Pessoas idosas que passam a maior parte do tempo sentadas envelhecem significativamente mais rápido do que suas contemporâneas ainda ativas. O estudo foi realizado pelo grupo de voluntários Age UK, do Reino Unido.
Um estudo realizado com 1.500 aposentados comparou os corpos de um grupo de sedentários que se mantinham sentados até dez horas por dia, e outro de pessoas que faziam atividade física moderada por até 40 minutos. Os sedentários pareciam até oito anos mais velhos do que os ativos.
Os sedentários teriam mais curtos telômeros — as minúsculas tampas encontradas nas extremidades da cadeia do DNA, que protegem os cromossomos e estão associados ao envelhecimento. O grupo recomenda que as pessoas se levantem a cada 20 minutos e andem, em cada vez, pelo menos três minutos.
— As células envelhecem mais rápido com um estilo de vida sedentário — explica o autor chefe da pesquisa, Aladdin Sahdyab, publicada na revista “American Journal of Epidemiology”. — A idade cronológica nem sempre combina com a biológica. As discussões sobre o benefício dos exercícios deveriam começar quando ainda somos novos e devem continuar até atingirmos a terceira idade, mesmo quando temos 80 anos.
À medida que as células envelhecem, seus telômeros naturalmente encurtam e se fragmentam, mas os fatores de saúde e estilo de vida, como a obesidade e o tabagismo, podem acelerar este processo. A redução do tamanho dos telômeros também está associada a doenças cardiovasculares, diabetes e diversos tipos de câncer. Pesquisas anteriores já haviam indicado que permanecer um longo tempo sentado pode ser especialmente danoso às mulheres.
Agora, o grupo da Age UK mostrou que as pessoas que ficam sentadas por até seis horas diárias são 10 vezes mais sujeitas a desenvolver doenças, comparadas àquelas que mantiveram-se sentadas por menos de três horas.
É hora de terminar nosso caso de amor com a cadeira e fazer as pessoas se mexerem novamente alerta Stephen Ward, diretor-executivo da UK Active. — Nunca é tarde demais para fazermos pequenas atividade em casa, como carregar mantimentos e subir mais escadas. Isso pode desempenhar um papel enorme em nossa saúde e independência.
Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/idosos-sedentarios-envelhecem-mais-rapido-do-que-os-fisicamente-ativos-20795577#ixzz4WhjU0f4q
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Idosos sedentários envelhecem mais rápido do que os fisicamente ativos
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Dr. Frederico Lobo
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Comer pão e batata torrados demais pode elevar risco de câncer, alertam cientistas
Comer pão e batatas torrados demais leva a uma maior ingestão de uma substância química que pode causar câncer, alertou a agência para padrões de alimentos do governo britânico.
Em vez de tostar, fritar ou assar o alimento até ficar marrom, a Food Standards Agency (FSA) recomenda fazer isso até que atinjam no máximo uma cor dourada.
O motivo seria que torrar alimentos com muito amido, ao fritá-los, assá-los ou grelhá-los por um longo tempo em altas temperaturas, leva a uma produção elevada de acrilamida.
Ela está presente em vários alimentos e é um derivado natural do processo de cozimento. Mas pesquisas com animais apontaram que pode ser tóxica para o DNA e levar ao surgimento de tumores.
Os cientistas da FSA acreditam que o mesmo pode ocorrer em humanos. No entanto, uma porta-voz da Cancer Research UK, organização britânica dedicada a estudos sobre câncer, afirma que esse efeito em pessoas não é comprovado.
Pequenas mudanças
Os níveis mais altos da acrilamida são encontrados em alimentos com bastante amido que foram cozidos – industrialmente ou em casa – a mais de 120ºC, como batata-frita, pão, cereais matinais, biscoitos, bolachas, bolos e café.
Ao fazer uma torrada, por exemplo, o açúcar, os aminoácidos e a água do pão se combinam e fazem com que seja produzida mais acrilamida conforme o pão escurece, um processo que altera também seu sabor e aroma.
Quanto mais torrado o pão, mais dessa substância estará presente nele.
A FSA diz ainda não estar claro quanta acrilamida pode ser tolerada pelo corpo humano, mas acredita que estamos ingerindo essa substância em excesso.
A agência recomenda fazer pequenas mudanças na forma de preparo da comida, como cuidar para que alimentos como pão e tubérculos fiquem dourados ao fritá-los, assá-los ou torrá-los.
A FSA também recomenda que batatas não sejam guardadas na geladeira, porque seus níveis de açúcar aumentam com a baixa temperatura, potencialmente elevando a quantidade de acrilamida produzida no cozimento. É melhor mantê-las em um ambiente escuro e fresco, a uma temperatura acima de 6ºC.
A agência também afirma ser importante seguir à risca as instruções ao aquecer ou assar batatas e pizzas no forno e levar uma dieta balanceada, com cinco porções de vegetais e frutas por dia, além de alimentos com carboidrato.
Qual é o risco?
Os possíveis efeitos da ingestão excessiva de acrilamida são um aumento do risco a longo prazo de desenvolver câncer ou problemas nos sistemas nervoso e reprodutivo.
No entanto, diz a FSA, os níveis de exposição a essa substância são determinantes para que ela tenha ou não esses efeitos negativos.
Fumar também deixa uma pessoa três ou quatro vezes mais exposta à acrilamida do que não fumantes, porque a substância está presente na fumaça do tabaco.
Além de fazer um alerta público, a agência diz que vem trabalhando junto à indústria de alimentos para reduzir a acrilamida presente em comidas industrializadas.
A FSA diz que já houve algum progresso – entre 2007 e 2015, ela detectou uma redução de 30% em média na quantidade da substância em todos os produtos vendidos no Reino Unido.
Steve Wearne, diretor de políticas da FSA, diz que a maioria das pessoas sequer sabe que a acrilamida existe. “Queremos dar destaque a isso com nossa campanha e levar a pequenas mudanças reduzam seu consumo”, afirma.
“Apesar de ainda ser necessário entender melhor o impacto da acrilamida, o governo e a indústria têm um papel importante para contribuir com essa redução.”
Alimentos calóricos
Emma Shields, diretora de informação da Cancer Research UK, reconhece que a acrilamida presente nos alimentos pode estar ligada ao desenvolvimento de câncer, mas diz que essa relação ainda não está clara em humanos.
“Para se garantir, as pessoas podem reduzir sua exposição ao ter uma dieta balanceada e saudável, o que inclui comer menos alimentos calóricos, como batata frita e biscoitos, que são grandes fontes de acrilamida”, diz Shields.
“Também é possível conseguir isso ao seguir às recomendações da FSA e dourar alimentos com amido, em vez de torrá-los, já que o tempo e a temperatura de cozimento determinam a quantidade de acrilamida que será produzida.”
Shields ressalta que existem muitos outros fatores comprovados que elevam o risco de tumores. “Fumar, estar obeso ou tomar bebidas alcóolicas têm um grande impacto no número de casos de câncer.”
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/comer-pao-e-batata-torrados-demais-pode-elevar-risco-de-cancer-alertam-cientistas.ghtml
Em vez de tostar, fritar ou assar o alimento até ficar marrom, a Food Standards Agency (FSA) recomenda fazer isso até que atinjam no máximo uma cor dourada.
O motivo seria que torrar alimentos com muito amido, ao fritá-los, assá-los ou grelhá-los por um longo tempo em altas temperaturas, leva a uma produção elevada de acrilamida.
Ela está presente em vários alimentos e é um derivado natural do processo de cozimento. Mas pesquisas com animais apontaram que pode ser tóxica para o DNA e levar ao surgimento de tumores.
Os cientistas da FSA acreditam que o mesmo pode ocorrer em humanos. No entanto, uma porta-voz da Cancer Research UK, organização britânica dedicada a estudos sobre câncer, afirma que esse efeito em pessoas não é comprovado.
Pequenas mudanças
Os níveis mais altos da acrilamida são encontrados em alimentos com bastante amido que foram cozidos – industrialmente ou em casa – a mais de 120ºC, como batata-frita, pão, cereais matinais, biscoitos, bolachas, bolos e café.
Ao fazer uma torrada, por exemplo, o açúcar, os aminoácidos e a água do pão se combinam e fazem com que seja produzida mais acrilamida conforme o pão escurece, um processo que altera também seu sabor e aroma.
Quanto mais torrado o pão, mais dessa substância estará presente nele.
A FSA diz ainda não estar claro quanta acrilamida pode ser tolerada pelo corpo humano, mas acredita que estamos ingerindo essa substância em excesso.
A agência recomenda fazer pequenas mudanças na forma de preparo da comida, como cuidar para que alimentos como pão e tubérculos fiquem dourados ao fritá-los, assá-los ou torrá-los.
A FSA também recomenda que batatas não sejam guardadas na geladeira, porque seus níveis de açúcar aumentam com a baixa temperatura, potencialmente elevando a quantidade de acrilamida produzida no cozimento. É melhor mantê-las em um ambiente escuro e fresco, a uma temperatura acima de 6ºC.
A agência também afirma ser importante seguir à risca as instruções ao aquecer ou assar batatas e pizzas no forno e levar uma dieta balanceada, com cinco porções de vegetais e frutas por dia, além de alimentos com carboidrato.
Qual é o risco?
Os possíveis efeitos da ingestão excessiva de acrilamida são um aumento do risco a longo prazo de desenvolver câncer ou problemas nos sistemas nervoso e reprodutivo.
No entanto, diz a FSA, os níveis de exposição a essa substância são determinantes para que ela tenha ou não esses efeitos negativos.
Fumar também deixa uma pessoa três ou quatro vezes mais exposta à acrilamida do que não fumantes, porque a substância está presente na fumaça do tabaco.
Além de fazer um alerta público, a agência diz que vem trabalhando junto à indústria de alimentos para reduzir a acrilamida presente em comidas industrializadas.
A FSA diz que já houve algum progresso – entre 2007 e 2015, ela detectou uma redução de 30% em média na quantidade da substância em todos os produtos vendidos no Reino Unido.
Steve Wearne, diretor de políticas da FSA, diz que a maioria das pessoas sequer sabe que a acrilamida existe. “Queremos dar destaque a isso com nossa campanha e levar a pequenas mudanças reduzam seu consumo”, afirma.
“Apesar de ainda ser necessário entender melhor o impacto da acrilamida, o governo e a indústria têm um papel importante para contribuir com essa redução.”
Alimentos calóricos
Emma Shields, diretora de informação da Cancer Research UK, reconhece que a acrilamida presente nos alimentos pode estar ligada ao desenvolvimento de câncer, mas diz que essa relação ainda não está clara em humanos.
“Para se garantir, as pessoas podem reduzir sua exposição ao ter uma dieta balanceada e saudável, o que inclui comer menos alimentos calóricos, como batata frita e biscoitos, que são grandes fontes de acrilamida”, diz Shields.
“Também é possível conseguir isso ao seguir às recomendações da FSA e dourar alimentos com amido, em vez de torrá-los, já que o tempo e a temperatura de cozimento determinam a quantidade de acrilamida que será produzida.”
Shields ressalta que existem muitos outros fatores comprovados que elevam o risco de tumores. “Fumar, estar obeso ou tomar bebidas alcóolicas têm um grande impacto no número de casos de câncer.”
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/comer-pao-e-batata-torrados-demais-pode-elevar-risco-de-cancer-alertam-cientistas.ghtml
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Depressão e ansiedade aumentam o risco de morte por câncer
Pessoas que sofrem de depressão ou ansiedade correm maior risco de morrer de alguns tipos de câncer. De acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira na revista científica British Medical Journal (BMJ), pacientes que declararam sofrer problemas psicológicos eram mais propensos a morrer de câncer de intestino, próstata e pâncreas.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, Universidade de Edimburgo, na Escócia e Universidade de Sydney, na Austrália, analisaram dezesseis estudos que realizavam um acompanhamento de uma determinada população por uma dezena de anos, totalizando 163 363 adultos na Inglaterra e em Gales.
A equipe, dirigida por David Batty, epidemiologista da University College de Londres, focou seu estudo nos casos de câncer que dependem dos hormônios ou que estão relacionados ao estilo de vida do paciente. Vários estudos anteriores sugerem que o desequilíbrio hormonal que gera a depressão conduz a uma produção mais elevada de cortisol e inibe os mecanismos naturais de reparação do DNA, o que enfraquece as defesas diante do câncer. Também há dados de que entre as pessoas depressivas é mais comum o tabagismo, o consumo de álcool e a obesidade, três fatores de risco para o câncer.
Aumento expressivo do risco de morte
Os resultados do novo estudo mostraram que as pessoas que sofriam sintomas de depressão e ansiedade corriam um risco 80% maior de morrer de câncer de intestino, e eram duas vezes mais propensas a falecer de um câncer de próstata, pâncreas ou esôfago. Os resultados permaneceram os mesmos após serem considerados outros fatores como o estilo de vida, sexo, idade, peso e situação socioeconômica.
Embora os autores ressaltem que o estudo foi apenas observacional e, portanto, não prova um vínculo de causa e efeito entre o estado psíquico de uma pessoa e o câncer, eles afirmam que os resultados se somam a vários indícios que apontam a existência de interações entre a saúde física e mental.
Outras pesquisas apontam ainda para a existência de uma relação entre os sintomas da depressão e os transtornos de ansiedade e a incidência de doenças cardiovasculares.
Os especialistas indicaram que também não é possível excluir uma causalidade inversa, ou seja, que a depressão seja provocada pelos sintomas de um câncer que ainda não foi diagnosticado.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/depressao-e-ansiedade-aumentam-o-risco-de-morte-por-cancer/
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, Universidade de Edimburgo, na Escócia e Universidade de Sydney, na Austrália, analisaram dezesseis estudos que realizavam um acompanhamento de uma determinada população por uma dezena de anos, totalizando 163 363 adultos na Inglaterra e em Gales.
A equipe, dirigida por David Batty, epidemiologista da University College de Londres, focou seu estudo nos casos de câncer que dependem dos hormônios ou que estão relacionados ao estilo de vida do paciente. Vários estudos anteriores sugerem que o desequilíbrio hormonal que gera a depressão conduz a uma produção mais elevada de cortisol e inibe os mecanismos naturais de reparação do DNA, o que enfraquece as defesas diante do câncer. Também há dados de que entre as pessoas depressivas é mais comum o tabagismo, o consumo de álcool e a obesidade, três fatores de risco para o câncer.
Aumento expressivo do risco de morte
Os resultados do novo estudo mostraram que as pessoas que sofriam sintomas de depressão e ansiedade corriam um risco 80% maior de morrer de câncer de intestino, e eram duas vezes mais propensas a falecer de um câncer de próstata, pâncreas ou esôfago. Os resultados permaneceram os mesmos após serem considerados outros fatores como o estilo de vida, sexo, idade, peso e situação socioeconômica.
Embora os autores ressaltem que o estudo foi apenas observacional e, portanto, não prova um vínculo de causa e efeito entre o estado psíquico de uma pessoa e o câncer, eles afirmam que os resultados se somam a vários indícios que apontam a existência de interações entre a saúde física e mental.
Outras pesquisas apontam ainda para a existência de uma relação entre os sintomas da depressão e os transtornos de ansiedade e a incidência de doenças cardiovasculares.
Os especialistas indicaram que também não é possível excluir uma causalidade inversa, ou seja, que a depressão seja provocada pelos sintomas de um câncer que ainda não foi diagnosticado.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/depressao-e-ansiedade-aumentam-o-risco-de-morte-por-cancer/
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Adolescentes obesos apresentam mastigação diferente, aponta pesquisa
A obesidade infantil se torna cada vez mais realidade na vida do brasileiro. Por conta disso, estão sendo realizadas diversas pesquisas para apontar as causas e efeitos do problema nas crianças e adolescentes. Uma delas, realizada por especialistas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), indica que aqueles acima do peso apresentam comportamento mastigatório diferente dos com peso normal.
Adolescentes com sobrepeso ou obesidade acompanhados nos testes apresentaram alterações relativas às funções dos músculos da boca e maior dificuldade em realizar a mastigação, o que pode afetar a qualidade da alimentação, de acordo com Paula Midori Castelo, do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp.
“Há um consenso entre dentistas e fonoaudiólogos de que é importante se alimentar e mastigar devagar, em ambos os lados do arco dentário, para que o alimento possa ser triturado e processado adequadamente antes da deglutição, evitando-se ainda hábitos que dificultem sua absorção, como a ingestão de líquidos enquanto come”, explicou Paula, autora principal da pesquisa.
Os testes, porém, não determinam se o problema na mastigação está relacionado às causas do sobrepeso e da obesidade ou aos seus efeitos. A especialista afirma que a descoberta é importante para indicar quais comportamentos e hábitos precisam ser observados e corrigidos na alimentação dos jovens.
Estudo
Foram avaliados os hábitos alimentares e a qualidade da função mastigatória de 230 adolescentes com idades entre 14 e 17 anos, sendo que 115 com peso normal. Nenhum dos jovens tinha cárie ou outra condição que afetasse a saúde bucal. Para avaliar a mastigação, foram feitas gravações em vídeo, posteriormente analisadas por uma fonoaudióloga, e usado uma goma de mascar especial.
Meninas com sobrepeso ou obesidade mastigam com maior frequência de um lado só, segundo a pesquisa, impedindo que a mandíbula, que possui articulações bilaterais, atue igualmente de ambos os lados. A característica pode causar prejuízos à formação do bolo alimentar e perdas nutricionais, além de alterações estruturais de um dos lados do arco dentário.
Já os meninos se mostraram melhores mastigadores e mais rápidos. “É comum ouvir que o indivíduo que come rápido demais não mastiga direito, engolindo o alimento ainda pouco triturado, mas o homem tem mais massa muscular e mais força física, conseguindo com menos tempo imprimir maior força na mastigação e processar melhor a comida. Também há aspectos culturais envolvidos, como o hábito de meninas mastigarem com mais delicadeza”, explicou Paula.
Entretanto, comer rápido não é necessariamente melhor, já que, quando mastigamos por mais tempo tendemos a comer menos. “A informação do processamento do alimento vai sendo transmitida ao sistema nervoso central e os hormônios que levam ao sentimento de saciedade vão sendo liberados. Dessa forma, quem mastiga rápido, ainda que com a força adequada, pode tender a comer mais.”
Fonte: http://saude.ig.com.br/2017-01-23/mastigacao-adolescentes-obesos.html
Adolescentes com sobrepeso ou obesidade acompanhados nos testes apresentaram alterações relativas às funções dos músculos da boca e maior dificuldade em realizar a mastigação, o que pode afetar a qualidade da alimentação, de acordo com Paula Midori Castelo, do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Unifesp.
“Há um consenso entre dentistas e fonoaudiólogos de que é importante se alimentar e mastigar devagar, em ambos os lados do arco dentário, para que o alimento possa ser triturado e processado adequadamente antes da deglutição, evitando-se ainda hábitos que dificultem sua absorção, como a ingestão de líquidos enquanto come”, explicou Paula, autora principal da pesquisa.
Os testes, porém, não determinam se o problema na mastigação está relacionado às causas do sobrepeso e da obesidade ou aos seus efeitos. A especialista afirma que a descoberta é importante para indicar quais comportamentos e hábitos precisam ser observados e corrigidos na alimentação dos jovens.
Estudo
Foram avaliados os hábitos alimentares e a qualidade da função mastigatória de 230 adolescentes com idades entre 14 e 17 anos, sendo que 115 com peso normal. Nenhum dos jovens tinha cárie ou outra condição que afetasse a saúde bucal. Para avaliar a mastigação, foram feitas gravações em vídeo, posteriormente analisadas por uma fonoaudióloga, e usado uma goma de mascar especial.
Meninas com sobrepeso ou obesidade mastigam com maior frequência de um lado só, segundo a pesquisa, impedindo que a mandíbula, que possui articulações bilaterais, atue igualmente de ambos os lados. A característica pode causar prejuízos à formação do bolo alimentar e perdas nutricionais, além de alterações estruturais de um dos lados do arco dentário.
Já os meninos se mostraram melhores mastigadores e mais rápidos. “É comum ouvir que o indivíduo que come rápido demais não mastiga direito, engolindo o alimento ainda pouco triturado, mas o homem tem mais massa muscular e mais força física, conseguindo com menos tempo imprimir maior força na mastigação e processar melhor a comida. Também há aspectos culturais envolvidos, como o hábito de meninas mastigarem com mais delicadeza”, explicou Paula.
Entretanto, comer rápido não é necessariamente melhor, já que, quando mastigamos por mais tempo tendemos a comer menos. “A informação do processamento do alimento vai sendo transmitida ao sistema nervoso central e os hormônios que levam ao sentimento de saciedade vão sendo liberados. Dessa forma, quem mastiga rápido, ainda que com a força adequada, pode tender a comer mais.”
Fonte: http://saude.ig.com.br/2017-01-23/mastigacao-adolescentes-obesos.html
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Sedentarismo aumenta o risco de demência tanto quanto genética
Ter um estilo de vida sedentário pode aumentar seu risco de demência tanto quanto uma predisposição genética para a doença. Pior ainda, não praticar atividade física regularmente pode anular o efeito protetivo de um conjunto saudável de genes. A conclusão é de um estudo publicado recentemente no periódico científico Journal of Alzheimer’s Disease.
Pesquisa
No estudo, pesquisadores da Universidade McMaster em Hamilton, Ontario, no Canadá, acompanharam mais de 1 600 adultos com 65 anos ou mais durante cinco anos. Os resultados mostraram que idosos com um estilo de vida sedentário apresentaram o mesmo risco de demência daqueles que carregaram a mutação genética APOE, principal fator de risco genético para a doença. Por outro lado, as pessoas que se exercitaram pareciam ter menor probabilidade de desenvolver demência do que aqueles que não praticavam atividade física, mesmo que não carregassem o gene de risco.
“Ser inativo pode anular completamente o efeito protetivo de um conjunto saudável de genes”, disse Jennifer Heisz, principal autora do estudo, ao site especializado Health News.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/sedentarismo-aumenta-o-risco-de-demencia-tanto-quanto-genetica/
Pesquisa
No estudo, pesquisadores da Universidade McMaster em Hamilton, Ontario, no Canadá, acompanharam mais de 1 600 adultos com 65 anos ou mais durante cinco anos. Os resultados mostraram que idosos com um estilo de vida sedentário apresentaram o mesmo risco de demência daqueles que carregaram a mutação genética APOE, principal fator de risco genético para a doença. Por outro lado, as pessoas que se exercitaram pareciam ter menor probabilidade de desenvolver demência do que aqueles que não praticavam atividade física, mesmo que não carregassem o gene de risco.
“Ser inativo pode anular completamente o efeito protetivo de um conjunto saudável de genes”, disse Jennifer Heisz, principal autora do estudo, ao site especializado Health News.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/sedentarismo-aumenta-o-risco-de-demencia-tanto-quanto-genetica/
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Estudo identifica substâncias nocivas em embalagens de fast-food
Se você ainda não conseguiu eliminar os fast-foods da sua vida, aí vai mais um motivo para cortar de vez esse tipo de comida do cardápio: segundo um estudo publicado recentemente no jornal científico Environmental Science & Technology Letters, embalagens de alimentos prontos podem conter substâncias um tanto perigosas para a saúde.
No trabalho, um time de pesquisadores americanos analisou mais de 400 embalagens e copos de papel e cartolina usados por restaurantes fast-food de todo o país para embrulhar e conservar alimentos. Em boa parte dos materiais avaliados, os experts encontraram substâncias fluoradas, associadas em estudos anteriores a câncer e diabetes, problemas de fertilidade e, nas crianças, a distúrbios de desenvolvimento. Os alimentos com níveis mais altos desses compostos foram os embrulhos de comida Tex-Mex, sobremesas e pães.
Mas calma: apesar de assustadores, esses achados ainda precisam ser investigados mais a fundo. Até porque as substâncias foram encontradas em diferentes concentrações nos produtos analisados – alguns, em níveis tão baixos que provavelmente nem foram adicionados à embalagem, mas vieram de materiais reciclados ou de fontes desconhecidas. Em todo caso, a pesquisa serve para reforçar a recomendação de que cozinhar em casa é sempre a opção mais saudável.
Fonte: http://boaforma.abril.com.br/saude/estudo-identifica-substancias-nocivas-em-embalagens-de-fast-food/
No trabalho, um time de pesquisadores americanos analisou mais de 400 embalagens e copos de papel e cartolina usados por restaurantes fast-food de todo o país para embrulhar e conservar alimentos. Em boa parte dos materiais avaliados, os experts encontraram substâncias fluoradas, associadas em estudos anteriores a câncer e diabetes, problemas de fertilidade e, nas crianças, a distúrbios de desenvolvimento. Os alimentos com níveis mais altos desses compostos foram os embrulhos de comida Tex-Mex, sobremesas e pães.
Mas calma: apesar de assustadores, esses achados ainda precisam ser investigados mais a fundo. Até porque as substâncias foram encontradas em diferentes concentrações nos produtos analisados – alguns, em níveis tão baixos que provavelmente nem foram adicionados à embalagem, mas vieram de materiais reciclados ou de fontes desconhecidas. Em todo caso, a pesquisa serve para reforçar a recomendação de que cozinhar em casa é sempre a opção mais saudável.
Fonte: http://boaforma.abril.com.br/saude/estudo-identifica-substancias-nocivas-em-embalagens-de-fast-food/
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Cientistas identificam neurônios que controlam o apetite
A obesidade é um dos problemas de saúde que mais atingem a população, causando males diversos, desde complicações cardíacas a cânceres. Fatores sociais e biológicos levam ao excesso de peso, acreditam especialistas. Cientistas de Israel tentam esmiuçar a faceta cerebral do problema com a ajuda de uma avançada técnica de análise neural. Descobriram 50 novas células e determinaram estruturas que estavam relacionadas ao consumo exagerado de alimentos. O trabalho foi divulgado na última edição da revista britânica Nature Neuroscience e pode abrir as portas para mais descobertas sobre o funcionamento do cérebro e contribuir com o desenvolvimento de tratamentos contra transtornos alimentares.
Diante da complexidade do cérebro, os pesquisadores resolveram sair em busca das células neurais responsáveis pelo apetite. “Muitas funções já foram mapeadas para grandes regiões neurais. Sabemos, por exemplo, que o hipocampo é importante para a memória e que o hipotálamo é responsável por funções básicas, como comer e beber. Mas não sabemos quais tipos de células presentes nessas regiões são responsáveis por cada tarefa”, explica ao Correio John Campbell, autor principal do estudo e pesquisador do Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC, em inglês).
Eles usaram um sistema chamado Drop-seq, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A tecnologia possibilita a análise computadorizada avançada de tecidos neurais. Com ela, Campbell e a equipe conseguiram catalogar, em ratos, mais de 20 mil células cerebrais (50 delas até então desconhecidas) em uma região do hipotálamo chamada arqueado e no complexo de eminência medial, área responsável por controlar o apetite, entre outras funções. “Embora esperássemos encontrar alguns novos tipos de neurônios arqueados, fiquei pessoalmente surpreso ao descobrir tantos. Afinal, o arqueado é apenas uma região do hipotálamo do rato e, provavelmente, contém menos de 1% das células cerebrais dele. No entanto, havia muita diversidade nessa região — encontramos quatro vezes mais tipos de neurônios do que se conhecia”, conta Campbell.
Após a identificação das células cerebrais, os cientistas resolveram observar como elas agiam nos ratos em situações distintas e relacionadas a comportamentos alimentares: comer à vontade, seguir dieta rica em gorduras e jejuar durante a noite. A tecnologia permitiu diferenciar os estados energéticos variados, ou seja, quais células trabalhavam e quais se mantinham desligadas em cada momento. “Às vezes, a identidade verdadeira de uma célula não é descoberta até que você a coloque em um certo estresse. Em condições de jejum, por exemplo, podemos ver que existe uma diversidade adicional de resposta dentro de um grupo determinado. Percebemos isso quando elas respondem a esse importante estado fisiológico”, explica Linus Tsai, também autor do estudo e pesquisador do BIDMC.
Cláudia Barata Ribeiro, neurologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR), acredita que os resultados do trabalho poderão ajudar a melhor entender como a obesidade ocorre, mecanismo não completamente compreendido. “Hoje, temos uma cultura que fala que o que eu vou ingerir é usado como energia e o que sobra vira gordura acumulada, mas não é tão simples assim, depende de outros fatores, como a microbiota, que tem sido bastante estudada pode influenciar esse sistema”, ilustra a médica, que não participou do estudo.
Ao determinar as células e os genes que foram sensíveis às mudanças de alimentação, os cientistas acreditam que, com esses dados, poderão fornecer uma série de alvos para o tratamento da obesidade. “Conhecendo todos os genes que cada tipo de célula expressa, poderemos projetar novos medicamentos para tratamento terapêutico. Agora, por exemplo, podemos encontrar receptores que são expressos em células que controlam a fome, mas não em células que controlam a pressão arterial, que também já foi relacionado ao hipotálamo. Remédios que visam esses receptores seriam capazes de controlar o apetite sem quaisquer efeitos colaterais nocivos à pressão arterial”, detalha Campbell.
Ao relacionar os resultados do experimento feito com os roedores aos dados do genoma humano, os cientistas também conseguiram encontrar dois neurônios ligados ao peso corporal. A intenção é esmiuçar ainda mais esses dados e encontrar maneiras de manipular as células. “Identificamos marcadores genéticos para cada tipo de célula. Agora, ferramentas genéticas podem ser desenvolvidas para manipular experimentalmente cada uma e aprender mais sobre sua função. Pesquisas anteriores mostraram, por exemplo, que o hipotálamo arqueado pode controlar a temperatura corporal e a função cardiovascular — talvez algumas das novas células que encontramos possam ser as responsáveis por essas funções”, adianta o autor.
Outras áreas
Cláudia Barata Ribeiro também ressalta que a pesquisa traz novos dados sobre um órgão complexo. “Essa região analisada controla várias funções importantes, mas muitas células que estão lá ainda são desconhecidas. Essas são informações novas que podem ajudar em outras descobertas futuras, e o uso dessa tecnologia pode abrir portas para que outros grupos de células possam ser desvendados”, acredita a neurologista.
Os cientistas israelenses disponibilizaram os dados on-line do estudo para ajudar outros interessados em estudar o tema. “A maneira clássica de fazer ciência é fazer perguntas e testar hipóteses. Mas o cérebro é tão complexo que nem sequer sabemos o quanto não sabemos. Essa informação preenche algumas das incógnitas para que possamos fazer novas hipóteses. Esse trabalho levará a muitas descobertas que, sem esses dados, as pessoas nunca saberiam sequer fazer a pergunta”, ressalta Bradford Lowell, também autor e pesquisador da BIDMC.
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2017/02/11/interna_ciencia_saude,572924/cientistas-identificam-neuronios-que-controlam-o-apetite.shtml
Diante da complexidade do cérebro, os pesquisadores resolveram sair em busca das células neurais responsáveis pelo apetite. “Muitas funções já foram mapeadas para grandes regiões neurais. Sabemos, por exemplo, que o hipocampo é importante para a memória e que o hipotálamo é responsável por funções básicas, como comer e beber. Mas não sabemos quais tipos de células presentes nessas regiões são responsáveis por cada tarefa”, explica ao Correio John Campbell, autor principal do estudo e pesquisador do Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC, em inglês).
Eles usaram um sistema chamado Drop-seq, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A tecnologia possibilita a análise computadorizada avançada de tecidos neurais. Com ela, Campbell e a equipe conseguiram catalogar, em ratos, mais de 20 mil células cerebrais (50 delas até então desconhecidas) em uma região do hipotálamo chamada arqueado e no complexo de eminência medial, área responsável por controlar o apetite, entre outras funções. “Embora esperássemos encontrar alguns novos tipos de neurônios arqueados, fiquei pessoalmente surpreso ao descobrir tantos. Afinal, o arqueado é apenas uma região do hipotálamo do rato e, provavelmente, contém menos de 1% das células cerebrais dele. No entanto, havia muita diversidade nessa região — encontramos quatro vezes mais tipos de neurônios do que se conhecia”, conta Campbell.
Após a identificação das células cerebrais, os cientistas resolveram observar como elas agiam nos ratos em situações distintas e relacionadas a comportamentos alimentares: comer à vontade, seguir dieta rica em gorduras e jejuar durante a noite. A tecnologia permitiu diferenciar os estados energéticos variados, ou seja, quais células trabalhavam e quais se mantinham desligadas em cada momento. “Às vezes, a identidade verdadeira de uma célula não é descoberta até que você a coloque em um certo estresse. Em condições de jejum, por exemplo, podemos ver que existe uma diversidade adicional de resposta dentro de um grupo determinado. Percebemos isso quando elas respondem a esse importante estado fisiológico”, explica Linus Tsai, também autor do estudo e pesquisador do BIDMC.
Cláudia Barata Ribeiro, neurologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR), acredita que os resultados do trabalho poderão ajudar a melhor entender como a obesidade ocorre, mecanismo não completamente compreendido. “Hoje, temos uma cultura que fala que o que eu vou ingerir é usado como energia e o que sobra vira gordura acumulada, mas não é tão simples assim, depende de outros fatores, como a microbiota, que tem sido bastante estudada pode influenciar esse sistema”, ilustra a médica, que não participou do estudo.
Ao determinar as células e os genes que foram sensíveis às mudanças de alimentação, os cientistas acreditam que, com esses dados, poderão fornecer uma série de alvos para o tratamento da obesidade. “Conhecendo todos os genes que cada tipo de célula expressa, poderemos projetar novos medicamentos para tratamento terapêutico. Agora, por exemplo, podemos encontrar receptores que são expressos em células que controlam a fome, mas não em células que controlam a pressão arterial, que também já foi relacionado ao hipotálamo. Remédios que visam esses receptores seriam capazes de controlar o apetite sem quaisquer efeitos colaterais nocivos à pressão arterial”, detalha Campbell.
Ao relacionar os resultados do experimento feito com os roedores aos dados do genoma humano, os cientistas também conseguiram encontrar dois neurônios ligados ao peso corporal. A intenção é esmiuçar ainda mais esses dados e encontrar maneiras de manipular as células. “Identificamos marcadores genéticos para cada tipo de célula. Agora, ferramentas genéticas podem ser desenvolvidas para manipular experimentalmente cada uma e aprender mais sobre sua função. Pesquisas anteriores mostraram, por exemplo, que o hipotálamo arqueado pode controlar a temperatura corporal e a função cardiovascular — talvez algumas das novas células que encontramos possam ser as responsáveis por essas funções”, adianta o autor.
Outras áreas
Cláudia Barata Ribeiro também ressalta que a pesquisa traz novos dados sobre um órgão complexo. “Essa região analisada controla várias funções importantes, mas muitas células que estão lá ainda são desconhecidas. Essas são informações novas que podem ajudar em outras descobertas futuras, e o uso dessa tecnologia pode abrir portas para que outros grupos de células possam ser desvendados”, acredita a neurologista.
Os cientistas israelenses disponibilizaram os dados on-line do estudo para ajudar outros interessados em estudar o tema. “A maneira clássica de fazer ciência é fazer perguntas e testar hipóteses. Mas o cérebro é tão complexo que nem sequer sabemos o quanto não sabemos. Essa informação preenche algumas das incógnitas para que possamos fazer novas hipóteses. Esse trabalho levará a muitas descobertas que, sem esses dados, as pessoas nunca saberiam sequer fazer a pergunta”, ressalta Bradford Lowell, também autor e pesquisador da BIDMC.
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2017/02/11/interna_ciencia_saude,572924/cientistas-identificam-neuronios-que-controlam-o-apetite.shtml
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Dr. Frederico Lobo
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domingo, 12 de fevereiro de 2017
Arsênio no arroz: devemos nos preocupar?
Eu sei que a cada post desses, você fica se perguntando: mas eu vou viver de quê? Até no arroz nosso de cada dia, tem algo para trazer preocupações, no caso o arsênio! Mas como você sabe, apesar de fato ser algo que é importante, o terrorismo nutricional, ao invés de te ajudar, termina te assustando mais.
A questão vem sendo levantada há anos, a partir de técnicas que nos permitiram detectar esses tipos de elementos na nossa comida e como o arroz é um cereal do dia a dia em quase todo o mundo, as agências regulatórias, como ANVISA aqui, FDA nos EUA e EFSA, na Europa, estão de olho nessa questão.
Particularmente na pediatria, é preocupante o uso excessivo do arroz, na forma de alimentos para bebês, como aqueles farináceos com açúcar que as mães insistem em usar em grande quantidade, adicionadas ao leite dos bebês. Claro que dar arroz para comer não será problema nenhum, mas nessa entrevista, você entenderá tudo sobre o problema e como diminuir o seu risco e do seu filho.
O entrevistado é o Dr. Bruno Lemos, pós Doutor em Toxicologia pela USP e o maior especialista no Brasil atualmente sobre o tema. Ele é membro ativo da câmara técnica da ANVISA, que visa fazer regulamentações que suscitem um consumo mais seguro dos alimentos, no caso o arroz.
Já conversei sobre esse assunto antes, mas agora teremos uma entrevista exclusiva e bastante instrutiva com um ultra especialista nessa temática. Aproveitem e não deixem de repassar para os amigos!
Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/arrozearsenio/
Forma mais comum de cozinhar arroz pode trazer risco à sua saúde
A maneira que você cozinha arroz pode colocar a sua vida – e as das pessoas que comerem o alimento – em risco. Andy Meharg, professor da Universidade de Queens, no Reino Unido, revelou durante um programa da BBC que o arroz pode liberar arsênico se você utilizar um método bem comum de cozimento.
A técnica tradicional consiste em usar a proporção de duas partes de água para uma de arroz e ferver o alimento até que todo o líquido evapore. Após realizar esse processo, Meharg descobriu vestígios de arsênico no arroz, um elemento químico associado a uma série de doenças, como câncer e diabetes.
O arsênico é encontrado naturalmente no solo. Por isso, pequenas quantidades desse produto químico podem infectar o alimento. Geralmente, os níveis tóxicos são tão baixos que não causam preocupação às autoridades.
No caso do arroz, no entanto, a história é diferente. Isso porque, ele é cultivado em plantações inundadas e esse método faz com que o arsênico do solo entre com mais facilidade nos grãos. De acordo com a reportagem da BBC, o arroz tem cerca de 10 a 20 vezes mais arsênico do que outras culturas de cereais.
“A única coisa que posso comparar (com o ato de comer arroz) é fumar”, disse Meharg. “Se você fuma um ou dois cigarros por dia, seus riscos serão muito menores do que os riscos de uma pessoa que fuma 30 ou 40 cigarros diariamente. Depende da dose, quando mais você comer, maior é o risco.”
O que preocupa o professor não é a quantidade de arroz que um adulto come, mas quantas porções do grão que crianças ou bebês ingerem. “Sabemos que os baixos níveis de arsênico podem impactar o desenvolvimento imunológico, o crescimento e o desenvolvimento do QI.”
Em 2014, a agência que regula medicamentos e alimentos nos EUA, a FDA, apresentou uma pesquisa que revelou que os níveis de arsênico em mais de 1.300 amostras de arroz não oferecem risco imediato ou no curto prazo para a saúde. Contudo, o órgão disse que continuaria a investigar se o consumo do grão poderia causar doenças crônicas.
Alternativas
Apesar de a pesquisa ser importante para que mais estudos seja feitos sobre o assunto, isso não significa que você precisa parar de comer arroz. No programa, o professor também apresentou duas outras maneiras de cozinhar o alimento para ficar parcialmente livre do arsênico.
A primeira é usar uma proporção de cinco partes de água para uma parte de arroz e ainda tirar o excesso de água. Com isso, os níveis do produto tóxico foram quase reduzidos pela metade. A segunda é deixar o arroz de molho durante a noite e depois drenar a água. Assim, o grau de toxina é reduzido em 80%.
Fonte: http://exame.abril.com.br/ciencia/o-jeito-que-voce-cozinha-arroz-pode-trazer-riscos-a-sua-saude/
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Anvisa proíbe noz da Índia e chapéu de Napoleão
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a fabricação, a comercialização, a distribuição e a importação de Noz da Índia (Aleurites moluccanus) e do Chapéu de Napoleão (Thevetia peruviana) como insumos em medicamentos e alimentos e em quaisquer formas de apresentação. Os produtos à base dessas plantas são comercializados e divulgados irregularmente com indicações de emagrecimento, por suas propriedades laxativas. No entanto, nunca houve registro na agência. A medida, publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, vale para todo o território nacional.
De acordo com a agência, as sementes são tóxicas e há relatos de mortes associadas ao seu consumo. De acordo com informações do jornal O Globo, a noz da Índia é nativa da Ásia e tem propriedades laxantes. Já o chapéu de Napoleão, nativo da América do Sul, é uma planta parecida com a Noz da Índia.
A medida também está baseada na Nota Técnica 001/2016 emitida pelo Centro Integrado de Vigilância Toxicológica do Estado do Mato Grosso do Sul (Civitox/CVA/SGVS/SES/MS), sobre casos de intoxicação pelo uso da semente.
Chapéu de Napoleão
Também está proibida a distribuição e uso da planta Chapéu de Napoleão ou “jorro-jorro” (Thevetia peruviana), cujas sementes se assemelham àquelas da Noz da Índia. Essas sementes, quando ingeridas, também são tóxicas e seu uso é proibido em diversos países.
A medida sanitária aplicada pela Anvisa ao consumo dessas sementes, em qualquer forma de apresentação, proíbe também a divulgação, em todos os meios de comunicação, de medicamentos e alimentos que apresentem estes insumos.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/anvisa-proibe-noz-da-india-e-chapeu-de-napoleao/
De acordo com a agência, as sementes são tóxicas e há relatos de mortes associadas ao seu consumo. De acordo com informações do jornal O Globo, a noz da Índia é nativa da Ásia e tem propriedades laxantes. Já o chapéu de Napoleão, nativo da América do Sul, é uma planta parecida com a Noz da Índia.
A medida também está baseada na Nota Técnica 001/2016 emitida pelo Centro Integrado de Vigilância Toxicológica do Estado do Mato Grosso do Sul (Civitox/CVA/SGVS/SES/MS), sobre casos de intoxicação pelo uso da semente.
Chapéu de Napoleão
Também está proibida a distribuição e uso da planta Chapéu de Napoleão ou “jorro-jorro” (Thevetia peruviana), cujas sementes se assemelham àquelas da Noz da Índia. Essas sementes, quando ingeridas, também são tóxicas e seu uso é proibido em diversos países.
A medida sanitária aplicada pela Anvisa ao consumo dessas sementes, em qualquer forma de apresentação, proíbe também a divulgação, em todos os meios de comunicação, de medicamentos e alimentos que apresentem estes insumos.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude/anvisa-proibe-noz-da-india-e-chapeu-de-napoleao/
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Glúten, lactose e outras modas por Dr. Drauzio Varella
Nunca houve tantos modismos na dieta. Dieta sem glúten, sem lactose, sem gordura, sem carboidratos, sem nada que venha dos animais e até dietas sem alimentos que contenham DNA (pedras, talvez).
A história de nossos antepassados é a da miséria. Dos 6 milhões de anos de nossa espécie, pelo menos 99,9% do tempo caçávamos, pescávamos, coletávamos frutos e raízes e disputávamos carcaças de animais com outros carnívoros famintos.
Há insignificantes 10 mil anos, o surgimento da agricultura criou a oportunidade de abandonarmos a vida nômade e armazenarmos víveres para a época das vacas magras.
Ainda assim, as epidemias de fome e a desnutrição chegaram até os dias atuais. Na metade do século passado havia fome coletiva na França, Inglaterra, Alemanha e demais países da Europa deflagrada.
Comida farta só chegou à mesa de grandes massas populacionais depois da Segunda Guerra Mundial, graças à mecanização e aos avanços da agricultura e da tecnologia de conservação de alimentos. Hoje, um brasileiro de classe média tem acesso a refeições mais variadas e nutritivas do que as dos nobres nos castelos medievais.
A fartura trouxe o exagero. Um cérebro com circuitos de neurônios moldados em tempos de penúria não desenvolveu mecanismos de saciedade, capazes de frear os impulsos viscerais despertados pela fome, antes de nos empanturrarmos até passar mal de tanto comer.
Essencial à sobrevivência quando precisávamos acumular reservas para os longos períodos de jejum que se sucediam, essa estratégia se voltou contra nós.
Ao mesmo tempo, vão distantes os dias em que gastávamos energia para alimentar a família. Pela primeira vez na história da humanidade, desfrutamos o privilégio de ganhar o sustento sentados em cadeiras confortáveis. A um toque de celular o disque-pizza nos entrega 5.000 calorias à porta, sem sairmos do sofá.
Fartura e sedentarismo, gula e preguiça, criaram as raízes da epidemia de obesidade que assola o mundo. Novembro de 2016 foi o primeiro mês dos tempos modernos em que a expectativa de vida diminuiu em relação à do mês anterior, nos Estados Unidos.
Seguimos pelo mesmo caminho. A continuar nesse passo, a obesidade e a vida sedentária farão nossos filhos viverem menos do que nós.
Sem disposição nem coragem para encarar a realidade de que comemos mais do que o necessário e andamos menos do que deveríamos, procuramos uma saída mágica que nos mantenha saudáveis.
Inventamos teorias mirabolantes que a internet divulga com tal velocidade que se transformam em ideologias com manadas de defensores ardorosos: carne é veneno, nenhum animal adulto toma leite, glúten engorda e incha, suco de berinjela reduz colesterol, e tantas outras.
É desperdício de tempo e risco de perder amigos questionar essas crenças. Não adianta dizer que nossos antepassados não teriam sobrevivido não fosse a carne, que alimentos com glúten costumam conter carboidratos simples com índices glicêmicos elevados, que a coitada da berinjela jamais teve a pretensão de proteger alguém contra o ataque cardíaco e que onças adultas não tomam leite pela mesma razão que não bebem chope nem água encanada.
Para confundir ainda mais, estudos com resultados que exigiriam interpretações estatísticas cautelosas e confirmação em pesquisas mais elaboradas ganham destaque nas mídias como se apresentassem conclusões definitivas. Num dia, o ovo é uma bomba de colesterol prestes a explodir as coronárias; no outro, asseguram que tem alto valor nutritivo. A carne de porco que já foi a mãe de todos os males está reabilitada, a de boi enfrenta suspeitas.
A confusão acontece porque esses estudos costumam ser observacionais. Neles, são analisadas as características dietéticas de uma população e as enfermidades que a afligem. Em ciência, publicações desse tipo são consideradas apenas geradoras de hipóteses. Para confirmá-las são fundamentais os estudos prospectivos, randomizados, muito mais complexos, dispendiosos e demorados.
Perdido na selva de informações desencontradas, o que você deve fazer, leitor? Coma frutas, saladas e verduras com liberalidade; do resto, de tudo um pouco. Procure comer o que sua avó considerava comida.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2017/02/1855591-gluten-lactose-e-outras-modas.shtml
A história de nossos antepassados é a da miséria. Dos 6 milhões de anos de nossa espécie, pelo menos 99,9% do tempo caçávamos, pescávamos, coletávamos frutos e raízes e disputávamos carcaças de animais com outros carnívoros famintos.
Há insignificantes 10 mil anos, o surgimento da agricultura criou a oportunidade de abandonarmos a vida nômade e armazenarmos víveres para a época das vacas magras.
Ainda assim, as epidemias de fome e a desnutrição chegaram até os dias atuais. Na metade do século passado havia fome coletiva na França, Inglaterra, Alemanha e demais países da Europa deflagrada.
Comida farta só chegou à mesa de grandes massas populacionais depois da Segunda Guerra Mundial, graças à mecanização e aos avanços da agricultura e da tecnologia de conservação de alimentos. Hoje, um brasileiro de classe média tem acesso a refeições mais variadas e nutritivas do que as dos nobres nos castelos medievais.
A fartura trouxe o exagero. Um cérebro com circuitos de neurônios moldados em tempos de penúria não desenvolveu mecanismos de saciedade, capazes de frear os impulsos viscerais despertados pela fome, antes de nos empanturrarmos até passar mal de tanto comer.
Essencial à sobrevivência quando precisávamos acumular reservas para os longos períodos de jejum que se sucediam, essa estratégia se voltou contra nós.
Ao mesmo tempo, vão distantes os dias em que gastávamos energia para alimentar a família. Pela primeira vez na história da humanidade, desfrutamos o privilégio de ganhar o sustento sentados em cadeiras confortáveis. A um toque de celular o disque-pizza nos entrega 5.000 calorias à porta, sem sairmos do sofá.
Fartura e sedentarismo, gula e preguiça, criaram as raízes da epidemia de obesidade que assola o mundo. Novembro de 2016 foi o primeiro mês dos tempos modernos em que a expectativa de vida diminuiu em relação à do mês anterior, nos Estados Unidos.
Seguimos pelo mesmo caminho. A continuar nesse passo, a obesidade e a vida sedentária farão nossos filhos viverem menos do que nós.
Sem disposição nem coragem para encarar a realidade de que comemos mais do que o necessário e andamos menos do que deveríamos, procuramos uma saída mágica que nos mantenha saudáveis.
Inventamos teorias mirabolantes que a internet divulga com tal velocidade que se transformam em ideologias com manadas de defensores ardorosos: carne é veneno, nenhum animal adulto toma leite, glúten engorda e incha, suco de berinjela reduz colesterol, e tantas outras.
É desperdício de tempo e risco de perder amigos questionar essas crenças. Não adianta dizer que nossos antepassados não teriam sobrevivido não fosse a carne, que alimentos com glúten costumam conter carboidratos simples com índices glicêmicos elevados, que a coitada da berinjela jamais teve a pretensão de proteger alguém contra o ataque cardíaco e que onças adultas não tomam leite pela mesma razão que não bebem chope nem água encanada.
Para confundir ainda mais, estudos com resultados que exigiriam interpretações estatísticas cautelosas e confirmação em pesquisas mais elaboradas ganham destaque nas mídias como se apresentassem conclusões definitivas. Num dia, o ovo é uma bomba de colesterol prestes a explodir as coronárias; no outro, asseguram que tem alto valor nutritivo. A carne de porco que já foi a mãe de todos os males está reabilitada, a de boi enfrenta suspeitas.
A confusão acontece porque esses estudos costumam ser observacionais. Neles, são analisadas as características dietéticas de uma população e as enfermidades que a afligem. Em ciência, publicações desse tipo são consideradas apenas geradoras de hipóteses. Para confirmá-las são fundamentais os estudos prospectivos, randomizados, muito mais complexos, dispendiosos e demorados.
Perdido na selva de informações desencontradas, o que você deve fazer, leitor? Coma frutas, saladas e verduras com liberalidade; do resto, de tudo um pouco. Procure comer o que sua avó considerava comida.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2017/02/1855591-gluten-lactose-e-outras-modas.shtml
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Dr. Frederico Lobo
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Dieta materna influencia reprogramação do DNA do feto
Pesquisa da USP de Ribeirão Preto confirma ação do ácido fólico sobre função genética da prole para doenças cardiovasculares e diabete.
Toda gestante deve receber alimentação rica em ácido fólico para prevenir anencefalia e diferentes graus de deficiência mental no futuro bebê. Mas de que maneira essa vitamina atua sobre o DNA e define o funcionamento dos genes no organismo em gestação?
A busca de respostas para a questão fez a equipe do Setor de Nutrologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP estudar a ação do ácido fólico em genes ligados a doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2. E os resultados da pesquisa mostraram que mudanças no fornecimento da vitamina a ratas gestantes e lactantes interferem no controle da expressão gênica das proles para essas doenças.
Os pesquisadores da USP de Ribeirão Preto analisaram material genético de filhotes cujas mães receberam diferentes concentrações de ácido fólico durante a gestação e lactação. E verificaram que os filhotes gestados com dieta deficiente da vitamina apresentaram maior expressão dos genes envolvidos com essas doenças, enquanto os filhotes de mães que receberam suplemento de ácido fólico, ao contrário, apresentaram pouca expressão desses genes.
Esses resultados, conta a geneticista Paula Lumy Takeuchi (foto), responsável pelo estudo, revelam mecanismos moleculares envolvidos no que a pesquisadora chama de “reprogramação epigenética fetal” dos genes ligados a doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2. E, também, mostram a importância do “fornecimento adequado de ácido fólico às mães durante o desenvolvimento embrionário”.
Paula adianta que essa “reprogramação epigenética” corresponde às mudanças observadas nas expressões dos genes estudados. O ácido fólico, vitamina retirada de alimentos, participa ao nível genético de “reações de metilação do DNA”.
A alteração da quantidade de ácido fólico fornecida pela alimentação das mães alterou o “ciclo da metionina, principal aminoácido doador de grupos metil para as reações de metilação do DNA e de proteínas”. Esse é um dos mecanismos pelo qual os genes são “ligados e desligados”; o que vale dizer que eles podem estar ativos ou inativos no organismo.
Da multiplicação celular ao controle genético de doenças
Não se pode fazer uma correlação direta entre os achados experimentais, em ratos de laboratório, com o organismo humano. A pesquisadora lembra que o metabolismo do rato é bem diferente do humano. Mas é fato que as mulheres gestantes devem ingerir ácido fólico, pois ele é importante para a multiplicação celular e, portanto, importante para o desenvolvimento do embrião em formação, principalmente o tubo neural.
É do tubo neural, explica Paula, que se originam o eixo central do sistema nervoso, na cabeça e a coluna vertebral do feto. “Nossos estudos são uma iniciativa de elucidar os mecanismos moleculares que podem influenciar o desenvolvimento de doenças na prole de mães que tiveram sua dieta em ácido fólico alterada durante a gestação e lactação”, conta a pesquisadora.
Como essa vitamina pode alterar a regulação da expressão de genes como os relacionados a essas duas doenças: diabetes mellitus tipo 2 e cardiovasculares? A cientista antecipa que já se suspeitava que a suplementação alimentar com ácido fólico provocaria diminuição da expressão de genes e, ao contrário, a deficiência induziria ao aumento da expressão de genes.
Mas Paula alerta que a “diminuição ou aumento da expressão de genes é uma faca de dois gumes”, pois depende da função que esses genes desempenham no organismo. Ela cita o exemplo do colesterol bom (HDL) e o colesterol ruim (LDL) que estão relacionados a dois genes que estudou.
Se no tratamento com suplementação com ácido fólico ocorre a diminuição da expressão desses dois genes, “poderá haver uma menor síntese do LDL, mas também haverá diminuição da síntese do HDL”. Mas mesmo assim, a geneticista afirma que não podemos atribuir “o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2 apenas à desregulação da expressão de genes; outros fatores externos também contribuem de forma preponderante”.
Alimentação durante gravidez e lactação
O estudo da nutrologia da USP de Ribeirão Preto ainda está em desenvolvimento. A equipe ainda está analisando outros parâmetros relacionados à regulação desses genes que podem desencadear doenças cardiovasculares e diabete. Mas, garante Paula, que “alterações da dieta materna durante os períodos de gestação e lactação podem afetar a expressão de genes na prole”.
Quando o embrião está se desenvolvendo, há dois momentos em que ocorrem “apagões globais do padrão de metilação do DNA”. Nesses momentos, o feto fica suscetível às variações de oferta de substâncias (do grupo metil) para restabelecer o processo padrão de metilação de seu DNA.
Assim, a recomendação do Conselho Federal de Medicina é de que as mulheres usem o ácido fólico antes da concepção e nos três primeiros meses de gravidez. A ingestão diária de 400 microgramas dessa vitamina pode reduzir em até 75% o riso de má formação no tubo neural do feto, o que previne casos de anencefalia, paralisia de membros inferiores, incontinência urinária e intestinal nos bebês. Isso, além de diferentes graus de deficiência mental e de dificuldades de aprendizagem escolar.
Com esse estudo, a pesquisadora e pós-doutoranda Paula Lumy Takeuchi e o professor da FMRP Hélio Vannucchi (foto) receberam o prêmio internacional “2017 Malaspina International Scholar Travel Award” do International Life Sciences Institute (ILSI), fundação mundial sem fins lucrativos que procura colaboração científica entre nutrição, segurança alimentar, toxicologia, avaliação de risco e meio ambiente. O prêmio foi recebido durante o 2017 ILSI Annual Meeting em La Jolla, Califórnia, EUA, realizado entre 22 e 24 de janeiro.
Fonte: http://ribeirao.usp.br/?p=11381
Abaixo uma tabela de biodisponibilidade de ácido fólico em alguns alimentos (TACO, 2012)
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Dr. Frederico Lobo
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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
Orientações para Ferritina alta (Hiperferritinemia) - Por Dr. Leandro Minozzo
Abaixo um texto excelente do meu colega Leandro Minozzo, médico Nutrólogo e Geriatra.
A hiperferritinemia é uma queixa que cada vez tem se tornado mais frequente em nossos consultórios e na maioria das vezes é de origem metabólica. Porém deve ser afastado hemocromatose, que é uma doença do metabolismo do ferro. O médico Nutrólogo é um profissional habilitado para essa investigação.
att
Dr. Frederico Lobo
Uma abordagem clínica e nutrológica para um problema cada vez mais comum e que causa muita preocupação principalmente em homens na meia-idade.
Não é um, nem dois ou três pacientes que procuram atendimento médico assustados após abrirem o envelope com resultados dos exames laboratoriais e neles se depararem com um nível alto de ferritina. Muitos, inclusive, por conta própria, já chegam com uma dieta restritiva, demonizando o pobre do feijão, da lentilha e, é claro, da carne vermelha. “Doutor, há dois anos não como churrasco por causa dessa tal de ferritina!” – me relatou um senhor dias atrás. Parece simples, mas imagine você o medo que o resultado lhe causou; afinal de contas, estamos no Rio Grande do Sul e um churrasco de vez em quando é quase que necessário. Chega a soar como uma moda ou uma nova pandemia, tamanha a quantidade de pessoas que apresentam a alteração. Mas o que está por trás desse valor elevado de ferritina? Necessariamente o paciente precisa afastar-se de alimentos ricos em ferro? Onde está o perigo? A sangria sempre é indicada? Vamos lá. Tentarei tirar algumas dúvidas, tranquilizar na medida do possível e orientar que a melhor conduta é o seguimento médico feito com calma, passo a passo, quer dizer – guarde bem isso –, por etapas.
Começo por definir o que é a ferritina e quais são suas funções – esse entendimento é fundamental para a compreensão da mensagem que quero transmitir hoje. A ferritina é uma proteína produzida principalmente pelo fígado, cujas funções básicas são: carregar ferro e mediar o processo de inflamação. Por estar envolvida no transporte do ferro, é natural que haja uma proporcionalidade nos níveis da proteína com os do mineral. Por isso, uma das utilidades clínicas do exame se dá, por exemplo, na avaliação das reservas do mineral em pacientes com anemia ou em situações de risco para deficiência de ferro, como crianças e gestantes; níveis reduzidos de ferritina nesses casos indicam baixa reserva do mineral.
Quanto à questão da presença de um processo inflamatório agudo e crônico ou de uma ativação do sistema imunológico, assim como ocorre com outros marcadores bioquímicos, a ferritina eleva-se – ou seja, quando estamos diante de gripe, pneumonia, câncer, gastroenterite e, até mesmo, simples resfriado, os níveis sobem rapidamente. Nesses casos, a produção de ferritina pode até triplicar sem haver nenhum aumento na quantidade corporal de ferro. Outras condições que cursam com o aumento nesse marcador são o alcoolismo e as doenças do fígado, como a cirrose, as hepatites e a esteatose – que é o tão comum acúmulo de gordura no órgão. Também são causas de hiperferritinemia (ferritina elevada) as cada vez mais presentes obesidade e síndrome metabólica (combinação entre acúmulo de gordura visceral, resistência insulínica, hipertensão arterial e alterações nos níveis de colesterol e triglicérides). Para deixar bem claro essa questão entre as causas da elevação da ferritina, trago um estudo australiano recente, ressaltando que apenas 10% dos casos de elevação do marcador são associados à sobrecarga de ferro – todas essas outras doenças que acabei de mencionar são responsáveis por 90% dos casos. (leia essa última frase de novo!)
Deixo aqui dois pontos importantes: (1) outras condições elevam a ferritina e, por isso, (2) nem sempre esse aumento significa sobrecarga de ferro – condição não tão frequente assim.
Passo, então, para a segunda pergunta, sobre as mudanças imediatas nos hábitos alimentares. Não há a necessidade de se restringir alimentos ricos em ferro após abrir o envelope dos exames e encontrar um nível alto de ferritina. Isso porque se trata de um exame que não é definitivo quanto ao diagnóstico de excesso de ferro. Antes da mudança na dieta, um resultado alterado deve levar o paciente e seu médico a uma investigação atenta e por etapas. Deixo de novo ressaltado a necessidade de ser uma investigação organizada por etapas para que se evite precipitações, erros no diagnóstico e sangrias ou dietas desnecessárias.
Inicialmente, uma questão deve ser evocada e respondida: o paciente estava com alguma condição inflamatória (resfriado ou uma artrite no joelho, por exemplo) quando realizou o exame ou alguma doença crônica pode estar causando esse aumento? É sempre indicada a repetição do exame, orientando os pacientes a respeitar três dias sem ingestão de bebidas alcóolicas e não praticar exercício físico intensos no dia anterior. Caso a ferritina venha novamente alta e na intenção de aprofundar essa análise, além da anamnese (entrevista clínica) e exame físico, o médico pode solicitar outros exames bastante simples, como a saturação de transferrina, a proteína C-reativa ultrassensível e o VSG. O primeiro é mais fidedigno na detecção de uma sobrecarga de ferro e deve ser sempre solicitado, enquanto os últimos dizem respeito ao estado inflamatório do organismo. Para exemplificar e facilitar a compreensão, aquele senhor que há dois anos não comia um churrasco apresentava ferritina e a proteína C-reativa elevadas, mas tinha a saturação de transferrina baixa (<30 a="" alimentar.="" de="" e="" ferro="" logo="" n="" nenhuma="" o="" p="" precisaria="" restri="" se="" sobrecarga="" submeter="" tinha="">30>
E qual seria o perigo de um resultado laboratorial “ferritina elevada” e do excesso de ferro?
Nos últimos anos, pesquisas têm demostrado o impacto negativo da sobrecarga de ferro e seu consequente acúmulo de radicais livres no funcionamento de diversos órgãos e no desenvolvimento de doenças degenerativas. Numa passada rápida, destaco danos principalmente ao fígado, coração e vasos sanguíneos, articulações, glândulas como tireoide, pâncreas e testículos. Entre essas doenças degenerativas, cito a aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias), a diabetes e a doença de Alzheimer. Não parando por aí, há também aumento no risco de desenvolvimento de alguns cânceres e um envelhecimento precoce se instala. Estudos com análises de biologia molecular comprovam que o excesso de ferro reduz o tamanho dos telômeros de leucócitos – que é um marcador de envelhecimento acelerado.
São diversos fatores que motivam a realização dessas recentes pesquisas, entre eles, a quantidade aumentada de pacientes apresentando excesso de ferro.
Quanto ao problema em si, trata-se de uma questão inicialmente matemática no desequilíbrio entre a ingestão e a eliminação do mineral. Para funcionar bem, um adulto homem necessita de cerca de 8 mg de ferro ao dia, da qual absorve pouco mais de 10%, enquanto a dieta ocidental oferece cerca de 6 mg a cada mil calorias consumidas, ou cerca de 18 mg numa dieta comum de 3 mil calorias. Diferentemente de outros minerais, o ferro é facilmente absorvido pelo tubo digestivo e apresenta, por outro lado, uma eliminação mais complicada, basicamente pela descamação da parede do intestino. Somos melhores em absorver do que em eliminar ferro do nosso organismo. Algumas pessoas possuem características genéticas que as predispõem a uma absorção do ferro ainda mais fácil e outras consomem alimentos que também potencializam a absorção do metal, como a gordura saturada em excesso.
Falando da questão genética, existe uma doença razoavelmente rara e predominantemente assintomática chamada Hemocromatose – sua prevalência varia entre 1 caso em 200-500 adultos nos EUA –, que se caracteriza justamente pela facilidade em acumular o mineral (2-3 vezes mais) e que, quando não tratada, pode levar a outros problemas como cirrose (25% dos acometidos) e câncer de fígado, deformações articulares, cardiopatia, hipotireoidismo, diabetes e hipogonadismo – que significa baixos níveis de hormônios sexuais. O diagnóstico é feito através de exames de sangue, entre eles um teste genético para as mutações C282Y e H63D, exames de imagens (ressonância magnética) ou mesmo uma biópsia do fígado. Com o diagnóstico de hemocromatose, ou de uma sobrecarga de ferro – que pode acontecer sem a presença da doença –, a sangria nem sempre é a primeira conduta; ela está condicionada a valores encontrados nos exames e presença de lesões ou ao associado mau funcionamento de algum órgão.
A sobrecarga de ferro é verificada quando:
- a saturação de transferrina está acima de 45%;
- presença de acúmulo de ferro na biópsia hepática ou ressonância magnética (ex. FerriScan ou com protocolos para a finalidade) – isso porque 90% do ferro do organismo se encontra depositado no fígado;
- por flebotomia quantitativa ( ausência de anemia após 16 “sangrias” semanais – que equivale a retirada de pelo menos 4 g de ferro).
Pelo teste genético ser de difícil acesso (muitos planos de saúde não o cobrem e seu custo é de pelo menos 280 reais), sugere-se, em homens, a utilização da saturação de transferrina como exame de rastreio para a doença. Um estudo norueguês apontou que duas medidas acima de 55% possuem uma sensibilidade de 90% e especificidade de 99,6% para encontrar a alteração genética C282Y – típica da hemocromatose. É claro que a genética populacional nossa e dos noruegueses é bem diferente e não existe pesquisa semelhante por aqui, logo, essa precisão da saturação de transferrina não pode ser transportada para os brasileiros. No entanto, em pacientes com altos níveis de saturação de transferrina, a indicação do teste genético ganha um peso maior.
Retomando ao o que fazer, como foi demonstrado, é preciso uma investigação para determinar se realmente há o excesso de ferro, se há a hemocromatose e como estão os órgãos mais comumente afetados. Caso seja indicada, a sangria terapêutica (flebotomia) é geralmente feita em bancos de sangue, com indicação médica, e apresenta ótimos resultados. Num primeiro momento é feita uma retirada do excesso de ferro com diversas sangrias e, após, são realizadas de 2 a 6 delas anualmente para manutenção. Em alguns casos, quando o paciente não apresenta contra-indicações, até mesmo doações de sangue frequentes podem ser indicadas como caráter preventivo para se evitar a sobrecarga do mineral. Existem medicações que diminuem o ferro corporal, chamados de quelantes, porém são reservadas para situações muito específicas.
O grande perigo da sangria (flebotomia): o alvo pode estar errado!
Na presença de sobrecarga de ferro e o paciente sendo capaz de tolerar a retirada de sangue, como vimos, a indicação de sangria é sim correta e útil. Quanto aos perigos do tratamento com flebotomias, destaco o risco de desenvolvimento de anemia naquelas pessoas que não apresentam sobrecarga de ferro, o medo de que alguma doença genética exista na família e os riscos de lesões venosas, como feridas e flebites. Porém, o grande perigo da indicação errada de sangria é o de se perder a chance de intervir em outra causa de elevação da ferritina que não seja a sobrecarga de ferro – refiro-me à esteatose hepática, à obesidade ou à hepatite B ou C, por exemplo.
Mas, então, se tenho ferritina alta e a saturação de transferrina veio baixa, não preciso me preocupar? A questão da hiperferritinemia metabólica.
Precisa sim. Mesmo quando uma sobrecarga de ferro não está presente, essa situação de ferritina alta deve sempre ser encarada como um sinal de alerta. Por quê? Você está lembrando que entre as funções dessa proteína, está a de ser um marcador do processo inflamatório, dessa forma, algo de errado está acontecendo e se faz necessário descobrir do que se trata. Além disso, o excesso de ferritina nessa circunstância está associado ao risco de desenvolvimento de uma doença perigosa: a diabetes. São diversas pesquisas recentes que apontam a relação entre níveis elevados da proteína com um risco aumentado para a doença.
Um estudo coreano, agora de 2013, acompanhou 2 mil homens ao longo de 4 anos. Aqueles que apresentavam níveis elevados de ferritina tiveram um risco 2 vezes maior de se tornarem diabéticos. Outras duas pesquisas, do tipo meta-análise, também desse ano, só que vindas da China e da Inglaterra, confirmou a mesma tendência: um risco 1,6 a 1,7 vez maior de desenvolver diabetes naqueles pacientes com níveis mais elevados de ferritina. Essa última pesquisa, realizada pela Universidade de Cambridge, analisou 12 estudos e um total de 185.462 participantes.
Em pesquisa de 2013, do tipo revisão sistemática e meta-análise (de 12 estudos), com uma população total de 185 462 participantes, concluiu-se que para cada 5 ng/mL de ferritina aumentada, o risco para o desenvolvimento de diabetes aumentou em 1%. Traduzindo para uma realidade de compreensão mais fácil, alguém com 800 de ferritina tem 80% maior risco de desenvolver diabetes quando comparado a quem tem 400.
Fora a questão da diabetes, pesquisadores apontam que um nível alto do marcador pode indicar problemas no tratamento de outros doenças. Num estudo publicado nesse ano, pesquisadores sugeriram que a ferritina poderia influenciar inclusive na progressão do câncer de mama, através da sua participação nas vias inflamatórias. Também sobre o câncer de mama, outra pesquisa recente, de 2012, mostrou que aquelas mulheres com níveis de ferritina elevados (>250) antes de receberem quimioterapia tiveram uma taxa de resposta pior e uma sobrevida menor.
Quanto à saúde dos homens, uma pesquisa chinesa agora de outubro de 2013 apontou uma relação inversa entre níveis de ferritina com os de testosterona total e livre, ou seja, quanto maiores os níveis do marcador, menores as taxas hormonais. O interessante é que essa relação, assim como a da resistência insulínica, estimula um ciclo metabólico vicioso, pelo fato do hipogonadismo secundário acentuar os achados da síndrome metabólica e da esteatose hepática, o que aumenta ainda mais os níveis de ferritina, podendo facilitar o aparecimento de sobrecarga de ferro. Essa sobrecarga, por sua vez, prejudica o funcionamento dos testículos, levando a baixos níveis de testosterona. Bom espero não ter dado nenhum nó na cabeça de ninguém. A mensagem é que em breve evidências científicas reforçarão o marcador ferritina elevada como preditor de hipogonadismo masculino (a chamada “andropausa”) – o que não é nada bom, mas nada bom mesmo!
Isso quer dizer, em suma, ferritina alta se trata de um importante sinal de alerta! Significa que algo não vai nada bem!
Ferro, insulina, gordura no fígado e diabetes
Agora, vou me focar um pouco na forma como o excesso de ferro prejudica nossa saúde. Possivelmente, as alterações em seu metabolismo levam ao que chamamos de resistência insulínica – fenômeno caracterizado não pela falta do hormônio, mas uma dificuldade nos receptores celulares em “aceita-lo”, o que leva o pâncreas a ter que produzir ainda mais insulina. Trata-se de um estágio inicial no desenvolvimento da diabetes e é uma das características da síndrome metabólica. Em conjunto, as alterações no metabolismo do ferro e a resistência insulínica favorecem o surgimento de uma condição frequente e que nos últimos anos vem ganhando importância clínica: a esteatose hepática – que é o acúmulo de ácidos graxos no fígado. Longe de ser um achado ocasional no exame de ecografia, essa condição representa um problema de saúde e é um marcador para desenvolvimento de problemas como estatohepatite, cirrose, hipertensão arterial, placas nas carótidas e diabetes.
Outras duas vias fisiopatológicas, ou seja, que explicam o surgimento de doenças, também encontram espaço nessa relação ferritina elevada e diabetes, entre elas posso citar o tão falado estresse oxidativo (lembrando que o excesso de ferro facilita o surgimento de espécies reativas de oxigênios, os radicais livres) e a inflamação. Esses dois processos atuam perpetuando o excesso de ferro, elevação de ferritina, esteatose hepática e surgimento de diabetes. Isso tanto é verdade que uma das únicas formas de tratamento da esteatose hepática é a suplementação de altas doses de um poderoso antioxidante, a vitamina E em 800 U ao dia.
Quanto à relação entre excesso de ferro e diabetes, a torno mais evidente com pesquisas comprovando que a retirada do metal está relacionada a uma melhora, sempre importante, em marcadores de inflamação, de resistência insulínica e nos níveis de glicemia e, principalmente, hemoglobina glicada, que é um dos principais alvos terapêuticos nessa doença.
Recentemente (2015), pesquisas mostraram que:
– pacientes com pré-diabetes e com sobrecarga de ferro têm mortalidade aumentada em comparação com aqueles sem o excesso do metal (risco 15% maior);
– o risco para desenvolvimento de diabetes pode ser 400% maior em pacientes com ferritina elevada (trabalho com 6,300 dinamarqueses);
– a ferritina elevada está sendo cogitada como marcador de risco cardiovascular.
Alimentos com Ferro não são os Únicos Vilões!
Sobre os aspectos nutrológicos do excesso de ferro, em muitos casos é recomendada a restrição da ingestão do mineral, além do cuidado no uso de suplementos alimentares que possam contê-lo, ou então apresentem vitamina C em sua fórmula – lembrando que essa vitamina facilita e muito a absorção de ferro nos intestinos. Entre outras medidas, volto a falar na “dupla digestiva”: algumas pesquisas apontam que o uso de café e chá verde logo após uma refeição contendo ferro diminua a absorção do mineral. Alimentos ricos em cálcio, como leite, podem também exercer o mesmo efeito.
Pesquisas recentes comprovam, no entanto, que não é somente o consumo de alimentos ricos em ferro que causa elevações na ferritina. Hoje, sabemos que condições metabólicas diversas favorecem o descontrole do fígado em lidar com o metal. Através da produção de um hormônio chamado hepcidina, é o fígado que está entre em responsáveis por esse controle. A hepcidina atua ajudando o organismo a diminuir os níveis de ferro. Um tipo de açúcar, no entanto, chamado frutose, prejudica o funcionamento do órgão e leva tanto ao aumento nos níveis de ferritina, como nos de ácido úrico, de gordura intra-hepática (dentro do órgão) e causa resistência insulínica. Isso explica, por exemplo, o fato de pessoas que não consomem grandes quantidades de carne vermelha apresentarem ferritina alta – basta que consumam refrigerantes, sucos de caixinha, doces, mel e frutas em excesso. Outro grande vilão da alimentação saudável, o xarope de milho utilizado em produtos industrializados, é também rico em frutose.
Outro vilão nessa questão de prejudicar o fígado na forma como ele lida com o ferro, é o consumo em excesso da gordura do tipo saturada (>7% do total de calorias diárias). Ela é encontrada em frituras, alimentos congelados, biscoitos, sorvetes e fast-food em geral.
Retomando à questão de imediatamente se restringir o ferro na dieta, nada a ver, então, sair logo cortando a carne ou o feijão – ele, inclusive, pode ser um importante aliado quando propomos uma reeducação alimentar (é rico em fibra e proteína). Um detalhe é que quando ingerido junto à carne vermelha, a quantidade de ferro proveniente do feijão é ingerida mais facilmente. Logo, recomendo que se coma-a longe da carne. Quando bem feita, uma orientação nutrológica precisa levar em conta diversos aspectos do metabolismo do fígado, composição dos alimentos e análise de exames com muito critério. Preste bem atenção ao próximo parágrafo.
Deixe o medo da ferritina alta de lado e procure seu médico para uma avaliação mais completa. Muitas vezes o exame pode ser repetido e vir normal ou muito mais baixo. Caso fique na dúvida, uma consulta com um hematologista, pode ser feita – ele é o profissional especialista em distúrbios do sangue e poderá ajudar na definição do diagnóstico de hemocromatose e do tratamento a ser feito. Gastroenterologistas, nutrólogos e alguns clínicos que possuem interesse no assunto também podem te ajudar. Caso tenha dificuldade em entender as recomendações nutrológicas – sei que nem todas são fáceis -, procure um profissional da nutrição. A meu ver, uma situação como essa, de estar com o exame alterado, é uma excelente oportunidade para aproximação com o médico e para revisar diversos detalhes que podem estar passando desapercebidos e logo mais causarão sérios problemas. Felizmente, a ciência não para de nos dar valiosos sinais para nos cuidarmos, reconsiderarmos nossa rotina, valorizarmos nossa saúde. Esse é mais um deles: ferritina elevada.
Lista de exames complementares úteis na investigação da hiperferritinemia:
ecografia abdominal total (para detectar esteatose hepática);
hemograma, repetição da ferritina, saturação de transferrina, glicemia, hemoglobina glicada, insulina, tgo, tgp, gama gt, HbSAg, anti-HCV, ácido úrico, perfil lipídico, testosterona total e livre (ou SHBG + albumina), estradiol (em homens), TSH, T4 livre; também podem ter valor, caso sejam necessários: FAN, teste genético para hemocromatose, biópsia hepática, Ressonância Nuclear Magnética para detecção de ferro hepático.
Um grande abraço,
Dr. Leandro Minozzo – Nutrólogo e Clínico Geral
11 tópicos para levar para casa:
1) Ferritina alta (entre 300 e 1000) na maioria dos casos não indica excesso de ferro;
2) Existe uma doença chamada Hemocromatose que causa sobrecarga do metal;
3) Diversas doenças elevam a ferritina: gripes, resfriados, hepatites, tumores e inflamações em geral;
4) Três condições cada vez mais comuns lideram os motivos de níveis elevados de ferritina: diabetes, pré-diabetes de esteatose hepática (gordura no fígado);
5) Nem sempre é necessária uma restrição de ferro quando o nível de ferritina vem alterado;
6) O consumo de gordura saturada e frutose (açúcar das frutas, refrigerantes, xarope de milho, mel e alimentos industrializados) também eleva a ferritina;
7) Em algumas situações, é indicada a sangria terapêutica (flebotomia) e mesmo a doação de sangue a cada 3 meses;
8 ) Segundo estudo australiano, em 90% dos casos a ferritina alta não está relacionada ao excesso de ferro;
9) Outro exame muito útil nos casos de excesso de ferro é a saturação de transferrina. Valores acima de 45% indicam a necessidade de repetição do exame em 30 dias; persistindo o valor alto, é indicado o teste genético;
10) A indicação errada de sangrias pode ocultar o diagnóstico e tratamento de outras doenças.
11) Um exame mostrando ferritina alta é um indicativo muito sério de que algo não vai bem com a sua saúde. Há um risco dobrado para diabetes. Procure seu médico!
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Atenção: Os esclarecimentos contidos nesse texto e no blog não substituem a consulta médica. Peço desculpas aos profissionais que pesquisam profundamente sobre o tema por ter tido que reduzir conceitos complexos para aproximá-los do entendimento dos leitores.
Leia mais:
Artigo sobre inflamação crônica (clique aqui)
Hospital Albert Einstein: http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina-einstein/Paginas/hemocromatose-a-doenca-do-excesso-de-ferro.aspx; Int J Obes (Lond). 2008 Nov;32(11):1665-9.; World J Gastroenterol. 2012 Aug 7;18(29):3782-6.; Haematologica March 2009 94: 307-309; Full Text; Clin Nutr. 2012 Dec 28. pii: S0261-5614(12)00281-6, Diabetes Metab Res Rev. 2013 May;29(4):308-18
http://www.bcguidelines.ca/pdf/hemochromatosis.pdf (guideline da Associação Médica de British Columbia – Canadá/2013)
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
11:26
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terça-feira, 31 de janeiro de 2017
Teste indica as comidas que melhoram mais a flora intestinal - Kefir Goiânia
A sua dieta pode melhorar a sua flora intestinal? O médico e apresentador Michael Mosley, pesquisou quais alimentos e bebidas podem fazer mais diferença para o seu intestino.
O microbioma intestinal - a variada comunidade de bactérias que vivem em nossos intestinos - é um assunto popular no momento.
Quase todos os dias vemos notícias alegando que a flora intestinal pode influenciar nossa saúde de formas novas e surpreendentes, seja afetando nosso peso, humor ou capacidade de resistir a doenças.
E, devido à explosão no interesse pelo nosso ecossistema interno, as prateleiras de supermercados e farmácias agora contam com uma variedade de produtos probióticos - contendo bactérias vivas e leveduras - que alegam conseguir melhorar o microbioma intestinal.
Mas isso é realmente possível?
Para descobrir, o programa Trust Me, I'm a Doctor fez uma experiência na Escócia, na cidade de Inverness, com ajuda do serviço público de saúde local, 30 voluntários e cientistas de vários cantos do país.
Dividimos nossos voluntários em três grupos e, durante quatro semanas, pedimos a cada grupo para tentar uma abordagem diferente para tentar melhorar a flora intestinal.
O primeiro grupo consumiu uma bebida probiótica comprada em supermercados. Estas bebidas geralmente têm uma ou duas espécies de bactérias que podem sobreviver à passagem pelos poderosos ácidos de nosso estômago e se instalar nos intestinos.
O segundo grupo tentou um bebida fermentada tradicional chamada kefir, que tem muitas bactérias e leveduras.
Já o terceiro grupo consumiu alimentos ricos em uma fibra prebiótica chamada inulina. Os prebióticos são substâncias que alimentam as boas bactérias que já moram em nossos intestinos e a inulina pode ser encontrada na alcachofra-de-jerusalém (raiz também conhecida como tupinambor), raíz de chicória, cebolas, alho e alho-poró.
Descobertas
O que descobrimos em nosso estudo foi fascinante. O grupo que consumiu a bebida probiótica teve uma pequena mudança em um tipo de bactéria que se sabe ser boa para manutenção do peso, a Lachnospiraceae. No entanto, esta mudança não teve importância estatística.
Mas os outros dois grupos apresentaram mudanças significativas. O grupo que consumiu alimentos ricos em fibra prebiótica teve um aumento no tipo de bactéria boa para a saúde geral dos intestinos - resultado semelhante ao de outros estudos.
No entanto, a maior mudança ocorreu no grupo que consumiu a bebida fermentada (feita com leite) kefir.
Estes voluntários tiveram um aumento em uma família de bactérias chamada Lactobacillales. Sabemos que algumas destas bactérias são boas para a saúde geral do intestino e que podem ajudar em problemas como diarreia e intolerância à lactose.
"Alimentos fermentados, devido à sua natureza, são muito ácidos e então estes micróbios precisaram evoluir para lidar com este tipo de ambientes. Eles sobrevivem naturalmente em ácido", disse Paul Cotter, do Centro de Pesquisa Teagasc, em Cork, que ajudou na análise.
"Isto os ajuda a passar pelo estômago para que elas possam ter uma influência mais abaixo, no intestino."
Teste em laboratório
Então decidimos investigar mais os alimentos e bebidas fermentadas - queríamos saber no que estar de olho ao escolher produtos desse tipo.
Com a ajuda de Cotter e dos cientistas da Universidade de Roehampton, selecionamos várias bebidas fermentadas de supermercados ou farmácias e bebidas fermentadas feitas em casa. Elas foram enviadas para testes em laboratórios.
Depois dos testes constatamos algumas diferenças marcantes entre estes produtos. Os alimentos mais caseiros e produtos feitos com métodos mais tradicionais tinham uma variedade maior de bactérias, enquanto que alguns dos produtos comerciais tinham pouquíssimas bactérias.
"Tipicamente, as variedades comerciais passam por pasteurização depois do preparo para garantir sua segurança e aumentar o prazo de validade, o que pode matar as bactérias, e esse não é o caso com os produtos caseiros", disse Cotter.
O grupo que apresentou uma mudança maior foi o que consumiu a bebida kefir
Então, se você quer usar alimentos fermentados para melhorar a saúde de seus intestinos, é melhor procurar por produtos que tenham sido feitos usando métodos tradicionais de preparo e processamento. Outra boa dica é fazer os produtos você mesmo.
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/geral-38770829
Outros textos sobre Probióticos já postados aqui no Blog:
O texto abaixo foi publicado na edição desse mês da revista Saúde é vital. Fala sobre o uso do Kefir, um excelente alimento que poucos ainda conhecem no nosso país. Abaixo relatarei os prós e contras, por duas óticas: médico e ex-consumidor.
Bem, já fiz uso do de de água e tive bons resultados, mas por problemas técnicos parei de utilizá-los
Hoje com os probióticos industrializados temos a vida facilitada, no que tange à utilização desses microrganismos para nossa saúde intestinal. Porém devemos levar em conta que ali há um numero limitado de cepas e nos alimentos fermentados há uma quantidade infinitamente maior de probióticos, além de uma variabilidade maior.
Prós do uso de alimentos lactofermentados:
1) É de graça, acho legal essa idéia de que não se compra e nem se vende, apenas doação. Quando morava na Chapada dos veadeiros (Alto Paraíso) nas épocas de surto de diarréia eu indicava muito pra população carente e tinha bons resultados. Hoje já se vende em supermercados, mas antes quando a indústria não tinha visto potencial neles, a venda não existia. Conseguíamos apenas por doação.
2) Tem uma boa quantidade de microrganismos, diversas cepas, cerca de 30 cepas de probióticos variáveis e em quantidade alta.
3) Para os que não possuem alergia à proteína do leite de vaca e gostam de leite podem optar pelo Kefir de leite. Isso serve também para os intolerantes à lactose, já que os lactobacilos consomem parte da lactose, já que ela é um carboidrato (açúcar). Acima de 24h de fermentação raramente causam sintomas nos intolerantes à lactose.
4) Por ter benefícios para a nossa saúde e ser alimento, é considerado um alimento funcional. Portanto seu uso deve ser estimulado ao invés de reposição isolada com algumas cepas. Exceto em condições específicas.
5) Os grãos são praticamente "eternos" podem ser congelados e as "sementes" enviadas pelo correio.
Contras:
1) O kefir de água é um pouco ácido e pode causar "azia" em pacientes com gastrite, esofagite, refluxo. Se o paciente possui "intestino-solto" também pode ocasionar diarréias. O de kefir leite por ter cálcio também pode piorar sintomas dispépticos. É uma queixa muito comum nos pacientes com gastrite e refluxo no quais indico Kefir de leite. Principalmente quando a fermentação é de 24h. Nesse caso indico a utilização de 25ml de fermentação de 12 horas, duas vezes ao dia e observar. Se tiver intolerância não utilizar.
2) Algumas pessoas consideram trabalhoso ter que "alimentá-los" diariamente (kefir de água com açúcar mascavo ; Kefir de leite com leite integral), portanto quem não vai em casa a cada 12 horas, deixará os "grãozinhos" morrerem.
3) Risco de contaminação comum a qualquer alimento: água, açúcar e lactobacilos em frasco fora da geladeira, semi-coberto = possível contaminação. Ou seja, é algo que pode ser insalubre.
4) Como são inúmeras cepas de probióticos presentes, elas podem interagir entre si. Se você apresenta algum problema digestivo ou intolerância alimentar (frutose, sacarose, lactose), sugiro que antes procure um médico, confirme o diagnóstico, inicie um tratamento e só posteriormente utilize kefir. É assim que tenho feito com meus pacientes com candidíase crônica, intolerância à lactose, à frutose, sacarose, síndrome do intestino irritável, diarréia crônica e constipação intestinal. Solicito os exames necessários para se fechar o diagnóstico, faço o exame clínico, instituo o tratamento, geralmente com cepas específicas de probióticos para cada caso. Somente depois que inicio o kefir conforme tolerância. Lembrando que nos casos de SIBO, SIFO, IMO a utilização de probióticos seja na forma industrializada ou na forma de lactofermentado pode piorar os sintomas, devido à produção dos gases.
A reportagem é interessante.
Dr. Frederico Lobo
Médico Nutrólogo
CRM-GO 13192 - RQE 11915
CRM-SC 32949 RQE 22416
Quefir: basta um copo por dia
Nas nossas primeiras semanas de vida, o intestino é habitado por cerca de 500 espécies de micro-organismos que ajudam na digestão e lutam contra agentes que causam doenças. Com o envelhecimento, o estresse e a alimentação incorreta, esse exército é desfalcado e se reduz a 30 divisões, por assim dizer. Para recuperar as várias tropas de choque, no entanto, há quem aposte em uma solução: ingerir bactérias e leveduras benéficas do quefir.
Trata-se de um punhado de grãos formados por mais de 50 espécies de bichinhos pró-saúde. Eles são colocados no leite, no qual fermentam. Logo em seguida, são coados — e podem ser usados de novo porque, dizem, os micróbios se renovam sem perder suas propriedades. “Mas a bebida retém parte dos micro-organismos, que, ao serem ingeridos, repõem a flora intestinal e agem como laxantes naturais”, diz a farmacêutica Márcia Barreto Feijó, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Segundo alguns estudos, as mesmas bactérias produziriam uma espécie de açúcar capaz de estimular o sistema imunológico a fabricar substâncias para combater inflamações.
“Puro, o leite fermentado com quefir se assemelha ao iogurte natural quanto a sabor, aroma e consistência”, garante Raquel Teresinha Czamanski, pesquisadora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, em Bento Gonçalves, no interior do estado. E, à base dele, podem ser feitos queijos, vitaminas e sobremesas. Mas, segundo Márcia Feijó, não basta adicionar o quefir a qualquer leite para seus micróbios se proliferarem pra valer. De acordo com um trabalho conduzido por ela, o tipo desnatado é a melhor opção. “O número de bactérias láticas aumenta quando há um menor nível de gordura”, diz. Sem falar que essa alternativa é menos calórica, já que as variantes integrais e de soja possuem mais que o dobro de proteínas e lipídeos.
Os grãos de quefir foram descobertos na região do Cáucaso, localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, nos limites entre a Europa e a Ásia, há 4 mil anos. Suas bactérias sempre se proliferam e os grãos encontrados hoje são descendentes diretos dos originários. Não se sabe ao certo as condições climáticas que propiciaram a união de tantos micro-organismos do bem e por isso é difícil reproduzi-los em laboratório. Fora esse obstáculo, há outro motivo para o quefir ainda não ter chegado às prateleiras dos supermercados. As bactérias transferidas para o leite fermentam continuamente, produzindo gases. Imagine esse processo em um recipiente fechado por meses a fio: a embalagem se destruiria com tamanha pressão.
No entanto, uma descoberta de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITP) cria esperanças de que, em breve, sua industrialização se torne realidade. “Isolamos oito microorganismos do quefir e conseguimos a estabilidade de pressão nos produtos finais”, afirma Djalma Marques, coordenador do Laboratório Nacional de Probióticos do ITP. Ou seja, haverá uma menor produção de gases.
Segundo o pesquisador, o isolamento de um número de bactérias reduzido não diminui tanto as propriedades do leite, mas garante que as embalagens não se rompam. Por enquanto, os produtos feitos no ITP só podem ser comprados no próprio laboratório. É também no ITP que os poderes do quefir para a pele vêm sendo avaliados. O mecanismo não está esclarecido, mas os pesquisadores perceberam que os micro-organismos potencializam o efeito de produtos naturais contra queimaduras e dermatites.
A maneira mais simples de conseguir os grãos, ainda hoje, é por doação. Foi assim que a catarinense Sueli Quadros, de 44 anos, conheceu o quefir. “Minha bisavó migrou da Alemanha para Santa Catarina quando eu tinha 10 anos e trouxe uma porção, que dividiu com os netos”, lembra a secretária, que hoje mora em Curitiba. Para quem não conhece doadores, é possível encontrá-los pela internet. O fundamental é buscar fontes confiáveis. O site http://tinyurl. com/quefir, por exemplo, reúne doadores de todas as regiões do país.
LEITE X ÁGUA
Leite
Os grãos povoados de bactérias e leveduras do quefir, ao fermentarem essa bebida, a tornam levemente ácida. Ela então pode, inclusive, ser consumida por quem tem intolerância à lactose. Isso porque, durante a fermentação, esse açúcar vai embora.
Água
Quando o quefir é fermentado na água com açúcar mascavo, o resultado é o que os especialistas chamam de tibico. A mudança de substrato favorece o surgimento de um novo grupo de micro-organismos. O produto final também traz benefícios ao sistema gastrointestinal, mas seu sabor é amargo, e o uso, restrito por causa do açúcar.
COMPARE
LEITE FERMENTADO: as espécies de lactobacilos se resumem a uma ou duas. É uma ótima opção para intolerantes à lactose
IOGURTES PROBIÓTICOS: conta com bactérias como as do quefir, mas em geral duas ou três espécies. Têm a vantagem de ser comercializados em larga escala
COALHADA CASEIRA: também possui micróbios do bem, mas em pequena quantidade. Chega a ser seis vezes mais digerível que o leite integral
LEITE QUEFIRADO: possui mais de 50 micro-organismos, sendo que pelo menos 20% deles podem ajudar na reposição da flora intestinal
No intestino humano, existem mais de 400 espécies diferentes de microorganismos que convivem em harmonia com o homem. Esta é uma relação ecológica classificada como simbiose ou mutualismo, pois ambos dependem um do outro para sua sobrevivência. Se não existissem estes microorganismos, com certeza nosso sistema digestivo seria um prato cheio para outros microorganismos patogênicos, favorecendo o surgimento de doenças no homem. E tais espécies benéficas dependem das condições químicas e físico-químicas do nosso intestino para poder sobreviver, como a baixa concentração de oxigênio, temperatura em torno de 36°C e umidade.
Portanto, os PROBIÓTICOS podem ser definidos como microorganismos vivos que, administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (Food and Agriculture ONU, 2001; Sanders, 2003). A influência benéfica dos probióticos na microbiota intestinal humana inclui fatores como competição por nutrientes e sítios de ligações celulares e efeitos imunomodularores direta e indireta, resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Quanto maior for a concentração de probióticos no intestino, maior será sua capacidade competitiva e, assim, maior a capacidade de defesa humana (Puupponen-Pimiä et al., 2002).
O íleo e o cólon parecem ser, respectivamente, o local de preferência para colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias (Charteris et al., 1998; Bielecka et al., 2002).
QUAIS SÃO AS FONTES DE OBTENÇÃO DOS PROBIÓTICOS?
Os probióticos podem ser obtidos pela alimentação, especialmente por produtos lácteos devidamente cultivados, como iogurtes, leites fermentados e alguns tipos de queijos. Além disso, para dietas pobres em probióticos, é possível também consumi-los como suplementos nutricionais, na forma de cápsulas ou envelopes, manipulados em farmácias ou industrializados.
QUAIS SÃO OS EFEITOS BENÉFICOS NO HOMEM?
Diversos estudos mostram benefícios dos probióticos no homem. O quadro abaixo mostra por quais mecanismos atuam nos respectivos sistemas:
Sistema
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Função
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Nutricional
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Síntese de Vitaminas (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12, Vitamina K)
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Digestivo
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Síntese de enzimas digestivas (lactase)
Regulação da peristalse, dos movimentos intestinais e da absorção de nutrientes
Detoxificação intestinal (reduzindo a absorção de materiais tóxicos e toxinas alimentares)
Atividade enzimática fitase-like (hidrólise do Inositol Hexafosfato, liberando PO4- e íons)
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Cardiovascular
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Metabolização dos sais biliares e aumento da demanda de colesterol sérico colesterol para produção de bile
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Metabolismo
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Produção e enzimas citocromo P450-like que estimulam a expressão gênica do citocromo no fígado
Degradação e inibição da re-síntese de hormônios
Conversão dos flavonóides às suas formas ativas
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Sistema Imune
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Produção de antibióticos e antifúngicos
Produção de ácidos graxos de cadeia curta
Estímulo da maturação normal das células do sistema imunológico
Efeitos imunomoduladores: modulação de citocinas, aumento da atividade fagocitária, efeitos específicos na resposta humoral, função dos linfócitos T e atividade das células natural-killers
Metabolização de medicamentos, hormônios, carcinógenos, metais tóxicos e xenobióticos
Efeitos antimutagênicos, antitumorais e antineoplásicos
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Anticancerígena
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Ligação a substâncias mutagênicas
Degradação de genotoxina e promotores de tumor
Reparação e prevenção da lesão do DNA
Aumento da atividade de enzimas e processo de proteção a células contra carcinógenos
Aumento da apoptose de células em proliferação
Produção de componentes bioativos de membrana
Aumento da produção de muco, diminuição do tempo de trânsito intestinal
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QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES DOS PROBIÓTICOS?
Não existe um dado oficial sobre recomendação de probióticos, como acontece com minerais e vitaminas, porém a comunidade científica internacional entende que o papel dos probióticos no organismo humano, está seus efeitos fisiológicos, porém existem evidências mostrando que estes podem também ser utilizados com fins terapêuticos.
Existem fortes evidências científicas no tratamento da diarréia infantil; diarréia associada à antibioticoterapia, diarréia pós-radioterapia pélvica, síndromes de má-absorção de nutrientes, pacientes com intolerância à lactose e na síndrome do intestino irritável.
Estudos clínicos mostram haver efeitos na redução dos níveis de colesterol plasmático, da pressão arterial sistêmica, da atividade ulcerativa por Helicobacter pylori, além do controle da colite induzida por rotavírus e por Clostridium difficile, prevenção de infecções urogenitais, além de efeitos inibitórios sobre a mutagenicidade (Shah, Lankaputhra, 1997; Charteris et al., 1998; Jelen, Lutz, 1998; Klaenhammer, 2001; Kaur, Chopra, Saini, 2002; Tuohy et al., 2003).
QUAIS AS DOSAGENS DIÁRIAS RECOMENDADAS DOS PROBIÓTICOS?
Apesar de serem estudadas por várias décadas, não existe um consenso terapêutico sobre a posologia dos probióticos para uma determinada doença. Existem vários estudos clínicos comprovando sua eficácia e segurança em diversas faixas de concentração, combinando ou não as espécies. As doses de cada espécie varia numa concentração de 100 mi de UFC até 1 bi de UFC, por dose posológica, segundo estudos clínicos. Existem estudos com dosagem total de probióticos com 20 bi UFC, com bom perfil de segurança.
Segundo alguns autores, é prudente combinar as espécies disponíveis para obter melhores resultados, já que existem diferenças quanto ao local de ação de uma cepa e outra, havendo assim uma preferência entre o íleo ou o cólon, por exemplo. As referências citam que os probióticos podem ter a <!--[if !vml]--><!--[endif]-->tividades enzimáticas distintas, o que poderia ampliar a ação destes microorganismos no hospedeiro, trazendo assim melhores resultados.
Um exemplo disso, é a atividade enzimática dos Lactobacillus sp. na lactose, e as Bifidobactérias com atividade imunomoduladora, estimulando a produção das imunoglobulinas IgA e IgM (Saad, 2006).
É preferível consumir os probióticos logo após as refeições, pois estudos experimentais mostraram que pode haver degradação das cepas benéficas pela ação do suco gástrico. Ao tomar junto com as refeições, ocorre uma “dilução” do suco gástrico e com isso, redução da acidez, o que pode contribuir com a manutenção de suas concentrações.
EXISTEM REAÇÕES ADVERSAS, PRECAUÇÕES, CONTRA-INDICAÇÕES PREVISTAS COM O USO DE PROBIÓTICOS?
Estudos clínicos controlados com lactobacilos e bifidobactérias não revelaram efeitos maléficos causados por esses microrganismos. Efeitos benéficos causados por essas bactérias foram observados durante o tratamento de infecções intestinais, incluindo a estabilização da barreira da mucosa intestinal, prevenção da diarréia e melhora da diarréia infantil e da associada ao uso de antibióticos (Lee et al, 1999).
EXISTEM RISCOS DE INTERAÇÕES COM MEDICAMENTOS COM O USO DE PROBIÓTICOS?
Deve-se evitar o uso concomitante com antibióticos, pois pode haver redução da ação do medicamento. Porém, após uma antibioticoterapia, é racional fazer suplementação de probióticos para recolonizar a microbiota intestinal, já que estes medicamentos podem diminuir as concentrações intestinais de probióticos, antes mesmo de serem absorvidos pelo organismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. SANDERS, M.E. Probiotics: considerations for human health. Nutr. Rev., New York, v.61, n.3, p.91-99, 2003.
2. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, WORLD HEALTH ORGANIZATION. Evaluation of health and nutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria. Córdoba, 2001. 34p. Disponível em: . Acesso em: 03 fev. 2005. [Report of a Joint FAO/WHO Expert Consultation].
3. PUUPPONEN-PIMIÄ, R.; AURA, A.M.; OKSMANCALDENTEY, K.M.; MYLLÄRINEN, P.; SAARELA, M.; MATTILA-SANHOLM, T.; POUTANEN, K. Development of functional ingredients for gut health. Trends Food Sci. Technol., Amsterdam, v.13, p.3-11, 2002.
4. CHARTERIS, W.P.; KELLY, P.M.; MORELLI, L.; COLLINS, J.K. Ingredient selection criteria for probiotic microorganisms in functional dairy foods. Int. J. Dairy Technol., Long Hanborough, v.51, n.4, p.123-136, 1998.
5. BIELECKA, M.; BIEDRZYCKA, E.; MAJKOWSKA, A. Selection of probiotics and prebióticos for synbiotics and confirmation of their in vivo effectiveness. Food Res. Int., Amsterdam, v.35, n.2/3, p.125-131, 2002
6. SHAH, N.P.; LANKAPUTHRA, W.E.V. Improving viability of Lactobacillus acidophilus and Bifidobacterium spp. in yogurt. Int. Dairy J., Amsterdam,
v.7, p.349-356, 1997.
7. JELEN, P.; LUTZ, S. Functional milk and dairy products. In: MAZZA, G., ed. Functional foods: biochemical and processing aspects. Lancaster: Technomic Publishing, 1998. p.357-381.
8. KLAENHAMMER, T.R. Probiotics and prebiotics. In: DOYLE, M.P.; BEUCHAT, L.R.; MONTVILLE, T.J. Food microbiology: fundamentals and frontiers. 2.ed. Washington: ASM, 2001. p.797-811.
9. TUOHY, K.M.; PROBERT, H.M.; SMEJKAL, C.W.; GIBSON, G.R. Using probiotics and prebiotics to improve gut health. Drug Discovery Today,Haywards Heath, v.8, n.15, p.692-700, 2003.
10. SAAD, S.M.I; Prebióticos e Probióticos: o estado da arte; Rev Bras Cienc Farmac 2006; 42(1): 1-16
Postado por
Dr. Frederico Lobo
às
20:12
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