 

Acrescento a seguinte dica: marque consulta com um médico nutrólogo logo em Janeiro, para verificar como está sua alimentação, hábitos de vida e realizar exames (caso tenha indicação clínica).

Att

Dr. Frederico Lobo



Dicas para não perder o foco em Dezembro

Dezembro começou e embora seja uma época alegre, muitos em tratamento de obesidade ou sobrepeso tem medo do que os excessos podem fazer. Assim, claro que festas e confraternizações devem ser momentos de alegria e não de preocupação, mas alguns cuidados devem ser tomados e vou postar algumas dicas, no estilo "Faça/Não Faça" como estratégias possivelmente úteis para aproveitar ao máximo esses eventos (adaptei de recomendações da Academia de Nutrição Canadense). 

👉Essas recomendações valem para pessoas que tem dificuldade em manter o peso, ou que perderam bastante peso. Para pessoas que estão contentes com seu peso, sem que para isso precisem de grandes esforços, estas dicas são bem menos importantes.

👉Infelizmente, pessoas que perderam peso devem tomar cuidado com períodos de grande oferta de alimentos, pois vários estudos já mostraram que a recuperação de peso ocorre em escadinha (isto é, num período de excessos eu ganho alguns quilos e não volto a perder e assim sucessivamente).

A) Não faça: seguir regras estritas (como negar a si mesmo alimentos que você gosta muito)

Faça: Se permita comer aquilo que você gosta e que come somente nessa época. Porém, pegue quantidades pequenas e coma devagar - cientistas já demonstraram que o prazer é maior nas primeiras porções, e quantidades pequenas podem ser suficientes para matar a vontade.

B) Não faça: se render aos "sabotadores" - evite aceitar repetir o prato ou a sobremesa só para agradar o anfitirão - isso pode levar a um círculo vicioso, em que você come mais e mais 

Faça: Aprenda a dizer não. Respostas simples como: "Estava delicioso, mas estou satisfeito", é muitas vezes suficiente.

C) Não faça: beliscar ao redor da mesa. É fácil comer muito se você fica próximo de uma mesa de buffet, principalmente se você chega com fome. 

Faça: Se planeje. Antes de ir para a festa, decida quantas entradas vai comer, se vai repetir o prato e a sobremesa. Se corre o risco de você chegar com muita fome, faça um lanche rico em proteína antes de sair.

D)  Não faça: não se preocupar com as bebidas alcoólicas, Não significa que você não pode beber nada. Apenas lembre que coquetéis (principalmente doces, com açúcar) podem aumentar muito as calorias do dia, sem dar saciedade. Além disso, quanto mais beber, maior a chance de exagerar no que come.  

Faça: Se limite a um drink por hora e decida antecipadamente um limite. Um bom jeito de se controlar é evitar que sirvam enquanto o copo ainda não está vazio.

E) Não faça: se esquecer dos perigos do escritório. Nessa época do ano é fácil se perder em bolos, trufas, chocolates, etc, que podem facilmente aumentar seu consumo em 400 kcal por dia

Faça: No mês de dezembro, mantenha um diário alimentar, para se planejar.  

F) Não faça: Se esquecer dos exercícios. Muitos compromissos nos fazem achar que não temos tempo para nos exercitar. 

Faça: Não tem tempo para 45-60 min? Sem problemas. Melhor fazer 15 minutos do que nada. Esse pouquinho já ajuda e aumenta a chance de você fazer escolhas melhores na festa.  

G) Não faça: Ficar com medo de se pesar ao voltar de férias e "esperar emagrecer" até voltar a se pesar. A chance de você perder o fio da meada é enorme.

Faça: Mesmo que saiba que engordou, se pese, pois assim você saberá exatamente qual será sua tarefa. Comece ativamente o processo de perda e não deixe para depois. 

Volto a lembrar que são apenas dicas, e algumas podem ser mais relevantes para alguns, ou não ser tão importantes para outros.

A idéia geral é que todos aproveitem momentos de confraternização e festas, mas com consciência. Há pessoas que não precisam se preocupar com o peso, e nesse caso, essas dicas não servem para muita coisa. 

O meu foco é principalmente para pessoas que já perderam muito peso e tem dificuldade em mantê-lo, ou que sabem que engordam com facilidade e correm risco de engordar ao longo da vida de pouco em pouco.

Autor: Dr. Bruno Halpern - Médico Endocrinologista