quinta-feira, 28 de julho de 2016
A Nutrigenômica, a Nutrigenética e a Epigenética como meios para alcançar o potencial da nutrição, manter a saúde e prevenir doenças
A nutrição moderna centra-se na prevenção de doenças e manutenção da saúde. Entender como os diferentes meios de interação entre genes e dieta podem contribuir para alcançarmos este objetivo torna-se de fundamental importância. Este é um tema complexo, porém fascinante, sobre o qual ainda pouco conhecemos, mas que muito interesse tem despertado no mundo da Ciência.
As evidências sobre as interações entre genes e dieta são conhecidas pelos exemplos clássicos da intolerância à lactose e fenilcetonúria. No primeiro caso, foram descritas mutações no gene da lactase, uma enzima de secreção intestinal que catalisa a hidrólise da lactose em glicose e galactose. Estas alterações genéticas encontram-se associadas à incapacidade de digestão do leite e de seus derivados. No caso da fenilcetonúria, a deficiência genética da enzima fenilalanina-hidroxilase é responsável por debilidade mental e convulsões. Contudo, uma dieta pobre em fenilalanina pode diminuir os efeitos cerebrais da deficiência desta enzima. Entretanto, as possibilidades de interação aumentaram consideravelmente com os novos conceitos introduzidos, que precisam ser bem esclarecidos para um verdadeiro entendimento.
Vamos começar revendo o conceito de GENOMA: o conjunto de todas as moléculas de DNA de um determinado ser vivo. Nestas moléculas encontram-se os genes, que guardam as informações para a produção de todas as proteínas que caracterizam os seres.
Os primeiros relatórios do projeto de sequenciação do genoma humano foram publicados em 2001 nas revistas Nature e Science. Os trabalhos de pesquisa que eram até então realizados com apenas alguns genes ou proteínas, candidatos a estarem envolvidos em processos fisiológicos ou patológicos, passaram a avaliar dezenas de milhares de alvos, recorrendo a microchips ou a outras estratégias de análise de dados em larga escala. A relação entre nutrição, genética e genoma foram sendo cada vez mais evidenciadas.
A NUTRIGENÔMICA (ou Genômica Nutricional) surgiu neste contexto, estudando como alimentos, nutrientes e outros compostos bioativos ingeridos influenciam o genoma.
A Nutrigenômica pode ser subdivida em áreas específicas como PROTEÔMICA, METABOLÔMICA E TRANSCRIPTÔMICA, complementares entre si: alterações no RNA mensageiro (transcriptômica) e as proteínas correspondentes (proteômica) controlam o transporte de determinados nutrientes e metabólitos (metabolômica) no caminho bioquímico.
A capacidade das técnicas de Nutrigenômica para reunir informações detalhadas abriu novas possibilidades para explorar as sutis diferenças entre pessoas (que, a princípio, parecem muito semelhantes). Subgrupos dentro de uma população heterogênea podem responder de maneira diferente a uma intervenção dietética (como por exemplo, o consumo de um produto alimentício). Será possível no futuro identificar quais os grupos que se beneficiam (ou não) com o consumo de determinado produto.
Portanto, a Nutrigenômica permite estudar ao longo do tempo a influência da dieta na estrutura e expressão dos genes, favorecendo condições de saúde ou de doença.
Os estudiosos de Nutrigenômica têm que relacionar dados genéticos de indivíduos saudáveis ou doentes com a sua dieta para alcançarem as conclusões sobre as interferências da dieta na estrutura e expressão genética.
É importante entender bem a diferença entre Nutrigenômica e NUTRIGENÉTICA.
Não é difícil de se observar que os benefícios e malefícios da ingestão dos alimentos não são iguais para todo mundo. Ou seja, o grau de influência da dieta na saúde pode depender da constituição genética. A própria escolha dos alimentos e o apetite certamente são influenciados pela constituição genética. Sabe-se, de fato, que as necessidades de alimentos, nutrientes e compostos bioativos variam de um indivíduo para o outro (particularmente devido aos molimorfirmos gênicos, principalmente os de nucleotídeo único – em inglês, single nucleotide polymorphism ou SNP, pronunciando-se snips) e influenciam o risco individual de doenças ao longo da vida.
A Nutrigenética estuda como a constituição genética de uma pessoa afeta sua resposta à dieta.
Vislumbra-se que os avanços tanto da Nutrigenômica como da Nutrigenética serão de fundamental importância para o estabelecimento de intervenções dietéticas personalizadas, com o objetivo de se reduzir o risco de doenças e promover a saúde.
As bases conceituais destas pesquisas, de acordo com Kaput e Rodriguez (Physiol Genomics 16: 166–177, 2004), podem ser assim resumidas:
1 – Os componentes da dieta comum atuam no genoma humano, direta ou indiretamente, alterando a expressão ou estrutura gênica.
2 – Sob certas circunstâncias, e em alguns indivíduos, a dieta pode ser um fator de risco sério para algumas doenças.
3 – Alguns genes regulados pela dieta (e suas variantes normais) provavelmente desempenham um papel no início, na incidência, na progressão e/ou na severidade de doenças crônicas.
4 – O grau pelo qual a dieta influencia o balanço entre os estados de saúde e a doença pode depender do componente genético individual.
5 – Intervenções dietéticas, baseadas no conhecimento do requerimento nutricional, do estado nutricional e do genótipo (isto é, nutrição individualizada), podem ser usadas para prevenir, atenuar ou curar doenças crônicas.
Temos ainda o conceito de EPIGENÉTICA a ser compreendido neste contexto. Definida como o estudo das mudanças na atividade do gene que não envolvam alterações na sequência do DNA, a Epigenética está recebendo cada vez mais atenção.
Fenômeno Epigenético: qualquer actividade reguladora de genes que não envolve mudanças na sequência do DNA (código genético) e que pode persistir por uma ou mais gerações.
A maioria das mudanças epigenéticas ocorrem em momentos específicos da vida de um ser humano, desde a fase intra-uterina, passando pelo desenvolvimento do recém-nascido, em seguida pela puberdade e na terceira idade. Envolvem modificações moleculares do DNA, como a metilação do DNA e a acetilação de histonas (proteínas nas quais o DNA se enovela), e como tal, tem implicações no que se refere ao risco de doenças, tais como o câncer, obesidade e diabetes mellitus. Inclusive, a Epigenética teve início na década de 90 do século passado, quando foi observado que a metilação do gene de supressão tumoral p16 favorecia a ocorrência de determinados tumores e, tratando as moléculas de DNA com agentes desmetilantes, o gene voltava a ter a sua atividade de repressão tumoral. Veja que modificar o epigenoma para prevenção de doenças é particularmente estimulante, pois as alterações epigenéticas são potencialmente reversíveis, ao contrário das mutações dos genes.
O termo “programação” (programming) foi cunhado para se referir às modificações permanentes na estrutura, fisiologia ou metabolismo de um órgão, favorecendo a manifestação de doenças ao longo da vida, devido a estímulos ou agravos durante um período crítico de desenvolvimento, como na vida intrauterina (fetal programming). Vários estudos estão em andamento, como o “Newborn Epigenetics Study” (NEST), um estudo prospectivo envolvendo mulheres e seus filhos, que está investigando como as diferenças no perfil epigenético global estão relacionadas a uma série de fatores, como a dieta materna e o uso de suplementos vitamínicos e minerais. Os dados iniciais deste estudo foram recentemente publicados no BMC Public Health (2011, 11:46).
A nutrição materna, tendo um papel essencial em relação à ocorrência de alterações epigenéticas que favorecem a ocorrência de doenças na fase adulta, merece toda a atenção: deve ser adequada em calorias, gorduras, proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais, seguindo-se as recomendações vigentes, para diminuição do risco de ocorrência de doenças no novo ser em formação.
Importante: certos fatores dietéticos podem afetar a estrutura do DNA (sem alterar a sequência dos genes), causando alterações epigenéticas que favorecem a ocorrência de doenças.
A compreensão do mecanismos nutrigenômicos, nutrigenéticos e epigenéticos são necessários para se compreender a variabilidade dos requerimentos nutricionais dos seres humanos e para se desenvolver biomarcadores eficazes, bem como para se determinar a disposição individual e a “programação” de um organismo para a ocorrência de determinadas doenças. Este conceito se aplica não somente aos estudos sobre dieta e alimentação, mas se estende às pesquisas da indústria farmacêutica.
No que se refere à indústria de alimentos, estes conhecimentos terão, sem dúvida, seu papel na alimentação personalizada, principalmente como um componente que colaborará para um padrão alimentar cada vez mais saudável. O desenvolvimento de alegações de saúde e nutrição (“claims”) para alimentos/suplementos passarão a ser direcionados a grupos específicos da população.
Em relação à nutrição personalizada, especificamente, embora a compreensão de como a nutrição afeta a expressão do gene seja importante (nutrigenômica), estamos apenas no começo da criação de um mapa detalhado da interação genes x dieta. Mesmo que a coleta de dados esteja se tornando mais fácil, ainda existem grandes desafios de como analisar e interpretar estes dados. A evolução tecnológica está acontecendo tão rapidamente que já se fala agora em análise dos genomas pessoais. Entretanto, ainda estamos há uma certa distância de compreensão da amplitude de impacto destas informações.
A integração da genômica (expressão), genética (predisposição) e epigenética (programação ou impressão) é uma “ciência emergente”, já que as ferramentas de análise do genoma ainda estão apenas começando a amadurecer, porém promissora, trazendo-nos enormes desafios.
Bibliografia consultada:
1- Nutrition Reviews. Vol. 68, Supplement 1, Pages S38–S47.
2 – Cancer Prev. Res. 2010, Vol. 3, pp. 1505-8
3 – Newborn Epigenetics STudy (NEST)
http://utmext01a.mdacc.tmc.edu/dept/prot/clinicaltrialswp.nsf/Index/2007-0845
4- BMC Public Health (2011, 11:46) http://www.biomedcentral.com/1471-2458/11/46
5 – Nutraingredients.com
Fonte: http://abran.org.br/para-publico/a-nutrigenomica-a-nutrigenetica-e-a-epigenetica-como-meios-para-alcancar-o-potencial-da-nutricao-manter-a-saude-e-prevenir-doencas/
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Dr. Frederico Lobo
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terça-feira, 26 de julho de 2016
A Geração Testosterona - Sobre os perigos da Reposição Hormonal indiscriminada
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Dr. Frederico Lobo
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Pareceres de Sociedades médicas contra Terapia de Modulação hormonal ou uso de "hormônios bioidênticos"
Você pode acreditar na conversa de médicos que tentam te convencer que o uso de terapias com implantes hormonais, hormônios bioidênticos manipulados ou que a reposição hormonal para combater o envelhecimento são tratamentos seguros. Você é livre para acreditar no que quiser. Mas eu prefiro acreditar nos pareceres oficiais das organizações abaixo.
A ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, órgão federal ligado ao Ministério da Saúde. Não utiliza o termo "Hormônio Bioidêntico" em suas legislações de registro de medicamentos.
Entre as diferentes técnicas para deter o envelhecimento, a principal crítica do CFM se detém sobre a reposição hormonal, pois, de acordo com o CFM, a adoção destes métodos não gerou, até o momento, resultados confirmados por estudos científicos em grandes grupos populacionais ou de longa duração.
- Faltam evidências para suportar as alegações sobre as vantagens dos hormônios bioidênticos manipulados sobre os hormônios convencionais nas terapias da menopausa.
- Hormônios manipulados trazem riscos para a saúde. Essas preparações possuem pureza e potência variada e faltam dados sobre sua segurança e eficácia.
- Devido a biodisponibilidade e bioatividade variáveis, tanto a sub-dosagem como a superdosagem são possíveis.
- Com base nos dados disponíveis as terapias com hormônios convencionais são preferenciais às terapias com hormônios manipulados.
A Sociedade Norte Americana da Menopausa tem alertado as mulheres sobre os riscos potenciais com os hormônios manipulados utilizados nas terapias com hormônios. E suporta o parecer do FDA e de outras organizações científicas que não recomendam o uso dessas substâncias.
TRH no esporte profissional é considerado dopping. Raras exceções são tratadas caso a caso, e somente se for comprovada a necessidade clínica do hormônio para tratamento de doenças que o atleta possua.
Os planos de saúde não dão cobertura para as terapias com hormônios para fins estéticos ou para tratamentos anti-envelhecimentos.
Os planos de saúde restringem sistematicamente estes tratamentos. Um exemplo é a AETNA, uma das maiores operadoras de planos de saúde americana. Nas suas políticas está descrito: "Foram demonstradas que as formulações de estradiol em implantes hormonais produzem concentrações variáveis e imprevisíveis de estrogênio, e não são aprovadas pelo FDA".
Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante,
mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.
Bertold Brecht
Nós colocamos à sua disposição as nossas fontes diretas de referência, em formato PDF, para quem quiser olhar, imprimir e analisar.
Agora cabe a você acreditar nessas pesquisas sérias ou cair na conversa fiada dos "negociantes de medicina" e suas clínicas luxuosas que tentam te convencer através de anúncios na TV, revistas de estética, websites, facebook, youtube e tantas outras ferramentas de marketing que as suas terapias absurdas a base de hormônios são seguras.
- ACOG American College of Obstetricians and Gynecologists - Committee Opinion - August 2012
- U.S. Food and Drug Administration. Myths and Facts - April 2008.
- U.S. Food and Drug Administration. Special Risks of Pharmacy Compounding
- Menopause.org - U.S. Government Approved Drugs for Menopause
- Parecer do Conselho Federal de Medicina CFM
- Parecer do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará - CREMEC
- Hormônios Promessas e Realidades - Hospital Albert Einstein
- Reportagem da Revista Veja
- Editorial da SBEM - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
- Resposta da ANVISA ao nosso questionamento
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Dr. Frederico Lobo
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sábado, 16 de julho de 2016
ATENÇÃO: Nutrólogos ou endocrinologistas não prescrevem Anabolizantes para fins estéticos
Os riscos do uso não médico (Handelsman, 2006) de esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) é um tema recorrente em artigos científicos, jornais e revistas especializadas. No momento está ganhando notoriedade na mídia pois alguns médicos "instituíram" por conta própria a prescrição para fins estéticos.
Esse consumo tem sido relacionado a homens e mulheres jovens de variadas camadas sociais e padrões econômicos, que buscam obter rapidamente a musculosidade (hipertrofia e definição muscular) e a melhora do desempenho físico (efeito ergogênico).
Indubitavelmente, com a forte demanda, a fiscalização frouxa e com altos lucros falando mais altos, médicos turbinam os resultados graças a uma roleta-russa química na qual se destaca o abuso dos EAA.
A insatisfação com a imagem corporal tem sido descrita como uma das causas do abuso de EAA, exercendo considerável influência na motivação de homens jovens, que buscam um ideal de musculosidade, tomando por base modelos de corpo masculino sugeridos pela mídia, particularmente em publicações especializadas. É claramente um transtorno psiquiátrico. Vemos uma ascensão dos transtornos alimentares (Bulimia, anorexia, transtorno da compulsão alimentar periódica, vigorexia, ortorexia). A crença de que corpo bonito é um corpo sarado ou bombado, na maioria das vezes irreais pelos métodos convencionais, ou seja, quase sempre "esculpido por EAA", acaba sendo gatilho para esses transtornos alimentares e uso de EAA (com seus efeitos adversos).
Os danos provocados pelo uso indiscriminado de EAA são apontados em vários estudos (Bispo et al., 2009; Samaha et al., 2008; McCabe et al., 2007; Graham et al., 2006;).
Complicações funcionais cardíacas e hepáticas, bem como diversos tipos de câncer que podem levar à morte estão entre os efeitos adversos mencionados com maior frequência, seguidos de alterações psíquicas e comportamentais de indivíduos que abusaram de doses de EAA, envolvendo, em alguns casos, episódios de agressão e violência interpessoal (Thiblin, Pärklo, 2002).
Portanto, sob esta ótica, o consumo de substâncias ergogênicas, seja no âmbito esportivo ou amador, não é recomendado, por não compensarem os danos que traz para os indivíduos saudáveis. O uso de EAA é reservados para casos específicos. A indicação mais precisa da terapia com EAA é quando a função endócrina dos testículos está deficiente. As principais indicações são:
- Hipogonadismo
- Caquexia: seja por HIV, Câncer, Doença pulmonar obstrutiva crônica, Miastenia gravis,
- Para o tratamento de anemias causadas pela produção deficiente de eritrócitos; anemia aplástica congênita, anemia aplástica adquirida, a mielofibrose e as anemias hipoplásticas;
- Insuficiência renal cursando com desnutrição, sarcopenia e caquexia
- Sarcopenia
- Angioedema hereditário
- Grandes queimados
- Puberdade tardia
De acordo com a portaria Nº 344 de 12 de maio de 1998(DOU de 1/2/99), atualizada pela resolução RDC nº 18/2015 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, os esteróides anabolizantes são os seguintes:
É importante salientar que NENHUM Nutrólogo, Endocrinologista, Médico do Esporte ou qualquer médico tem aval do Conselho Federal de Medicina e respectivas sociedades médicas para prescrever anabolizantes com finalidade estética ou efeito ergogênico. O uso deve ser reservado para doenças. Prescrição para outros fins não é ensinado nas residências ou pós-graduações de Nutrologia ou Endocrinologia. Portanto se o seu médico te prescreveu com essa finalidade, ele cometeu uma infração ética, podendo receber processo ético-profissional pelo Conselho Regional de Medicina.
#AnabolizantesSoParaDoentes
#AnabolizantesParaFinsEsteticos
#BombaTôFora
Vamos para as comprovações LEGAIS dessa proibição:
1) Antes de PROIBIÇÃO por parte do CFM, existe desde 2000 uma Lei federal na qual obriga as farmácias a reterem por 5 anos as receitas de anabolizantes. "A receita de que trata este artigo deverá conter a identificação do profissional, o número de registro no respectivo conselho profissional (CRM ou CRO), o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e telefone profissionais, além do nome, do endereço do paciente e do número do Código Internacional de Doenças (CID), devendo a mesma ficar retida no estabelecimento farmacêutico por cinco anos." Portanto se necessita de CID, subentende-se perante a justiça que a finalidade não é estética e sim em decorrência de alguma doença. Link para a lei: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9965.htm
A lei é confirmada na Cartilha para prescrição, elaborada pelo CFM: http://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/cartilhaprescrimed2012.pdf
Como nesse caso há uma quebra do sigilo médico (pois informará a doença do paciente através do número do CID 10) recomenda-se, embora seja dever legal, que o médico obtenha autorização por escrito do paciente para divulgar o diagnóstico.
2) Resolução CFM Nº 1.999/2012 que trata sobre a
"A falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento."
"CONSIDERANDO que é vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda
não aceita pela comunidade científica;"
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária realizada em 27 de setembro de
2012,
"RESOLVE:
Art. 1º A reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada, de acordo com a existência de nexo causal entre a deficiência e o quadro clínico, ou de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados."
Portanto, de acordo com o CFM, se não há déficit de um hormônio, com comprovação laboratorial e quadro clínico, esse hormônio não deve ser prescrito. Ou seja, finalidade estética é proibida pelo Conselho Federal de medicina. Link para a resolução: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf
3) Parecer do CFM sobre Modulação hormonal bioidêntica e fisiologia do envelhecimento. Link para o parecer: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/2012/29_2012.pdf
4) Parecer do CFM sobre Prescrição de anabolizantes e hormônio de crescimento para
ganho de massa muscular em atletas. Link para o parecer: http://old.cremerj.org.br/anexos/ANEXO_PARECER_CFM_19.pdf
Autores:
Dr. Frederico Lobo (Médico de Goiânia - GO) @drfredericolobo
Dra. Natalia Jatene (Endocrinologista de Goiânia - GO) @dra.nataliajatene
Dr. Ricardo Martins Borges (Nutrólogo de Ribeirão Preto – SP, mestre em medicina pela FMRP – USP) @clinicaricardoborges,
Dra. Tatiana Abrão (Endocrinologista e Nutróloga de Sorocaba – SP) @tatianaabrao,
Dr. Daniella Costa (Nutróloga de Uberlândia – MG) @dradaniellacosta,
Dr. Mateus Severo (Endocrinologista de Santa Maria – RS, Mestre em Ciências Médicas – Endocrinologia pela UFRGS e doutorando em Ciências médicas – Endocrinologia pela UFRGS) @drmateusendocrino,
Dr. Pedro Paulo Prudente (Médico do esporte e Acupunturista em Goiânia - GO) @vivamelhorsemdor
Dra. Patrícia Salles (Endocrinologista de São Paulo – SP, mestre em Endocrinologia pela FMUSP), @endoclinicdoctors,
Dra. Camila Bandeira (Endocrinologista de Manaus – AM) @endoclinicdoctors,
Dra. Flávia Tortul (Endocrinologista de Campo Grande – MS) @flaviatortul,
Dr. Reinaldo Nunes (Endocrinologista e Nutrólogo de Campos – RJ, mestre em endocrinologia pela UFRJ) @drreinaldonunes.
Bibliografia:
Bispo, M. et al. Anabolic steroid-induced cardiomyopathy underlying acute liver failure in a young bodybuilder. World J. Gastroenterol., v.15, n.23, p.2920-2, 2009.
Graham, M.R. et al. Homocysteine induced cardiovascular events: a consequence of long term anabolic androgenic steroid (AAS) abuse. Br. J. Sports Med., v.40, n.7, p.644-8, 2006.
Handelsman, D.J. Testosterone: use, misuse and abuse. Med. J. Aust., v.185, n.8, p.436-9, 2006.
McCabe, S.E. et al. Trends in non-medical use of anabolic steroids by U.S. college students: results from four national surveys. Drug Alcohol Depend., v.90, n.2-3, p.243- 51, 2007.
Samaha, A.A. et al. Multi-organ damage induced by anabolic steroid supplements: a case report and literature review. J. Med. Case Rep., v.2, n.340, 2008. Disponível em: www.jmedicalcasereports.com/content/2/1/340>
Thiblin, I.; Pärklo, T. Anabolic androgenic steroids and violence. Acta Psychiatr. Scand., v.106, suppl. 412, p.125-8, 2002.
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Dr. Frederico Lobo
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quarta-feira, 29 de junho de 2016
Vai começar a fazer musculação? Saiba o básico sobre o treinamento de força - Por Profº.Mdo. Marcelo Henrique Silva
Treinamento de força: Como proceder?
O
treinamento resistido é um método essencial nos programas de treinamento para
diversos fins e níveis de aptidão física. É considerado seguro para todas as
faixas etárias, saudáveis, atletas ou até mesmo portadores de doenças crônicas.
Inúmeras
variáveis devem ser consideradas na montagem do programa de treinamento
resistido como: número de séries e repetições, intervalo entre séries e
exercício, cadência, ordem dos exercícios, frequência semanal, amplitude de
movimento, intensidade dentre outros. No entanto, ainda não se tem uma
compreensão adequada de quais variações seriam mais eficientes ou da melhor
forma de emprega-las
·
Número
de Repetições
A relação entre margem de
repetições e peso utilizado são muito comuns nos estudos em ciências do esporte
Porém a relação entre % de RM e rep em gráficos e equações de predição são
baseadas em se assumir uma improvável linearidade que não condiz com a realidade.
(Kraemer et al., 2004) (Pekunlu e Atalag, 2013) estudos tem demostrado um alto grau
de variabilidade em relação a RM e %-1RM (Salvador, 2005; Shimano et al., 2006) e ao deixar de lado a capacidade de
endurance muscular e realizar a prescrição da margem de repetições apenas por %
de RM pode ser uma forma de subestimar ou superestimar um indivíduo (ERRO FREQUENTE EM SE PRESCREVER TREINO DA SEGUINTE FORMA –“
FAÇA 3 séries DE 12 8 com 80% de 1RM) (Pekunlu e Atalag, 2013). Uma maneira de se avaliar e definir a
intensidade de um treinamento é a execução de repetições até a falha voluntária
com um determinado % de 1 RM. (Treinar até a falha é a
forma mais correta de se avaliar e ter noção de verdade do que é intensidade
máxima de treino e partindo daí sabermos a margem de repetições por peso)
·
Intervalo
entre as séries
Intervalo
de descanso é apenas uma das diversas variáveis possíveis de se manipular dentro
do treinamento de força (Evangelista et al., 2011); (Rodrigues et al., 2010); (Miranda et al., 2010), existem
pesquisas que apresentam esta variável como um importante preditor das
respostas neuromusculares e metabólicas ao treinamento resistido (Martorelli et al., 2015) podendo afetar tanto nas respostas
agudas quanto nas respostas crônicas (De Salles et al., 2009), sendo o descanso
um fator influente na intensidade do treino (Boroujerdi e Rahimi, 2008).
(Desta forma o descanso entre as séries deve ser controlado, deve
ser manipulado – como dito anteriormente quando é necessário aumentar a
intensidade do treino por exemplo sem que se aumente o número de repetições ou
peso basta reduzir o intervalo de descanso)
Em resumo: intervalos
mais curtos de exercícios podem ser usados para as alterações nas taxas
hormonais nas primeiras horas de pós-exercício, especialmente no que tange à
elevação de GH e de cortisol. Intervalos curtos, entre 30 segundos e 1 minuto
aprecem ser requeridos para que haja um aumento significativo nos níveis de GH
quando comparado a outros intervalos de descanso além do que intervalos menores
que 2 minutos também apresentam elevação considerável de cortisol
proporcionando uma redução na relação testosterona/cortisol (Henselmans e Schoenfeld, 2014).
·
Frequência
semanal
(Difrancisco-Donoghue et al., 2007), além de reduzirem a frequência
semanal reduziram também o volume da sessão de treino para apenas uma série pra
cada exercício executadas até a falha concêntrica comparando 1 com 2 vezes por
semana em 18 idosos (7 mulheres e 11 homens) e duração de 9 semanas. Os autores
entraram benefícios para ambos os grupos com semelhantes ganhos para uma ou
duas vezes por semana mostrando grande aspecto positivo por também ser um
grande tempo-eficiente
(Para os que não possuem possibilidade de treinar mais de 3 – 4
vezes por semana certamente este não seria o melhor protocolo para alta
performance ou atletas, mas este não é o caso. Treinar 2x por semana por
exemplo aproximadamente 20 minutos por sessão – 40 minutos por semana—pode-se
colher bons frutos)
·
Número
de séries
Alguns estudos tem
demonstrado que séries simples são menos efetivas para pessoas treinadas que
séries múltiplas (Rhea, Alvar, Ball, et al., 2002; Rhea, Alvar e
Burkett, 2002);(Peterson et al., 2005). Revisões
recentes sugerem que haja similares acréscimos em força e hipertrofia quando
comparamos séries simples e séries múltiplas no treinamento propondo então que
a intensidade do esforço tenha maior relevância para a adaptação muscular (Fisher et al., 2011; Fisher et al., 2016) não havendo ainda um consenso de
qual seria um volume ótimo, mais adequado para prescrição do treinamento de
força (Marshall et al., 2011)
(Carpinelli e Otto, 1998) ao realizar a revisão sistemática de
35 artigos e concluíram que séries simples ou múltiplas apresentaram resultados
semelhantes para aumentos de força e
hipertrofia muscular não havendo base ou fundamento que justifiquem séries
múltiplas quando os objetivos são aumento de força ou hipertrofia muscular
independente de gênero, idade, grupamento muscular exercitado e nível de
treinamento
·
Seleção
de exercícios:
Ordem dos exercícios; uma
variável essencial para o treinamento resistido (Romano et al., 2013), não deve ser em
detrimento do tamanho muscular ou número de articulações envolvidas, mas sim na
necessidade individual ou nos padrões de movimento mais requeridos (Simao et al., 2012)), mas não mostra
como diferentes sequências de exercícios podem interferir no número total de
repetições completas em múltiplas séries e em cada exercício individualmente.
Tanto o desempenho em
número de repetições quanto o volume do treino são maiores quando o exercício
em questão é colocado primeiro, independente se o mesmo é uni ou multiarticular
ou qual o grupamento em questão (Simao et al., 2012).
·
Temos
ainda: combinação com outras atividades, Velocidade de execução
Devemos lembrar de
algumas coisas:
·
Músculo não sabe contar (então não ache
que 3 repetições aumentam força e 20 a resistência)
·
Músculo não tem olho (então não ache que a
quantidade de peso que você levanta é um fator exclusivo para aumento ou não do
aumento de força ou hipertrofia) pois tanto 30% quanto 90% de 1RM apresentam
hipertrofia semelhante.
·
Apenas uma série até a exaustão, 2 vezes por
semana sem executar exercícios isolados é capaz de promover hipertrofia – pode
sim e promove conforme já comprovado) – Alguns vão dizer que isto é uma
leviandade: “Mas bodybuilder não treina assim e é musculoso” e eu respondo
“qual o % da população é bodybuilder” ?
·
Não Sugiro nem recomendo método blitz
(aonde se realiza apenas um grupamento por sessão uma vez por semana) para o
caso de quem treina de forma recreacional como quase 100% dos frequentadores de
academia.
·
Treinar (para quem treina “isolando”
músculos) tríceps no mesmo dia de peitoral é mais interessante pelo fato de que
quando se treina peitoral o tríceps
também é bastante solicitado e ao separá-lo de peitoral é possível que se
descanse de forma inadequada o mesmo grupamento.
·
Controlem velocidade de execução,
intervalo entre as séries e entre os treinos, peso, número de séries e
repetições além da intensidade de treino e para que não HAJA equívoco na
manipulação destas variáveis PROCURE SEMPRE UM BOM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PARA ORIENTAÇÃO....
--------REFERÊNCIAS----------
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1. Graduado: Educação Física – UEG/ ESEFFEGO;
2. Especialista: Fisiologia do Exercício e Prescrição do Exercício – UGF (com atuação em grupos especiais);
3. Mestrando: Ciências da Saúde – FM/UFG;
4. Professor Conexão Brasil Saúde (4 anos), InSaúde (2 anos), CONAAF 2.0 e FIEP (Federação Internacional de Educação Física);
5. Coordenador do Laboratório de Treinamento Resistido (FEFD – UFG);
6. Colaborador SFHE 9Setor de Fisiologia Humana e do Exercício) (FEFD-UFG);
7. Grupo de Estudos em Saúde e Exercício.;
8. Projeto Guarda-Chuva (5 anos de intervenção) em Estado de Apreciação na Plataforma Brasil;
9. Bolsista CAPES (Nível Mestrado).
10. Vasta experiência em treinamentos para emagrecimento e hipertrofia muscular.
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
16:33
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